FLÓRA A . CAVALCANTI
B.
O encontro para esta entrevista com a nossa querida amiga, a FLÓRA
CAVALCANTI, estava combinado para Londrina – Paraná – Brasil, junto da
Catedral Metropolitana, que fica na Avª. Rio de Janeiro e esquina com a
Alameda Manoel Ribas, mas o avião chegou com algumas horas de atraso ao
Aeroporto Santos Dumont. Assim, a Flóra teve a gentileza de ir ao nosso
encontro, no aeroporto. Fomos para o bar e, como agradável surpresa,
encontrámos lá nosso amigo Baçan, que tinha ido lá despachar uma encomenda
dos seus lindos Ibiscos, que ele cultiva e trata com um especial carinho. Ou
não fossem dos mais bonitos do Brasil ...
Combinámos almoçar todos juntos, no Restaurante do Hotel
Bandeirantes, que fica na Avª. do Paraná. O Baçan foi à sua vida e nós
ficámos no bar. Como a nossa entrevistada estava muito caladinha, o que não
é nada habitual numa escorpiana, perguntei-lhe o porquê do seu silêncio.
Sorriu ao responder: - "Carlos, se eu começo a falar, nunca mais me calo !
quer ver ?". Dissemos para ela ligar "o turbo" e que começasse a falar. E
ela, assim fez : - Paz X guerra, fome X obesidade, saúde X drogas, afeto X
sexo, loucura X razão, armamento X desarmamento (cada vez mais se fabricam
armas de destruição em massa e cada vez mais se aproveitam de "armas" para
outros interesses), enfim, existem muitos assuntos que estamos acostumados a
conviver no mundo chamado "moderno", mas vemos que o mundo "atrasado" não
era assim?! Será que foi a comunicação que nos fez ver o mundo nos quatro
cantos todos os dias como ele é? ou a violência aumentou mesmo? Hoje com a
Internet a gente sabe de tudo em tempo real praticamente seria isso. Bem mas
minha mãe não falava em AIDS comigo, nem víamos falar em drogas, isso era
casos isolados, hoje falo com meus filhos sobre coisas horríveis que muitas
vezes presenciamos queira ou não, pois esta na TV. Por falar em filhos deixa
eu te apresentar meus filhos. Elizangela Cristina 27 anos, ela é minha filha
mais velha, casada com o Piter, esta grávida de oito meses do Igor Felipe,
que vai nascer em breve, e euzinha aqui vou ser avó, pode isso?...Grrrrrrrrrr...
Bem mas vamos lá, o meu filho Clairton Rogério de 24 anos, esta noivo de uma
moça gente fina, a Karol, eles ficam na floricultura o tempo todo, e a Karol
faz cada arranjo lindíssimo. A minha filha mais nova a Karina Giselle tem 21
anos faz segundo ano de Administração e Marketing. São uns amores, eu tenho
luxo de dizer que não tive filhos aborrecentes, foram adolescentes dóceis e
nunca tivemos qualquer problema em casa com eles. Somos amigos, falo com
meus filhos com muita amizade e respeito de mãe carinhosa, tento não ser a
super protetora, mas de vez em quando "escorrego" na maionese... risoss, mas
volto a real e dou a oportunidade deles crescerem, graças a Deus que acordo
sempre na hora "H". Aproveitámos a embalagem para lhe fazer a primeira (e
seguintes) perguntas: - Flóra, o que é para você o cúmulo da beleza, e, da
fealdade ... ?: -"Olha Carlos, para mim beleza, é achar que apenas uma
pessoa seja a mais bela do mundo. Eu acho que a beleza é universal; fealdade,
O racismo. Não existe nada mais pobre e baixo do que ser racista". – As
piadas às louras são injustas ... ?: -"Deixe-me rir; porque falam nisso né?
Claro que são injustas, tem muita loira linda e inteligente". – Que vício
gostaria de não ter ... ?: -"Perfectness". – O arrependimento mata ... ?:
-"Se você perdeu a razão ?! se você matou algo que poderia faze-lo viver, é
possível que sim". – Para você, o dia começa bem se ... ?: -"Não estiver de
chuva e aquele céu de brigadeiro". – Que influência tem em si a queda da
folha e a chegada do frio ... ?: -"Tempo de recolher, esta aí o período em
que a natureza usa para renovar a vida, para dar espaço novo, as folhas caem,
e depois do frio, vem a primavera, o perfume das flores, o colorido das
borboletas, enquanto tudo se transforma, esperamos aquecendo o corpo e alma
para o próximo verão". – O que é para você o termo Esoterismo ... ?: -"Sabe
que estas coisas do Esoterismo eu nunca aprofundei, não sei nada sobre estas
coisas, quem sabe um dia saberei mais e poderei falar com conhecimento, pois
me sentiria melhor falando com propriedade". – Acredita na reencarnação ...
?: -"Eu não tenho uma opinião segura e figurativa que me desse total
liberdade para falar a fundo, como sempre gosto de falar de algo baseado nos
meus conhecimentos, e, tenho muito ainda que saber, vou esperar para
argumentar sobre o assunto". – Acredita em fantasmas ou em "almas do outro
mundo" ... ?: -"Hahahah, deixa-me rir ... essa é boa, nem isso e nem em mula
sem cabeça, se bem que tem "mula" que é fogo, perde a cabeça por qualquer
coisa Hahaha (estou divertida) ... aí a gente de repente se depara com a
"dita cuja", mas, mais cuja que dita". – O Imaginário será um sonho da
realidade ... ?: -"Com certeza, ele é um sonho de vida". – Acredita em
histórias fantásticas ... ?: -"Olha que já vi coisa ?! Mas existem histórias
bem vividas que dá gosto ouvir falar". – Mudando de assunto: Qual o seu
maior defeito, e, sua melhor qualidade ... ?: -"Defeito, querer as coisas
perfeitas demais, e isso stressa; defeito, ser sincera, falo o que sinto sem
rodeios e sem magoar (o que é muito importante)". – Qual a personagem que
mais admira ... ?: -" Scarlet Ohara – essa é demais". – Seus passatempos
preferidos ... ?: -"Ouvir música quando dá, e ficar navegando na Internet,
lendo um bom livro". – De que mais a Flóra se orgulha ... ?: -"Dos meus
filhos, dos meus amigos, da minha fé, do meu trabalho". – Uma imagem do
passado que não quer esquecer no futuro ... ?: -"O dia do nascimento dos
meus filhos, ver aquelas carinhas, foi demais !". – Quando a Flóra era
criança ... ?: -"Eu tinha muitos amigos (as), tudo era mágico, a gente
brincava todos os dias de pular corda, ciranda, tive uma infância linda,
sofria pelas dores dos amiguinhos, sonhávamos em ser adultos, brincava de
casinha, de boneca e fazia comidinha, era maravilhoso. Aos domingos a gente
se encontrava na igreja, confessava os "pecadinhos" depois tomava comunhão,
sentíamos santos, almoçávamos e ia ao cinema que naquela época assistir
Tarzan era moda, riamos muito, eu tive uma infância feliz, apesar de ter
perdido meu pai muito cedo". – Como vai você de amores ... ?: -"Hahaha ...
deixa-me rir ! "Gajo" mas que pergunta heim ? Amores ? quem me dera poder
falar de amores !!! Olha que fiquei aqui deveras encabulada, mas estou a
pensar melhor: não vou falar hoje de amor; um dia em um das minhas crônicas
falo, e daí será dos amores que a vida, dá, dos amores que a vida leva, dos
amores das pessoas, e do Grande Amor da Minha Vida !!!". – Que género de
filme daria sua vida ... ?: -"Romântico, sou muito romântica, e o romantismo
me leva ... rs". – Como é que se auto-define ... ?: -"Uma mulher que busca a
felicidade todos os dias. Estou em fase de crescimento, e só vou parar de
crescer quando morrer. Não sou perfeita, mas estou crescendo cada dia mais
para ir em busca da perfeição. Tenho objetivos na vida, e vou conseguir
conquistar meus ideais". – A conversa estava tão agradável que nos
esquecemos completamente do almoço: Mas o Baçan, sempre tão providente, não
se esqueceu e ligou para o telemóvel da Flóra. Fomos ter com ele ao
restaurante e, logo o nosso amigo começou por dizer à nossa entrevistada: -
Flóra, vou-lhe fazer uma pergunta, que normalmente, o Carlos faz aos
entrevistados: E se, de repente, lhe oferecerem flores, isso é ... ?: -"Olha
Baçan, Impulse !!! (como dizia a propaganda do desodorante). Bem, acho que
devia ser maravilhoso andar pela vida e receber flores assim de surpresa !
Fantástico". Foi então que, o nosso amigo Baçan lhe ofereceu um lindíssimo
Ibisco, criado com tanto carinho por ele. Escolhemos o almoço, que foi uma
maionese e bolinho de bacalhau (um delícia). Batido de H2o para a Flóra e
vinho tinto para os homens. Enquanto esperávamos pela refeição, pedimos à
nossa entrevistada que nos falasse um pouco de Londrina: - "Nasci e moro
aqui em Londrina, anteriormente intitulada "Capital Mundial do Café", cidade
fundada por um colonizador, o inglês Lord Louvat, um londrino, e por isso a
nossa cidade tem o nome de Londrina. Seja bem vindo a nossa city. Saindo do
aeroporto pegamos a Av.. Santos Dumont e vamos em direção ao centro. Temos a
nossa Catedral Metropolitana, ao lado o bosque e o monumento que se chama
Concha Acústica, lá aos domingos nos encontramos uma feirinha muito
interessante aos domingos, inclusive o Baçan faz demonstração do seu cultivo
de Ebiscos, lindíssimo e interessante. Saindo dali, vamos até a antiga
rodoviária de Londrina onde Vila Nova Artigas fez uma arquitetura
revolucionária para a época, e hoje ela é Museu de artes, mais abaixo a
praça Rocha Pombo e enfrente a praça a antiga estação ferroviária de
Londrina dizem ser uma réplica da de Londres no modelo que ela apresenta.
Também tombado patrimônio histórico do município, hoje museu. Saindo do
centro vamos ao Moringão que é Ginásio de esportes, ao lado o Zerão (onde
tem grandes eventos culturais de verão, e onde o pessoal faz caminhadas).Dali
vamos ao cartão postal da cidade o Lago Igapó, indo pela avenida
Higienópolis passamos pelo Igapó depois vamos mais a frente e a esquerda
para o Shopping Catuaí e se seguir a direita vamos rumo a Universidade
Estadual de Londrina.Ao norte da cidade vamos encontrar o Estádio do Café,
palco de grande partidas de futebol, inclusive a seleção brasileira esteve
aqui nos nossos gramados, e ao lado o Autódromo Ayrton Senna, que também tem
acontecido grandes eventos de corridas de fórmula 3, Truck e Kart e
competições diversas como até o carnaval. E que tal ficar no centro bem no
calçadão, lá na "Boca maldita", sabe que tudo que acontece é so ir no calçadão que ali se sabe de tudo. Bem podemos parar no calçadão então e
tomar um shopinho, que tal? afinal Londrina esta por demais de calor estes
dias. A noite a gente pode ir no Empório Guimarães, ou comer aquela Pizza
deliciosa na Boreluccio. Depois do almoço, o Baçan foi à vida dele e nós
fomos para o bar do hotel, para fazer a parte final desta entrevista: -
Flora, para você, a Cultura será uma botija de oxigénio ... ?: -"Com
certeza, sem este oxigénio não tem como você viver ! cultura é vida". – Que
livro anda a ler ... ?: -"O Deus (in)visível" de Philip Vancey". – Autores e
livros preferidos ... ?: -"Escritores como, Machado de Assis, Eça de
Queiroz, Cecília Meireles, Balzac, Érico Veríssimo, Jorge Amado, Clarice
Lispector, são meus preferidos, mas são tantos que eu gosto de ler ? eu
adoro ler, e ler !?! E li Esaú e Jacob, O Pequeno Príncipe, Memórias
Póstumas de Brás Cubas, e vários contos". Música e autores preferidos ... ?:
-"Música eu amo de paixão todas as músicas; sou apaixonada por música, elas
me encantam, e autores pelo menos aqui no Brasil, Roberto e Erasmo Carlos,
são meus preferidos, mas tem muita gente maravilhosa aqui que compõem com
alma, são muitos". – O filme comercial que mais gostou ... ?: -"O filme da
cerveja número 01, a Brahma (rs)". – Para finalizar, vamos falar de sua obra
literária ... ?: -"Crônicas. Ainda não terminei pois estou em fase de
escrita; meu sonho é ter um livro só de crônicas, mas assim que estiver com
material para compor um livro e em condições de lançar o próximo em seguida,
farei questão de mostrar a todos. E, espero que seja em breve ... Podem-me
encontrar na minha Home Page www.floracavalcanti.com ".
E assim falámos de: Flóra A . Cavalcanti B .
Artista plástica e escultora que, sobre a data do seu nascimento,
nos disse: - "Nasci no dia 03 de Novembro às 22:00 horas, numa linda noite
de sábado. Foi no século passado, mas depois do meio, viu? (rs)". Não foi
bem aceitar um desafio, mas foi uma missão muito grande. Eu adotei uma
criança com leucemia, fui buscá-lo no hospital de câncer, eu sabia que ele
tinha apenas um mês de vida, queria que ele tivesse pelo menos uma morte
digna. Ele era uma criança de maus costumes, já tinha feito uso de drogas,
com apenas onze anos, já havia praticado sexo, pois vivia com pessoas que
praticavam pedofilia que gostavam de ver crianças transando, ele era
cleptomaníaco, enfim, tudo de ruim ele tinha, quando eu fui busca-lo para
mim me chamaram de louca, a madrasta dele chegou a me falar que faltava
"pinos" na minha cabeça. Dias depois dele conhecer o que era uma família,
amor de mãe, respeito, todos me perguntavam qual era o milagre, o que teria
acontecido com ele, porque a mudança? como você conseguiu? A primeira lição
foi que; meu sim é sim e meu não é não. Que comigo ordens são ordens, não
haveria como mudar mesmo porque minha palavra não muda. Em compensação, amor
de mãe, amizade de mãe, companheirismo de mãe, e estar com ele em todos os
momentos da vida dele, ele que nada disso tinha, parecia ter sido gerado de
mim tamanho o amor que tínhamos por ele. Ele acabou vivendo um ano e dois
meses, os médicos não acreditava no que estava acontecendo, quando ele
começou a ficar ruim na presença minha ele não sangrava, na presença dos
pais dele, que eu fazia questão que estivesse do lado dele, quando o
visitavam no hospital, ele se desabava em sangue, tanto que chamou a atenção
dos médicos para o fato. (Os pais eram separados e o menino vivia pela rua.)
Passado um ano e um mês, e neste período foram acontecendo coisas que na
medicina não tinha explicação, mas ele começou com este sangramento
incontrolável um mês antes de morrer, mas sempre na presença dos outros,
quando eu chegava a febre cedia, o sangue parava a dor sumia, parecia que
ele estava pronto para ir embora do hospital. Numa manhã de domingo uma
amiga me chamou no corredor do hospital para falar comigo, disse que era
urgente, eu dei um beijo nele e disse que precisava sair um pouco, ele ficou
meio triste e disse não demore. Quando cheguei diante dela, ela chorava
muito, me disse, Flóra você me perdoa pelo que vou te dizer eu te admiro
demais e vou te dizer isso porque você é uma pessoa de mente aberta, e eu
ali perplexa pela situação em que ela se encontrava, disse sim fale por
favor, mas o que foi? aconteceu alguma coisa? perguntei a ela. Ela me disse
umas palavras que doeu demais, mas foram as palavras que mais marcaram minha
vida até hoje, ela me disse: _ Flóra, deixa este coitadinho morrer! deixa
esta criatura morrer mulher! Eu fiquei ali sem saber o que pensar naquele
momento, achei que ela estava surtando, estava pirando, estava maluca?! como
isso? eu que cuido dele que faço tudo por ele como deixa-lo morrer? Ela
continuou: ele não descansa por causa de você, ele é grato pelo amor de mãe
que você deu a ele, e tudo que ele mais teme é te fazer sofrer, por isso ele
não vai para Deus, liberta ele Flóra, deixe-o morrer. Naquele momento eu
desabei. Você consegue imaginar engolir um tijolo ardendo em brasa e ele
ficar parado na garganta? foi isso que senti. Sai dali e me tranquei no
banheiro do hospital, chorei muito e comecei a refletir se aquilo que ela me
disse tinha fundamento, foi então que me lembrei que dias atrás eu cheguei
de repente e ele sangrava, estava com fortes dores, ele me abraçou e me
disse: Posso morrer? "Sê me deixa morrer, sê fica triste se eu morrer? estou
cansado minha mãezinha amada, ando cansado de viver dói muito". Eu, diante
daquela situação respondi a ele, se você me ama, lute!? Lute com todas as
suas forças, lute, você e forte!. A partir daí ele não mais sangrava na minha
frente, eu ficava o dia todo no hospital com ele, e ele ficava como se nada
tivesse, era eu virar as costas pra ir embora, ele se desmanchava em
sangramento, tanto que chamou a atenção dos enfermeiros e até do médico que
o acompanhava. Para mim conviver no hospital de câncer foi uma das
experiências mais triste e dolorosa da minha vida, um desafio, não sei
contar onde eu arrumei tanta força para ver ao vivo e a cores tantas
crianças doentes, todos os dias de manhã eu ia para lá as 7:30 e voltava
para casa depois das 21 horas, convivi com muitas pessoas, e vi o quanto
vale a vida, a nossa saúde. Bem depois da Bernadeth falar aquilo para mim,
eu não comia não dormia, mas sentia que precisava fazer algo, mesmo porque
vê-lo naquela situação, caindo num abismo em câmara lenta e não poder fazer
nada, eu chorava muito, nunca na presença dele. Vi que tinha um desafio
muito grande diante da vida e da morte, e com muita confiança em Deus fui
planejando chegar a um assunto tão bizarro para mim, para o Fabinho, pode
morrer, eu fico em paz. Durante o dia ficávamos ali eu lendo livros de
contos e poesias para ele, e falávamos o dia todo, desde receitas de comida
que ele dizia que queria que eu fizesse para ele em casa, até piadas, mas de
repente surgiu um assunto sobre casamento, e eu falei que quando ele se
casasse que eu iria ser sogra e sabe que sogra de filho caçula é chata, ai
começamos a rir, e dai ele me pegou em minhas mãos e me perguntou: E se eu
morrer logo, como a senhora vai ficar? e depois olhar todas as minhas coisas,
como vai ser sua vida? Naquele momento minha voz embargou............ eu
sabia que era a chance, mas não queria dizer, mas precisava dizer, fiquei
como se estivesse comido espinho de peixe, tossindo, dai consegui falar a
ele, que de maneira nenhuma eu deixaria ele sair da minha vida, a não ser
para Deus ou se casando, ai ele me olhava nos olhos para ver se eu chorava
quando falava, e continuei: Sabe, uma mãe dar um filho para Deus ela vai
sentir saudades, mas ela deu ele a Deus, e isso é muito grandioso a gente
sentir saudade mas sabe que o filho esta na Glória de Deus, mas se alguém
quiser tomar você de mim? ai sim eu vou sofrer, eu viro bicho. Neste momento
ele apertava minhas mãos e ria e depois pediu para eu abaixar que ele queria
me beijar, e ficamos ali naquele denguinho de mãe e filho, foi a último dia
que nos falamos, foi numa terça feira, na quarta quando cheguei de manhã ele
não mais falava, fiquei ali do lado dele, ele gemia baixinho, eu saia de
perto ele aumentava o volume do gemido, eu voltava ele quase parava, isso
foi a quarta feira toda, as 23 hora fui embora do hospital, as 4 da manhã me
ligaram para ir lá urgente, ele estava no quarto andar do hospital, ela do
elevador dava para ouvir os gemidos dele, quando cheguei no quarto dele e o
abracei e falei, filho estou aqui, ele começou a gemer baixinho, e assim
ficou nos meus braços mais umas quatro horas, as oito e pouco da manhã.................
ele se foi para o andar de
cima............................................... "Que Deus te de toda a
saúde que aqui você não teve meu querido filhinho Fábio Henrique T. B. Te
amo ainda."
Enfim meu querido amigo Carlos Leite Ribeiro, este foi o maior dos
desafios da minha vida, abrir mão da vida.