"Carlos, você conhece as pedras do
Arpoador ?” . – “Não” – respondi eu. – “Então a nossa
entrevista pode ser lá, ao fim da tarde para se poder
admirar o belíssimo pôr do sol na Morro Dois Irmãos”. E
assim combinámos a entrevista. Cheguei cedo e, tão
absorto estava na beleza do lugar, que nem reparei num
casal que se aproximava de mãos dadas. – “Oi, você é o
Carlos ?” . Quase dei um salto e mal pode responder:
“Sou, sou o Carlos !”. Tinha em minha frente uma
elegante mulher acompanhada por seu marido, o Luíz
Carlos, que, depois das apresentações me disse: “Cara,
antes de começar a entrevista com a Irene, quero dizer-lhe
que, uma das suas grandes qualidades, é a
disponibilidade aos outros”. Olharam um para o outro, e
sorriram num olhar terno”. Sentamos nas rochas sentindo
os respigos das ondas do mar”.
A nossa entrevistada quando era criança, sempre foi
supermimada e acarinhada, tendo sempre alguém a seu lado
para a acompanhar e satisfazer seus caprichos. Estudava
muito, pois sempre teve uma sede invulgar de saber. Mas
a menina foi crescendo e na escola, o ser das primeiras
da turma, não a envaidecia, antes pelo contrário, fazia-a
ser tímida quase em demasia. E como o tempo não pára, já
mais velhinha viajava em todas as férias e tinha uma
facilidade enorme para fazer amigos: “Fazendo com que
nossa casa estivesse sempre “cheia” deles. Era uma festa
tão grande que chegámos a montar um clube na praia, com
carteirinha e tudo mais !”.
Adora música clássica e os compositores que mais aprecia
são: Liszt (Poemas Sinfônicos – todos), Beethoven (Sinfonia
nº 3), Chopin (Concerto nº 1), Brahms, Mendelsonhn,
Grieg ... : - “Ah, o Anel de Nibelung do Wagner e a
Sinfonia Novo Mundo de Dvorak são fantásticos !”.
A sua primeira grande paixão foi a música e já aos 5
anos, dedilhava os primeiros acordes : - “Cresci ouvindo
do meu pai a história dos grandes compositores,
relacionando cada obra a seu período da vida. E daí vem
meu embasamento e cultura musical”.
Estamos a falar de IRENE VIEIRA MACHADO SERRA
Que nasceu num belíssimo dia 04 de Junho, sendo portanto
do signo Gémeos (... uma grande conversa sobre qualquer
assunto profundo e partilhar acontecimentos ou
experiências profissionais ...).
Quando lhe perguntámos pela sua obra literária : -
“Nunca escrevi nenhum livro, apenas alguns contos e
poesias, que estão bem conservados em gavetas, alguns
esquecidos, e muitos textos didáticos. Mas gosto muito
de ler – continuou – “Grandes Esperanças” de Charles
Dickens, é meu livro de cabeceira. E tenho pulado de
Frederick Forsyth, a José de Alencar, de Alexandre Dumas
a Gilberto Freire, sendo que não perco os policiais de
Agatha Christie. É uma mistura de dar gosto! Acabei de
ler Moça com Brinco de Pérola, de Tracy Chevalier e
fiquei encantada, foi uma viagem ...
Irene, em sua opinião, qual a sua melhor qualidade ? A
nossa entrevistada abriu os seus imensos olhos castanhos,
sorriu e convictamente, respondeu: - “Tenacidade !
quando começo algo, não desisto por nada deste mundo.
Não importa se é uma simples costura ou um estudo de
difícil conclusão”. E Irene, o que considera o seu maior
defeito ? Deu uma sonora gargalhada e à guisa de
brincadeira, atirou : - “Mas eu considero-me uma mulher
perfeita ! – e num tom mais sério – A teimosia ! mesmo
que estejam me falando que estou errada, enquanto não
comprovar por mim mesma, não aceito a verdade do outro (um
pouco como São Tomé). Além do mais, com o meu querer
fazer tudo, muitas vezes brigo com o tempo, que insiste
em não me esperar. E como não pode haver um só teimoso,
este sim, é que é teimoso”.
Falou seguidamente dos seus passatempos preferidos, que
são : -“Ver filmes e documentários de mãos dadas com o
meu marido, tocar piano (quando estou melancólica toco
“Desejos de uma jovem Filha”, de Liszt), ler e passear
pela praia de Ipanema, com os pés bem afundados na areia
molhada”.
Quando lhe pedimos a sua auto-definação, pousou seu
queixo na palma da mão direita, fechou os olhos como que
a meditar, e por fim respondeu: - “Considero-me uma
pessoa batalhadora, que não tem medo de ganhar ou
perder. Quem espera que o amanhã seja sempre melhor e
confia por demais nos outros, às vezes quebrando a cara.
Evito me expor e prefiro ouvir a falar. Mas é tão
difícil auto-definir-me... ...”.
Sentimo-nos na obrigação de abordar um assunto “mais
fácil”, e assim, perguntámos: “Irene, como vai de amores
?”. A nossa interlocutora levantou-se e olhando o mar,
como que a sonhar, respondeu: - “Muitíssimo bem ! Será
um pouco como o vosso vinho do Porto “quanto mais velho
melhor”. Nunca fui tão feliz como agora. Aliás, já há
alguns anos venho repetindo este refrão”.
No que concerne a ódios de estimação, diz que não os
tem, a não ser “Cachorro do vizinho me lambendo as
pernas !”.
O filme comercial de sua vida: “Em Algum Lugar do
Passado”. Para a filme de sua vida, ainda não escolheu
bem o tema, mas não andará muito longe dos temas
Dedicação, Teimosia e Tenacidade; tendo como cenário o
que considera “uma paisagem de sonho”, ou seja, na praia
de Ipanema, admirando à direita o Morro Dois Irmãos e à
esquerda o Arpoador, sem esquecer as salsas ondas do
Atlântico.
Local onde gostaria mais de viver: Ipanema, onde sempre
morei – não há lugar mais bonito !
E assim falámos de IRENE VIEIRA MACHADO SERRA.
Médica e Psicóloga, que confessa que está a dedicar-se
menos ao consultório e mais ao Rio Total “que tem sido
uma alegria e catarse nesta fase pré-aposentadoria.
Tem o prazer de convidar todos os amigos a visitar sua
casa na Internet
http://www.riototal.com.br