Durante a viagem aérea Lisboa / Salvador, embora
conheça bem a cidade, reli alguns apontamentos sobre
esta bela cidade onde quase tudo cheira a Portugal.
"Em 29 de Março de 1549 chegam, pela Ponta do
Padrão, Tomé de Sousa e comitiva, em seis
embarcações: três naus, duas caravelas e um
bergantim, com ordens do rei de Portugal de fundar
uma cidade-fortaleza chamada do São Salvador. Nasce
assim a cidade de Salvador: já cidade, já capital,
sem nunca ter sido província. Todos os donatários
das capitanias hereditárias eram submetidos à
autoridade do primeiro governador-geral do Brasil,
Tomé de Sousa.
Com o governador vieram nas embarcações mais de mil
pessoas. Trezentas e vinte nomeadas e recebendo
salários; entre elas, o primeiro médico nomeado para
o Brasil por um prazo de três anos: Dr. Jorge
Valadares, e o farmacêutico Diogo de Castro;
seiscentos militares, degredados, e fidalgos, além
dos primeiros padres jesuítas no Brasil, tais como:
Manuel de Nóbrega, João Aspilcueta Navarro e
Leonardo Nunes, entre outros. As mulheres eram
poucas, o que fez com que os portugueses radicados
no Brasil, mais tarde, solicitassem ao Reino o envio
de noivas.
Talvez Tomé de Sousa tenha sido o primeiro visitante
a apaixonar-se pelo local, como muitos após ele,
pois disse ao funcionário que lhe entregou a notícia
de que o substituto estava a caminho: "Vedes isto,
meirinho? Verdade é que eu desejava muito, e me
crescia a água na boca quando cuidava em ir para
Portugal; mas não sei por que agora se me seca a
boca de tal modo que quero cuspir e não posso". Após
Tomé de Sousa, Duarte da Costa foi o
governador-geral do Brasil. Chegou a 13 de Julho de
1553, trazendo 260 pessoas, entre elas o filho
Álvaro; jesuítas como José de Anchieta, e dezenas de
órfãs para servirem de esposas para os colonos. Mem
de Sá, terceiro governador-geral, que governou até
1572, também contribuiu com uma grande
administração.
A cidade foi invadida pelos neerlandeses em 1598,
1624-1625 e 1638. O açúcar, no século XVII, já era o
produto mais exportado pela colônia. No final deste
século a Bahia torna-se a maior província
exportadora de açúcar. Nesta época, os limites da
cidade iam da freguesia de Santo Antônio Além do
Carmo até à freguesia de São Pedro Velho. A Cidade
do São Salvador da Bahia de Todos os Santos foi a
capital, e sede da administração colonial do Brasil
até 1763".
De avião, quando sobrevoamos Salvador, esta
parece-nos uma ilha. Depois de passar pela
Alfândega, apanhei um táxi para o Mercado Modelo
(Baixa de Salvador), onde tinha combinado o encontro
com a nossa entrevistada, Aurea Abensur,
carinhosamente tratada por “Orinho”. Como cheguei um
pouco cedo, entrei no maior Shopping de Artesanato
de Salvador e recordei parte de sua história.
http://www.caestamosnos.org/Pesquisas_Carlos_Leite_Ribeiro/Aniversario_de_Salvador.html

“Uma visita ao Mercado Modelo já começa a valer a
pena mesmo do lado de fora. O Mercado Modelo está
localizado na cidade baixa de Salvador, mais
precisamente na Praça Cayru. Perto do local fica
ainda o tradicional Elevador Lacerda, a igreja da
Conceição da Praia, a Marina da Cidade e o porto,
completando o cenário multicolorido tão peculiar de
Salvador. O edifício neoclássico, construído em 1861
e tombado pelo Património Histórico e Artístico
Nacional, abrigou no passado a Terceira Alfândega da
capital. Desta vez não visitei o subterrâneo do
edifício, que tem o seu interesse histórico.
Na hora marcada, encontrei a “Orinho” na entrada e,
depois dos habituais cumprimentos, subimos até à
esplanada do Mercado Modelo, onde começámos a
entrevista.
Carlos: - Qual foi o maior desafio que aceitou até
hoje?
Orinho: - Criar meus quatro filhos
Carlos: - De que mais se orgulha?
Orinho: - Dos meus filhos
Carlos: - Qual a personagem que mais admira?
Orinho: - Uma delas é Charles Chaplin
Carlos: - Uma imagem do passado que não quer
esquecer no futuro?
Orinho: - Meu Pai
Carlos: - Como vai de amores?
Orinho: - Em plena
Carlos: - Seus passatempos preferidos?
Orinho: - Mar, Praia, Bons filmes, mar, mar,
marrrrrrrrrrr...
Carlos: - Que género de filme daria sua vida?
Orinho: - Romance
Após tomarmos uns sumos de frutas, saímos do Mercado
Modelo e subimos o elevador Lacerda:

“Este elevador, foi construído pelo engenheiro
Augusto Frederico de Lacerda, sócio do irmão, o
comerciante Antônio Francisco de Lacerda,
idealizador da Companhia de Transportes Urbanos,
utilizando peças de aço importadas da Inglaterra. As
obras foram iniciadas em 1869 e, com os dois
elevadores hidráulicos funcionando, em dezembro de
1873 ocorreu a inauguração, com o nome de Elevador
Hidráulico da Conceição da Praia. Popularmente
conhecido como Elevador do Parafuso, posteriormente
seria renomeado como Elevador Lacerda (1896), em
homenagem ao seu construtor. Após a sua inauguração,
passou a ser o principal meio de transporte entre a
Cidade Alta, onde se encontra o centro histórico, e
a Cidade Baixa, local de concentração de atividades
financeiras e comerciais em Salvador. Inicialmente
operando com duas cabines, atualmente funciona com
quatro modernas cabines eletrificadas que comportam
32 passageiros cada uma, com um tempo de transporte
de 22 segundos.
No cimo, virados para a belíssima Baía de Todos os
Santos, tendo à nossa frente o Forte Marcelo (*) e
ao longe Itaparica; do lado esquerdo o Palácio dos
Governadores e nas nossas costas a Câmara Municipal.
http://www.caestamosnos.org/Pesquisas_Carlos_Leite_Ribeiro/Descoberta_da_Baia_de_Todos_os_Santos.html

(*)"A primitiva conceção desta fortificação remonta
a 1608 com risco do engenheiro-mor e dirigente das
obras de fortificação do Brasil, Francisco de Frias
da Mesquita. Alguns autores, porém, atribuem o seu
risco inicial ao engenheiro-mor de Portugal, o
cremonense Leonardo Torriani, em 1605. Encontra-se
figurada por João Teixeira Albernaz, o velho em "um
retângulo de pergaminho em que se vê o projeto de
edifício e do forte sobre a lajem do porto, que se
há de fazer. Quem soerguer este retângulo de
pergaminho vê a dita lajem desenhada na folha
maior", a ser artilhado com seis peças, no formato
de polígono quadrangular regular (Planta da cidade
de Salvador, na Bahia de Todos os Santos, 1612. (In:
Livro que dá Razão do Estado do Brazil, c. 1616.
Biblioteca Pública Municipal do Porto). Num outro
exemplar da mesma obra, o referido projeto já está
definitivamente incorporado ao desenho da planta
(Planta da Cidade de Salvador, na Bahia de todos os
Santos, 1616. Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro, Rio de Janeiro), o que indica que o
início da sua construção é posterior a 1612.
Terminado em 1623, no Governo-Geral de D. Diogo de
Mendonça Furtado (1621-1624), esteve inicialmente
artilhado com dezanove peças de diversos calibres (BARRETTO,
1958:174). Durante a invasão holandesa de 1624, foi
a primeira praça ocupada pelos conquistadores, que
dele dispararam as balas incendiárias que
aterrorizaram os moradores da cidade, facilitando a
invasão. Anos mais tarde, entre Abril e Maio de
1638, durante a tentativa de invasão do Conde Johan
Maurits van Nassau-Siegen (1604-1679), também teve
papel decisivo, logrando manter a esquadra holandesa
a distância".
Num murmúrio enternecido, Orinho disse-me: “Carlos,
como é bela a cidade de Salvador-Bahia-Brasil,
cidade da magia dentro dum Estado chamado Bahia e
deste imenso Pais, rico e cheio desta gente
maravilhosa que sabe acolher quem quer que seja em
seu seio. Gigante por natureza, belo, forte, vívido
ao som do mar e à luz de um céu profundo, iluminado
ao sol do novo mundo!”
Foi neste belo cenário que continuámos a entrevista.
Carlos: - Qual a sua melhor qualidade?
Orinho: - Amar demais
Carlos: - E seu maior defeito?
Orinho: - Amar demais
Carlos: - O arrependimento mata?
Orinho: - E arrasa...
Tinha chegado a hora do almoço. Fomos almoçar ao
Solar do Unhão.

"O terreno onde se encontrava a fonte foi legado por
Gabriel Soares de Souza aos padres beneditinos em
1584. Em 1690, residiu no local o Desembargador
Pedro Unhão Castelo Branco, que vendeu a
propriedade, em 1700, a José Pires de Carvalho e
Albuquerque (o velho), que ali estabeleceu morgado,
conduzindo a propriedade à sua fase áurea: datam do
século XVIII os painéis de azulejo português e o
chafariz. A primeira referência à capela data de
1740, por ocasião do batizado de uma de suas netas.
Com o declínio da economia açucareira, o Solar foi
arrendado, período em que passou por um processo de
relativo declínio. No início do século XIX, a
propriedade pertencia a Antônio Joaquim Pires de
Carvalho e Albuquerque, Visconde da Torre de Garcia
D'Avila, sendo utilizada como residência urbana da
família. Nas instalações do engenho de açúcar
funcionou uma fábrica de rapé, entre os anos de 1816
a 1926, e trapiche, em 1928. As dependências da
antiga senzala encontram-se requalificadas como
restaurante especializado em culinária da Bahia. O
Solar sedia o Museu de Arte Moderna, que conta com
um acervo de arte contemporânea abrangente, com
cerca de mil obras, com destaque para trabalhos de
Tarsila do Amaral, Cândido Portinari, Flávio de
Carvalho, Di Cavalcanti, Rubem Valentim, José
Pancetti, Carybé, Mário Cravo e Sante Scaldaferri.
Na área externa, o visitante encontra o chamado
Parque das Esculturas, uma exposição a céu aberto
inaugurada em 1997. À beira-mar encontram-se obras
contemporâneas de autoria de Bel Borba, Carybé,
Chico Liberato, Emanoel Araújo, Fernando Coelho,
Juarez Paraíso, Mário Cravo Júnior, Mestre Didi,
Sante Scaldaferri, Siron Franco, Tati Moreno e
Vauluizo Bezerra. Carybé foi o autor do gradil que
cerca o espaço e também assina o projeto de um
painel de concreto, localizado na parte final do
jardim e do portal de entrada. A estrutura em ferro
representa o Sol e estilizações do acarajé".
Já dentro do restaurante, perguntei à entrevistada:
Carlos: - Orinho, qual o seu prato preferido assim
como a bebida?
Orinho: - Olha Carlos, Camarão e Água!
Durante a refeição, além do camarão, um saboroso
“Frutos do Mar”, continuámos:
Carlos: - As piadas às louras são injustas?
Orinho: - Sim! Pois me atinge, rsssssss
Carlos: - Qual a característica que mais aprecia em
si, e, nos outros?
Orinho: - Em ambos os casos, a Sinceridade
Carlos: - Para a Orinho, qual o cúmulo da beleza?
Orinho: - A natureza
Carlos: - E da fealdade?
Orinho: - A falsidade
Carlos: - Quando era criança...?
Orinho: - Olha, adorava tocar piano
Carlos: - E agora, como se autodefine?
Orinho: - Uma pessoa comum
Findo o almoço, fomos até ao Parque do Campo Grande:

"A sua origem está relacionada, no contexto da
transferência da corte portuguesa para o Brasil, com
a passagem da Família Real Portuguesa a Salvador
(1808). Diferentemente de bairros mais antigos,
neste, as casas foram construídas distantes dos
lotes vizinhos e das vias públicas. A praça do Campo
Grande, primitivamente denominada como Campo de São
Pedro, viria a ser palco de aguerridos combates
durante os eventos que precederam as lutas pela
independência da Bahia, já em 1821, dada a
vizinhança com o forte de São Pedro, praça disputada
pelas vertentes em conflito no seio das tropas:
brasileiros e portugueses. Cortada ao meio por um
profundo vale, foi somente ao final do século XIX,
no governo republicano de Rodrigues Lima, que a
praça foi ricamente ornamentada e recebeu a
configuração que hoje ostenta, com monumentos
grandiosos encomendados na França, evocando os
heróis das lutas pela Independência da Bahia, entre
eles, Maria Quitéria".
http://www.caestamosnos.org/Pesquisas_Carlos_Leite_Ribeiro/Maria_Quiteria.html
E foi sentados num banco em frente à estátua do
Heróis, que continuámos e terminámos a entrevista.
Carlos: - O dia começa bem se...?
Orinho: - Enxergo a luz
Carlos: - Que influência tem em si a queda da folha
e a chegada do frio?
Orinho: -
COMO FOLHA
*Aurea Abensur* - (Orinho)
Solta como folha
na curva das matas
assim estou a esperar
Vim correndo
furando as imensas portas
das escuras madrugadas
fugindo do frio
sem chorar, vim leve
louca pra te encontrar
Salvador, no tempo...
O frio chega para
Carlos: - A cultura será uma botija de oxigénio?
Orinho: - Sim, para toda a humanidade meio esquecida
Carlos: - O que é para você o termo Esoterismo?
Orinho: - Simplesmente o meu ser
Carlos: - Acredita na reencarnação?
Orinho: - Sim, sem sombras de dúvidas
Carlos: - Acredita em fantasmas ou em “almas do
outro mundo”?
Orinho: - Sim, pois os vejo, rssssss
Carlos: - O Imaginário será um sonho da realidade?
Orinho: - De forma nenhuma!
Carlos: - Acredita em histórias fantásticas?
Orinho: - Em algumas sim pois já vi e ouvi muitas
Carlos: - Deus existe?
Orinho: - SIM, sim, sim
Carlos: - Mudando de tema: Música e autores
preferidos?
Orinho: - Clássica, MPB, enfim todas as músicas que
não ferem meus ouvidos, em especial; Smile e Tocando
em frente
Carlos: - O filme comercial que mais gostou?
Orinho: - Vixe são muitos também, rssssssss
Carlos: - Que livro anda a ler?
Orinho: - Questões do coração de Emily Giffin
Carlos: - Autores e livros preferidos?
Orinho: - São tantos e de diferentes temas mas... A
insustentável leveza do ser de Milan Kundera,
Mulheres que correm com lobos de Clarissa Pinkola
Estés, O jogo das contas de vidro de Hermann Hesse,
A operação cavalo de tróia de J.J. Benitez etc., etc
Carlos: - Para terminar, vamos falar de sua obra
literária?
Orinho: - Bom… Bom, Carlos, vou-lhe
dizer só ao ouvido: Quando for o lançamento todo o
mundo será avisado! Mas tenho Blog
www.aureaabensur.blogspot.com
E assim, falámos de:
Aurea Abensur (Orinho)
Nascida num belo dia 22 de Janeiro de 1946
Numeróloga de profissão

SILENCIOU
*Aurea Abensur*
(Orinho)
Silênciou a história,
quietude da emoção,
alvoroços, não apoquentem
o filamento do coração.
Silenciou os sentimentos
retalidos pela dor,
com o mutismo das tuas falas
silêncios em rancor.
Silêncios são urros da alma
chamando o amor à consciência
Silêncio da dor que dói
no meu ouvido que escuta
A musica do universo
ecoa em meu coração
e no silêncio que cultivas
as lagrimas caem no jardim ainda em flor
Salvador, no tempo...

Entrevista de formato de Carlos Leite Ribeiro –
Marinha Grande – Portugal