Durante a viagem aérea Lisboa/São Paulo-SP, como
habitualmente, dei uma vista de olhos para uns
apontamentos que sempre levo quando vou fazer uma grande
entrevista. Neste caso e para a grande entrevista ao
amigo Humberto Neto, nascido e criado em São Paulo, capital do Estado do mesmo
nome: Pelo ano de 1502, uma expedição, de que fazia
parte Américo Vespúcio, localizou um porto a que deu o
nome de São Vicente. Em 1532, chegou ao Brasil a
expedição colonizadora de Martim Afonso de Sousa, que
desembarcou no porto de São Vicente, local que escolheu
para fundar a primeira vila no Brasil, a vila de São
Vicente. Para povoar a região, Martim Afonso de Sousa
dividiu a terra em grandes lotes, as sesmarias, que
foram doadas a seus companheiros de viagem. A capitania
hereditária de São Vicente foi criada em 1535. Os
povoados multiplicaram-se. Em 1554, um grupo de jesuítas
fundou o Colégio de São Paulo. O povoamento, porém,
continuou muito lento. O isolamento da região,
dificultava o seu desenvolvimento económico, de modo que
os paulistas passaram a organizar bandeiras e a penetrar
no sertão em busca de índios e depois em busca de ouro.
No século XVIII, os paulistas dedicaram-se à exploração
do ouro em Minas Gerais e depois nas regiões de Cuiabá e
Goiás. Com a decadência dos minerais na segunda metade
do século XVIII, os paulistas que tinham abandonado a
sua terra começaram a voltar para as suas antigas vilas.
O governo paulista desenvolveu uma política de fixação
das populações em terras ainda inexploradas e de
incentivo à lavoura e à indústria de sua capitania. Foi
estimulado o plantio da cana-de-açúcar, e foram
instaladas pequenas fábricas de tecelagem e fundição.
São Paulo começou então a prosperar, tanto no plano
económico como no cultural. Entre os mais destacados
elementos da campanha para a independência do Brasil
figurou um paulista, José Bonifácio de Andrade e Silva.
E foi em São Paulo que Dom Pedro I (do Brasil) proclamou
a independência. No século XIX, a queda dos preços do
algodão e do açúcar nos mercados internacionais fez que
o café passasse a ser plantado em grande escala no
Brasil, principalmente em São Paulo. Em 1850, o café já
era o principal exportador por São Paulo. Os cafezais
alastraram-se então pelas terras roxas do oeste,
enriquecendo a província. A partir de 1868, vários
caminhos-de-ferro foram construídos, ligando as áreas da
lavoura à capital e ao porto de Santos, de modo que
essas duas cidades alcançaram grande prosperidade.
Depois de 1880, o café teve nova valorização
internacional. Todavia, surgiu para os fazendeiros
paulistas o problema da escassez de trabalhadores. Os
escravos negros já eram poucos e cada vez mais caros.
Para substituí-los, começaram a chegar os imigrantes
italianos. Com a proclamação da República, em 1889, a
província passou a Estado. São Paulo passou a
desempenhar papel preponderante na política federal. A
industrialização ganhou notável impulso. A habilidade
técnica do imigrante, que continuava a chegar a São
Paulo, e a abundância de energia hidráulica do Estado,
contribuíram para que fossem instaladas centenas de
indústrias. Ainda hoje o progresso industrial, económica
e cultural, continua em grande escala. Depois adormeci e
só acordei quando o avião aterrou no Aeroporto
Internacional de Guarulhos.
Depois das formalidades alfandegária, fui para a saída
do aeroporto, onde não encontrei o Humberto. Quase meia
hora depois, apareceu o nosso entrevistado, todo
esbaforido, quase gritando: Carlos desculpe este meu
pequeno atraso, mas o trânsito para cá está impossível.
É um para/arranque quase consecutivo. Como está o
Carlos? Joinha?
Sorri e respondi-lhe: tudo bem!
Já dentro do carro com o trânsito muito intenso; fiz-lhe
as primeiras perguntas para a entrevista.
- Carlos: Qual a sua melhor qualidade, e, seu maior
defeito?
- Humberto: Qualidade, será a Honestidade. Defeito,
Intemperança. Tenho pavio curto e explodo à toa. Preciso
corrigir isso e nem sei se ainda dá tempo
- Carlos: Seus passatempos preferidos?
- Humberto: Leitura, horta caseira, cinema, passeios e
internet. Paradoxalmente, costumo cantar quando estou
triste, já que ainda tenho boa voz e até ministro
palestras espíritas em grandes recintos sem uso do
microfone. Parece estranho, mas o canto em momentos
difíceis tem para mim efeitos terapêuticos bastante
salutares.
Carlos com este trânsito tão intensivo, convido-o a
tomar um café naquela esplanada. Está de acordo?
Carlos: Também estou a precisar de tomar um café.
Já na esplanada do café, perguntei ao Humberto Neto:
- Carlos: Ainda vive em São Paulo?
- Humberto: Sim. Nasci e moro na cidade São Paulo, a
maior metrópole da América do Sul, colocando-se entre as
maiores do mundo, com seus 17 milhões de habitantes na
área compreendida pela grande São Paulo. Seu marco zero
é a Praça da Sé (Originalmente conhecida como o "Largo
da Sé"), a praça desenvolveu-se a partir da construção,
durante o período colonial, da Igreja Matriz do
município (substituída pela atual Catedral Metropolitana
de São Paulo no século XX) e de uma série de edifícios
ao seu redor. No início do século XX, porém, com a
demolição de vários dos edifícios originais e as obras
de embelezamento urbano e alterações no sistema viário,
a praça transformou-se e assim permaneceu até a segunda
metade do século XX , que tem ao lado o Pátio do
Colégio, onde os jesuítas do Padre Manoel da Nóbrega
http://www.caestamosnos.org/Pesquisas_Carlos_Leite_Ribeiro/Padre_Manuel_da_Nobrega.html,fundaram São Paulo, uma cidade rica de praças,
parques e jardins, destacando-se o Parque Ibirapuera (A
região alagadiça significa "pau podre ou árvore
apodrecida" em língua tupi; "ibirá", árvore, "puera", o
que já foi) que havia sido parte de uma aldeia indígena
na época da colonização, era até então uma área de
chácaras e pastagens. Já na década de 1920, o então
prefeito da cidade - José Pires do Rio - idealizou a
transformação daquela área em um parque semelhante a
existentes na Europa e Estados Unidos, como o Bois de
Boulogne em Paris, o Hyde Park em Londres ou o Central
Park em Nova Iorque. O obstáculo representado pelo
terreno alagadiço frustrou a ideia, até que um modesto
funcionário da prefeitura, Manuel Lopes de Oliveira,
conhecido como Manequinho Lopes. Apaixonado por plantas,
Manequinho iniciou em 1927 o plantio de centenas de
eucaliptos australianos buscando drenar o solo e
eliminar a umidade excessiva do local. Finalmente, em
1951, o então governador Lucas Nogueira Garcez institui
uma comissão mista - composta por representantes dos
poderes públicos e da iniciativa privada - para que o
Parque do Ibirapuera se tornasse o marco das
comemorações do IV Centenário da cidade. Coube ao
arquiteto Oscar Niemeyer a responsabilidade pelo projeto
arquitetônico e a Roberto Burle Marx, o projeto
paisagístico (embora este nunca tenha sido executado),
sendo, no entanto, construído o projeto do engenheiro
agrônomo Otávio Augusto Teixeira Mendes. Três anos
depois, no entanto, o aniversário da cidade, em 25 de
janeiro de 1954, não pode contar com a inauguração do
Parque, que só ficaria concluído sete meses depois. A
inauguração em agosto, contou com 640 estandes montados
por treze estados e dezenove países, merecendo a
construção, pelo Japão, de uma réplica do Palácio Katura,
ainda hoje atração do Parque e conhecida como Pavilhão
Japonês, com seu monumento aos Bandeirantes
http://www.caestamosnos.org/Pesquisas_Carlos_Leite_Ribeiro/Dia_do_Bandeirante.html,
que lembra um pouco o dos Descobrimentos, em
Portugal.
Mas ainda temos muito e muito mais. Vamos fazer um
tour pela cidade para o Carlos ver estas maravilhas e
outras. São Paulo não é só a cidade de betão!
- Carlos: - Qual a característica que mais aprecia em
si, e, nos outros?
- Humberto: Em mim, a faculdade de aos outros parecer
uma pessoa alegre, sempre com uma boa piada para contar,
uma brincadeira nos e-mails que emito, troças que
apronto em festas de família, e outras coisas mais.
Seria, tal procedimento, uma espécie de fuga aos meus
problemas domésticos? Pode ser... Não sei. Mas sou
assim. Nos outros, a intolerância, a falta de paciência,
o inconformismo diante de situações adversas,
inconvenientes esses bem comuns naqueles que cultuam
credos dogmáticos, porquanto, por não acreditarem numa
outra vida depois desta, e muito menos em vidas que já
tiveram antes desta, costumam chamar Deus de injusto por
tudo de mal que lhes suceda, assim como fez Jó ao
contrair uma doença incurável e perder todos os seus
bens. Carlos, vamos seguir viagem, para mais, você está
sempre com pressa por seus compromissos.
E seguimos para visitar outras belezas desta cidade,
entre os quais o: Parque Trianon (O parque foi
inaugurado em 3 de abril de 1892 e deve ter seu
surgimento entendido no contexto do processo de
urbanização da cidade de São Paulo daquela época). No
ano anterior ocorrera a inauguração da Avenida Paulista.
Naquela época, o ambiente cultural da aristocracia
cafeeira era dominado por influências do romantismo
europeu do século XIX e, dessa forma, o parque acabou
ganhando ares de um jardim inglês, apesar de sua
exuberante vegetação tropical, remanescente da Mata
Atlântica da região do alto do Caaguaçu, atual espigão
da Paulista. O responsável pelo projeto paisagístico foi
o francês Paul Villon, motivo pelo qual o parque às
vezes ser citado, nos textos antigos, como Parque Villon.
O nome Trianon veio do fato de, naquele tempo, existir
no local onde hoje se situa o Museu de Arte de São Paulo
em frente ao parque, um clube com o nome Trianon, onde
foi construído de (1911-1914) o chamado belvedere com
projeto do arquiteto Ramos de Azevedo. Por muitos anos
ainda foi conhecido como parque da Avenida e era
explorado pela iniciativa privada, juntamente com o
clube, servido de palco para muitas festas, bailes e
eventos culturais da alta sociedade que passou a morar
na região da Paulista. Na avenida entre ambos ocorria a
largada de várias corridas de automóveis e em 1924,
ocorreu a primeira Corrida de São Silvestre, largando
desse mesmo lugar. Ainda nesse ano foi doado à
Prefeitura da cidade e em 1931 o parque recebeu seu nome
atual em homenagem ao tenente Antônio de Siqueira
Campos, um paulista de Rio Claro, herói do Movimento
Tenentista de 1924. A partir de 1968, na gestão do
prefeito Faria Lima, o parque passou por várias mudanças
que tiveram a assinatura do paisagista Burle Marx e do
arquiteto Clóvis Olga. E em data recente o parque foi
tombado pelo CONDEPHAAT e pelo CONPRESP. Atualmente o
Parque Trianon possui em seu interior, além da única
reserva remanescente de mata atlântica da região, outros
atrativos como a estátua do Fauno de Vítor Brecheret, um
viveiro de aves, fontes, chafarizes, locais de recreação
infantil, sanitários públicos e centro administrativo,
tornando-se um refúgio de lazer e descanso no meio da
agitada Avenida Paulista; Praça Ramos de Azevedo (A
Praça Ramos de Azevedo é um logradouro situado na área
central da cidade de São Paulo, junto ao Vale do
Anhangabaú, formando com este um grande espaço livre
público). A praça também se localiza ao lado do Teatro
Municipal de São Paulo, do Prédio Alexandre Mackenzie
(Shopping Light) e do Viaduto do Chá, e compõe, com tais
espaços, um conhecido cartão-postal da cidade. O projeto
do Teatro Municipal foi desenvolvido pelos arquitetos
italianos Domiziano Rossi e Cláudio Rossi, que
trabalhavam no escritório de Francisco de Paula Ramos de
Azevedo. Foi incluído no subsolo do teatro um conjunto
de passagens tunelares com saída para a praça hoje
chamada "Ramos de Azevedo", com o Teatro Municipal em
linhas arquitetónicas que nos trazem a lembrança de
Roma; Largo da Independência, com ajardinamentos muito
bem cuidados tendo ao centro nosso principal museu, em
cujo local D. Pedro I bradou o legendário grito de
Independência ou Morte; Largo do Arouche (O Largo do
Arouche é uma praça tradicional da região central da
cidade de São Paulo, Brasil. Situa-se no distrito
República. Seu nome foi alterado várias vezes: Largo do
Ouvidor, Largo da Artilharia, Praça Alexandre Herculano.
O atual é uma homenagem ao Marechal José Arouche de
Toledo Rendon. No local, diversos floristas foram-se
instalando aos poucos, com a retirada das bancas
existentes na Praça da República pelo prefeito Armando
de Arruda Pereira. Assim, o Largo do Arouche
transformou-se no Mercado das Flores, oficializado em
1953, e por essa razão é também conhecido como Praça das
Flores). Abriga importantes esculturas de renomados
artistas, tais como: a Menina e o Bezerro, obra do
escultor carioca Luiz Christophe, encomendada pelo
prefeito Raimundo Duprat; Afonso dEscragnolle Taunay um
dos maiores historiadores brasileiros, principalmente na
história das bandeiras paulistas, uma obra concebida
pela artista plástica Claude Dunin; Amor Materno,
escultura que traz uma cadela e seu filhote, em cena que
costuma comover quem passa pelo largo, obra do francês
Louis Eugéne Virion, adquirida na década de 1910. A
Academia Paulista de Letras tem sua sede no Largo e
homenageou o imortal Aureliano Leite, com um busto no
largo, inaugurado em 1979, dois anos após a morte do
escritor, historiador e político. Obra do escultor
pinheirense Luiz Morrone. No Largo começam a Rua
Jaguaribe, a Rua Amaral Gurgel, a Avenida Duque de
Caxias e a Rua do Arouche. Em seu lado oposto passa a
Avenida Vieira de Carvalho. Esses dados constam na
planta genérica da cidade de São Paulo. com suas
barracas de flores, lembrando um pouco de Paris; Praça
da República (Conhecido antigamente como Largo dos
Curros, era ali que os paulistanos do século XIX
assistiam a rodeios e touradas. Posteriormente foi
chamado de Largo da Palha, Praça das Milícias, Largo 7
de Abril,1 Praça 15 de Novembro e, finalmente, em 1889,
Praça da República. Construída a partir do modelo de
urbanização europeia, a praça, que faz um elo entre o
chamado 'centro velho' e o 'centro novo', foi escolhida
em 1894 como o endereço da Escola Normal Caetano de
Campos, edifício planejado por Antônio Francisco de
Paula Sousa e Ramos Azevedo que atualmente é a sede da
Secretaria Estadual da Educação. A praça foi palco de
manifestações importantes da história nacional
notadamente com a eclosão da Revolução
Constitucionalista de 1932, no dia 23 de Maio, ao se
manifestarem os paulistas contra a ditadura Vargas,
frente à sede do partido governista (era o Partido
Popular Paulista, ex- Legião Revolucionária, fundado
pelos asseclas da ditadura), na Rua Barão de
Itapetininga, esquina da Praça da República. Foram
recebidos à bala, morrendo os estudantes Euclides Bueno
Miragaia, Mário Martins de Almeida, Dráusio Marcondes de
Souza, e Antônio Américo Camargo de Andrade, os mártires
do movimento em prol da Constituição. Defronte dos seus
limites, manteve, na década de 1920, o Cine República,
inaugurado em 1921 para ser a sala de cinema da
aristocracia paulistana. Onde era o "República", na
(década de 2010) tornou-se um grande estacionamento.
Abriga o Edifício Esther, que teve dentre seus moradores
ilustres, o jornalista Marcelino de Carvalho, o Edifício
São Tomás com requintados apartamentos de 400m. E o
Edifício São Luiz, projetado no estilo neoclássico
francês, projetado pelo arquiteto francês Jacques Pilon,
em 1944, com abrigo antiaéreo utilizado posteriormente
como garagem; Jardim da Luz (Localizado na avenida
Tiradentes, região da Luz, na cidade de São Paulo,
Brasil. Está ao lado da Estação da Luz, próximo ao Museu
de Arte Sacra de São Paulo e ao Departamento Histórico
da Prefeitura do Município. No Jardim, encontra-se a
sede da Pinacoteca de São Paulo. Originalmente um jardim
botânico, foi transformado em jardim público no fim do
século XIX. Em 1900 foi aí inaugurada a sede do Liceu de
Artes e Ofícios de São Paulo, prédio que atualmente
abriga a supracitada Pinacoteca. Durante grande parte do
século XX o Jardim passou um grave período de
degradação, servindo de zona de prostituição e tráfico
de drogas. A situação reverteu-se com uma política de
revitalização da região central levada a cabo pelo
Governo do Estado cujos resultados foram, entre outros,
a instalação de esculturas ao longo do parque, reforma
da Pinacoteca, maior policiamento e valorização), e
tantos e tantos outros, mas hoje, não há tempo para os
visitar.
Como estava na hora do almoço, fomos almoçar ao
restaurante A Figueira Rubaivat que se situa no Jardim
Paulista, onde comemos uma dobradinha. Durante o
repasto, continuei a entrevista:
- Carlos: Para o Humberto, o arrependimento mata?
- Humberto: Penso que não, pois me arrependi de tantos
erros e ainda não me levaram para a cidade dos pés
juntos.
- Carlos: Uma imagem do passado que não quer esquecer no
futuro?
- Humberto: O nascimento do primeiro de meus 4 filhos,
todos homens. Coitada da minha esposa: imaginem
cozinhar, lavar e passar roupa para 5 marmanjos!
- Carlos: Qual foi o maior desafio que aceitou até
hoje?
- Humberto: Sobreviver depois da morte de minha esposa,
há pouco mais de 8 anos. Durante dois tenebrosos anos
chorava quase todos os dias, mas chorava alto, de
sentar-me no chão da cozinha e lavar-me em lágrimas em
épocas em que eu ficava longos meses sozinho, quando meu
filho se achava internado. Aos poucos as minhas
convicções espíritas foram me ensinando que aquilo não
era uma punição, mas uma bênção de Deus concedendo-me a
chance de tornar mais leve o meu espírito enquanto ainda
estivesse a caminho, como aconselhava aquele rapaz de
Nazaré. Daí a minha resignação.
- Carlos: Como vai de amores?
- Humberto: Ah, meu amigo, com estas abomináveis rugas e
77 anos a pesar-me sobre o esqueleto, não me sinto tão
inclinado para novos amores, a não ser aqueles que ainda
vivem na minha poesia.
- Carlos: Qual a personagem que mais admira?
- Humberto: Winston Churchill, pela fibra, a tenacidade
e o tirocínio com que obstou o advento do nazismo sobre
a humanidade. E pela coragem que teve ao declarar, em
plena Câmara dos Lordes, a sua crença no Espiritismo,
doutrina que, já naquele tempo era tida como prática de
feitiçaria.
- Carlos: Para você, qual o cúmulo da beleza, e, da
fealdade
- Humberto: Dilma Rousseff ao tempo em que, despida dos
inúmeros artifícios estéticos que foi acrescentando à
sua caricatura, estava sendo caçada como guerrilheira e
extremista pela polícia secreta federal.
- Carlos: Que vício gostaria de não ter?
- Humberto: O tabagismo. Um tormento. Uma falta de
vergonha e de força de vontade de quem ainda o cultiva.
- Carlos: As piadas às louras são injustas?
- Humberto: Claro. Seria tão absurdo supor que a
coloração dos cabelos traria mais, ou menos
inteligência a alguém, quanto acreditar que a simples
ingestão do fruto proibido desse a alguém todo o
conhecimento do bem e do mal, conforme afirma a Bíblia.
Carlos: O dia começa bem se ?
- Humberto: Começa bem se estamos aposentados e a gente
acorda com um dia chuvoso.
- Carlos: Que influência tem em si a queda da folha e a
chegada do frio?
- Humberto: A influência é a melhor possível, pois no
frio Não transpiramos, não cheiramos mal, não sentimos
preguiça, dormimos melhor, comemos com mais satisfação e
até o nosso trajar é bem mais elegante.
- Carlos: - De que mais se orgulha?
- Humberto: Da inclinação inata que Deus me deu para a
poesia.
- Carlos: Quando você era criança ...?
- Humberto: Fui uma criança feliz, mas arteira. Tomei
surras homéricas do meu velho por causa disso. Dava-me
umas cintadas que ardiam pra burro e deixavam vergões
nas minhas canelas. Não me queixo, pois mereci aquelas
surras. Mas na escola eu era bom, principalmente no
Português. Só não gostava de Latim e Matemática.
- Carlos: E agora como se autodefine?
- Humberto: Sou um ser ensimesmado pelos problemas que
me causa um filho dependente de drogas, que às vezes
põe em risco a minha própria vida, obrigando-me a
espreitá-lo nas quase 24 horas do dia. Agora está
melhor, depois de 14 internações em clínicas
psiquiátricas e de 27 anos de sofrimento contínuo. Se
isso é carma, e sei que é, não devo ter sido flor que se
cheirasse em encarnações anteriores.
- Carlos: Que gênero de filme daria sua vida?
- Humberto: Uma alegre e divertida comédia até ficar
viúvo; um drama daí para a frente.
- Carlos: O filme comercial que mais gostou?
- Humberto: O da Brastemp: É uma boa máquina, lava
bem... Não é lááá uma Brastemp... Mas é boa.
- Carlos: A cultura será uma botija de oxigénio?
- Humberto: Pode ser quando, bem administrado, puder
servir para arejar a mente dos homens de bem; pode não
ser quando, mal utilizado no arejamento dos neurônios
empedernidos de algum Hitler moderno (e a Coréia do
Norte parece ter um em gestação) possa jogar a
humanidade no apocalipse de uma nova conflagração
mundial.
- Carlos: Que livro anda a ler?
- Humberto: Deuses, Túmulos e Sábios, de C. W. Ceram.,
versando sobre a descoberta dos túmulos e riquezas de
faraós famosos. Fascinante!
- Carlos: Música e autores preferidos?
- Humberto: Músicas: Ave Maria de Schubert; No Mar Negro
com George Boulanger; A Dança das Horas. Autores:
Mozart, Beethoven, Schubert, etc. Também gosto de
música popular, exceto aqueles rocks horrorosos.
- Carlos: Autores e livros preferidos?
- Humberto: Autores: José Saramago, Eça de Queiroz,
Victor Hugo, Monteiro Lobato, José de Alencar e Allan
Kardec. Livros: Ascensão e Queda do III Reich; Deuses,
Túmulos e Sábios; O Egípcio; e Seriam, os Deuses,
Astronautas?
- Carlos: - E falando em sua obra Literária?
- Humberto: Consiste de 5 e-books de poesias:
Metrificando Sonhos, Rabiscando Rimas, Solfejando
Sonetos (em parceria), Degustando Trovas, Revérberos,
e Carinhoso (em parceria), este último em fase final de
preparo.
Os ponteiros do relógio não paravam e aproximava-se a
hora de regressar. Encetamos o regresso ao Aeroporto de
Guarulhos (Guarulhos foi fundada em 8 de dezembro de
1560, pelo Padre jesuíta Manuel de Paiva, com a
denominação de Nossa Senhora da Conceição. Sua origem
está ligada à de cinco outros povoamentos que tinham
como principal objetivo defender o povoado de São Paulo
de Piratininga contra um possível ataque dos Tamoios.
Àquela época, Guarulhos era um ponto estratégico: fazia
divisa com a futura capital paulista e tinha como
limites os rios Tietê, ao sul, e Cabuçu, a leste. Na
mesma época de sua fundação, nascia também com o mesmo
propósito, a vila de São Miguel, hoje Bairro de São
Miguel Paulista. Em 1880, Guarulhos se emancipou de São
Paulo, com o nome de Nossa Senhora da Conceição dos
Guarulhos. O nome atual só foi adotado após a
promulgação da Lei nº 1.021, de 6 de novembro de 1906. O
início do século XX foi marcado pela chegada da ferrovia
e da energia elétrica (Light & Power), pelos pedidos
para instalação da rede telefônica, licenças para
implantação de indústrias, de atividades comerciais e
pelos serviços de transporte de passageiros). Durante a
viagem fizemos a última parte desta entrevista:
- Carlos: O que é para você o termo Esoterismo?
- Humberto: Esoterismo é um termo que designa doutrinas
secretas cujos princípios e postulados só são dados a
revelar aos iniciados. Pergunto: que beneficio trazem à
humanidade seitas que primam em se manter no ostracismo?
- Carlos: Acredita na reencarnação?
- Humberto: Plenamente, pois não l teria sentido Deus
conceder ao homem apenas 60 ou 80 anos de vida e dar 300
a um a tartaruga?
- Carlos: Acredita em fantasmas ou em almas do outro
mundo.
- Humberto: Perfeitamente, pois fantasmas ou almas do
outro mundo são espíritos desencarnados, bons ou maus,
que se acham em estado de erraticidade, lapso de tempo
que separa uma reencarnação da outra.
- Carlos: O Imaginário será um sonho da realidade?
- Humberto: Para mim o imaginário são sonhos que temos
quando despertos, sem estarmos dormindo. É a projeção
consciente daquilo que imaginamos.
- Carlos: Acredita em histórias fantásticas?
- Humberto: Sim. Viagem à Lua era uma história
fantástica que acabou se realizando.
- Carlos: Deus existe?
- Humberto: Sem dúvida alguma. Toda essa multidão de
seres viventes não nasceu de felizes acasos, como
tolamente creem pseudos estudiosos da origem do Cosmos.
E pela comunicação de espíritos de alta hierarquia não
há como duvidar da existência de um ser supremo a
supervisionar não apenas este cisco que é a Terra, mas
toda essa incalculável multidão
dter projetae astros que
compõem o universo. Segundo a NASA, o Hubble detectou,
numa fração de céu correspondente à cabeça de um
alfinete, 60.000 corpos luminosos! Quem poderia ter
concebido e executado tão gigantesca e maravilhosa
máquina celeste? A resposta nos parece óbvia.
E assim falámos de:
Humberto Rodrigues Neto
Nascido a 11 de novembro de 1935 (Dia de São Martinho,
e os portugueses sabem do que estou falando).
Aproveito para transcrever o soneto ganhador do concurso
citado linhas atrás.
Humberto Rodrigues Neto
Quem dera, oh... Deus, o ser humano
fosse
mais fraternal e mais cristão, de
sorte
que não herdasse o instinto de Mavorte,
contrário à vida, que é tão bela e
doce!
Quanta alma pura fez de Ti o suporte,
e ao mal que nos judia contrapôs-se!
Quanta alma vil, de Ti distante,
pôs-se
a criar engenhos de tortura e morte!
Estranha grei de gênios e estafermos,
num conúbio de crentes com pagãos,
eis o que é o homem nos exatos termos!
Sujeito a instintos nobres ou malsãos,
concebe a Ciência pra salvar enfermos
e inventa a Guerra pra matar os sãos!