Desta vez, os
compromissos profissionais nos levaram até à
capital do Estado do Ceará, a linda cidade
de Fortaleza. A entrevistada de hoje é a
LENA MARIA
OMMUNDSEN. Combinámos o encontro para o
Centro Cultural Dragão do Mar. Há hora
marcada, entrámos quase simultaneamente no
bar que a Lena nos tinha indicado. Depois
das protocolares apresentações, começámos a
entrevista: - Lena, que género de filme daria sua vida ... ?: - “Carlos, emoção,
ação e romance. A vida de uma mulher
bastante corajosa, determinada e que ama
muito”. – O arrependimento mata ...?: -“Dificilmente
me arrependo do que fiz, arrependo-me
sobretudo do que não fiz e assim sendo em
nenhum dos dois casos ele mata, apenas
inquieta”. – Uma imagem do passado que você
não quer esquecer no futuro ... ?: -“Nenhuma.
Apaguei as luzes e fechei a porta do meu
passado, nada permaneceu”. – Que vício
gostaria de não ter ... ?: -“Não tenho
vícios”. – De que mais se orgulha ... ?:
-“De ter saído de um casamento medíocre e
ter reconstruído minha vida com liberdade e
amor”. – Qual foi o maior desafio que
aceitou até hoje ... ?: -“Sair de um
casamento bastante longo, fechar
completamente a porta do meu passado”. –
Como vai de amores... ?: -“Muito bem”. –
Seus passatempos preferidos ... ?: -“Viagem,
música, leitura, ginástica e jogos”. – Qual
a sua melhor qualidade, e, seu maior defeito
... ?: -“Qualidade, lealdade; defeito,
impaciência”. – Qual a característica que
mais aprecia em si, e, nos outros ... ?: -“Em
mim, a sinceridade e a lealdade; nos outros,
a sinceridade e a lealdade”. – Como é que a
Lena se auto-define ... ?: -“Uma pessoa
extremamente leal e impulsiva”. – Quando
você era criança ... ?: -“Gostava de brincar
de boneca”. – Qual a personagens que mais
admira ... ?: -“São duas: Don Helder Câmara
e Madre Tereza de Calcutá”. – Qual o cúmulo
da beleza, e, da fealdade ... ?: -“Beleza,
se aliada à beleza interior; fealdade, se
aliada à maldade”. – As piadas às louras são
injustas ... ?: -“Nunca me perguntei sobre
isso. Nem todas são burras, como as morenas,
as ruivas ou qualquer ser humano. Não é a
cor do cabelo que determina a inteligência”.
– Para a Lena, Deus existe ... ?: -“Tenho
minhas dúvida. Gostaria que Ele existisse”.
– O que é para você o termo Esoterismo ...
?: -“Uma doutrina repleta de mistérios,
ocultismo ...”. – Acredita na reencarnação
... ?: -“Gostaria de acreditar mas tenho
minhas dúvidas”. – Acredita em fantasmas ou
em “almas do outro mundo” ... ?: “Não
acredito mas tenho medo do escuro pois nunca
se sabe! Então ...! O além é misterioso e
não podemos ter certeza de nada”. – O
Imaginário será um sonho da realidade ... ?:
-“Sonho que pode vir a se concretizar”. –
Acredita em histórias fantásticas ... ?: -“Em
algumas...”. – O dia começa bem se ... ?:
--“Não tenho hora marcada para acordar”. –
Que influência tem em si a queda da folha e
a chegada do frio ... ?: -“Nenhuma, sou de
origem nórdica e gosto do frio. Cada estação
tem seu charme e evita a rotina”. – Lena, e
se, de repente, lhe oferecerem flores, isso
é ... ?: -“Maravilhoso !!! Existe até uma
linguagem das flores”.
Além de um lindo bouquet que oferecemos à
Lena, também a convidámos para o almoço.
Assim, fomos a um restaurante indicado pela
nossa simpática entrevistada, situado na
Avenida Monsenhor Tabosa. Também foi a Lena
que escolheu o menu, bastante diversificado,
com camarão e filet, ovos com bacon e
tapioca com café. Sucos de fruta para a dama
e, para nós, um vinho branco gelado, das
cepas madeirenses do sul do Brasil.
Durante a refeição, foi-nos falando da sua
encantada cidade: - “Fortaleza, cantada pelo
francês Bernard Lavilier (Canção: à
Fortaleza) é uma cidade moderna com vários
shoppings, onde pode-se fazer uma bela
caminhada de vários quilómetros à beira mar
(ver estátua de Iracema) sempre vendo e
ouvindo o mar. As pessoas são hospitaleiras
e felizes. O Centro Cultural Dragão do Mar é
muito interessante pois lá encontram-se
várias possibilidades como restaurantes com
música ao vivo, teatro, cinemas. Ao lado uma
grande avenida (Monsenhor Tabosa) onde o
turista encontra tudo o que desejar com
preços competitivos”.
Depois do almoço fomos tomar café a uma
esplanada não muito longe do restaurante. E
foi aí que continuámos a entrevista: - Lena,
a Cultura será uma botija de oxigénio ... ?:
-“Carlos, parece que sim já que a
mediocridade mata”. - Que livro anda a ler
... ?: -“L’adultère au féminin et son roman”
de Annik Houel”. – Autores e livros
preferidos ... ?: -“André Maurois “Climats”
– Honoré de Balzac “Eugénie Grandet” e “Le
lys dans la vallée” – Daphné du Maurier
“Rebeca, a mulher inesquecível” – Stendhal
“Le rouge et le noir”. – Música e autores
preferidos ... ?: -“Czardas (Monti) – Manhãs
de Carnaval (Elizeth Cardoso) – Mona Lisa –
Esses moços (Jane Duboc) e outros”. – O
filme comercial que mais gostou ... ?: -“E
Tudo o Vento Levou”. – Para terminar, vamos
falar na sua obra literária ... ?: -“Dissertação
de Mestrado (La Narration et la Discription
dans Les Enfants du Capitaine Grant de Jules Verne) – Tese de Doutorado (Les Personnages
dans Annette et le Criminel de Horace de
Saint-Aubin (Balzac – Lille – França) – Dois
romances: “Desafios” (1993) e Deus Criou o
Homem e o Diabo a Mulher” (1997) – Três de
contos: Serenata de Amor” (1995) ; “Somos
Todos Iguais” (1996) e “Em Uma Noite de
Tempestade” (1998) – Sete de poemas”.
E assim falámos de: LENA MARIA OMMUNDSEN
Nasceu num belo anos a 29 de Novembro.
Professora Universitária, Doutora em
Literatura Francesa e Tradutora Pública
Juramentada de Francês.
SOB
A ÓTICA DOS MEUS
OLHOS
Vejo sua alma, como um túmulo: / triste,
fria, cinzenta; / prisioneira do mármore ou
granito /
padecendo pelos sofrimentos causados um dia;
/ pedindo perdão a gemer, a implorar. /
Ninguém escuta nem seu clamor / nem seu
grito! / Como um cadáver, alma nojenta /
ela se decompõe, ela apodrece / flutuando no
líquido fétido do esquecimento / de onde o
“pus une-se à podridão,” / entregando-se às
larvas que se multiplicam / alimentam-se /
roendo-lhe, apesar de pedra, o coração! /
Sua alma, da mais profunda solidão /
entregue aos tupurus esfomeados / estremece
/
rendendo-se nesta trêmula agonia / pede
consolo, misericórdia, / compaixão /
condenada pelos sofrimentos que me causou um
dia. / Não a perdôo; ela não merece meu
perdão. / “Parte, Anjo Maldito, sozinho,
pois, ao Diabo!”.
.
ESTRANHAS SENSAÇÕES
“Fecho os olhos / Escuto um estardalhaço /
contínuo e assustador / de uma martelada no
teto? /
ou na minha cabeça? / Não sei. Não vejo
nada. / Algo toca meu braço. / Calafrios,
arrepios ... Estremeço. /
Sinto um pavor, / que em todo o meu corpo /
invade-me a dor! / Permaneço inerte, deitada
/ e quase sem vida /
um peso imenso se abate / sobre minha cabeça,
meu queixo... / entorpecida, não me mexo /
entrego-me completamente vencida! / Pouco a
pouco o instrumento / quebra e retira
fragmentos /
do meu ser? Da minha boca? / Algo aspira
minhas vísceras. / Tenho medo. O barulho /
me estarrece e me apavora / zumbindo-me nos
miolos! / Estarei ficando louca? / Abro os
olhos. / Inclinado sobre mim, o dentista /
a broca empunhava / aterrorizando-me
enquanto retirava / a cárie do meu dente; /
do outro lado, saliva aspirada / pelo
sugador que segurava / sua assistente!"
Formato de Carlos Leite Ribeiro – Marinha Grande – Portugal