Trabalho e pesquisa de
Carlos Leite Ribeiro
Concelhos de:
Armamar, Carregal do Sal, Castro
Daire, Cinfães, Lamego, Mangualde,
Moimenta da Beira, Mortágua, Nelas,
Oliveira de Frades, Penalva do
Castelo, Penedono, Resende,
Santa Comba Dão, São João da
Pesqueira, São Pedro do Sul, Sátão,
Senancelhe, Tabuaço, Tarouca,
Tondela, Vila Nova de Paiva,
Vouzela.
O Distrito de Viseu
pertencente, na sua
maior parte, à província
tradicional da Beira
Alta, mas incluindo
também concelhos
pertencentes ao Douro
Litoral e a
Trás-os-Montes e Alto
Douro. Limita a norte
com o Distrito do Porto,
o Distrito de Vila Real
e o Distrito de
Bragança, a leste com o
Distrito da Guarda, a
sul com o Distrito de
Coimbra e a oeste com o
Distrito de Aveiro.
Área: 5007 km². Capital
e Sede de distrito:
Viseu.
O distrito de Viseu
subdivide-se nos
seguintes 24 municípios:
Viseu – (Capital e
Concelho do Distrito de
Viseu)

Apontamento do “Jornal
do Comércio” do ano de
1900:
“Vizeu é capital do
Distrito e cabeça de
concelho. Fica situada
numa bela campina, entre
os rios Vouga e Dão, com
8.216 habitantes. É
servida pelo Caminho de
Ferro do Norte. Cidade
episcopal, muito antiga.
Seus monumentos Cava do
Viriato, Sé Catedral
onde estão os quadros de
Vasco Fernandes
conhecido por “Grão
Vasco”. O concelho tem
32 freguesias e 54.047
habitantes”.
Viseu é cidade de
origens muito remotas,
que parece remontar aos
tempos neolíticos, como
o demonstram os inúmeros
achados pré-históricos
encontrados na cidade e
na região. Sob o domínio
romano, era já um centro
urbano de assinalado
relevo, comprovado pelos
numeroso espólio
recolhido, como: moedas,
sepulturas, marcos
milenários, e,
sobretudo, pelo castelo,
cujas estruturas são
ainda visíveis nos
edifícios actuais da
catedral e anexos, e
também pela Cava de
Viriato.
Devido às numerosas vias
romanas, a cidade parece
ter sido um
entroncamento da época e
ponto de passagem de uma
via proveniente de
Mérida que convergia
para a que ligava
Olisipo (Lisboa) e
Brácara (Braga).
Viseu foi identificada
até com a célebre
Talábriga luso-romana,
mencionada por Apiano de
Alexandria, Antonino
Pio, Ravenate e outros
geógrafos da
Antiguidade.
Em 1057, Fernando Magno
faz a conquista
definitiva de Viseu para
os cristãos, deixando os
seus próceres
apoderarem-se da terra,
que tarda a renovar-se
de modo a poder
sustentar um bispo
próprio. Ou então a
explicação para a
ausência deste será a
emulação entre Porto e
Coimbra, cidades com
maior ambição pelas
rendas que pela devoção.
São Teotónio, ao tempo
do 1º rei de Portugal,
D. Afonso Henriques, é
um dos últimos priores
no governo da diocese,
que pouco depois
restaura de forma a
dinamizar todo o
processo histórico de
progresso em que se
empenham bispos como
Ortiz de Vilhegas,
Miguel da Siva,
Alexandre Lobo, Alves
Martins.
Como elemento
catalisador deste
processo, traduzido num
surto económico que se
manifesta na construção
monumental e no fomento
da cultura, das artes e
das letras, terá estado
a presença, por vezes
prolongada, de alguns
reis e senhoras. Viseu
honra-se de D. Duarte,
de D. Pedro e da
Virtuosa Benfeitoria,
que guarda como
preciosidade, e bem
assim do Infante D.
Henrique, que foi o seu
primeiro duque.
Mas o patrono-mor é o
pintor Vasco Fernandes,
o Grão Vasco, que deixou
a Viseu a herança sem
paralelo: os seus
quadros, reveladores de
toda a pujança da cidade
quinhentista. Foi um
tempo de epopeia, de que
ficaram dispersos pelas
ruas antigas numerosos
portais e janelas, bem
como panos de muros de
granito que nos
impressionam como se
fossem relíquias -
sobretudo na Rua Direita
e nas pequenas ruas que
dela se desprendem, e
cuja perspectiva
constitui sem dúvida o
mais encantador
monumento de Viseu.
No cruzamento das ruelas
e nos arcos da muralha,
nas lojinhas baixas dos
bairros antigos, nas
rendas das pedras das
janelas manuelinas, na
penumbra das igrejas com
altares magníficos, como
que sentimos ainda vivos
os fidalgos e os homens
dos mesteres, os
rendeiros das margens do
Pavia, os judeus ligados
à finança e também
seduzidos pelas artes,
os eclesiásticos
atraídos por pingues
rendimentos ou movidos
pela força da fé.
Nos séculos XVll e
XVlll a arte voltou a
resplandecer. Igrejas,
capelas, fontes e paços
singularizaram a cidade.
Sentimos a atmosfera
perturbada do barroco
nas frontarias de
templos, com naves
iluminadas para o
desenvolver de uma
liturgia impressionante;
e nas correntezas de
janelas, nos portais ou
escadarias com
balaústres de pedra dos
solares dos senhores a
quem os entreténs da
fidalguia marcaram um
tempo de permanência,
sem poderem
transferir-se para um
espaço com outras
concepções de vida.
Agora, nesta herança
social que haverá de
conservar-se, pouco mais
do que a pedra fica como
documento directo em que
a cidade encontra parte
importante da sua alma.
Em Viseu residiram por
vezes, o conde D.
Henrique e D. Teresa,
que em 1123 lhe concedeu
o primeiro foral. Mais
tarde, em 1187, D.
Afonso Henriques
outorgou-lhe novo foral,
o qual foi confirmado em
1217 por D. Afonso ll, o
"GORDO”; para 1513, D.
Manuel l lhe conceder o
último foral.
“Deu-lhe o nome a boa
vista que lhe oferece o
ameno de seus vales e o
delicioso dos prados que
está dominando”.
Assim escreve sobre
Viseu o Frei Manuel da
Mealhada.
Na realidade, porém, sem
pôr em causa o
enquadramento poético
que o autor tece, o nome
terá origens mais
antigas que o termo
“viso” (lugar de boa
vista), que tem apenas a
ver com os romanos. A
designação de Vesgo que
parece mais aplicada ao
aglomerado pré-romano
nada tem a ver com
aquela raíz.
Viseu tem hoje um
aspecto renovado.
Sente-se a vida
fervilhar nas terças
feiras de mercado, com
as ruas transformadas em
formigueiro no mês em
que dura a velha feira
franca, agora remoçada,
que voltou a chamar
gente de outras nações,
como antes cá trazia do
Algarve e de Espanha
mercadores de Granada,
Sevilha e Toledo.
Mas Viseu também vive
nos outros dias. A ela
conduzem muitas
estradas, pois é uma
estrela de caminhos.
Quase todos os
historiadores que se
ocupam do estudo de suas
incertas origens, sempre
se sentiram
obsessionados por este
correr de vias para o
ponto intermédio do
imenso alpiplano que vai
do rio Vouga ao Mondego
e da serra do Caramulo
à da Estrela, onde a
cidade, por força da
história, se implantou.
Referem o velho castro,
o qual nunca foi
estudado a sério, no
cerro da cidade que
sempre deve ter sido
importante. Mas insistem
no povoamento serôdio da
zona baixa do arrebalde,
onde se cruzavam os
caminhos, os soldados
amigos e inimigos, os
gados da transumância,
os mercadores.
Esta polarização entre o
Sul e o Norte, o
interior e o mar, é,
ontem como hoje, a
justificação de Viseu, a
sorte do seu futuro como
foi a força do seu
passado,
extraordinariamente
definido no vigor do seu
traçado urbano e no
poderoso significado dos
1.000 monumentos que se
implantam em toda a
malha do casario.
A Cava de Viriato, o
maior monumento
peninsular romano, não
foi ainda descoberta em
toda a sua grandeza, e
as escavações
arqueológicas na cidade,
que serviriam como
importantíssimo recurso
para traçar o
desenvolvimento de
Viseu, ainda terão de
ser feitas para se
apreciarem os outros
núcleos de vida romana
aqui fixados na faixa do
arrebalde, ao Bairro do
Cerrado, pela zona da
Regueira.
Os heróicos tempos
medievais estão
povoados de lendas.
Desde a que conta a
sorte de Rodrigo, o
último rei godo, que nos
terrenos de São Miguel
terá encontrado o
derradeiro sossego da
vida e da morte, à que
fala do traçado das
primeiras muralhas, que
resistiram às
arremetidas incertas de
cristãos e árabes, que
nesta faixa de terra se
dirimiam constantemente,
impedindo o crescimento
certo, a administração
segura, o enraizamento
da fé.
Felizmente, a memória
colectiva da cidade,
naquilo que de mais
material possui - o
ser físico, a ordenação
do seu espaço urbano,
tradicional histórico
- é um valor real e
intrínseco.
Quem circula por Viseu
sente que vive e sente
uma atmosfera não
desagregada do passado.
Quem vem de fora e
contempla a perspectiva
do casario do casario
crescente e do leque de
vias que se adensam de
moradas sente que a
dinâmica vai seguindo
certa, com algum esforço
todavia, com alguns
atropelos que os homens
hão-de redimir-se.
O exemplo mais
extraordinário
apresenta-se a quem
entra na cidade vindo de
nascente. Viseu tem a
luz toda da sua
juventude, mas possui
também presença toda do
equilíbrio das gerações
transcrito no recorte da
cidadela, com as torres
gémeas da Sé e da
Misericórdia, o corpo do
velho colégio e o pendor
dos antigos telhados,
que lentamente foram
envolvendo a colina e
deram à urbe um ar de
cidade de meseta. E os
nossos olhos reclamarão
sempre aquela nesga de
céu roubada por um
arranha-céus que ali
nasceu recentemente como
um pesadelo.
Para a descoberta da
cidade há sempre um
convite. E haverá sempre
algo de novo mesmo para
quem nasceu aqui e ainda
a não soube encontrar.
Porque a cidade é como
um ser vivo - um corpo
e uma alma cujos
segredos só se desvendam
na amizade quente os
anos somados. Mas muito
mais haverá ainda para
quem vier de longe e
assomar no horizonte,
saindo entre os
pinheiros que cercam com
imponência e deixam bem
defendida a antiqua et
nobilissima cidade de
Viseu.
Viseu é propriamente
chamada a Cidade Verde
Pinho. Com efeito, se à
sua volta tudo é verde,
é o verde dos pinheirais
imensos aquele que
sobressai. E quem sai
ou entra por algum dos
sete caminhos que partem
da cidade ou a ela
conduzem logo, sente o
perfume acre da resina
pairando no ar durante a
Primavera; ou goza a
sombra fresca das
árvores no Verão; ou
repousa o olhar na
caruma que atapeta o
solo banhado de luz no
Outono; ou aconchega-se
ao calor da lenha que
arde nas fogueiras de
Inverno.
Este verde deixou a sua
marca em toda a cidade
de Viseu. Cidade com o
seu casario que envolve
a colina da catedral,
seu terreiro da feira
franca, seu Rossio –
onde se encontra toda a
gente como se fora um
amigo. Cidade com a Cava
de Viriato e outros
monumentos aos seus
heróis, com o Museu de
Grão Vasco, seu patrono,
com a Rua Direita, que é
o seu mais
característico
documento, e com todos
os solares e igrejas que
por toda a parte se
encontram, hoje por
entre casas de gente
comum, enobrecida no
trabalho e no carácter.
ALGUNS MONUMENTOS
SÉ CATEDRAL
Mandada construir,
provavelmente pelo Conde
D. Henrique, é de
estrutura romântica,
patente nas três naves,
transepto, abside,
colunas, paredes e
aberturas. A frontaria é
formada por três corpos
sobrepostos, sendo o
último encimado por um
frontão rematado por uma
cruz, e nela se resgam
seis nichos com
esculturas de pedra
figurando a padroeira,
Santa Maria da Assunção,
os Quatro Evangelistas,
acompanhados dos seus
símbolos, a águia, o
boi, o leão e o homem
alado, e, na parte
central, São Teotónio,
padroeiro da cidade.
Na antiga e bela sala do
cabido, com o seu tecto
de caixotões e lambril
de azulejos
setecentistas
representando cenas de
caça e de guerra,
admiram-se dois pequenos
cofres de Limoges, de
cobre esmaltado e
dourado, do século Xll,
um outro de madeira,
também do mesmo século,
um hostiário de marfim,
trabalho luso-africano
dos fins do século XV,
talvez de 1495, uma cruz
peitoral bizantina de
cobre dourado e um
evangeliário, manuscrito
iluminado em pergaminho,
com capa de madeira de
ornatos em prata, dos
séculos Xlll ou XlV.
Entre as peças de
ourivesaria, registam-se
uma custódia de prata
dourada, gótica, datada
de 1533, e dois cálices
de prata dourada, um
datado de 1626 e outro
de 1629, do século XVlll,
uma valiosa cruz
processional de prata
cinzelada, provavelmente
de 1754, e um jarro de
água de 1759. Noutra
sala expõem-se
paramentos de grande
valor, como o conhecido
Paramento de Macau, e
outro, igualmente de
pontifical, designado
por Paramento de Roma, e
além deles, algumas
belas colchas de seda
bordadas a prata.
CASA DO MIRADORO - Foi
construída no século XVl.
Conserva duas janelas
geminadas, de volta
inteira, com ornatos de
estilo gótico. Na porta
o brasão dos Melos.
MUSEU DE GRÃO – VASCO
- com muitos trabalhos
deste grande pintor .
HOSPITAL DE SÃO
TEOTÓNIO - De
proporções clássicas,
ostenta um frontão
triangular sobrepujado
pelas estátuas das
Virtudes Teologais. A
sua construção
iniciou-se em 1793.
CAVA DE VIRIATO -
Deve tratar-se de uma
obra romana que serviria
para acampamento das
legiões imperiais.
Enorme entrincheiramento
de muros de terra, tem a
forma de um octógono,
embora actualmente
apenas dois dos lados do
polígono conservem a sua
forma regular. Parece
Ter sido construído no
tempo de Décio Júnio
Bruto, durante a guerra
contra os Galaicos.
CASTELO ROMANO - Da
primitiva fortificação,
de quatro faces, apenas
restam duas torres
quadrangulares e o pano
da muralha do lado sul,
que corria entre elas.
Da muralha medieval que
D. João l mandou erguer
e D. Afonso V concluiu
subsistem somente
escassos trechos e duas
portas: a do Solar e a
dos Cavaleiros.
DÓLMEN DA LAPA DO
REPILAU - A 10 Km a
oeste de Viseu, na
freguesia de Couto de
Cima, encontra-se um
dólmen de corredor, com
câmara de nove esteios
coberta por um chapéu
com 3 metros de
diâmetro. O corredor,
com 5 metros de
comprimento, apresenta a
particularidade de
alguns dos seus esteios
terem covinhas.
DÓLMEN DE RIO DE
LOBA - A cerca de 5 Km
a nordeste de Viseu,
nesta freguesia, no
lugar de Mamaltar de
Vale de Fachas,
encontra-se um dólmen de
câmara de nove esteios
com 3 metros de diâmetro
e corredor com 7 metros
de comprimento. O chapéu
da câmara desapareceu,
mas o corredor conserva
quatro lajes de
cobertura. Em alguns
esteios subsistem
vestígios de gravuras,
cujo significado é
porém, mal definido. O
espólio encontrado nas
escavações é constituído
por micrólitos , pontas
de setas e outros
objectos de silex, pedra
polida e cerâmica. Do
conjunto destaca-se uma
pedra placa-ídolo de
xisto pintada a
vermelho, que permite
situar este monumento no
Neolítico Médio (mais ou
menos 3.500 anos antes
de Cristo).
ALGUMAS FIGURAS
HISTÓRICAS CITADAS
NESTE TRABALHO
CONDE D. HENRIQUE -
Conde de Borgonha,
França) nasceu em 1057.
Pai do 1º rei de
Portugal D. Afonso
Henriques. Em 1086, veio
com seu primo Raimundo
de Borgonha, alistar-se
no exército de Afonso Vl,
rei de Leão e Castela.
Casou com D. Teresa,
filha bastarda deste
rei. Em 1093, o exército
cristão conquistou todas
as terras em poder dos
mouros, até ao rio Tejo.
Depois deste feito
militar, D. Henrique foi
nomeado governador do
condado de Portucal, sob
a soberania de Raimundo,
então Conde da Galiza.
Em 1097, já governava
independentemente o
condado Portucalense
(donde derivou o nome de
Portugal). Em 1103-1105
integrou uma Cruzada á
terra Santa. Voltando ao
Condado, continuou a
guerra contra os mouros.
Morreu em Astorga em
1114.
Jaz na Sé de Braga.
D. TERESA - Mulher do
Conde D. Henrique e mãe
de D. Afonso Henrique,
nasceu em 1073, filha de
Afonso Vl de Leão e
Castela. A sua biografia
tem dados muito
incertos. Também não há
conhecimentos exactos
sobre o verdadeiro valor
da concessão, que seu
pai lhe fez, do Condado
Portucalense, nem do
papel que desempenhou
após a morte de seu
marido. Sabe-se contudo
que, por ambição
pessoal -
intitulava-se rainha -
que apoiou as ideias de
feudalismo que D.
Henrique trouxera de
França e caracterizadas
pela autonomia dos
senhores em face do rei.
Após a morte do marido,
governou o Condado até à
maioridade de D. Afonso
Henriques. Travou
disputas com a irmã, D.
Urraca, que sucedeu ao
pai no trono de Castela
e Leão, e com o filho o
sucessor daquela, Afonso
Vll de Leão. Sua vida
política terminou com a
revolta de seu filho, D.
Afonso Henriques, que em
1128 a venceu na Batalha
de São Mamede, sendo
então obrigada a
abandonar o Condado em
companhia do conde
galego, Fernando Peres
de Trava, seu favorito.
D. AFONSO ll o “Gordo”,
terceiro rei de
Portugal, nasceu em
Coimbra em 1185, filho
de D. Sancho l e de D.
Dulce, filha do Conde de
Barcelona. Governou de
1211 a 1223.Começou o
seu reinado reunindo
perto de Coimbra (Cria),
uma Cortes, que
promulgou várias leis,
ampliando ainda mais os
privilégios de que já
gozava o clero. D.
Afonso ll, por não quer
cumprir o testamento de
seu pai na parte em que
D. Sancho l legava às
filhas o senhorio de
importantes terras, teve
com as suas irmãs
discórdias e guerras. O
Papa Inicêncio lll, a
quem foi submetido o
litígio, atribuiu ao rei
a propriedade das terras
e às irmãs os seus
rendimentos. Em 1212, D.
Afonso ll acudiu em
socorro do rei de
Castela, ameaçado por
uma grande invasão de
mouros, e os dois reis
aliados derrotaram-nos
na Batalha de Navas de
Tolosa, onde a
infantaria portuguesa se
cobriu de glória. A
reconquista de Alcácer
do Sal, que os mouros
haviam reconquistado a
D. Sancho l, é outro
ponto alto deste
reinado. Não tendo
índole guerreira, D.
Afonso ll evitava os
campos de batalha, mas
era um político
enérgico, muito cioso da
autoridade real, que
sempre procurou
fortalecer. Afrontou sem
temor as iras dos
nobres, cujos abusos
nunca hesitou em
reprimir e teve também
graves discórdias com o
clero, ficando na
memorável a sua luta com
o poderoso arcebispo de
Braga, que teve que
fugir de Portugal. Nem a
ameaça de excomunhão
papal o fez tremer. Dos
ódios, que sua política
semeou veio a ser vítima
seu filho e sucessor, D.
Sancho ll.
D. Afonso ll jaz na
Igreja de Santa Cruz, em
Coimbra, junto de seu
pai e de seu avô.
Viseu
http://viseu.com.sapo.pt
Segundo os vestígios
descobertos, a povoação
da época neolítica que
deu origem a Viseu,
nasceu no alto do monte
onde se situa a Sé.
Desde sempre que a
posição estratégica de
Viseu a fez um ponto de
passagem obrigatória
entre o Norte e o Sul de
Portugal, tal como entre
o litoral e o interior
ou o estrangeiro.
Já durante a dominação
romana, Viseu era a
capital do um grande
território, a Lusitânia,
e um centro de grande
importância. São prova
deste facto os inúmeros
vestígios arqueológicos
encontrados na região,
de que se destacam
moedas, sepulturas,
marcos miliários e
principalmente as
estradas, de que aí
convergia um grande
número.
A título de curiosidade,
refira-se que o novo
traçado da estrada IP5,
entre Aveiro e Vilar
Formoso, com passagem, é
claro, próximo de Viseu,
reproduz em muitos
pontos o traçado de uma
via romana.
A Cava de Viriato, um
monumento octogonal com
2 km de perímetro, era
um ponto de vigia e de
defesa das diversas vias
que ali convergiam.
No séc. VI, com o
domínio dos Visigodos, a
cidade de Viseu é
elevada a sede de
diocese. Conta a
tradição que Ramiro, rei
visigodo, morreu e foi
sepultado da Igreja de
S. Miguel do Fétal.
A Reconquista Cristã
Posteriormente, alternou
por diversas vezes entre
o poder dos cristãos e
dos árabes. No séc. IX
foi conquistada por
Afonso III, no final do
século seguinte por
Almançor, e de novo em
definitivo por Fernando
I o Magno, em 1057. A
sua importância
estratégica tornou-a
muito cobiçada por
todos. é assim que se
assiste aos sucessivos
ataques destes povos, o
que provocou a sua
inevitável destruição
com a consequência da
estagnação ou até mesmo
recuo a nível
urbanístico e económico.
Os Condes D. Henrique e
D. Teresa, que ali
residiram diversas
vezes, concederam-lhe
foral em 1123.
D. Afonso Henriques
concedeu-lhe foral novo
em 1187, confirmado em
1217 por D. Afonso II.
Atribui-se a D. Sancho
I, em 1188, a criação da
Feira Franca, mas também
se afirma que foi D.
João I que a legalizou.
Realizava-se no dia 23
de Abril, dentro dos
muros da Cava.
A Construção da Muralha
Em 1385, Viseu foi
atacada, saqueada e
incendiada pelas tropas
de Castela, vencidas em
Aljubarrota. Depois
deste ataque, D. João I
fez iniciar a construção
de uma muralha para
defesa da cidade. Esta
muralha foi terminada
unicamente no reinado de
D. Afonso V, de onde lhe
vem o nome de “muralha
afonsina”. Restam alguns
troços e duas portas, a
Porta do Soar e a Porta
dos Cavaleiros.
A partir do séc. XIV a
cidade começou a
desenvolver-se na parte
alta, o que a levou a
expandir-se para fora
das muralhas e em
direcção ao actual
centro.
Conta a tradição que D.
Duarte terá nascido numa
casa da actual Rua de D.
Duarte. Esta casa é uma
torre medieval que foi
transformada e melhorada
no séc. XVI. O rei D.
Duarte confirmou a
realização da Feira
Franca, mas transferiu-a
para a Ribeira, depois
denominado campo de
Viriato, e para o dia 21
de Setembro, dia de S.
Mateus. Suspensa a sua
realização, foi de novo
restabelecida por D.
Afonso V, com a duração
de 15 dias e o início em
20 de Outubro,
localizada novamente
dentro da Cava.
Viseu é doada em 1416 ao
Infante D. Henrique, o
1º Duque de Viseu, cuja
estátua, construída em
1960, se encontra no
actual centro, o Rossio.
Em 1513 D. Manuel
concede a Viseu foral
novo. O mesmo rei fez
deslocar a Feira Franca
para o Rossio de Santo
António, a actual Praça
da República. De novo a
Feira voltou para o
Campo de Viriato, agora
realizando-se entre 8 de
Setembro e 5 de
Outubro.
A Expansão e
Desenvolvimento
Só no séc. XVI a
expansão da cidade
começa a atingir a
actual zona central, o
Rossio. A primeira
referência que se
conhece a este novo
centro é de 1534. Em
pouco tempo este novo
centro começaria a ser o
local de encontro da
sociedade. Contudo,
teriam que passar 3
séculos para se dar a
transferência do centro
da cidade da parte alta
para o actual centro,
onde é construida a nova
Câmara Municipal.
No séc. XVI destaca-se
um dos pintores mais
importantes de Portugal,
Vasco Fernandes mais
conhecido por Grão
Vasco, que deu origem a
uma escola de pintura em
Viseu. A sua obra está
actualmente no museu com
o seu nome, Museu Grão
Vasco.
A actual Rua Direita
que, como habitual, de
direita só tem o nome,
atravessava a cidade de
uma ponta à outra. Aí se
encontra concentrado uma
grande parte do
comércio, e aí se podem
ver exemplares de
construções medievais e
de outras, que formam
uma mistura de estilos.
Existe indústria de
madeiras, marcenaria,
produtos resinosos,
produtos alimentares,
cerâmica,
metalomecânica.
O distrito de Viseu é o
centro produtor dos
famosos vinhos de Dão
(do nome do rio Dão) e
de Lafões (dos Lafões,
família nobre que ali
habitou).
Viseu
http://viseu.no.sapo.pt/textos
A Biblioteca Municipal
de Viseu e a história da
cidade
863: «Por conhecer por
experiência própria a
grande falta que tem a
cidade de Viseu, aonde
nasci e me criei, de uma
Biblioteca Pública para
uso e instrução de seus
habitantes: dôo com a
melhor vontade à minha
pátria a minha copiosa e
escolhida livraria de
mais de dez mil
volumes1.»
António Nunes de
Carvalho, «Conselheiro
[...], fidalgo
cavaleiro,
bibliotecário-mor da
Casa Real, omendador da
Ordem de Cristo de Nossa
Senhora da Conceição de
Vila Viçosa, lente
jubilado da Faculdade de
Direito da Universidade
de Coimbra2» é o autor
da doação. Não são, no
entanto, 10 mil os
volumes, mas 6892 de
obras completas e 800 de
folhetos e obras
truncadas3. Consta,
alguns anos depois, que
alguns desses volumes os
obtivera A. Nunes de
Carvalho alguns anos
antes no Convento de S.
Francisco, em Lisboa,
quando estava à frente
da comissão encarregada
de receber os livros
provenientes das
bibliotecas e arquivos
das ordens religiosas
extintas4.
Com esses volumes abre
em 1864 a BMV no Paço
dos Três Escalões, ao
lado da Sé, onde fica
até 1953. Passa, então,
para o primeiro piso do
edifício da Câmara
Municipal, no Rossio, e
em 1960 ocupa o l.º
andar da Casa Amarela,
antiga casa de nobres,
onde hoje se encontra5.
Entretanto, dos menos de
8 mil volumes que conta
no início. chega-se
agora aos 36 mil6.
36 mil volumes é hoje um
número pequeno para uma
biblioteca não
especializada. Pior, no
entanto, é que nesse
número raras são as
obras recentes, aquelas
verdadeiramente novas,
sejam do domínio das
ciências sociais, sejam
do domínio das ciências
exactas.
Uma comunicação forte
com o público poderia
ajudar a contrabalançar
essa situação:
exposições periódicas
bem organizadas e com
larga divulgação, a
publicação de um
boletim, outras
actividades. Porém, ela
é inexistente – e o
orçamento reduzido não o
consegue completamente
justificar.
Por isso, a BMV ocupa no
conjunto das bibliotecas
portuguesas uma posição
de importância
secundária7.
A quem a pretende
utilizar deparam-se
outras falhas.
Catálogo geral não
existe. Em 1866
publicou-se um que
poderia ajudar, pelo
menos. na procura de
obras anteriores. No
entanto,
inacreditavelmente, não
consta que dele haja
algum exemplar na BMV!?...
Há uma lista
dactilografada de
manuscritos e
incunábulos mas é de
pouca utilidade para
quem os não conhecer. No
caso dos manuscritos
torna-se quase numa
inutilidade pois, por
exemplo, há diversos
maços que reúnem
espécies de natureza
diversa e apenas o
título vago atribuído
aos maços é indicado.
Fica-se, assim, a
desconhecer
completamente o
conteúdo.
Em vez de catálogo há,
numa das salas de
leitura, um ficheiro de
autores e outro de
títulos. Porém, algumas
fichas não se encontram
na ordem e outras há que
cortam os títulos pelo
meio de tal modo que
algumas vezes é
impossível saber do que
se trata.
Há um ficheiro de
publicações periódicas
que não se encontra em
nenhuma das duas salas
públicas mas que, por
pedido, pode ser
consultado. Não está, no
entanto, actualizado e
pode-se tocar na dúvida
se determinada colecção
está ou não completa: um
jornal que não tenha
começado a ser publicado
num dos primeiros dias
de Janeiro ou de que
tenha saído o último
número bastante antes de
Dezembro é provável que
tenha a indicação de
colecção incompleta.
Por outro lado, qualquer
trabalho extenso
torna-se difícil devido
à inexistência de
qualquer fotocopiadora
ou de outro aparelho de
reprodução8.
No entanto, quase
paradoxalmente. qualquer
estudo sobre a história
de Viseu deve ser feito
também sobre as
consultas aqui
efectuadas.
Isso deve-se a dois
factos.
Na BMV existem algumas
publicações locais,
muitas de pequena
tiragem. que
dificilmente se poderão
encontrar noutras
bibliotecas. A colecção
de periódicos é.
porventura. a mais
importante deste fundo.
Entre 1848 e 1922
publicaram-se no
concelho de Viseu 120
jornais e publicações
periódicas. Segundo a
classificação de A.
Campos, 21 % são de
características
académicas, 16,8 %
republicanos, 16 %
católicos, 10,1 %
monárquicos, 9,3 %
literários. A
importância que assim se
entrevê é, no entanto.
modificada se atentarmos
na duração de cada um.
Os jornais académicos
raramente ultrapassam os
40 números publicados,
os republicanos são
também de pouca duração
como todos os outros
referidos, à excepção do
Districto de Viseu,
órgão do Partido
Progressista, de que se
publicaram 1089 números
na l.ª série, de 1879 a
1890. Pelo contrário.
dos três jornais
operários, de um, A Voz
da Oficina,
publicaram-se 1219
números entre 1898 e
1921 e de O Viriato,
jornal que se diz
político, instrutivo e
comercial, saem 3798
números entre 1855 e
1892. «Por tal forma se
popularizou esta folha –
escreve A. Campos em
1923 – que ainda hoje na
Beira muita gente
emprega o termo Viriato
para designar qualquer
jornal»9.
De metade destes 120
jornais há exemplares na
BMV, a que se juntam
outros publicados nos
restantes concelhos do
distrito e os que em
Viseu saíram depois de
192210.
Juntamente com a
colecção da Biblioteca
Nacional, de Lisboa,
esta deve ser a melhor
colecção de periódicos
de Viseu.
Este é um dos factos que
torna indispensável a
utilização da BMV para o
estudo da história de
Viseu.
O outro motivo reside na
colecção de manuscritos,
constituída por alguns
núcleos,
individualizados pelos
assuntos ou tão-só pela
proveniência11.
O mais conhecido e mais
vezes consultado
formam-no alguns textos
inéditos da
historiografia visiense.
As Memórias Históricas e
Cronológicas dos Bispos
de Viseu, escritas por
Fr. Leonardo de Sousa,
datadas de 1767, são um
enorme repositório de 3
volumes que, segundo
alguém que bem os
conheceu, «é o mais
notável catálogo dos
bispos de Viseu»12. É
provável que, de igual
modo, sejam de bastante
utilidade para o
conhecimento da
sociedade e da economia
visiense, sobretudo do
século XVIII.
As Notícias de Viseu
acompanhando o registo
das freguesias que
presentemente organizam
o concelho, memória
apresentada em 1838 à
Câmara Municipal por
José de Oliveira Berardo,
é importante pelas
estatísticas que
apresenta: rendimentos
das confrarias e ordens
religiosas,
recenseamento dos fogos
das povoações do
concelho, mapa com a
indicação do número de
engenhos movidos pelas
águas das ribeiras do
concelho, recenseamento
dos fogos de cada
freguesia do bispado e
mapa demográfico do
concelho em 1834 que,
por freguesia, apresenta
o número de fogos, o de
habitantes segundo o
sexo, o de nascimentos
(distinguindo os sexos e
os expostos), o de
óbitos (separando
homens, mulheres e
crianças), o número de
solteiros, casados e
viúvos e, finalmente, a
população segundo os
escalões etários (menos
de '7 anos, dos 7 aos
15, dos 15 aos 25 e dos
25 aos 60; em qualquer
dos casos distingue os
sexos).
O Registo Bibliográfico
e Jornalístico Visiense,
dois volumes de A.
Campos, terminados em
1923, é um longo
inventário de
publicações periódicas13
e de autores de Viseu e
seu concelho onde, para
cada, dá as «suas
características
biográficas e enumeração
e detalhe dos seus
trabalhos literários»14.
O segundo núcleo é
constituído pelos
manuscritos de Fr.
Joaquim de Santa Rosa de
Viterbo. Como dele
existe um minucioso
inventário15 torna-se
desnecessário dar
quaisquer outras
indicações.
O terceiro é formado
pelo antigo arquivo da
Câmara Municipal:
algumas dezenas de
volumes das Actas das
sessões camarárias (1534
a 1950)16, os livros de
registos de juros (1772
a 1825), os de receita e
despesa (1702 a 1877),
os de preços (1754 a
1877). os de prazos
(1514 a 1836) e diversos
outros livros, sobretudo
dos séculos XVIII e XIX,
de registos de leis, de
patentes, de
privilégios, de
licenças, de fintas, de
arrematações de rendas.
etc., etc. Pela
proveniência, nele se
poderia incluir as
Notícias de Viseu, de
José de Oliveira Berardo,
já referido.
Destes livros raras são
as séries que se
encontram completas.
Isso deve-se ao incêndio
da Câmara em 1796, às
invasões francesas e às
mudanças da BMV.
O quarto núcleo teve
origem nos arquivos
religiosos – nos de
algumas ordens e no do
Cabido mas. sobretudo,
no do Seminário. Também
aqui são as faltas
numerosas pois, após a
implantação da
República, «os livros e
demais recheio da
biblioteca do Seminário
andaram aos montões
pelas ruas da cidade.
Dos que escaparam [...]
uns foram vendidos a
peso aos comerciantes;
outros deram ingresso na
Biblioteca e Arquivo
Distrital»17.
Além de alguns estatutos
religiosos dos séculos
XVI e XVII, formam-no os
livros de assentos de
entradas e saídas do
Oratório e do Seminário
(1750 a 1890), de
noviços que professaram
no convento de Santo
António (1674 a 1725) e
de religiosos aí
defuntos (1725 a 1834),
livros do cofre do
Seminário (iniciado em
1857). de rendas do
Oratório (iniciado em
1787), de apréstemos do
Cabido (1575 a 1832), de
ordenados do Seminário
(iniciado em 1881) e de
foros pagos à Sé e um
tombo das propriedades
que a ela pertenciam.
Finalmente, há alguns
manuscritos de natureza
e proveniência diversa
que, apenas por isso,
podem formar um outro
núcleo (porém, ao
contrário dos restantes,
este não tem qualquer
unidade).
Nele se encontram os
forais manuelinos de
Viseu e Povolide, vários
maços provenientes das
Câmaras dos extintos
concelhos do Barreiro,
de Povolide e de
Ranhados (pequenos
enclaves no concelho de
Viseu), 5 volumes com
traslados de
emprazamentos e outras
escrituras dos séculos
XII a XVI, várias pastas
de manuscritos do bispo
D. Francisco Alexandre
Lobo e outra com
manuscritos de diversas
pessoas. Os maços
oriundos dos concelhos
extintos e um outro do
concelho de Viseu são,
sobretudo de natureza
económica.
Embora esta colecção de
manuscritos com
interesse para a
história de Viseu
existente na BMV já
tenha sido múltiplas
vezes pesquisada e
algumas pessoas a tenham
conhecido razoavelmente
bem – tal é o caso, por
exemplo, de Maximiano de
Aragão, de Alexandre de
Lucena e Vale e de
Amorim Girão –, ela está
praticamente por
aproveitar. À excepção
de manuscritos com
interesse administrativo
como as actas camarárias
ou de alguns outros como
as Memórias Históricas e
Cronológicas dos Bispos
de Viseu, de Fr.
Leonardo de Sousa,
poucos são aqueles que
chamaram a atenção
dessas pessoas. Isso
deve-se sobretudo ao
facto de a
historiografia visiense
teimar em não sair do
espaço da história
tradicional18. Por isso.
todos os outros domínios
da história encontrarão
aqui fontes quase
intocadas, algumas com
importância que
ultrapassa largamente a
história de Viseu.
Exemplo são as fontes de
natureza económica: com
estas e com outras que
se guardam fora da BMV
um dia se poderá estudar
um dos mercados
regionais de Portugal.
1 BMV, Actas da Câmara
Municipal de Viseu,
1862-1863, fs. 89 vº.
2 Ibidem.
3 Pedro Augusto
Ferreira. Portugal
Antigo e Moderno, 12.º
vol., Lisboa, 1890, p.
1811.
4 Ibidem. p. 1809.
5 «Obras raras e
valiosas na Biblioteca
Municipal», in
suplemento sobre Viseu
de O Primeiro de
Janeiro. Porto.
27/2/1979, p. 10.
6 António Rocha, «A
Biblioteca Municipal de
Viseu. Algumas
considerações», in Viseu
Ilustrado, 6, Viseu,
Setembro de 1983, p. 7.
7 Por exemplo. nenhuma
referência nos guias de
A. H. de Oliveira Marque
(Guia do Estudante de
História Medieval
Portuguesa, 2.ª ed.,
Lisboa. Estampa, 1979 e
Guia de História da 1.ª
República Portuguesa,
Lisboa, Estampa. 1981),
nenhuma referência na
longa série de artigos
reunidos em
«Biblioteca», in
Enciclopédia
Luso-Brasileira de
Cultura, 3.º vol,.
Lisboa. Verbo, 1965,
cols. 1268-1297. Apenas
uma breve referência,
sobretudo preocupada com
as edições raras, no
artigo «Bibliotecas
Portuguesas», in Grande
Enciclopédia Portuguesa
e Brasileira, 4.º vol.,
Lisboa-Rio de Janeiro.
Ed. Enciclopédia. s.d.,
p. 665.
8 Esta enumeração das
falhas da BMV foi, no
essencial, retirada de
António João de Carvalho
da Cruz, «A situação da
Biblioteca Municipal de
Viseu», in A Voz das
Beiras, 464, Viseu,
15/9/1983. Este artigo
teve uma resposta:
António Rocha, «A
situação da Biblioteca
Municipal de Viseu.
Esclarecimentos do
director», in A Voz das
Beiras, 466, Viseu,
29/9/1983.
9 Do meu artigo «A
imprensa periódica
visiense (2). Uma fonte
de história .social», in
A Voz das Beiras, 488,
Viseu, 15/3/1984.
10 No meu inventário
«Viseu. Roteiro
bibliográfico», in Beira
Alta, XL. 4. Viseu,
1981, pp. 643-651, refs.
421-660, estão indicadas
as publicações
periódicas do distrito
existentes na BMV.
11 Estes manuscritos
estão indicados, a
partir da lista
dactilografada
depositada na BMV, em
António João de Carvalho
da Cruz, «Viseu. Roteiro
bibliográfico», in Beira
Alta. XLI, 1, Viseu,
1982, pp. 276-283, refs.
680-762.
12 Fortunato de Almeida,
História da Igreja em
Portugal, nova edição
preparada e dirigida por
Damião Peres, l.º vol.,
Barcelos, Portucalense,
1967. p. 68, n. 5
13 Aqui retoma e
completa Maximiano de
Aragão, A Imprensa do
Districto de Vizeu.
Fragmento Histórico, 2.ª
ed. Viseu. 1900.
14 Nele se baseou
Maximiano de Aragão,
Viseu. Letras e letrados
viseenses, ed. de
Aquilino Riheiro,
Lisboa, Seara Nova,
1934.
15 Mário Fiúza, «Breve
descrição dos
manuscritos e papéis
particulares de Fr.
Joaquim de Santa Rosa de
Viterbo que se guardam
na Biblioteca Municipal
de Viseu», in Fr.
Joaquim de Santa Rosa de
Viterbo, Elucidário, ed.
crítica de Mário Fiúza,
reimpressão,
Porto-Lisboa,
Civilização, 1984, 1.º
vol., pp. 33-51.
16 Alexandre de Lucena e
Vale publicou o primeiro
dos volumes no Livro dos
Acordos de 1534 da
Cidade de Viveu, Viseu,
1945, e os restantes,
até 1914,. resumiu-os de
maneira deficiente numa
série de 5 volumes,
todos separatas da Beira
Alta: Livros dos Acordos
da Câmara de Viseu.
Índice dos livros do
século XVI, Viseu, 1969;
Um Século de
Administração Municipal.
Viseu. 1605-1692, Viseu,
1954; Viseu do Século
XVIII nos Livros de
Actas da Câmara, Viseu,
1963; Livros de Actas da
Câmara de Viseu. Século
XIX, Viseu, 1968; Os
Finais da Monarquia e
Começos da República nas
Actas da Câmara de
Viseu. 1900-1914, Viseu,
1971.
17 José Henriques Mouta
citado em Maria Fiúza,
«Introdução», in op.
cit., p. 13.
18 Cf. António João de
Carvalho da Cruz
«Cultura e sociedade: a
historiografia
visiense», in História,
63, Lisboa, Janeiro de
1984, pp. 84-88.
Armamar - (Concelho
do Distrito de
Viseu)

Chamou-se em tempos
remotos Ermomor.
Teve foral concedido
por D. Manuel l, em
1514.
Origem do nome:
«Xavier Fernandes em
Topónimos e
Gentílicos (1944)»:
“O antigo nome desta
vila era Ermamar
(séculos Xll e Xlll).
Embora sem a
unanimidade de
opiniões dos vários
autores, predomina,
todavia, a
indicação, segundo o
qual o topónimo é de
origem germânica e
significa
etimologicamente
“forte cavalo”,
compondo-se das
formas
evolucionadas,
ermans = forte e
march = cavalo.
Disparate é
pretender que o nome
Armamar se derivou
de ermo mau, como se
escreveu algures.
Parece que também se
chamou antigamente
Ermo-mó, segundo
regista Pinho Leal”
Armamar
http://www.cm-armamar.pt
Armamar está
implantada a sul do
vale do douro numa
encosta íngreme e
tem aos seus pés a
cascata da Misarela,
um miradouro de onde
se avista o cenário
paisagístico do
douro. Tem 1222
habitantes
distribuídos por 554
alojamentos
familiares (segundo
dados do Censos
2001). Da freguesia
faz ainda parte a
povoação de
Travanca.
É aqui que estão
concentradas as
infra-estruturas e
os serviços que dão
apoio a todo o
Município: Câmara
Municipal, Tribunal,
Centro de Saúde,
Escola EB 23, GNR,
Correios, Repartição
de Finanças,
agências bancárias,
entre outros.
Do património
histórico
destaca-se: a igreja
matriz, de invocação
a São Miguel,
patrono da freguesia
(embora as festas
anuais sejam feitas
a São João) único
monumento no
Município
classificado como
monumento nacional;
algumas capelas,
(capela do Espírito
Santo, capela de
Santa Bárbara,
capela de São
Lázaro, etc.) muitas
propriedades anexa
de casas brasonadas;
as ruelas do lugar
do Outeiro com
reminiscências do
período medieval; e
a cascata da
Misarela com o seu
miradouro.
No lugar de Travanca
há também diversas
casas brasonadas que
são dignas da
atenção de quem por
ali passa, exemplo
da Casa Grande. Um
dos últimos senhores
da Casa Grande foi o
Dr. António Carlos
de Magalhães de
Mendonça Pimentel,
juiz conselheiro e
Governador Civil do
Distrito de Viseu
entre 1893 e 1894.
Merecem ainda
destaque a capela de
São Cristóvão,
padroeiro de
Travanca, a capela
de Santo António
(1665) anexa da Casa
Grande, a capela
Sra. do Bom Despacho
(1679) e a Capela da
Sra. Das Neves
(1669).
Armamar tem
actualmente como
estruturas de
educação: dois
jardins-de-infância
(um público e outro
privado); duas
escolas do 1.º ciclo
do ensino básico
(uma em Armamar e
outra em Travanca);
a única creche
existente em todo o
Município é
propriedade de uma
instituição privada
sem fins lucrativos,
a Fundação Gaspar e
Manuel Cardoso, que
também possui um lar
de idosos.
Na freguesia têm
expressão, em termos
económicos, o sector
dos serviços mas
também a
agricultura,
caracterizada pela
produção sobretudo
de vinhos, de mesa e
generosos, e maçã. O
sector secundário
está também
representado por
unidades de
transformação de
carnes instaladas em
Travanca, algumas
industrializadas e
outras de âmbito
mais familiar.
Carregal do Sal -
(Concelho do
Distrito de Viseu)

Origem do nome:
«Xavier Fernandes em
Topónimos e
Gentílicos
(1944)»:”Poucos
ignorarão que esta
expressão designa um
concelho do distrito
de Viseu, mas também
pouquíssimos saberão
que Carregal do Sal
está em vez de
Carregal D’Osal, e
que ossal é um
derivado do arcaico
osso, precisamente o
mesmo que urso. Quer
dizer: não obstante
a aparência,
Carregal do Sal nada
tem a ver com o
cloreto de sódio,
tão empregado nas
cozinhas como
tempero, mas
refere-se a ursos
que possivelmente
teriam encontrado
noutros tempos na
correspondente
região”.
Carregal do Sal
http://www.carregal-digital.pt
O concelho de
Carregal do Sal,
situado em plena
Plataforma do
Mondego, num amplo
maciço antigo do
Planalto Beirão, e
enquadrado pelos
rios Dão, a Norte, e
pelo Mondego, a Sul,
foi sendo ocupado
pelo Homem desde
tempos
pré-históricos,
evidenciando
inúmeros vestígios
arqueológicos
daquela época e de
ocupação contínua do
seu espaço, desde o
Período Romano e
Época Medieval,
sendo actualmente um
Município nascido
com a reforma
administrativa de
Passos Manuel, a 6
de Novembro de 1836.
A importância
histórica do
Concelho está bem
documentada em
fontes escritas
medievais e
modernas, remontando
aos alvores da
nacionalidade as
povoações que foram
dando corpo e
consistência à
actual realidade
económico-social e
administrativa, quer
através de
vicissitudes
históricas quer
através da
consolidação de uma
identidade que se
foi firmando ao
longo dos seus
séculos de
existência.
Salientam-se,
nomeadamente, os
forais concedidos a
Oliveira do Conde,
pelos reis Dom Dinis
em 1286 e por Dom
Manuel I, em 1516,
bem como as
referências feitas
às diversas
povoações do
Concelho nas
Inquirições de Dom
Afonso III e nas
Chancelarias dos
nossos primeiros
monarcas,
nomeadamente:
Ulveyra de Conde ou
Ulvaria de Conde,
Travanca, Villa
Mediana, Alvarelias,
Cabanas, Beagios,
Papizeos e Pineyro,
entre outras.
Estas povoações
apresentam ainda
hoje uma malha de
traçado medieval,
depois de expurgadas
algumas construções
da última centúria.
Aqueles antigos
núcleos destacam-se,
assim, pelas suas
habitações, que
caracterizam a
construção popular
antiga da região e
pelos exuberantes
pelourinhos que
marcam aquela época,
mormente o de
Currelos e de
Oliveira do Conde.
Nesse sentido, e já
desde pelo menos a
época romana,
ter-se-iam
construído, um pouco
por todo o lado,
prósperas
comunidades
agrícolas que foram
deixando, ao longo
dos tempos, marcas
insofismáveis da sua
presença, na
paisagem.
A partir da Idade
Média, todo o espaço
que hoje constitui o
Concelho, foi sendo
dividido em
propriedades
senhoriais de médias
e grandes dimensões,
as quais foram
administradas por
ricas e influentes
famílias (vidé
“Carregal do Sal ,
no Coração da
Beira”). Esta
nobreza rural,
alguma de grande
importância a nível
nacional,
nomeadamente D. Nuno
Martins da Silveira,
senhor de Góis, e,
seu filho, D. Luís
da Silveira,
guarda-mor dos Reis
Dom Manuel I e Dom
João III e 1º Conde
de Sortelha, entre
outros, foram os
principais
responsáveis, a par
da Igreja, pela
grande quantidade e
diversidade do
património
arquitectónico
existente. Dentre
esse numeroso e
diversificado
património
arquitectónico, que
inclui a
arquitectura
religiosa,
destacam-se, pela
quantidade e
qualidade estética,
os seus imponentes
solares e casas
solarengas
distribuídos pelas
freguesias do
Concelho,
principalmente em
Oliveira do Conde,
Cabanas de Viriato,
Alvarelhos e
Oliveirinha, entre
outros.
Estes solares, a par
de uma arquitectura
popular bem
expressiva, surgem,
na maior parte das
vezes, integrados em
frondosas quintas
muradas, deles
sobressaindo uma
enorme riqueza
estética e
artística, que
constituem e
espelham um elemento
fundamental na
paisagem do
Município.
De salientar que as
suas tipologias são
reveladoras da
evolução da
arquitectura ao
longo dos séculos,
das mudanças de
gosto ao nível da
decoração e, acima
de tudo, das
transformações
culturais que se
reflectiram no modo
como foram
edificados.
Este património
arquitectónico e
arqueológico,
mormente os diversos
monumentos
megalíticos,
presentemente
visitáveis, e as
inúmeras sepulturas
escavadas na rocha,
certamente não
dispensarão uma
visita a este
Concelho, uma vez
que todos esses
valores de memórias
fazem parte
integrante da nossa
herança cultural e
identidade de todos
nós, enquanto nação,
constituindo uma
referência a um
tempo e espaço
singulares,
salientando-se que a
sua conservação e
compreensão futuras
nos permitirão um
melhor conhecimento
do passado e
consequentemente do
presente. Contudo,
se não forem estes
os motivos para uma
visita, outros os
justificarão
plenamente,
lembrando que foi em
Cabanas de Viriato
que residiu
Aristides de Sousa
Mendes, o Cônsul
Português em Bordéus
que, por ocasião do
Holocausto nazi
arriscou a própria
vida ao passar
inúmeros vistos,
salvando a vida a
milhares de judeus.
Castro Daire -
(Concelho do
Distrito de Viseu)

É uma povoação muito
antiga, cuja origem
deve ter sido
castrense, como o
próprio topónimo
indica. Recebeu
foral em 1514,
concedido por D.
Manuel l. Vila
rainha no Montemuro,
a sua influência
estende-se a todas
as povoações da
serra. Alcandorado
na encosta, o
casario de Castro
Daire – castro de
bons ares – oferece
um recorte
surpreendente de
beleza a quem vem do
sul. Terra muito
antiga, tem muitas
casas fidalgas e
cruzeiros de via
sacra até ao
Miradouro do
Calvário.
Origem do nome:
«Do, Arquivo
Histórico de
Portugal (1898)»:”O
nome vem-lhe de um
castelo que esteve
num monte, e do qual
ainda se vêem alguns
destroços, que o
tempo desfez pouco a
pouco”.
«Xavier Fernandes em
Topónimos e
Gentílicos
(1944)»:”É sabido
que o vocábulo é o
representante
directo do latim
castrum, fortaleza;
apenas o nome comum
na primitiva, passou
a empregar-se também
como nome próprio,
tornando-se vulgar
na toponímia. Castro
Daire, em que o
segundo elemento
pode estar por
d’Aire, é vila e
sede concelhia do
distrito de Viseu”.
«Da, Grande
Enciclopédia
Portuguesa e
Brasileira»:”Assenta
a vila de Castro
Daire no cume dum
monte, em terreno
fértil, apesar de
muito acidentado. O
nome da vila provém
dum antigo castro
que se levantava na
parte mais elevada
deste monte”.
Olá meus queridos
amigos:
Vou falar-vos muito
resumidamente da
terra que me viu
nascer., Castro
Daire - Portugal. É
uma vila situada
entre as cidades de
Viseu e Lamego, bem
no meio.
A uma altitude de
cerca de 500 m foi
uma antiga
fortaleza, um
castro, e quem vier
no sentido Viseu -
Castro Daire, verá
como que um
presépio, verá bem
no cimo de morro o
extenso casario que
agora cada vez mais
se espraia por toda
a encosta. Ao fundo
e a beijar os seus
lindos pés corre o
Paiva, rio
considerado o menos
poluído da Europa,
isso sim, por certo,
bastante oxigenado,
atento o seu caudal
e leito rochoso. São
famosas as suas
trutas que encantam
sejam elas grelhadas
ou recheadas com o
extraordinário
presunto que pelas
nossas aldeias,
curado pelo fumo de
ancestrais lareiras,
também é famoso. Por
falarmos em
gastronomia
aproveitamos para
falar no nosso
excelente cabrito,
nos nossos enchidos
e em especial as
nossas couves com
feijão as nossas
migas, e na doçaria
o característico e
único bolo de ovos
conhecido por bolo
podre, parecido com
o folar transmontano
porém sem qualquer
carne e melhor
adoçado.
Se Castro Daire é a
princesa do Paiva é
de de certeza a
rainha do Montemuro,
serra que se
percorre desmaindo o
olhar por infinitas
paisagens graníticas
no percurso Castro
Daire- Cinfães.
Claro que vos posso
falar da Fonte dos
Peixes em plena vila
de Castro Daire que
dizem que caba bica
tem a sua nascente e
que quem beber delas
ficará para sempre
preso a esta linda
vila. Da Nossa
Senhora do Calvário
lindo prontório no
cimo de vila, com a
sua capelinha cheia
de beleza e encanto,
da sua Bandde música
ou dos seus
Bombeiros
Voluntários ou mesmo
do seu airoso
jardim. Por falar em
airoso diga-se que
CASTRO DAIRE, o
DAIRE, segundo
muitos , derivaria
precisamente do
facto de os NOSSOS
ARES SEREM
ESPANTOSAMENTE
AGRADÁVEIS E BONS.
O templo das siglas,
com mais de 8
séculos de
construção único no
género no País a uns
5 Kms de distância
da vila, para
poente, assim
conhecido pelas
pedras estarem
sinalizadas com o
que se julga ser,
não havendo
unanimidade de
opiniões,
assinaturas dos seus
operários de então.
Já agora ficam a
saber que existe
carvalha, A carvalho
do Presépio, que é
monumento nacional(a
maior parte caiu nos
últimos
temporais).Tem 22
freguesias Castro
Daire que é sede
concelho e comarca,
com uma forte
emigração para
Suíça, França e
Brasil, havendo
aldeias a
extinguir-se aos
poucos...escolas com
2, 3 alunos, sendo
uma dura realidade
a conhecida e
dramática
desertificação
rural. O agricultor
vai sobrevivendo com
a criação própria de
animais, suínos,
vacas, galinhas, com
as míseras pensões
de velhice, e com a
sua cultivada
frugalidade de
costumes. São
habitantes
arreigados
profundamente em
costumes ancestrais
e não é raro
ocorrerem grossas
cenas de pancadaria
por causa de 1h de
água não respeitada.
Culturalmente a vila
inaugurou o seu
centro municipal de
cultura no seu seio
tem um historiador
Dr. Abílio de
Carvalho que já
publicou livros de
interesse concelhio
e não só, Clara
Guerra escreveu um
conto, ela que é uma
das fundadoras, A
VOZ e a alma de
grupo tradicional de
recolha de música
portuguesa BANDA DE
LÁ dos mais
prestigiados do
nosso país e sediado
em Castro Daire.
Socialmente podemos
dizer que vive com
alguns graves
problemas, não
havendo em muitas
aldeias rede de
esgotos ou de
canalização de água,
ali com o rio Paiva
tão perto (!) quando
se fala que este irá
abastecer a cidade
do Porto.
As mini-hídricas
como polvo
instalaram-se em
Castro Daire criando
mastodontes de
cimento na nossa
querida Paiva(é
assim que é
designado por aqui o
rio Paiva) porém a
Associação Amigos de
Castro Daire travou
decisivo combate
que venceu impedindo
a Generg da
construção de mais
uma mini-hídrica que
destruiria todo o
eco-sistema no curso
nascente-poente do
seu leito.
Finalmente falemos
das Termas do
Carvalhal a uns 5
Kms da vila, estrada
Viseu- Castro Daire
óptimo para
descansar e com
águas termais ótimas,
segundo afirmam,
para tramentos de
pele e figado.
O nosso vinho é
conhecido por vinhop
de 2 mãos uma para
erguer o copo a
outra para urinar.
Isto é um vinho que
se pode beber à
vontade pois tem uma
graduação fraca,
vinho de transição
entre um maduro do
Dão excelente e ali
tão perto e um
cherinho já a
verde...
As festas da vila,
29 de Junho
padroeiro São Pedro
teimam há uns anos a
esta parte fazer-se
e bem assim as de 15
de Agosato da Nossa
Senhora do Calvária
estas sim as
verdadeiras festas
da vila, acabando
ambas por não terem
a notoriedade que
deveriam ter dse
qualquer modo as
marchas populares no
dia 28 de Junho à
noite atraem já
imensos
forasteiros.Por
falar em festas no
mês de Junho a
Agosto um pouco por
todo o concelho
polvilham as
pequenas festas
aonde é normal e
característico
ouvir-se o fado à
desgarrada
acompanhado por
concertina ou rabeca
e viola. Dois
cantadores ou
cantadeiras
desafiam-se e por
vezes insultam-se em
verso cantado que
faz as delícias do
povo cheio de calos
nas mãos e na alma.
Um Abraço a todos.
JOÃO SEVIVAS
Castro Daire
http://www.cm-castrodaire.pt
A Vila de Castro
Daire, freguesia e
sede de concelho, é
composta por aldeias
limítrofes numa área
dos cerca de 32,9
quilómetros
quadrados: Arinho,
Baltar, Braços,
Custilhão,
Farejinhas, Fareja,
Folgosa, Lamelas,
Mortolgos, Mosteiro,
Santa Margarida,
Vale de Matos e Vila
Pouca, contendo 4578
habitantes.
Geograficamente
encontra-se situada
num cume de um
monte, o seu
topónimo tem origem
num antigo castro
que se encontrava na
parte mais alta
deste lugar.
Sabe-se que aqui
habitaram romanos
devido ao
aparecimento de
documentos
epigráficos. Havia
várias pontes
romanas, entre elas,
a Ponte Pedrinha,
demolida em 1877
construindo-se a que
ainda hoje possui a
mesma designação e
onde se encontrou
uma lápide podendo
data-la da altura do
imperador Caio Júlio
César.
Está historicamente
comprovado que
Castro Daire fez
parte do padroado
real e
posteriormente à
Casa do Infantado.
Castro Daire foi
dominado pelo
julgado da Terra de
Moção, cabeça de
concelho do mesmo
nome com foral
antigo, crê-se de D.
Afonso III e foral
novo no século XVI.
Teve carta de foro
por D. Afonso
Henriques e carta de
privilégios dada por
D. Dinis. D. Manuel
concedeu-lhe foral
novo em Lisboa a 14
de Março de 1514.
No que concerne ao
património
arquitectónico
edificado na
freguesia
evidenciam-se
insígnias de um
passado
aristocrático,
nomeadamente, a casa
dos Fidalgos da
Cerca, do século
XVIII, que é
referenciada por
Camilo no “Amor de
Perdição”, e a Casa
brasonada dos
Aguilares.
Cinfães - (Concelho
do Distrito de
Viseu)

Pêro do Douro, em
região muito verde
de milho, vinha de
enforcado e
laranjais. Cinfães
foi, historicamente,
o centro das Terras
de Ribadouro
senhoreadas por D.
Egas Moniz, que aqui
criou D. Afonso
Henriques.
Origem do nome:
«Xavier Fernandes em
Topónimos e
Gentílicos
(1944)»:”Frequentes
vezes aparece
erradamente a grafia
com “S” inicial (Sinfães).
Mas não há dúvida
que a exacta escrita
é Cinfães, que é a
forma recomendada
pelo Vocabulário da
Academia, bastando
notar que está
documentada a grafia
arcaica, Cynfanes,
que data, pelo
menos, do século Xl”.
«Prof. Aleixo Gomes
– incerto no Boletim
da Sociedade de
Língua Portuguesa
(1953)»:”Por se ver
no topónimo Cinfães
uma evolução do
plural sinfões,
entende a maioria
que se deve escrever
com um “s”. Sempre
que digo para
escrever Cinfães,
respondem-me: então
sifão com a variante
sinfão não é com
“s”? A não ser os
etimologistas, quase
todos se convencem
que o topónimo tem
“s” por se
relacionar com
sinfão, forma que já
é tempo de os
dicionários
registarem.
Todos os filólogos
conhecem a
etimologia do
topónimo e só por
hábito arreigado
alguns escrevem
sinfães. Seria
injúria supor que os
filólogos não
conhecem a origem da
palavra. Para os
leigos e só para
esses, direi que é o
genitivo do nome
germano-latino Cynfa
ou Kynfa, isto é,
Cynfanis ou Kynfanis.
A expressão completa
seria Cynfanis (villa).
Esta palavra
subentendia-se como
se subentendem as
palavras house,
chuch, etc., no
genitivo de posse
inglês. O processo
era conhecido do
latim clássico;
apenas tomou maior
desenvolvimento no
latim popular”.
Cinfães
http://casalodao.no.sapo.pt
Enquadramento
Histórico e local:
Cinfães é terra
muito antiga. Os
vestígios de
povoamento por
culturas antigas e
pré-históricas são
imenso e o próprio
vale do Bestança, é
também disso um bom
exemplo. Ai existem
alguns importantes
monumentos
megalíticos, como o
Menir de Tendais e
as Mamoas de Chão de
Brinco, em S. Pedro
do Campo, mas também
notáveis vestígios
de povoações
castrejas como o
Castro de Aldeia
(conhecido também
como Castro Cio,
Monte das Corôas); o
Castelo de Tendais;
o Castro das Portas
de Montemuro; o de
Paradela; etc...
Todo o concelho
se encontra, aliás,
repleto de
monumentos
arqueológicos dignos
de interesse, como
se pode ver no seu
recente Roteiro
Arqueológico.(1)
A romanização
também se fez sentir
de forma bem vincada
em Cinfães e até os
próprios castros já
citados acabaram por
ser "romanizados".
Algumas estradas
romanas cruzaram o
território
cinfanense, pois que
na documentação
medieval alguns
caminhos surgem
"designados como
carreirum antiquum
ou então por carril
veterem (2).
Estas estradas,
partiam do Douro
para o interior e
foram construídas ao
longo dos vales dos
principais rios de
Cinfães - Paiva;
Bestança; Sampaio e
Cabrum. Para além
das estradas romanas
outros vestígios da
mesma época têm
aparecido um pouco
por todo o concelho
de Cinfães, como é o
caso de uma
estrutura
habitacional em
Passos (Tarouquela);
Chieira (Cinfães);
Paradela/Sequeiro
Longo (Cinfães),
para além de vários
achados avulsos,
como estelas
funerárias;
epígrafes; fustes e
colunas; moedas;
fragmentos
cerâmicos; etc...
A presença árabe
encontra-se aliás
bem assinalada,
sobretudo por uma
toponímia
expressiva, em
aldeias como Boassas;
Saímes (...). No
entanto também
outros vestígios
poderemos ver dessa
época, nomeadamente:
lagares escavados na
rocha na Chamusca e
no Tapado; uma
azenha datada de
1072 em Boassas; os
azulejos "mudéjares"
da Igreja de
Escamarão; etc.(...)
O período
medieval a que
corresponde a arte
românica e em que as
terras do actual
concelho de Cinfães
tiveram grande
preponderância, (o
próprio rei D.
Afonso Henriques foi
criado em Cresconhe),
é exaltado,
sobretudo através de
monumentos
classificados como a
Igreja de Tarouquela,
a Igreja de S.
Cristóvão de
Nogueira e a já
mencionada Igreja de
Escamarão, mas
também em pequenas
construções menos
conhecidas, como a
"Casa do Cubo" em
Boassas e a pequena
"Ermida do Douro" em
Oliveira.
Mas toda a
história se encontra
bem documentada em
monumentos de cada
época em Cinfães,
(...) no portão
armoriado da Quinta
da Fervença em pleno
centro da vila, do
século XVIII, com
brasão esquartelado
de Vasconcelos,
Gaio, Melo e
Pereira, na profusão
de capelas e de
casas e quintas
brasonadas (...).
Toda esta riqueza
patrimonial é ainda
complementada em
Cinfães pela
exuberância das
manifestações
populares nas suas
mais variadas
vertentes -
arquitectura;
artesanato;
tradições;
etnografia;
gastronomia; etc. -
e por uma paisagem
não menos
esplendorosa.
(1) PINHO, Luís M.
Silva/ LIMA, António
M. C./ CORREIA,
Alexandre L. -
Roteiro Arqueológico
de Cinfães, Cinfães,
Câmara Municipal de
Cinfães/ Pronorte,
1998
(2) PINHO, Luís M.
Silva/ LIMA, António
M. C./ CORREIA,
Alexandre L. -
Roteiro Arqueológico
de Cinfães, Cinfães,
Câmara Municipal de
Cinfães/ Pronorte,
1998, pag 15
Excertos do texto:
Turismo de alta
qualidade "Num
cenário Idílico"
Da autoria de: Arq.
FERREIRA, Manuel dos
Santos C.Pinto
Monumentos e Sítios
Neste concelho,
sobre o qual um dia
foi escrito “
Cinfães jóia
incrustada,
altaneira,
luxuriante e
inigualável serra de
Montemuro,
espreguiça-se para
norte e ouve, a seus
pés, o rio Douro
cantar-lhe poemas de
amor” (Barbosa de
Vasconcelos, jornal
Miradouro, de 27 de
Julho de 1962),
encontra-se beleza
natural majestosa
nas suas paisagens,
mas também beleza
patrimonial nos
monumentos e sítios
que abrangem um
vasto espaço
cronológico-cultural
desde a pré-história
até aos séculos mais
recentes.
Assim sendo pode
admirar-se obras de
arquitectura,
composições e
criações valorizadas
outras mais
recatadas, porém
todas de interesse
histórico,
arqueológico,
artístico,
científico e social,
que ajudam a
conhecer a história
do actual espaço
geográfico conhecido
por concelho de
Cinfães e
consequentemente dão
o seu modesto, mas
importante,
contributo para a
História de
Portugal.
Começando pelos
primórdios da
actividade artística
humana, foram
descobertos 4
núcleos de
monumentos
megalíticos (5.000 a
3.000 a.C.) que se
coadunam com as
características dos
restantes
encontrados na Beira
Alta: mamoas,
dolméns e menires.
Sítios megalíticos
constituídos por 3
monumentos:
Start Over
Mamoa I de Chã de
Brinco*: o
aglomerado de Chã de
Brinco encontra-se a
1 km para norte do
núcleo de Lameiro de
Pastores (2 km
aproximadamente da
povoação de
Ervilhais). Esta
Mamoa é conhecida
entre os pastores
por marco da serra.
Actualmente,
encontra-se a
descoberto das
terras e pedras
sendo visível o
dolmén. Monumento
megalítico de cariz
fúnebre, dolmén com
câmara e corredor. À
entrada encontra-se
um pequeno corredor
onde está implantada
uma laje granítica
alongada com forma
geométrica sub
rectangular. Do
espólio deste
arqueo-sítio fazem
parte 4.000
minúsculas contas de
colar em xisto
perfurado, cerâmica
decorada
campaniforme e
vários micrólitos.
Da Idade
do Ferro até ao
domínio romano foram
localizados
possíveis povoados
pré-históricos: Roda
do Meronço, Alto
Castelinho -
Nespereira, Castelo
Velho – Tendais,
Monte Castro -
Travanca, Castelo de
Sampaio- S.
Cristóvão, Chieira –
Cinfães e Coroas –
Ferreiros *2.
Relativamente aos
três últimos devido
a prospecções,
escavações
efectuadas e espólio
encontrado pode
afirmar-se tratar-se
de povoados
fortificados com
muralha pertencentes
à civilização
castreja situada
mais concretamente
do séc. IV a.C. ao I
d.C., de referir a
reutilização das
estruturas dos
castros aquando do
domínio romano.
Texto da autoria da:
Drª AMARAL, Rute
Maria Pereira. A
quem agradecemos a
colaboração
Lamego – (Concelho
do Distrito de
Viseu)

A caminho de Lamego
desfruta-se uma
paisagem de íngremes
colinas verdejantes
e bravias.
A terra é antiga. Do
velho castro resta
apenas a torre no
seio da nobre
cidade, onde,
segundo reza a
história, se
realizaram as
primeiras Cortes de
Portugal.
Caminhe até ao
castelo, passando
pelo pitoresco
Bairro de Almacave,
cheio de lojecas,
pequenas oficinas e
modestas moradias
que partilham as
ruas com algumas
casas brasonadas.
Lá em baixo, na urbe
pacata, a vida corre
sem pressa e sem
destinos. Da avenida
principal, Dr.
Alfredo Sousa,
avista-se, solitário
no alto dos céus, o
Santuário de Nossa
Senhora dos
Remédios e a sua
majestosa escadaria.
Se as pernas
fraquejarem não suba
os degraus, vá de
carro na estrada em
volta mas não deixe
de ir. Olhe de perto
esta Igreja de
traços barrocos com
vitrais de cores
vivas e cristalinas.
Desça novamente à
cidade para visitar
a Igreja de Santa
Cruz, outrora parte
de um convento, hoje
quartel militar. O
edifício de aspecto
sóbrio e grave
acolhe um
impressionante local
de culto, pelos seus
altares de talha
dourada, azulejos,
confessionários e
orgão de tubos. Pelo
Lamego religioso
entre ainda n Sé
Catedral, na Capela
do Espírito Santo e
não se esqueça de ir
ao Museu Regional.
Se a fome apertar,
prove o cabrito
assado no forno, a
truta recheada de
presunto ou a lebre
à serrana regada com
um divinal vinho
verde. Findo o
passeio, pense num
passeio até A aldeia
do Campo Benfeito.
De origem
remontíssima,
Lamego, foi cidade
importante sob a
dominação
visigótica,
nomeadamente no
reinado de Sisebuto,
que aqui fez cunhar
moeda.
Definitivamente
conquistada aos
mouros por Fernando
Magno, em 1057, foi
elevada a diocese em
1071.
O seu povoamento foi
incrementado por
Egas Moniz, um dos
tenentes de Lamego,
que se instalou em
Britiande (*), nos
arredores.
Em 1191, D. Sacho 1
concedeu-lhe carta
de couto. D. Manuel
l outorgou-lhe foral
novo em 1514.
Para Lamego foram
convocadas Cortes
por D. Afonso
Henriques, em 1139,
e por D. Pedro ll,
em 1679.
(*) Britiande
“Brite-e-ande –
disse,
displicentemente, o
lavrador
terra-tenente ao
romeiro que passava,
no Outono,
mendigando castanhas
dos ouriços a abrir.
Daí o nome da
terra. Aqui teve
casa, no século Xll,
D. Egas Moniz,
fidalgo de Ribadouro
e dono da terra. O
povo guarda hoje, na
pracinha fundeira, a
antiga construção,
de um granito com o
belo tom castanho
maduro de oito
séculos”.
A ORIGEM DO NOME
“Segundo alguns
autores, citados no
dicionário de Pinho
Leal, a actual
cidade de Lamego,
foi fundada pelos
gregos, cerca de 500
anos antes de Crito.
Outros contentam-se
em dar-lhe por
fundadores os
galo-celtas, 381
anos antes de
Cristo. Estrabão
chamou-lhe
Laconimburgo e diz
que foi fundada
pelos lacões (povos
da Grécia) que lhe
deram este nome,
quer dizer, “cidade
dos lacões”. Esta
afirmação é
duvidosa. O que não
parece duvidoso,
porém, é a grande
antiguidade desta
terra, que no tempo
dos romanos se
chamava, de facto,
Lameca – e daí,
Lamego”. (Mensageiro
das Casas do Povo –
1951).
”No tempo dos
romano, sob o
domínio de Trajano,
tinha o nome de
Lameca ou Lama e
daqui lhe veio o seu
nome actual; alguém
o escreveu pela
primeira vez e
muitos o têm
repetido sem mais
adiantarem.
A nós parece-nos:
Lamego de Lama, não;
Lamego de Lameca,
possivelmente, desde
que se justifique de
modo aceitável a
mudança do a final
em o. Mas, que é
Lameca e que
significa ?
Na Gramática
Histórica
Portuguesa, de José
Joaquim Nunes (1919,
pág. 204), aparece o
topónimo Lamego
incluído entre
vários nomes
próprios
geográficos, que
detam dos povos que
antes do romanos
aqui dominaram.
Leite de
Vasconcelos, não
obstante o seu
imenso saber, também
nada adiantou;
limitou-se a dizer
(Lições de Fililogia
Portuguesa, 1911,
pág. 338) que Lamego
talvez tenha vindo
de “Lam-aecus”, sem
nada acrescentar.
Não repugna
acreditar que Lamego
tenha vindo de
Lamaecus, mas esta
forma deve ter sido
deduzida, porque não
está documentada,
não deve ser
propriamente latina,
mas latanizada e só
nesta hipótese terá
tido razão o
professor J.J. Hunes
ao escrever que
Lamego data dos
povos que cá
estiveram antes dos
romanos.
Paralelamente,
galego, grego e
Mondego devem Ter
vindo
respectivamente de
Gallaecus, Graecus e
Mondaecus,
derivações estas que
estão perfeitamente
em harmonia com as
regras da gramática
histórica.
Mas, se é hipotética
ou de existência
duvidosa a forma
Lamaecus, se é
também hipotético (o
próprio Leite de
Vasconcelos, ao
dizê-lo, empregou
“talvez”) que tenha
sido e étimo do
topónimo estudado,
procuraremos outra
solução com
probalidade de
aceitação.
Há uma raiz
primitiva
indo-europeia, que
aparece representada
no grego e no
germânico por “lam”
– e no moderno
alemão por “lehm -,
barro. Os latinos a
receberam e cá temos
também em muitos
vocábulos, mesmo na
toponímia (Lamares,
Lamarigo, etc). –
Não existirá esta
raiz também no nome
pré-romano, Lamego
?...
Quanto ao elemento
final, pode Ter
fácil explicação,
pois – ego é
conhecido como
sufixo de formação
ibérica, que exprime
ideia de
proveniência como,
por exemplo, em
manchego (que é
natural ou provém de
“Mancha”). (Dr.
Xavier Fernandes -
1944).
UMA DAS MUITAS
LENDAS DESTA
REGIÃO: Ardinga.
“Ardinga era uma
formosa princesa
moura, pouco mais
que adolescente. O
pai, “váli” de
Lamego no século X,
guardava para o
califa de Córdova
(hoje Espanha) esta
terra, mas
verdadeiramente
guardava-a para si
das tentativas de
conquista do rei
leonês.
Neste cenário de
guerra desabrochou o
amor no coração de
Ardinga. No castelo
contavam-se
histórias de
heróicos cavaleiros
cavaleiros cristãos
e de um melhor que
todos – D. Telon,
que batalhava nas
montanhas de
nascente.
Ardinga ouvia estas
narrativas e sentia
mais fervor por elas
que pelas repetidas
histórias das Mil e
uma Noites que as
ais lhe contavam com
os olhos de sono. E
o seu coração
prendeu-se ao
cavaleiro cristão
com o mais belos dos
amores. Certa noite,
juntamente com uma
irmã que lhe anima o
sonho formoso, fugiu
do castelo. Seu amor
levava asas e
guiou-lhe os passos
por caminhos das
cristas difíceis de
transpor, por vales
onde repousa à
sombras das ermidas.
Num alcantil do rio
Távora – São Pedro
das Águias,
eremitério
confundido com os
rochedos - , o abade
Gelásio animava os
guerreiros a
curava-lhes feridas
da alma e do corpo.
Ardinga beijou-lhe o
manto, e, contou-lhe
o seu segredo. Mas o
seu cavaleiro,
perdido nas lutas,
demorava a tomar
posse do seu
coração, já feito
cristão pelo
baptismo.
Enfurecido, o “váli”
seu pai procurou
Ardinga pelo caminho
que conduz aos
cristãos. Encontra-ª
E, duro no perdão,
mistura o sangue
mártir da filha com
as águas inocentes
do rio.
Quando o cavaleiro
cristão chegou, só
conheceu a tragédia.
Nunca mais o seu
coração de poeta
havia de amar senão
a memória do amor da
jovem princesa
moura.
Hoje, as rotas de
Ardinga passam por
muitos templozinhos
cristãos de românico
saboroso,
construídos com amor
sobre as ruínas das
ermidas que guiam a
princesa “.
As origens de Lamego
são incertas. O
cerro do castelo
foi, sem dúvida, a
primeira morada da
sua gente. Raros são
os documentos
antigos. Sob o
domínio dos romanos,
os rudes povoadores
aprenderam a
trabalhar melhor a
terra, a dominá-la
com novas técnicas.
Os godos que vieram
dominaram Lamego e
fizeram dela uma
metrópole. Em 569,
era diocese. Em 572,
as actas do Concílio
de Braga trazem a
assinatura do
primeiro bispo,
Sardinário.
No 1º quartel do
século Xll, o rei
Sisebuto cunha moeda
e manda porventura
construir no seu aro
a Basílica de
Balsemão, um dos
mais antigos templos
cristãos do
território. Os
árabes apossam-se da
Península, e em
breve atingem os
limites de Lamego.
Mas não dominam o
ângulo do nordeste
peninsular, onde
alguns cristãos se
refugiam para
organizar a luta.
O árabe Almançor em
987 e 997, devasta a
cidade, como
exigência do
conflito. Nela se
estabelece um “váli”,
que só aparentemente
depende do califado
de Córdova. Aqui
surge a lenda de
Ardinga, num cenário
de reconquista que
só se efectiva em
1057, com Fernando
Magno.
Os primeiros reis de
Portugal favorecem a
cidade. E a diocese,
restaurada no
segundo quartel do
século Xll, catalisa
o desenvolvimento da
urbe. Fora de muros,
na Igreja de
Almacave, vão
situar-se, em 1143,
as Cortes de Lamego.
Estas Cortes poderão
ter existido como
assembleia de gente
de guerra do rei,
que regressava das
lutas nos campos de
Trancoso e Fonte
Arcada. Tiveram pelo
menos uma força
histórica,
influenciaram a
jurisprudência e a
legislação
portuguesa.
No século Xll a
cidade ainda se
confinava ao Bairro
ou Cerca do Castelo,
com seu alcaide-mor.
Ainda se vêem hoje,
bem implantadas na
muralhas, as Portas
dos Figos e do Sol.
Depois, a cidade
cresce, e dois novos
bairros se constroem
extramuros, na Sé e
em Almacave.
Lamego continua a
progredir. No século
Xll, os notários e
escrivães tornam-se
importantes.
Acentua-se um
desenvolvimento
económico
significativo, que
sobe paralelamente
ao respeito pelas
liberdades
municipais e pela
independência
administrativa.
Esmera-se o
artesanato de peles
e tecidos, de
ferraria, de
cerâmica.
Os mercados da praça
do castelo e, mais
tarde, os do
exterior das portas
e as feiras anuais a
que D. Dinis deu
grande impulso
atraem mercadores de
Granada (hoje
Espanha). E há
artigos exportados
para a serra, para
Lisboa, para o
Algarve.
Nos termos de Lamego
produz-se,
essencialmente vinho
e cereais (trigo,
centeio, cevada,
painço, aveia) e
também frutas e
hortaliças. O gado
da serra é o
complemento desta
actividade e o
sustentáculo das
oficinas de
tecelagem e de
curtimento.
Incentivo de
interesse para a
economia é a
presença dos judeus,
atestada em
documentos do século
XlV. Eles
entregaram-se,
fundamentalmente, às
artes dos metais, do
comércio e da
medicina. Na
agricultura, apenas
cuidam de vinhas.
Concentrados
principalmente na
Judiaria Velha,
junto à Porta do
Sol, eram de boa
convivência.
No século XlV, a
cidade é atingida
por forte depressão,
originada pela
política do primeiro
rei da dinastia de
Avis, D. João l,
seguido por outros,
em especial por D.
Afonso V, e que
consistiu na redução
extrema dos termos
da cidade com
doações à nobreza,
impondo elevados
impostos ao comércio
e indústria e
levando as fáceis
exorbitâncias dos
fidalgos a entravar
as liberdades
municipais.
Verificou-se assim o
aniquilamento da
cidade, segundo
dizem alguns
cronistas, que para
tal se baseiam num
cadastro da
população acusador
de uma recessão
demográfica a mais
de um quarto.
Claro que a
panorâmica não deve
ter sido tão
pessimista se
equacionarmos outros
dados, como, por
exemplo, o facto de
na primeira metade
do século XVl ter
sido encomendado em
Lamego, um políptico
para a Sé, no ano de
1505, a mestre Vasco
Fernandes (Grão-Vasco,
de Viseu) e de
quadros que restam
revelarem um forte
empenho financeiro e
garantir semelhante
qualidade – isto
além da presença dos
riquíssimos panos de
armar, vindos de
Bruxelas, que hoje
se conservam no
Museu.
De qualquer modo, em
meados do século
XVlll a população
quintuplicara, o que
só poderia
explicar-se graças a
uma desafogada
situação económica.
Todavia, o mal que
atingia Portugal,
sentiu-se também em
Lamego. A riqueza
converteu-se mais em
obras de sumptuária
(construção ou
transformação das
residências
senhoriais, dotação
de conventos.
Igrejas cobertas de
ouro) do que numa
aplicação rentável
em estruturas que
apoiassem um
comércio exigente e
uma indústria, aos
quais não de
sacrificou.
Repensou-se o
passado. Mas com o
advento do
liberalismo não
melhorou a sorte da
cidade. Para
conseguir trunfos
políticos ou
prerrogativas na
administração (como
a solicitação para
ser cabeça de
distrito e
província). Lamego
apontava para o
passado, por exemplo
para a realização
das Cortes de
Almacave.
Hoje, a cidade
começa a despertar
de certa modorra.
Este facto e também
o apelo, agora
saudável e de forma
dinâmica, à tradição
criarão novos pólos
de interesse que
relançarão a velha
urbe episcopal, das
mais antigas da
Península Ibérica.
Hoje, quatro
caminhos vêm dar à
cidade de Lamego.
São os quatro
caminhos de sempre.
De leste e de oeste,
de norte e de sul.
São os caminhos de
Espanha e do mar, da
Beira Interior e de
além do Douro.
Escolhem para passar
os desvãos das
serras, deixando-as
libertas para os
vigiar, como
sentinelas nos
tempos heróicos:
Santa Helena, mais
longe São Domingos
e, sobranceira de
norte a poente, a
serra das Meadas. E
quem chega por um
destes caminhos
encanta-se com a
cidade de Lamego –
uma cidade pequena e
branca, familiar e
humanizada.
Vive quase só da
terra. Da vinha e
das hortas. As suas
encostas são quase
todas plantadas, em
Maio verdes e com
flores, no Outono
com os tons
sanguíneos das
videiras despidas de
cachos.
Mas os quatro
caminhos de hoje
foram importantes em
tempos passados.
Percorriam-nos
mercadores e
romeiros das beiras
e do Douro, e outros
que vinham da
Espanha cristãs e do
reino mouro de
Granada.
A cidade era um
pólo, embora nos
tempos heróicos
fosse mais religioso
do que físico. A
administração, a
guerra, a justiça e
a economia tinham
muito a ver com a
fé. O governo, com o
bispado. E a cidade,
com o bispado. E a
cidade era o que a
diocese era:
extensa.
Daqui partiam as
rotas do romance. Do
romanice da língua e
da arte (românica).
Da arte fruste que
encheu as encostas
do rio Douro e dos
seus afluentes de
pequenos templos,
igrejinhas românicas
que ainda
sobrevivem, lirismos
testemunhos de uma
época iluminada pela
fé. Para quem passa
por aqui e viaja
dentro dos limites
de Lamego, a cidade
continua a ser o
pólo dessas rotas de
sonho.
Lamego
http://www.cm-lamego.pt
As razões históricas
deste agrupamento de
Concelhos remontam à
época em que o
Apóstolo dos Suevos
fundou os Bispados
de Portucale, Lamego
e Viseu. Sob o
domínio Visigótico
fixaram-se as
balizas diocesanas
"englobavam ao
poente as terras de
Paiva e Arouca e ao
nascente chegavam a
Trancoso e daí ao
Douro". De facto, o
códice atribuído ao
rei Vamba diz-nos:
"Lamego tenaet de
sorte usque petra,
de tara usque ortosa".
Isto é, desde Orta
(de Numão) à Pedra
de Couto (junção das
freguesias de Arões,
Albergaria e Cepelos)
e de Trancoso até ao
Ribeiro de Areja.
Estas balizas
fixadas na época
Visigótica
mantiveram-se até à
remodelação dos
bispados em 1882. A
tenência de Egas
Moniz, nos Séculos
XII e XIII,
correspondia a este
território, e o mais
extraordinário é que
esta circunscrição
eclesiástica e
administrativa
corresponde, afinal,
a uma perfeita
unidade geográfica.
Este agrupamento
de concelhos
constitui o exemplo
perfeito do que é
uma região. Exprime
uma unidade perfeita
de território
individualizado não
só pela geografia,
pela história, pela
ecologia e pelo grau
de desenvolvimento
como zona homogénea.
Em Julho de 1835,
Rodrigo da Fonseca
Magalhães, Ministro
do Reino, assina o
decreto que
estabelece a divisão
administrativa do
país criando o
Distrito de Lamego
integrado na
Província da Beira-
Alta.
Em Agosto do mesmo
ano é nomeado
Governador Civil do
Distrito de Lamego
Manoel Metello de
Nápoles e Lemos.
Quando em Dezembro
do mesmo ano,
Mouzinho de
Albuquerque
transfere a capital
de Distrito para
Viseu muita foi a
indignação que se
fez ouvir na cidade
e nas Cortes do
Reino.
Em Janeiro de 1836,
Macário de Castro
defende nas Cortes a
pretensão de Lamego
a Capital de
Distrito, outros se
lhe seguiram
destacando-se as
constantes
tentativas de
reivindicação do
Visconde Guedes
Teixeira e Cassiano
Neves junto do Poder
Régio.
É após a
proclamação da
República, em 1912,
que a restauração do
Distrito
Administrativo de
Lamego se impõe com
mais ímpeto,
destacando-se as
figuras de Alfredo
Pinto de Azevedo e
Sousa, Francisco
Lopes de Sousa Gama,
José Mendes Guerra,
que elaboraram uma
Representação que
enviaram a 21 de
Março ao Parlamento
visando a criação do
Distrito
Administrativo de
Lamego.
De 1913 a 16 de
Fevereiro
realizou-se um
"Comício" na cerca
do extinto Mosteiro
das Chagas para o
qual foram
"convidados todos os
concelhos que
desejem fazer parte
do mesmo distrito,
associações,
colectividades,
habitantes da cidade
de Lamego e povo do
concelho".
Foi então nomeada
uma comissão que se
deslocou a Lisboa
para pugnar uma vez
mais pela formação
do Distrito, tendo
sido recebida por
Afonso Costa.
O Presidente do
Governo fez saber a
essa comissão " o
encargo que a Câmara
de Lamego tem de
tomar para as
despesas do primeiro
ano da sustentação
do Distrito que diz
ser calculado em 26
contos". A Câmara em
reconhecimento pelo
bom acolhimento que
a comissão teve por
parte de Afonso
Costa enviou-lhe um
telegrama com "votos
de profundo
reconhecimento pelo
interesse que vossa
excelência toma pela
constituição do
Distrito de Lamego".
Desta comissão
faziam parte os
cidadãos: Dr.
Alfredo Pinto de
Azevedo e Sousa,
Luís José Teixeira e
Nápoles, António
Pinto Ribeiro,
António Lopes da
Gama, José Ribeiro
Conceição, José de
Vasconcelos Dias,
Manuel Luís de Sena,
Duarte Lobo, Basílio
Pereira da Trindade,
Joaquim Duarte
Veloso, José Mendes
Guerra, Manuel
Correia de Lucena,
Francisco Pereira
Rebelo, Jaime
Correia de Sousa,
Manuel Bernardo,
João Maria Cambezes
e José Teixeira
Rebelo Júnior.
Em 1916, Alfredo
Pinto de Azevedo e
Sousa na altura
deputado da nação
pelo Círculo de
Lamego apresentou à
Câmara dos Deputados
um projecto de lei
que criava o
Distrito
Administrativo de
Lamego.
Na sessão
camarária de 20 de
Janeiro do mesmo ano
o referido deputado
comunicou que no seu
projecto de lei
"estabelecia
autorização para
esta Câmara
Municipal poder
modernizar e
melhorar a cidade".
Em 1919, inicia-se
no Porto um
movimento
insurreccional com
Paiva Couceiro,
neste contexto "é
criado
provisoriamente o
Distrito
Administrativo de
Lamego" pela Junta
Governativa do Reino
que nomeava o Dr.
Rufino César Osório
Júnior Governador
Civil do Distrito
Administrativo de
Lamego e o Padre
Abel Moura para
secretário geral.
Esta efémera
situação política
que durou de Janeiro
a Fevereiro deste
ano não trouxe
quaisquer progressos
às pretensões das
gentes de Lamego.
Em 1927, o Governo
criou uma comissão
com a incumbência de
elaborar um projecto
do mapa da nova
Divisão
Administrativa,
aproveitando este
facto o então
Presidente de Lamego
Dr . Luís Rodrigues
Guedes Osório redige
uma representação
(transcrita na
íntegra no livro de
actas da CML de 20
de Outubro de 1927
), que pessoalmente
entrega no
Ministério do
Interior.
Só em 1931 a
questão vem
novamente a lume com
a apresentação à
Câmara Municipal de
Lamego do trabalho
de J. P. Manique e
Albuquerque (Acta da
CML de 28 de
Fevereiro de 1931),
que complementava em
argumentos os já
apresentados em
1927. De tal modo
que a Câmara o
enviou juntamente
com a representação
de 1927 para o
Tribunal Supremo,
achando-o "uma bem
fundamentada defesa,
lógica rigorosa e
rigor técnico e
científico".
Uma vez mais o
pedido repetia-se
"Lamego deseja ser e
precisa ser Sede de
um Distrito composto
por treze concelhos,
a saber: Lamego,
Cinfães, Resende,
Armamar, Tabuaço,
São João da
Pesqueira, Meda,
Foz- Côa, Penedono,
Sernancelhe,
Moimenta da Beira,
Tarouca e Castro-
Daire".
Na sessão
camarária de 18 de
Março de 1931, o Dr.
Luís Guedes Osório
dá conta das "demarches
realizadas em Lisboa
e Porto para a
criação de um
Distrito
Administrativo com
Sede em Lamego
capital de uma nova
região denominada
Beira-Douro". Mais
informa que " a bem
da sua missão se fez
acompanhar por dois
representantes da
imprensa local que o
auxiliaram em todos
os trabalhos
realizados e no
conseguimento de
casa próprias para
as conferências com
projecções
cinematográficas da
fita da cidade
realizadas no Grémio
Beirão em Lisboa e
na Sociedade Almeida
Garret no Porto.
A 24 de Abril de
1940, na acta da
sessão ordinária da
Câmara, dá-se conta
da publicação da
obra de J. Pina
Manique e
Albuquerque
"Representação de
Lamego para a
emancipação da Beira
Douro", a executar
pela tipografia "Voz
de Lamego " pela
quantia de 5 contos
de reis.
Foi sob os
auspícios que a Casa
Regional da Beira
Douro, a 26 de Junho
de 1967 faz uma
Exposição ao Governo
pedindo a criação do
Distrito
Administrativo de
Lamego.
Dessa comissão
fizeram parte: Dr.
João de Almeida, Dr.
Artur Castilho, Sr.
José Lopes Salgado,
Alberto Melo e Faro,
Gastão Mineiro,
Comandante Humberto
Leitão, Aarão
Lacerda , Jorge
Silva e J. Pina
Manique de
Albuquerque.
Toda a informação
sobre este assunto
pode ser consultada
na
Biblioteca/Arquivo
Municipal de Lamego.
in comunicado de
15.11.2002 do
Gabinete de Apoio à
Presidência
Mangualde -
(Concelho do
Distrito de Viseu)

Povoação muito
antiga, já existia
no século Xll, tendo
recebido o primeiro
foral do conde D.
Henrique, em 1102.
Este foral foi
confirmado em 1218
por D. Afonso lll e
renovado em 1514,
por D. Manuel l.
Origem do nome:
«Do, Domingo
Ilustrado (1898)»:”A
origem do nome de
Mangualde não é
conhecida, mas não
passa além do
domínio português
por nosso idioma.
Mangual ou Mangualde
é instrumento
lavoratório. Mangual
era antigamente o
nome aplicado ao
jogo da bola e do
fito”.
Mangualde
http://www.cmmangualde.pt
Mangualde situa-se
na Região Centro,
mais concretamente
na Beira Interior.
Localiza-se a mais
ou menos 15 km da
sede do distrito de
Viseu.
O concelho de
Mangualde
confronta-se a Norte
com o concelho de
Penalva do Castelo,
a Oeste com o
concelho de Viseu, a
Sul com os concelhos
de Nelas, Seia e
Gouveia e a Este com
o concelho de Fornos
de Algodres. Dispõe
de uma superfície de
220,72 km2
abrangendo um total
de 18 freguesias. A
forma topográfica
dominante é o
planalto que se
inclina para Sul,
cortado pelos vales
encaixados dos Rios
Dão e Mondego. Nas
encostas destes
vales encontram-se
terras férteis de
aluvião. Neste
concelho existe uma
cadeia de pequenas
montanhas
destacando-se a
Nascente a Serra do
Bom Sucesso, que se
prolonga para
Guimarães de
Tavares. Neste
encadeamento
sucedem-se as Serras
de
Abrunhosa-a-Velha,
Cunha Alta e
Almeidinha que se
ligam à da Senhora
do Castelo. Na parte
central do concelho
aparecem as terras
de vegetação fértil
- freguesias de
Mangualde, Fornos de
Maceira Dão, Espinho
e Alcafache.
Dispersas e de fraca
altitude notam-se as
elevações de Tabosa,
Roda e Fagilde.
Do ponto de vista
geomorfológico,
Mangualde insere-se
num conjunto
denominado Maciço
Antigo, datado do
Paleozóico. Foi,
desde então, sujeito
a um processo
prolongado de erosão
e aplanação,
sofrendo mais tarde
um rejuvenescimento
com os movimentos
Alpinos. Toda a área
é granítica, sendo
as suas formas
actuais consequência
da acção erosiva da
sua rede
hidrográfica. O
clima é mediterrâneo
com feição
continental,
apresentando
Invernos frios e
verões quentes e
secos.
O concelho é
atravessado a Norte
pelo rio Dão e a Sul
pelo rio Mondego,
constituindo ambos
fronteiras naturais
do mesmo. Além
destes rios,
Mangualde é ainda
atravessado por uma
série de ribeiras e
riachos todas elas
de fraco caudal,
sendo de destacar a
ribeira de Frades, a
ribeira do Castelo e
a ribeira de
Videira, na metade
Oeste do concelho. A
barragem de Fagilde
é a maior extensão
hidrográfica
existente e limita a
fronteira a Norte do
concelho.
Por esta região
passaram todos os
caminhos antigos e
por eles viajaram
antigos povos –
guerreiros de
Viriato, pastores da
transumância,
romanos, mouros e
cristãos falados em
lendas, soldados de
Castela, de França,
romeiros e
feirantes.
Em tempos modernos
Mangualde é
entreposto histórico
e importante dos
tecidos produzidos
nas fábricas da
Covilhã, de Seia e
de Gouveia.
Mangualde, situado
num planalto
fronteiro à Serra da
Estrela e marginando
pelo Norte o rio
Mondego, foi devido
à sua situação
geográfica, ocupado
natural e
sucessivamente por
várias civilizações
desde a pré-história
até aos nossos dias,
como o comprovam
monumentos deixados
pela civilização
dolménica, o espólio
encontrado nos
castros existentes e
as escavações
arqueológicas que
permitem a
descoberta de vilas
romanas. Normalmente
atribui-se uma
ocupação pré-romana
ao monte de Nossa Sª
do Castelo, onde
teria existido um
castro e
posteriormente uma
fortaleza romana.
Os romanos, atraídos
pelas inúmeras
riquezas naturais da
Península Ibérica,
nomeadamente a
exploração mineira,
iniciam em finais do
séc. 11 A.C., a sua
ocupação
progressiva, que irá
perdurar até ao séc.
V, altura em que
toda a Europa
ocidental é assolada
por invasões
bárbaras. Com a
romanização, há uma
autêntica difusão e
assimilação das
estruturas
culturais,
políticas, sociais,
económicas e
religiosas por parte
dos povos que,
então, habitavam a
península. Por aqui
passava uma das
principais vias da
Lusitânia, ligando
“Emerita Augusta” (Mérida)
a “Bracara Augusta”
(Braga). Nela
destacam-se dois
marcos milenários
encontrados em
Abrunhosa – a –
Velha aludindo a
reparações da via
pelos imperadores
Adriano e Numeriano.
Uma segunda via
entrava no concelho
através da ponte de
Alcafache, cujos
alicerces são de
origem romana,
seguindo para
Espinho,
atravessando algures
o Rio Mondego. Uma
outra atravessaria o
concelho pelo lado
norte. Depois da
passagem dos
Bárbaros, no séc. V,
sofreu, dois séculos
mais tarde a invasão
dos muçulmanos.
Estes teriam ocupado
o monte da Sra. do
Castelo, cujo
alcaide teria sido
um mouro de nome
Zurara, passando
então a fortaleza a
chamar-se "Castelo
de Zurara ou
Azurara", dando
origem ao antigo
nome deste concelho,
"Azurara da Beira".
A história de
Mangualde medieval
prende-se com a do
país que nessa
altura surgia e se
afirmava como nação
independente na luta
contra os mouros e
subsequente
repovoamento. No
monte da Sra. do
Castelo; onde se
terá erguido a
fortaleza, uma zona
privilegiada de
vigia e posto de
observação de várias
milhas em redor;
descobre-se uma das
mais vastas
paisagens desde o
Buçaco ao Caramulo,
Montemuro e
Gralheira.
Na idade Média, a
vila, hoje cidade de
Mangualde, nasceu à
volta de dois
bairros primitivos –
o primeiro
genericamente
designado por "Cabo
da Vila" e o segundo
por “Rossio”. Com o
desenvolvimento da
população surgiu a
necessidade de novas
construções pelo que
naquele baldio
público, o Rossio,
se começou a formar
um novo bairro. Por
essa mesma altura
(meados do Séc. XVIl)
os “Paes do Amaral”
ainda não tinham
erguido o seu
magnífico palácio e
no seu lugar
existiam umas
modestas casas onde
residiam. A partir
do século XVII com a
fundação da
Misericórdia por D.
Filipe II (1613), a
criação do Juiz de
Fora por D. João IV
( 1655) e a
instituição da feira
por D. Pedro II
(1681), Mangualde
conheceu um forte
surto de
desenvolvimento. No
séc. XlX, o casario
começou a aumentar
nessa zona. Porém,
foi a construção da
estrada que,
atravessando-a em
toda a sua extensão,
dirigindo-se à
Guarda, contribuiu
para esse
desenvolvimento.
Durante o século
passado, os dois
bairros acabaram por
ficar ligados,
assumindo o segundo
bairro (do Rossio)
uma importância
maior, pois, foi aí
que se veio a
concentrar toda a
vida social e
económica de
Mangualde, onde se
instalaram
repartições
públicas, sucursais
de bancos,
estabelecimentos
comerciais, cafés,
etc.
A Assembleia da
República elevou
Mangualde à
categoria de cidade
em 3 de Julho de
1986.
"Foral de Azurara"
Em 1058, o castelo
Medieval deste
concelho, foi
conquistado aos
mouros, por Fernando
Magno, Rei de Leão.
Assim, em 1102,
ainda não eram
decorridos 40 anos
após a conquista de
Coimbra pelos
Cristãos aos Mouros,
o Conde D. Henrique
e D. Teresa, antes
da independência de
Portugal, deram
foral às terras de
Zurara, entre o Dão
e o Mondego. Este
foral foi confirmado
por D. Afonso II
aquando das
Ordenações Afonsinas
em Fevereiro de 1217
bem como por D.
Manuel I em 1514
pelas ordenações
Manuelinas.
" Em nome de Nosso
Senhor Jesus Cristo,
amen, Eu, Conde
Henrique e minha
mulher D. Teresa,
filha do rei Afonso,
damos carta de foral
às populações de
Zurara (que fica)
entre o rio Dão e
Mondego e entre
Penalva e o Rio Real
E, (...). Aquele
Conde D. Henrique
outou ( Zurara )
desde o rio Dão até
ao Mondego com foro
de 15000 módios e,
qualquer homem que
aí entrar (no
território de
Azurara) com mão
armada em
perseguição de algum
assassino ou servo
fugidiço, e , enfim
, outro qualquer
indivíduo ou por
qualquer motivo, que
pague multa (os 1500
módios ) ou, então,
que lhe sejam
decepadas as mãos ou
arrancados os
olhos.(.... ) Todos
os homens entre os
rios Dão e Mondego
correspondam a
Zurara com serviço e
com foro. E eu,
Conde Henrique e
minha esposa rainha
D. Teresa fazemos
jurar esta (carta
por Egas Moniz, D.
Rabaldo e D. Gonçalo
Pedro en nossa vez "
(Ano de Cristo de
1102 ).
Moimenta da Beira -
(Concelho do
Distrito de Viseu)

Origem do nome:
«Da, Grande
Enciclopédia
Portuguesa e
Brasileira»”O nome,
porém, revela uma
remota explicação,
pois se trata dum
plural monumenta (de
monumentum, isto é,
moimento ou
edificação
funerária); tivera
sido aqui,
porventura, qualquer
necrópole dos povos
proto-históricos de
Leomil e Caria,
respectivamente a
oeste e oriente, os
quais se defenderam
em vastas
fortificações
castrejas, existindo
da sua presença
absurdamente
disseminados pela
região vizinha de
Moimenta. A tradição
local apega-se um
tanto a esta
presumível verdade,
porquanto é referido
como no lugar da
vila foi morto ou
morreu, com muitos
vassalos, um rei
mouro, tendo aí
todos ficado
sepultados;
acrescenta-se mesmo
que, não há grandes
anos, foram
destruídos tais
“monumentos” para se
aplicar a sua pedra
em obras públicas.
“Mouro” ou de
“mouros” supõe o
povo tudo quanto lhe
pareça possuir o
maior grau de
antiguidade, mesmo o
ante-histórico”.
«Xavier Fernandes
em Topónimos e
Gentílicos
(1944)»:”O étimo de
Moimenta é, sem
dúvida, o latim
monimenta, de
monimentus,
monumento”.
Moimenta da Beira
http://www.cm-moimenta.pt
O Município de
Moimenta da Beira,
implantado numa zona
granítica, de
transição e paisagem
tipicamente
beiraltina,
confronta a norte
com Armamar, e
Tabuaço, a sul com
Sátão, Sernancelhe a
Leste e a poente
Tarouca e Vila Nova
de Paiva.
Tem a àrea de 219.48
Km2 e 11.500
habitantes,
distribuidos por 20
Freguesias: Aldeia
de Nacomba, Alvite,
Arcozelos, Ariz,
Baldos, Cabaços,
Caria, Castelo,
Leomil, Moimenta da
Beira, Nagosa,
Paradinha, Paçô,
Peravelha, Peva,
Rua, Sarzedo, Segões,
Sever, Vilar.
É relativamente
recente a história
da Municipalidade
Moimentense, mas não
as origens do
território que
constituiu o actual
Município.
Já quando Afonso III
das Astúrias
conquistou Lamego
aos Mouros, começou
o Povoamento do
Douro com a
assenhoramento de
Terras pelos "presores
Godos".
"E os que assim
entravam à posse,
ficavam senhores
absolutos de tudo o
que à força das
armas haviam tomado"
Escreve Santa Rosa
Viterbo no seu
elucidário.
Estes "presores"
criaram vilas
rurais, vilares e
casais que deles
receberam os nomes,
como Leomil, Baldos,
Alvite, Toitam,
Mileu, Segões, Sever
e Ariz. Os
habitantes de montes
e castros já
anteriormente
ocupados, como Pêra,
Caria e S. Félix,
começaram a descer
para os vales;
deixavam as
rudimentares e
frágeis defesas e
castrejas e
trabalhavam nas
"Vilas" dos novos
Senhores.
Nesta época começa a
notar-se uma Terra
até aí
insignificante, cujo
nome é reminiscência
do lugar preferido
dos povos vizinhos
para cerimónias
fúnebres e o culto
dos mortos.
Era Moimenta,
"Monumento",
Mausoléu levantado
em honra dos mortos
...
A História regista
quase todas as
nossas aldeias
actuais como
existentes já no
séc. XII; diz-nos
também que, só
Leomil (Couto) e
Caria (Honra) tinham
Juizes próprios
antes de 1258.
Cem anos depois, no
séc. XIV, as Terras
do actual Município
de Moimenta da
Beira, tinham só
três paróquias:
Santa Maria de
Caria, Santa Maria
de Lobozaim e S.
Tiago de Leomil.
Sever e Alvite
estavam no Couto de
S. João de Tarouca
criado em 1140. O
Vilar era da Honra
de Fonte Arcada.
É a partir deste
quadro que desde o
séc. XIV, a
existência de montes
e pastos baldios, a
necessidade de
regulamentar a
exploração agrária e
pecuária, o uso
comunitário das
Terras Comunais, o
aumento e fixação
das gentes conduz à
formação de oito
Municípios que
chegaram ao séc. XIX:
Paçô, Nagosa
e/castelo, Sever e /Alvite,
Pêra e/Peravelha,
Ariz e Peva,
Moimenta, chamada
então Moimenta de S.
João Baptista de
Leomil, formar-se
mais tarde e à custa
de Leomil, com as
Freguesias
posteriores de
Paradinha, Cabaços e
Baldos, deixando
Leomil reduzida à
sua Freguesia, com
Sarzedo e Paraduça;
e finalmente, o
grande Município de
Caria, já com sede e
Pelourinho na Vila
da Rua, cobrindo
além destas
Freguesias as de
Arcozelos, Aldeia de
Nacomba, Faia,
Penso, Carregal,
Lamosa, Quintela da
Lapa e Segões.
A Reforma
Administrativa de
1834 iniciou a
concentração que
conduziu ao
Município que hoje
temos: extinguiu e
incorporou no
Município de
Moimenta, os
pequenos Municípios
de Peravelha,
Castelo, Nagosa e
Arcos; do Município
de Caria deve ter
recebido na mesma
data, as Freguesias
de Arcozelos, Aldeia
de Nacomba e Segões;
por sua vez Leomil
crescia com a
incorporação dos
Municípios de Paçô e
Sever.
Em 1855 era extinto
o Município de
Leomil e todo ele
incorporado no de
Moimenta da Beira,
que no mesmo ano
recebe o Vilar, do
extinto Município de
Sernancelhe.
Em 21 de Maio de
1896, Caria e Rua
passavam de
Sernancelhe para
Moimenta da Beira. O
pequeno Município de
quatro pobres
Freguesias,
Moimenta, Paradinha,
Cabaços e Baldos, em
1834, alargara-se no
curto período de 21
anos, para dezanove
Freguesias em 1855,
estendendo-se de
Arcos até Segões e
de Paçô ao S.
Francisco; e em 1896
estavam
definitivamente
marcados os
contornos
geográficos actuais
do Município de
Moimenta da Beira.
Moimenta da Beira
http://www.douronet.pt
História, Cultura,
Artesanato e
Gastronomia ...
O confronto natural
entre a paisagem
agreste e imponente
da serra e os
deslumbrantes
cenários da zona
ribeirinha da
Albufeira do Vilar
atraíram, ao longo
dos séculos, ao
concelho de Moimenta
da Beira, povos
pré-históricos,
civilizações
castrejas, romanos e
arábes. Povos cuja
passagem testemunham
ainda hoje as formas
dos gigantescos
penedos e fragas da
Serra da Nave e as
necrópoles e dólmens
encravados no solo
árido dos montes
circundantes.
Fidalgos como D.
Egas Moniz,
responsável pela
formação da vila no
longínquo século
XIII ou Fernão
Mergulhão, fundador
do Mosteiro feminino
de Nossa Senhora da
Purificação,
enriqueceram as ruas
e praças da vila com
solares majestosos e
casas apalaçadas. As
mesmas que
encantaram Aquilino
Ribeiro e que vivem
eternizadas nas
páginas dos seus
contos e histórias.
Pela estrada fora,
adivinha-se
facilmente a razão
da fama da
gastronomia e do
artesanato destas
gentes beirãs, ao
contemplar os longos
pomares de maçã, os
campos de batata e
cereais, recortados
entre pastos verdes,
abundantes em gado e
rebanhos de
ovelhas.
Nas aldeias em
redor, as mulheres
tecem mantas e
capuchas, cozem o
melhor pão regional
para acompanhar o
cabrito assado e os
enchidos que nas
festas populares
enchem a mesa, ao
lado das trutas do
Vilar, dos doces
conventuais e do
vinho "Terras do
Demo". Os homens
dividem os dias
entre o trabalho do
campo, o artesanato,
a pesca e a caça,
tirando proveito dos
bens que a natureza
generosamente lhes
doou ao dotar o
concelho de extensos
vales e rios de
límpidas águas.
Dedicam-se aos
trabalhos da
latoaria e da
ferraria muitas
vezes depois de
repasto de trutas
com presunto, coelho
à caçador ou
míscaros com coelho
bravo, haveres
trazidos para casa
depois de mais um
dia passado nos
montes circundantes.
Mortágua - (Concelho
do Distrito de
Viseu)

Conta-se que houve
em Mortágua um juiz
cujas sentenças
desagradavam ao
povo, que um dia se
juntou e o matou.
Vieram inquirir os
meirinhos do rei: -
Quem matou o Juiz ?,
mas, todos um a um,
respondiam: Foi
Mortágua !. E o
processo teve de ser
arquivado.
Origem do nome:
«Xavier Fernandes em
Topónimos e
Gentílicos (1944)»:”
Para explicar a
origem do nome,
houve quem o
decompusesse em dois
elementos, Mort-água,
atribuindo-lhe o
significado literal
de “água da Morte”.
Mortágua
http://www.turismo-centro.pt
Diz a história que
Mortágua terá sido
resgatada aos Mouros
por Fernando Magno
mas, provavelmente,
milénios antes já
estas terras teriam
sido ocupadas.
Alguns vestígios de
um castro pré-romano
localizados nas
proximidades do
Santuário do Senhor
do Mundo, parecem
indicá-lo. Dos
árabes é certo que
ficaram na toponímia
local algumas
sonoridades:
Alcordal, Almaça,
Almacinha... Há
ainda lugares que
para sempre nos
ajudam a perceber a
história natural e
humana destas
terras: são nomes
ligados ao lugar que
os Mouros ocupam no
imaginário popular,
ou nos falam da
graciosidade do
coberto vegetal
antes das profundas
modificações que a
Barragem da Aguieira
e novas formas de
economia florestal
introduziram no
terreno.
A varonia de D.
Sancho de Noronha,
viu a doação que
destas terras lhes
havia feito D.
Duarte,
sucessivamente
confirmada por
Afonso V, D. Manuel
I e D. João III. Dos
tempos da monarquia
ficaram ainda nas
páginas escritas, a
passagem da corte de
D. Pedro II que aqui
se alojou,
despertando a
curiosidade dos
vizinhos e os
cuidados de
fidalgos, oficiais
e, naturalmente, da
Igreja. A Matriz de
Mortágua foi
edificada na
centúria de
quinhentos e é certo
que a devoção a
Nossa Senhora da
Assumpção, a quem
ela é dedicada, é
bem anterior à
edificação da
Igreja.
Nelas - (Concelho do
Distrito de Viseu)

No fim do planalto
de Viseu, quase onde
a Serra da Estrela
começa, nasceu esta
vila, explicada
principalmente pelo
cruzamento de
caminhos de norte e
sul, este oeste.
Origem do nome:
«Xavier Fernandes em
Topónimos e
Gentílicos (1944)»:
“Desde o ano de 1850
é sede dum pequeno
concelho. É topónimo
de étimo obscuro,
pois não é
admissível a origem
popularmente e com
fantasia se lhe tem
atribuído. Nelas,
nome de terra, nada
tem que ver com
nelas, plural
feminino de nele”.
Do Lugar de Nelas à
Formação do Concelho
http://clientes.netvisao.pt
Prof. Doutor Joaquim
Veríssimo Serrão
Presidente da
Academia Portuguesa
da História
Não haverá decerto
em Portugal uma
terra com destino
histórico comparável
ao de Nelas, quando
da sua elevação a
concelho, por
decreto de 9 de
Dezembro de 1852.
Sendo notório que a
povoação, ainda que
diminuta em
habitantes, já
existia nos alvores
do Estado, longa foi
a evolução até
alcançar o estatuto
municipal. Desde o
século XII integrada
no território de
Senhorim, formou
durante muitos anos
apenas uma freguesia
da invocação de
Nossa Senhora da
Conceição de Arco de
Nelas. Quase sempre
na órbita do
concelho de Canas
outras vezes nomeada
nos documentos em
ligação com o
senhorio da
Aguieira, foi
percorrendo Nelas o
seu percurso
histórico que
continua a ser, no
nosso tempo, em
grande parte ainda,
ignorado. E, foi
graças, sobretudo, à
sua posição
geográfica que viu
com o advento de
liberalismo a sua
importância
reconhecida (1).
Situada entre os
vales do Mondego e
do Dão, na estrada
que conduz de Viseu
a Seia, a terra
viu-se ao longo dos
séculos ofuscada
pela situação de
Canas como a
povoação cimeira da
mesma região.
Tenha-se, aliás, na
devida conta, que a
estrada com início
em Coimbra e que
veio a chamar-se da
Beira, seguia o
itinerário da Ponte
da Mucela e daqui
tomava a direcção de
Celorico, por Venda
Nova, Galices, S.
Paio de Gramaços e
Carrapichana.
Esse trajecto levava
22 horas a percorrer
e era, sem dúvida, o
que mais cedo
conduzia à fronteira
de Ribacoa. Enquanto
o percurso da Ponte
da Mucela na faixa
do interior era de 6
horas a Santa Comba
Dão e mais 10 horas
por tondela e
Sabugosa até atingir
a capital dos
Hermínios(2).
Por estranho que
pareça, foi a 3ª
invasão Francesa que
trouxe ao de cima as
vantagens deste
trajecto que
conduzia os
viajantes a Nelas e
os aproximava em
distância da cidade
de Viseu. A história
da passagem de
Massena e das suas
tropas pela Beira
Alta mostrou que a
linha do Dão tinha
menos obstáculos a
vencer que a zona
mais vizinha às
alturas da Serra da
Estrela, Forçoso se
torna, pois,
reconhecer a posição
do lugar de Nelas
como um dos
principais eixos de
circulação do
interior de
Portugal, o que não
acontecia com Canas
de Senhorim, Santar
e outras freguesias
daquele concelho.
Estas razões decerto
pesaram no espírito
dos governantes ao
decretarem a
desanexação das
terras ditas de
Senhorim e com elas
formando um novo e
promissor concelho,
como mais adiante
será referido(3).
O Topónimo "Nelas":
a Sua Controversa
Origem
A origem do
topónimo, que
continua a suscitar
a divergência dos
estudiosos, já
mereceu o exame
filológico do
considerado
toponimista Dr.
Joaquim da Silveira
(4). Na sua esteira
vêm seguindo os
estudiosos das
origens de Nelas,
com especial realce
para o Dr. José
Pinto Loureiro.
Tendo em
consideração a
antiga grafia do
étimo, considera-se
ser a mesma "asnellas",
ou seja o diminutivo
de "asinus" (asno).
Desta forma o nome
da povoação
equivaleria ao de
"burrinha" ou
"jumenta", num
processo filológico
idêntico ao que
ocorreu com o nome
de outras povoações
do nosso país. A
evolução da palavra
justificava-se
assim, segundo o Dr.
Joaquim da Silveira,
pela vontade
inconsciente da
população local em
afastar o topónimo
do radical "asno",
que estava na base
de alusões
desprimorosas para a
terra e os seus
habitantes(5),
Resta, todavia,
explicar o topónimo
na sua integração
regional, o que
permite supor que as
origens de Nelas se
ligaram a uma
"venda" ou
"hospedaria", local
de paragem dos
viajantes em
direcção ao norte e
ao sul da Beira
Alta. Muita gente,
para o seu
transporte e de
mercadorias, nobres
e religiosos,
mercadores e
almocreves,
certamente
encontrariam em
Nelas o meio animal
de que careciam para
prosseguir a
viagem(6). A
conjectura pode
encontrar um
argumento válido na
existência, a menos
de uma légua de
distância, de um
afluente do Dão,
que, na primeira
metade do século XII,
era conhecido por
rio ou "ribeiro dos
Asnos". Este
topónimo poderia
facilmente
aplicar-se à
povoação vizinha,
que era ainda um
local de passagem
que assegurava o
transporte animal a
quem dele carecia
para atravessar o
Dão.
Como diminutivo de
"ribeira de asnos",
na forma de "asnellas",
a palavra tomou a
forma de uma
corruptela cujo
emprego não seria do
agrado dos
habitantes do lugar.
O étimo orográfico
passou a ter
aplicação focal na
transposição de que
se encontram muitos
exemplos de nomes de
rios depois
adaptados para as
terras da
vizinhança. A
supressão da
primeira sílaba
tinha plena
justificação, pela
maior facilidade da
pronúncia e, em
seguida, porque
afastava o sentido
da palavra que não
podia ser do agrado
da população da
terra. Aliás, três
diplomas do tempo em
que nasceu o Estado
português, favorecem
a nossa
interpretação sobre
a origem do topónimo
Nelas na
depreciativa versão
inicial.
Numa carta a favor
do mosteiro de
Lorvão, de 20 de
Março de 1133, o
principe D. Afonso
Henriques manda
coutar o mosteiro de
Sperandei (7), as "villae"
de Sabugosa,
Freixedo e Midões,
dando a Lorvão toda
a propriedade
reguenga situada no
couto do Rio dos
Asnos(8).
Já elevado à coroa
de Portugal, o
monarca concede a
Gonçalo Pires da
Silva e sua mulher
Ermenda Martins, em
Maio de 1150, várias
propriedades no
termo de Viseu e
junto ao mencionado
rio (9). Dois anos
mais tarde, em 30 de
Setembro de 1152, D.
Afonso Henriques faz
doação à Sé de Viseu
do coutamento de S.
Pedro de Mouraz, no
actual concelho de
Tondela, que fora
doado aos monges de
Claraval e que
estes, por razões
pouco conhecidas,
vieram a abandonar
(10). Mais uma vez
se menciona aquele
rio: "et venit usare
ad focem rivuli
Asinorum", o que
comprova a
importância regional
deste afluente do
Dão.
A Formação da "Terra
de Senhorim"
Quando da formação
do Condado
Portucalense, nos
fins do século XII,
já surgira o
território de
Senhorim aplicado a
uma região mais ou
menos extensa entre
as áreas dos rios
Dão e Mondego. Uma
dessas vilas
chamava-se Vilar
Seco ("Vilar Siccu")
e dela existe
notícia pela ano de
1100, quando Pedro
Dias e sua mulher
Gontena Pelaio
doaram duas casas,
em testamento, ao
mosteiro de Pedroso
(11). Outro desses
lugares tinha o nome
de Santar, referido
em diploma de 16 de
Julho de 1110,
quando o prebístero
Mendo legou à Sé de
Coimbra vários bens
que obtivera de
presúria, entre os
quais a igreja de S.
Pedro de Santar
(12). Em 17 de
Agosto do mesmo ano,
ocorreu a doação das
igrejas de Senhorim
e Moreira ao bispado
conimbricense(13),
A terra de Canas foi
também incorporada
no território de
Senhorim, vindo a
receber uma carta de
foral de D. Sancho
I, em Abril de 1196,
em favor da Sé de
Viseu (14). Este
documento revela
importância
histórica, por
certificar a
existência de um
grupo de povoadores
em Canas de
Senhorim, que se
davam ao labor da
agro-pecuária. Que
se tornava urgente
arrotear a terra,
fica patente no
texto ao
especificarem-se as
rendas a cumprir
pelos lavradores
"destas herdades que
hora são rotas como
das que se depois se
romperem"(15).
Seria, pois, este o
primeiro foral de
Canas de Senhorim,
que o Rei D. Manuel
haveria de reformar
em 30 de Março de
1514, como será
adiante referido.
Não se aceita hoje
que fosse dirigido
aos povoadores de "Ville
asine" o foral de D.
Afonso III, dado em
Lamas de Orelhão, em
2 de Maio de 1253
(16). Durante muito
tempo atribuído a
Nelas e vendo o seu
texto em latim
traduzido pelo
historiador
Fortunato de Almeida
(17), torna-se mais
do que evidente,
pelos danos do seu
conteúdo, que o
diploma respeita à
povoação homónima do
Alto Douro. Tal
certeza levou o Dr.
Pinto Loureiro a
chamar-lhe um
pseudo-foral na sua
atribuição ao
povoado do
território de
Senhorim. Mas outras
terras envolventes,
ainda na idade
média, receberam
essa incorporação,
como foi o caso de
Folhadal a quem o
rei D. Dinis
concedeu uma carta
de foro para os seus
26 moradores (18).
Também a Aguieira,
conhecida igualmente
por Vila Nova das
Moreiras, já existia
no ano de 1503
englobando as duas
povoações (19).
Alguns documentos
soltos do tempo de
D. Dinis permitem
alargar a história
dessas povoações
oriundas de antigas
"villae" e cujo
conhecimento se
estende ao
território de
Senhorim. Desta
forma conclui-se que
aquele monarca
recuperou o direito
de padroado de
algumas igrejas da
diocese de Viseu,
como foi o caso de
S. Pedro de Santar:
"que se mostra ser
d'El Rei era 1349",
ou seja no ano de
1311 (20). Não é tão
pouco isenta de
interesse a sentença
de Lourenço Peres,
juiz de Oliveira do
Conde, que recebera
instruções para
proceder às
demarcações do couto
de Canas de Senhorim
(21). Do reinado
anterior data ainda
a carta de foral da
terra regalenga de
Algiraz, com o nome
dos moradoresb do
território de
Senhorim, que eram
beneficiados com a
mercê de D. Afonso
III (22).
Da realeza de D.
Fernando impõe-se
destacar a carta de
doação da terra de
Senhorim, dada em
Coimbra a 21 de
Fevereiro de 1372.
Querendo o monarca
agradecer os
serviços de Afonso
Gomes da Silva,
vassalo do Infante
D. João, ordena-lhe
que tome posse do
referido lugar e
exerça nele a
própria autoridade,
excepto no âmbito da
justiça, "pois que
rressaluamos pera
nos as appelações do
crime e a correicam"
(23). Tratava-se de
uma mercê de tipo
senhorial, com o
direito implícito de
Gomes da Silva poder
transmitir aos seus
herdeiros e
sucessores a terra
de Senhorim "e com o
seu termo e com as
suas entradas e
saídas e com todas
suas jusisdições
altas e baixas". Sem
que o topónimo de "Asnellas"
venha mencionado na
carta régia, assim
como os dos
restantes lugares do
território de
Senhorim, a verdade
é que houve uma
doação da coroa que
se aplicava às vilas
e terras
envolventes.
De maior interesse
regional, parece ser
a medida de D.
Fernando, dada em
Santarém, a 5 de
Janeiro de 1370, com
uma nova
regulamentação das
jurisdições locais,
mormente no que
respeita aos
encargos militares
com a defesa do
reino. Tratando-se
dos moradores de
Viseu, o monarca
faz-lhes doação, não
apenas da jurisdição
do castelo e alcácer
da cidade, como de
vários lugares
circunvizinhos.
Entre eles Zurara e
Senhorim e os coutos
de "Rio de Asnes",
Sabugosa, juntamente
com a aldeia de
Ferreirões, e Cota
(24). Torna-se
importante a menção
feita à futura vila
de Nelas, na medida
em que esses
julgados não
pudessem ter juízes,
vereadores,
procuradores do
concelho, meirinhos,
tabeliões ou outros
oficiais "salvo os
que lá forem
postos". O que
equivale a dizer que
"Asnellas" não
usufruiam o direito
de eleger
funcionários da
administração local,
tendo de aceitar os
que a coroa, para o
efeito, para lá
viesse a nomear.
A Terra de Senhorim
com a Dinastia de
Aviz
Com a ascensão ao
trono de D. João I,
mestre de Avis,
aumenta a
documentação
referente ao
território de
Senhorim, com
especial destaque
para o funcionalismo
régio ou municipal
ligado à povoação de
Canas. O cabido da
Sé de Viseu abriria
um processo judicial
contra Diogo Soares
de Albergaria, por
este se haver
apossado, de forma
violenta, da aldeia
de Carvalhal Redondo
que ficava no termo
do concelho e era
património da
referida Sé. Tendo o
monarca aceite as
razões da diocese,
ordenou aos juízes
de Canas de Senhorim
e "e outras justiças
do Reino" para
fazerem cumprir a
sentença. Filho de
Fernão Gonçalves de
Leiria, fiel
servidor de D. João
I e a quem o monarca
dera a coutada do
monte e rio a par
das terras de Santar
(25), o acusante
decerto obteve o
perdão da coroa.
Para o efeito
apresentou cartas
régias que o davam
como senhor das
terras de Santar e
de Barreiro, além de
outras na comarca da
Beira, sem esquecer
que herdou também a
coutada de monte e
rio que seu pai
detivera.
O filho e homónimo
viu esta mercê
confirmada por D.
Duarte (26), não
havendo dúvida de
que gozou de
valimento na corte,
como Cavaleiro da
Casa Real. Ainda no
tempo de D. João I,
na defesa dos seus
direitos senhoriais,
obteve que "non
constrangesen nem
mandasem constranger
os moradores da
terra de Asentar e
de Barreiro". Como
prova o Professor
Vaquero Moreno,
Diogo Soares de
Albergaria
participou em 1437
na frustrada
expedição a Tânger
(27). A
circunstância de
haver tomado o
partido da rainha D.
Leonor de Aragão
contra o infante D.
Pedro, nas cortes de
Lisboa de 1439, não
o impediu de manter
a alcaidaria do
castelo da Guarda.
Seguiu depois a
causa de D. Afonso V
quando da batalha de
Alfarrobeira, pelo
que foi confirmado
na coutada do monte
e rio a par das
terras de Santar.
Tudo explica que o
monarca lhe houvesse
também doado o lugar
de Canas de Senhorim
com todas as rendas,
direitos e
jurisdição (28).
Um dado referido por
Braancamp Freire,
com a autoridade que
punha nas suas
investigações,
surpreende o
estudioso da
matéria.
O cavaleiro Egas
Coelho que servira a
causa de D. João na
guerra de 1383-1385
contra Castela, veio
depois a participar
"traições e
maldades", invadindo
com nobres do reino
vizinho alguns
pontos da fronteira.
Por tal motivo, viu
os seus bens
confiscados em favor
de Diogo Lopes de
Sousa, filho maior
de Frei Lopo dias,
mestre da Ordem de
Cristo. Entre os
bens que passaram de
mãos, contava-se o
"lugar de Nelas",
que havia pertencido
a João Afonso Telo,
6º Conde de Barcelos
(29). A menos que se
trate da terra de
igual nome em
Trás-os-Montes, o
que o documento não
comprova, impõe-se
concluir que o
senhorio de Nelas
recaiu em vários
fidalgos antes de
ser concedido por D.
Afonso V, no ano de
1449, a Diogo Soares
de Albergaria, filho
e neto de antigos
senhores da terra de
Senhorim.
Já com D. João II no
trono, o lugar de "Asnellas",
manteve-se integrado
com as terras de Noa
e Barreiro, a D,
Luis da Cunha,
fidalgo da Casa Real
(30). Os textos da
chancelaria régia
nomeiam Gonçalo de
Cáceres como coudel
dos concelhos de
Azurara e de
Senhorim (31),
passando o cargo, no
ano seguinte, para
Diogo Gonçalves
(32). Antes disso, o
monarca concedera a
Rodrigo Afonso o
ofício de escrivão
das sisas de Canas
de Senhorim (33). E
não deixa de ser
interessante referir
que Diogo Fernandes,
morador em Casal
Sancho do concelho
de Senhorim, por se
haver negado a
ajudar o juiz Pedro
Álvares a prender
João Gonçalves, por
quem fora ofendido,
viu-se condenado a
degredo em Marrocos,
pena que D. João II
depois comutou no
pagamento de 600
reais para a Arca da
Piedade(34).
A chancelaria de D.
Manuel ainda é mais
abundante em fontes
sobre o território
de Senhorim com a
nomeação de muitos
ofícios públicos.
Brás Rodrigues ali
morador, foi nomeado
tabelião da terra em
substituição de
Rodrigo Afonso (35);
Lourenço Pires,
morador em Canas,
recebeu carta de
inquiridor das
inquirições
judiciais de lugar e
do concelho (36);
como escrivão das
sisas, surge, em
1504, Afonso
Gonçalves para todo
o concelho de Canas
de Senhorim (37); os
juizes, concelho e
homens bons de Canas
de Senhorim foram
notificados pela
coroa, no mesmo ano,
da eleição de Fernão
Talesso, escudeiro
de Nuno Martins da
Silveira, para o
ofício de tabelião
do público e
judicial (38); assim
com igual
notificação sobre a
mercê concedida a
Domingos Pereira,
morador em Nelas, do
concelho de Canas de
Senhorim, do ofício
de tabelião do
público e judicial e
de escrivão dos
órfãos (39).
Os Forais de 1514 e
a População em 1527
O Dr. José Pinto
Loureiro demonstrou
que, desde os meados
do século XIII, a
cabeça do território
de Senhorim se
encontrava, não em
Canas, mas no lugar
de Vilar Seco.
A terra era um
curato do abade de
Santar e a sede
administrativa do
concelho, com casa
de audiências,
cadeia e pelourinho
(40). Tal
proeminência vinha,
sem dúvida, do maior
número de habitantes
que residia naquele
lugar em comparação
com os restantes da
terra de Senhorim.
Mas a tradição
medieval havia
fortalecido os nomes
de Senhorim e de
Canas no conjunto do
mesmo território, o
que explica a
inclusão das duas
povoações na reforma
dos forais ordenada
pelo rei D. Manuel.
Assim se justifica a
outorga do foral
novo de Canas de
Senhorim, com data
de 30 de Fevereiro
de 1514 (41), assim
como o concedido a
Senhorim, em 30 de
Março do mesmo ano
(42)
Nenhum dos forais se
refere concretamente
a Nelas, como é
óbvio ainda que
muitas das
disposições neles
contidas tivessem
aplicação legal na
mencionada terra,
que continuou por
muitos a ser chamada
de "asnellas"" A
vida comunitária
regulava-se por uma
série de disposições
ligadas à vida
agrícola e ao
comércio, às artes e
ofícios, ao
vestuário e aos
géneres de
alimentação
habituais. O papel
dos tabeliães, as
taxas prescritas
para a entrada e a
saída das terras,
quem eram os
privilegiados das
portagens, todos
esses aspectos são
mencionados nos dois
forais. O seu exame
torna-se de molde a
estabelecer uma
radiografia
económica e social
da vida corrente no
território de
Senhorim.
Também a coroa não
deixava de conceder
a devida atenção ao
respeito que se dava
às normas judiciais,
o que explica o
número de nomeações
feitas nessa área na
parte final do
reinado de o
Venturoso. Assim,
João Correia,
escudeiro e morador
em Lobelhe do Mato,
viu-se confirmado no
ofício de escrivão
dos órfãos do
concelho de Senhorim
(43), Diogo Dias,
morador em Santar,
teve idêntica
confirmação como
tabelião do mesmo
concelho, "por os
outros dois
tabeliões não serem
ali moradores" (44);
Afonso Gonçalves,
morador em Canas de
Senhorim, recebeu os
cargos de tabelião
do público e
judicial e de
escrivão dos órfãos,
"porquanto Domingos
Pereira, que os
servia, fizera neles
tais erros por que
os perdera" (45); e
outro Domingos
Pereira, morador em
"As Nelas" teve o
cargo de tabelião do
público e judicial
do concelho de Canas
de Senhorim, "além
de outro que aí tem
por nos ser dito que
não há mais que um e
que este concelho é
de 200 vizinhos"
(46).
O cadastro da
população de
Portugal no ano de
1527, oferece ao
estudioso números de
interesse no que
respeita à comarca
da Beira. A
delimitação do
concelho de Senhorim
era feita nos
seguintes termos:
"Este concelho tem
de termo huma legoa
e mea em comprydo e
huma legoa em
llarguo, parte e
confronta com ho
concelho de canas de
senhorym e com ho
concelho de Zurara e
com hos concelhos do
sexo e casall pelo
ryo demóndeguo"(47)
. No lugar e
concelho de Senhorim
viviam 51 moradores
que pelos
coeficientes de 4 e
4,5 correspondiam a
uma população entre
204 e 228 de
habitantes. O total
desdobrava-se nos
seguintes números: o
lugar de Senhorim,
32 moradores (entre
128 e 142
habitantes) e o
lugar de Moreira, 19
moradores (entre 76
e 86 habitantes).
O concelho de
Senhorim, englobando
as terras
envolventes, chegava
a 306 moradores, ou
seja, uma população
ao redor de 1224 e
1327 habitantes.
Formavam o concelho
os seguintes
lugares: Vilar
Seque, cabeça do
mesmo, com 56
moradores (entre 226
e 249 habitantes)
Casal Sanche, 22
moradores (entre 88
e 99 habitantes);
Santar (Sumtar), com
57 moradores entre
228 e 256
habitantes); o lugar
de Moreira e Vale,
com 25 moradores
entre 100 e 112
habitantes); Algirás,
com 17 moradores
(entre 68 e 77
habitantes); Vila
Nova de S. João, com
11 moradores (entre
44 e 50 habitantes);
Vila Ruiva, com 16
moradores (entre 64
e 72 habitantes);
Vila Nova, com 8
moradores (entre 32
e 36 habitantes)
Gondufe e Fontelo,
23 moradores (entre
92 e 104
habitantes); e por
fim, As Nelas e
Roçadas, com 31
moradores (entre 124
e 140 habitantes)
(48) .
Com tudo o que haja
de precário na
avaliação feita,
pode concluir-se que
o então lugar de
Nelas tinha uma
população ao redor
de 130 habitantes, o
que podia
corresponder a uma
trintena de
famílias. Tudo o
mais se ignora para
o tempo, acerca da
vida e das
actividades
económicas da
povoação. Um dado
regional com
interesse diz
respeito à passagem
de D. Edmé de
Saulieu, visitador
da Ordem de Cister,
que no mês de
Dezembro de 1532,
vindo de Santa Comba
Dão, passou cerca de
Nelas a caminho do
convento da Maceira.
O secretário anotou
no relato: "Desde
Santa Comba, ele
seguiu uma boa
estrada até à vila
de Canas, perto da
qual se está a
construir uma casa
de monges da nossa
ordem, colocada sob
a invocação de São
Bernardo e submetida
à jurisdição do
abade de Clairvaux"
(49). Tratava-se do
mosteiro de Vale de
Madeiro, fundado
havia pouco por D.
Filipa de Eça, que
foi primeira
abadessa antes de se
transferir para
Lorvão (50). Por não
possuir rendimentos
bastantes nem
acomodações para um
grande número de
freiras e para
assegurar os ofícios
divinos, o convento
veio a ser extinto
em 1560 pelo cardeal
D. Henrique e dele
não resta hoje
qualquer vestígio.
Notas Soltas Sobre
Nelas
(Séculos XVI a XVIII)
Por mais extensa que
fosse a pesquisa,
não se tornou
possível encontrar o
nome de pessoas
naturais de Nelas
que tivessem caído
sob a alçada do
Santo Ofício, como
réus ou simples
denunciantes. No
livro de sumários da
Inquisição de
Coimbra, não se acha
referência a nenhum
habitante ou oriundo
daquele lugar da
terra de Senhorim
(51). Apenas se
deparou com um
exemplo no
inventário coligido
pelo historiador
António Baião e que
merece ser
mencionado. Assim,
no dia 29 de
Novembro de 1588,
compareceu no
tribunal de Lisboa o
licenciado Pedro
Dias, clérigo
prebístero, natural
de Nelas, que
denunciou uma Inês
Lourenço por haver
casado duas vezes,
sem antes se
certificar se o
primeiro marido
estava ou não vivo
(52). Devemos estar
em presença de um
caso de alguém que
se ausentou para as
possessões do
além-mar e nunca
mais deu notícias do
seu paradeiro.
Outra notícia solta
acerca de um "nelense",
encontra-se na época
da Restauração com o
alvará concedido a
Francisco Pais
Alpalhão, morador em
Nelas, concelho de
Canas de Senhorim,
na comarca de Viseu.
Era filho de António
Lopes Alpalhão e
recebeu os foros de
escudeiro-fidalgo e,
mais tarde, de
cavaleiro-fidalgo,
com 700 reis de
moradia por mês e 1
alqueire de cevada
por dia, pelos
serviços que
prestara no referido
concelho (53).
Ignora-se a
qualidade dos
préstimos que
Francisco Alpalhão
teria feito à coroa,
não sendo de excluir
que tivessem relação
com o advento da
dinastia Nova. O que
parece não oferecer
dúvida é que, nos
meados do século
XVII, o topónimo
Asnellas (As Nelas)
já cedera, na grafia
e no uso corrente, à
forma modernizada de
Nelas que se regista
no documento.
Ainda que os textos
oficiais pouco
refiram acerca de
Nelas no período
anterior ao século
XVIII, não deixa de
ser verdade que na
então freguesia
havia muitos traços
de vida social,
económica e
religiosa. Basta
mencionar os livros
paroquiais de Canas
de Senhorim, para
conhecer os registos
de baptismos desde
1682 a 1700, os de
casamentos de 1619 a
1801 e os de óbitos
entre 1619 1 1911. A
consulta dessas
fontes coevas,
verdadeiras
radiografias de
viver comunitário,
trará decerto ao de
cima muitos aspectos
da vida local. Nomes
e laços de família,
profissões e
ofícios, poderão
extrair-se com
proveito para
aprofundar a
história de Nelas,
desde o tempo dos
Filipes à
proclamação da
República. Vamos
mesmo ao ponto de
considerar os
arquivos paroquiais
como uma preciosa
mina de informações
a explorar (54).
A Freguesia de Nelas
em 1758
No dia 10 de Maio de
1758, era cura da
igreja da Nossa
Senhora da Conceição
de Nelas o padre
José Teodoro do
Amaral. Recebeu este
a incumbência de
responder ao
questionário acerca
do estado da
povoação, que lhe
fora dirigido por
circular pelo
prelado de Viseu, D.
Júlio Francisco de
Oliveira.
O inquérito não
variava em relação
aos que a coroa
havia enviado às
autoridades
religiosas do reino
e que constituem
hoje uma fonte
histórica de
consulta obrigatória
para conhecer a
situação das várias
freguesias na época
posterior ao
terramoto de 1755
(55). A resposta do
pároco de Nelas
afigura-se, pois, da
maior importância
quanto a esta
freguesia do
concelho de Senhorim
e anexa à sua igreja
de Santa Maria,
integrada desde
sempre na diocese e
comarca de Viseu.
A freguesia de Nelas
pertencia ao
padroado da coroa e
não tinha
donatários, contando
ao tempo 247 fogos
num total
correspondente a 385
habitantes. Sendo o
lugar cabeça de
freguesia, dele
faziam parte o lugar
de Algirás, com 47
fogos e 160 pessoas;
o lugar de Folhadal,
com 75 fogos e 248
pessoas; a póvoa da
Roçada, com 3 fogos
e 16 pessoas; e, por
fim, a póvoa da
Venda do Gato, com
igual número de
fogos e 15 pessoas.
A igreja estava
situada fora do
lugar de Nelas,
constituindo o
centro da vida
religiosa na região
envolvente. A
justiça era regida
por um juiz, um
procurador e um
escrivão eleitos
anualmente, ainda
que dependentes do
corregedor da
comarca de Viseu.
Quanto à casa da
audiência, cadeia e
pelourinho,
dependentes do
concelho de
Senhorim, estavam
situados na
freguesia de Vilar
Seco.
O cura Teodoro do
Amaral traça depois
a descrição
geográfica do lugar:
"Nelas é cabeça de
freguesia e está
situada em campina e
dele se descobre a
vila de Gouveia, a
vila de Seia, a vila
de S. Romão, o lugar
de Touraes e o de
Paranhos e o de
Santa Marinha,
casas, povoações
ficam nas abas da
serra da Estrela e
no bispado de
Coimbra. As ditas
vilas ficam em
distância de quatro
léguas e na de duas
o lugar de Touraes e
o de Paranhos uma, e
estas ficam mais
distantes da serra:
O lugar de Santa
Marinha fica em
distância de quatro
léguas e vizinho à
mesma serra. O lugar
de Algirás, que é
também da mesma
freguesia de Nelas,
fica situado em
campina descoberta e
o do Folhadal fica
em um monte e a
Póvoa da Roçada fica
em vale e a Póvoa da
venda do Gato fica
em campina e junto
da estrada real que
vai de Almeida para
a Corte".
A povoação não
dispunha, ao tempo,
de casa da
Misericórdia ou de
hospital, nem
existia nas
redondezas qualquer
convento de frades
ou monjas. A igreja
tinha por orago
Nossa Senhora da
Conceição, dispondo
de três altares com
o altar-mor ao meio,
mas desprovido de
nave.
No lado da Epístola
encontrava-se a
imagem do apóstolo
Santiago metida na
parede, sendo dela
administradores João
Ferreira de Abreu,
morador no lugar da
Lousã, e António
José Morais, que
vivia em Nelas. Nos
dois altares
colaterais viam-se:
no lado da Epístola,
a imagem de Nossa
Senhora do Rosário,
ladeada pelas de S.
Miguel e Santo
António, e no lado
Evangelho, a imagem
do mártir S.
Sebastião.
Acrescenta o pároco;
"e a todas estas
imagens se fazem
anualmente festas na
dita igreja e não há
nela mais que a
irmandade do anjo S.
Miguel. E o sacrário
está colocado no
altar mayor".
O padre José Teodoro
do Amaral
apresentado pelo
vigário da matriz de
Santa Maria de
Senhorim, que era do
padroado da coroa. A
côngrua da cura de
Nelas, era de 6.800
reis, dois alqueires
de trigo para
hóstias, e dois
almudes de vinho
para as missas, e
mais o rendimento do
pé do altar. Dentro
do lugar erguera-se,
em data não
referida, uma ermida
a Santo Cristo com
celebração anual em
3 de Maio, "dia da
Invenção da Santa
Cruz". À festa
acorriam somente os
moradores da
freguesia e nem
sempre havia sermão
por serem parcos os
rendimentos da
ermida. Outras
ermidas existiam nos
lugares ao redor: em
Algirás, um altar
cujos oragos eram S.
Domingos e S. Jorge
com sermão e
procissão anuais; e,
com maior fervor
religioso, a capela
consagrada a Nossa
Senhor da Tosse, no
lugar de Folhadal,
com celebração na
segunda oitava da
Páscoa (56).
Quanto às produções
da terra,
acrescenta-se que
eram, em maior
quantidade, o milho
grosso e o vinho,
que chegava para
consumo dos
moradores e uma
parte ainda enviada
para fora do país. A
colheita de azeite
costumava ser
abundante, mas
ficava toda na
freguesia. Quanto à
produção do trigo e
do centeio era fraca
e ainda menor a da
cevada, o que
ocorria igualmente
com a fruta. No
distrito da
freguesia passava o
rio conhecido por
castelo, sem dúvida
o antigo Rio dos
Asnos que era
afluente do Mondego.
Neste havia
abundância de
peixes, sobretudo de
barbos, bogas e
enguias, cuja pesca
se efectuava nos
meses de Junho a
Agosto. Refere-se em
seguida: "Suas
pescarias são comuns
para todos e só
algumas pessoas
principais que nele
têm algumas levadas
lhes guardam
respeito os
pescadores e não lhe
vão a elas pescar".
Numa alusão às
caldas hoje chamadas
da Felgueira, o
pároco esclarece:
"Não há nele fonte
nem lagoa célebre
mais do que a fonte
ou ribeiras das
Caldas, que divide
esta freguesia da de
Canas de Senhorim,
cuja água tem
virtude para banhos
quentes". Também as
águas do Mondego
gozavam, ao tempo,
de alguma fama: "são
especiais e
virtuosas para
aquellas queixas que
tem o seu remédio
nos banhos frescos".
Aliás, o curso do
grande rio, nas
vizinhanças de
Nelas, não era
"arrebatado" antes
sim corre pelas suas
áreas com sossego e
sem susurro grande
das suas águas".
Na freguesia de
Nelas, laboravam em
água do Mondego três
moinhos de moer pão
e no rio Castelo
estavam quatro
azenhas em
funcionamento. Não
refere o pároco a
existência de
qualquer ponte, a
não ser Ponte Nova,
de pedra e cantaria
com três arcos, que
era o local
obrigatório de
comunicação para o
bispado de Coimbra e
a Serra da Estrela.
A parte final da
resposta ao
inquérito do estado
de Nelas no ano de
1758, não deixa de
comprovar o diminuto
valor em tradições e
valores que a terra
possuía: "Não há
memória que desta
terra e freguesia
florescessem alguns
homens insignes em
virtudes, letras ou
armas e não tem
feira franca nem
cativa, mas somente
naquele dia da
festividade de Nossa
Senhora da Tosse se
armam algumas tendas
e se vendem coisas
comestíveis no lugar
de Folhadal. Não tem
correios e se servem
as pessoas para a
comunicação com o da
cidade de Viseu, que
dista três léguas".
O pároco Teodoro do
Amaral continua a
enunciar a falta de
valores históricos:
"Não tem
privilégios,
antiguidades e
outras coisas dignas
de memória (...) Não
há porto de mar. Não
há na terra praça de
armas nem castelo
(...) Não há nesta
freguesia coisa
alguma que mereça
fazer-se dela
memória".
E para concluir a
resposta ao
questionário, o
pároco afirma não
haver notícias de
jamais se extrair da
terra envolvente
ouro ou outro metal.
Uma curiosa
referência, aliás
notória, em outros
povoados do reino,
declara que os
moradores desta
freguesia usavam
livremente de suas
águas para
fertilidade de suas
terras. A conclusão
de depoimento não
deixa de ser clara e
objectiva: Não há
coisa alguma notável
mais nesta
freguesia, nem as
pude indagar por
notícias que as
tenho referidas
neste papel, para
que fiz todas as
diligências, como
súdito obediente".
Um século depois,
graças à onda de
progresso que se fez
sentir no lugar de
Nelas e seus
arredores, era o
mesmo elevado a vila
e sede do concelho
que antes fora de
Canas de Senhorim.
Vale a pena reunir
alguns dados
históricos que
permitem compreender
essa ascensão
municipal.
Dos Finais do Antigo
Regime ao 3º
Liberalismo
A expulsão da
Companhia de Jesus
criou em várias
cidades, como Viseu,
um grave problema
para o ensino das
primeiras letras e
das matérias que
integravam a
preparação para a
Universidade de
Coimbra. A reforma
do Marquês de Pombal
levou a que antigos
sacerdotes e pessoas
laicas tivessem
concorrido aos
lugares de mestres
de ler e escrever
que foram criados em
vários pontos do
reino. Um dos
candidatos foi
António de Melo
Serrano, secular,
natural do lugar de
Ancada, arciprestado
de Aro e morador em
Nelas.
Contava 28 anos e
boa conduta, tendo
sido aprovado por
seis meses "para
acabar de se
aperfeiçoar na
sílaba", ou seja, na
dicção (57).
Mas tudo permite
crer que não foi
escolhido para
ensinar em Nelas,
pelo que a terra não
foi distinguida em
1772 com qualquer
mestre de ler,
escrever e contar;
nomeado para a
comarca de Viseu
(58).
O atraso no campo da
instrução primária,
que ao tempo se
verificava em Nelas,
não impediu contudo
um aumento da
população, como se
extrai do
numeramento de 1798,
por ordem de Pina
Manique. O
Intendente Geral da
Polícia de Lisboa
mandou proceder à
contagem dos fogos
por freguesias, a
fim de apurar
recrutas para o
exército. Por cada
100 fogos
escolhiam-se, na
proporção 1/25,4
novos soldados para
apetrechar os
regimentos de
infantaria (59) . No
que respeita à
freguesia de
Senhorim, a
população total deu
o cômputo de 1271
fogos e 51 recrutas,
assim discriminados:
Nossa Senhora de
Assumpção de
Senhorim, 315 fogos;
s: Pedro de Santar,
352 fogos; Nossa
Senhora da Conceição
do Aro de Nelas 227
fogos; S. João
Evangelista do
Carval, 141 fogos;
Nossa Senhora da
Expectação de Vilar
Seco, 177 fogos; e
S. Pedro de Espinho,
59 fogos. O que
equivale a dizer
que, nos finais do
século XVIII a
freguesia de Nelas,
com os seus 900
habitantes, era já a
terceira, em ordem
numérica, da terra
de Senhorim (60).
O período da 3ª.
Invasão Francesa,
causou grandes
prejuízos na Beira
Alta, não apenas
quando os invasores
de Massena desceram,
em Outubro-Novembro
de 1810, até às
linhas de Torres
Vedras, como no seu
regresso a França
quatro meses depois.
Muitas casas de
Nelas foram
arrombadas à
coronhada e, pelo
menos 6 habitantes
foram mortos. O Real
Corpo de Engenheiros
instalou-se na
aldeia em Novembro
de 1810, para acudir
às necessidades de
exército (61). O
brigadeiro Francisco
de Paula e Azeredo,
no fim desse ano,
instalou o seu
quartel-general em
Nelas para
guarnecer; com os
voluntários do
Batalhão Académico,
a linha defensiva da
ponte de Alcafache
às margens do
Mondego. Não se põe
em dúvida que a
posição estratégica
do lugar foi então
reconhecida pelas
autoridades
militares, como um
dos eixos da defesa
do centro do país.
Por provisão régia
de 7 de Fevereiro de
1820, criou-se em
Nelas uma feira
franca e isenta de
sisas, a realizar
todos os meses no
sítio do Cruzeiro.
Mas pela
circunstância de a
feira coincidir com
a de Santar, e de
Mangualde satisfazer
as necessidades
comerciais de toda a
região, os moradores
obtiveram a sua
transferência para o
quarto domingo de
cada mês (62).
A Revolução de 1820,
ocorrida no Porto,
em 24 de Agosto, foi
acolhida com aplauso
pela população
local, numa altura
em que o número de
fogos subira na
povoação para 363, o
que correspondia a
uns 1 400
habitantes. Era, ao
tempo, advogado em
Nelas e em Celorico
da Beira o Dr.
António Bernardo da
Costa Cabral, que
haveria de
distinguir-se na
política
oitocentista como
lider do partido
cabralista (63). A
adesão da câmara de
Canas de Senhorim à
realeza de D.
Miguel, no ano de
1828, não foi aceite
pela população, o
que levou ao exílio
de Costa Cabral,
após o movimento da
Belfastada e ao seu
regresso na
expedição de D.
Pedro que
desembarcou em 8 de
Julho de 1832, na
praia do Mindelo.
No dia 4 de Maio, em
Vilar Seco, o
concelho de Canas de
Senhorim jurou a
realeza de D. Maria
II, sendo juiz
presidente o Dr.
José de Melo Pais do
Amaral (64). A
região de Senhorim
passou a depender,
na área militar; do
Governo da Província
da Beira, com sede
em Viseu, tendo por
capitão José Maria
Leite de Portugal.
Dois anos depois, o
concelho aderia à
Revolução de
Setembro e jurava
nova Constituição de
1838. No ano
seguinte, uma
estimativa da
população
apresentava os
seguintes números:
Nelas, concelho de
Senhorim e comarca
de Tondela, com
1.578 habitantes;
Carvalhal Redondo
(Aguieira), com
1.000 habitantes; A
vila e freguesia de
Canas de Senhorim;
com 1.200
habitantes;
Senhorim; vila e
freguesia,
respectivamente com
1.506 habitantes; e
Vilar Seco, com 670
habitantes (65). Mas
as convulsões
ocasionadas pela
queda do Setembrismo
levou a que o número
de fogos, em Nelas,
houvesse descido em
1842 para 294, num
cômputo aproximado a
1.200 habitantes
(66).
A Criação do
Concelho de Nelas
Razões de vária
ordem, desde a
posição geográfica
aos valimentos
políticos que se
fizeram sentir com o
advento da
Regeneração,
justificam que o
lugar de Nelas, por
decreto de 9 de
Dezembro de 1852, se
tornasse cabeça de
concelho com as
freguesias que antes
formavam o concelho
de Canas de
Senhorim. O texto
legal não podia
oferecer dúvidas:
"Havendo eu por
decreto de hoje
mandado reunir os
concelhos de
Senhorim e Canas de
Senhorim em um só
concelho com o nome
de concelho de
Nelas: Hei por bem
ordenar que sejam
dissolvidas as
Câmaras Municipais
de Senhorim e Canas
de Senhorim,
procedendo-se logo
na conformidade da
lei à eleição da
Câmara Municipal do
Conselho de Nelas"
(67). Torna-se por
demais evidente que
o ministro do reino,
Rodrigo da Fonseca,
teve um papel
determinante na
decisão régia que
iria provocar um
forte diferendo
entre as populações
vizinhas.
Não foi imediata a
execução do decreto
de D. Maria II, uma
vez que as primeiras
actas da câmara de
Nelas, segundo o Dr.
Pinto Loureiro,
apenas datam de 7 de
Janeiro de 1845.
Constituiam a
edilidade Miguel
António Ponces de
Carvalho, futuro
conde de Vilar Seco,
como presidente,
tendo como
vereadores Antero
Dias Ferreira, João
de Sacadura Botte
Corte-Real, Bernardo
Homem Freire de Luné
e João Carlos Lobo
de Abrantes
Mascarenhas. Quinze
anos depois, a nova
divisão
administrativa
suprimiu o concelho
de Nelas e
restabeleceu o de
Senhorim, quando
estavam em projecto
as construções dos
Paços do Concelho,
do Tribunal Judicial
e das casas para
magistrados. A
passagem do caminho
de ferro da Beira
Alta próximo da vila
concedeu a Nelas uma
situação de
privilégio na região
de Senhorim pelo que
o concelho foi
restabelecido. No
ano de 1876 já se
encontrava ao
serviço a estação,
embora a inauguração
oficial datasse
apenas de 1884 (68).
O surto demográfico
da vila fora-se
acentuando desde os
meados do século XIX.
Assim, o senso de
1864 apresenta dados
de interesse quanto
às 6 freguesias do
concelho de Nelas
(69):
FogosVarõesFêmeasTotal
Canas de
Senhorim6121.3351,4142.749
Carvalhal Redondo
3697477981545
Nelas5061.1041.0892.202
Santar5131.1001.1732.283
Senhorim5001.0801.0742.164
Vilar Seco
2564845471.031
Total2.7625.8706.10411.974
No decénio seguinte
verifica-se uma
certa estabilização
no quadro
demográfico do
concelho, de acordo
com um dicionário
corográfico então
publicado. Assim,
Nelas surge como
vila, cabeça de
concelho e julgado e
dependente da
comarca de
Mangualde, com uma
população global de
2.198 habitantes.
Dispunha já de uma
direcção de correios
e da escola feminina
do Conde de
Ferreira,
erguendo-se vozes
contra a falada
extinção do seu
julgado: Quanto à
freguesia de Canas
de Senhorim, que
dependia do mesmo
julgado, mantinha-se
ao redor dos 2.785
habitantes. Também
não se verificaram
alterações sensíveis
quanto à população
de Carvalhal
Redondo, com os seus
1.540 habitantes, e
à de Santar, que se
mantinha nos 2.267
habitantes (70). Já
ao tempo fora posta
em arrematação a
construção da
estrada desde Santar
a Canas de Senhorim
(71).
Para se ajuizar a
projecção que a
passagem do caminho
de ferro trouxe ao
desenvolvimento de
Nelas, basta
mencionar as úteis
reflexões do seu
melhor cronista:
"Foi o mais
importante factor do
desenvolvimento do
concelho e
especialmente da sua
sede. Por Nelas
passou a fazer-se
todo o tráfego de
além-Mondego, grande
parte do da capital
do distrito, ligada
à estação com Viseu
e com Seia por
carreiras diárias de
diligência. O
movimento de Viseu
enfraqueceu e quase
se eclipsou com a
construção do
caminho de ferro de
Santa Comba Dão a
Viseu; mas o de
além-Mondego só
muito mais tarde,
com o
desenvolvimento da
camionagem, passou a
escoar-se em certa
medida, pela estrada
da Beira na direcção
de Coimbra" (72).
Como era corrente no
regime liberal,
havia pessoas de
notoridade local que
conseguiam obter da
coroa um título de
nobreza que revertia
em prestígio da
terra. Assim sucedeu
com José Bernardo
dos Anjos e Brito,
proprietário em
Nelas, que por
decreto de D. Luís
de 22 de Agosto de
1870, recebeu o
título de 1º. Barão
da localidade (73).
Quase tudo se ignora
a seu respeito,
incluindo os anos do
nascimento e da
morte, sabendo-se
apenas que casou com
D. Maria Cândida de
Santana Pais
(1829-1868), de quem
teve geração com
apelido de Pais de
Brito. Nada se
tornou possível
apurar acerca do 1º.
Barão de Nelas, nem
da influência que
gozou junto da corte
portuguesa. Mas,
segundo o Dr. Pinto
Loureiro, o titular
fez parte, durante
muitos anos, do
Conselho municipal
de Nelas, onde
gozava da maior
consideração (74).
Nascidas no concelho
de Nelas houve, na
segunda metade do
século XIX, algumas
figuras de destaque
na vida política e
cultural portuguesa.
Tal o caso do Dr.
José Marques Rito e
Cunha (1876-1936),
natural da freguesia
do Folhadal, que foi
cónego da Sé de
Viseu, e algumas
vezes governador do
bispado, que esteve
proposto para as
dioceses de Angra e
de Beja. O
engenheiro agrónomo
Francisco Coelho de
Amaral Reis,
visconde de
Pedralva, nasceu em
Santar, foi deputado
no tempo da
monarquia e na
vigência da
República, ministro
da Agricultura e
governador geral de
Angola (75). Mas, no
campo das letras, a
figura mais notável
do concelho foi o
Dr. Fortunato de
Almeida Pereira de
Andrade (1862-1933),
nascido em Vilar
Seco, que se impôs
pela obra de
historiador a que se
ligou o nome (76).
No ano de 1893
deu-se início à
exploração das
nascentes das águas
da Felgueira, na
freguesia de Canas
de Senhorim,
concelho de Nelas
(77), cuja fama
terapêutica não tem
cessado de aumentar
com os anos. A
câmara concedera o
alvará a José Maria
Marques Caldeira,
que fundou a
Companhia das Águas
Medicinais da
Felgueira em 24 de
Dezembro de 1880.
Assim desapareceu a
antiga designação
vizinha, e surgiu o
nome que perdura de
Felgueira, para
tratamento de
moléstias das vias
respiratórias e da
pele (78).
Entretanto, a região
de Nelas foi-se
tornando, de igual
modo, conhecida pela
qualidade dos seus
vinhos, pela valia
da sua pecuária e
pelo incremento das
explorações
agrícolas que, nos
fins do século XIX,
haviam tomado um
peso importante na
economia da região.
O progresso da vila
acentuou-se no tempo
da Primeira
República, com a
instalação no ano de
1912 de uma casa
para quartel do
Regimento de
Cavalaria nº. 7. Por
se encontrar numa
zona privilegiada
pelas suas belezas
naturais e riqueza
histórica, viria
depois a portaria nº
16.314, de 22 de
Dezembro de 1928,
que considerou o
concelho de Nelas
como uma estância de
turismo. Sete anos
depois, a portaria
nº 8.059, de 25 de
Março de 1935,
aprovaria a
constituição
heráldica da
bandeira, armas e
selo do município
local. Uma faixa ao
centro da primeira,
de cor negra,
representava três
espigas de milho,
como símbolo da
riqueza agrícola do
concelho. Três
cachos de uvas
completavam o
conjunto heráldico,
dois no chefe da
bandeira, de púrpura
e folhados de verde,
e no contra-chefe um
cacho igual. Assim
se prestava justiça
à abundância
vinícola da região,
identificando-se os
seus vinhos com o
lema municipal (79).
Não comporta este
trabalho a descrição
do progresso que na
vila se fez sentir
nos últimos cem
anos, fazendo de
Nelas um dos centros
vitais da Beira
Alta. Hoje dotada
com todos os
serviços públicos,
nos campos da
administração
central, da justiça
e da instrução, a
povoação representa
um eixo fundamental
para quem de Coimbra
segue para Santa
Comba Dão e desta
vila prossegue numa
tripla direcção:
para Viseu, a sede
do distrito, para
Mangualde, na
estrada que conduz a
Espanha, e para Seia
caminhando para a
serra da Estrela. O
desenvolvimento
industrial faz-se
igualmente sentir no
concelho de Nelas,
com as vantagens
decorrentes da sua
localização na área
territorial dos rios
Dão e Mondego.
(1) A única obra
documentada sobre o
tema, pelo menos do
nosso conhecimento,
é do Dr. José Pinto
Loureiro, Concelho
de Nelas (subsídios
para a História da
Beira), 1ª edição,
Coimbra,1940, 2ª.
Edição, pela Cãmara
Municipal de Nelas,
1956, e 3ª. Edição,
idem, 1988. A obra
será mencionada, com
frequência, ao longo
do nosso estudo.
(2) Veja-se António
Pedro Vicente,
Manuscritos de
Arquivo Histórico de
Vincennes referentes
a Portugal, volume
III (1807-1811),
Paris, 1983, p.p.
86-87-88.
(3) Veja-se o texto
do decreto de 9 de
Dezembro de 1852 e
as razões por que o
diploma não teve
aplicação imediata,
em José Pinto
Loureiro, Concelho
de Nelas (Subsídios
para a sua
História), obra
citada, pp, 208-208.
(4) Veja-se do mesmo
autor "Toponymia
Portuguesa
(esboços", em
revista Lusitana,
volume XVI, Lisboa,
19/3, pp 154/155, e
mais recentemente,
"Notas sobre a
toponímia do
concelho de Nelas",
O Instituto, volume
97, Coimbra, pp296,e
e segs.
(5) Veja-se idem,
ibidem, p. 154: "...
ou
internacionalmente
para afastar o
topónimo do seu
radical asno, que
daria ocasião a
gracejos e alusões
chocantes".
(6) Na falta de
mapas regionais para
os séculos XIII a XV.
Veja-se o valioso
contributo do
professor Humberto
Vaquero Moreno,
"Alguns documentos
para o estudo das
estradas medievais
portuguesas" em
revista das Ciências
do Homem, volume V,
série A, Lourenço
Marques, 1972. Não
havendo menção
concreta a Nelas,
regista-se num dos
itinerários a
estrada mais
utilizada entre
Coimbra e Viseu, no
reinado de D.
Fernando (1377).
(7) Trata-se do
antigo mosteiro de
Sperantam Dei, no
concelho de Viseu,
que não se tornou
possível
identificar.
(8) Veja-se
Documentos Medievais
Portugueses.
Documentos Régios,
volume I, tomo I
(1095-1185), por Rui
de Azevedo, Lisboa,
1958. Pp 154-155. "ET
DEPRONT PER ILLUM
RIVULUM DE Sabugosa
de Asines usque in
illa ponte et pergit
in festum per illum
stratam de Sancte
Maria de Canas...".
(9) Idem, ibidem, p.
286, doc. 234: "scilicet
habuerunt de ipso
termini de Barrosa
de Routar usque ad
riuulum de Asinos".
(10) Idem, ibidem,
p. 294, doc, 201.
(11) Portugaliae
Monumenta Histórica.
Diplomata et Chartae,
volume I, p. 552,
Pinto Loureiro, O
Concelho de Nelas,
p. 313.
(12) Veja-se Livro
Preto. Cartulário da
Sé de Coimbra.
Direcção de Manuel
Augusto Rodrigues e
Avelino de Jesus da
Costa, Coimbra,
1999.
(13) Ibidem, idem,
idem, fol. 125,p.
(14) Museu Grão
Vasco, 2º. Livro dos
Privilégios do
Cabido de Viseu, doc,
nº. 50, publicado
por José Pinto
Loureiro, ibidem, pp
315-316, nº. III
(15) Este passo
comprova a política
agréria do rei D.
Sancho I no que
concerne ao
povoamento e cultivo
das terras da Beira.
(16) A..N.T.T.,
Livro 2º. Das
Doações de D. Afonso
III, traduzido em
português pelo Dr.
Fortunato de
Almeida, publicado
por José Pinto
Loureiro, ibidem, pp,
316-317, nº. IV.
(17) Do conteúdo do
documento claramente
se extrai que o
foral não respeita a
Nelas da Beira, mas
a idêntico lugar no
Alto Douro.
(18) A..N.T.T.
Chancelaria de D.
Dinis, Doações,
Livro 1, fol. 159.
(19) A..N.T.T.,
Chancelaria de D.
Manuel I, Livro 35,
fol. 33. 33vº. Carta
régia de Lisboa, 31
de Maio de 1503.
(20) Veja-se Livro
das Igrejas e
Capelas do Padroado
dos reis de Portugal
(1574), com
introdução de
Joaquim Veríssimo
Serrão, Paris, 1971,
p. 41.
(21) Veja-se
Documentos do Cabido
de Viseu, sentença
de 4 de Março de
1303, em Anais das
Bibliotecas e
Arquivos, 3ª. Série,
lº. volume, p. 320,
nº. 52,
(22) A.N.T.T., Livro
1º. Do Rei D. Afonso
III, fol. 132 vº.,
col, 1, publicado
por José Pinto
Loureiro, O Concelho
de Nelas, pp.
317-318,nº. V.
(23) Veja-se José
Pinto Loureiro,
ibidem, pp. 318-319,
nº. VI.
(24) A.N.T.T.,
Chancelaria de D.
Fernando, livro 1,
fol. 49vº.
(25) Carta régia de
23 de Junho de 1395.
ªN.T.T., Chancelaria
de D. João I, livro
2, fol. 103vº.,
publicada em
História Florestal,
Aquícola e
Cinegética, volume I
(1208-1438). Lisboa,
1980, p. 186, doc.
245.
(26) Carta régia de
Almeirim, 17 de
Abril de 1434,
publicada, ibidem,
livro 1, fols. 97,
vº.-98. Veja-se a
sua biografia em
Anselmo Braancamp
Freire, Livro
Segundo dos Barões
da Sala de Sintra,
2ª. Edição, Coimbra,
1927, pp. 77-78.
(27) Veja-se a
Batalha de
Alfarrobeira,
Antecedentes e
Significado
Histórico, 2ª
edição, Coimbra,
1979, pp. 687.
(28) Veja-se a
descrição da terra
envolvente na carta
de confirmação de 15
de Julho de 1449,
confirmando a
Albergaria, a
coutada de monte e
rio na terra de
Santar, pela qual é
proibido matar
porcos e pescar sob
certas penas.
Publicado na
História Florestal,
Aquícola e
Cinegética, volume
II (1439-1481),
Lisboa, 1982, pp.
59-61, nº. k 152.
(29) Veja-se Brasões
da Sala de Sintra,
Livro 1º., 2ª.
Edição, Coimbra,
1921,pp. 284-285.
(30) Carta régia,
dada em
Montemor-o-Novo,, em
19 de Dezembro, de
1484, A..N.T.T.,
Beira, Livro 1, fols.
41-41vº.
(31) Carta régia
dada em Santarém, a
12 de Fevereiro de
1487, A..N.T.T.,
Chancelaria de D.
João II, livro 19,
fol. 148vº.
(32) A..N.T.T.,
ibidem, livro 14,
fol. 9vº.
(33) Carta régia,
dada em Almeirim, a
28 de Novembro de
1482, A..N.T.T.,
ibidem, livro 3, fol.
102
(34) Carta régia,
dada em Lisboa, a 4
de Maio de 1492, A..N.T.T.,
ibidem, livro
26,fol. 39,
publicado em
Documentos inéditos
de Marrocos.
Chancelaria de D.
João II, por Laranjo
Coelho, vol. I,
1943, pp. 383, nº.
CCCLXX.
(35) Carta régia,
dada em Lisboa, a 21
de Maio de 1498, A..N.T.T.,
ibidem, livro 44,
fol. 2vº.
(36) Carta régia,
dada em Lisboa, a 19
de Fevereiro de
1500, A..N.T.T.,
ibidem, livro 12,
fol. 1vº.
(37) Carta régia,
dada em Lisboa, a 12
de Janeiro de 1504,
A..N.T.T., ibidem,
livro 35, fol. 69.
(38) Carta régia,
dada em Lisboa, a 28
de Abril de 1504,
A..N.T.T., ibidem,
livro 23,fol. 12.
(39) Carta régia,
dada em Lisboa, a 21
de Novembro de 1503,
A..N.T.T., ibidem,
livro 15, fol. 53vº.
(40) Além do
numeramento de 1527,
que adiante se
refere, a notícia da
importância
concelhia de Vilar
Seco consta também
das Memórias
Paroquiais de Nelas,
do ano de 1758,
mencionadas infra,
capítulo VII.
(41) A..N.T.T.,
Livro dos Forais
Novos da Beira, fol.
110, publicado por
José Pinto Loureiro.
O Concelho de Nelas,
pp. 329-355, do. IX
(42) Publicado por
idem, ibidem, pp.
320-329, doc. VIII
(43) Carta régia
dada em Lisboa, a 16
de Julho de 1521 A..N.T.T.,
Chancelaria de D.
Manuel, livro 18,
fols. 95-95vº.
(44) Carta régia,
dada em Lisboa, a 25
de Junho de 1515,
Idem, ibidem, livro
24, fol. 70.
(45) Carta régia,
dada em Évora, a 23
de Maio de 1520,
Idem, ibidem, livro
38, fol. 26vº.
(46) Carta régia,
dada em Lisboa, a 27
de Março de 1521,
Idem, ibidem, livro
39, fol. 28vº.
(47) Veja-se o
"Cadastro da
População do Reino
(1527). Actas das
Comarcas de entre
Tejo e Odiana e da
Beira", por J.M. de
Magalhães Collaço.
Revista da Faculdade
de Direito da
Universidade de
Lisboa, ano II,
Lisboa, 1934, p.
189.
(48) Veja-se idem,
ibidem, p. 190.
(49) Veja-se Frère
Claude de Bronseval,
Peregrinatio
Hispanica
(1521-1533), tomo II,
Paris, 1970,p. 507,
nota 271.
(50) Veja-se Dom
Maur Cocheril,
Routier des Abbayes
Cisterciennes du
Porugal, Fundação
Calouste Gulbenkian,
Centro Cultural
Português, Paris,
1986, pp. 140-141.
(51) Veja-se Luis de
Bivar Guerra,
Inventário dos
Processos da
Inquisição de
Coimbra (1541-1820),
Fundação Calouste
Gulbenkian, Centro
Cultural Português,
Paris, 1972.
(52) Veja-se António
Baião. "A Inquisição
em Portugal e no
Brasil", Archivo
Historico Portuguez,
volume VIII, Lisboa,
1910, p. 472.
(53) Veja-se
Inventário dos
Livros de matrícula
dos Moradores da
Casa Real, volume II
(1640-1744), Lisboa,
1914, p. 136.
(54) Veja-se
Inventário Colectivo
dos registos
Paroquiais, volume
I, Centro e Sul,
Lisboa, 1993. P,
426.
(55) Veja-se A..N.T.T.,
Dicionário
Geográfico, volume
25, rolo 463,
Memórias, 14, Nelas.
(56) Pouco se
conhece acerca do
culto a Nossa
Senhora da Tosse, no
lugar de Folhadal,
onde acorriam, na
Páscoa, muitas
populações dos
arredores de Canas
de Senhorim. Tudo
leva a supor que os
romeiros eram
enfermos, antigos ou
recentes, de foro
tisiológico que
pediam alívio para
os seus males.
(57) Veja-se António
Alberto Banha de
Andrade, A Reforma
Pombalina dos
Estudos Secundários
(1759-1771), 2º.
Volume e
documentação,
Coimbra, 1981, p.
318.
(58) Veja-se Joaquim
Veríssimo Serrão,
História de
Portugal, volume VI
(1750-1807), Lisboa
1983, p. 259, e José
Timóteo Montalvão
Machado, No II
Centenário da
Instrução Primária,
1772-1972, Lisboa,
1972, mapa entre as
páginas 116/117.
(59) Veja-se Joaquim
Veríssimo Serrão, A
População de
Portugal em 1798. O
Censo de Pina
Manique, Fundação
Calouste Gulbenkian,
Centro Cultural
Português, Paris,
1970.
(60) Alguns dados
soltos na obra de
Ângelo Pereira, D.
João VI, Principe e
Rei, volume III,
Lisboa, 1956, p.
17-95 e sgs.
(61) Veja-se José
Pinto Loureiro, O
Concelho de Nelas,
obra citada, 1.105
(62) Veja-se idem,
ibidem, p. 109
(63) Veja-se Joaquim
Veríssimo Serrão,
História de
Portugal, volume
VIII (1832-1851), p.
98.
(64) Documento
publicado por José
Pinto Loureiro, O
Concelho de Nelas,
p. 110.
(65) Veja-se Taboa
Geográfico-Estatística
Luzitana ou
Dicionário abreviado
de todas as cidades,
villas e freguezias
de Portugal ... por
um Flaviense, 1839.
Pp. 19-44-96 -
120-123-144.
(66) Veja-se
Baptista de Lima.
Terras Portuguesas.
Arquivo
Histórico-Corográfico
ou Corografia
Histórica
Portuguesa, Póvoa de
Varzim, 1935,p. 353.
(67) Publicado por
José Pinto Loureiro,
O Concelho de Nelas,
obra citada, p. 207.
(68) Veja-se, idem,
ibidem, p. 208, nota
286.
(69) Veja-se Censo
de 1864. Relação das
freguesias do
Continente e Ilhas,
População, sexos,
fogos, Divisão
civil, militar,
judicial e
eclesiástica por J.
da Costa Brandão e
Albuquerque, Lisboa
1866, p. 159.
(70) Veja-se
Agostinho Rodrigues
de Andrade.
Diccionario
Chorographico do
Reino de Portugal
..., Coimbra, 1878,
p. 44-47-124-163.
(71) Veja-se José
Pinto Loureiro, O
Concelho de Nelas,
p. 216,
(72) José Pinto
Loureiro, ibidem, p.
216.
(73) Veja-se Nobreza
de Portugal, vol II,
Lisboa, 1962. P. 47.
(74) O último
titular era, no ano
de 1962, Fernando
Manuel da Veiga
Brito, verificador
da alfândega de
Lisboa.
(75) Veja-se a
enumeração de
figuras ilustres em
José Pinto Loureiro,
O Concelho de Nelas,
pp. 243-260.
(76) Veja-se Justino
Mendes de Almeida
"Fortunato de
Almeida": O Homem e
o Historiador",
Anais da Academia
Portuguesa da
História, II Série,
volume 31, Lisboa,
1986, pp. 465-482
(77) Veja-se Manuel
Bento de Sousa. O
Estabelecimento
Termal das Caldas da
Felgueira, Relatório
do Dr. João Felício,
Lisboa, 1895
(78) Veja-se a
bibliografia reunida
por José Pinto
Loureiro, O Concelho
de Nelas, pp. 227,
nota 304.
(79) Veja-se o
Diário do Governo, I
Série, nº. 68, 25 de
Março de 1935, p.
427.
Nelas
http://www.cm-nelas.pt/menu_2_1.html
Nascido das reformas
liberais do século
passado, que
racionalizaram a
caótica
administração local,
com a existência de
mais de 800
municípios a
debaterem-se com a
falta de recursos, o
Município de Nelas
reuniu os anteriores
Concelhos de
Senhorim (com sede
em Vilar Seco) e de
Canas de Senhorim.
Por Decreto de
9/12/1852, sendo
Rainha de Portugal
D. Maria II e
Ministro do Reino
Rodrigo da Fonseca
Magalhães, foi
“mandado reunir os
Concelhos de
Senhorim e Canas de
Senhorim em um só
concelho com o nome
de Concelho de
Nelas.
Nos 152 anos que se
seguiram, o Concelho
de Nelas caminhou no
sentido de uma
crescente afirmação,
beneficiando de uma
privilegiada
situação geográfica,
no cruzamento das
estradas, que da
fronteira conduz ao
litoral e de Viseu
liga à Serra da
Estrela, e também da
passagem do caminho
de ferro.
Este factor
geográfico, aliado
ao dinamismo das
suas gentes, fizeram
com que Nelas,
durante todo o séc.
XX, assumisse a
primazia industrial
no Distrito de
Viseu. Primeiro, com
os Fornos Eléctricos
e as Minas da
Urgeiriça, em Canas
de Senhorim, na
actualidade, após a
decadência daquelas
empresas, com o
surto de
industrialização de
Nelas.
Orgulhoso do radioso
presente que soube
construir, o
Município de Nelas
está porém virado
para o futuro,
procurando
aproveitar todas as
potencialidades que
a Região do Dão, de
que é o coração, lhe
pode proporcionar.
É assim com o Vinho,
marca de referência
da região. Em Nelas
produzem-se os
melhores vinhos Dão,
está aqui sediado o
Centro de Estudos
Vitivinícolas, é em
Nelas que se realiza
a Festa/Feira do
Vinho do Dão, o
maior evento de
promoção deste
produto com tão
grandes
potencialidades de
crescimento. Mas,
associado ao vinho,
também temos um
magnífico Queijo da
Serra, de cuja
Região Demarcada
fazemos parte, e uma
rica Gastronomia,
patente em
excelentes
restaurantes do
Concelho. Outro
produto de
referência, o
Azeite, fabricado
num moderno,
funcional e
ecológico Lagar
recentemente
construído.
Esta região, situada
entre o Dão e o
Mondego, debruada
mais ao longe pelas
Serras da Estrela e
do Caramulo, possui
uma rara beleza. Por
isso, o turismo tem
aqui enormes
potencialidades,
quer para desfrutar
de uma inigualável
paisagem natural,
quer para usufruir
da riqueza termal
das modernas Caldas
da Felgueira, quer
para visitar e
admirar o valioso
património
arquitectónico.
Referimo-nos aos
solares e casas
solarengas,
testemunhos de um
rico passado
histórico.
Finalmente, a
indústria. Fruto de
uma inteligente e
pioneira política de
industrialização,
instalaram-se em
Nelas modernas
empresas, que
criaram emprego para
toda a região e
geraram rendimento
bastante para pôr em
marcha, o comércio e
os serviços.
Nelas e o Concelho
estão a crescer, sem
pôr em causa a
beleza e o
equilíbrio naturais
e sem desprezar
sectores económicos
tradicionais. Pelo
contrário, estes
também se
reestruturaram e são
hoje marcas de
referência do
Concelho e da
Região.
Concluída a fase das
infra-estruturas
básicas, a Câmara
Municipal, que
muitas vezes foi
locomotiva daquela
transformação,
virou-se já para os
equipamentos
sociais, culturais e
desportivos. É uma
melhor qualidade de
vida que se almeja,
para que a nossa
juventude sinta
gosto em viver em
Nelas e na região,
abandonando a
quimera da grande
cidade.
Oliveira de Frades -
(Concelho do
Distrito de Viseu)

Origem do nome:
«Rocha Martins, do
Arquivo Nacional
(1936)»:”Faltam as
fontes que nos
possam elucidar
sobre a história da
fundação desta vila
da província da
Beira Alta.
Há quem afirme que a
sua fundação data de
D. Afonso Henriques,
mas não é muito
digna de fé esta
asserção, pois que
no tempo de D.
Tareja (D. Teresa),
auxiliada por seu
filho D. Afonso
Henriques, se fundou
o Convento de São
Cristóvão, na outra
margem do rio que
lhe fica fronteiro e
lhe deram a povoação
de Ulveira,
presumindo-se deste
termo lhe derive o
nome de Oliveira.
Como pertencia aos
frades de São
Cristóvão, tomaria o
nome de Uliveira dos
Frades e da
corrupção do
primeiro nome deu
Oliveira de Frades”.
Oliveira de Frades
http://www.cm-ofrades.com
Oliveira de Frades é
terra antiquíssima.
Comprova-o a Carta
de Couto e
Confirmação de
Doação do Couto da
Vila de Ulveira, aos
frades de Santa Cruz
de Coimbra, de 1169,
concedida por D.
Afonso Henriques, no
Balneário de Lafões
(actuais Termas de
S. Pedro do Sul),
onde se encontrava
em tratamentos após
a queda do cavalo,
durante o cerco de
Badajoz.
Estes desejos de
autonomia, já
parcialmente
corporizados no
referido Couto deram
origem a um longo
processo de gestação
municipal, que
culminou com a
restauração
definitiva do
Concelho de Oliveira
de Frades, por
Decreto de D. Maria
II, de 7 de Outubro
de 1837.
Por todo o concelho
proliferam vestígios
de um passado
longínquo,
manifestações de um
património rico e
diversificado. Ao
longo de milhares de
anos, por aqui
passaram e se
fixaram diferentes
povos, deixando
vestígios de uma
prolongada
permanência,
contribuindo para a
humanização da
paisagem.
O megalitismo tem no
concelho uma grande
expressão.
Classificados como
Monumento Nacional,
revestem-se de
especial
importância: o
Dólmen de Arca e o
Dólmen de Antelas. O
último, pelas
pinturas que ostenta
na superfície dos
seus esteios, a
vermelho e a negro,
com mais de 5 000
anos, é considerado
uma jóia
valiosíssima da
pintura rupestre
europeia.
Da Idade dos Metais,
abundam vestígios de
castros e
fortificações
defensivas, como o
Murado da Várzea.
Contemporâneas da
época castreja,
podemos encontrar
gravuras e
insculturas
rupestres. São
sinais gravados em
lajes graníticas,
das quais se
destacam a Pedra das
Ferraduras Pintadas,
que as gentes locais
interpretaram como
sendo os “pés de
todos os animais que
havia em outro
tempo” (laje onde as
“mouras traziam o
ouro ao sol”); a
Pedra dos Cantinhos,
onde, segundo o
povo, estão
representados
moinhos de vento e
alfaias agrícolas,
como pás, enxadas e
gadanhas; e o Rasto
dos Mouros, onde se
podem observar
pegadas humanas e
algumas covinhas ou
fossetes, que
segundo a crença
popular, são
vestígios deixados
pelo “cacete de
ferro” dos Mouros.
Desta época, podemos
também encontrar,
escavadas na rocha,
sepulturas rupestres
escavadas na rocha.
Roma também deixou,
no concelho, marcas
da sua presença.
Destacam-se os
troços bem
preservados de
calçada romana, que
integravam o
trajecto da estrada
que ligava Viseu a
Águeda; e os marcos
miliários (expostos
no Museu Municipal)
que se erguiam ao
longo dessa via.
Na via romana,
também conhecida por
estrada “velha” ou
do “peixe”, durante
séculos cruzaram-se
almocreves, que
forneciam de peixe
as gentes da serra,
e peregrinos a
caminho de Santiago
de Compostela, que
na Albergaria de
Reigoso encontravam
o acolhimento de uma
refeição, o calor do
fogo, a frescura da
água e o conforto de
uma cama.
Excelentes obras de
engenharia
encontram-se ao
longo do percurso de
outros dois eixos
viários
estruturantes do
concelho: a Estrada
Nacional 16,
sucessora da Estrada
Real, com o seu
traçado sinuoso, em
ziguezague
constante, e a
Linha-de-comboio do
Vale do Vouga,
desactivada na
década de 80 do
século XX.
Também o património
arquitectónico é
rico, encontrando-se
disseminados por
todo o concelho,
notáveis edifícios.
Solares e casas
apalaçadas, casas do
Brasileiro e de
casas de matriz
rural beirã,
reflectem
influências
diversificadas que
marcaram diferentes
épocas.
Espalhados pelo
concelho, no
interior das
povoações, em
lugares isolados, ao
longo de caminhos,
em propriedades
particulares,
encontram-se
diversos edifícios e
monumentos de cariz
religioso, como
igrejas, capelas,
cruzeiros, estelas
funerárias e
alminhas.
De todos os
edifícios
religiosos,
reveste-se de
especial importância
a Igreja de Souto de
Lafões, pelos
vestígios românicos
do exterior e pela
riqueza artística da
talha dourada, das
pinturas e dos
frescos medievais.
Reflexo da
religiosidade das
populações locais,
às festas religiosas
e romarias, acorrem
muitos fiéis em
busca de ajuda
divina. A devoção à
Senhora Dolorosa
ultrapassou as
fronteiras da
freguesia de
Ribeiradio e a sua
romaria é das mais
concorridas da
região.
Penalva do Castelo -
(Concelho do
Distrito de Viseu)

Primitivamente
Castendo, passou a
designar-se Penalva
do Castelo por
decreto de 4 de
Agosto de 1957.
Tomada aos mouros
por Fernando Magno,
em 1058, aqui se
estabeleceu mais
tarde a Ordem do
Sepulcro. A mais
antiga referência às
“Terras de Penalva”
aparece na crónica
dos godos de 1056, e
mais tarde no foral
de Azurara de 1102.
D. Sancho l
concedeu-lhe foral,
confirmado por D.
Manuel l em 1514. O
seu ex-libris é a
Casa da Ínsua,
palácio de grande
beleza,
monumentalidade e
opulência,
construído na 2ª
metade do século
XVlll para
residência de
senhores, que têm
como símbolo a
flor-de-lis,
presente por toda a
parte. Os seus
jardins são dos mais
belos do País.
Origem do nome:
«Américo Costa em
Dicionário
Corográfico de
Portugal Continental
e Insular
(1943)»:”Acerca da
etimologia do nome
de Penalva do
Castelo pretendem
certos historiadores
que ele deriva de um
antiquíssimo castelo
romano que se erguia
sobre umas penhas
que se encontram na
povoação. Outros,
segundo menciona o
tenente-coronel
Duarte Veiga no seu
opúsculo “Castelos e
Monumentos Militares
da Beira” opinam que
o castelo se
encontrava na
chamada serra de
Peramuca, numa
grande povoação
romana que ali teria
existido”.
«Xavier Fernandes em
Topónimos e
Gentílicos (1944)»:
"É outra expressão
toponímica
céltico-latina, que
quer dizer (Penalva)
ou seja, pedra
branca”.
Penalva do Castelo
http://www.prof2000.pt
Segundo alguns
estudiosos, os
restos da antiga
vila misturam-se com
as ruínas (na Quinta
do Mosteiro, em
Trancozelos) do
templo da ordem
monástica do Santo
Sepulcro, talvez o
primeiro da
Península, sob
protecção de D.
Afonso Henriques e
da sua mãe. Assim
ficou conhecida por
Vila do Santo
Sepulcro.
Há, igualmente,
vestígios que
comprovam os
povoamentos Celta e
Romano. A antiga
sede concelhia
localizava-se em
Castelo de Penalva,
documentada já em
1058. Castendo
recebeu carta de
foral de D. Sancho
II, em 1240, e D.
Manuel I
outorgou-lhe novo
foral, em 10 de
Fevereiro de 1514.
O nome teve origem
na existência de
antiquíssima
fortaleza (na margem
direita do rio
Alva), de que não
existem vestígios. A
mais antiga
referência, que se
conhece, a Penalva (
Pena Alva), diz
respeito à tomada do
castelo aos mouros
pelo rei de Leão e
Castela, Fernando o
Magno, em 1058,
depois das
conquistas de Lamego
e Viseu.
O primitivo núcleo
da vila ter-se-á
situado nas margens
do rio Om, actual
Dão, entre este e o
rio Côja.
Primitivamente,
Castendo passou a
designar-se pelo
nome actual por
decreto de 4 de
Agosto de 1957.
Ainda hoje, porém, é
costume algumas
pessoas, sobretudo
as mais idosas,
referirem-se à Vila
pelo topónimo
antigo, como
exemplifica a
expressão: vou à
feira a ... Castendo.
Ao visitar-se o
concelho, deparamos
com quadros
paisagísticos de
grande beleza entre
os vales dos rios e
as encostas das
serras. As
deslumbrantes
paisagens com os
vales recortados por
rios e rodeados por
majestosos montes
graníticos são um
regalo para os
sentidos. Nos
montes, com suas
manchas de pinheiro
bravo, abundam
perdizes, lebres,
coelhos e javalis,
proporcionando
excelentes
caçadas.
Para recolha dos
gados, encontram-se
nos montes as
chamadas cabanas,
cortes ou cibanas,
onde também são
guardadas as alfaias
agrícolas e se
abrigam os
agricultores em
tempo de chuva.
Do mesmo modo, nos
quatro rios que
atravessam o
concelho (Dão,
Carapito, Ludares e
Côja), há em
quantidade barbos,
bogas e bordalos.
Trata-se de um
concelho
essencialmente
agrícola. Fruto de
um clima muito
próprio, as terras
de Penalva produzem
um soberbo vinho de
elevadíssima
qualidade bem como a
tão apreciada maçã
Bravo de Esmolfe e o
conhecidíssimo
queijo da serra.
Penedono - (Concelho do Distrito
de Viseu)

É mencionada num documento de
doação feita no século X, por D.
Flâmula, ao Mosteiro de
Guimarães. No século Xl Fernando
Magno, de Leão, apoderou-se do
castelo e povoou a região,
concedendo-lhe foral, confirmado
em 1195 por D. Sancho l e, em
1217, por D. Afonso ll. D.
Manuel l outorgou-lhe foral novo
em 1512. A gente de Penedono
sente orgulho em identificar a
figura de Álvaro Gonçalves
Coutinho, galhardo fidalgo da
terra, com a do “Magriço”, o
mais aventuroso dos Doze de
Inglaterra, que a este país se
deslocou para desagravar a honra
de damas ofendidas.
Origem do nome:
«Rocha Martins, do Arquivo
Nacional (1936)»:”Há várias
versões sobre a origem do nome
Penedono. Dizem uns que vem de
Pena do Dono, isto é, Penha do
Senhor; segundo outros, é a
contracção de Peña Donosa ou
Penha Donairosa, alegre, etc.
Seja qual for a origem, o certo
é que esta origem beirã tem a
esmaltá-la os feitos de Álvaro
Gonçalves Coutinho e seus
antecessores, celebrados nos
romances de cavalaria e na obra
do genial Camões “Os Lusíadas”,
a bíblia de Portugal”.
«Da, Grande Enciclopédia
Portuguesa e Brasileira»:”Não
goza esta vila de abundantes
tradições históricas, bem como o
seu alfoz, não obstante a sua
feição de indiscutível nobreza.
A sua nomeada principal provém
do seu castelo e de se presumir
pátria do célebre “Magriço”.
Situa-se a pequena e vetusta
vila do alto da serra do Serigo,
expondo a vista das suas torres
a uma extensão de muitas léguas.
O primeiro lugar ocupado por
estas terras na história, é-lhe
marcado pelo próprio nome da
serra – Serigo, que parece
genuinamente o nome pessoal
Sigerigo (Sigericus, ainda usado
no século X e significando à
letra “o rei da vitória”, pois
que este topónimo é germânico).
Em 960 a opulenta dona
portugalense D. Flâmula (ou
Chama) Rodrigues, numa doação ao
mosteiro vimiaranense, fundado
por sua tia materna, a condessa
Mumadona, dispõe sobre muitos
castelos desta região:
“ordinamos nostros castellos …
cum alias penellas et
populaturas que sunt in ipsa
Stremadura omnia vindere et pró
remédio anime captivos et
peregrinos et monasteria
distribuere in ipsa terra” (Dip.
Et Ch, nº 81). Entre seus ditos
“castelos”, menciona aquela dama
os de “Pena de Dono” e “Alcobria”,
com seus vizinhos.
Não há dúvida tratar-se do
actual, de Penedono, cujo étimo
é o exposto:”pena” ou castelo
roqueiro de um Dommo ou Dono,
nome usado no século X ainda (a
não ser que o segundo elemento
seja o apelativo domum “dono”
senhor – vindo, portanto, a
tratar-se de um chamadouro,
“castelo do senhor”, da terra,
sem nome particular)”
Penedono
http://www.cm-penedono.pt
Penedono, outrora Pena do Dono,
é sede do Concelho homónimo,
situado a nordeste do Distrito
de Viseu e praticamente
equidistante das cidades da
Guarda, Lamego e da sua Capital
Administrativa, à qual se
encontra ligada, desde sempre,
por fortes laços económicos,
académicos, culturais e
afectivos.
Celebrada como uma das mais
belas vilas de Portugal, assim
como o seu airoso e esbelto
castelo pentagonal (ou hexagonal
imperfeito?), erigido em data
bem anterior ao dealbar da
Nacionalidade, o é entre os seus
pares, mantem inalterado o
perfil medievo do seu centro
histórico, já que as obras de
restauro e edificações
ulteriores, incluindo as mais
recentes, têm, como ponto de
honra, respeitar
escrupulosamente o traço
arquitectónico e o material
granítico da região, nele se
integrando de forma coerente e
harmoniosa.
Para além do seu altivo
pelourinho de gaiola, fronteiro
ao Castelo, com a qual delineia
uma perspectiva estética de rara
elegância, Penedono exibe,
ainda, um património de
atractivos múltiplos, consignado
nas suas seculares igrejas e
capelas, recheadas de arte sacra
nas suas expressões plásticas e
de paramentaria, a que se junta
o austero e majestoso Solar dos
Freixos, há poucos anos
recuperado para acolher,
condigna e funcionalmente, os
Paços do Concelho e outros
serviços da administração
pública central e local.
Rezam a tradição e as crónicas
que, aqui, teve berço Álvaro
Gonçalves Coutinho, o insigne
"Magriço", passado à
imortalidade por Camões no canto
VI dos "Lusíadas", quando o vate
descreve e enaltece, ao ritmo
épico dos decassílabos, o seu
protagonismo exemplar de
valentia e cavalheirismo na
façanha, ímpar, cometida à
frente dos denominados "Doze de
Inglaterra", em chãos estranhos
e longínquos da loira Albion.
E os seus feitos, misto de
galanteria e bravura,
reconhecidos e aclamados até
pela nata da nobreza europeia
coeva, tiveram continuidade na
Flandres e reconfirmação no país
natal, realçando mais e mais o
vinco da sua personalidade, que
saltou da História para a lenda
e desta para o mito.
Sobre a presença do Homem nestas
paragens, pedregosas e frias,
desde os primórdios da nossa
Civilização, mais e melhor que
os muito ulteriores forais, que
sucessivos reis ourtorgaram ou
confirmaram a Penela, Penedono e
Souto, falam as pegadas da sua
errância ou os vestígios da sua
permanência ou passamento, as
penedias, a escrita do cinzel, a
toponímia, o artesanato e
sobretudo o carácter miscegenado,
mas inteiro, do seus naturais,
com os quais o visitante não
pode esquivar-se ao diálogo e,
descodificando o contributo de
toda esta gama de
interlocutores, enriquecer a sua
base de conhecimento, questionar
e procurar respostas sobre a
genuína cultura da nossa
ascendência primeva.
Aqui se fixou o "Homo sapiens"
do megalítico, como o atestam o
dólmen sobre o qual a
Cristandade, muitos milénios
depois, fez erigir a Capela da
Senhora do Monte, hoje em
ruínas, e os demais espécimes
similares entretanto
identificados e agrupados na
estação arqueológica do mesmo
nome, iniciada no termo de
Penela, mas alargando-se, já,
até ao de Castaínço, e as
diversas antas da paróquia que,
nas encostas da Serra do Sirigo,
delas herdou o nome baptismal.
Ao partir à descoberta do
Concelho, muito provavelmente
não virá a deparar com ânforas
de barro cheias de moedas
reluzentes, mas tesouros outros
o esperam e não o desapontarão
em qualquer ponto da sua área
que, de dimensões reduzidas
embora, é altamente
diversificada, a começar pela
geomorfologia.
Sendo fundamentalmente
granítico, Penedono detém uma
zona xistosa e ainda outra
constituída por terras de
aluvião, bordejando as linhas de
água, o que condiciona e explica
a heterogeneidade da sua
vegetação e a fauna que povoam
as suas leiras, olgas, courelas,
poisados e os próprios baldios.
Encontrará, assim, espécies
vegetais que vão da batata ao
castanheiro, do centeio às
oliveiras e amendoeiras, da
videira às pomóideas, do
carvalho ao pinheiro e à
nogueira, da cerdeira aos tão
apreciados míscaros, sejam eles
"pachancas" ou "gasalhos".
Penedono é realmente um
concelho-mosaico ou, talvez
melhor, um espaço-síntese.
Posiciona-se onde "a Beira acaba
e o Douro começa". As aquilianas
Terras-do-Demo, a seguir a uma
piscadela de olho a Luiz de
Veiga Leitão e outra a José
Augusto Seabra, espreitam, além
Douro, como que embaladas ao som
de acordes arrancados ao piano
por Sequeira Costa, os domínios
de Torga, Araújo Correia,
Junqueiro e Trindade Coelho.
Aqui vem cear e pernoitar o frio
que, partido da Estrela, almoçou
e jantou pelo caminho. As
estradas, nacionais ou
municipais, conduzem aos quatro
ventos do País e do Continente.
A terra fria confraterniza com
um micro-clima de solos quentes.
A neve e o sincelo, de Inverno,
revezam-se, chegada a hora, com
a canícula, tantas vezes, de
"inferno". E as domesticadas
vacas, cabras e ovelhas
apascentam-se quase ao lado do
coelho, da lebre, da perdiz e
até do "reco-bravo", da raposa,
do texugo, ou do lobo.
Percorra calma e atentamente o
seu território, que o tempo
despendido trar-lhe-á sempre
mais-valia. Aqui detê-lo-à uma
igreja ou uma capelinha, talvez
com ex-votos expostos, adiante
um pelourinho, um cruzeiro ou
umas alminhas, uma torre de
relógio, mós guardando as portas
de azenhas desactivadas, quiçá
uma inscrição rupestre, um
castro ou um menir, um esquecido
brasão, estações de passos e
água cantarolando nos côrregos e
nas bicas das fontes ou, então,
reflectindo o voo de um bando de
pássaros numa barragem de rega,
ou num açude destinado à
captação de água potável.
Sorva, em êxtase, este ar
despoluído, relaxe os sentidos
no silêncio do vazio e na
profundeza dos horizontes que se
estendem por léguas e léguas ao
redor dos miradouros,
convencionais ou de ocasião,
desfrute as paisagens únicas que
guardará para todo o sempre,
mire bem as pedras, decifre-lhes
a linhagem dos liquenes,
afague-lhes os musgos,
perscrute-lhes os seus muitos
segredos.
Terras na maioria de minifúndio,
sem apreciável aptidão agrícola,
subsolo de expectativas
ciclicamente adiadas (a própria
exploração do volfrâmio, nos
idos da II Guerra Mundial, e
quase toda a céu aberto, não
passou de um "fogo–fátuo" na
animação económica do Concelho),
indústria só agora a dar os
primeiros passos, determinaram,
com o rigor climático, as
drenagens migratórias com um
início porventura tão velho como
a conquista dos novos mundos
pelas caravelas pátrias, e
consumadas, não raras vezes,
após incursões exploratórias nas
rogas para os trabalhos
agrícolas, em terras durienses,
ligadas aos ciclos do vinho, do
azeite e até do pão, quando, não
mesmo, dirigidas a Sul, à
beira-Tejo.
E em todas as freguesias, da
Póvoa à Beselga, do Ourozinho a
Castainço, das Antas à Granja ou
Souto, de Penedono a Penela, em
especial aqui, analise os sinais
exteriores desse êxodo de curta
ou longa data.
Vistosas moradias de estilos
datados, algumas já do século
passado, alinhadas com outras de
figurino rústico tradicional ou
contemporâneo, vêem-se, em
regra, por toda a parte,
identificando até os destinos e
o corte temporal da emigração:
do Brasil à Africa, da França ao
Reino Unido, da Suíça à Alemanha
e Luxemburgo, de Lisboa ao
Porto.
Uma constante, porém. As vias
desimpedidas, sempre, para a
visita curta de férias ou o
regresso definitivo às raízes,
decidida mediante o voto
conjunto da segunda geração e
mesmo da terceira.
Apesar desta sangria laboral,
Penedono não pára no tempo. A
agricultura do centeio, do milho
e da batata sofre a metamorfose
que leva ao pomar bem
estruturado e dimensionado e à
florestação, e o pinheiro, até
há pouco dominante, cansado dos
maus tratos dos incêndios, dá
lugar a vastas manchas de
árvores mais pirorresistentes,
em especial o castanheiro, cujos
frutos reivindicam, em terras
lusas, o primado da excelência.
E da videira ajustam-se castas e
métodos de cultivo, ficando, a
jusante, a vinificação e
comercialização entregues à
Cooperativa da região demarcada.
A indústria aguarda a sua
implantação decisiva para a
conquista de pequenos nichos, ou
da fatia de sobrevivência e
crescimento no competitivo
mercado mundial, tão exigente
nos padrões de qualidade e
adequação à procura como nas
técnicas de penetração, mas
sempre bem-vindas, desde que
benigno o impacte da sua
laboração no ambiente local e
global.
Com todas as freguesias dotadas
de saneamento básico,
electrificação e fornecimento
domiciliário de água, recolha
diária de lixo, vias de
comunicação em melhoria
permanente, ensino infantil e
básico, com continuação até ao
terceiro ciclo em nóveis e
modelares instalações na sede do
Concelho – onde se situam também
o Centro de Saúde, Casa do Povo,
Biblioteca, Museu e Mercado
Municipais, Pavilhão Desportivo
Polivalente, um Centro de Dia e
Lar da Terceira Idade a juntar
aos de Penela – Penedono
prepara-se, a ritmo acelerado,
para vencer o desafio do futuro
europeu, sem descuidar a
preservação e valorização do seu
rico património arqueológico,
histórico, social, paisagístico,
etnográfico, folclórico e
gastronómico. Numa palavra, a
sua identidade.
O Cine –forum, aberto ao público
praticamente em cima do primeiro
centenário do advento do cinema,
será o palco privilegiado para a
demonstração dos valores
culturais que personalizam o
Município (e de que o Rancho
Folclórico de Penedono e o Grupo
de Cantares "O Sincelo" são os
seus lídimos representantes), e,
franqueado ao mundo, o
traço-de-união entre o passado
ilustre e a justificada
esperança no porvir.
Em suma, o curriculum e a
modernidade do Concelho de
Penedono de mãos dadas para o
bem–estar e prosperidade da sua
população, esta, de braços bem
abertos para receber, de forma
hospitaleira e cordial, todos
aqueles que vierem por bem.
Texto de Rui Ferreira Bastos
Penedono
http://www.cm-penedono.pt
São
antiquíssimas as terras de
Penedono. Por todos os lados se
depara com testemunhos de uma
remota ocupação humana, cujos
primórdios se perdem na névoa
espessa dos tempos.
Da cultura dolménica chegaram
até nós ecos significativos. Por
exemplo, o topónimo ANTAS, de
uma das freguesias do concelho,
tem a sua origem, precisamente,
naqueles monumentos pétreos, de
finalidade religioso-funerária,
que os homens do Neolítico, com
esforço sobre-humano, levantaram
há milhares de anos por estes
confins da Beira. Nos visos dos
montes, implantaram-se os
castros; e os Romanos rasgaram
os seus caminhos através destas
serranias ásperas, onde vieram
encontrar o ouro e a prata,
metais preciosos, sempre
apetecidos.
Por aqui erraram, pilhando
haveres e aniquilando vidas,
hordas de povos bárbaros,
alanos, vândalos, suevos e
godos, oriundas do leste
europeu. E dois séculos após,
outros povos invasores, vindos
do Norte de África – os
Muçulmanos – aqui viriam
fixar-se por longo tempo, até
serem definitivamente expulsos,
na 2.ª metade do século XI, por
Fernando Magno, rei de Leão.
Data de 960 o primeiro documento
conhecido, onde o nome de
Penedono é referido na forma
Pena de Dono, o que quer dizer,
segundo a opinião mais
comummente aceite, Penha ou
Castelo de Dono, sendo Dono um
nome pessoal, vulgar no século
X. Tal documento é uma carta,
pela qual uma riquíssima dona, a
"deovota" Flâmula (ou Chama),
encontrando-se doente e temendo
o dia da sua morte, lega a sua
tia Mumadona, fundadora do
mosteiro de S. Salvador de
Guimarães, inúmeras
propriedades, castelos e
povoações, aquém e além-Douro,
incluindo salinas em Aveiro,
para que tudo fosse vendido,
revertendo o produto da venda em
benefício dos cativos,
peregrinos e mosteiros. Entre os
castelos legados, figuravam os
de Trancoso, Moreira, Longroiva,
Numão, Vacinata, Almendra, Pena
de Dono, Alcobia (será Alcarva?...),
Sernancelhe e Caria, e bem assim
outras "penellas et populaturas".
Nos finais do século XII,
pertencia a villa de penna de
dono à coroa dos reis de
Portugal. Com o intuito de
incrementar o seu repovoamento,
outorgou-lhe D. Sancho I,
juntamente com seus filhos, no
ano de 1195, carta de foral,
pela qual são concedidos aos
moradores, especialmente aos
cavaleiros vilãos, muitos
privilégios.
Em Outubro de 1217, foi foral
confirmado por D. Afonso II,
filho e sucessor de D. Sancho I,
juntamente com a sua mulher, a
rainha D. Dulce, e seus filhos,
os infantes D. Sancho, D. Afonso
e Dona Leonor. "A importância de
tal confirmação – sublinha Mário
Guedes Real – ressalta do número
e qualidade das pessoas que nela
intervieram como confirmantes,
nada menos do que oito bispos:
Estêvão, arcebispo de Braga;
Martinho, bispo do Porto; Pedro,
bispo de Coimbra; Soeiro, bispo
de Lisboa; Soeiro, bispo de
Évora; Pelágio, bispo de Lamego;
Bartolomeu, bispo de Viseu;
Martinho, bispo da Guarda; e
ainda Martinho João, alferes-mor
do Rei; Pedro João, mordomo da
Cúria; e mais doze Senhores da
Corte, sendo sete como
confirmantes e cinco
testemunhas".
O último foral de Pena de Dono
data do tempo de El- Rei D.
Manuel I, o Venturoso. Trata-se
do "foral novo", subscrito por
Fernão de Pina, a 27 de Novembro
de 1512. As rendas e os direitos
anuais, devidos à Coroa, fixados
em 2970 réis, deviam ser pagos
pelos moradores e concelho ao
alcaide do castelo da vila. Do
gado miúdo (ovino e caprino) que
sem licença entrasse nos
montados, levaria o concelho 1
real por cabeça; e do gado
vacum, 10 reais.
Seguem-se os capítulos de Armas,
Sentenças e Gado do Vento,
referentes, o primeiro, à pena
de arma; o segundo, à execução
das sentenças; e o terceiro ao
gado do vento, isto é, o gado
encontrado a vaguear pelos
montes, sem dono conhecido.
Entre os direitos particulares,
são mencionados a portagem e o
forno de cozer pão.
Do Cadastro da População do
Reino, elaborado em 1527 por
ordem de D. João III, consta que
na vila de Penedono e seu termo
havia então 486 moradores ou
fogos, o que equivalia a cerca
de 1500 habitantes. O lugar mais
populoso era o das Antas, com
130 moradores, seguindo-se
Castaínço com 85, a Beselga com
82 e a Prova com 78. Em
penúltimo vinha a Vila com 73 e,
por fim, Alcarva com 48. Só as
Antas, por conseguinte, contavam
quase um terço do total da
população do concelho.
Em 1708, segundo refere o Pe.
Carvalho da Costa, pertencia
Penedono à comarca de Pinhel.
Contava a vila 350 vizinhos
(portanto, cinco vezes mais que
em 1527), repartidos por duas
paróquias, de S. Salvador e de
S. Pedro, abadias do padroado
real. Tinha Casa da
Misericórdia, Hospital e cinco
ermidas e sete freguesias no
termo, a saber, Granja,
Castainço, Alcarva, Prova,
Antas, Beselga e Ourozinho.
Pedro Álvares Cabral de Lacerda
e Valadares, descendente de D.
Fernando Afonso Correia, senhor
de Farelães e Valadares, era o
alcaide-mor do castelo.
Na 2.ª metade do mesmo século,
quando D. Joaquim de Azevedo,
abade de Cedavim, compunha a sua
História Eclesiástica da cidade
e Bispado de Lamego, já Penedono,
ao deixar de fazer parte da
comarca de Pinhel, passara para
a de Trancoso.
Por decreto de 23 de Dezembro de
1873, foi suprimido o julgado de
Penedono, apenas ficando a
existir o concelho. Este, por
seu turno, seria extinto em
1895, por decreto de 7 de
Setembro, mas de novo restaurado
em 1898, por decreto de 13 de
Janeiro, com todas as freguesias
que o constituíam antes da
extinção.
Em 1321, reinando D. Dinis,
existiam em Penedono três
igrejas paroquiais, das
invocações de S. Pedro, S.
Salvador e Santa Maria Madalena,
cujas rendas foram calculadas,
respectivamente, em 50, 40 e 100
libras cada uma. No decorrer do
tempo, extinguiu-se a paróquia
de Santa Maria Madalena,
repartindo-se os fregueses pelas
de S. Pedro e S. Salvador. Hoje
já só existe a de S. Pedro.
Texto de Alexandre Alves
Resende - (Concelho do Distrito
de Viseu)

Origem do nome:
«Do, Domingo Ilustrado (1900)”:”
O nome deste concelho provém de
D. Rosendo, primeiro senhor
cristão que o povoou. Este
fidalgo era filho de D. Hermígio
Godines e de D. Dordia Ozores.
Por seu avô D. Ramiro ll, rei de
Leão era de raça real, mas pela
avó, que era a Formosíssima
Zaira e provinha de sangue
árabe”.
«Xavier Fernandes em Topónimos e
Gentílicos (1944)»:”Para
explicar a proveniência do nome,
escreveu-se em tempos que
Rezende (em vez de Resende)
provém de D. Rozendo, primeiro
senhor cristão que povoou o
concelho; que este fidalgo era
filho de D. Ermígio ou Hermígio
Godines e de D. Dordia Ozores,
que por seu avô, D. Ramiro ll,
rei de Leão, era de raça real,
mas pela avó, que era a
Formosíssima Zaira, provinha de
sangue árabe. Ora, o nome de
Resende foi devidamente estudado
por vários autores (Carolina
Michaelis, Leite de Vasconcelos,
J. Piel, etc). Tratar-se
primitivamente dum genitivo
possessivo, de origem gótica,
Redisindi, de Redisindus, de
Reds, concelho, e Sinths,
caminho, expedição, etc.,
revelam bem que se deve ser
aberto o “e” da primeira sílaba
(Rèsende)”.
Resende
http://www.cm-resende.pt/
Resende estende-se na margem Sul
do Douro entre os concelhos de
Cinfães e Lamego numa extensão
de cerca de 17 km. Divide uma
área total de 122,7 km2 por 15
freguesias: Anreade, Cárquere,
Feirão, Felgueiras, Freigil,
Miomães, Ovadas, Panchorra,
Paus, Resende, S. Cipriano, S.
Romão, S. João de Fontoura, S.
Martinho de Mouros e Barrô, que
marca o início da Região
Demarcada do Douro.
O Concelho é essencialmente
rural, com uma actividade
baseada no cultivo de cereais,
batata e produções de azeite,
vinho e cereja. A cereja, que
amadurece duas a três semanas
mais cedo do que no resto da
Europa, é considerada o
ex-libris do concelho, ocupando
uma posição de destaque na
economia local.
Com raízes anteriores à
nacionalidade, doada a D. Egas
Moniz por D. Afonso Henriques em
1130, foi durante a Idade Média
uma das Honras mais respeitadas
do reino.
Uma população que continua a
viver do que a terra oferece,
num cenário que preserva a
ruralidade, mas que acompanhou a
história e guardou dela memórias
grandiosos.
O concelho de Resende,
compreendido entre 40º 59' 8''
de latitude Norte, cota 1120 m
nas margens do ribeiro da
Gralheira, afluente da margem
direita do Cabrum, 41º8'55''
cota no rio Douro em S. Gonçalo
da Ribeira, Freguesia de Barrô,
e entre 1º 17' 8'' cota 960m no
ribeiro Cabril, serra das Meadas
(Mesquitela), longitude Oriental
de Lisboa.
Toda a fronteira Norte do
concelho é banhada pelo rio
Douro, desde S. Gonçalo da
Ribeira (Barrô), até à
confluência do Cabrum, na
extensão aproximada de 17
quilómetros. O concelho
administrativamente pertence ao
Distrito de Viseu. A sua
superfície é classificada entre
os de menor extensão
territorial, apenas 120,60 Km2.
O seu território é
essencialmente Montemurano,
porque se encontra totalmente
localizado na serra de Montemuro
na sua vertente setentrional, na
secção de Leste (com excepção de
Feirão) e vai desde o Cabrum, a
Oeste, até á linha de Cumeeiras
da serra das Meadas, última
ramificação de Montemuro em
relação ao Norte.
A serra de Montemuro é limitada
ao norte pelo rio Douro, no Sul
e Oeste pelo rio Paiva e a Leste
por uma linha que se desdobra
desde Castro Daire em direcção a
Lamego e á Régua.
Esta análise sumária permite-nos
concluir que a região, agora em
estudo, corresponde a uma área
de relevo acidentado e de formas
contrastadas.
A natureza litológica dos
conjuntos montanhosos a Sul e a
Leste as serras do Mouro e do
Poio – ligada certamente a
acidentes de origem tectónica,
explica, em parte, a existência
de vertentes bastante declivosas
e vales encaixados.
De uma maneira geral, pode
referir-se que as altitudes
diminuem de SSE para NNW,
havendo poucas superfícies
planas, visto que, além dos
topos dos relevos principais, só
nos aparecem alguns interflúvios
de topos ligeiramente aplanados.
Os vales são normalmente
estreitos, à excepção de certas
áreas aplanadas nas margens do
rio Douro e de duas pequenas
áreas ligeiramente inclinadas no
ribeiro de S. Martinho de
Mouros.
As vertentes são rectilíneas na
sua maior parte, podendo por
vezes apresentar certos sectores
côncavos ou convexos que lhes
dão um aspecto mais complexo. O
horizonte visual do concelho é
vasto, abrangendo Baião e Mesão
Frio, bem como parte da serra do
Marão.
O megalitismo é um fenómeno
cultural que é representado,
materialmente, pela utilização
de grandes pedras, em granito ou
xisto, quase sempre em bruto ou
sumariamente afeiçoadas, com as
quais se construíram, em
recuadas épocas pré-históricas,
determinado tipo de monumentos,
tais como menires, cromeleques,
alinhamentos, cistas e antas (ou
dólmenes).
Espalhando-se preferencialmente
pela fachada atlântica europeia,
as construções megalíticas,
nomeadamente as antas ou
dólmenes, evoluíram,
arquitectonicamente, a partir do
Neolítico Médio, isto é,
sensivelmente do 5º. milénio
antes de Cristo, até à Idade do
Bronze.
Admite-se, hoje, que os dólmenes
sempre estiveram recobertos por
um montículo de terra e pedras,
engenhosamente colocadas (ou, em
alguns casos, só de terra ou só
de pedras) que envolvia o túmulo
megalítico, destacando-o quase
sempre, na paisagem.
Porque estas pequenas colinas
artificais apresentam,
geralmente, a configuração de
uma calote esférica, o povo
passou a chamar-lhes mamoas,
embora outros termos como “madorras”,
etc., sejam também vulgares. A
principal função destas era a de
servir de túmulos para
enterramentos colectivos.
Em 1991, aquando do desaterro
para construção de habitação
surgiu grande número de
fragmentos cerâmicos e grandes
lajes, o que motivou a paragem
dos trabalhos para averiguação e
consequente processo de uma
intervenção arqueológica de
emergência. Este conjunto de
sepulturas e muros que as
envolvem, localizam-se num campo
agricultado.
Trata-se de uma necrópole de
cronologia ampla, composta por
três sepulturas. Duas, tendo em
conta a sua tipologia, são
apontadas como sendo
tardo-romanas. São de inumação e
em caixão. Cronologia - séc.V
d.C.
A terceira, da qual resta apenas
a parede da cabeceira, pela sua
estrutura, é posterior às duas
supra citadas, datando do séc.
VIII.
Desde os finais do século
passado têm sido inúmeras as
referências ao aparecimento, por
variados motivos e em
circunstâncias diversas, grande
número de materiais
arqueológicos, acções nunca
acompanhadas de qualquer estudo
ou apenas registo sumário.
Estes, segundo algumas vagas
indicações, surgiram por toda a
área de implantação do mosteiro
de Santa Maria de Cárquere e por
toda a elevação, a norte.
Do conjunto de materiais,
destacam-se as muitas placas
funerárias, de granito,
epigrafadas, algumas com
elementos decorativos, objecto
de estudos, tentativas mais ou
menos conseguidas de perceber
cronologias de ocupação e
inserção no contexto da
romanização desta área.
Da ocupação deste local restam
ainda secções de fustes de
colunas, bases e em granito,
fragmentos de mós manuais,
cerâmicas comuns e outros
vestígios superficiais sem
quaisquer contextos.
Em 1998 deu-se início a um
projecto de estudo sobre a
ocupação romana de Santa Maria
de Cárquere, tendo nascido a
ESTACA, Estação Arqueológica de
Cárquere.
Santa Comba Dão - (Concelho do
Distrito de Viseu)

Povoação de origem provavelmente
visigótica, deve seu nome à
abadessa beneditina Columba,
martirizada com outras
religiosas quando de uma invasão
árabe. Recebeu foral de D.
Teresa e do conde D. Henrique,
em 1192. D. Manuela l
concedeu-lhe foral novo, em
1514. Seu nome liga-se a uma das
mais discutidas figuras da
história portuguesa, do século
XX, António de Oliveira Salazar,
aqui nascido.
Origem do nome:
«Xavier Fernandes em Topónimos e
Gentílicos (1944)»:”Todos os
autores concordam em que a
designação desta vila beiroa
provém do referido facto passado
no ano de 9º3, em que o chefe
mouro Almançor mandou martirizar
uma freira, conhecida por Santa
Comba e que foi uma das quatro
santas do mesmo nome,
martirizadas em território
português (as outras três foram:
Santa Comba do Alentejo, Santa
Comba de Coimbra e Santa Comba
de Lamas de Orelhão).
Dão, como se sabe, é um afluente
do rio Mondego. Parece que o seu
verdadeiro nome era simplesmente
OM, mas começou a dizer-se d’Om,
depois rio Don, e por fim Dão”.
Do mesmo autor e da mesma obra:
“Certamente por se quis
homenagear a memória da freira
mártir, deu-se ao povoado o seu
nome e, para caracterizar
melhor, acrescentou-se-lhe como
determinativo o nome do rio.
Deste modo, devia ter ficado
Santa Comba do Dão, de que
resultou haplologicamente Santa
Comba Dão.
A vila que recebeu o seu
primeiro foral dado pelo conde
D. Henrique em 1102 e, renovado
por D. Manuel l em 1514, tem os
seus pergaminhos históricos. Em
19 de Setembro de 1810 lá se
travou uma batalha entre
portugueses e as tropas
francesas comandadas por
Massena. No século XV, Santa
Comba Dão foi título de condado,
concedido a D. João Galvão, que
foi bispo de Coimbra de 1460 a
1481”
“Pai e Verdugo” de Lendas de
Portugal, da escritora portuense
Emília de Sousa Costa – Porto
(edição sem data):
“Roma poderosa e imortal estende
o seu domínio sobre a Ibéria.
Comba, alma sensível e ardente,
flor de misterioso encanto,
formosura maravilhosa e
deslumbrante, virtude
irrepreensível, é filha dum
conde – cujo nome a lenda não
fixa.
Inflamada pelos esplendores da
fé cristã, na qual fora iniciada
pela aia que a ocultas a fez
baptizar, entrega-se ao seu
credo com a firmeza do
sentimento mais puro, vivo e
penetrante.
A uma época de tolerância
religiosa, sucedem as
perseguições contra cristãos.
O pai de Comba é dos primeiros
magnates ibéricos a acatar o
édito imperial.
Certo guerreiro e nobre romano
vê Comba e, fascinado pela sua
beleza, namorado das suas
graças, apaixona-se por ela.
Declara ao conde a sua paixão.
Este recebe a confidência, como
honra insigne, com grande
orgulho e infinito prazer.
Chama a filha e dá-lhe
conhecimento da deliberação
tomada: Casá-la com o romano. A
ordem paterna admite discussões.
Meigamente, Comba pede apenas
que lhe seja permitido, antes, o
comunicar com o guerreiro.
Obtida a mercê, corajosa e
decidida lealmente lhe assevera:
- Sou cristã, pela graça de
Deus. Se quer casar comigo, terá
de abjurar as suas crenças
heréticas, não mais sacrificar
aos falsos deuses.
O romano, confuso, não sabe se
há-de tomar a sério, se a
brincar a inesperada e ousada
proposta. Afigura-se-lhe frívola
infantilidade.
Procura de novo o conde,
participa-lhe a imposição de
Comba e estranha, por palavras
ásperas, que assim se cumpram os
éditos do imperador.
O conde, enfurecido, chama a
filha à sua presença. Em frases
curtas e impressivas, os olhos
coruscantes, anuncia-lhe que o
casamento se realizará na manhã
seguinte.
Para mostrar fiel obediência aos
éditos imperiais, dispõe ainda
que em seus domínios se procure,
sem demora, dar caça implacável
e morte afrontosa a todos os
cristãos.
Comba recolhe aos seus
aposentos, e, apesar de bem
vigiada, consegue fugir,
acompanhada pela aia, sua
catequista.
Por entre selvas e matagais,
abrem caminho as fugitivas,
correm velozmente, insensíveis à
dor, sem medo à treva,
ferindo-se, ensanguentando-se,
lacerando as roupas e os corpos.
Quase extenuadas, chegam próximo
de Coimbra, mas não se atreveram
a entrar na povoação.
Desviando-me de trilhos
desconhecidos, apenas rompe o
dia, continuam a caminhar até um
monte, onde uma pastorinha boa e
carinhosa, condoída, lhes dá
alimento e agasalho na sua
gruta.
A aia não se demora. As
instigações imperativas de
Comba, parte para mais longe,
andando só de noite, e
conseguindo milagrosamente
furtar-se aos perseguidores.
Comba a Deus entrega e confia a
sua sorte. Alguns dias vive no
monte, em companhia da
pastorinha, a quem oculta a sua
condição. Medita e reza.
Não abranda a cólera do conde
pelo desaparecimento da filha.
Pelo contrário, à medida que se
vão manifestando infrutíferas as
buscas, requinta a sua ira.
O apaixonado guerreiro romano,
agora ciumento e despeitado, não
só estimula a perseguição como
nela toma parte activíssima.
Pletórico de rancores, com
frenesis de cólera, percorre dia
e noite, montes e vales, seguido
dos seus homens de armas,
fazendo batidas minuciosas nas
serras. Ao fim de grande
canseira, descobre o esconderijo
de Comba.
Ressuma ódio, delira em sôfregos
ímpetos de vingança bárbara, ao
denunciá-la ao pai. Este
abrasado em fúria parte açodado
com o seu séquito e dirige-se ao
local onde se encontra a filha.
Do alto duns penhascos a
pastorinha vê ao longe o galopar
da cavalaria sinistra.
Desconfiada, ávida Comba, que
imediatamente compreende o
perigo ameaçador a pairar sobre
a sua cabeça. Manda afastar a
pastorinha e o rebanho
apressadamente. O conde não se
aproxima. Em voz tonitruante e
sarcástica ordena:
- Lancem o fogo ao mato para
fazer sair os coelhos ! Cerquem
a monte !
Executaram imediatamente as suas
ordens cruéis. Prodígio singular
! – o mato não arde. Arrebatado
por sanha feroz, o pai carrasco
não pode conter-se. Rangendo os
dentes, os olhos chamejantes,
acomete ele próprio contra o
mato incombustível, na tentativa
de incendiá-lo. Em vão.
A raiva cega-o. Não atenta em
milagres. No seu peito,
sobrepõem-se, a todos os
naturais instintos humanos, a
ira de ver-se desobedecido, o
temor de desagradar a Roma.
Manda que os soldados percorram
a serra e arrastem a filha até
junto dele, viva ou morta. Os
soldados, após afadigadas
buscas, encontram Comba de
joelhos, em êxtase, as mãos
levantadas, um nimbo de oiro a
aureolar-lhe a cabeça de finos e
sobrenaturais resplendores. Não
se atrevem a tocar-lhe. Pedem
que os acompanha à presença de
seus pai, que a espera.
Comba levanta-se e animosa segue
os soldados.
O conde, a pedido do apaixonado
romano, que ao ver Comba se
sente prisioneiro dos seus
encantos, do sacrilégio da sua
formosura peregrina, de novo
impõe à filha que case com o
noivo por ele escolhido. Comba
responde com voz doce, clara e
firme, em singeleza expressiva:
- Sim, meu pai e senhor –
casarei, se ele abjurar o
paganismo e quiser professar a
religião de Cristo que por nós
morreu na Cruz.
O pai manda levantar uma cruz e
ameaça-a:
- Ou casas, ou, se preferes a
cruz, nela sofrerás morte vil e
afrontosa.
Comba levanta ao céu os olhos
meigos e lindos ao exclamar:
- Senhor, só Vós sois a minha
esperança ! Dai-me forças para
morrer alegremente por Vosso
amor !Eu vos entrego a minha
alma !
Estende os braços ao suplício.
Os olhos castos e luminosos
sorriem. A sua beleza
transfigura-se, subtiliza-se,
ascende – torna-se divina.
No local onde Santa Comba foi
crucificada, levanta-se uma
capelinha. Na gruta que foi seu
abrigo, jorra uma fonte. Com o
seu nome abençoado por Deus, se
baptizou a povoação próxima”
Santa Comba Dão
http://www.cm-santacombadao.pt
No
coração de Portugal, terra
beiraltina por excelência, Santa
Comba Dão tem uma história que
se perde no tempo. Local de
confrontos quando os romanos
dominavam na península ibérica,
o carácter do santacombadense
transporta consigo o código
genético e a vontade indomável
dos lusitanos. As escarpas
acidentadas desenhadas pelos
rios Dão, Mondego e Criz que
fazem deste concelho uma
península, obrigam o Homem a uma
constante luta com a Natureza.
Mas é a água que molda o
espírito e a montanha que
transforma o corpo! Santa Comba
Dão é a imagem das suas gentes:
rebelde, activa, leal,
determinada mas também sensível
e de grande coração!
A orografia marca bem a
paisagem. Os rios e as inúmeras
ribeiras ligam-nos à água fonte
da vida e cura de todos os
males. Santa Comba Dão possui
características únicas para o
turismo de qualidade. Aqueles
que apreciam o bem-estar, a
segurança e o descanso,
encontram neste concelho todas
as condições para usufruir de
uma qualidade de vida
inigualável.
O Concelho é relativamente
pequeno, 114 Km2 de área e
14.000 habitantes. No entanto,
possui dos mais altos índices de
densidade populacional da Região
Dão – Lafões, distribuídos por 9
freguesias praticamente cobertas
por todas as infraestruturas
básicas. A separá-las, o rio
Dão, deixando cinco na margem
Norte – Nagosela, Treixedo, São
Joaninho, Couto do Mosteiro e
Santa Comba Dão, e quatro na
margem sul – Vimieiro, Óvoa,
Pinheiro de Ázere e São João de
Areias. Boas acessibilidades
rodoviárias, IP3, IC12, EN234 e
estradas de ligação municipais
com condições razoáveis,
misturam-se com caminhos rurais
e florestais que conduzem aos
locais mais belos da albufeira
da Barragem da Aguieira. O
caminho-de-ferro continua também
a ser meio de transporte
privilegiado para aqueles que
gostam do conforto dos comboios
intercidades da Linha da Beira
Alta que fazem escala na Estação
de Santa Comba Dão. A malha de
transportes completa-se com uma
cobertura via Autocarro, pois
Santa Comba Dão é paragem
obrigatória para mais de uma
centena de destinos da rede
Expresso no País.
As infraestruturas de apoio são
de boa qualidade, pois possui um
Centro de Saúde de última
geração, bem equipado e com
profissionais competentes, um
corpo de Bombeiros altamente
treinados e equipados, heliporto
com helicóptero permanente do
Serviço Nacional de Bombeiros e
Protecção Civil, um quartel da
GNR moderno, dotado de várias
valências como sejam equipas de
SEPNA, GIPS e NIC, que garantem
aos cidadãos uma cobertura
eficaz em termos de segurança de
pessoas e bens, infraestruturas
para a prática desportiva e
actividades culturais em todas
as freguesias, cobertura social
em franca evolução, comércio e
serviços para dar resposta a
todas as solicitações e, acima
de tudo, um povo alegre, bem
disposto, amigo, que sabe e
gosta de receber aqueles que
visitam a sua terra. A
gastronomia é tipicamente beirã,
destacando-se os pratos de caça
como o coelho e o javali e os
pratos tradicionais como a
chanfana, a lampreia e o
bacalhau, os enchidos de porto,
as bolas de bacalhau e carne com
míscaros, a broa de milho, etc.,
tudo regado com o bom vinho do
Dão.
Umbilicalmente ligada a 40 anos
da história recente do nosso
País, Santa Comba Dão ainda vive
com as marcas de ter sido o
berço de António de Oliveira
Salazar. Passados mais de 30
anos desde que se deu a
Revolução dos Cravos, em 25 de
Abril de 1974, começam agora os
santacombadenses a enfrentar com
dignidade a “herança” que a
História lhes legou. Em
preparação está a construção de
um Museu e Centro de Estudos nos
terrenos e edifícios onde nasceu
e viveu Oliveira Salazar, cujo
objectivo é proporcionar às
novas gerações e aos que viveram
o Estado Novo, uma abordagem
séria e pragmática e, portanto,
isenta de qualquer carga
ideológica, desse período da
História de Portugal,
aproveitando-se um manancial de
documentos e bens pessoais que
se encontram na posse do
município.
Ligado a este projecto está em
marcha a transformação da antiga
Linha de Caminho de Ferro do
Dão, em Ecopista, a qual
proporcionará, aos cada vez mais
adeptos do turismo ambiental, um
passeio único pelas margens do
rio Dão. A malha dos projectos
âncora ao nível do turismo fica
completa com a construção de um
complexo hoteleiro ligado à
saúde termal, junto à povoação
do Granjal, que tirará partido
da captação de águas sulfurosas
quentes em execução, e com a
aprovação do Plano de Pormenor
da Senhora da Ribeira, local de
uma beleza sem igual, banhado
pelo rio Mondego, aqui
semelhante a um lago
consequência da proximidade da
Barragem da Aguieira, onde se
prevê a construção de dois
aldeamentos turísticos e um
Hotel Turístico num total de 400
camas, de um porto de recreio
para 150 embarcações e de
espaços públicos para lazer e
fruição do espelho de água.
Santa Comba Dão está, pois, no
limiar de uma grande
transformação. Ciente das
potencialidades que tem num
sector fundamental para o País,
prepara-se para alterar a matriz
de uma sociedade eminentemente
agrícola, com uma economia
ligada ao sector primário, e
apostar fortemente na indústria
do futuro – O TURISMO.
É pois, a hora de investir neste
sector. Há terrenos disponíveis,
há vontade da autarquia, há
enormes potencialidades, há
mercado nacional e estrangeiro,
faltam as infraestruturas de
qualidade para responder a este
desafio. Os santacombadenses,
com o seu carácter, saberão
adaptar-se aos novos tempos e
estarão prontos para embarcar no
comboio que os há-de levar a um
futuro bem melhor! O desafio aos
investidores está feito; quem
aproveitar a grande oportunidade
que começa a surgir estará na
linha da frente de um Plano de
Desenvolvimento que irá
projectar não só este concelho,
mas também a região.
Santa Comba Dão
http://www.cm-santacombadao.pt
Presume-se que a origem de Santa
Comba Dão remonte ao tempo
anterior à Reconquista Cristã,
surgindo como primeiros
documentos duas cartas de
doação, datadas,
respectivamente, de 974 e 975. A
primeira tem como doador Oveco
Garcia e a segunda Nunio
Gonçalves, fazendo ambos uma
vasta doação ao Mosteiro de
Lorvão. Em 1102 esta instituição
religiosa outorga uma carta de
foro aos moradores de Santa
Comba e Treixedo, procurando
atrair moradores, uma vez que
esta zona fora bastante
devastada durante a reconquista.
Vivia-se então um clima de
instabilidade política
administrativa, facto que deve
ter estado na base da
transferência das terras de
Santa Comba , do Mosteiro de
Lorvão para o Bispado de
Coimbra. Situação que se manteve
pelo menos até 1472, já que é
deste ano um documento onde D.
Galvão, Bispo de Coimbra, se
intitula Conde de Santa Comba
Dão.
Resultante da reforma Manuelina
dos forais, mas não no sentido
de autonomia dos municípios, aos
12 de Setembro de 1514, D.
Manuel concede a Santa Comba Dão
a sua carta de foral. Da mesma
época são também os forais de
São João de Areias, Pinheiro de
Ázere, Óvoa e Couto do Mosteiro.
Em 1836 foram extintos os
concelhos de Óvoa, Couto do
Mosteiro e Pinheiro e integrados
como freguesias no concelho de
Santa Comba Dão.
Em 04 de Junho de 1837, Nagosela
até então pertencente ao
concelho de Tondela foi
integrada na freguesia de
Treixedo.
Em 1895, foi extinto o concelho
de São João de Areias e
incorporado como freguesia no
concelho de santa Comba Dão.
Já nos nossos dias através da
Lei n.º 40/84, de 31 de
Dezembro, Nagosela desmembra-se
da freguesia em que havia sido
integrada em 1837 e dá lugar à
criação de uma nova freguesia,
mantendo a designação de
“Freguesia de Nagosela”.
Outros Contributos Históricos
A origem de Santa Comba Dão
perde-se no tempo. Diz-se que
uma Abadessa Beneditina, de sua
graça, Columba teria sido
martirizada, numa das incursões
árabes sobre a Península
Ibérica. Estava-se no ano de 982
da Era Cristã e o tempo era de
guerra entre Mouros e Cristãos.
Columba ficou Santa e o tempo
tornou-a Santa Comba. As águas
do Dão fizeram o resto.
Mas a história de Santa Comba
Dão começou muitos séculos
antes. Há vestígios na toponímia
que nos levam a supor que desde
o Paleolítico estas terras
seriam habitadas. Anta, um
pequeno lugar, na margem
esquerda do Dão, teima em
revelar-nos essa probabilidade.
São depois vestígios dispersos
de que vários autores nos dão
notícia, ou a leitura atenta dos
Documentos Medievais Portugueses
que nos confirmam a existência
de um chamado "Castro de Comba".
Mas há vestígios de ocupação
Romana dispersos por vários
locais: em Patarinho, Óvoa, onde
provavelmente existia uma "Villae"
Romana, no Passal das Igrejas de
Couto de Mosteiro ou de Treixedo
onde um olhar atento nos devolve
da terra restos de cerâmica
Romanos.
E naturalmente que vias do
Império cruzariam estas terras.
Há mesmo quem defenda que Vila
de Barba tenha sido um povoado
fortificado pelos Visigodos, que
teriam ocupado o castro aqui
existente e a este lugar teriam
chamado Borga. Mas certas são as
notícias que temos do Século X:
em 974 sabemos que Oveco
Garseani faz doação do que
possuía na villa de Sancta
Columba ao Mosteiro do Lorvão;
em 981 é o Conde de Coimbra,
Gonçalo Moniz e sua mulher
Mamodona que doa ao Mosteiro do
Lorvão villas diversas onde é
apontada a "Villa de Treixedo
com o seu monasterio" e é na
doação de 985 que é referido o "monasterio
Sancti Georgi". É pois correcto
afirmar que por estes anos do
Século X, Santa Comba era
bastante povoada e os seus
pequenos Mosteiros marcariam a
paisagem.
Nos conturbados anos da
Reconquista e, pelas cartas de
povoamento atribuídas quer pelo
Mosteiro do Lorvão, quer pelo
Bispo de Coimbra aos habitantes
de Santa Comba e Treixedo,
sabemos que toda esta região foi
fortemente devastada. Correm os
anos e também os
desentendimentos entre o
Mosteiro do Lorvão e o "tenente
da terra" de Besteiros, ali ao
lado, a propósito da posse de
Santa Comba. Mas é certo que o
Prior do Lorvão diz ter povoado,
reedificado e restaurado o
castro de Santa Comba "com o
consenso dos mandantes pátrios".
Era o Conde D. Henrique, Senhor
de Portugal.
Entre a Sé de Coimbra e o Lorvão
passam depois as
desinteligências sobre os bens
que aqui, uns e outros possuíam.
D. Afonso Henriques confirma as
doações de seus pais e atribui
cartas de confirmação de couto a
Santa Comba, S. João de Areias e
Treixedo.
São João da Pesqueira -
(Concelho do Distrito de Viseu)

Origem do nome:
«Da, Grande Enciclopédia
Portuguesa e Brasileira»:
“Embora a vila antiga e moderna
da Pesqueira se situe a uns três
quilómetros do Douro, onde se
precipita um apertado e
declivoso vale, o topónimo
respectivo deriva da existência
de algum importante local de
pesca com todos os seus
requisitos e denominados
“pesqueira” (de um latim
piscaria ?); e a sua aplicação é
anterior à fundação da
Nacionalidade – e, decerto,
mesmo de séculos anterior a
ela”.
«Xavier Fernandes em Topónimos e
Gentílicos (1944)»:”Sobre São
João da Pesqueira, o último
vocábulo foi por certo
aproveitado do mesmo nome comum,
pesqueira, tirado dum baixo
latim, piscaria. Provável é que
a localização do antigo povoado,
sobre a margem esquerda do rio
Douro, e o possível
estabelecimento de armações de
pesca possam explicar a adopção
do mesmo determinativo final do
topónimo”.
São João
da Pesqueira
http://www.esprodouro.com
O
concelho de São João da
Pesqueira está situado no
coração do Douro, sendo limitado
a norte, pelo rio Douro, a
leste, por Vila Nova de Foz Côa,
a ocidente, por Tabuaço, a
sudeste, por Penedono e, a
sudoeste, por Sernancelhe.
Este município ocupa uma área de
cerca de 266 Km2, distribuída
por catorze freguesias:
Castanheiro do Sul, Ervedosa do
Douro, Espinhosa, Nagozelo do
Douro, Paredes da Beira,
Pereiro, Riodades, São João da
Pesqueira, Soutelo do Douro,
Trevões, Vale de Figueira,
Valongo dos Azeites, Várzea de
Trevões e Vilarouco.
O concelho de São João da
Pesqueira é dos maiores e dos
melhores produtores de vinho
fino, uma das mais importantes
fontes de receita e
sobrevivência da lavoura
duriense.
Terra de raízes antigas, o
apelido de Pesqueira no XII,
vem-lhe da abundância em peixes
no cachão da Valeira, local aqui
próximo. Apesar do Douro não lhe
ser mais do que limite, é este o
gerador das suas maiores
riquezas
O povoamento deste território
remonta a tempos longínquos, tal
como se pode verificar nos
consideráveis vestígios
arqueológicos.
No período da alta Idade Média,
a vila era acastelada,
devendo-se um dos primeiros
repovoamentos a Afonso III de
Leão. Esta teve o seu foral em
1110, concedido por D. Afonso
Henriques, ainda infante.
Contudo, segundo Viterbo, já D.
Fernando Magno, bisavô do nosso
primeiro rei, lhe havia
concedido tal prerrogativa no
ano de 1055.
Pela sua localização
geográfica e pela sua história,
o concelho de São João da
Pesqueira é detentor de um
vasto, diversificado e rico
património natural, arqueológico
e arquitectónico, que fará as
delícias dos turistas mais
atentos, aconselhando-se uma
visita demorada a cada uma das
simpáticas e acolhedores catorze
freguesias.
São João da Pesqueira
http://riodades.no.sapo.pt/historia.htm
Seguramente, é das vilas mais
antigas do reino de
Portugal....e dos Algarves.
E tem vaidade nisso, tem sim,
senhores! Pergunte-se a um
pesqueirense da rua e logo dirá
que o rei que o rei de Leão e
Castela (Fernando Magno), depois
de conquistar o castelo de S.
João aos mouros, deu-lhe foral
antes do bisneto (Afonso
Henriques) nascer e fundar
Portugal.
Famílias fidalgas, da mais
antiga nobreza, tiveram em São
João da Pesqueira origem ou
estirpe, outras adoptaram a
terra pesqueirense para erguer
nas suas "terras", honras e
solares brasonados. Pergaminhos
da nobreza ficaram, ainda assim,
documentados nas fachadas
fidalgas de solares e
residências senhoriais. Que
cidade cosmopolita não gostaria
de ter, por exemplo, a Casa do
Cabo? A vila tem mais
referências e memórias que não
lhe pertencem exclusivamente,
parcelas importantes do nosso
colectivo ou da nossa própria
história.
Sigam o roteiro para não se
perderem no mar das vinhas que a
Pesqueira é coração (e altar) do
vinho fino, versus, Vinho do
Porto.
"Vinho do Porto" uma ova que o
Porto tem ruas, avenidas,
bairros e vielas. Ah...tem
também o rio!
A vila é ponto de chegada (e
partida) para uma série de
visitas que terão o rio Douro (ciclóptico
e grandioso) como denominador
comum.
Fascinante itinerário de visitas
com três escalas importantes:
centro histórico onde a fachada
da Misericórdia predomina, a
Casa do Cabo (Solar dos Castros)
e o Ermo, resumem o encontro com
a sede do concelho (que por mais
breve que seja) não pode
saldar-se sem visita a estes
locais. Se quiserem conhecer o
Douro (um dia não chega) é
forçoso passar aqui. A vila tem
boas camas e saborosa cozinha
regional, a preços normais.
Marquem quatro, deixem as malas
e venham conhecer o passado (e o
presente) do concelho para
melhor conhecerem a história do
país. Paisagens pesqueirenses
das mais curiosas eloquentes e
sugestivas da região vinhateira.
Solene amenidade de sítios
idílicos, e solitários, altares
imponentes da Natureza
Prodigiosa. Que sol!
MARCOS PINTO
São Pedro do Sul - (Concelho do
Distrito de Viseu)

Origem do nome:
«Xavier Fernandes em Topónimos e
Gentílicos (1944)»:”Chamou-se do
Sul por ser este o nome dum dos
rios (o outro é o Vouga), que
banham a povoação e que dentro
desta se reúnem”.
São Pedro do Sul
http://www.cm-spsul.pt
As
referências documentais mais
precisas ao território de S.
Pedro do Sul datam do século XI,
mas é possível encontrar, a
montante daquela data, linhas de
continuidade histórica que nos
ajudam a compreender a actual
matriz de organização do seu
povoamento. Esse quadro
referencial torna perceptível
que o território se achava
então, e já, povoado e
organizado em características
unidades de exploração agrária
(“villas”), disseminadas pelas
zonas de vale, numa malha
dispersa e em estreita
articulação com o rio Vouga e os
seus dois principais afluentes.
O rio Sul e o rio Varoso.
Constituíam, então, e também já,
um contraponto à expressiva
polarização nas áreas de S.
Pedro e Termas.
Razões diversas justificam esses
pólos, mas verifica-se que os
suportes de fixação estão
intimamente relacionados com
pontos de cruzamento e/ou apoio
dos suportes de circulação,
sejam as principais “vias”
naturais de penetração no
território como os rios Vouga,
Sul, Varoso ou a própria Ribeira
da Landeira, sejam as vias
artificiais de traço romano
estruturantes das articulações
territoriais ainda durante o
período medieval. Dois eixos
principais asseguram essas
articulações em três direcções:
um primeiro, que progredia por
Vouzela e Banho (Termas),
articulava o litoral - centro
(Águeda) com o interior (Viseu)
e cruzava-se na área de S. Pedro
com o segundo que, progredindo
por Manhouce, constituía a
articulação com o litoral –
noroeste (Porto).
Nas áreas do Concelho os
elementos congregadores são
unidades religiosas conventuais,
que pela sua proximidade e mútuo
benefício ao traçado viário
contribuem para a polarização do
povoamento: o primeiro de
evocação a S. Pedro, que o seu
patrono doa á Sé Episcopal de
Coimbra (entre 1092/1098) e que
se implantou próximo do local
onde os rios Vouga e Sul se
cruzam e onde igualmente se
entroncavam as vias de traço
romano – o segundo da evocação a
S. Cristóvão, da ordem de Cister
aqui implantada no século XII,
situado próximo do rio Varoso e
junto do traçado da via que
progredia por Manhouce, exercia
o controle da grande parte das
propriedades nessa zona
ocidental do território pela
Carta de Couto de D. Afonso
Henriques (1132), que lhe
aplicou os seus domínios
constituídos por doações. Na
área do Banho (Termas), a
polarização justificar-se-á pelo
aproveitamento termal da
nascente sulfurosa, na
continuidade da ocupação romana
(o Balneum , confirmado em
absoluto pelas escavações
arqueológicas em curso) e que
terá, certamente, reforçado o
ponto onde a via romana haveria
de cruzar o rio Vouga.
Mas essa continuidade de
ocupação desde a permanência
romana não se evidenciará apenas
na área das Termas; ela ter-se-á
verificado, muito provavelmente,
nas já referidas “villas”
agrárias que, a coberto das
eminências castro-castelejas, se
disseminaram pelos vales. Com
efeito, alguns topónimos
registados já no século XI ou,
mais tarde, no século XIII
permitirão inferir origens
romanas e alti - medievais
(Reconquista Cristã) para
algumas das actuais povoações:
Baiões, Ansiães (Ansilanis,
“villa” de Ansila), Goja, Cotães,
Segadães (Sagates), Nodar
(Notarei, “villa” de Notarius),
Bordonhos (Iban Ordonius),
Filmir, Recemir, etc.
Este é um aspecto da
continuidade histórica do
povoamento do território de S.
Pedro do Sul que se acha
presente noutras regiões; a
complementaridade entre a
ocupação das zonas de vale, de
encosta e de cimo dos montes é
hoje um dado adquirido para o
período pós- castrejo. O próprio
Banho (Termas) é um sucedâneo de
uma ocupação castreja – Castro
do Banho (classificado) – lhe
ficava próximo, na margem norte
do rio Vouga (Ferreiros). Outros
castros distribuíam-se pelo
território, controlando áreas de
extensão variável, numa
característica hierarquia que se
referencia muito directamente ás
próprias características
topográficas de cada sítio –
Monte Redondo, Sul (Castelo),
Cárcoda, Senhora da Guia, Gumei,
Ribamá, Lafão, Senhora do
Castelo, Picoto. Os mais
importantes no contexto
territorial são os de Lafão,
Senhora da Guia e Senhora do
Castelo, sendo estes últimos os
de maior influência no
enquadramento da área de S.
Pedro pela sua estratégica
localização sobre o vale do rio
Vouga.
É precisamente um destes
(Senhora do Castelo) que, após
acastelamento, irá manter-se
como centro militar e
administrativo da “terra
medieval de Lafões”. Também aqui
se segue uma prática comum de
implantação e organização dos
domínios dos senhores, anterior
á segunda metade do século XIII;
são ruínas de antigos castros da
idade do ferro que os senhores
escolhem para construírem os
seus castelos e, daí, se
defenderem de ataques inimigos,
vigiarem as estradas onde
circulam homens e mercadorias e
dominarem as populações que
trabalham as terras (José
Matoso, 1985). O da Senhora do
Castelo ergue-se praticamente no
centro do território de Lafões,
entre S. Pedro do Sul e Vouzela,
podendo exercer um controle
militar e administrativo
(económico e jurídico)
extremamente eficaz sobre a
principal via de articulação
deste espaço.
Este e outros pontos defensivos,
que se distribuíam pelo
território, são eficientes
atalaias e importantes
referenciais para todas as
unidades de povoamento que
congregavam as diversas
comunidades de vizinhos: as
chamadas paróquias, cujas as
sedes religiosas constituíam, já
em pleno século XIII
(Inquirições de 1258),
praticamente a totalidade das
actuais freguesias.
Por outro lado, a distribuição
desses pontos defensivos por
acastelamento está directamente
articulada com a implantação dos
domínios dos senhores e com
organização das suas
propriedades – as chamadas
“honras”. Das Inquirições de
1258 revela uma mancha de sedes
de “honra” cobrindo a zona
centro - norte do território,
localizadas precisamente a
coberto das eminências
fortificados de Senhora da Guia,
Cárcoda e Castelo (Sul),
distribuindo-se a maior parte
delas pelas freguesias de Baiões
(Baiões, Segadães e Calvos),
Bordonhos (Bordonhos e
Figueirosa), Carvalhais (Paços,
Casal de Renda, Sá, Torre,
Mourel...), Várzea (Ansiães,
IDrises e Beirós), Vila Maior,
Pinho ( Pinho, Sobral e Moldes)
ou Sul (Amaral). Em
contrapartida, nas zonas
sudoeste e nordeste do
território dominavam as
propriedades dos mosteiros e
ordens militares, com destaque
para o mosteiro de S. Cristóvão
de Lafões ( toda Valadares e
Covelo, praticamente toda Sta
Cruz da Trapa e toda S.
Cristóvão de Lafões que era o
couto propriamente dito),
mosteiro de S. João de Pendurada
(quase todas S. Martinho das
Moitas e Covas do Rio) ou a
Ordem do Hospital (o couto de
Goja em Vila Maior).
As propriedades Régias, embora
presentes nas diversas
Freguesias, concentravam-se em
Serrazes e S. Pedro do Sul.
[ topo ]
Todas essas unidades de
povoamento integravam uma mesma
unidade territorial e
administrativa a “ Terra “ ou “
Julgado de Lafões”,
sucessivamente “ Concelho de
Lafões” e “Comarca de Lafões”.
Sabe-se que ainda no reinado de
D. Dinis todo o território se
agrupava sob o designativo de
Lafões, aparecendo no
arrolamento do imposto geral
sobre os tabeliães de todo o
reino, estabelecido em 1287-9,
incluindo no bispado de Viseu e
com um no de tabeliães fixado em
3, entre Trancoso ( com 4, que
era o nº máximo) e Viseu (com
2).
A realização de uma importante
feira em Vouzela, confirmada por
carta datada de 1307, em muito
concorreria, é certo, para essa
elevada concentração de
tabeliães. Mas ela pode
compreender-se melhor se
tivermos em conta a extensão da
unidade administrativa quando
coincidente com a própria
unidade territorial,
justificando-se assim um nº de
tabeliães superior a Viseu que
era, sem dúvida, uma entidade
urbana mais importante e mais
concentrada.
Aquela coincidência haveria de
prolongar-se por séculos e sob
essa designação de Lafões D.
Manuel lhe atribuiu foral novo
em 1514. ainda deste mesmo
século, um interessante
documento confirma aquela
conjuntura política e
administrativa, revelando uma
singular circunstância, no
Cadastro da População do Reino,
de 1527, Lafões é referido como
um “concelho com duas vilas e
ambas são cabeça”; alusão a S.
Pedro e Vouzela unidas em
concelho” e dentro dele jazem
outros concelhos “. Aos outros,
se referiam a Caldas de Lafões
(século XII) e Sul (século XIII)-
aqui se conserva o pelourinho –
extintos ambos no século XIX: o
de Sul em 1853 e o de Caldas em
1834, quando se determinou a
divisão em dois concelhos
apartados – S. Pedro do Sul (
que englobaria o das Caldas) e
Vouzela.
Estas circunstância não impediu
que a unidade territorial
prevalecesse como uma realidade
projectável, para a qual se
poderia ( e se deveria )
conseguir melhorar as
articulações regionais,
explorando o elemento - base de
organização de todo o território
: o rio Vouga. Datam do último
quartel do século XVIII os
estudos iniciais para tornar
navegável o rio Vouga,
precisamente até S. Pedro do
Sul, e estão perfeitamente
integrados no contexto político
e económico da época, quando se
projectaram várias
infra-estruturas de circulação
interna e de articulação do país
com o exterior. Foi em 1777 que
os dois engenheiros militares
Isidoro Paulo Pereira e Manuel
de Sousa Ramos – quando
acompanharam Guilherme Elsden
nos trabalhos da barra de Aveiro
– elaboraram um relatório “
sobre o poder ser navegável o
rio Vouga até S. Pedro do Sul”.
Em 1780, um Aviso Régio ordenava
mesmo que os trabalhos visassem
também “facilitar quanto
possível a Navegação do Rio
Vouga”, mas instruções
posteriores viriam a colocar
este objectivo em segundo plano
relativamente á abertura da
barra.
O projecto não seria de todo
abandonado; em 1829, Joaquim
Baptista, médico em Lafões,
reelabora um plano para a
navegabilidade do rio,
alicerçado em interessantes
argumentos de carácter económico
desenvolvidos nas suas “
Reflexões sobre a navegação do
rio Vouga” apresentadas á
Academia Real das Ciências.
Ainda em 1837, uma Portaria
colocava de novo a questão do
encanamento do rio Vouga, até S.
Pedro do Sul, e mesmo em 1853 o
projecto ainda se mantinha
presente. Mas o desenvolvimento
da circulação ferroviária fazia
a ideia já obsoleta e a tão
desejada articulação seria
resolvida pela linha do “Vale do
Vouga”, também ela atrasada
pois, não obstante ter sido
projectada e realizada ainda no
século XIX ( respectivamente em
1879 e 1895), só no século XX
(1914) viria a ser uma realidade
com algum benefício e relativa
influência na dinâmica económica
do território de Lafões.
Verdadeiramente consequente
parecer ser o incremento da
actividade termal, que se
expressa na reforma do complexo
das Termas com a construção de
um novo estabelecimento em 1885
( designado Termas Rainha D.
Amélia, em 1895), ou no
desenvolvimento das explorações
mineiras, que se multiplicam
pelo território e de que se
extraem “ riquezas rápidas”
patentes nas novas edificações
oitocentistas e nos palacetes
que acentuam o carácter urbano
dos principais aglomerados.
As linhas de força enunciadas
permitem compreender a
emergência de três núcleos com
carácter urbano. Com efeito, a
dinâmica das circulações pelo
território, proporcionou, na
origem, a fixação de três
principais pontos de cruzamento
que haveriam de se afirmar como
pólos de concentração
preferencial. Para essa
preferência terá concorrido a
presença de outros elementos,
cuja a implantação se situa
próximo daqueles pontos de
cruzamento e que, pela sua
natureza económica, religiosa e
/ ou assistencial, se
apresentaram como estruturas de
apoio e enquadramento da
fixação, complementando os
principais suportes da
circulação. Acresce a essa
diversa natureza, o facto dos
acontecimentos geradores terem
ocorrido em momentos históricos
igualmente diversos, o que nos
ajudará a compreender as
diferenciadas características
morfológicas dos três núcleos,
que passamos a referir.
Assim, encontramos duas
situações de verdadeira “ testa
de ponte” nas Termas e no Bairro
da Ponte, as duas unidades de
concentração que se
desenvolveram em áreas
adjacentes aos locais onde as
antigas vias transpuseram,
respectivamente, os rios Vouga e
Sul – esta circunstância, já por
si “ quase sempre favorável a
uma permanência, terá sido
reforçada por outros
acontecimentos que se
constituíram em factores de
fixação, como seja, no caso das
Termas o aproveitamento da
nascente sulfurosa, pelo menos
desde a dominação romana, e no
caso do Bairro da Ponte a
realização periódica da
mencionada feira Velha (para,
assim, se distinguir da feira de
S. Pedro do Sul), cuja origem
poderá situar-se na época
moderna e que terá reforçado
qualquer nuclearização já
existente.
Quanto ao terceiro núcleo, o de
S. Pedro do Sul, desenvolveu-se
próximo do ponto onde a via
antiga se dividia, havendo um
traçado que se dirigia ao leito
das duas linhas de água e ligava
a Viseu, outro que progredia
pela encosta em direcção a
Manhouce para ligar ao litoral
Noroeste (Porto) – bem próximo
deste ponto de cruzamento de
vias, onde ainda existe a Igreja
de S. Pedro, poderá ter-se
situado a unidade conventual que
vocatur Sancti Petri in terra
Alaphoen ( Dip. Et Ch. º 894),
documentada entre 1092 e 1098
pela doação á Sé de Coimbra,
feita pelo presbítero
Troitosendo, e da qual se diz –
no Século XII que est
fundamentum secus de cursos
rivulos Sur et Vauga ( idem nº
163), constituindo um
significativo elemento
congregador.
A estrutura morfológica de cada
um dos referidos núcleos é
diversa, naturalmente por força
dos elementos físicos
historicamente representativos
que, em cada um deles, se acham
ainda presentes.
Na área das Termas, a unidade
termal romana, em parte
subsistente na actual estrutura
classificada como valor
patrimonial, implantando-se na
plataforma subranceira ao rio e
situada a Norte do eixo da
actual ponte e da antiga via,
marcaria em definitivo toda a
estruturação. É aceitável que
aquela unidade termal, que
constitui o testemunho mais
evidente desse “estrato” de
ocupação, não estivesse isolada
como, aliás, era comum em
unidades termais romanas.
Desconhecem-se, ainda, quais e
como se organizavam as outras
estruturas complementares do
balneum romano das Termas, mas
sabe-se que a área envolvente
conheceu uma continuidade de
ocupação na Alta Idade Média,
testemunhada por materiais
arqueológicos e arquitectónicos,
entre os quais os restos de um
ajimez, integrado hoje na
cabeceira da pequena capela de
fácies gótico situada mais a
Norte. A importância dessa
ocupação, cujos contornos ainda
se desconhecem, pode estar na
origem da atribuição, por D.
Afonso Henriques, do foral que
se institui o concelho do Banho.
O chamado “Estabelecimento
Velho” só viria a ser
substituído no século XIX,
reconhecendo-se os sinais de
reformas medievais e
quinhentistas ( atribuídas ao
reinado de D. Manuel) e também
já se havia identificado uma
estrutura complementar,
conhecida como Banho Seco, cuja
edificação está documentada por
uma lápide datada (1639) que
hoje se encontra colocada junto
á nascente principal. O edifício
que veio substituir o antigo
complexo termal (1885 e
designado ” Termas Rainha D.
Amélia” em 1895) ainda se pode
considerar incluído na área que,
desde a origem, estaria
“reservada” para o sector
balnear, já que o povoado,
tendencialmente, se estruturou
pelas zonas de encosta
adjacentes, numa urbanização de
tipo arruado. A construção desse
equipamento, coadjuvado pelas
instalações do Grande Hotel das
Termas já neste século,
reforçaria aquela tendência e
proporcionaria a configuração de
um largo de acentuado cariz
urbano.
No núcleo do Bairro da Ponte é
precisamente o Largo da Feira,
configurado em plataformas de
sucalco para anular a
agressividade topográfica, que
se constitui como elemento de
articulação unitária das
habitações que evidenciam,
maioritariamente, uma
qualificada estrutura edificada,
mais rural que urbana.
Quanto ao núcleo de S. Pedro, a
sua estrutura urbana resultou,
em grande parte, da própria
estrutura dos elementos
originais; de facto, é a actual
rua Direita que se apresenta
como elemento base da sua
morfologia e o mais
significativo referencial
urbano. Ela configura o antigo
traçado viário romano /
medieval, ao longo do qual se
desenvolveu a vila, e está
contida por dois largos que se
constituíram, muito
provavelmente, em tempos
distintos . o primeiro ( a Sul),
junto á Igreja de S. Pedro e
localizado no ponto em que se
“bifurcava” a via, afirmou-se
como uma verdadeira frente de S.
Pedro do Sul até ao século XIX.
A localização do primitivo
convento, embora seja difícil
demarcá-la com rigor , pode ter
concorrido para a sua
constituição: ainda hoje se
inicia nesse largo uma ruela que
se dirige ao rio Vouga e que
conserva o significativo
topónimo de Chão do Mosteiro.
Também nesse largo se
conservavam as edificações que
evidenciam os sinais
construtivos de maior
antiguidade e as construções
solarengas dos séculos XVII e
XVIII.
A tendência para um
desenvolvimento para Norte, ao
longo da via, terá sido sempre
constante e mesmo incrementada a
partir de seiscentos, tendo
concorrido a instalação dos
frades observantes com o seu
convento, hoje ocupada pela
Câmara Municipal. Desde então se
estruturou um segundo largo,
junto ao convento, o palco da
chamada Feira Nova, que hoje se
realiza na zona da antiga
Estação de Caminhos de Ferro; é
um traço de vitalidade económica
e urbana, que se apresenta como
um testemunho histórico da
riqueza da região, em pleno
setecentos, patente nas ricas
construções solarengas e na
reforma das fachadas ou das
estruturas religiosas a cerca
desse convento deveria
desenvolver-se para Sul da
igreja e terá mesmo “garantido”
uma reserva de espaço que assim
sendo, proporcionou o primeiro
espaço ajardinado da vila. Esta,
até ao século XIX, foi uma
estrutura urbana debruçado sobre
si própria, com uma única frente
virada ao seu “corredor
interior” configurado pela rua
Direita. Uma nova via se abre
então, num traçado “fontista”,
com algumas articulações
transversais á antiga rua, e
para a qual se abrem as novas
edificações oitocentistas,
evidenciando riquezas rápidas
extraídas das explorações
mineiras. A extensão para
Sudoeste é, igualmente, um
fenómeno recente, despertado
pela passagem do caminho de
ferro que, por razões
topográficas, não se aproximará
do “centro” quanto desejado. Uma
singular Avenida da Estação é,
então, traçada, com a sua
característica arborização
lateral e edificação de alguns
palacetes, contribuindo para a
extensão da vila até ás suas
imediações, mais pela instalação
de alguns serviços (hospital,
escola) e comércio do que pela
habitação.
Sátão - (Concelho do Distrito de
Viseu)

O conde D. Henrique e D. Teresa,
concederam-lhe foral em 1111. O
passado histórico do seu
concelho é, de um ponto de vista
arqueológico, etnográfico e
artístico, verdadeiramente
notável. Com efeito, são
numerosas as antas, ou dólmens,
os costumes antigos, os solares,
as capelas e igrejas.
Origem do nome:
«O nome é indiscutivelmente
árabe, quer o tenhamos como
corrupção de Setam – derivado do
verbo árabe Santama – entupir,
entulhar – quer como proveniente
de Zaatam, nome próprio de
varão”.
Sátão
http://www.cm-satao.pt/portal
O
património cultural e natural
existente no concelho de Sátão
pode ser admirado de diversas
maneiras. Propomos-lhe um dos
vários circuitos para o
descobrir. No entanto, o
visitante poderá explorar outros
circuitos de acordo com os seus
interesses. Para além das
tradicionais rotas (Estrada do
Nascente, Terras do Alto Vouga,
Terras do Paiva e Rota do Sol),
sugerimos-lhe um passeio que
abrange as rotas referidas.
Comece por ler um livro na
Biblioteca Municipal de Sátão,
onde encontra a monografia do
concelho. Regressando ao Sátão
refresque-se com as límpidas
águas da Fonte do Seixo fazendo
depois, no centro da Vila, uma
pausa para olhar o cartaz do
nosso Cine-teatro e quem sabe aí
encontrará em exibição um
espectáculo ou um filme que
deseje assistir. Retomando o
passeio e indo em direcção ao
Tojal admire a Capela da Nossa
Senhora da Oliva. Chegando ao
cruzamento vire para as
Fontaínhas e admire a paisagem
no Miradouro. Siga para Lamas em
direcção a Forles e Águas Boas.
No Cruzamento dirija-se à aldeia
de Fraga onde poderá ver a
famosa Igreja do Santo Cristo da
Fraga.
Ao sair da Biblioteca vire à
direita e percorra as famosas
“curvas “ do Sátão, onde
avistará em Contige a maior
árvore de Portugal (em copa,
perímetro, diâmetro e altura) –
o Eucalipto de Contige. Siga
pela estrada de Contige ao
encontro do Pelourinho do
Ladário. Passando por Abrunhosa,
pare e admire a Capela de Nossa
Senhora da Esperança na qual
existe um órgão de Tubos,
considerado monumento nacional,
sendo este um dos três
existentes no país. Saindo de
Abrunhosa dirija-se à Freguesia
de Rio de Moinhos e visite a
Cadeia recentemente restaurada
assim como o Pelourinho. Depois
direccione-se a Vila Boa e suba
até à Serra de S. Matias onde
poderá maravilhar-se avistando a
paisagem que a circunda,
aproveitando para descansar um
pouco. Retomado o passeio visite
a Igreja de Ferreira e
deslumbre-se com os famosos
azulejos do século XVII, aí
existentes. Daqui volte para
trás e dirija-se ao Santuário de
Nosso Senhor dos Caminhos, onde
poderá comer o seu farnel.
Continuando o seu percurso não
deixe por visitar a Capela de
Nossa Senhora do Barrocal em
Romãs. Termine o seu passeio na
Freguesia do Avelal visitando a
Capela do Senhor da Agonia,
sendo conhecida por se situar
dentro de um rochedo. Volte à
vila do Sátão onde poderá
descansar deste longo passeio no
Parque do Bussaquinho.
Encontram-se nesta região, de
lastro bastante frescal, árvores
donairosas, sobretudo carvalhas
e castanheiros.
Mas a rainha das árvores do
concelho é o famoso “Eucalipto
de Contige” à beira da Estrada
Nacional 229, que liga Viseu ao
Sátão. Mede de Perímetro, a
cerca de um palmo do solo, mais
de doze metros e tem mais de cem
anos.
É ditado pelo povo, que quem
planta uma árvore não passa
inútil pela vida.
No seu conjunto de altura, copa
e perímetro junto ao solo, pode
considerar-se, hoje, a maior
árvore de Portugal.
Foi plantada quando se abriu a
Estrada das Donárias e é
monumento nacional.
Rotas Turísticas
1º Rota do Sol
Sátão, Estrada da Serra do Seixo
e a sua bonita fonte, seguindo
para Rio de Moinhos onde poderá
observar os extensos vinhedos e
pomares e provar a saborosíssima
boroa e o afamado pão
tradicional desta freguesia.
Segue-se para o ladário e a
Abrunhosa onde deve visitar a
bela Capela de Nossa Senhora da
Esperança e o seu órgão de tubos
(um dos últimos exemplares
existentes em Portugal). O
regresso de novo ao Sátão pela
frescal e pitoresca Estrada das
Donárias, com visita às talhas
da Capela de Contige e ao
monumental Eucalipto que se
encontra nesta localidade e de
fácil visibilidade dada a sua
opolência, (considerado o maior
de Portugal)
2º Estrada do Nascente
Sátão, Tojal e visita à
artística e renovada Igreja de
Nossa Senhora da Oliva, com
riquíssima talha joanina, o mais
famoso sacrário das Beiras e,
sobretudo, valorosíssimos e
raros panos de azulejo do Séc.
XXVII, a cobrir quase todo o
interior da Igreja.
Depois, por lages de Mioma,
Silvã, os seus solares e
pelourinho. Romãs, Capela de
Nossa Senhora de Barrocal, a
Manressa do Sátão, onde houve um
Castro e, no séc. XXVII, foi
construído o Santuário pelo
Bispo Dom João de Melo, o mesmo
que fez a Capela-Mor da Sé e
construiu a Via Sacra da Mata do
Buçaco. Segue-se depois pelo
Avelal de volta ao Sátão.
3º Terras do Alto Vouga
Sátão, Romãs – Rãs e pare no
conhecido Santuário do Senhor
dos Caminhos – o Santuário mais
visitado e reconhecido de todo o
Concelho. Na Freguesia de
Ferreira de Aves visite o
Convento do Nº Senhor de Fraga,
Cruzeiro Vermelho, e siga para
as Freguesias de Águas Boas,
Forles, se tiver oportunidade
aventure-se a visitar a Orca dos
Juncais e regresse de novo ao
Sátão.
4º Rota Arqueológica
Descubra as localizações
arqueológicas dando uma volta
por todo o concelho. Começando
pelo Sátão, Pedrosas, Ladário,
Rio de Moinhos. Seguidamente
visite Silvã de Cima, Romãs,
Decermilo, Avelal, Meã,
Fontainhas. Depois dirija-se a
Lamas, Covelo, Corujeira,
Outeiro de Cima, Convento e
termine em Douro Calvo.
Sátão
http://www.addzi.com
O
Concelho de Sátão com uma área
aproximada de 200 Km2, e uma
população de cerca de 13.000
habitantes, faz parte da Região
do Planalto da Beira Alta,
distrito de Viseu, tendo como
concelhos limitrofes, a Norte,
Moimenta da Beira, Sernancelhe e
Vila Nova de Paiva; Sul, Penalva
do Castelo; Este, Aguiar da
Beira e a Oeste, Viseu.
Situando-se no maciço antigo,
apresenta superfícies aplanadas
(planaltos) que descem para os
vales de encostas mais ou menos
suaves do Rio Vouga (de nascente
para poente, praticamente
dividindo o concelho a meio), e
do Ribeiro de Sátão (de nordeste
para sudoeste), entroncando com
o Rio Dão, do qual é afluente.
O conselho de Sátão integra-se
ainda na Região de Turismo
Dão-Lafões e pertence à Região
demarcada dos vinhos do Dão.
O primitivo Concelho de Sátão é
antiquíssimo e teve o seu
primeiro foral outorgado em 9 de
Maio de 1111 pelo Conde D.
Henrique e sua esposa D. Teresa.
O actual Concelho de Sátão,
constituiu-se em 1834, com a
união de seis velhos concelhos:
Sátão, Ferreira de Aves, Golfar,
Silvã, Rio de Moinhos e Ladário.
Presentemente o Concelho agrega
12 freguesias: Águas-Boas,
Avelal, Decermilo, Forles,
Ferreira de Aves, Mioma, Rio de
Moinhos, Sátão, S.º Miguel de
Vila Boa, Silvã de Cima e Vila
Longa.
Um concelho desconhecido, de
certo, mas de sonho,
deslumbrante e cheio de
encantos.
Para quem visita a Região de
Dão-Lafões é imperioso, não
esquecer o Sátão, onde o tempo
não parece ter passado pelos
carvalhais, soutos e pinhais, no
seu estado mais puro de
preservação.
Por estas terras se luta desde a
pré-história, mas quem por aqui
passa, aqui quer ficar.
Partem..., mas ficam-Ihe
gravadas na alma as imagens
desta encantadora terra, de
gente nobre e acolhedora, de
onde saíram ilustres figuras,
sempre presentes nas horas altas
da história e da Pátria.
O encanto das paisagens
verdejantes, a riqueza
histórica, a robustez dos
monumentos e uma hospitalidade
ímpar no saber receber, aliada à
tradição, cultura, artesanato,
histórias, e costumes de cada
Aldeia, sem esquecer um vasto
leque de festas, feiras,
romarias, a sua gastronomia
típica e o famosíssimo vinho do
Dão, são factores que, por si
só, garantem uma visita
inesquecível.
As razões para se visitar o
Concelho de Sátão multiplicam-se
à medida que se vão enumerando,
descrevendo e conhecendo os seus
atractivos ..., O CONCELHO DE
SÁTÃO ABRE AS SUAS PORTAS
...PARA QUE DESCUBRA O FASCÍNIO
DE UMA TERRA, O ENCANTO DE UM
POVO.
Sernancelhe - (Concelho do
Distrito de Viseu)

Já existia do século X,
crendo-se que foi edificada
sobre as ruínas de um antigo
castro. Recebeu a primeira carta
de foral em 1124, concedida por
D. Egas Gosendas e por D. João
Viegas. D. Afonso ll confirmou o
foral em 1220 e D. Dinis em
1295. Em 1514, D. Manuel l
outorgou-lhe foral novo.
Sernancelhe é principalmente a
história. O passado deixou
vestígios em muitos solares em
ruína, e a história humilde das
gentes ligadas às fontes
dechafurdo vindas da Idade Média
e às pequenas casas encostadas a
rochedos, voltadas para caminhos
que conduzem aos soutos que dão
a melhor castanha do País.
Origem do nome:
«Da, Grande Enciclopédia
Portuguesa Brasileira»:”Não pode
haver dúvida de que o topónimo
Sernancelhe é também de origem
antroponímica; parece pela sua
forma antiga, Semorzelli (século
X), o genitivo de um nome
pessoal Seniorcellus, que deve
ser um derivado do latim Sénior
(com o sufixo – cellus, apesar
de mais vulgar aplicado a nome
comum: Arcozelo, de Arcuellu –
portozelo, de Portucellu - ,
pontezelo, etc.). Este nome
pessoal Seniorcellus,
diminutivo, parece um perfeito
paralelo de Seniorinus /sufixo –
inus), também representado
toponímicamento (Senhorim- não
merece qualquer atenção a forma
Semorzelli, ou Sermozelli, que
trazem certos autores – má
leitura de Seniorzelli, única
forma verdadeira). A evolução
fonética deste importante
topónimo foi a seguinte:
Seniorzelli (- celli) (século X)
Sern(i)ocelli Cernonce (l)li
(século Xll), Cernancelle
(século XV). Não pode haver
qualquer dúvida de que
Seniorzelli seja hoje Senancelhe:
por isso, surpreende que tão
cedo apareça a grafia Cern –
sabido que a pronúncia sw “S”
então diversa do C – (Ce-Ci).
Provavelmente na transição
anterior à nacionalidade, de
Sénior – para Sern (i) – actuou
a influência de topónimos em
Cern (Cernada, Cernache, etc.,
de sentido topográfico e de tal
diversidade de étimo – o latim
cernuata - , cernuatu -,
Sernache). De outro jeito, não
parece explicável tal anomalia
fonética. O que certamente
sucedeu por acaso foi a
oficialização da grafia com “S”,
pois desde o século Xll, pelo
menos foi constante o “C” – (no
século XVl até encontramos
Cernancelhe) e parece dubitável
o conhecimento da única forma
(anterior ao século Xll)
documentada com “S”. Dos meados
do século X é a primeira
referência a Sernancelhe, o que
não quer dizer que então se
fundasse o castelo ou a
povoação”.
Sernancelhe
http://www.cm-sernancelhe.pt
Dos documentos escritos, a
primeira referência mais antiga
relativa a Sernancelhe data de
960 e figura num testamento
em que a notável condessa D.
Flámula (ou Chamoa) manda vender
mais de dez castelos seus na
Estremadura. Entre esses, está
incluído o de Sernancelhe do
qual existem diversos vestígios
tais como as cercaduras da
muralha, a célebre Porta do Sol,
e restos da fachada norte de uma
das torres.
Indubitável é, porém, vir
Sernancelhe de muito longe.
Pois, sabe-se que o seu castelo
foi conquistado pelos Romanos
aos Lusitanos e que há ainda
vestígios da civilização
castreja nas fundações de
diversas casas quer de forma
circular, quer
rectangular.
Os Romanos estabeleceram aqui um
centro de civilização que se
estendia por uma vasta área,
havendo ainda hoje diversos
sinais da sua longa permanência
tais como nomes de origem romana
ou latina e diversos objectos
que se têm encontrado e que
algumas pessoas guardam
ciosamente. Não esqueçamos que
uma das principais vias romanas
que ligavam o Norte de Portugal
à Espanha passava precisamente
por aqui seguido por Guilheiro,
Trancoso, Almeida até
Espanha.
Muitas moedas do tempo imperial,
pesos e objectos de cerâmica
fazem parte do riquíssimo
espólio de Sernancelhe ligado a
esse povo
conquistador.
Os Árabes permaneceram aqui até
meados do século XI (à volta de
1057) quando o Norte de Portugal
foi totalmente liberto do
domínio dos seguidores do Islão.
É nessa altura, tempo de D.
Teresa, que a vila de
Sernancelhe é doada aos ricos
homens Égas Gosende e João
Viegas (pai e filho) que
procederam à reedificação do
respectivo castelo e promoveram
o povoamento. Com D. Afonso
Henriques fizeram os
Sernancelhenses um contrato de
que a vila nunca seria doada a
nenhum rico senhor mas
pertenceria sempre à Coroa. Aí
começa o desenvolvimento de
Sernancelhe assim como a sua
profunda caracterização que
levaram esta vila e sede do
concelho a ter importância e
influência em diversos assuntos
de nível nacional.
Esta ascensão durou até ao
século XIX, época marcada pelo
início de um período de
decadência motivada
principalmente pelas lutas
políticas partidárias em que
Sernancelhe tomou parte muito
activa. Com esta razão de ordem
política e também relacionada
com ela veio o facto da estrada
nacional ao tempo, rasgada à
volta de 1805 ter passado a 3 Km
de distância isolando
Sernancelhe. A luta pela
transferência da sede do
concelho arrastou-se por muitos
anos e consumiu todas as
energias e rendimentos do
concelho. Só em meados deste
século, a vila libertou-se desse
pesadelo e reencontrou o seu fio
histórico que o leva a
enfileirar ao lado dos concelhos
mais progressivos da região.
No perímetro antigo e moderno
coexistiram com o concelho de
Sernancelhe mais dois concelhos
e três vilas: aqueles foram
Caria e Fonte Arcada e estas
foram Guilheiro, Vila da Ponte e
Lapa. O concelho de Caria foi
extinto em 1855 e dele passaram
para o de Sernancelhe as
freguesias de Caria, Rua,
Quintela, Segões, Carregal,
Penso e Faia. Do concelho de
Fonte Arcada, também extinto
pela divisão administrativa de
24 de Outubro do mesmo ano, as
freguesias de Fonte Arcada
(sede), Freixinho, Ferreirim,
Maciera, Escurquela e Chosendo.
Mas ainda pela reforma de 1855,
passaram a pertencer a
Sernancelhe, Vila da Ponte e
Vila da Lapa. Por sua vez, a
vila de Guilheiro passou a
pertencer desde 1855 a Trancoso.
E em 1896, Caria e Rua passaram
para o concelho de Moimenta da
Beira. As reformas
administrativas criaram um
estado de espírito e fomentaram
tais atitudes que em vez de
contribuirem para o
desenvolvimento do concelho de
Sernancelhe foram a causa da sua
decadência.
Foi a Câmara de Sernancelhe, a
primeira do país, que proclamou
a restauração de D. João VI como
rei absoluto pela queda da
constituição de 1820. E foi
ainda a primeira que protestou
contra o desembarque das tropas
liberais no Mindelo. Depois, as
guerras entre D. Pedro e D.
Miguel, com os Marçais, o
Tenante da Tabosa ou Espagadão,
o Chuça, etc... passaram por
aqui como sombras sinistras.
A origem do nome de Sernancelhe
é ainda hoje assunto muito
discutido. Há opiniões meramente
populares e outras mais ou menos
científicas. O abade Vasco
Moreira, baseado no foral de
1124, disse que a origem do nome
está em "Cernancelli" ou "Cernancelle",
que seria o nome próprio, no
contexto romano, do senhor ou
dono da vila de Sernancelhe e
que por isso, a grafia deveria
ser com "C" como se escreveu até
ao século XV. Entretanto, a
verdadeira origem, segundo o
autor, estaria na forma "Sénior"
mais diminutivo "Cellus" que
veio a dar Sernancelhe e
portanto, segundo esta opinião,
a correcta grafia é com "S" e
não com"C".
Sernancelhe
http://sernancelhe.planetaclix.pt
Os
caminhos da História de
Sernancelhe começam em horizonte
neolítico com povoadores mal
conhecidos que decerto
construiram dólmens, semeadores
de pão e pastores de gados que
se enraizaram na época castreja
em povoados mais fortes,
receberam influência romana
segura e constituíram-se como
núcleos originais numa Alta
Idade Média cristã e camponesa.
Igrejas românticas de extrema
valia (Sernancelhe e Fonte
Arcada) assentes sobre antigos
cemitérios e lugares de culto,
fontes (Fonte Arcada, Ferreirim,
Sernancelhe) e pontes (Rio
Távora) de tradição
romântico-gótica, Paços (Paço de
D. Loba, Fonte Arcada), são
excelente memória deste tempo
heróico no qual se combateu a
mourama e de que chegam lendas
ligadas a nomes reais.
Nos séculos XV e XVI melhoram-se
os povoados, enriquecem-se
igrejas com pinturas a fresco
(Sernancelhe, Sarzeda) ou
óleo (Sernancelhe, Fonte
Arcada) nasce a Lapa com os
prodígios de seus milagres, o
Santuário de importantes
romarias e tesouros e o Colégio,
melhora-se a organização
municipal (forais, casas de
câmara, pelourinhos).
Os séculos XVII e XVIII trazem o
triunfo da fidalguia ( Solares
em Sernancelhe e Fonte Arcada,
Adbarros, Lapa, Escurquela, Vila
da Ponte, etc. ) e da
organização religiosa com
igrejas que se cobrem de altares
de talha dourada, capelas,
conventos e mosteiros. Ao século
XIX pertence o essencial das
aglomerações urbanas onde se
impõem tipos de casa de camponês
pobre e lavrador abastado
emparceirando com as moradias
senhoriais e mosteiros que
entram depois em ruinoso
caminho.
Hoje, os caminhos são mais
fáceis mas são ainda de
interior. A vida é desafogada
mas há ainda emigrantes saindo.
O progresso acentua-se e
elementos novos de cultura não
subvertem os sinais de viver
tradicional que se guarda com
honrosa memória.
Sernancelhe
http://sernancelhe.planetaclix.pt
Os caminhos da História de
Sernancelhe começam em horizonte
neolítico com povoadores mal
conhecidos que decerto
construíram dólmens, semeadores
de pão e pastores de gados que
se enraizaram na época castreja
em povoados mais fortes,
receberam influência romana
segura e constituíram-se como
núcleos originais numa Alta
Idade Média cristã e camponesa.
Igrejas românticas de extrema
valia (Sernancelhe e Fonte
Arcada) assentes sobre antigos
cemitérios e lugares de culto,
fontes (Fonte Arcada, Ferreirim,
Sernancelhe) e pontes (Rio
Távora) de tradição
romântico-gótica, Paços (Paço de
D. Loba, Fonte Arcada), são
excelente memória deste tempo
heróico no qual se combateu a
mourama e de que chegam lendas
ligadas a nomes reais.
Nos séculos XV e XVI melhoram-se
os povoados, enriquecem-se
igrejas com pinturas a fresco
Sernancelhe, Sarzeda) ou óleo
(Sernancelhe, Fonte Arcada)
nasce a Lapa com os prodígios de
seus milagres, o Santuário de
importantes romarias e tesouros
e o Colégio, melhora-se a
organização municipal (forais,
casas de câmara, pelourinhos).
Os séculos XVII e XVIII trazem o
triunfo da fidalguia ( Solares
em Sernancelhe e Fonte Arcada,
Adbarros, Lapa, Escurquela, Vila
da Ponte, etc. ) e da
organização religiosa com
igrejas que se cobrem de altares
de talha dourada, capelas,
conventos e mosteiros. Ao século
XIX pertence o essencial das
aglomerações urbanas onde se
impõem tipos de casa de camponês
pobre e lavrador abastado
emparceirando com as moradias
senhoriais e mosteiros que
entram depois em ruinoso
caminho.
Hoje, os caminhos são mais
fáceis mas são ainda de
interior. A vida é desafogada
mas há ainda emigrantes saindo.
O progresso acentua-se e
elementos novos de cultura não
subvertem os sinais de viver
tradicional que se guarda com
honrosa memória.
Tabuaço - (Concelho do Distrito
de Viseu)

Embora os limites do seu
concelho estejam cheios de
monumentos antigos, a sua
importância histórica impôs-se
principalmente no século XlX com
o advento do liberalismo, que
lhe deu a força de centro
administrativo.
Origem do nome:
«Xavier Fernandes em topónimos e
Gentílicos (1944)»:”É derivado
de tábua com o sufixo – aço, uma
das formas do sufixo latino aceu”.
Tabuaço
http://cm-tabuaco.pt
As
raízes da vila de Tabuaço
remontam a tempos mais velhos do
que a própria nacionalidade
portuguesa. Durante a
Pré-História, vários foram os
povos que aqui se instalaram e
desenvolveram a sua acção,
visível quer em ruínas de
abrigos e castros, quer em
vestígios de instrumentos de
trabalho, como peças de cerâmica
ou primitivos lagares e
lagaretas de azeite e vinho.
Durante a Idade Média, o antigo
couto de S. Pedro das Águias
acolheu uma pequena comunidade
de monges da ordem de Cister.
Esta comunidade representou um
papel histórico muito
importante, não só pela sua
acção religiosa, numa época de
combate ao paganismo trazido
pelos povos invasores, como os
mouros e os romanos, mas também
pelo fomento da economia local,
já que o convento era prolífero
na cultura do vinho, de frutos e
mesmo na gastronomia. As
receitas dos monges de S. Pedro
das Águias são até hoje
recordadas e confeccionadas.
Tabuaço foi testemunha de
curiosos momentos da História,
que ainda hoje passam de boca em
boca, de pais para filhos, como,
por exemplo, a trágica história
de amor entre a princesa moura
Ardínia e o destemido cruzado
cristão D. Thedon, ou o Cisma de
Granja do Tedo, em que a família
de Maria Coroada se dedicava a
um estranho culto, que chegou a
atrair inúmeros adeptos para a
sua «Arca da Aliança».
O Período Românico deve ter sido
palco de uma certa prosperidade,
dada a riqueza de igrejas e
monumentos no estilo da época.
No século XVI, o actual
território de Tabuaço era
constituído por onze concelhos
(Arcos, Barcos, Chavães, Granja
do Tedo, Longa, Paradela,
Pinheiros, Sendim, Tabuaço,
Távora e Valença do Douro),
pequenos retalhos de terra que,
com as reformas administrativas
do séc. XIX, entre 3 de Novembro
de 1836 e 24 de Outubro de 1855,
e depois em 7 de Setembro de
1895, vieram a constituir as
actuais freguesias do Concelho
de Tabuaço.
Tarouca - (Concelho do Distrito
de Viseu)

O primeiro foral de Tarouca,
datado de 1262, foi-lhe
concedido por D. Afonso lll. D.
Afonso V confirmou-o em 1348 e
D. Manuel l outorgou-lhe foral
novo em 1348.
Origem do nome:
«Abade Vasco Moreira na,
Monografia do Concelho de
Tarouca (1924)»: ”Foi sempre
sede de concelho de Castro Rei
ou Castro do rei, que depois do
século XlV se começou a chamar
Tarouca. Sempre pertenceu à
comarca de Lamego. Em documentos
antigos aparece-nos Tarouqua,
deixando de se usar esta grafia
depois do século XVl. O primeiro
nome, porém, desta povoação foi
Tarouca, assim designada na
carta de D. Afonso Henriques
acerca do foral do Couto de
Algeriz, em 1163, sobre o
concelho de Castro Rei.
Desconhecemos a origem desta
palavra e não é fácil
determinar-lhe o étimo. Um monge
do convento de São João que, no
princípio do século XVll,
apresentou à Universidade de
Coimbra umas teses, cujas
conclusões se encontram no véu
dum cálix que oferecemos ao
Museu Etnológico de Lisboa,
pretendeu derivá-la das palavras
latinas – inter aquas; mas nem
esta vila fica tão cercada de
água, para dessa circunstância
derivar o nome, nem a lei da
evolução das palavras autoriza a
etimologia de Tarouca de inter
aquas. Tarouca parece-nos vir da
palavra árabe taroca, que
significa frequentado. Muito
perto de Lamego, centro
comercial ligado a Córdova, onde
os árabes tinham muitas fábricas
exerciam florescentes
indústrias, Tarouca participou
deste movimento. Nos seus
limites cruzavam-se duas
estradas românicas que dali
seguiam para Viseu e Almeida.
Era, pois, Tarouca um centro
frequentado por forasteiros. Bem
pode esta circunstância dever-se
a origem do seu nome, traduzida
pela palavra árabe já
designada”.
Tarouca
http://www.douronet.pt
Encravada num cenário edílico
banhado pelo Vale do Varosa e
protegida pela serra de Santa
Helena encontra-se a vila de
Tarouca. Outrora conhecida por
reis e monges como Castro Rei,
pertenceu aos domínios do
Infante D. Henrique e mereceu
dois forais nos séculos XIII e
XVI.
Lugar de culto e meditação ao
longo dos séculos, recebeu dos
monges de Cister a sua maior
herança patrimonial. Por estas
terras extensas e fecundas
prosperaram Mosteiros, Conventos
e Abadias Cistercienses.
Desde o alto do monte de Santa
Helena, um dos mais soberbos
miradouros sobre o Vale do
Varosa, até onde a vista alcança
casario, culturas e pastagens,
o horizonte mostra-se
pontilhado por belos exemplares
de arquitectura medieval como o
Mosteiro de Salzedas, a Igreja
do Mosteiro de S. João de
Tarouca, a Torre da Ucanha,
exemplar único na Península
Ibérica de ponte fortificada.
A sabedoria e o espírito
dinâmico dos monges que ali
fundaram o primeiro Mosteiro de
Cister em Portugal, perpetuou-se
no génio das suas gentes. Nas
feiras e mercados e em dias de
festas aos santos padroeiros
encontra-se todo o tipo de
artesanato típico e à mesa não
faltam os sabores da rica
gastronomia, acompanhada pelos
brancos e tintos da Região
Demarcada Távora-Varosa e o
melhor espumante da Região. Em
perfeita harmonia com o
progresso do novo século,
Tarouca e todo o planalto onde
estão incrustadas as suas
freguesias é também paraíso dos
amantes de desportos ao ar livre
e praticantes de parapente e asa
delta. Não obstante todo o
concelho constituir para os seus
visitantes uma autêntica viagem
ao passado, onde a história se
cristalizou e a Arte deixou
traços de imortal beleza.
Tondela - (Concelho do Distrito
de Viseu)

Origem do nome:
«Xavier Fernandes em Topónimos e
Gentílicos (1944):”Contou-se
algures – e a historieta tem-se
repetido com as características
de lenda insustentável – que o
nome Tondela, designativo duma
pitoresca vila beiroa, teve a
sua origem numa corneta, porque
era ao tom dela que se juntavam
os povos da região (Caramulo,
Vale de Besteiros, etc.), para
combater os inimigos – romanos
ou mouros.
A explicação pode ser curiosa,
mas com ela não se satisfazem a
história, a filologia e até o
bom senso.
Certo é que o nome Tondela é
antiquíssimo e já existia, pelo
menos, nos primórdios da
monarquia portuguesa. No foral
de D. Afonso Henriques,
concedido em 1137 a Santa Comba
e outras vilas próximas, já se
encontra referência a uma
estrada “qui venit de Tondela”.
Parece ser o próprio nome que
revela a fundação da povoação,
como se infere do que expomos a
seguir.
Todela é um derivado aferético
de atondo, vocábulo do português
arcaico que significa “direito
de arrotear, agricultar ou
romper algum terreno maninho e
utilizar-se dos seus produtos,
mas sem o poder dar, doar,
trocar ou vender, sendo assim um
mero usufrutuário e não senhorio
directo”.
Segundo rezam velhos documentos,
muitos anos antes da fundação da
nacionalidade portuguesa as
terras do actual concelho de
Tondela eram denominadas de
Balistarriis.
Aí, precisamente, um núcleo de
povoadores fixou um modesto
atondo, tratando de aproveitar o
terreno inculto, utilizando-se
das suas produções, mas sem o
poder alienar.
Assim teve início a actual vila
de Tondela, cujo nome – à
semelhança de Mirandela,
Palmela, Penela, Portela, Vizela
e outros topónimos – é um
verdadeiro diminutivo,
significando, portanto,
etimologicamente pequeno
atondo”.
Tondela
http://www.prof2000.pt/users
É
de tradição ao chegar a Tondela
ir matar a sede no Chafariz das
Sereias, onde um belo trabalho
em pedra nos revela uma mulher
com uma trompa na mão.
Trata-se de uma mulher que,
segundo a lenda, vigiava os
movimentos dos mouros do cimo
dos montes. Ao avistar o perigo,
tocava a trompa e ao tom dela se
juntava o povo para enfrentar o
inimigo.
O actual concelho de Tondela
compreende as freguesias que
constituíam o antigo concelho de
Besteiros , ao qual vieram a
anexar-se, com o andar dos
tempos e depois de múltiplas
reformas administrativas, os
antigos coutos, depois concelhos
da Serra do Caramulo - S. João
do Monte e Guardão
e, na terra chã, os de Mouraz,
Sabugosa, Santa Maria de Canas,
S. Miguel de Outeiro e algumas
freguesias que pertenciam ao
termo de Viseu e a outros
pequenos concelhos, Barreiro e
Treixedo.
Segundo documentos dos séculos
X, XI e XII designava-se esta
região por Terra de Balistariis.
Esta designação tem por origem a
palavra balista ou besta,
máquina de guerra usada pelos
besteiros na idade média.
Quando se fala de arte, este
vocábulo permite-nos englobar
diversas formas da expressão
artística do ser humano, desde a
arquitectura à escultura,
passando pela pintura e
diferentes manifestações do
artesanato. Nesta página poderás
ver essencialmente exemplos
relacionados com a arquitectura
e, dentro desta, com a arte
religiosa.
Em diversas localidades poderás
encontrar belas igrejas e
capelas de estilos
arquitectónicos e apreciar
também pinturas, magníficas
custódias em prata dourada e
ainda a cruz procissional da
Igreja Paroquial de S. João do
Monte.
Por todo o concelho,
encontram-se também casas
solarengas, quase todas datadas
do século XVIII.
Vila Nova de Paiva - (Concelho
do Distrito de Viseu)

Primitivamente denominada
Barrelas, foi doada por D.
Teresa, em 1128, a Garcia Garcês.
Só em 1883 passou a ter o nome
actual.
Origem do nome:
«Xavier Fernandes em Topónimos e
Gentílicos (1944)»:”O último
elemento do topónimo é o nome do
rio, Paiva, que atravessa a
povoação, e do concelho faz
parte”.
Vila Nova
de Paiva
http://www.cm-vilanovadepaiva.pt
Já
não se apresentam tão inóspitas
estas serras, como antigamente.
É diferente a configuração das
zonas urbanizadas, pois a
modernidade também trouxe
progresso e riqueza. Mas as
águas das mil e umas nascentes
continuam a irrigar o concelho,
onde se espraiam e estrangulam
os caudais do Vouga, do Paiva e
do Côvo. As serranias conservam
seu manto telúrico, esfarripado
desde as fraldas da Nave; lá de
cima, douradas de soberania,
acompanham o agricultor no
cultivo do terrunho e orientam o
viandante perdido nos caminhos
de Deus. A paisagem continua
salpicada de ancestrais moinhos
de água ou de monumentos
megalíticos, num testemunho fero
de tempos remotos. Aqui e além
ainda se encontram mulheres com
capuchas de burel, como as pinta
Aquilino.’ (H. Almeida, 2003)
O estudo do primitivo povoamento
Quando, em finais do século XIX,
J. Leite de Vasconcelos
apresentou a Orca de Juncais à
comunidade científica, inicia-se
a divulgação da riqueza
arqueológica de Vila Nova de
Paiva. O pioneirismo é ainda do
casal alemão Georg e Vera
Leisner que percorreu a região
nos anos ‘30 e mais tarde na
década de ‘50, fazendo o
inventário de vários monumentos
megalíticos.
Nos anos ‘70 E. Shee Twohig
dedicou-se ao levantamento de
pinturas e insculturas em
monumentos megalíticos da Beira
Alta.
Nova fase significativa começa
quando, nos inícios dos anos
‘90, Domingos J. Cruz se
interessa pelos monumentos
funerários neolíticos e
calcolíticos da região. Segue-se
a direcção de um projecto de
grande diacronia – ‘Alto Paiva:
sociedade e estratégias de
povoamento desde a Pré-história
Recente à Idade Média’
(1998-2002) –, no âmbito do qual
empreendeu campanhas de
escavações e prospecções.
Actualmente desenvolvem-se três
projectos de investigação, para
estudar os períodos ainda pouco
conhecidos em toda a Beira Alta,
nomeadamente a Idade do Bronze
Final, Idade do Ferro e
Romanização, Antiguidade Tardia
e Alta Idade Média.
Estão referenciadas mais de três
centenas de sítios arqueológicos
no Alto Paiva, compreendendo uma
cronologia vasta que começa em
cerca de 5000 a. C.,
testemunhada por habitats
diversos, locais fúnebres e de
culto, alguns pressupondo já
ligações das gentes a um
território. De momento são
conhecidos cerca de 130 sítios
arqueológicos nos limites do
Concelho, avultando os de
cronologia Neo-calcolítica
(entre o V e o II milénios a.
C.), não só pelo seu número,
como também por representarem
uma diversidade tipológica pouco
comum a nível nacional. Da Pré e
Proto-história sobressaem nesta
região beiroa dois importantes
povoados, um da Idade do Bronze
Final e outro da Idade do Ferro.
Destaca-se ainda a grande
riqueza dos vestígios da época
alto medieval, testemunho da
primeva cristandade.
No intuito de auxiliar a
descoberta desse património
cultural por diversos segmentos
de público, no ano de 2000 foi
editado um breve roteiro e, em
2001, iniciou-se a construção do
Museu Arqueológico do Alto Paiva
(MAAP), com a missão de
preservar e valorizar, através
da divulgação, as colecções, os
monumentos e os sítios. Enquanto
centro natural de uma unidade
geomorfológica que se repercutiu
na economia e sociedade do Alto
Paiva desde a Pré-História até
ao crepúsculo da Alta Idade
Média, o Concelho de Vila Nova
de Paiva propõe-se acolher no
Centro Interpretativo espólios
oriundos da região.
Da Romanização às Invasões
Bárbaras
No século I d. C. o Alto Paiva,
pacificado pelos Romanos,
incluía-se na província da
Lusitânia. Nesse período ocorre
a integração do território no
Império e dá-se um complexo
processo de aculturação. O
concelho de Vila Nova de Paiva
deveria corresponder aos limites
entre as civitates (centros
urbanos e seu território) de
Lamego e de Viseu, pólos de
irradiação da cultura dominante.
A inscrição monumental de
Cavalinho (Alhais) – FINIS –
testemunha a importância que
terá assumido a demarcação
territorial, indicando que aí
existiria uma fronteira entre
povos.
A malha organizativa de época
romana deixava um grande espaço
ao mundo rural, pois a área de
influência dos centros urbanos
estaria limitada pela distância.
A estas terras chegariam apenas
ecos da presença romanizadora,
imperando um modo de vida
agro-pastoril, de
auto-subsistência. Vila Nova de
Paiva seria atravessada por
caminhos que corresponderiam a
vias secundárias de cronologia
antiga e medieval. Estas
serviriam a população local,
permitindo ligações regionais, e
também transregionais. São dois
os eixos fundamentais que se
desenham na topografia –
corredores naturais que cruzam a
região sensivelmente nas
direcções dos quatro pontos
cardeais. No eixo Sul-Norte
teríamos uma via a ligar Viseu e
Lamego, passando junto a Fráguas
e Adomingueiros (Touro).
Cruzando esta por alturas de
Vila Cova-à-Coelheira,
encontra-se o eixo Oeste-Este
que, vindo de Castro Daire,
demandaria o poente através do
vale do Paiva.
A proximidade de linhas de água
e da rede viária terão
constituído factores
determinantes do estabelecimento
dos locais de exploração
agropastoril – pequenas quintas,
casais, e também espaços
vocacionados para a assistência
aos viandantes, à beira dos
caminhos. Regista-se ainda
mineração de ouro e estanho em
Queiriga e forjas em Fráguas. As
populações terão adoptado certo
número de novidades introduzidas
pelos latinos, designadamente ao
nível dos materiais de
construção, como a telha, e
outros reveladores de algum
requinte, no caso da utilização
de cerâmica de mesa importada, a
sigillata.
Em suma, a Época Romana foi um
período de integração das
populações do concelho de Vila
Nova de Paiva numa rede mais
vasta de intercâmbio cultural e
económico.
A escalada da instabilidade do
poder imperial precipitará as
Invasões Bárbaras que se
estenderão à Península Ibérica
no século V. O Norte de Portugal
foi ocupado pelos Suevos, e na
centúria seguinte pelos
Visigodos. Apesar da aproximação
de interesses entre germanos e a
elite hispano-romana, resultou
afinal um novo quadro ao nível
da administração e fiscalidade,
de feição ruralizante e
permeável à invasão Muçulmana em
Setecentos.
O estudo das terras do Alto
Paiva dos séculos V a XII está
condicionado pela irregularidade
ou ausência de fontes,
particularmente para o período
entre os séculos V e VIII. Os
documentos escritos aparecem só
escassamente a partir dos finais
do século X, e os dados
arqueológicos, sobretudo de
natureza funerária, não permitem
apurar a cronologia fina, ao
passo que as contribuições da
toponímia levantam ainda muitas
dúvidas.
Dos Muçulmanos à Reconquista
Cristã
A reocupação de povoados
fortificados, de origem
proto-histórica, e os novos
encastelamentos, foram uma
reacção generalizada de defesa
das populações entre os séculos
VIII e X. O núcleo habitacional
medievo em redor da muralha
pétrea do Castro de Vila
Cova-à-Coelheira corresponderá à
estratégia de aproveitamento das
características de
invisibilidade oferecidas pela
orografia local.
Malgrado Viseu e Lamego se
assumirem como cidades
estratégicas de acesso a Galiza
e a Leão, tendo sido
intermitentemente conquistadas
por Muçulmanos, sobretudo entre
os séculos X-XI, o Alto Paiva
terá passado marginalmente ao
domínio islâmico efectivo, mais
identificado com o modo de vida
mediterrânico, sustentáculo da
sua vocação urbana e comercial.
O avanço cristão, liderado por
Fernando I, recuperaria em 1057
aquelas capitais beirãs, e em
1064 Coimbra. À maneira dos seus
predecessores, o rei leonês
estimulou a presúria,
participada então pelos
infanções e pequena nobreza
local. No Alto Paiva, as
famílias de Ribadouro e Garcia
Rodrigues (do couto de Leomil)
foram os principais agentes
senhorializadores da região, em
prejuízo do processo
municipalista, primeiro sob
vassalagem dos monarcas
leoneses, depois fidelizando-se
à realeza lusa.
Apesar de os assentamentos
populacionais estarem
testemunhados na documentação
escrita somente a partir do
século XII, tal não invalida a
sua existência anterior. Em
abono dessa proposição, é
possível que a pressão produtiva
associada, desde o século X, à
estabilização do povoamento e
apropriação feudalizante de
espaços anteriormente livres de
obrigações tenha estado na
origem da exploração de energia
hidráulica, podendo
conjecturar-se sobre uma
tradição medieval do uso de
moinhos no Concelho.
Equacionáveis com a ocupação do
território durante a primeira
fase da Reconquista existem
importantes vestígios
funerários, que prevalecem na
forma de sepulturas escavadas na
rocha. Dois sítios de grande
relevo são a necrópole rupestre
de Carvalhais (V. N. de Paiva),
com os seus doze sepulcros de
morfologia heterogénea, e a
necrópole de S. Martinho de
Almoneixe (Touro), original
concentração de dez sarcófagos
monolíticos de tipologia arcaica
junto do templo da mesma
invocação. A tumulação nas
dependências do local de culto
beneficiava os mortos das preces
dos vivos e da protecção do
espaço sagrado. Entre os séculos
X a XII é frequente outro género
de cemitérios, não rupestres,
que se associam a um templo, por
desejo de inserção no lugar
santo. Os sarcófagos encontrados
na Igreja Matriz de Vila
Cova-à-Coelheira sugerem a
origem pré-nacional da paróquia,
entre os séculos X e XII.
Tempo de Vila Nova de Paiva
Já não se apresentam tão
inóspitas estas serras, como
antigamente. É diferente a
configuração das zonas
urbanizadas, pois a modernidade
também trouxe progresso e
riqueza. Mas as águas das mil e
umas nascentes continuam a
irrigar o concelho, onde se
espraiam e estrangulam os
caudais do Vouga, do Paiva e do
Côvo. As serranias conservam seu
manto telúrico, esfarripado
desde as fraldas da Nave; lá de
cima, douradas de soberania,
acompanham o agricultor no
cultivo do terrunho e orientam o
viandante perdido nos caminhos
de Deus. A paisagem continua
salpicada de ancestrais moinhos
de água ou de monumentos
megalíticos, num testemunho fero
de tempos remotos. Aqui e além
ainda se encontram mulheres com
capuchas de burel, como as pinta
Aquilino.’ (H. Almeida, 2003)
Tempo de Vila Nova de Paiva
1128, Março, 30
D. Teresa couta a vila de
Fráguas a Garcia Garcês e a sua
mulher Elvira Mendes, referindo
o lugar de Barrelas.
1514, Julho, 16
Fráguas recebe carta de foral de
D. Manuel, constituindo a sede
do concelho onde se inclui
Barrelas.
1836, Novembro, 6
São extintos os concelhos de
Alhais, Pendilhe e Vila
Cova-à-Coelheira, e incorporados
no de Fráguas.
1881, Junho, 28
A Câmara Municipal dirige carta
ao Governo solicitando que em
Barrelas se estabelecesse a sede
do concelho sob o nome de Vila
Nova de Paiva.
1883, Março, 2
O Governo substitui o topónimo
de Barrelas pelo de Vila Nova de
Paiva, assim determinada sede do
concelho de Fráguas.
1895, Setembro, 14
É extinto o concelho de Fráguas,
sendo as freguesias anexadas aos
concelhos vizinhos.
1898, Janeiro, 15
O Concelho foi restaurado com os
limites actuais, e passa a
denominar-se Vila Nova de Paiva.
Pertence-lhe as freguesias de
Fráguas, Queiriga, Pendilhe,
Vila Cova-à-Coelheira, Alhais e
Touro.
Achados arqueológicos relacionam
Pendilhe com fundição
http://www.pendilhe.ynismon.com
Tuesday, October 31 @ 08:22:46
WET por celta (10 leituras)
tiago escrever "Viseu, 26 Out
(Lusa) - Um forno, um almofariz
de granito e dejectos de
fundição foram encontrados nos
últimos trabalhos arqueológicos
realizados em Pendilhe, Vila
Nova de Paiva, revelando que o
local terá sido usado para
actividades ligadas à
transformação do ferro.
Os trabalhos arqueológicos,
desenvolvidos durante Setembro,
deram continuidade aos iniciados
no ano passado, no âmbito do
projecto de investigação "Da
Serra da Nave ao Vouga:
Paisagens Humanas da Antiguidade
Tardia à Alta Idade Média",
inscrito no Plano Nacional de
Trabalhos Arqueológicos e
financiado pelo Instituto
Português de Arqueologia.
Segundo disse à Agência Lusa o
presidente da Junta de Freguesia
de Pendilhe, Orlando Canseiro, a
Câmara Municipal de Vila Nova de
Paiva está a equacionar a
possibilidade de musealizar o
local, de forma a permitir que
seja visitado.
"Já tivemos várias conversas
sobre essa possibilidade, que
penso que se concretizará. Mas
as descobertas são muito
recentes, e a câmara está à
espera da opinião dos
arqueólogos", acrescentou.
O local, designado Largo da
Latada, junto à Igreja Matriz,
terá sido utilizado para
actividades relacionadas com a
transformação do ferro na época
tardo romana, ou seja, do século
IV em diante.
Segundo a autarquia, "são
testemunho desta forja um forno
rústico, construído de pedra e
cerâmica, um almofariz de
granito, que seria usado para
triturar minério, e uma grande
quantidade de dejectos de
fundição, como escória e
pingos".
"Entre o espólio recolhido
contam-se centenas de pregos e
rebites em ferro, bem como pesos
pétreos que seriam usados no
labor do ferreiro", acrescenta.
Todos estes achados
arqueológicos se encontram
"muito bem conservados" e
permitem aos estudiosos "abrir
uma janela sobre as actividades
quotidianas do passado".
"A breve trecho, será possível
reconstituir a actividade desta
oficina, que funcionaria no
âmbito de uma grande exploração
agro- pecuária, situada junto a
um eixo viário de importância
trans- regional", sublinha a
autarquia.
A musealização do local
possibilitaria "uma leitura
permanente do sítio", o que a
autarquia considera "uma mais
valia para a população local e
para a região do Alto Paiva".
Orlando Canseiro mostrou-se
convencido de que "esta ideia
irá para a frente", o que poderá
tornar a sua freguesia - onde já
existe uma anta e um conjunto de
12 espigueiros tradicionais -
"um importante pólo de atracção
turística" na região.
A Câmara Municipal de Vila nova
de Paiva tem apoiado os
trabalhos arqueológicos que,
além dos objectivos científicos,
pretendem também funcionar como
escola, ajudando a formar jovens
estudantes de arqueologia.
Este ano, praticaram em Pendilhe
as técnicas de trabalho de campo
alunos das Universidades de
Coimbra, Porto e Minho.
O sítio arqueológico em causa
foi identificado em 2005 e
"permitiu recuar quase mil anos
as origens da povoação de
Pendilhe", tendo os vestígios já
recuperados levado a deduzir que
terá tido ocupação humana a
partir dos primeiros séculos
desta era.
Segundo a autarquia, "as
diferentes estruturas que estão
em processo de escavação
pertencem a distintas fases, que
se estendem desde a época romana
até à alta Idade Média,
atestando várias remodelações na
ocupação do mesmo espaço".
"São visíveis no local muros
graníticos bem conservados, vêm-
se as entradas de algumas
divisões com as suas soleiras de
porta e até alguns degraus.
Existem vários pisos de
argamassa, também bem
preservados", descreve.
AMF Lusa/fim
Viseu, 26 Out (Lusa) - Um forno,
um almofariz de granito e
dejectos de fundição foram
encontrados nos últimos
trabalhos arqueológicos
realizados em Pendilhe, Vila
Nova de Paiva, revelando que o
local terá sido usado para
actividades ligadas à
transformação do ferro.
Os trabalhos arqueológicos,
desenvolvidos durante Setembro,
deram continuidade aos iniciados
no ano passado, no âmbito do
projecto de investigação "Da
Serra da Nave ao Vouga:
Paisagens Humanas da Antiguidade
Tardia à Alta Idade Média",
inscrito no Plano Nacional de
Trabalhos Arqueológicos e
financiado pelo Instituto
Português de Arqueologia.
Segundo disse à Agência Lusa o
presidente da Junta de Freguesia
de Pendilhe, Orlando Canseiro, a
Câmara Municipal de Vila Nova de
Paiva está a equacionar a
possibilidade de musealizar o
local, de forma a permitir que
seja visitado.
"Já tivemos várias conversas
sobre essa possibilidade, que
penso que se concretizará. Mas
as descobertas são muito
recentes, e a câmara está à
espera da opinião dos
arqueólogos", acrescentou.
O local, designado Largo da
Latada, junto à Igreja Matriz,
terá sido utilizado para
actividades relacionadas com a
transformação do ferro na época
tardo romana, ou seja, do século
IV em diante.
Segundo a autarquia, "são
testemunho desta forja um forno
rústico, construído de pedra e
cerâmica, um almofariz de
granito, que seria usado para
triturar minério, e uma grande
quantidade de dejectos de
fundição, como escória e
pingos".
"Entre o espólio recolhido
contam-se centenas de pregos e
rebites em ferro, bem como pesos
pétreos que seriam usados no
labor do ferreiro", acrescenta.
Todos estes achados
arqueológicos se encontram
"muito bem conservados" e
permitem aos estudiosos "abrir
uma janela sobre as actividades
quotidianas do passado".
"A breve trecho, será possível
reconstituir a actividade desta
oficina, que funcionaria no
âmbito de uma grande exploração
agro- pecuária, situada junto a
um eixo viário de importância
trans- regional", sublinha a
autarquia.
A musealização do local
possibilitaria "uma leitura
permanente do sítio", o que a
autarquia considera "uma mais
valia para a população local e
para a região do Alto Paiva".
Orlando Canseiro mostrou-se
convencido de que "esta ideia
irá para a frente", o que poderá
tornar a sua freguesia - onde já
existe uma anta e um conjunto de
12 espigueiros tradicionais -
"um importante pólo de atracção
turística" na região.
A Câmara Municipal de Vila nova
de Paiva tem apoiado os
trabalhos arqueológicos que,
além dos objectivos científicos,
pretendem também funcionar como
escola, ajudando a formar jovens
estudantes de arqueologia.
Este ano, praticaram em Pendilhe
as técnicas de trabalho de campo
alunos das Universidades de
Coimbra, Porto e Minho.
O sítio arqueológico em causa
foi identificado em 2005 e
"permitiu recuar quase mil anos
as origens da povoação de
Pendilhe", tendo os vestígios já
recuperados levado a deduzir que
terá tido ocupação humana a
partir dos primeiros séculos
desta era.
Segundo a autarquia, "as
diferentes estruturas que estão
em processo de escavação
pertencem a distintas fases, que
se estendem desde a época romana
até à alta Idade Média,
atestando várias remodelações na
ocupação do mesmo espaço".
"São visíveis no local muros
graníticos bem conservados, vêm-
se as entradas de algumas
divisões com as suas soleiras de
porta e até alguns degraus.
Existem vários pisos de
argamassa, também bem
preservados", descreve.
AMF Lusa/fim
Texto enviado por Myst Cerridwen
para a Mailing list de Pendilhe.
Vouzela

A história de Vouzela (“… Ai
Vouzela … como os cristãos a
adoravam e os mouros gostavam
dela !” – nos versos de Correia
de Oliveira.
Origem do nome:
«Do, Arquivo de História Pátria
(1902)»:” O nome desta nobre
vila provém, segundo alguns
investigadores, de um árabe, mas
é mais verosímil que seja
oriundo dos rios Vougas e Zella,
este último que atravessa a vila
na parte extrema do oeste.
Os romanos chamaram ao rio
Vouga, que corre quilómetro e
meio a sul da vila, Vaca e
Vácua, mas os de Leão
chamavam-lhe Bauca e às duas
ribeiras confluentes davam o
nome de Bauceela.
Com a transformação da linguagem
ficamos chamando Vouga e Vouzela
ao rio e a um dos ribeiros, e
Zela ao outro confluente.
Enquanto a fundação da vila está
imersa em completa escuridade,
mas como faz parte integrante do
território de Lafões, deve ter a
mesma origem histórica”.
«Xavier Fernandes em Topónimos e
Gentílicos (1944)»:”O Dr. José
Leite de Vasconcelos diz que
“Vouzela” supõe Vaucella, de
Vácua, nome do rio Vouga, na
antiguidade”.
Em Vouzela, pode, de facto,
ver-se o diminutivo de Vácua, ou
melhor, da forma Vauca, por
Vaucella (pequeno Vouga), nada
tendo a surpreender chamar-se
assim ao pequeno rio (hoje Zela)
de preferência a outro afluente
do Vouga, pois a denominação tem
origens psicológicas muito
acentuadas em qualquer topónimo.
Além disto, apreferência é
aparente, porque o Vouga inicial
parece ter-se chamado Vouzela (co
Tuela, o Tua superior), tendo-se
indubitavelmente chamado assim
um pequeno afluente do Vouga
superior (como se vê no foral de
Aguiar da Beira, século Xlll).
Como esse pequeno tributário se
chamou Vouzela, o mesmo pode
chamar-se outro – o riozinho que
passa nesta vila e desagua, um
pouco ao norte, no Vouga.
A denominação Zela actual,
ver-se-á, representa, puramente,
uma forma popular eferética
(perda da sílaba inicial,
foneticamente facilitada na
expressão “rio Vouzela” por
vocalização do V -, regular no
conjunto, com assimilação do ou
– resultante ao – o do primeiro
termo).
Em todo o caso, a étimo Vaucella
pode não ser o verdadeiro,
apesar de ter por si a opinião
de Leite de Vasconcelos, se –
zella, representar o sufixo
diminutivo – cella”.
Vouzela
http://www.cm-vouzela.pt/concelho.html
Situada na Beira Alta, Vouzela é
um dos 24 concelhos do distrito
de Viseu, e encontra-se a 350 m
de altitude na margem esquerda
do Rio Vouga, tendo ao seu lado
direito a Serra da Gralheira e à
esquerda a Serra do Caramulo.
Sede concelhia de doze
freguesias, com a extensão de
189 Km2, e uma população que
ronda os 13.200 habitantes,
tendo na sua sede pouco mais de
1.100 habitantes, Vouzela está
situada em pleno coração da
Região de Lafões.
A vila é pequena mas airosa:
servida por boas vias de
comunicação, ligada por
camionagem a todo o concelho,
possuindo transportes rápidos
para os grandes centros e dotada
de todas as infra-estruturas que
tornam a vida cómoda e calma.
As suas várias casas
quinhentistas, a atestar seu
passado valor, harmonizam-se com
construções modernas surgidas em
zonas novas e espalhadas por
toda a vila.
Junto à vila há paisagens
maravilhosas a impressionar o
visitante: a estrada que nos
leva à foz do Rio Zela, tem um
aspecto caracteristicamente
alpino, com a esplêndida piscina
natural que o Vouga ali nos
proporciona. E o Monte do
Castelo onde se localiza o
magnífico Parque de Campismo,
com todas as infra-estruturas
que lhe proporcionam umas
excelentes férias, para onde se
vai numa estrada sinuosa de uns
três quilómetros, permite-nos
lançar a vista para um quadro
estupendo, a conquistar o
turista mais viajado, que dirá
jamais ter visto igual beleza de
tantos contrastes harmoniosos.
Mas o concelho é todo de
percorrer com agrado.
Seguindo pela estrada do
caramulo, repare-se em Paços de
Vilharigues, de torre altaneira,
infelizmente em ruínas, de vista
bonita sobre a vila; demore-se
em Cambra, de rico artesanato -
tecedeiras de linho e cesteiros
de vime; passando em Cambarinho,
com os seus raríssimos Loendros
(rododendros) floridos em Maio;
olhe-se Campia, de motivos
dignos de grande artista; e
chegue-se a Alcofra, terra
antiquíssima do Condado
Portucalense.
Por outra estrada caramulana,
podemos ir a Ventosa, com o seu
Cruzeiro da Independência, donde
se avista a vila de um ângulo
maravilhoso. Subindo sempre por
uma estrada florestal, faz-se o
Circuito da Penoita, com um
desvio ao Outeiro das Abas,
panorama dos mais vastos do
País, desde a Estrela portentosa
à imensidão do mar.
Covas, centenas de metros
adiante, é a aldeia tipicamente
caramulana, tal como Carvalhal
de Vermilhas que se adivinha ao
longe, e Fornelo do Monte, já na
encosta de Vale de Besteiros.
Vista de Covas - Fornelo do
Monte
Por outra estrada, pode ir-se a
Fataúnços, terra nobre de
solares brasonados e observar os
recantos de Figueiredo das
Donas, da curiosa tradição do
Tributo das Cem Donzelas. Mais
longe, Queirã e S. Miguel do
Mato, terras que foram de ricos
subsolos, hoje modernizados num
conjunto ameno aos olhos do
visitante.
São estas as terras de Vouzela,
ricas de culinária com a célebre
Vitela de Lafões e o seu
agradável vinho verde (Vinho de
Lafões), a doçaria regional,
onde têm lugar cimeiro os
folares e os inigualáveis
Pastéis de Vouzela, terras de
tradições e de lendas,
pletóricas de belezas naturais
que, conjuntamente com as
comodidades da época de que
muito se orgulham, se oferecem
ao turista e ao visitante para
lhes proporcionar umas férias
agradáveis e uns aprazíveis fins
de semana.
As Freguesias:
* Alcofra * Cambra * Campia *
Carvalhal de Vermilhas *
Fataúnços
* Figueiredo das Donas * Fornelo
do Monte * Paços de Vilharigues
* Queirã * S. Miguel do Mato *
Ventosa * Vouzela
Vouzela
http://automaticnetwork.com
Concelho de Vouzela ... a
princesa de lafões
Situada na Beira Alta, Vouzela é
um dos 24 concelhos do distrito
de Viseu, encontrando-se a Vila
a 350 m de altitude na margem
esquerda do Rio Vouga, tendo ao
seu lado direito a Serra da
Gralheira e à esquerda a Serra
do Caramulo. Sede concelhia de
doze freguesias, com a extensão
de 193,7 Km2, e uma população
que ronda os 11 916 habitantes,
tendo na sua sede pouco mais de
1 485 habitantes, Vouzela está
situada em pleno coração da
Região de Lafões.
A vila é pequena mas airosa:
servida por boas vias de
comunicação, ligada por
camionagem a todo o concelho,
possuindo transportes rápidos
para os grandes centros e dotada
de todas as infra-estruturas que
tornam a vida cómoda e calma.
As suas casas quinhentistas, a
atestar o seu valioso passado,
harmonizam-se com construções
modernas surgidas em zonas novas
e espalhadas por toda a vila.
Junto à vila há paisagens
maravilhosas a impressionar o
visitante: a estrada que nos
leva à foz do Rio Zela tem um
aspecto caracteristicamente
alpino, com a esplêndida piscina
natural que o Vouga ali nos
proporciona. E o Monte do
Castelo onde se localiza o
magnífico Parque de Campismo,
com todas as infra-estruturas
que lhe proporcionam umas
excelentes férias, para onde se
vai numa estrada sinuosa de uns
três quilómetros, permite-nos
lançar a vista para um quadro
estupendo, a conquistar o
turista mais viajado, que dirá
jamais ter visto igual beleza de
tantos contrastes harmoniosos.
Mas o concelho é todo de
percorrer com agrado.
Seguindo pela estrada do
caramulo, repare-se em Paços de
Vilharigues, de torre altaneira,
infelizmente em ruínas, de vista
bonita sobre a vila; demore-se
em Cambra, de rico artesanato -
tecedeiras de linho e cesteiros
de vime; passando em Cambarinho,
com os seus raríssimos Loendros
(rododendros) floridos em Maio;
olhe-se Campia, de motivos
dignos de grande artista; e
chegue-se a Alcofra, terra
antiquíssima do Condado
Portucalense.
Por outra estrada caramulana,
podemos ir a Ventosa, com o seu
Cruzeiro da Independência, donde
se avista a vila de um ângulo
maravilhoso. Subindo sempre por
uma estrada florestal, faz-se o
Circuito da Penoita, com um
desvio ao Outeiro das Abas,
panorama dos mais vastos do
País, desde a Estrela portentosa
à imensidão do mar.
Covas, centenas de metros
adiante, é a aldeia tipicamente
caramulana, tal como Carvalhal
de Vermilhas que se adivinha ao
longe, e Fornelo do Monte, já na
encosta de Vale de Besteiros.
Por outra estrada, pode ir-se a
Fataúnços, terra nobre de
solares brasonados e observar os
recantos de Figueiredo das
Donas, da curiosa tradição do
Tributo das Cem Donzelas. Mais
longe, Queirã e S. Miguel do
Mato, terras que foram de ricos
subsolos, hoje modernizados num
conjunto ameno aos olhos do
visitante.
São estas as terras de Vouzela,
ricas de culinária com a célebre
Vitela de Lafões e o seu
agradável vinho verde (Vinho de
Lafões), a doçaria regional,
onde têm lugar cimeiro os
folares e os inigualáveis
Pastéis de Vouzela, terras de
tradições e de lendas,
pletóricas de belezas naturais
que, conjuntamente com as
comodidades da época de que
muito se orgulham, se oferecem
ao turista e ao visitante para
lhes proporcionar umas férias
agradáveis e uns aprazíveis fins
de semana.
Trabalho e pesquisa de
Carlos Leite Ribeiro –
Marinha Grande -
Portugal
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