Durante a viagem aérea
Lisboa/Salvador BA, dei uma vista de olhos pelos
apontamentos que sempre me acompanham quando vou
fazer uma Grande Entrevista: Salvador está
localizada em uma península pequena, mais ou
menos triangular que separa a Baía de Todos os
Santos de águas abertas do Oceano Atlântico. A
baía, que recebe o nome por ter sido descoberta
no Dia de Todos-os-Santos forma um porto
natural. Salvador é um dos principais portos de
exportação, encontrando-se no coração do
Recôncavo Baiano, uma rica região agrícola e
industrial, englobando a porção norte do litoral
da Bahia. Para mim, é sempre um enorme prazer
visitar a belíssima capital da Bahia: Salvador.
Ou Salvador da Bahia, porque na altura do
batismo havia a cidade africana Salvador de
Luanda.
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SALVADOR - BAHIA - BRASIL |
À saída do já meu conhecido
Aeroporto Internacional Deputado Luís Eduardo
Magalhães, o nosso entrevistado, Deomídio Macêdo.
Depois dos habituais cumprimentos e desculpas de
ambas as parte pelo difícil acertar de datas que
servissem a ambos, o Deomídio convidou-me para
uma volta à bela cidade. Para mim, foi um enorme
prazer rever o que já conhecia.
Carlos: O amigo Deomídio,
mora mesmo em Salvador. Pergunto porque não
nasceu aqui?
Deomídio: Sim, Carlos, moro
em Salvador - BA, Brasil. É uma cidade
maravilhosa, com vários monumentos, como por
exemplo: As gordinhas de Ondina (As esculturas,
que têm três metros de altura cada, compõem um
monumento em homenagem às três raças que
originaram o Brasil: a negra, a branca e a
índia), monumento ao poeta Castro Alves, na
praça que tem o nome do poeta.
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AS GORDINHAS DE ONDINA - SALVADOR - BAHIA - BRASIL |
Carlos: Deomídio, desculpe
interrompe-lo. Admiro demais Castro Alves, e
recordo a homenagem que Jorge Amado fez à Bahia:
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MONUMENTO AO POETA CASTRO ALVES - SALVADOR - BAHIA - BRASIL |
Bahia de Jorge Amado
No tempo do poeta Castro Alves
Os negros eram escravos comprados em leilões,
Mercadoria que se vendia, trocava e explorava.
E em troca de tudo que eles deram ao branco,
Sua força, seu suor, suas mulheres e filhas,
A maciez da sua fala que adoçou a nossa fala,
Sua liberdade,
O branco lhe quis dar apenas,
Além do chicote, os deuses que possuía.
Mas deuses os negros traziam da África,
Os deuses da floresta e do deserto,
E continuaram fiéis aos seus deuses
Por mais que rezassem aos deuses
Dos seus donos.
Do fundo das senzalas vinha o choro convulso
Dos negros no bater dos atabaques,
Quando chegava do longínquo das praças
A inquietação dos homens
Era toda uma raça que sofria,
Se desesperava e reagia,
Conservando alguma coisa de seu,
Puramente seu.
Carlos: Desculpe a minha
interrupção, mas quando me falam de Castro
Alves, não resisto a lembrar-me deste texto.
Deomídio: Para mim, também
foi um prazer recordar Jorge Amado. Continuando:
Cruz Caída na Praça da Sé.
Dentre as principais praças citamos: Campo
Grande (com a estátua ao Índio, tendo também uma
estatueta à grande heroína brasileira, Maria
Quitéria), Piedade, Praça da Sé. Os principais
Shoppings Iguatemi e Salvador onde podemos
passear, bater papo, fazer compras e também
declamar poemas na livraria Saraiva, no Projeto
Fala Escritor. Outros Shoppings como: Barra,
Bela Vista, Piedade.
Salvador foi a primeira
capital do Brasil, A História oficial do Brasil
começou na Bahia; a História registra que o
descobridor, Pedro Álvares Cabral, aportou nas
costas da região onde hoje se encontra Porto
Seguro, no litoral Sul da Bahia.
Carlos: Como nos conta o
escrivão-mor da esquadra de Pedro Álvares
Cabral. Pero Vaz de Caminha: (...) Também
andavam entre eles quatro ou cinco mulheres,
novas, que assim nuas, não pareciam mal. Entre
elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o
quadril e a nádega, toda tingida daquela tintura
preta; e todo o resto da sua cor natural (...).
Deomídio: Certo. Continuando:
É possível que a nau
mensageira enviada por Cabral para dar conta ao
rei D. Manuel I das novas terras descobertas (a
princípio, pensava-se que uma ilha haia tinha
sido descoberta, que foi batizada de Ilha de
Santa Cruz) tenha percorrido a costa da Bahia a
partir de Porto Seguro para o norte, antes de se
lançar à travessia do Atlântico em direção a
Portugal.
Os primeiros registros
oficiais da região de Salvador, no entanto,
foram feitos pela expedição de 1501; Américo
Vespúcio, que participava da expedição, foi o
primeiro a falar da baía a que chamaram "de
Todos os Santos", por ter sido encontrada em 1
de novembro, dia de Todos os Santos.
O nome "Bahia" iria
estender-se ao território que se constituiu com
as terras das capitanias hereditárias doadas a
Francisco Pereira Coutinho, Pero de Campos
Tourinho, Jorge de Figueiredo Correia, D.
Antônio de Ataíde e D. Álvaro da Costa.
Na década de 1960 o
crescimento econômico baiano se acelerou com a
criação do centro industrial de Aratu (cimento,
metalúrgicas) e com a promoção da agricultura na
bacia do São Francisco, que na década seguinte
passou a ser fomentada pela Companhia de
Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf).
Entretanto, quase sem dar
conta, chegámos ao elevador Lacerda, e foi no
cimo, em plena praça dos Governadores, que
iniciámos a entrevista:
Carlos: Como você se
autodefine?
Deomídio: Um homem simples
dedicado ao teatro, a poesia. Um poeta que gosta
de declamar com o coração, um apaixonado pela
arte, cultura.
Carlos: Sua ocupação
profissional?
Deomídio: Aposentado como
funcionário público e em atividade como: Ator /
poeta / declamador.
Carlos: Qual o panorama
Teatral Baiano nestes últimos 5 anos?
Deomídio: Hoje, em Salvador -
BA o TCA - Teatro Castro Alves se destaca pela
inovação que propõe ao seu público e aos
profissionais de teatro. E os espetáculos de
finais de semana, que atuam na formação de
platéia, às grandes produções que saem,
anualmente, do Núcleo de Teatro do Teatro Castro
Alves, a casa avança no tempo a passos largos.
Dentre outros teatros temos: Teatro Vila Velha,
Isba, Jorge Amado, SESI Rio Vermelho, Salestiano,
em Nazaré, Acbeu e outros. Atores baianos em
destaques: Emiliano d'Avila, Lázaro Ramos,
Wagner Moura, Daniel Boaventura, eles começaram
no teatro e hoje fazem sucesso, seja nas
produções da Rede Globo, seja nas telas de
cinema. Além deles, outros nomes das artes
cênicas baianas ganharam destaque nacional
graças ao seu início nos palcos soteropolitanos.
Carlos: Projetos para o
futuro?
Deomídio: O meu projeto para
o futuro é escrever romances e peças teatrais.
Gosto muito de viajar participando de encontros
poéticos. Os mais importantes: Psiu Poético na
cidade de Montes Claros - MG; Belô Poético na
cidade de Belo Horizonte - MG; Abril Poético na
cidade de Conselheiro Lafaiete; Projeto Fala
Escritor em Salvador-BA.
Tinha chegado a hora do
almoço, e o entrevistado gentilmente convidou-me
para irmos almoçar ao restaurante Farid, na Avª
Tancredo Neves. No cardápio a Deomídio escolheu
Macarronada e eu Rosbife, acompanhado por sumos
de frutos. Num aparte: Amigo Deomídio, confesso,
tive saudades de um bom vinho português!
Enquanto esperávamos pela
refeição, continuámos a entrevista:
Carlos: De que mais se
orgulha?
Deomídio: Senti muita
dificuldade no meu aprendizado escolar na
infância, tinha um certo bloqueio e hoje me
orgulho de ser ator, escritor, poeta /
declamador.
Carlos: Qual a personagem que
mais admira?
Deomídio: Jesus, mas tem
outros como Mahatma Gandhi, Madre Tereza de
Calcutá, Irmã Dulce, Chico Xavier...
Carlos: Que vício gostaria de
não ter?
Deomídio: De não ver o
argueiro no olho do próximo, antes de tirar a
trave do meu.
Carlos: Qual foi o maior
desafio que aceitou até hoje?
Deomídio: Publicar o meu
primeiro romance Homem nu vestido de afeto.
Carlos: Uma imagem do passado
que não quer esquecer no futuro?
Deomídio: A imagem do cinema
Cine Sorbone, na minha cidade natal Guanambi -
BA, repleto de crianças, meus colegas de
infância, assistindo filmes nas tardes de
domingo.
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GUANAMBI - BAHIA - BRASIL |
Carlos: Uma pergunta que pode
ser considerada de amigo da onça: o
arrependimento mata?
Deomídio: O arrependimento
por ter feito algo de mal para alguém machuca,
porque a consciência cobra em qualquer lugar que
formos.
Carlos: Qual o cúmulo da
beleza, e da fealdade?
Deomídio: Beleza, a lagarta
saindo do casulo se transformando em borboleta;
fealdade, a natureza sendo destruída pelo homem.
Carlos: Qual a característica
que mais aprecia em si, e, nos outros?
Deomídio: Em mim, os cabelos
brancos apesar da pouca idade; nos outros, o
sorriso estampado no rosto.
Carlos: Seus passatempos
preferidos?
Deomídio: Internet, cinema,
leitura.
Carlos: Quando era
criança...?
Deomídio: Gostava de jogar
bola.
Depois do almoço, fomos até
ao Pelourinho, passando por São Francisco até à
Casa de Jorge Amado, que infelizmente estava
encerrada para restauro. Sentámos por alguns
minutos, nos degraus da casa, comendo um
saquinho de castanhas, enquanto admiráramos à
direita a frontaria da Igreja do Rosários dos
Pretos e ao fundo a Baixa dos sapateiros.
Aproveitei para fazer mais umas perguntas:
Carlos: Para você, o dia
começa bem se...?
Deomídio: Se rezarmos ao
acordar.
Carlos: Que importância tem
em si a queda da folha?
Deomídio: A queda da folha é
importante para que surjam novas folhas para
embelezarem a natureza anunciando o outono que é
tempo de colheira. E o frio anuncia o inverno
que é importante para o período de
desenvolvimento de certas espécies e há sementes
que só germinam no inverno, dando oportunidade a
vida na natureza.
Carlos: Sua melhor qualidade
e defeito?
Deomídio: Qualidade,
honestidade; defeito, perfeccionista.
Carlos: As piadas às louras
são injustas?
Deomídio: As piadas são
interessantes para a comédia, mas temos que ter
cuidado para não ferir as pessoas e transformar
em preconceito.
Carlos: A cultura será uma
botija de oxigénio?
Deomídio: Para mim Cultura é
uma botija de oxigênio que faz bem para a saúde.
Depois de comermos as
castanhas, fomos até à Ribeiro, a uma
sorveteria, que fazem os melhores sorvetes que
jamais comi em outro local. Enquanto
saboreávamos os deliciosos sorvetes (eu mais do
que o entrevistado), continuámos e terminámos a
entrevista:
Carlos: O que é para o
Deomídio, o termo Esoterismo?
Deomídio: Uma doutrina antiga
filosófica que só era conhecida aos que
iniciavam aos estudos dos fenômenos
sobrenaturais.
Carlos: Acredita na
reencarnação?
Deomídio: Como diz o grande
orador espírita baiano Divaldo Franco: "Eu não
acredito na reencarnação, tenho certeza que ela
existe. Se eu acredito em alguma coisa, posso
desacreditar amanhã, se tenho certeza da
reencarnação ela está baseada na fé
raciocinada, na lógica". A reencarnação é a
Justiça Divina.
Carlos: Acredita em fantasmas
ou em almas do outro mundo?
Deomídio: Em fantasma não.
Quando morremos nós espíritos nos desligamos da
matéria e volvemos ao mundo espiritual. A terra
é uma cópia imperfeita desse mundo espiritual. E
nós podemos nos comunicar com estes espíritos.
Carlos: O Imaginário será um
sonho da realidade?
Deomídio: Nós podemos
imaginar, sonhar com algo, e se desejarmos
fortemente com fé conseguiremos realizá-lo.
Carlos: Acredita em histórias
fantásticas?
Deomídio: Depende da
história. A história de que o homem foi a lua
por exemplo é fantástica e real.
Carlos: Que livro anda a ler?
Deomídio: Livro dos
Espíritos, Allan Kardec.
Carlos: Autores e livros
preferidos?
Deomídio: Há dois mil anos,
50 anos depois, Paulo e Estevão autor Francisco
Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel; Zannoni,
Romance Ocultista de Lytton, E. Bulwer.
Carlos: Música e autores
preferidos?
Deomídio: Ideologia, Cazuza,
O homem, Roberto Carlos e Erasmo Carlos.
Carlos: Falando de sua obra
Literária?
Deomídio: Homem nu vestido de
afeto (Romance) e Natureza divino amor (poemas).
Deomídio: Avatá; Ghost do
outro lado da vida e Nosso Lar.
Deomídio: Existe sim. É a
causa primeira de todas as coisas.
Carlos: Como vai de amores?
Deomídio: Estou bem, casado
com Dinalva Macêdo há 28 anos.
Carlos: Que género de filme
daria sua vida?
Deomídio: Drama com uma
pitada de comédia.
Deomídio Neves de Macêdo Neto (Deomídio Macêdo)
Nascido a 26 de Maio de1961
SEU MENINO, SEU AMOR, SEU POETA
(Deomídio Macêdo)
Minha mãe! Quem diria que um dia,
aquele menino franzino e pacato,
que sentia dificuldade em aprender o B A B Á,
que levava preocupação para o lar...
A professora falava, ele é bom no futebol,
mas em Matemática e Português, tenha dó.
Meu pai, alfaiate, costurava sem parar,
e, ali perto, me colocava pra estudar.
O meu medo de errar, não me deixava concentrar
e, quando ele perguntava B O BO, LA -
LA,
eu respondia, sem pensar: C A S A
Até que rimava e a régua estalava,
enquanto meu pai falava:
casa o quê, moleque: BOLA.
Era disso que entendia,
mas ninguém compreendia.
Passa, passa, passa o tempo,
fui crescendo e aprendendo
em busca de novos conhecimentos.
Minha mãe!
Quem diria que, um dia,
estaria, aqui, relembrando do meu passado, minha
infância,
para dizer, com alegria,
sou poeta, sou ator, seu menino,
seu amor que escalou os Montes Claros das Minas
Gerais,
Terra de Tiradentes, dos Inconfidentes,
de Thomas Antônio Gonzaga,
de Marília de Dirceu,
das Cartas Chilenas,
De Cláudio Manoel da Costa
Terra do velho Chico que traz esse gigante:
Psiu Poético
E como seu menino não fica quieto,
Continua alargando os horizontes,
E espalha sua alegria ainda mais longe.
No Belvedere, bela vista do Belo horizonte,
Descobre o Belô Poético.
No Alto Paraopeba e Alto Piranga,
O Abril Poético.
Em Salvador - BA o Projeto Fala Escritor.
O seu menino cresceu
E, através desses quatro faróis poéticos,
Irradia fantasia e poesia para o Brasil e para o
mundo.
Mãe
Poético sou eu;
seu filho,
seu menino,
seu amor,
o homem
o ator e o poeta
Deomídio do BRASIL.