À saída do Aeroporto Tom Jobim, na maravilhosa
cidade do Rio de Janeiro, como combinado, encontrei a nossa
entrevistada, Irai Verdan. Como ainda era muito cedo, aceitei
o convite para visitar a terra onde reside. Ainda em viagem, comecei
a entrevista:
Irai: - "Resido em Piabetá, que tem o
maior cartório eleitoral do município de Magé. Possui um comércio de
variados gêneros e serviços. O bairro de Piabetá sobressai-se no 6.º
distrito de Magé, Inhomirim. Terra habitada por tupis, a região de
Inhomirim aparece pela primeira vez nas Cartas de Sesmarias em 1568,
quando à 09 de fevereiro, El-Rey doa uma larga faixa de terras, às
margens do rio Inhomirim, em favor de Antônio da Fonseca, que havia
lutado ao lado de Estácio de Sá, na expulsão dos franceses da
Guanabara. Em 1677 é criada a freguesia de Anhu-mirim (caminho
estreito, em tupi), sob a invocação de Nossa Senhora da Piedade.
Através do Alvará de 12 de abril de 1698, a freguesia é elevada a
categoria de Paróquia Perpétua. Apenas em 11 de junho de 1723
aparece, pela primeira vez, uma concessão de terras em Piabetá,
doadas aos sócios Ventura da Costa e Antônio de Toledo Souto Mayor,
constituida de três mil braças quadradas entre o rio Cayoaba e Piatá.
Em 08 de abril de 1728, as terras de Ventura da Costa, não se sabe o
porquê, são transferidas para Antônio Fernandes Lima. Com uma área
de seis quilômetros quadrados, a fazenda de Antônio de Toledo, nessa
época, abrangia ainda as terras de Raiz e Meio da Serra. No século
XIX, Mons. Pizarro e Araújo, em suas Memórias históricas do Rio de
Janeiro, menciona a existência do rio Piabetá, originado na Serra
Alta (Petrópolis), desaguando no rio Bonga (Bongaba) e, em cujas
margens cultivava-se a cana, a mandioca, o arroz, o café e legumes,
além de registrar o funcionamento de alguns engenhos de aguardente.
O declínio da agricultura Mageense verificado com a República, pode
ser sentido também em Piabetá. Com o loteamento das fazendas,
verdadeiros sub-bairros continuam surgindo, de onde saem mão-de-obra
para a Capital e as cidades vizinhas. Segundo J. Romão da Silva,
Piabetá é uma corruptela de Piatá, que significa a base firme, o
alicerce sólido. Usado como adjetivo, expressa ainda, firmeza, força
ou vigor. Nos textos antigos aparecem Piatá, Piabatá e Piabetá".
CEN: - Então Irai, quais são os seus passatempos preferidos?:
Irai: - Ver televisão, ouvir música clássica, escrever poesia e
haicai; tocar o meu piano.
CEN: - Qual a característica que mais aprecia em si, e também,
nos outros?:
Irai: - Em mim, ser autônoma em minhas atitudes, sincera e
honesta; nos outros, a honestidade e a sinceridade também.
CEN: - Qual a sua melhor qualidade, e também, seu
maior defeito?:
Irai: - Qualidade, sou bem-humorada,
alegre e muito sincera.Ser for desafiada por qualquer situação, não
temo, pois estou sempre preparada para enfrentar desafios.Refaço-me
rapidamente; Defeito, Falar tudo o que sinto para amigos, desabafar.
E nem sempre os amigos são sinceros comigo. Sofro quando tentam me
varrer para baixo do "tapete". Mas, devo ter muitos outros defeitos
que não percebo. Quando os percebo, peço desculpas... Ninguém é
perfeito.
CEN – Qual foi o maior desafio que aceitou até
hoje?:
Irai: - Criar os meus três filhos e
educá-los sozinha, sem poder contar com qualquer ajuda de outrem.
CEN: - Como vai de amores?:
Irai: - Vou muito bem e sempre apaixonada. Filhos e netos
incluídos.
CEN: - De que mais se orgulha?:
Irai: - De ser o que sou e como sou. Dos filhos e netos que
possuo, de minha família (irmãs e irmão); do meu trabalho, e me
sustentar; de ser uma modesta escritora e haicaista; e de pertencer
ao Portal CEN.
Entretanto, chegamos a Piabetá, onde demos uma volta pelo belo
local, antes de regressarmos à cidade do Rio de Janeiro. E a
entrevista continuou.
CEN: - Para você, o arrependimento mata?:
Irai: - Quando o arrependimento parte do coração, é louvável. E
neste caso, enleva a pessoa.
CEN: - Quando era criança…?:
Irai: - Brincava de "casinha" embaixo das
árvores do quintal da nossa casa, com irmãos; de amarelinha à tarde
na rua, de pique de esconder, que todos os meus colegas me
"achavam"; de queimada na escola, de "mãe e filha", de médica e dona
da Venda, quando bem pequenina.
CEN: - Uma imagem do passado que não quer esquecer no futuro?:
Irai: - Os passeios na Fazenda de Dona Lola, na infância e o
nascimento de meus três filhos.
CEN: - O dia começa bem se…?:
Irai: - Se a minha taxa de glicemia
estiver baixa ( no limite). Sou diabética.
CEN: - Que influência tem em si a queda da folha
e a chegada do frio?
Irai: - Bem, a queda da folha deixa-me
nostálgica e por coincidência hoje eu fiz um haicai sob esse
tema:
Haicai
Embaixo da árvore
o ruído em meio ao vento.
Folhas secas rolam...
E a chegada do frio, chá quente, um cobertor e a leitura de um bom
livro de romance. Quando consigo me concentrar, prefiro escrever.
CEN: - Qual a personagem que mais admira?:
Irai?: - O Líder Mandella.Sua bela história de lutas e conquistas
para o seu povo.
CEN: - Que vício gostaria de não ter?:
Irai: - Não possuo qualquer vício. Tinha hábito de tomar café.
Não tenho mais.
CEN: para você, qual o cúmulo da beleza, e também, da fealdade?:
Irai: - Beleza, o rosto bem desenhado de Xuxa com os olhos azuis.
Xuxa é uma apresentadora de TV no Brasil muito querida; Fealdade, a
face transformada do cantor Michael Jackson antes de morrer.
CEN: - As piadas às louras são injustas?:
Irai: - Claro que são injustas. A inteligência de cada pessoa não
depende do seu exterior.
CEN: - Como se auto-define?:
Irai: - Uma pessoa maleável. Independente em todos os aspectos e
bastante equilibrada. Sou muito fiel aos amigos que tenho. Minhas
amizades são antigas e duradouras. E aprecio em mim o sentimento de
liberdade bastante apurada, desde a minha infância, pois, nela
aprendi a lutar pela própria existência desde muito cedo.
CEN: - Que género de filme daria sua vida?:
Irai: - Um romance. Com direito de ir às lágrimas...
Já no Rio de Janeiro, como estava na hora do almoço, fomos até à
Taberna da Glória, que fica na rua do Russel, 324 (junto ao metro da
Gloria), onde almoçamos frango à cubana. Durante a refeição
continuamos a entrevista, que só terminou mais tarde no Aeroporto
Tom Jobim, antes do meu regresso a Portugal.
CEN: - Irai, a cultura será uma botija de oxigênio?:
Irai: - É o oxigênio natural e liberado que todos podem utilizar.
Basta querer.
CEN: - Que livro anda a ler?:
Irai: - Li pela segunda vez "Brumas do Passado", de Rachel Field,
traduzido por Lia Cavalcanti e também pela segunda vez "Ternura para
Rir e Chorar" de Poldy Bird.
CEN: - Quais os filmes comerciais que mais gostou?:
Irai: - "Procurando Nemo" ,O Rei Leão e a Bela e a Fera (Filmes
de Desenhos Animados).
CEN: - Música e autores preferidos?:
Irai: - A Bela e a Fera, All For Love e Hero, de Pavarotti &
Friends; Cidade dos Anjos, Endless Love e Serenata ao Piano, de
Shubert.
CEN: - Autores e livros preferidos?:
Irai: - Olavo Bilac, Rui Barbosa, Coelho Neto, Machado de Assis,
Cecília Meirelles e Carlos Drumond de Andrade.
CEN: - Vamos falar de sua obra literária?:
Irai: - Ainda não possuo livro individual, mas, participo de
diersas Antologias, desde 1985, a saber: Antologia A Nova Poesia
Brasileira, a Nova Literatura Brasileira, Antologias da Academia
Mageense de Letras III, IV, V e a VI no prelo e Antologia de Haicai
pelos 100 Anos de Irati, Antologia de Haicai do SESC S.Paulo, Livro
II de Poetas DelMundo. Livro Individual no prelo sob o título:
"Primícias de Um Tempo".
CEN: - O que é para você o termo Esoterismo?:
Irai: - Uma Filosofia antiga que estuda a espiritualidade.
CEN: - Acredita na reencarnação?:
Irai: - Não. Sou evangélica.
CEN: - Acredita em fantasmas ou em “almas do outro mundo”?:
Irai: - Também não. E não assisto à filmes de terror. Acho perda
de tempo.
CEN: - O imaginário será um sonho da realidade?:
Irai: - Na maioria das vezes, só acontece coisas conosco que não
imaginamos. Quanto nos acontece algo de bom, é comum dizermos:
Parece um sonho. e não realidade!
CEN: - Acredita em histórias fantásticas?:
Irai: - Ouço, quando necessário para não perder o amigo. Mas, não
acredito mesmo.
CEN: - Para terminar, Deus existe?
Irai: - Sim. Se não fosse Deus, certamente
não estaríamos aqui. Qual o construtor será capaz de fazer uma rosa?
Nenhum!
Assim falamos de:
Iraí Verdan
www.iraiverdan.com
Nascida a 19 de Novembro de 1945
Contadora e exercendo a profissão em escritório próprio há mais
de trinta anos.
O FRESCOR DA TARDE!
(Rondel)
Assim que chegar o frescor da tarde,
Abrirei de par em par, as janelas do meu lar!
E, sem que se faça qualquer alarde,
Belas melodias, no piano irei tocar…
Sinfonia ou Serenata, o que irei começar?
Antes que a inspiração se retarde…
Assim que chegar o frescor da tarde,
Abrirei de par em par, as janelas do meu lar!
Quando a sensação, sobretarde,
Vier sobre o meu ser, querendo-me olvidar,
Deixarei que a minha alma se acovarde,
E vou depressa para a rede balançar,
Assim que chegar o frescor da tarde!
Formato de Carlos Leite Ribeiro – Marinha Grande – Portugal
Formatação: Iara Melo