Trabalho e pesquisa de
Carlos Leite Ribeiro
Concelhos de:
Alijó, Boticas, Chaves,
Mesão Frio, Mondim de
Basto, Montalegre,
Murça,
Peso da Régua, Ribeira
de Pena, Sabrosa, Santa
Marta de Penaguião,
Valpaços, Vila Pouca de
Aguiar
O Distrito de Vila
Real, pertencente à
província
tradicional de
Trás-os-Montes e
Alto Douro. Limita a
norte com a Espanha,
a leste com o
Distrito de
Bragança, a sul com
o Distrito de Viseu
e a oeste com o
Distrito do Porto e
com o Distrito de
Braga. Área: 4328
km². Capital e Sede
do Distrito: a
cidade de Vila Real.
Apontamento de 1900
(Jornal do
Comércio):”O
distrito de Vila
Real é formado de
uma parte da antiga
província de
Trás-os-Montes; tem
uma superfície de
4.273,20 Km2 e uma
população de 242.196
habitantes.
Compreende 14
concelhos e 254
freguesias.
Povoações
principais: Vila
Real, Chaves e Peso
da Régua. Serras
principais: Barroso
(1.279 metros) e
Pedrela (1.146 m). É
banhado pelos rios
Cavado e seu
afluente Rabagão;
pelos rios Tâmega,
Corgo, Pinhão,
Tinhela e Tua
(afluentes da margem
direita do rio
Douro. A região do
Vinho do Porto fica
principalmente nesta
região”.
Vila Real – (Capital
e Concelho do
Distrito de Vila
Real)
Embora o primeiro
foral tivesse sido
concedido por D.
Afonso lll, em 1272,
foi D. Dinis quem
garantiu à povoação
estruturas políticas
e económicas para
que fosse a herdeira
dos privilégios da
velha Constantim, a
antiga capital de
medieva Terra de
Panóias, pelo foral
de 1289. Em 1515, D.
Manuel l
outorgou-lhe foral
novo.
Origem do nome::
A cidade de Vila
Real mantém, apesar
de ser cidade o nome
de Vila, porque o
adjectivo Real é o
melhor pergaminho da
terra: a fundação
dada por el-rei D.
Dinis.
Por isso, lhe ficou
para sempre o nome
de Vila Real a que
às vezes se
acrescenta, como
todos sabemos, um
determinativo – Vila
Real de
Trás-os-Montes para
não haver confusões
com outra Vila Real,
a de Santo António,
que fica no Algarve.
(Prof. Dr. Vasco
Botelho do Amaral
1947).
“Apontamento do ano
de 1900 do “Jornal
do Comércio”:
“Vila Real é capital
do distrito e cabeça
de concelho. Fica
situada entre os
rios Cabril e Corgo,
perto da serra do
Marão, com 6.736
habitantes. É
servida pelos
caminhos de ferro do
Douro. O concelho
tem 28 freguesias e
36.062 habitantes.
O distrito de Vila
Real tem uma
superfície de
4.273,2 Km2 e uma
população de 242.196
habitantes.
Compreende 14
concelhos e 254
freguesias. Os
concelhos são:
Alijó, Boticas,
Chaves, Mesão Frio,
Mondim de Basto,
Montalegre, Murça,
Peso da Régua,
Ribeira da Pena,
Sabrosa, Santa Maria
de Penaguião, Vale
Passos, Vila Pouca
de Aguiar e Vila
Real.
Serras principais:
Barroso (1.279
metros de altitude)
e Padrela (1.146 m).
É banhado pelos rios
Cávado e seu
afluente Rabagão e
também pelos
afluentes da margem
direita do rio
Douro, Tamega,
Corgo, Pinhão,
Tinhela e Tua.
Neste distrito fica
principalmente a
região do afamado
vinho do Porto”.
“Quem vier de Vila
Real parará no Alto
do Velão, e daí
desfrutará
inesquecível
panorâmica. É desse
empolgante palco
natural que importa
ir contactar com as
Fisgas do Ermelo, de
onde o rio Olo se
despenha, onde as
águias ainda fazem
ninho”. (Trindade
Coelho in
“Trás-os-Montes).
Embora o primeiro
foral tivesse sido
concedido por D.
Afonso lll, em 1272,
foi D. Dinis quem
garantiu à povoação
estruturas políticas
e económicas para
que fosse a herdeira
dos privilégios da
velha Constantim, a
antiga capital de
medieva Terra de
Panoias, pelo foral
de 1289, D. Manuel l
outorgou-lhe foral
novo em 1515.
A característica
cidade maronesa pode
definir-se como
agradável
encruzilhada de
acesso terrestre e
aéreo, a
Trás-os-Montes.
Emoldurada em
policroma e
fascinante paisagem
natural, contempla
permanentemente as
contíguas serras do
Marão (que outrora,
dizia o, “não dá
palha nem grão”, mas
hoje se encontra
quase inteiramente
florestada, nela se
situa a Pousada
Nacional de São
Gonçalo) e do Mesio,
cuja beleza rústica
nos conduz à
vivência planática e
medieva de Lamas de
Olo. Ambas as serras
contribuem,
frequentemente no
Inverno, para vestir
Vila Real com
esplendoroso manto
de neve.
Próximo deste
cenário foi tentado,
no dealbar da
Nacionalidade, o
povoamento de
Constantim, a que o
Conde D. Henrique
(pai do 1º rei de
Portugal, D. Afonso
Henriques) deu foral
em 1096.
Como não tivesse
resultado, D. Afonso
lll criou Vila Real
por carta de foro de
1272. No entanto,
foi o rei D. Dinis
(o verdadeiro
povoador e
construtor de toda a
província de
Trás-os-Montes e
Alto Douro) quem,
por seus forais de
1289 e 1293,
instituiu na
realidade Vila Real
de Panóias,
determinando-a com
“mil probadores”,
população que,
aliás, ainda não
tinha quando, em
1515, D. Manuel l
lhe concedeu novo
foral. E Vila Real
de Panóias (ou
Panóias) era, na
Baixa Idade Média, o
centro de um vasto
território que teria
por fronteiras
líquidas os rios
Tua, Teixeira e
Douro, e onde tanto
o culto dos deuses
como o poderio
militar eram
romanos.
Extinta a hegemonia
de Roma e atido a
Lamego o domínio
árabe, Vila real (de
Panóias) apenas
surgiu promissora
quando a protecção
dionisíaca a cingiu
de muralhas e de um
castelo na “vila
velha”, monumento
que, embora bem
edificado sobre o
promontório do
Corgo, foi destruído
no século passado.
Urbe com 700 anos de
existência, não
surpreende a beleza
dos seus monumentos,
de entre os quais se
detaca a igreja
(hoje Sé-Catedral da
diocese e monumento
nacional) do antigo
convento de São
Domingos, ali
surgido no século XV.
Sobressaem ainda a
magnífica fachada da
Capela Nova (obra do
arquitecto Nasoni; a
antiga Capela da
Misericórdia; a
janela em ângulo, do
século XVl, da Casa
dos Correias
Mesquita e as
janelas geminadas
(manuelinas) do
antigo Palácio dos
Marqueses de Vila
Real; o famoso e
formoso Solar dos
Mateus; a frontaria
dos Paços do
Concelho; a Casa dos
Brocas, que foi da
família do escritor
Camilo Castelo
Branco; as igrejas
de São Pedro e São
Dinis e a bela e
muito antiga Capela
de São Brás, dos
primórdios da
fundação de Vila
real, onde se
encontra o túmulo do
Espadeiro,
companheiro de armas
de D. Afonso
Henriques; a casa
onde se supõe Ter
nascido o grande
navegador Diogo Cão;
o sóbrio edifício do
Governo Civil que
foi solar do conde
de Amarante, e, nas
cercanias da cidade,
a Torre de Quintela,
vinda do século XlV,
em Vila Marim, onde
Camili Castelo
Branco situa cenas
de alguns dos seus
romances; as Igrejas
de Mondrões, de
Guadalupe e de
Mouçós (nas
cercanias da
cidade),
extraordinariamente
ricas em arte; os
pelourinhos de Vila
Real, de Lordelo e
de Vale de Nogueira
(Galegos). Enfim,
tudo isto é Vila
real, que se ufana
de ter sido berço do
comandante Carvalho
de Araújo
(comandante dum
submarino que foi
afundado pelos
alemães durante a 1ª
Guerra Mundial, ao
largo dos açores
após valorosa luta
com os alemães) e de
Diogo Cão (que em
1482, no reinado de
D. Manuel l,
descobriu o rio
Zaire (Angola) e o
reino do Congo. No
ano seguinte
percorreu toda a
costa de Angola).
Têm igualmente
interesse as Pontes
de Piacais (do
século Xlll, de três
arcos e talha-mares),
de Santa Margarida
(século XVl, devida
ao abada de Mouçós,
D. Pedro de Castro),
de Almodena (século
XlX), a ponte romana
de Torneiros, bem
como o viaduto
metálico sobre o rio
Cargo, construído em
1904, de onde se
avista um dos
bairros mais antigos
e típicos da cidade,
a rua dos Ferreiros,
ou Bairro Latino,
com as suas casas
de granito dotadas
de castiças adufas
de madeira
trabalhada, espécie
de balcões ou
sacadas..
No exterior da
citada “vila velha”,
de escarpas
abruptas, assiste-se
à confluência dos
rios Cabril e Corgo,
tendo neste sido
construída uma
pequena central
eléctrica, que
possibilitou a Vila
Real tornar-se, em
1895, a primeira
cidade portuguesa a
ser iluminada por
energia eléctrica.
Do outro lado, o
monte Forca é
panoramicamente
valioso, enquanto
do Alto do Calvário
se obtém larga
perspectiva
citadina. No picoto
da Relva, acessível
por estrada (a 1.150
metros de altitude),
observa-se parte das
margens do Corgo.
São bastante
interessantes a
etnografia e o
folclore do concelho
de Vila Real. É
assim que, à boa
maneira antiga
existem as Tunas
Populares de
Meneses, Arrabães,
Bisalhães, gontães e
Campeã; as Bandas de
Música de Nogueira,
Mateus, Portela e
Sanguinhedo; os
Ranchos Folclóricos
de Constantim, Nossa
Senhora da
Conceição, Borbela,
Couto e Lordelo
(este infantil), e
os tradicionais
zés-pereiras (bombos
– tambores enormes)
de Arrabães,
Abambres e Campeã.
No que concerne ao
artesanato, são de
referir os bordados
de Agarez e os
diversificados
barros de Bisalhães,
de extraordinária
arte popular. Estes
são vendidos no
local, à beira da
estrada, ou na
tradicional Feira de
São Pedro,
anualmente realizada
em Vila Real, de 27
a 29 de Junho.
Anote-se que a
cozinha transmontana
é muito valorizada
por estes barros
típicos, ficando
primoroso o arroz no
forno e outros
cozinhados, quando
eles são utilizados.
Aliás, tanto a
gastronomia de Vila
Real como os seus
afamados vinhos da
região o chamado
vinho rosé Mateus,
mundialmente
conhecido, são
virtudes da melhor
mesa, mormente
quando tem o cabrito
assado, o fumeiro e
o excelente bacalhau
à Espadeiro, o
bacalhau com batatas
a murro (batatas com
casca), as tripas
aos molhos, a bola
de carne, não
esquecendo a
deliciosa doçaria
tradicional: os
pastéis de toucinho
do céu, os
covilhetes (pastéis
de carne), os pitos
(na Santa Luzia), as
ganchas (no São
Brás) e o serrabulho
doce (na alturada
matança do porco).
Em Trás-os-Montes é
velho o adágio de
que “para cá do
Marão mandam os que
cá estão”, terá
sido nesta escala
silenciosa mas
profícua que se
desenvolveu toda uma
cultura, primeiro
conventual, quer por
via de influência
monástica, quer
através da acção de
dezenas de solares e
do progresso de
arquivos,
bibliotecas e
escolas.
Mas interessa do
mesmo modo lembrar
que a cidade possuí
valioso recheio
bibliográfico,
herdado dos antigos
conventos de Santa
Clara e de São
Francisco, bem como
do Arquivo Distrital
e de bibliotecas
particulares.
Quem vier a Vila
real “à descoberta
de Portugal”, há-de
atentar na sua
história, no seu
património artístico
e na versátil
panorâmica
maronesa.
Para além dos montes
que limitam a leste
o Minho, fica
situada outra
região, cuja
fisionomia
geográfica é bem
diferente e que
daquela
circunstância
expressivamente a
designação:
Trás-os-Montes. As
próprias formas do
relevo marcam bem o
contraste entre as
duas antigas
províncias.
Trás-os-Montes e
Alto Douro,
compreende sobretudo
vastas extensões
planálticas elevadas
(à volta de 700-800
metros de altitude),
dominadas por
algumas serras não
muito altas e
cortadas por bacias
que correspondem a
abatimentos
tectónicos e por
entalhes erosivos
muitas vezes guiados
por acidentes
estruturais.
SOLAR DE MATEUS
A silhueta do Solar
Mateus é conhecida
no mundo inteiro
através dos rótulos
do vinho rosé do
mesmo nome. Uma
visita a esta
propriedade vale bem
o esforço da longa
viagem, pois este
solar marca um dos
pontos culminantes
da arquitectura
portuguesa.
O Solar de Mateus
fica situado a cerca
de três quilómetros
da cidade de Vila
Real. Ao chegar à
propriedade,
envereda-se por um
caminho curto até ao
grande terreiro onde
está o edifício. O
espaço cenário, com
gravita e areia a
toda a volta, é
ponteado por
canteiros de flores
e de buxos
verdejantes,
constantemente
irrigados para que
permaneçam viçosos.
A casa está isolada
no terreno, sendo
possível caminhar à
sua volta e
observá-la em
pormenor de qualquer
ângulo, de modo que
cada um dos quatro
lados pode ser visto
como uma fachada de
estrutura simétrica.
VINHOS DE MESA
Sabe-se que já
durante a ocupação
romana se cultivava
a vinha e se fazia
vinho nos vales de
Terras
Transmontanas. Nesta
região os solos são
predominantemente
xistosos, existindo
também algumas
manchas graníticas
e, numa pequena
área, manchas
calcárias de gneises
e aluvião. São duma
maneira geral, solos
ricos em potassa mas
pobres em cal e
ácido fosfórico.
Assim, os vinhos de
mesa da região de
Trás-os Montes são
bastante
diferenciados,
segundo os
microclimas a que
estão sujeitos
(altitude, exposição
solar,
continentalidade,
pluviosidade,
temperaturas, etc.),
tendo todos
características de
grande qualidade.
VINHO DO PORTO
Foi na segunda
metade do século
XVll que se deu a
grande expansão do
“Vinho de Riba d’
Oiro”, mais tarde
chamado “Vinho de
Embarque” e só
depois se começou a
chamar “Vinho do
Porto”. Com a
exportação deste
vinho para
Inglaterra, foram
criadas taxas
aduaneiras
especiais,
demarcando-se a
região do Douro, com
a criação da
Companhia Geral da
Agricultura das
Vinhas do Alto
Douro.
Neste trabalho
falámos no grande
escritor português
CAMILO CASTELO
BRANCO:
Camilo nasceu em
Lisboa em 1825.
Autor de muitos
romances dos
considerados
clássicos da
Literatura
Portuguesa, como:
“Anatema” –
“Mistérios de
Lisboa” – “Livro
Negro do Padre
Dinis” – “A Filha do
Arcediago” – “Cenas
Contemporâneas” –
“Onde está a
Felicidade?” – “O
que fazem as
Mulheres” –
“Memórias do
Cárcere” – “A Bruxa
do Monte Cordová” –
“Agulha em Palheiro”
– “Amor de Perdição”
(a sua obra-prima,
escrita em quinze
dias de exaltação e
de febre) – “Luta de
Gigantes” – “A Queda
de um Anjo” – “A
doida do Candal” –
“Eusébio Macário”, e
muito outras obras,
umas de pura
imaginação, outras
de paciente
investigação
histórica, outras
ainda de crítica
mordaz e acerba.
A vida do Camilo
Castelo Branco foi
também um grande
romance de aventuras
e cenas dramáticas e
dolorosas.
A cegueira, de que
foi acometido, e
grandes desgostos
morais, que o
atormentaram na
velhice,
arrastaram-no para o
suicídio em 1900.
Nos romances de
Camilo desfila todo
o cortejo das
paixões humanas,
tipos, caracteres,
costumes,
principalmente do
norte de Portugal,
aparecem nas suas
páginas, desenhados
e descritos com
relevo magistral. O
seu estilo é
irregular, agitado,
mas pitoresco e
incisivo; o seu
vocabulário é de uma
incalculável
riqueza. Pouco tempo
antes do seu
desastrado fim, o
autor de ”Amor de
Perdição” , fora
agraciado com o
título de visconde
de Correia Botelho.
Mas a História não
registará senão o
nome de CAMILO
CASTELO BRANCO.
Vila Real
http://www.solaresdeportugal.pt/PT
Vila Real é a
capital da província
de Trás-os-Montes e
uma cidade com
vários séculos de
história. Segundo se
julga, terá sido
habitada no
Paleolítico. Depois,
por ela passaram os
celtiberos, os
romanos, os bárbaros
e os muçulmanos,
sendo da época dos
romanos o Santuário
rupestre de Panóias.
A região, pouco
povoada, foi alvo de
uma política de
povoamento no século
XII. No século XIII,
D. Dinis fundou a "Pobra"
de Vila Real de
Panóias, que deu
origem à cidade de
hoje. Uma cidade
onde se cruzam
igrejas e conventos
de várias épocas e
estilos. Por ali
passou o famoso
arquitecto Nicolau
Nasoni, deixando a
sua obra visível na
fachada da Igreja
dos Clérigos e no
solar que é um dos
mais belos exemplos
de arquitectura
barroca em Portugal
- a Casa de Mateus.
Além deste solar,
podem-se encontrar
muitos outros nesta
cidade que já chegou
a ser conhecida como
"A Corte de
Trás-os-Montes".
Depois de descobrir
as potencialidades
de uma cidade que é
capital de uma das
mais importantes
províncias vinícolas
do país, não é
preciso andar muito
em torno de Vila
Real para descobrir
a simplicidade de
uma pequena aldeia
chamada Vilarinho da
Samardã, onde Camilo
Castelo Branco
passou os primeiros
e únicos felizes
anos da sua vida.
Depois, uma visita a
Bisalhães e Vilar de
Nantes remete-nos
para a simplicidade
do barro preto e das
mãos que lhe sabem
dar diferentes
formas. São já as
mulheres de Agarez
que aplicam as suas
capacidades no
trabalho manual do
linho.
Vila Real
http://www.apm.pt
VILA REAL é sede de
concelho, capital de
distrito e sede de
Bispado desde 1922.
Os primórdios da
história da cidade
remonta aos alvores
da formação de
Portugal, mas para
se perceber a sua
fundação é
necessário recuar
brevemente a eras
mais longínquas.
Num tempo (desde o
séc. I) em que as
legiões romanas
percorriam os
caminhos pedregosos
e hostis desta chão
bravio, houve a
norte de Douro um
espaço geográfico a
que deram nome de
Terra de Panóias,
uma vasta região
rica e que tinha
como núcleo
populacional mais
relevante a
localidade de
Constantim. Um pouco
mais adiante desta
localidade,
erigiram os latinos,
nos finais do século
II ou nos inícios do
séc. III , um
santuário rupestre
em honra e culto a
divindades
orientais, e que
ainda hoje pode ser
visitado, como
resíduo e enigma de
uma era
florescente. Mas a
névoa ensombrou o
império romano e a
noite apoderou-se do
ocidente europeu.
Ultrapassado o ano
mil drapejavam,
aqui, ao vento as
bandeiras mouriscas,
nos castelos de
Aguiar, Lamego e
Chaves (até 1160) .
O território, ermado
por frequentes
razias cristãs e
mouramas, raramente
foi percorrido por
D. Afonso Henriques,
preocupado com
outras campanhas e
outros problemas. O
esforço de
povoamento havia de
fazer nascer Vila
Real dos escombros
de Panóias, facto
que ocorreu nos
finais do século
XIII, por acção
real, tendo a
região recebido,
então, o nome de
Tras-los-montes. A
fundação da nova
povoação é atribuída
ao rei D. Dinis, que
concretiza
iniciativas
frustadas dos
monarcas anteriores,
ao conceder-lhe
foral em 1289. Ficou
na tradição que
El-Rei veio aqui em
pessoa e que foi ele
que escolheu o lugar
– um promontório de
altas vertentes
pedregosas,
encaixado sobre a
confluência dos rios
Corgo e Cabril -
que não o nome, pois
este dever-se-á a D.
Afonso III.
Eleito rei, foi em
Vila Real que D.
João I agrupou as
suas forças para ir
( início do Outono
de 1385) submeter
Chaves, fiel a D.
Beatriz. No século
XV e XVI, Vila
Real, tornou-se
num domínio
senhorial dos
Menezes
descendentes, o
primeiro governador
de Ceuta (D. Pedro
de Menezes). O
3ºConde, feito
também marquês em
1489, mandou
edificar o Palácio
da Torre ou Casa dos
Arcos (sita na
actual Av. Carvalho
Araújo) e à volta do
qual se juntaram
várias outras
famílias nobres.
Vila Real
assemelhava-se,
então, a uma
pequena corte. Mas
com a Restauração
todo este brilho se
extinguiu. Em 1641,
considerado
implicado, com
outros, numa
tentativa de
regicídio de D. João
IV, foi degolado o
7º marquês e 3º
duque e extinta a
estirpe dos Menezes.
Depois da Revolução
Liberal de 1820,
Vila Real foi por
vezes palco de
muitos episódios. Em
26 de Fevereiro de
1823 foi mesmo
constituído, aqui,
no auge do
entusiasmo
absolutista em luta
contra o liberalismo
vintista, a
Regência Provisória
do Governo interino
da nação, em nome
de El-rei D. João
VI, presidido pelo
incansável caudilho
miguelista, Marechal
Manuel da Silveira,
2º Conde de
Amarante.
Novos acontecimentos
de relevância só no
séc. XX, aquando da
insurreição
realista promovida
pelo monárquico
Paiva Couceiro.
Então, em 1919, Vila
Real recebeu com
dureza um ataque de
civis e militares
que ocupou, por
pouco tempo, a
cidade e destruiu o
Café Club.
No panorama
sócio-económico,
Vila Real é uma
cidade ligada ao
sector dos serviços
(60%) sejam privados
(banca e seguros)
ou públicos
(correios,
tribunais, finanças,
saúde, ensino) e
está em franco
crescimento. A
agro-pecuária, a
indústria alimentar,
o comércio
retalhista, a
construção civil são
outros sectores que
compõem este
ramalhete. Várias
são as escolas
básicas,
secundárias, e
profissionais com
estruturas na
cidade. A UTAD foi a
grande
impulsionadora da
revitalização da
urbe. Na
globalidade, o
número de alunos
rondará os 10.000
estudantes.
Animação cultural
não falta. Inúmeras
discotecas animam a
noite. Colóquios,
debates, lançamento
de livros, concertos
acontecem
frequentemente. No
Museu
quinzenalmente
acontece a tertúlia
História ao Café que
conta já com um
público fidelíssimo.
São vários os
monumentos que
constituem o seu
património
arquitectural
artístico religioso
e civil. Citamos a
Capela Nova ou dos
Clérigos, a Capela
de S. Brás, a
Igreja de S. Dinis,
a Igreja do
Calvário, a Sé, a
Igreja de S. Pedro,
a Casa do Arco, os
Paços do Concelho,,
o Pelourinho e Solar
de Mateus, o
ex-libris da
região, obra de
Nicolau Nasoni,
verdadeira jóias do
barroco, obra-prima
da arquitectura e
heráldica
setecentista,
moradia do 2º
Morgado de Mateus,
antigo governador de
S. Paulo, no Brasil,
que o fez construir.
Aqui existe o
ambiente próprio
para a realização de
concertos de música
clássica, que se
realizam ao longo do
ano, com particular
ênfase para o
Festival de Verão de
Música Barroca. A
fundação da Casa de
Mateus é
patrocinadora do
Prémio D. Dinis.
Não são abundantes
os pratos culinários
de crisma
especificamente
vilarealense. Há no
entanto alguns que
são únicos:
bacalhau à
Espadeiro, medalhões
de porco à
Espadeiro, tripas
aos molhos, posta à
maronesa, milhos à
romana; sopa
tramontana, caldo de
castanha, caldo
d’unto, sopa à
lavrador. Para um
bom lanche há a bola
de carne e para um
bom chá os pastéis
de Santa Clara, as
cristas de galo, as
cavacas, o toucinho
do céu, as
tigelinhas de
laranja. Os
covilhetes servem
para qualquer
ocasião.
A região
transmontana tem
para oferecer muitos
e variados vinhos de
versatilidade
invulgar,
provenientes de
castas de eleição.
Há-os macios e
aromáticos ou
acídulos, há-os de
taninos suaves, uns
mostram a sua cor
intensa ou rubi,
outros são frutados
e aromáticos etc.
Vila Real é uma
cidade airosa,
dominada pelos
perfis dos morros
curvilíneos,
graníticos e
bronzeados do
Marão, do Alvão e
mais além dos da
Padrela. Perto
desenha-se o
anfiteatro único do
Douro inolvidável,
que o homem e a
tecnologia
alteraram,
moldando-lhe as
feições , sem lhe
mudar, todavia, o
carácter, a beleza e
a graça.
Vila Real pertence a
uma terra de
afinidades e de
oposições. De um
lado há terras
moles, de outro
terras duras,
terras onde o
granito e o xisto
quartzíferos
pré-câmbricos
dialogam. Esta é uma
terra de altitudes e
de ravinas e de
vales profundos, de
rios e ribeiros, de
frios e de calores,
tempos de chuvas e
de secas, terra de
nove meses de
inverno e três de
inferno.
A simplicidade das
gentes que agem por
dois impulsos
contraditórios e
complementares. De
um lado o
individualismo e de
outro o
comunitarismo. Por
isso, podemos falar
de um Reino
Maravilhoso. “
Embora haja muita
gente que diz que
não, sempre houve e
haverá reinos
maravilhosos neste
mundo. O que é
preciso, para os
ver, é que os olhos
não percam a
virgindade original
diante da realidade,
e o coração, depois,
não hesite. O que
agora vou descrever,
meu e de todos os
que queiram
merecê-lo, não só
existe, como é dos
mais belos que um
ser humano pode
imaginar .Senão
reparem: Fica ele no
alto der Portugal,
como os ninhos ficam
no alto das árvores
para que a distância
os torne mais
impossíveis e
apetecidos. Quem o
namora cá de baixo,
se realmente é
rapaz e gosta de
ninhos, depois de
trepar e atingir a
crista do sonho
contempla a própria
bem-aventurança.
Vê-se primeiro um
mar de pedra. Vagas
e vagas sideradas,
hirtas e hostis,
contidas na sua
força desmedida pela
mão inexorável dum
Deus genesíaco. Tudo
parado e mudo.
Apenas se move e se
faz ouvir o coração
no peito, inquieto,
a anunciar o começo
duma grande hora. De
repente rasga a
crosta do silêncio
uma voz atroadora:
-Para cá do Marão,
mandam os que cá
estão! ...
Sente-se um
calafrio. A vista
alarga-se de ânsia e
de assombro. Que
penedo falou? Que
terror respeitoso se
apodera de ,nós. Mas
de nada vale
interrogar o grande
oceano megalítico,
porque o nume
invisível ordena:
-Entre!
A gente entra, e já
está no Reino
Maravilhoso.
Os naturais...
Homens de uma só
peça, inteiriços,
altos e espadaúdos,
que olham de frente
e têm no rosto as
mesmas rugas do
chão. Castiços nos
usos e nos
costumes... Ufanos
da alma que herdaram
querem-na sempre
lavada nem que seja
com sangue. A
lendária franqueza
que vem nos livros,
é deles, realmente.
(...) Bata-se a uma
porta, rica ou
pobre, e sempre a
mesma voz confiada
nos responde:
- Entre quem é! (
Miguel Torga)
Ribeiro Aires
Vila Real
http://www.cm-vilareal.pt/concelho
Nas margens do Rio
Corgo, um dos
afluentes do Douro,
a cidade de Vila
Real ergue-se a
cerca de 450 metros
de altitude, numa
região que revela
indícios de ter sido
habitada desde o
Paleolítico.
Vestígios de
povoamentos
posteriores, como o
Santuário Rupestre
de Panóias,
denunciam com
segurança a presença
dos romanos na
região, mas os
tempos que se
seguiram, durante as
invasões bárbaras e
sobretudo
muçulmanas,
impuseram um
despovoamento
gradual que só
terminou com a
aproximação do séc.
XII, com a outorga
em 1096 do foral de
Constantim de
Panóias, pelo Conde
D. Henrique.
Em 1289, por foral
de D. Dinis (o
primeiro dado por
este monarca a Vila
Real) é fundada a
pobra de Vila Real
de Panóias, que
viria a
transformar-se na
cidade de hoje.
O êxito da povoação
então fundada
comprova-se com a
evolução do número
de moradores: dos
cerca de 480
habitantes de 1530,
Vila Real passa para
cerca de 3.600 em
1795. Este
crescimento deve-se
em grande parte a
uma localização
geográfica
privilegiada, entre
o litoral e o
interior, com
ligações ao Porto,
Chaves, Bragança e
terras do Sul.
Nos sécs. XVII e
XVIII Vila Real
consolida o epíteto
de “Corte de
Trás-os-Montes”, que
havia ganho com a
presença dos nobres
que aqui se fixaram
por influência da
Casa dos Marqueses
de Vila Real,
presença ainda hoje
visível nas inúmeras
pedras-de-armas que
atestam os títulos
de nobreza dos seus
proprietários.
Como povoação mais
importante em
Trás-os-Montes e
Alto Douro, Vila
Real adquiriu o
estatuto de capital
de província e, já
neste século, na
década de 20, viu
reconhecido o seu
peso económico,
demográfico e
administrativo com
dois actos de grande
relevo: a criação da
Diocese em 20 de
Abril de 1922 e a
elevação a cidade em
20 de Julho de 1925.
Actualmente, Vila
Real vive uma fase
de crescente
desenvolvimento, a
nível industrial,
comercial e dos
serviços, com relevo
para a saúde, o
ensino, o turismo,
etc, apresentando-se
como local de
eleição para o
investimento
externo.
População do
Concelho: cerca de
50 mil habitantes.
Área do Concelho:
cerca de 370 km2.
A Casa de Mateus
http://www.casademateus.com
A Casa de Mateus foi
edificada durante a
primeira metade do
século XVIII por
António José Botelho
Mourão (1688-1746),
3º Morgado de
Mateus. A capela foi
terminada pelo seu
filho: D. Luís
António de Sousa
Botelho Mourão
(1722-1798).
A Casa de Mateus é
uma edificação
barroca de planta
rectangular,
estruturada em dois
corpos laterais,
implantados no
sentido
noroeste/sudeste, e
ligadas entre si, ao
nível das fachadas
posterior e
principal, por duas
alas que lhe são
perpendiculares,
conferindo ao
conjunto uma
grandiosidade e
beleza de raro
efeito plástico e
arquitectónico.
“Planta composta em
U, volumes
articulados com
coberturas
diferenciadas em
telhado de quatro
águas. Com dois
pisos é intersectado
ao meio por um
corpo, destinado ao
hall nobre de
entrada, donde
origina um pátio
interior de planta
quadrada e um outro
pátio de entrada
também em U, onde se
desenvolve uma
sumptuosa escadaria
dupla. A fechar o
pátio de entrada, um
murete, suporte de
uma balaustrada onde
apoiam seis
pináculos de
granito. A fachada
principal orientada
a O., apresenta as
extremidades das
alas do U,
empregando sobre as
aberturas do 1º piso
frontões
triangulares
simples, como os que
percorrem as
extensas fachadas
laterais. No
interior do pátio de
entrada e a
contrastar com esta
linguagem seca, os
vãos do mesmo piso
possuem frontões
ondulados e
interrompidos. A
encimar a frontaria
onde se adossa a
escadaria de entrada
e ao centro uma
pedra de armas.
Sobre os telhados,
assentes em cornijas
de granito, nos
cunhais e ângulos
apoiam-se altos
pináculos. Também no
pátio interior
desenvolvem-se duas
escadarias duplas em
fachadas opostas.
Através do arco
localizado debaixo
do patamar de acesso
ao andar nobre da
escadaria do pátio
de entrada
estabelece-se
ligação entre estes
dois pátios. A
relaciona-los uma
sala a toda a
extensão para a
paragem das
carruagens puxadas
por cavalos. Após a
passagem deste
espaço e alinhados
pelo arco já
referido um outro na
extremidade da
fachada nascente
conduz ao jardim. A
capela junto à
fachada lateral N. é
de planta
rectangular,
dividida em três
espaços,
correspondendo às
extremidades a
capela-mor e ao
sub-coro. O espaço
intermédio possui um
tecto em cúpula,
encimado por um
lanternim. O coro
está apoiado num
arco abatido. O arco
cruzeiro que
antecede a
capela-mor, com um
tecto em abóbada de
berço apoia-se em
colunas jónicas. A
fachada principal da
Capela orientada a
O. apresenta um
portal simples
ladeado por quatro
colunas onde assenta
um arco de volta
perfeita que envolve
uma pedra de armas.
Sobre este arco uma
cartela com a data
inscrita da
fundação. A encimar
este conjunto, duas
volutas
interrompidas.” IPA
– Nº. 1714150004,
Descrição, http://www.monumentos.pt.
A ala anterior é
recuada, e dotada de
uma dupla escadaria,
que permite o acesso
desafogado ao
primeiro
piso, antecedida de
um pátio de
generosas dimensões
e que, com os corpos
laterais mais
avançados, formatam
a fachada principal
do edifício.
A ala posterior
fecha um outro pátio
interior, de menores
dimensões, aberto, e
remata a fachada a
sudeste, que abre
para os jardins da
Casa e fachada
lateral da Capela.
É de admitir a
possibilidade de
intervenção de
Nicolau Nasoni nesta
edificação, pelo
menos na secção
central do palácio
(fachada poente),
conforme defende
Vasco Graça Moura,
no seu livro
“Figuras em Mateus”
(pp. 18-28), com
base nos estudos de
Robert Smith sobre
este arquitecto
toscano, a que
acrescenta uma bem
estruturada
fundamentação
técnica e artística
em abono desta
teoria, remetendo
para o período que
medeia entre 1739 e
1743, a elaboração
do “risco” e
respectiva execução
da secção referida.
Esta forte
probabilidade de
Nicolau Nasoni ter
intervido, senão na
totalidade, ao menos
em parte do
edifício,
confere-lhe um valor
acrescido ao, já de
si, importante (e
imponente) palácio,
quer pelas generosas
dimensões que
ostenta, quer pela
forma como foi
concebido nas suas
relações espaciais e
funcionais.
O conjunto é ainda
complementado com a
Capela da Casa,
situada a nordeste
da mesma, de
natureza estilística
algo diferenciada do
corpo principal do
palácio, mas nem por
isso menos
exuberante nos
pormenores
decorativos, e
igualmente marcante
pela altura que
patenteia e pela
volumetria que lhe
está associada,
conferindo um
equilíbrio notável à
totalidade da
edificação.
Os diversos anexos
existentes no espaço
da cerca, com realce
para o edifício da
“Nova Adega”, uma
construção que data,
originariamente, do
séc. XVI, situada
nas proximidades da
capela, em frente à
fachada norte do
edifício principal;
o denominado “Barrão”,
localizado em zona
mais distante da
Casa, certamente
celeiro e espaço de
“arrumos” da eira
que se estende à sua
frente; e ainda os
magníficos jardins
que rodeiam o
edifício principal,
completam toda esta
estrutura edificada,
conferindo-lhe
características
muito próprias e
permitindo
possibilidades de
“tratamento”
museológico
excepcional, pela
funcionalidade e
capacidade de
adaptação de cada
espaço considerado
às novas funções que
se pretendem
introduzir no
circuito expositivo
da Casa.
Agostinho Ribeiro -
Conservador
Museólogo
Alijó – (Concelho do
Distrito de Vila
Real)
Teve foral concedido
por D. Sancho ll em
1226 e renovado por
D. Afonso lll em
1269. D. Manuel l
concedeu-lhe foral
novo em 1514.
Pertenceu ao marquês
de Távola e mais
tarde foi integrada
nos bens da Coroa.
Origem do nome:
«Pinho Leal em
Portugal Antigo e
Moderno
(1874)»:”Parece que
Alijó vem do
hebraico azoh a quem
os árabes chamam
azzof, significa
hisopo, erva. Os
mouros lhe juntaram
o seu artigo al, e
ficou Alzof ou Alzob,
que facilmente se
corrompeu para
Alijó. Se assim é,
quer dizer, terra o
hisopo.
Em um manuscrito,
que possuo, e que
trata de muitas
antiguidades (mas
sem data nem nome de
autor) diz-se que
esta povoação é do
tempo dos romanos,
ou, pelo menos, dos
godos, e que sendo
conquistada pelos
árabes, foi senhor
dela Ali-Job, que
lohe deu o nome.
Acho isto mais
verosímil que o tal
alzof ou alzob”.
«Xavier Fernandes em
Topónimos e
Gentílicos
(1944)»:”Ainda se
fés eco duma varsão
fantasista, que pode
ser assim narrada
pouco mais ou menos.
No tempo, em que
Jesus-Cristo andava
pelo mundo, sucedeu
uma vez passar por
aqueles sítios,
quando Job lhe
perguntou onde
estavam os ladrões.
Jesus-Cristo
respondeu-lhe: “Ali
Job. Daí o nome do
lugar.
Há mais outra
versão, que também
não passa de
fantasia e que
costuma ser contada
como anedota.
Segundo esta, em
tempos muito remotos
dirigiam-se alguns
viajantes s
determinado ponto,
quando, já fartos de
caminhar,
perguntaram ao guia
se ainda faltava
muito para completar
o percurso. A
resposta foi que
“era ali já”, mas,
como os viajantes
reconhecessem que
tal resposta fora
dada apenas para os
animar, retorquiram
que “não era ali
já”, mas seria Alijó
(ali jó) o lugar que
avistavam. E assim
lhe ficou o nome…
O étimo Alijó ter
que ser outro muito
diferente. O
vocábulo foi
devidamente estudado
por autores do nosso
tempo e a conclusão
mais aceitável é a
que o apresenta como
forma prostética de
Lijó, por sua vez
resultante do
diminutivo latino
lajeola, que
significa lajeazinha
ou pedrazinha. A
evolução é
perfeitamente
idêntica à que se
deu com o latim
ecclesiola até
chegar ao nosso
topónimo Grijó…
Alijó é, pois, nome
que nos veio do
latim medieval e que
tem etimologicamente
o significado que
foi indicado”.
Alijó
http://www.cm-alijo.pt/visita_concelho
A vila de Alijó,
situada a cerca de
45 quilómetros da
capital do Distrito
- Vila Real -
localiza-se numa
vasta área de
cultura castreja.
Sofreu, como tantas
outras localidades
do actual concelho,
as vicissitudes
resultantes da
romanização e da
ocupação mourisca.
Implantada num eixo
que terá servido de
fronteira em
permanentes
mutações, dividia
cristãos e árabes.
Foi por estes
destruída e
posteriormente
abandonada.
Só a partir do
primeiro quartel do
século XII é que
graças aos
sucessivos forais
outorgados por D.
Sancho II, (1226),
D. Afonso III (1269)
e, mais tarde, por
D. Manuel I , já no
século XVI (em Julho
de 1514), recomeçou
o seu povoamento.
Serviu de motivação
para os que
demandaram este
concelho, além das
regalias concedidas,
o seu clima e solos
extraordinariamente
ricos,
particularmente para
a produção de vinho
generoso, acreditado
"embaixador
português" em todo o
Mundo.
No entanto, só a
partir dos séculos
XII e XIII é que se
assistiu a uma
ocupação ordenada,
tendo sido atraídos
vários
representantes da
nobreza e da alta
burguesia. Foi o
caso do marquês de
Távora - primeiro
donatário de Alijó e
seus termos, bens
incorporados na
Coroa após a
execução dos Távoras,
em pleno consulado
pombalino.
Pelo Concelho de
Alijó, existem
dispersas várias
manifestações do seu
povoamento antigo,
desde castros a
pinturas rupestres e
a vestígios de
estradas romanas. A
própria
hagio-toponímia
evidencia que do
século VII ao século
XIII se manteve na
área do concelho uma
população laboriosa,
a qual conseguiu
sobreviver às
investidas quer dos
mouros quer dos
cristãos das
Astúrias.
Alijó, cuja
etimologia teria
origem na existência
da história Legio
Spetima Gemina,
outras teses nos
indicam que o
topónimo advém da
palavra Ligioo, mais
tarde Lijó, que
pretenderia
significar a
natureza pedregosa
do local naquela
época, tem a sua
monumentalidade
representada pelo
pelourinho, algumas
casas solarengas e a
igreja com o seu
conjunto de alfaias,
objectos de culto e
várias imagens de
relativo valor.
O conjunto de
arquitectura
religiosa nesta
vila, completa-se
com as capelas do
Senhor do Andor ou
dos Passos; a capela
de Nossa Senhora dos
Prazeres, no monte
da Cunha, a de Santo
António, no monte do
Vilarelho;
A arquitectura
civil, com excepção
do pelourinho, está
praticamente
circunscrita à
existência do
edifício da Câmara
Municipal - Paços do
Concelho - parte do
qual construído no
século XVIII e outra
parte no século XIX.
O brasão que coroa
este edifício
encontra-se picado,
feito levado a cabo
pelos soldados
franceses na Guerra
Peninsular e no
qual, em vez das
armas do concelho,
mandaram pintar as
águias napoleónicas,
então ainda
triunfantes.
Próximo do
monumental Plátano
oriental,
considerado M.N.,
mandado plantar pelo
visconde da Ribeira
de Alijó, em 1856,
fica a antiga Casa
dos Távoras; porém,
o mais importante
solar que existiu
nesta vila, foi sem
dúvida, o Solar dos
Viscondes de Alijó,
no qual se encontra
instalado grande
parte do comércio
local.
Alijó é sede de um
concelho
essencialmente
agrícola que se
estende desde a
margem direita do
rio Douro até aos
limites do Concelho
de Murça e , ainda,
entre os rios
Tinhela, Tua e
Pinhão, que lhe
conferem uma área
aproximada de 300
km2 envolvendo 49
povoações, em 19
freguesias e quase
20.000 habitantes.
São as suas gentes,
na sua maioria,
rurais que
contribuem para o
desenvolvimento e
riqueza do concelho,
aplicando-se na
dureza do trabalho
do campo; A norte, a
zona de planalto
granítico e a sul o
terreno xistoso,
inclinado para o
Douro, onde
predomina a cultura
da vinha e onde se
produz o Vinho do
Porto.
Terra rica em
manifestações
etnográficas, a sua
gastronomia possui
um sabor requintado
e poderoso, onde
reinam o cabrito
assado, o cozido à
portuguesa, as
tripas à
transmontana, as
carnes fumadas, a
célebre bola de
carne, e os milhos
(da zona da
montanha). É de
salientar também o
famoso pão de
Favaios muito
apreciado e
procurado por toda a
região. Na doçaria,
o destaque vai para
as célebres cavacas
e amêndoas cobertas
de Santa Eugénia,
quinzinhos, pudim de
amêndoa, pão-de-ló
de água, bolo
borrachão e muitos
outros de
reminiscência
conventual.
No campo do turismo,
Alijó tem imensas
propostas a oferecer
aos visitantes, como
o turismo fluvial no
rio Douro; o turismo
ecológico na foz do
Tua, local
privilegiado para a
pesca desportiva, e
uma riqueza imensa
de miradouros e
paisagens.
Tendo Alijó
tradições
antiquíssimas no que
respeita às feiras,
festas e romarias,
são estas também uma
importante atracção
turística.
Por tudo isto e
pelas suas
características de
uma tranquilidade e
hospitalidade
únicas, Alijó
constitui sem
dúvida, um dos
locais mais
aprazíveis para
passar umas férias
de sonho, na
quietude de um
cenário quase
paradisíaco.
Alijó
http://www.cm-alijo.pt/visita_concelho
presença humana
dentro da área do
concelho de Alijó,
vem da noite dos
tempos.
O espólio recolhido
pelos apaixonados da
arqueologia
testemunha essa
presença desde a
Idade da Pedra
Lascada, presença
também assinalada,
relativamente a
outras idades
pré-históricas em
momentos vários
espalhados por todo
o concelho, alguns
de raro valor.
No campo da arte
primitiva,
(Neolítico e Idade
do Bronze), existem
as Pinturas
Rupestres da Pala
Pinta - Carlão, um
dos três únicos
exemplares
actualmente
conhecidos no país.
Regista-se também a
existência de
Gravuras Rupestres:
Igreijinha e
Botelhinha em
Pegarinhos a que se
podem acrescentar as
Gravuras (fossetes e
pegadas), do Castro
do Castelo em
Carlão, em cuja área
se encontra
igualmente um
curioso exemplar de
incultura. Um berrão.
Da cultura
Megalítica,
destaca-se o Dólmen
ou Anta da Fonte
Coberta, a cerca de
um quilómetro para
noroeste da povoação
de Vila Chã.
Alijó
http://www.rtsmarao.pt
Estamos em plena
paisagem duriense,
sempre bela e
imprevista a cada
elevação de terreno.
Há estradas que são
miradouros
contínuos, como a
que desce de Alijó
para o Pinhão. A
própria zona
planáltica de Alijó
e Favaios, coberta
de vinha, tem uma
beleza invulgar.
Vê-se em tudo que é
o vinho a seiva da
região. Alijó produz
de tudo: vinhos de
mesa, finos,
moscatéis, até
espumantes. E é
ainda o vinho o tema
duma notável série
de azulejos na
estação do
caminho-de-ferro do
Pinhão.
O concelho foi
povoado desde a
pré-história, como
provam os monumentos
megalíticos, como a
Anta da Fonte
Coberta, os castros
e as pinturas
rupestres (Pala
Pinta e Pegarinhos).
Os romanos passaram
por aqui e deixaram
a sua marca,
sobretudo pontes
(Cheires, Sanfins do
Douro e Carlão). Já
em plena
nacionalidade, Alijó
teve forais de D.
Sancho II, D. Afonso
III e D. Manuel I.
Um pelourinho
recorda as
prerrogativas
medievais. São
Mamede de Ribatua
foi também povoação
de certa
importância: recebeu
carta de foral e
ostenta o seu
pelourinho de
gaiola.
No séc. XVIII, com o
incremento económico
trazido pela
demarcação
pombalina, a região
conhece uma certa
prosperidade,
manifestada na
construção de
solares em muitas
povoações e na
reconstrução de
velhas igrejas
herdadas da Idade
Média.
A cultura de raiz
popular tem grandes
tradições no
concelho. A
gastronomia é forte
e bem temperada,
como pertence a
terras de montanha,
e regada com a sua
generosa carta de
vinhos. Grupos
folclóricos mantêm
laços com velhas
formas musicais e
coreográficas. As
festas e romarias
conservam um travo
de épocas antigas em
que constituíam
acontecimentos de
capital importância
não só religiosa,
como também
económica e social.
Salientem-se as
romarias de Nossa
Senhora de Perafita,
no extremo norte,
cujo ponto de
atracção é uma
bonita capela
barroca onde se
guardam uma vasta
colecção de
ex-votos; e a de
Nossa Senhora da
Piedade, alcandorada
num mirante de
largos horizontes
próximo da vila de
Sanfins do Douro,
que se faz no
segundo domingo de
Agosto com grande
concurso de
romeiros, que
disputam por bom
preço a honra de
pegar ao andor da
Senhora, na
procissão.
Boticas – (Concelho
do Distrito de Vila
Real)
Região demarcada
desde a 1ª Dinastia,
tendo sido doada por
D. João l ao
Condestável D. Nuno
Álvares Pereira, que
nestas paragens
casou com a viúva,
ainda jovem, D.
Leonor Alvim.
Origem do nome:
«Xavier Fernandes em
Topónimos e
Gentílicos
(1944)».”Deve ser o
mesmo nome comum,
sinónimo popular de
farmácia, mas que
antigamente exprimia
a ideia de “qualquer
pequena loja de
mantimentos ou de
miudezas”. O étimo
de botica está no
latim apotheca, por
intermédio do
francês boutique”
Boticas
http://concelhos.dodouro.com
O concelho de
Boticas, com uma
população residente
de 6411 (Sensos de
2001), é uma
realidade e
instituição recente.
É uma criação do
liberalismo
Português do Século
XIX, bem como o
produto das grandes
reformas da
Administração e da
divisão territorial
Portuguesa,
desencadeada pela
Segunda Revolução
Liberal de 1832. O
concelho de Boticas
foi legal e
definitivamente
constituído através
do Decreto de 6 de
Novembro de 1836,
com freguesias
desanexadas dos
vizinhos concelhos
de Chaves e
Montalegre e
extinção do concelho
de Dornelas. Apesar
da fundação do
concelho de Boticas
ser recente, não
significa que os
povos que o
constituem datem de
tão fresca data.
Pelo contrário, as
suas origens perdem
se na imensidão dos
tempos. Desse facto
nos falam
designadamente os
abundantes castros
pré históricos, bem
como os
variadissimos
monumentos romanos
existentes em toda a
área do concelho.
Naturalmente que sob
tão clarividência de
factos fica bem
provado que quando
em 1836 Boticas se
emancipou, havia já
muito tempo que
tinha atingido a
maioridade. 1.°
Domínio Português
Barroso, como
aglomerado político
remonta ao tempo dos
Afonsinos. D. Afonso
II, o Bolonhês,
tentou em 1273
aglutinar a
população de
Barroso, mas não o
conseguiu. D. Afonso
IV continuou a obra
dos seus
antecessores e em
1331 concluiu os
castelos e muralhas
do castelo de
Montalegre. D.
Fernando doou estas
terras a Rui Vasques
Pereira em 1367, e
mais tarde a Vasco
Gonçalves Barroso.
De mão em mão andou
esta terra, até que
D. João I fez o seu
amigo D. Nuno
Alvares Pereira,
senhor das Terras de
Barroso, e desde
então tal senhorio
nunca mais saiu dos
Duques de Bragança,
seus descendentes.
2.° Tempo dos Mouros
Do fluxo e refluxo
dos bárbaros e
sobretudo dos Mouros
por estas terras
durante a Idade
Média falam
abundantemente as
tradições locais,
que para se
referirem a tudo o
que é antigo dizem
ser do tempo dos
mouros. (Ex. Côto
dos Mouros, Penedo
dos Mouros, Estrada
dos Mouros, Cova da
Moura, Moura
Encantada, Mouril
...) 3.° Tempo dos
Romanos Para provar
o domínio dos
Romanos nesta região
durante as remotas
eras da História
Antiga, bastaria
mencionar a título
de exemplo, as
moedas dos
Imperadores
Constantino Ducas,
encontradas em Covas
de Barroso em 1880,
e a de Adriano (117
138) achada em Pinho
em 1900, os Poçosdas
Freitas ou as minas
de Carvalhelhos,
onde os romanos
exploraram
largamente o ouro e
o estanho, a Ponte
Pedrinha, sobre o
rio Beça... 4.°
Tempos Pré
Históricos Dos povos
pré históricos,
indígenas ou
aborígenes, que aqui
viveram ou por aqui
evoluíram, nos falam
os numerosos ( 27 )
Castros, a saber: 1:
Cornos das Alturas,
2: Mena ou Couto dos
Mouros, 3: Castelo
de S. Romão (Alturas
de Barroso), 4:
Cunhas, 5: Gorda, 6:
Malhó ou Amalhó,
7:Nossa Senhora das
Neves (Ardãos), 8:
Carvalhelhos, 9:
Torre (Beça), 10:
Nogueira, 11: Brejo,
12: Calhau dos
Corvos, 13 Cidadonha
(Bobadela), 14:
Couto de Mouros,
15:Outeiro do Pardo
(Boticas), 16: Poio
ou Naia, 17:
Secerigo (Codeçoso),
18: Poio (Covas de
Barroso), 19:
Giestosa ou Souto da
Lamas, 20: Lousas ou
Ervas Ruivas (Domelas),
21: Cabêço (Granja),
22: Mouril (Pinho),
23: Sapelos, 24:
Muro ou Cerca, 25:
Ribeira (Sapiãos),
26: Castelo dos
Mouros (Vilar), 27:
Lesenho (Viveiro).
Pelo estado de
conservação e pela
sua importância, de
entre os vinte e
sete castros
existentes, no
concelho de Boticas,
destacam se dois, o
de Carvalhelhos e o
de Lesenho,
respectivamente. O
primeiro, é uma das
mais conhecidas
estações castrejas
do Noroeste
Peninsular e está
situado na freguesia
de Beça, no cimo de
um monte sobranceiro
à estância termal de
Carvalhelhos. O
segundo situado nas
proximidades da
aldeia de Campos,
freguesia de S.
Salvador de Viveiro
que é classificado
como imóvel de
interesse público e
considerado como o
mais importante
santuário castrejo
lusitano existente.
Aí foram encontradas
quatro estátuas de
Guerreiros Calaicos
ou castrejos, que
são actualmente o
expoente máximo da
arqueologia Nacional
e representam,
segundo os melhores
especialistas nesta
matéria, a imagem da
divindade e o
caracter guerreiro
das civilizações
castrejas que
habitaram esta
região. Actualmente,
as estátuas,
encontram se em
Lisboa sendo o ex
libris, do Museu
Nacional de
Arqueologia e
Etnologia. Refira se
a propósito que as
autoridades e
população de Boticas
anseiam e reclamam o
regresso destes
guerreiros, às suas
origens. Por se
considerar de
interesse para a
história do concelho
de Boticas e também
por se tratar de
figuras ilustres,
vamos elencar os
nomes de todos
aqueles que foram
presidentes da
Câmara Municipal de
Boticas, bem como as
datas de início dos
respectivos
mandatos. A
instalação e l.a
reunião da Câmara
Municipal de Boticas
teve lugar no dia 18
de Janeiro de 1837.
Foi presidida pelo
Dr. Ignácio José
Gomes Calvão, que se
tornou no 1.°
presidente da
Câmara, cargo que
acumulava com os de
juiz e notário.
Sucederam lhe no
cargo de presidente
da Câmara: 2
Francisco Dias de
Freitas 10/1/1838; 3
José Narciso Alves
Vieira 9/6/1838; 4
Ignácio José Gomes
Calvão 1/1/1839; 5
Francisco de Paulla
Dias Sanches
1/1/1840; 6 Domingos
Gonçalves 2/1/1843;
7 António Afonso
2/1/1845; 8 Domingos
Gonçalves da Fonte
21/9/1846; 9
Francisco Xavier
Teixeira 2/1/1850;
10 André Gonçalves
da Costa 2/1/1852;
11 Francisco
Gonçalves Sanches
25/03/1852; 12
Domingos Gonçalves
da Fonte 9/1/1854;
13 Francisco
Bernardo Machado
2/1/1856; 14 José
António Gomes
Pereira 2/1/1858; 15
Domingos Gonçalves
da Fonte 2/1/1860;
16 António Annes
2/2/1862; 17
Francisco José
Monteiro 2/5/1864;
18 José António
Gomes Pereira
30/10/1865; 19 Dr.
João de Sousa
Vilhena 1/04/1868;
20 Francisco José
Ferreira de Andrade
2/1/1870; 21 António
Annes 5/1/1872; 22
José António Gomes
Pereira 2/1/1876; 23
António Anes
2/1/1878; 24 José
António Gomes
Pereira 24/8/1878;
25 Francisco José
Monteiro 2/1/1887;
26 Anselmo José
Martins 2/1/1893; 27
Padre Pedro José
Maria de Freitas
2/1/1899; 28 José
Manoel Rodrigues
2/3/1903; 29 André
Ferreira da Costa
3/1/1906; 30 Padre
José Maria Pereira
Alves Sanches
30/11/1908; 31 Dr.
Joaquim Alves
Carneiro 10/10/1910;
32 Pedro António
Vieira 3/1/1914; 33
Francisco Venâncio
de Medeiros Pereira
2/1/1915; 34
Henrique Adelino
Lopes Carneiro
2/1/1918; 35 António
Joaquim Pereira da
Silva 9/6/1919; 36
Dr. Armindo Arnaldo
Martins 2/1/1923; 37
Am'bal Augusto
Monteiro 24/7/1926;
38 Virgílio António
de Miranda
17/8/1929; 39 Dr.
José Pinto de
Freitas 16/1/1932;
40 João Evangelista
Gonçalves Dias
15/3/1937; 41 Dr.
António José
Monteiro Dias de
Oliveira 2/1/1945;
42 Avelino Alves de
Miranda Junior
14/5/1948; 43
Avelino Alves de
Miranda 9/6/1948; 44
António Pastoria
Mourão 2/10/1950; 45
Eng.° Tec.° Agrário
Albino dos Santos
Oliveira 9/2/1959;
46 Dr. Rogério
Braúlio Martins 22/
02/1971; 47 Eng.°
Tec.° Agrário João
Manuel Vidigal
Caldeira Pais
12/2/1973; 48 Manuel
Lourenço de Carvalho
26/6/1974; 49 Prof.
João Batista
Fernandes 4/11/1974;
50 Prof. Domingos
Magalhães 11/7/1975;
51 Dr. José Joaquim
de Sousa Fernandes
05/1/1977; 52 Eng.°
Tec Agrário Fernando
Pereira Campos
07/1/1994
LOCALIZAÇÃO
O concelho de
Boticas está situado
na parte noroeste de
Portugal, província
de Trás os Montes,
Distrito de Vila
Real. Os seus
limites confinam com
cinco concelhos. Do
Norte com os de
Montalegre e Chaves;
Do sul com o de
Ribeira de Pena; A
Nascente com o de
Chaves e Vila Pouca
de Aguiar e do
Poente com o de
Montalegre e
Cabeceiras de Basto.
Actualmente o
concelho de Boticas
ocupa uma área de
312,41 Km2,
estendendo se desde
o rio Tâmega à Serra
das Alturas e das
Serras de Melcas e
dos Marcos às serras
do Leiranco e
Pastoria. Integra se
no agrupamento de
municípios de Alto
Tâmega, fazendo
também parte
integrante da
lendária Região de
Barroso a qual é
constituída, na sua
generalidade, por
uma massa compacta
de terras altas, de
topografia
complicada, onde
sobressai um
aglomerado de picos
e serras separadas
por largas
depressões de
planaltos.
CLIMA
O clima, frio mas
seco, está
condicionado por
numerosos factores,
tais como a
latitude, a
altitude, a
aproximação do mar e
vegetação
predominante. Desta
forma a região é
caracterizada por um
inverno agreste e
prolongado durante o
qual ocorrem alguns
nevões e geadas,
atingindo
temperaturas com
vários graus
negativos. A
Primavera é, em
regra, bastante
fresca, podendo
estar sujeita a
geadas. Em Maio tudo
começa a florir. No
Verão as
temperaturas poderão
subir acima dos 35
ou 40 graus durante
o dia. Contém duas
zonas agrícolas bem
diferentes: a mais
baixa, formada pelas
bacias interiores
dos rios Terva e
Beça e a margem
direita do rio
Tâmega que apesar de
muito restrita
constitui uma das
zonas mais ricas do
concelho, visto aí
existir uma
exuberante vegetação
e variedade de
culturas, desde a
vinha aos pomares e
cereais. Na zona
mais alta do
concelho, existem
extensas áreas de
prados naturais
(lameiros) mas
desconhece se a
oliveira e a
videira, cultivando
se em larga escala,
o centeio e a
batata.
TRADIÇÕES
Boticas tem o
encanto próprio das
terras
transmontanas,
encanto de que
naturalmente
participam os seus
habitantes,
orgulhosos das suas
origens e tradições.
Festa das papas:
Festa em honra de
São Sebastião, que
se realiza no lugar
de Vila Grande,
freguesia de
Dornelas, no dia 20
de Janeiro de cada
ano. A sua famosa
mesa, designada por
mesinha de São
Sebastião é posta ao
longo das ruas da
aldeia, coberta com
toalha de linho, que
chega a ter mais de
500 metros de
comprimento, para
servir gratuitamente
a todos os
habitantes e
forasteiros, um
almoço composto de
pão, arroz e carne
de porco cozida. Diz
a lenda que aquando
da 2.ª invasão
francesa, S.
Sebastião fez um
"milagre" e evitou
que os soldados de
Napoleão os
espoliassem porque
passaram ao largo. O
povo acredita que
nos anos em que se
fizer a festa em
honra de S.
Sebastião, não
haverá nesta aldeia
nem fome nem peste.
"Os mortos de
Boticas". Nome
lúgubre! São
contudo, deliciosos
os vinhos que eles
designam, pois de
vinhos apenas se
trata, vinhos que
constituem uma
autêntica
especialidade
regional. O vale de
Boticas produz um
delicioso vinho
verde amadurado,
palhete, conhecido
em quase todo o país
pelo nome de "
Mortos de Boticas".
Trata se de um vinho
com características
muito especiais e de
qualidade única e
precioso. Conta se
que por ocasião das
invasões francesas
(2.ª 1808) os
moradores de Boticas
tiveram necessidade
de esconder todos os
seus haveres, a fim
de se protegerem das
pilhagens dos
invasores. O vinho
não fugiu à regra.
Foi engarrafado e de
seguida enterrado.
Mais tarde e após a
partida dos
invasores, o vinho
foi desenterrado e
para surpresa e
gáudio das pessoas,
este adquiriu
qualidades
excepcionais, mais
apurado e agradável
ao paladar, antes
desconhecidas.
Tornou se tradição
enterrar o vinho e
que perdura até aos
nossos dias. Para
efeitos comerciais,
foi registada a sua
patente pela antiga
casa dos " Mirandas".
As famílias dos
Martins, Queirogas,
Macedos, Lameiras,
do Padre Bento e Dr.
Pinto de Freitas
foram as que mais se
salientaram,
designadamente na
selecção das castas,
(Alvarelho, Fernão
Pires, Bastardo e
Tinta Carvalha), as
quais lhes conferem
uma qualidade
superior. Hoje, este
produto regional é
já uma raridade.
São Cristóvão no
Rio: Por ocasião das
festas de Boticas, é
costume colocar a
imagem de S.
Cristóvão no rio,
com o Menino Jesus
num dos ombros,
parecendo que vai
transportà lo assim,
mais uma vez... mais
uma vez cada ano, em
dia da Senhora da
Livração, padroeira
de Boticas. Esta
imagem gigantesca é
colocada no espelho
de água, do ribeiro
de Fontão, também
conhecido por Lago
de S. Cristóvão,
situado no centro da
Vila de Boticas, com
o intuito de fazer
se a revivescência
da história de S.
Cristóvão. Este
homem gigantesco que
ao bem se dedicara,
passando aos ombros,
de um para outro
lado do rio, todos
aqueles que de outra
forma o não
conseguiriam. Em
Boticas, esta
tradição remonta aos
anos trinta do
Século XIX.
Ponte Pedrinha no
rio Beça: Conta se
que quando os mouros
andavam a construir
a ponte, só
trabalhavam de
noite. De dia não o
faziam com medo de
que os matassem.
Dessa maneira foram
construindo a ponte,
utilizando apenas
pedras miúdas.
Acontece que, quando
estavam quase a
terminar tiveram
que fugir. Faltava
apenas uma pedrinha,
mas nunca a
conseguiram colocar.
Daí o nome da ponte.
Chaves – (Concelho
do Distrito de Vila
Real)
Os romanos chamavam
a Chaves Aquae
Flaviae.
Desenvolveu-se junto
às nascentes termais
a que deve a sua
prosperidade. Ficou
a pertencer
definitivamente à
Coroa Portuguesa em
1160, pois fez parte
do dote de D.
Teresa. Recebeu o
primeiro foral e
privilégios em 1258
de D. Afonso lll,
confirmados em 1350
por D. Afonso lV.
Devido à sua
situação
estratégica, foi
teatro de
variadíssimos
combates ao longo
dos séculos, o
último dos quais em
1912, aquando da
última tentativa de
restauração da
Monarquia.
A ORIGEM DO NOME:
“A cidade de Chaves
deve a sua origem a
umas nascentes de
águas sulfúreas, que
foram ali
descobertas no tempo
dos romanos.
O imperador Flávio
Vespasiano, tendo
notícia de tão
importante
descoberta, ordenou
no ano 78 de Cristo,
que se edificasse
próximo das
nascentes uma
povoação, a qual
denominou “Aquae
Flaviae”, ficando
logo considerada
colónia romana. Mais
tarde o nome foi
substituído por
“Aquae Calidade” que
queria dizer “águas
quentes”. Mas este
segundo nome não
durou muito, e, como
se supõe, por
abreviatura
chamaram-lhe “Clavis”,
e, finalmente, no
tempo de D. Afonso
Vl, de Leão, no ano
1080, principiou a
chamar-se “Lhaves”.
Daqui, como tudo nos
leva a crer o seu
actual nome –
Chaves”. (Dr.
Teixeira Monteiro de
Barros – 1898).
“Chaves, hoje
progressiva cidade
da província de
Trás-os-Montes, foi
uma antiquíssima
povoação, a que os
árabes deram o nome
de Campo da Roda
correspondente a
Jardim das
Hespérides, segundo
conta um panegirista
local.
Chaves é o legítimo
representante do
ablativo latino “Flaviis”,
donde derivou
normalmente,
notando-se que não é
este o exemplo único
de um topónimo
provir do caso
ablativo, pois o
mesmo sucedeu, por
exemplo, com Sagres,
tirado de "“Sacris".
Note-se ainda que o
nome próprio de
Chaves nada tem que
ver com o nome comum
de chaves, que nos
veio do acusativo
latino clavem
(plural, claves), e
isto apesar de o
brasão da conhecida
cidade transmontana
conter cinco chaves
representadas, facto
este que a história
local não justifica
e que nenhum
cronista conseguiu
ainda explicar,
constituindo por
isso um contra-senso
histórico, como
acertadamente lhe
chamou Leite de
Vasconcelos”. (Dr.
Xavier Fernandes –
1944).
Não bastaria a
Chaves a sua posição
fronteiriça, quanto
mais ser jóia
apetecida com a sua
fertilíssima veiga
que se estende do
outro lado do rio
Tâmega. Ocupa-nos,
porém, aqui a Chaves
histórica que, sem
embargo de
importância que teve
o povoamento local
nas épocas pré e
proto-histórica,
passa a ter uma
projecção
peninsular, com a
ocupação do
território e o
polimento das gentes
indígenas,
conseguida por obra
e graça da
romanização.
Povoação de
passagem, local do
atravessamento do
rio Tâmega pela Via
Nova que ligava duas
cidades que
ostentavam o título
de “augustas”, a
Brácara e a Asturica,
ou seja Braga e
Astorga, orgulha-se
Chaves da ponte
construída quando em
Roma imperava
Trajano. Esse
magnífico monumento,
com 16 anos, quatro
dos quais se
encontram
soterrados, e um
tabuleiro de quase
centena e meia de
metros de extensão,
edificado à custa
dos aquiflavienses.
Com este exemplo se
silencia o acto
dessoutros
“chavenses” que, nos
anos 80 do século
passado, em nome do
progresso largueirão,
camartelo erguido,
deitaram abaixo as
guardas de pedra
laterais da velha
ponte romana, cegos
pela luz fátua do
desenvolvimento
ilimitado, se
mostraram incapazes
de construir, de
raiz e noutro local,
uma nova ponte que
lhes permitisse
atravessarem o
Tâmega com a
imponência da sua
mecânica e o peso da
sua presunção.
Mas estas Aquae
Flaviae não se
ficava apenas como
entreposto entre a
futura cidade
clerical portuguesa
e o centro mineiro e
aurífero que Astorga
dominava. Seria
decerto cidade de
lazer, se para tanto
considerarmos
centros de lazer
estabelecimentos
termais, de carácter
terapêutico, como os
que fizeram famosa a
cidade transmontana
das “água Flávias”,
centro urbano que
parece Ter possuído,
para gozo dos seus
cidadãos aquistas,
um anfiteatro de
público usufruto.
Mas a povoação irá
sucumbir ao decorrer
dos tempos. Na Idade
Média portuguesa a
vila de Chaves terá
de Chaves terá de
ser novamente feita,
no mesmo local onde
estivera implantada
a povoação romana,
entretanto
despovoada. O
topónimo, embora
evoluído, não
desaparecera, é
certo. Fora, porém,
recuperado pelos
habitantes do
castelo vizinho de
São Estêvão (São
Estêvão de Chávias,
ou Tchávias), local
humilde mas que teve
a glória de servir
de cenário ao ajuste
de um casamento.
Aquele em que foram
intervenientes o
português Afonso lll
e a noiva Beatriz,
filha ilegítima do
grande Afonso X, o
Sábio, rei de
Castela. Boda,
esqueça-se que muito
católica mas pouco
cristã, já que
Matilde, a legítima
esposa de Afonso
estava bem viva e
sobreviveria ainda
alguns anos à
celebração do novo
matrimónio do seu
real esposo...
Dá-se, pois, no
início dos anos 50
do século XlV a
restauração da
abandonada povoação
de Chaves. O traçado
das muralhas desta
vila nova é de uma
regularidade
admirável.
Rectangular, a
alcáçova do castelo
ocupa naturalmente a
cota superior, no
lado oposto do rio.
Aqui se ergue a
formidável torre de
menagem, a olhar
sobranceiro do alto
dos seus 28 metros.
O sistema viário é
de carácter
ortogonal, com as
ruas a cruzarem-se
em ângulo recto.
Junto à alcáçova, a
igreja matriz e o
seu largo, centro
social de primeira
importância, comum
às vilas medievais.
Pela regularidade da
malha urbana – tão
regular é ela – há,
mesmo, quem tenha
aventado uma
continuidade entre a
estrutura urbana de
Aquae Flaviae e
Chaves, com aquela a
modelar a vila
afonsina. Isto
apesar do hiato
existente no seu
povoamento. Entre o
topo sudeste do
castelo e o rio
Tâmega, entre a
cortina de muralha e
a ponte romana,
permanecia um espaço
livre que viria a
ser preenchido pela
implantação de um
arrebalde.
Saltemos para o
século XVll, para a
época da
Restauração.
Posicionada no vale
do Tâmega, Chaves
iria atrair as
tropas espanholas.
Em 1658, ao que
escreve um autor,
iniciam-se as novas
obras de defesa. A
cerca medieval irá
ser integrada no
novo polígono
militar, alcáçova e
torre de menagem
reforçando um
baluarte a meio do
muro e o pano de
muralha do lado sul
a delinear um troço
de cortina.
As obras de cerco da
vila atribui-as um
manuscrito de 1721,
da autoria do
flaviense Tomé de
Távora e Abreu
(secretário do
Governo das Armas da
Província de
Trás-os-Montes) ao
ano de 1663, quando
governa a praça de
Chaves o conde de
São João, Luís Alves
de Távora. Então “se
principiou a
fortificação moderna
que circunda a vila,
com três baluartes e
dois meios
(baluartes),
fechando as cortinas
destes no (...)
forte de Nossa
Senhora do Rosário”.
Reforça o polígono o
Forte de São
Francisco, que ainda
subsiste. Denominado
de início Forte do
Riosário, acabará
por tomar o nome do
convento ali
localizado. A igreja
abrigou durante
muito tempo o túmulo
do filho bastardo de
D. João l, D.
Afonso, aquele que
foi o primeiro Duque
de Bragança.
Curiosamente, neste
local foram
encontradas duas
preciosas jóias de
ouro da época
castreja, o que nos
permite balizar, com
mais rigor, a
antiguidade do
sítio.
No exterior serão
construídas mais
duas fortificações.
A mais importantes,
talvez, é o Fote de
São Neutel, a ocupar
um morro então
denominado do Alto
da Trindade.
Dado,pela sua
posição, o sítio
permitir que a
artilharia ali
postada pudesse
atingir a cidade, é
imediatamente ali
levantado um fortim,
de início utilizando
materiais de mais
fácil acesso,
juntando a terra e a
pedra, depois com a
solidez que hoje ali
tem para mostrar aos
visitantes. Aqui, no
início do século, em
1912, teriam lugar
combates entre
forças fiéis à
República e os
sublevados
monárquicos que, do
seu refúgio
espanhol, comandados
por Paiva Couceiro,
tinham invadido o
país e atacado
Chaves.
Desta fortificação
escreve-se, no
manuscrito acima
referido, estar “à
distância de um tiro
de mosquete” da de
São Francisco e ter
sido mandada
levantar “de terra”
no tempo do
governador de armas
da província de
Trás-os-Montes, D.
Rodrigo de Castro,
Code de Mesquitela.
De acordo com o
mesmo texto, e como
acima vimos, só mais
tarde se terá
procedido à sua
construção “de pedra
e cal”.
Saliente-se também
como o autor do
texto que estamos
seguindo atribui
estas obras ao
desenho do “insigne
engenheiro Miguel de
As (?) Escol”.
Trata-se de Miguel (Michel)
de L´École (ou
Lescole, que também
assim aparece
grafado), engenheiro
francês, vindo para
Portugal na época da
Restauração, que
teve importante
papel entre nós.
Trabalhou como
engenheiro-arquitecto
praticamente por
todo o Portugal e
aqui deixou obra
quer militar, quer
civil quer
religiosa.
Por último,
refira-se a queixa
de Tomé de Távora,
ao afirmar ser digno
de reparo que
nenhuma destas obras
esteja finalizada.
Explica este facto o
nosso autor, e
secretário do
Governo de Armas da
Província de
trás-os-Montes, por
razões de ciumeira e
inveja intermilitar,
pois “os generais
não mandam acabar
obra que outro tenha
começada”.
Voltamos à estrada
que segue para a
cidade flaviense.
Para trás vai
ficando uma torre
que nos acena lá do
alto de um dos
montes- é a torre de
Monforte do Rio
Livre. Estamos a
poucos minutos de
Chaves. Rainha da
margem direita do
Tâmega, e é lá que
vamos encontrar a
fortaleza que
“passou a perna” a
Santo Estêvão. Os
seus atractivos
desde cedo captaram
a atenção de vários
povos. Os romanos
chamaram-lhe “Áquae
Flaviae”, devido às
águas termais em que
são pródigas, os
bárbaros
chamaram-lhe
“Chávias” ou
“Xávias” e nela se
converteram à
religião de Cristo.
Por ela passaram
muitos povos e
gerações e por isso
foi destruída e
reconstruída por
diversas vezes.
Durante os anos da
Reconquista, os
irmãos Rui e Garcia
Lopes conseguiram
expulsar os mouros.,
oferecendo a sua
vitória a D. Afonso
Henriques, que lhes
deu o governo da
praça e o direito a
usar o apelido
Chaves. Mas foi o
rei “Lavrador”, D.
Dinis que
res´construiu o
castelo e levantou
nova cintura de
muralhas, bem como a
Torre de Menagem que
hoje se mantém bem
firme aos olhos dos
visitantes.
Durante a crise de
1385, Chaves guardou
fidelidade a D.
Beatriz, o que lhe
valeu o cerco de D.
João l e do
Condestável do
Reino, D, Nuno
Álvares Pereira. A
este, o rei entregou
o senhorio do
castelo, que depois
acabaria por ser
dotado à sua filha,
por ocasião do seu
casamento com D.
Afonso, Duque de
Bragança. O castelo
passou, assim, a
servir de aposento
aos Duques de
Bragança, onde
acabariam por morrer
os dois.
Durante a Guerra da
Restauração foram
inúmeras as batalhas
travadas na região,
o que acabou por
trazer algumas
modernizações à
forma de fortificar
a cidade. Foi
construída uma
muralha abaluartada
e mais dois fortes –
o de São Francisco e
o de São Neutel.
O Forte de São
Francisco foi
construído no Alto
da Pedisqueira, onde
existia a capela de
Nossa Senhora do
Rosário e onde foi
edificado o Convento
dos frades de São
Francisco, em meados
do século XVll. Dali
era possível bater
com artilharia a
antiga vila
acastelada e nele
estava instalada a
cavalaria de Chaves
e o Hospital
Militar. Foi o ciclo
preparatório até há
pouco tempo atrás e
agora está a sofrer
de remodelação para
fins turísticos.
O Forte de São
Neutel, tem
propoções análogas
ao de São Francisco
e hoje encontra-se
preenchido pelos
exercícios do
Exército. Uma das
suas atracções é a
festa do santo que
todos os anos é
celebrada na
capelinha do forte;
outra é o mercado ao
ar livre que se
estende ao seu
redor.
Quando visitar o
castelo, se subir ao
eirado da Torre de
Menagem pode
disfrutar de uma
bela panorâmica
sobre os fortes de
São Francisco e São
Neutel, que em
tempos fizeram parte
de um todo dentro da
muralha que cercava
a cidade.
Mas a panorâmica não
é o único motivo de
interesse desta
torre erguida por D.
Dinis. Além de Ter
as suas curiosidades
inerentes, como a
cisterna que o povo
diz ser uma antiga
passagem secreta que
ia desembocar no
forte de São Neutel,
a Torre de Menagem
possui também um
espólio que lhe vale
o título de Museu
Militar. Já fora do
edifício, é o jardim
que inspira paz e
serenidade,
contrastando com as
canhoeiras que por
ele se espalham.
Os concelhos de
Chaves e Valpaços
fazem parte do todo
que é a zona
ecológica do Alto
Tâmega, geografia
humana, física e
económica que soube
criar uma comunidade
de interesses. Em
Cheves dominam as
serras de Brunheiro
(próxima) e as de
Larouco e de Mairos
(respectivamente de
1.500 e 1.083 metros
de altitude), além
da bacia
hidrográfica do
Tâmega.
O caminho de ferro (
linha estreita do
Corgo) com os seus
morosos 97 Km, só
chegou a Chaves em
1923, e a linha terá
mais características
que sirvam o turismo
indispensável do que
o comércio urgente.
As ligações
económicas e
afectivas com a
ancestral Terra de
Barroso e com a
parte vizinha da
Galiza (Verin)
constituem poderosos
estímulos e várias
escalas.
Quanto a Valpaços,
concelho fundado em
1836 pelo estadista
liberal Passos
Manuel, trata-se do
mais jovem no
distrito de Vila
Real. As serras da
Padrela e de Santa
Comba, assim como os
rios Calvo, Tinhela
e Torto, são
elementos
geográficos
importantes que
condicionam quase
permanentemente a
produtividade, nesta
se relevando a do
vinho, azeite,
cereais, castanha e
pecuária.
NARRATIVA HISTÓRICA
DE MONFORTE DE
RIO LIVRE:
Do castelo, mandado
construir no século
XlV por D. Dinis
(onde terá existido
a capela de Nossa
Senhora do Prado), e
da zona
coercivamente
povoada na centúria
seguinte por D. João
ll resta-nos a
saborosa narrativa
histórica que a
seguir
transcreve-mos, uma
vez que a povoação
fazia parte da casa
do Infantado, de que
era donatário o
infante D.
Francisco, irmão do
rei D. João V.
“Conta-se que numa
visita que ele fez
àquele concelho no
século XVlll
(município extinto),
ao receber as
homenagens dos seus
vassalos, à frente
dos quais estavam o
governador do
castelo e o Senado
da Câmara, tiveram
os vereadores a
iniciativa de mandar
que as mais bonitas
raparigas do lugar
lhe oferecessem em
açafates ordenados
de flores a única
fruta de que
dispunham, figos.
Alguém tinha
alvitrado que lhe
fossem oferecidas
pinhas, outro fruto
daquela região. A
Câmara optara no
entanto pelos figos.
Como não lhe
agradasse a
mesquinha oferta,
tomou-a como
desconsideração à
sua augusta pessoa.
Dando largas à sua
ira, mandou que o
vereador que teve a
ideia fosse amarrado
a um poste e
servisse de alvo aos
lacaios do seu
séquito, num
tiroteio de grande
galhofa, cujo
projécteis eram os
saborosos figos,
desfeitos na face do
pobre e envergonhado
homem, que
idealizara oferecer
o melhor do
pouquíssimo de que
dispunham.
Conta-se ainda que o
humilde vereador,
com a cara lambuzada
pelos figos, dizia
com ar de fortuna,
depois de semelhante
castigo, que ele
considerou aplicado
com brandura;
- Ainda bem que não
lhe oferecemos
pinhas !”.
Desde sempre o rio
Tâmega, importante
afluente do rio
Douro, condicionou a
economia flaviense,
quer pelo vale em
que se enquadra,
quer pela ubérrima
veiga que atravessa.
Esta dilata-se por
cerca de 5Km. De
largura e 10 de
extensão, é
parcialmente
irrigada e nela se
pratica importante
policultura, em
grande parte
mecanizada. No
chamado Açude da
Veiga, entre a
cidade e a
fronteira, fica um
dos mais bucólitos
lugares do Tâmega,
onde é grato
repousar e que os
habitantes
transformaram em
praia fluvial.
A agricultura
flaviense tem
apreciável produção
de batata, vinhos,
frutas e produtos
hortículas. A
actividade comercial
é constante, até
pela citadina
localização raiana,
que, por sua vez,
põe a buliçosa
cidade alvoroçada
com o linguajar
espanhol-português
bem misturado, que
pouco se entende. O
labor industrial
traduz-se sobretudo
por antigas mas
renovadas cerâmicas.
É claro que também
por aqui os usos e
costumes estão a ser
pouco a pouco
vencidos pela
tecnologia e pela
televisão. No
entanto, em Curalha,
Bustelo e Santo
António de Monforte,
são dignos de apreço
os chamados Autos da
Paixão e do Ramo, em
genuínas
representações
populares.
A riqueza
etnográfica
flaviense compreende
também festas,
romarias e feiras
tradicionais.
Destas, é de
salientar a dos
Santos, que faz
afluir à velha e
dinâmica cidade
muitos milhares de
portugueses e de
espanhóis, já que a
fronteira de Vila
verde da Raia (a
segunda mais
movimentada de
Portugal) dista
apenas 10 Km. E
serve de permanente
intercâmbio entre
Chaves e a linda
zona galega de
Orense.
A etnografia
flaviense guarda
ainda interessantes
lendas, cantares e
contos. Os Estudos
Flavienses arquivam
esses documentos
preciosos, como
sejam a fascinante
lenda da Maria
Matela e os
pitorescos Cantares
das Janeiras , de
que a seguinte
quadra é exemplo:
Chegaram aqui três
rosas
Três ou quatro, ou
cinco, ou seis,
Se os senhores nos
dão licença
Vamo-lhes cantar os
Reis.
No que concerne a
vivência rústica, o
artesanato tem
expressão nos barros
pretos de Vilar de
Nantes, na confecção
de cestos e no
fabrico de
cobertores e mantas
em Soutelo, São
Pedro de Agostém e
outros lugares.
Chaves
http://www.cm-chaves.pt
São numerosos os
vestígios aqui
presentes, legados
por civilizações
pré-históricas que
levam a admitir
mesmo a existência
de povoamentos no
longínquo período
Paleolítico. É
considerado deste
período um
instrumento de pedra
encontrado na
encosta da serra do
Brunheiro. Porém,
são abundantes os
achados procedentes
do Neolítico, do
Calcolítico de
Mairos, Pastoria,
S.Lourenço,etc e das
civilizações
proto-históricas,
nomeadamente nos
múltiplos Castros
situados no alto dos
montes que envolvem
toda a região do
Alto Tâmega.
Foram as legiões
romanas, que há dois
milénios, dominaram
esses homens, que
até aí tinham
vivido, como deuses,
alcandorados no cimo
das montanhas e se
instalaram de mopdo
especial no vale,
fertilíssimo do
Tâmega. Fixaram-se
onde hoje é a cidade
e distribuíram
pequenas
fortificações pelas
alturas
circundantes,
aproveitando, para
tais
guardas-avançadas,
alguns dos castros
conquistados.
Edificaram,
presumivelme, a
primeira muralha que
envolveu o
aglomerado
populacional;
construíram a
imponente ponte de
Trajano, sobre a via
Bracara-Asturica;
tiraram proveito das
águas quentes
mínero-medicinais,
implantando
balneários termais;
exploraram filões
auríferos e outros
recursos do solo e
subsolo.
Tanta importância
adquiriu este núcleo
urbano, nessa época,
que foi elevado à
categoria de
Município, quando no
ano 79 dominava
Vespasiano, primeiro
César da Família
Flavia. Será esta a
origem de Aquae
Flaviae, designação
antiga da actual
cidade de Chaves.
Situar-se-ia o
imponente núcleo
monumental e centro
cívico da cidade no
cerro envolvente da
área hoje ocupada
pela Igreja Matriz.
O seu actual recorte
lembra ainda o
traçado de um
acampamento romano,
com o Forum, o
Capitólio e a
Decumana que seria a
rua Direita. De
facto, neste
perímetro foram
encontrados os mais
relevantes vestígios
arqueológicos a
testemunhá-lo,
expostos no Museu da
Região Flaviense,
sendo mesmo de
evidenciar uma
lápide alusiva a um
combate de
gladiadores. A
florescência da
dominação romana
verificou-se até ao
início do século III,
apagando-se
gradualmente com a
invasão dos povos
denominados
vulgarmente por
Bárbaros. As
invasões dos Suevos,
Visigodos e Alanos,
provenientes do
leste europeu,
puseram termo à
colonização romana.
As guerras entre
Remismundo e
Frumário que
disputavam o direito
ao trono, tiveram
como consequência
uma quase total
destruição da
cidade, a vitória de
Frumário e a prisão
do Idácio, notável
Bispo de Chaves.
O período de
dominação bárbara
durou até que os
mouros, povos do
Norte de África,
invadiram a região e
venceram Rodrigo, o
último monarca
visigodo, no início
do século VIII.
Com a invasão dos
árabes, também o
islamismo invadiu o
espaço ocupado pelo
cristianismo o que
determinou uma azeda
querela religiosa e
provocou a fuga das
populações
residentes para as
montanhas
noroestinas com as
inevitáveis
destruições. As
escaramuças entre
mouros e cristãos
duraram até ao
século XI.
A cidade começou por
ser reconquistada
aos mouros no século
IX, por D. Afonso,
rei de Leão que a
reconstruiu
parcialmente. Porém,
logo depois, no
primeiro quartel do
século X, voltou a
cair no poder dos
mouros, até que no
século XI, D. Afonso
III, rei de Leão, a
resgatou, mandou
reconstruir, povoar
e cercar de
muralhas.
Da presença islâmica
remanesce, quase tão
somente na cultura
popular, uma grande
variedade de lendas
interligando
castros, tesouros
fabulosos e mouras
encantadas.
Foi, provavelmente,
por volta de 1160
que Chaves foi
integrada no país
que já era então
Portugal, com a
relevante
intervenção dos
lendários Ruy e
Garcia Lopes tão
intimamente ligados
à história desta
terra.
Pela sua situação
fronteiriça, Chaves
era vulnerável ao
ataque dos
invasores. D. Dinis,
como medida de
protecção, mandou
levantar o Castelo e
a fortificação
muralhada que ainda
hoje dominam o burgo
citadino e a sua
periferia, num
grande raio
Em 1253
realizou-se em
Chaves. o casamento
de D. Afonso III com
a sua sobrinha D.
Beatriz, filha de
Afonso X, o Sábio;
foi o Bolonhês quem
concedeu à povoação
o seu 1º foral, a 15
de Maio de 1258; D.
Manuel I outorgaria
novo foral em 1514.
Aquando da Guerra da
Independência, D.
João I montou em
redor de Chaves um
cerco que durou 4
meses; tendo-se-lhe
rendido a praça,.O
senhorio da vila foi
então dada a D. Nuno
Alvares Pereira, que
o viria a ceder a D.
Afonso, seu genro,
fundador da Casa de
Bragança, na qual
Chaves, se conservou
durante vários
séculos.
A Cidade foi
cenário de diversos
episódios bélicos no
século XIX, nela se
tendo celebrado, a
20 de Setembro de
1837, a designada
Convenção de Chaves,
após o combate de
Ruivães, pondo termo
à revolta cartista
de 1837, conhecida
pela revolta dos
marechais. Em Chaves
travou-se a 8 de
Julho de 1912, o
combate entre as
forças realistas de
Paiva Couceiro e as
do governo
republicano,
chefiadas pelo
coronel Ribeiro de
Carvalho, de que
resultou o fim da 1ª
incursão monárquica.
A 12 de Março de
1929 Chaves foi
elevada à categoria
de cidade.
Mesão Frio –
(Concelho do
Distrito de Vila
Real)
A 1ª rainha de
Portugal, D.
Mafalda, dotou Mesão
Frio de uma
albergaria e
instituiu no Douro a
passagem gratuita de
barca, que se
praticou durante
séculos.
A criação em 1756 da
Real Companhia Geral
da Agricultura das
Vinhas do Alto
Douro, trouxe-lhe
prosperidade.
Origem do nome:
«Da, Revista
Lusitana
(1887-1889)»: "Em
Mesão Frio muitas
pessoas
explicavam-me o nome
desta vila,
dizendo-me “estes
méjão frio”. Esta
última forma
representa
efectivamente a
pronúncia do povo
naqueles sítios,
provavelmente em
virtude da reacção
desta falsa
etimologia sobre a
pronúncia. A
verdadeira
etimologia parece
ser o latim Massione”.
«Xavier Fernandes em
Topónimos e
Gentílicos (1944)»:
”Tem a designação
formada de dois
vocábulos, que na
fala popular e local
soam nitidamente
como a escrita fosse
Meijão Frio. Ao
contrário da opinião
expressa algures, o
primeiro-elemento,
Mesão, não deve
interpretar-se como
sendo um aumentativo
de mesa e, para
assim se pensar
ainda que outras
razões faltassem,
bastará atender-se
às formas antigas do
topónimo, entre as
quais registamos
Meiam Frio …
O étimo é o latim
mansione - , morada,
residência,
estalagem, etc., que
evolucionando
sucessivamente,
através de formas
intermédias (Mansion.
Meison e outras) se
fixou na forma
moderna e actual”
Mesão Frio
http://www.minhaterra.com.pt
Pórtico da afamada
Região Demarcada do
Douro, encravado
entre as faldas da
serra do Marão e as
águas do Douro, o
concelho de Mesão
Frio é constituído
por sete freguesias:
Barqueiros,
Cidadelhe, Oliveira,
Santa Cristina, S.
Nicolau, Vila Jusã e
Vila Marim. Tem uma
área de 2.685
hectares e a sua
população, pelo
censo de 1991, era
de 5.098 habitantes.
O clima é ameno com
uma temperatura
média anual de 16
graus. As suas
linhas de altitude
distribuem-se entre
os 190 e os 1.075
metros. Os seus
cursos de água mais
significativos são
os rios Douro,
Teixeira e Sermenha.
Os limites
territoriais do
concelho confinam
com os dos concelhos
de Peso da Régua,
Baião, Lamego e
Resende, estes dois
situados na margem
esquerda do rio
Douro.
Em 1152, Mesão Frio
recebia o seu
primeiro foral que
haveria de ser
confirmado e
aumentado em rendas,
benesses e
obrigações até ao
foral novo de 1513.
Mas ainda antes da
monarquia
portuguesa, em 1059,
já o vocábulo
“Mansion Frigido”
aparece documentado.
Era a adulteração do
vocábulo
originariamente
feminino que
significava
“Albergaria Fria”,
obras de caracter
assistencial que
desde os romanos
prestavam relevantes
serviços aos
viandantes. Nos
inícios do século
XII, em tempos de D.
Teresa, Gonçalo Eriz
fundou aqui uma das
mais antigas
albergarias do nosso
reino. A importância
de Mesão Frio devia
ser já significativa
e alguns anos
depois, segundo
alguns antiquários,
D. Mafalda, esposa
do nosso primeiro
rei, fundou a Igreja
de S. Nicolau,
notável templo que
possui uma custódia
de forma igual à que
se admira na Igreja
de Santa Maria de
Oliveira, em
Guimarães. D.
Mafalda manifestou
também o intento de
construir uma ponte
sobre o Douro, junto
a Barqueiros, o que
não se concretizou.
Mas concretizou-se a
concessão do raro
privilégio de
beetria a Mesão Frio
e a Cidadelhe. Em
todo o reino
existiam apenas dez.
Também Vila Marim
acumulou benesses
durante os primeiros
séculos da
monarquia. Foi honra
com privilégio de
beetria e participou
dos forais de Mesão
Frio, daí decorrendo
a presunção de se
ter constituído em
concelho e julgado
por si. Igualmente
concelho foi a
freguesia de
Barqueiros. A
reforma de 1836
tratou de o
extinguir.
Ao tempo de D.
Sebastião era tal a
grandeza de Mesão
Frio que constituía
uma comarca
abrangendo Torre de
Moncorvo, o concelho
de Gestaçô e as
terras do Corgo para
baixo. Vieram os
espanhóis e tudo se
desmoronou. As
terras deste
concelho
atravessaram um
período de
decadência,
ressurgiram, e
conheceram o
esplendor após a
demarcação do
Marquês de Pombal.
Novo golpe seria
vibrado pelos
franceses, mas uma
vez mais a
perseverança destas
gentes saberia
combater o
infortúnio e
reerguer a sua
terra. Como souberam
também fazer
renascer a
multissecular Feira
de Santo André que
foi sempre ponto de
encontro e de troca
de produtos
agrícolas de todo o
género, das terras à
volta até à região
de Basto. E hoje
como ontem o seu
maior atractivo é a
feira de gado.
Este concelho é a
terra de Domingos
Monteiro. Não é o
único ilustre filho
de Mesão Frio, pois
eles são muitos e
com méritos
diversos. Mas
Domingos Monteiro
foi um desses
homens, um
maravilhoso contador
de histórias, com
mais de uma dúzia de
livros que
permanecem gratos de
ler e ouvir contar,
cada qual com um bom
punhado de
narrativas escritas
a mão de mestre, de
estrutura muito bem
concebida e
delineada por um
profundo conhecedor
da natureza humana e
dos seus conflitos
interiores, que
transportou
igualmente para
muitos dos seus
contos figuras das
gentes e
características das
paisagens da terra
que lhe serviu de
berço — Barqueiros
—, das terras de
todo o concelho ou,
embora mais longe,
se encontram
intrinsecamente
ligadas ao Douro.
Um dos muitos
atractivos deste
concelho é o seu
valioso património
arquitectónico do
qual abundantemente
ressaltam majestosos
solares como, por
exemplo, a Casa da
Rede. Trata-se de um
belo edifício
precedido por um
monumental portão
barroco coroado por
grifos alados,
possuindo uma bela e
equilibrada fachada,
cujas portas
centrais, que
ladeiam um tanque
caracteristicamente
barroco, dão acesso
a um átrio com
escadaria para o
andar nobre. Num dos
extremos da casa
fica a capela de S.
Sebastião que exibe
sumptuosos painéis e
azulejos policromos.
No interior, coberto
por tectos
artesoados, de
castanho,
conservam-se um
altar de talha e
magníficos azulejos
setecentistas. Para
além dos solares em
todas as freguesias
se levantam igrejas
que guardam esbeltas
esculturas, alfaias
e paramentos,
ermidas, nichos,
fontanários e outras
obras de arte que
viram a luz do dia
graças à
prosperidade que
este concelho
alcançou no século
XVIII, após a
demarcação do
Marquês de Pombal. O
comércio dos vinhos
generosos prosperou
rapidamente
originando aqui um
assinalável surto de
construção, no qual,
o bom gosto desde
sempre imperou. Se a
tudo isto se juntar
o riquíssimo
património cultural
e paisagístico deste
concelho, obtém-se a
multifacetada
expressão de uma
terra que é
imperdoável não
conhecer.
Mesão Frio
http://www.cm-mesaofrio.pt
História do Concelho
» Carta de Foral
Concedida aos
Povoadores de Mesão
Frio
"In Christi nomine.
Ego Alfonsus
Portugalis rex et
uxor mea regina
Mahalta, placuit
nobis per bonam
pacem et uoluntatem
un faceremus cartam
de bonos foror ad
uos bonos homines de
Meigion Frio Qui ibi
sunt populatori
usque in finem. In
primo de unaquaque
domo in uno anno
reddatis XII
denarios de illa
festa Santcti Andree
usque ad alia festa
Sancti Andree. Et de
uestros bancos ubi
uenditis carnes XII
denarios. De caualo
et de equa uendere
XII denarios. De
asino VI denarios.
De troxel que
uenerit in caualo et
aut in XII denarios.
De troxel de asino
VI denarios. De
pedone III denarios.
De pelle conelia III
denarios. De manto
II denarios. De capa
II denarios. De
sagia I denarium. De
boue aut de uacca II
denarios. De capra
aut oue I denarium.
De porco aut de orca
I denarium. De
bragale I denarium.
De corio de boue aut
de uacca I denarium
. de ulla re que se
uendederit pro minus
de XII denarius non
prendat portaticum.
Et Qui percusserit
cum punio clauso
reddat XII denarios.
De mnu extensa V
solidos. Pro
sffusione sanguinis
VII solidos et
medium. De arma
extensa per iram
fora de casa LX
solidos. De ferida
per quam cadat VII
solidos et medium.
Vestrum ganadum si
fuerit ad pascendum
fora nemo in illlum
mittat manum suam
per malam uolumtatem
sine iudicio. Nullo
homine de Meigion
Frio non sit
pignoratus in omni
mea terra nisi
debitore aut fiadore,
et qui illum
pignorauerit pectet
nobis quingentos
solidod et ded ipsum
auer duplatum ad
suum dominum. Et qui
uendiderit aut
conparauerit ullum
auer in Meigion Frio
ante concilium
habeat illum liber t
nemo sit ausus
postea requirere
illum per male et
reddat suum
portaticum sicut est
scriptum. Et nullum
caballarium non
habeat pausatam ibi
nisi per amorem
cuius fuerit casa.
Et nullus sagio sit
ausus intrare in
casa de burges per
malam uoluntatem sed
si habuerit ibi
directum petat
fiadorem qui faciat
ei directum in
quinque solidos et
ille mittat fiadorem
in quinque solidis
ad sagionem Qui
fecerit calumoniam
ut faciat directum
anre iudicem qui
eretum fuerit de
concilio et ille
iudex iudicet rectum
iudicium inter illum
sagionem et illum
burges qui
calumpniam fecerit.
Et si ille sagio
intrauerit in casa
de burges super
istum pactum et ibi
occisus fuerit non
pecter ipsam
calumpniam. Et si
occisus fuerit per
occasionem pectet
pro eo Qui eum
mactauerit CCC
solidos. Et ipsi
homines de Meigion
Frio tam longe
uadant in apelido
quomodo in uno die
possint ire et in
alio die reuerti. Et
si duo homines aut
plus inter se rixam
habuerint et de
pugno aut de palma
aut de fuste se
percusserint aut de
capillis tractatis
non habeat ibi sagio
calumpniam ergo so
se clamauerit unus
de illis, et si
clamorem non fecerit
non requirat inde
calumpniam sagio. Et
qui istos foros
frangerit sit
maledictus a Deo et
excomunicatus et cum
luda traditore et
cum diabolo et na
gelis eius in
inferno in secula
seculorum dampnatus,
amen. Ego A (Ifonsus)
Portugalenis rex et
uxor mea regina
Mahalta uobis bonis
hominibus de Meigion
Frio hanc cartam de
bonos foros nostris
manibus confirmamus.
Facta carta mense
Februarij Era M.ª
C.ª LX.ª"
Mondim de Basto –
(Concelho do
Distrito de Vila
Real)

Recebeu de D. Sancho
l o seu 1º foral. D.
Manuel l
outorgou-lhe foral
novo em 1514.
Origem do nome:
«Xavier Fernandes em
Topónimos e
Gentílicos (1944):
”Proveio de Mandini
ou Mundini que
representa o
genitivo do nome
Mundinus, formado do
gótico Munds,
protecção, o qual se
encontra na forma –
monde como elemento
componente final de
muitos topónimos”.
Mondim de Basto
http://www.cm-cabeceiras-basto.pt/26
Entre as serranias
da Cabreira e do
Marão, num extenso
vale que ocupa mais
de 18km no sentido
mais longo e 8km de
largo, mesmo à
margem do Rio
Tâmega, encontra-se
Cabeceiras de Basto,
um dos mais antigos
e históricos
concelhos do Minho.
Cabeceiras de Basto
é uma terra antiga e
por isso uma terra
sábia. Uma terra que
soube preservar a
paisagem na qual
convivem o Minho e
Trás-os-Montes.
Riquezas de um lado,
riquezas do outro,
este concelho
apresenta um vasto
património
paisagístico e
arquitectónico,
cunhado pelas
marcas, pelos
saberes e sabores
tradicionais,
testemunhos de um
povo e do seu modus
vivendi.
Integrado nas Terras
de Basto, pequena
sub-região com
características
individualizantes e
próprias, outrora
uma vasta
circunscrição
administrativa na
bacia média do
Tâmega, já em 1258
estava organizada
com três julgados: o
de Cabeceiras de
Basto, o de Celorico
de Basto e o de
Amarante. Este
último, quase
limitado á sua Villa
e a Telões, onde se
haviam implantado
vários mosteiros e
uma importante
fidalguia medieval.
Em 1220 esta
circunscrição
compreendia ainda
Mondim de Basto,
algumas localidades
dos concelhos de
Amarante e
Felgueiras, Ribeira
de Pena e Vieira do
Minho.
Actualmente abrange
uma área territorial
de 239km2 por onde
se espalham 17
freguesias com uma
população de cerca
de 18 mil
habitantes.
Mas a história do
concelho perde-se no
tempo. Apesar de da
pouca informação
existente sobre o
seu primitivo
povoamento, vários
achados
arqueológicos
permitem dizer, com
convicção, que
Cabeceiras de Basto
remonta a um período
anterior a Cristo,
nomeadamente a
épocas pré-românicas,
senão antes, pela
existência de
vestígios castrenses
e construções
dolménicas.
Também a
arqueologia, nos
desvenda outras
informações através
das ruínas do
Mosteiro de St.ª
Comba, onde se supõe
terá existido, um
tempo de vestais. Os
objectos de cerâmica
e inscrições
achadas, as estátuas
de guerreiros e as
moedas de prata e
bronze com as
efígies de Augusto,
Galliano e
Constantino dão
força á tese da
existência da
povoação no tempo
dos romanos.
A própria etimologia
de Cabeceiras de
Basto, apesar de
controversa,
leva-nos a crer que
o primeiro povo que
deu o nome à região
foram os Bastos (Bástulos
ou bastianos) que,
oriundos da
Andaluzia, passaram
por esta bela
província de Entre
Douro e Minho e
fundaram uma cidade
chamada Basto, que
se localizava
próxima do Mosteiro
de Santa Senhorinha,
cuja presença árabe
nestas terras, se
encarregou de
destruir. Corria o
ano de 711. Daí que,
com Cabeceiras no
sentido de cabeça
destas antigas
regiões e Basto de
Bástulos, se
explique a
designação deste
concelho
No entanto, entre o
século XII e XVI, é
praticamente
inexistente a
documentação escrita
sobre Cabeceiras de
Basto. Apesar de se
tratar de uma
povoação antiga, que
gozava de grande
prosperidade, como
atesta o Mosteiro de
S. Miguel de Refojos,
outrora o mais rico
do Minho, só em 1514
é que Cabeceiras vê
criado o concelho,
por Foral de D.
Manuel I. Foi,
igualmente, um
importante centro de
peregrinação na
Idade Média. Por
este motivo a ele se
associaram nomes de
santos, nobres e
guerreiros como são
o caso de Santa
Senhorinha de Basto,
D. Pedro, D. Inês de
Castro, D. Nuno
Álvares Pereira, que
aqui casou em 1376.
Aqui passaram,
também, nomes de
vulto ligados à
literatura como Sá
de Miranda com a
obra “Carta a D.
António Pereira”,
senhor de Basto,
Bernardim Ribeiro e
Camilo Castelo
Branco, com várias
das suas obras a
referirem Cabeceiras
de Basto,
nomeadamente, a
“Bruxa de Monte
Cordova” e “Noites
de Lamego”.
No entanto, além
desta vertente
cultural, quando
percorremos o
concelho de
Cabeceiras de Basto
deparamos com uma
série de monumentos,
alguns dos quais, de
interesse nacional
(como é o caso do
Mosteiro de S.
Miguel de Refojos e
a Ponte de Cavez) e
casas solarengas
datadas, a maioria
delas, dos séculos
XVII, XVIII e XIX,
que conferem à
região um cunho
ímpar e,
simultaneamente,
desvendam alguns dos
segredos que a
história guardou das
gentes que por aqui
passaram.
Construções que, por
montes e vales, vão
pincelando este
quadro de grande
beleza, reflexos das
marcas dos tempo,
das vivências dos
povos que desde a
antiguidade o
elegeram para viver.
Consequentemente,
aos elegerem esta
terra para viver,
nela construíram
lugares da memória,
lugares da nossa
identidade, nos
quais o tempo
registou os
itinerários, os
sítios e os
vestígios, as coisas
e o que delas
pensavam, as
gerações que nos
antecederam.
Assim, e após um
levantamento
exaustivo do
património
edificado, quer pela
sua beleza, quer por
constituírem um
marco histórico,
destacam-se:
Mosteiro S. Miguel e
Pelourinho das
Pereiras – freguesia
de Refojos
Casa da Portela e
Ponte Velha –
freguesia do Arco de
Baúlhe
Casa do Forno e
Igreja de Stª.
Senhorinha –
freguesia de Basto
Casa da Torre –
freguesia de Alvite
Casa da Taipa –
freguesia de Outeiro
Casa do Casal e Casa
da Breia – freguesia
de Cabeceiras de
Basto (S. Nicolau)
Casa de Pedraça –
freguesia de Pedraça
Casa do Tronco ou da
Torre do Tronco –
freguesia de Abadim
Ponte de Cavez –
freguesia de Cavez
Casa da Tojeira -
freguesia da Faia
(...)
Contudo, outros
locais existem que
importa referir,
pela sua genuinidade
e pelas marcas
registadas, que,
apesar de se
afastarem das
características
gerais da região,
são determinantes
para um estudo
preciso e completo
do concelho. Exemplo
disso são as aldeias
de Carrazedo, na
freguesia de Bucos,
e as casas rurais
localizadas no Vilar
e no Samão, cuja
conjuntura se
reveste de grande
interesse para a
salvaguarda do
património
existente, bem como
para a sua área
envolvente.
De salientar também,
a existência de
vários locais cuja
origem remonta à
época pré-histórica.
É o caso, e tal como
comprova a
arqueologia, dos
vestígios
encontrados na zona
de Chacim e
Outeirinho de
Mouros, na freguesia
de Refojos, em
Formigueiro, na
freguesia de
Riodouro, e que
constituem, um
testemunho do tempo,
de grande
significado e
importância
histórica.
De referir também a
existência de
testemunhos da época
medieval encontrados
no Lugar de Eiró,
freguesia de
Riodouro, que tudo
indica, e tendo em
conta as suas
características
arquitectónico-construtivas,
tratar-se de uma
construção tipo
"mota" da qual se
encontram exemplos
de extraordinária
semelhança na região
francesa da
Bretanha, onde foram
comuns no séc. XI e
XII. Em Portugal
deve ter sido
ocupado durante o
século XIII. Este
tipo de construção,
de grande valor
histórico-cultural
regional, pelos
contextos sociais e
históricos que
evoca, traduz-se num
excepcional exemplar
de arquitectura
senhorial
fortificada, dos
séculos centrais da
Idade Média em
Portugal.
Também o local
pré-histórico de
Lameiras Chãs,
freguesia de
Cabeceiras de Basto,
concentra diversos
vestígios de
ocupação antiga,
certamente
correspondentes à
pré-história,
reveladores de uma
distinta modalidade
de apropriação e
exploração do
espaço.
Pelas suas
características e
pela diversidade
funcional, e ainda
pelos vestígios
arqueológicos que aí
se implantam,
traduz-se num
excelente exemplo de
uma boa obra
conjunta do ser
humano e da natureza
que se constitui de
valor inegável para
a compreensão humana
da região durante a
pré-história.
Já anteriormente
referido, o povoado
proto-histórico de
Formigueiro,
freguesia de
Riodouro, é o único
do género conhecido
na Serra da
Cabreira, tanto pela
morfologia, como
pela altitude em que
se situa, bem como
pela eventual
associação, com
evidências
arqueológicas do
tipo “megalítico”.
Constitui assim um
testemunho
importante da
ocupação antiga dos
espaços serranos da
região, com grande
interesse
etnográfico e
paisagístico, onde
persistem as
características
desde o tempo da
fixação medieval.
Mondim de Bastos
http://www.minhaterra.com.pt
Concelho com uma
área de 174,48
quilómetros
quadrados, Mondim de
Basto distribui-se
por 8 freguesias:
Atei, Bilhó,
Campanhó, Ermelo,
Mondim de Basto,
Paradança, Pardelhas
e Vilar de
Ferreiros, com uma
população total de
9.518 habitantes, de
acordo com o
Censos/91.
Este concelho tem
assento no maciço
montanhoso entre as
serras do Marão e do
Alvão. É atravessado
por diversos cursos
de água, sendo os
principais o Tâmega,
o Ôlo e o Cabril. O
seu clima é de certa
forma temperado,
exceptuando os
Invernos mais
rigorosos na zona
acima dos 500 metros
de altitude. Terra
de inexcedíveis
belezas naturais,
aqui se situa a
fronteira entre o
Minho e
Trás-os-Montes. Como
fronteira é coisa
que verdadeiramente
não existe, este
concelho pode assim
comungar dos
atributos das duas
províncias.
No dizer de João
Carvalho Branco,
“como em nenhuma
outra região do
País, aqui se unem o
património
paisagístico e
ambiental, com o
património
arquitectónico,
civil ou religioso,
numa rara e forte
expressão de
sobriedade e
grandeza, em que a
mão dos artistas,
moldadores da pedra,
se deixou guiar pela
força telúrica do
Marão e Alvão, e
pela constante
presença da Mãe de
Deus no Altar
Natural da Senhora
da Graça”. Quer se
queira ou não,
quando se fala do
concelho de Mondim
de Basto, pensa-se
de imediato no Monte
Farinha e na Senhora
da Graça. O conjunto
monte/ermida é
indubitavelmente a
atracção maior deste
concelho. Uma grande
parte dos
portugueses conhecem
pelo menos os nomes.
Os acontecimentos
desportivos
(automobilismo e
ciclismo) ali
realizados tornaram
aquele binómio
extremamente
conhecido. Muitos
nem sonham quão
indescritível é a
sensação de subir
aquela estrada que
vai contornando o
monte em espirais,
progressivamente
mais apertadas, e
gradualmente
oferecendo
horizontes cada vez
mais vastos, até se
atingir o clímax
proporcionado pelo
vértice do cone. Mas
com o que quase
ninguém sonha, por
desconhecimento, é
com as sensações que
podem ser obtidas
numa das principais
maravilhas deste
concelho: o Parque
Natural do Alvão.
Começou por ser
concebido como um
corpo de 50 mil
hectares que,
partindo da serra do
Alvão, incluía o
imponente Marão, a
fecundíssima veiga
da Campeã, a serrana
Alvadia e o
promontório da
Senhora da Graça.
Mas, por razões
financeiras e
políticas, quando
foi criado, em 1983,
viu-se reduzido a
uma superfície de
apenas 7.220
hectares, confinada
à cabeceira e troço
médio do rio Ôlo. No
tamanho é hoje a
mais pequena área
protegida do País,
no resto, é um
verdadeiro jardim
babilónico escondido
na montanha. O
parque distribui-se
por dez aldeias dos
concelhos de Mondim
de Basto e de Vila
Real. Bem lá no
cume, a 1.250 metros
de altitude, nasce o
Ôlo, o pequeno e
puríssimo rio que
opera o milagre da
vida naquelas
fragosas e frias
paragens. O mesmo
rio é ainda
responsável pelo
principal monumento
geológico do parque,
pela sua raridade e
beleza: as quedas de
água das Fisgas de
Ermelo, o local onde
o rio se precipita
em cascata de uma
altura de mais de
200 metros,
desaparecendo depois
por debaixo das
fragas, para
continuar a sua
caminhada, de novo
tranquilamente,
agora em solos de
xisto.
Ermelo é a maior
aldeia do Parque. Em
tempos idos chegou a
ser sede de
concelho, hoje é
apenas cabeça de
freguesia, no
concelho de Mondim.
Perdeu importância
política, mas soube
manter a beleza, com
as suas casas de
xisto, os lagares,
os espigueiros e as
eiras de pedra.
Ermelo é uma aldeia
conquistada com suor
e perícia durante
oitocentos anos à
encosta declivosa.
Para sobreviver,
arquitectou um
engenhoso sistema de
levadas a partir do
rio Ôlo, que
conduzem a água à
povoação,
movimentando pelo
caminho cinco
moinhos e dois
lagares de azeite e
regando à passagem
campos agrícolas
dispostos em
socalcos assentes
sobre formações
xistosas. Confinante
com a freguesia de
Ermelo, situa-se a
de Pardelhas, onde
havia minas de ferro
e ardósia. Na aldeia
há um cruzeiro ao
Senhor dos Aflitos,
secular e muito raro
por ser alpendrado e
com alminhas ao
lado.
Tanto que ficou por
dizer sobre o
concelho de Mondim
de Basto! O melhor
será descobri-lo, e
ouvir as palavras de
qualquer Mondinense,
reflectidas nas de
Fernando Pinto de
Moura, presidente da
Câmara Municipal:
“Bem-vindos sejam á
fronteira entre
Minho e
Trás-os-Montes, a
este recanto
maravilhoso onde
contrastam o verde e
a montanha, onde os
horizontes ganham
mais profundidade e
os próprios homens
parecem assumir a
telúrica dimensão
dos elementos que a
rodeiam. Bem-vindos,
pois, à descoberta
de Mondim de Basto”.
Montalegre –
(Concelho do
Distrito de Vila
Real)
D. Afonso lll
concedeu-lhe o seu
primeiro foral em 9
de Junho de 1273,
confirmado por D.
Dinis em 1289, por
D. Afonso lV em 1340
e por D. João ll em
1491. Finalmente, D.
Manuel l
outorgou-lhe foral
novo em 1515.
Origem do nome:
«Xavier Fernandes em
Topónimos e
Gentílicos
(1944)»:”Este
topónimo é formado
de Monte e Alegre.
É, pois, uma forma
encurtada desta”.
Montalegre
http://www.cm-montalegre.espigueiro.pt
O nosso Concelho tem
uma história de 800
anos e tem por isso
um riquíssimo
património
construído, a sua
história, a sua
cultura mas,
sobretudo, o seu
património humano.
Desde logo as nossas
aldeias típicas,
pontos de referência
importantes na nossa
história e na nossa
cultura, o castelo
de Montalegre a
ponte lendária da
Misarela, o mosteiro
de Pitões, o passo
de Vilar de
Perdizes, a cascata
de Pitões e o
património
arqueológico
espalhado por todo o
Concelho. Junto com
toda esta beleza
paisagística temos
recursos turísticos
extraordinários que
queremos valorizar.
Esta beleza
paisagística, impar
em cada época do ano
e em qualquer local
em que nos
encontremos, é
deslumbrante para os
olhos do visitante,
a serra, os rios, as
barragens, mas
também a nossa
gastronomia é
riquíssima.
Montalegre
http://www.turibarroso.com/p
Não existe
documentação
suficiente para
fazer a história
desta vila, que se
deve ter perdido
pela acção do tempo
e incúria dos
homens. A que chegou
até aos anos 20, e
já não seria muita,
perdeu-se num
incêndio que
destruiu os Paços do
Concelho e
repartições
públicas, em
Novembro de 1923 .
A investigação
arqueológica revela
vestígios de o
Planalto Barrosão
ter sido habitado
desde os tempos
pré-históricos,
possivelmente desde
a idade da pedra. Há
muitos dolmens que
foram identificados
e estudados e,
também, um numero
significativo de
castros.
No local onde se
encontra a vila de
Montalegre, é
provável que tenha
existido um povoado
castrejo
pré-histórico que,
mais tarde, teria
dado lugar a um
povoado de vocação
agro-pastoril.
Os primeiros
documentos que
referem a existência
da vila, datam do
reinado de D. Afonso
III, o Bolonhês. É
este rei, que
reconhecendo-lhe
importância
estratégica para a
defesa da fronteira,
concede à “pobra de
Montalegre” o
primeiro foral, em 9
de Junho de 1273. Em
1289 o rei D. Dinis,
confirmou e renovou
o foral. Aconteceu o
mesmo com D. Afonso
IV, em 1491.
Diz-se que o castelo
de Montalegre foi
mandado construir
por D. Afonso IV, em
1331. Contudo há
indícios para poder
datar a sua
edificação no
reinado de D.
Dinis.
Este será o
terceiro castelo a
ser construído no
termo de Montalegre,
o que comprova a sua
importância militar.
O primeiro de que há
notícia é o da
Piconha, com foral
de D. Sancho I, de
1187. Este castelo
foi arrasado pelos
espanhóis em 1650
(Guerra da
Restauração). Desta
fortaleza resta a
cisterna e uns laços
de escadas. Passou
para território
espanhol após a
assinatura do
Tratado de Limites,
entre Portugal e
Espanha, de 29 de
Setembro de 1864. O
segundo castelo a
ser construído foi o
de Portelo, perto de
Sendim, do qual não
restam vestígios.
Esta concentração de
fortalezas
militares, provam
bem a importância
que Montalegre teve
na defesa da
fronteira. É certo
que não se deu aí
nenhuma batalha
importante, mas as
sortidas e
escaramuças entre os
dois exércitos,
português e
espanhol, eram
frequentes.
Por ocasião da
Guerra Peninsular, o
exército
Napoleónico,
comandado pelo
Marechal Soult (2ª
invasão), perseguido
desde o Porto pelos
exércitos português
e inglês comandados
por Wellesley,
passou perto de
Montalegre a caminho
do Larouco, em 17 de
Maio de 1809, onde
atravessou a
fronteira.
Montalegre
http://www.minhaterra.com.pt/
Terra onde ainda se
cultivam importantes
valores comunitários
e outros, o concelho
de Montalegre é
constituído por 35
freguesias. Já foram
terras longínquas,
para lá dos altos
montes, a frisar a
raia. Hoje, bons e
modernos traçados
viários permitem com
facilidade descobrir
uma das mais
visitadas regiões do
País.
Um dos principais
atractivos são os
belos lagos
artificiais nascidos
do represamento dos
cursos de água que
escorrem das
serranias. A partir
de 1950 ergueram-se
muros imensos que
deram origem a um
complexo de
barragens
hidroeléctricas.
Quem passa em
Covelães ou visita
Tourém não terá
muito que andar para
contemplar, e de
belos mirantes
naturais, duas obras
de engenharia
transfiguradoras do
curso do Alto-Cávado:
uma é a barragem que
tem precisamente
esse nome, a outra é
a enorme barragem da
Paradela, construída
poucos quilómetros a
jusante. Mais ao
fundo, junto da
confluência do
Cávado e do Rabagão,
oculta-se a Central
de Vila Nova, cujas
turbinas são movidas
pelas águas da
Paradela e da
barragem da Venda
Nova. A montante
desta última,
encontra-se,
finalmente, o mais
notável de todos
estes
empreendimentos: é a
colossal barragem do
Alto-Rabagão. Todas
estas barragens e
correlativas
albufeiras situam-se
dentro do concelho
de Montalegre. E
todas elas são
propícias ao prazer
do Sol e dos
desportos náuticos
que por aqui se
fazem sem pressas.
O concelho faz parte
de uma região
montanhosa que ocupa
o planalto situado a
Noroeste do distrito
de Vila Real que nos
documentos medievais
portugueses é
tratada por “Terras
de Barroso”. O
planalto barrosão
enquadra-se no
maciço
galaico-duriense e
tem lugar de relevo
no ângulo noroeste
da meseta ibérica.
Cinco serras dominam
o seu vasto e
grandioso horizonte:
Larouco, Gerês,
Cabreira, Alturas e
Leiranco. O
historiador espanhol
Morales diz-nos que
há perto de dois
milénios havia no
Larouco um templo
pagão consagrado ao
deus Júpiter. Em
algumas aldeias
existem gravuras
rupestres que
testemunham uma
forte religiosidade
popular pagã. À
serra do Larouco os
romanos chamaram
Montes Ladiços. Este
povo deixou aqui bem
vincada a sua
presença,
construindo vias,
pontes e romanizando
os castros, quantos
deles já existentes
desde muito antes.
Aliás, toda esta
região de Barroso
foi habitada pelo
homem desde os
longínquos tempos da
pré-história. É
extraordinariamente
grande o número de
resíduos dolménicos
que a região possui.
No concelho de
Montalegre estão
referenciados
dezenas de dólmenes,
bem como dezena e
meia de povoações
castrejas. Entre
Paradela do Rio e
Outeiro, junto à
albufeira do Cávado,
foram achados três
torques (colares) em
ouro, do tipo dos
figurados em
estátuas de
guerreiros
lusitanos.
Os árabes, se por
aqui passaram,
fizeram-no
fugazmente, pois 40
anos depois do seu
desembarque no sul
da Península, já a
reconquista
asturiana atingia as
terras de
Montalegre. Quase
todas as actuais
freguesias seriam
terra portuguesa
desde os primeiros
momentos da formação
do reino. Mas uma
houve que se
distinguiu muito
antes da
Nacionalidade:
Pitões das Júnias,
onde foi edificado o
famoso convento
cisterciense
dedicado a Santa
Maria. Tudo terá
começado num
eremitério fundado
no século IX, como
atesta um documento
do cartório
bracarense; no
século seguinte esse
cenóbio montanhês
teria aderido à
reforma de Cister,
unindo-se primeiro
ao mosteiro galego
de Osera e mais
tarde ao de Santa
Maria de Bouro. O
certo é que o
recatado convento é
já testemunhado, nos
meados do século XII,
pelo arquivo do
Convento de Santa
Maria de Osera.
A sede deste
concelho é a vila de
Montalegre que
nasceu e cresceu à
volta do seu
imponente castelo,
um dos mais belos e
mais bem conservados
de Portugal.
Juntamente com os
castelos do Portelo
e da Piconha
constituiu o
conjunto defensivo
das terras de
Barroso. A
conservação e defesa
do castelo do
Portelo estavam
confiadas aos povos
das redondezas:
Padroso, Padornelos,
Meixedo, Gralhas,
Solveira, Santo
André e Vilar de
Perdizes. O castelo
da Piconha era o
escudo defensivo do
concelho de Tourém.
Antes da construção
do castelo de
Montalegre, D.
Afonso III
contemplou a
povoação com um
foral em 9 de Junho
de 1273,
posteriormente
renovado por D.
Manuel I em 1515. Do
castelo, de planta
poligonal, iniciado
por D. Dinis e
finalizado no
reinado de D. Afonso
IV, erguem-se ainda
os panos de muralha
e os torreões.
Domina o conjunto a
torre de menagem,
que se situa num dos
ângulos, com quase
três dezenas de
metros de altura,
rematada por ameias,
com frestas e
varandins apoiados
em matacães. A torre
onde se abre a porta
de acesso tem uma
altura de dez
metros, e entre ela
e a torre de menagem
existem mais duas,
de menores
proporções,
apresentando todas
uma planta
quadrangular. A
Igreja de Santa
Maria do Castelo, de
exterior simples,
conserva altares de
talha dourada e
algumas esculturas
de bom nível. O
pelourinho, símbolo
da autoridade
municipal ostenta as
armas de D. Sancho
I. No centro da vila
encontra-se a Casa
do Cerrado, com
portal heráldico
gravado em pedra
sobre o portão,
antiga residência
dos alcaides da
povoação.
Murça – (Concelho do
Distrito de Vila
Real)

A porca de Murça:
diz-se que nas lutas
políticas do século
passado, se ganhava
o Partido
Regenerador,
pintavam-na de
verde; se venciam os
progressistas,
pintavam-na de
vermelho, e com a
República foi
pintada com ambas as
cores.
Murça em 1900: “Vila
e cabeça de concelho
do distrito de Vila
Real (província de
Trás-os-Montes), com
1.507 habitantes. O
concelho tem 10
freguesias e 7.533
habitantes”.
Zona de Murça no
agreste
Trás-os-Montes
Em 1224 D. Sancho ll
“O Capelo”
concedeu-lhe foral,
renovado por D.
Afonso lll “O
Bolonhês”, e, mais
tarde por seu filho,
D. Dinis “O
Lavrador”, esposo de
Isabel de Aragão
(Rainha Santa
Isabel).
Com D. Manuel l “O
Venturoso”, Murça
começa a reger-se
por foral novo. Na
praça principal
conserva-se, sobre
um pedestral, uma
escultura
zoomórfica,
certamente
relacionada com um
culto remoto dos
povos pré-romanos e
representando uma
porca (a célebre
Porca de Murça – que
dá nome a um
conhecido e
apreciado vinho da
região).
Uma das ruas de
Murça
Ainda neste século
se chamava Murça de
Panóias esta singela
vila transmontana,
necessariamente
povoada pelos
romanos, dominada
pelos árabes e a que
D. Sancho ll deu
foral em 1224.
O bem conservado
troço da via
imperial (romana),
que segue de Tinhela
até ao Alto do
Pópulo, e a ponte
romana permanecem no
vale que procede a
vila.
Já na vila importará
sobretudo ver o
monumento totémico
que se situa no
largo ajardinado, a
célebre Porca de
Murça, que tem de
comprimento 1,85 m.,
de altura 1,10 m. e
de circunferência
abdominal 2,80 m.
O magnífico
pelourinho fica em
frente ao edifício
da Câmara, que foi
convento de freiras
beneditinas, próximo
da igreja paroquial,
erguida entre 1707 e
1734.
Também é digna de
nota a frontaria da
Capela da
Misericórdia
Capela da
Misericórdia
Do século XVlll,
contém alguns
altares em talha
dourada e um
tríptico do século
XVl, do pintor Pedro
de França. Da
imaginária sobressai
um Cristo
crucificado, de
linhas vigorosas e
de expressão
dramática e
simultaneamente
resignada. Digna de
registo é ainda uma
imagem gótica
figurando São
Vicente.
Casa de campo dos
Condes de Murça
Como solares ou
casas
significativas,
Murça ufana-se da
dos Morgadinhos, dos
Condes de Murça e
daquela onde nasceu
D. Diogo de Murça,
que no século XVl
foi reitor da
Universidade de
Coimbra, assim como
a de D. Inácio de
Morais Cardoso, que
foi
cardeal-patriarca de
Lisboa.
Concelho misto de
“terra fria” e
“terra quente”, é
atravessado pelo rio
Tinhela e balizado
em parte pelo rio
Tua. É deveras
apreciável a sua
produção de azeite e
de vinhos.
Simultaneamente
parcelas da Região
Demarcada do Douro e
de Trás-os-Montes,
os concelhos de
Sabrosa, Alijó e
Murça, têm na
vinicultura a sua
economia essencial
(embora muito
associada ao
azeite).
É assim que nesta
sub-região de Cima
Corgo em cerca de
6.000 há. Se
espalham uns 35
milhões de cepas (ou
videiras) produzindo
em média 65.000
pipas de vinho, um
terço do qual é
vinho do Porto,
desde os rios e
ribeiros até ao cume
das montanhas,
mormente nuns
sumptuosos
antiteatros
vinhateiros cula
beleza arrebata,
sobretudo após as
vindimas, quando a
Natureza lhe
empresta efémera
policromia, com tons
de ouro e de cobre.
A ORIGEM DO NOME:
“Com respeito à
origem do seu nome,
duas opiniões se
aventam:
Segundo uma, deriva
da quantidade de
ursos, que pelo
território andava à
solta, no tempo dos
árabes; segundo
outro o nome não é
Murça mas Muça e foi
tomado do nome de um
alto personagem
mouro que aqui
dominou.
Há outra versão
ainda, em virtude da
qual muçaun lhe
transmitiram a
denominação,
aproximado à sua.
Estes muçaun eram
agarenos, sectários
do Korão, e vieram
em grandes grupos
invadir a Lusitânia,
anteriormente à
ocupação mourisca
que se realizou nos
anos 713 a 716.
O certo é que em
todos os documentos
antigos se chama à
povoação Muça e não
Murça”. (Dr.
Olegário Mariano –
1898).
Peso da Régua –
(Concelho do
Distrito de Vila
Real)

O seu povoamento é
de origem germânica.
Pertenceu
primitivamente à
terra de Penaguião.
Origem do nome:
«Xavier Fernandes em
Topónimos e
Gentílicos
(1944)»:”Houve
noutros tempos duas
povoações distintas
– Peso e Régua,
aquela mais antiga
do que esta e que
parece ter tirado o
nome do monte do
Peso, situado junto.
Com o decorrer dos
anos e o
desenvolvimento da
população, os dois
povoados próximos
acabaram por se
juntar num só, que é
hoje a vila de
concelho do distrito
de Vila Real…
O lugar da grande
vila de hoje era,
portanto, da
“terra”, de
Penaguião, mas não
possuía ainda
qualquer
importância, porque
só iniciado o século
XVlll é que começou
a tomar alguma. No
entanto, é um facto
que a beleza e a
situação do local
deviam tê-lo feito
aproveitar desde
remotos evos –
principiando, a
julgar dos étimos do
próprio topónimo,
respectivamente os
termos latinos
“penso” (refeição
dada aos animais de
transporte e, por
extensão, o próprio
local em que era
costume dar-se-lhes),
e Regula, certamente
indicativo da
existência, junto ao
rio Douro, de uma
“vila” romana, cujo
possuidor lhe
tivesse dado o nome
sem a usada
adjectivação pelo
sufixo próprio. O
topónimo que hoje se
refere a uma só
povoação pelo
crescimento do
número de
habitantes,
correspondia, há um
século para trás,
realmente a duas: o
Peso e a Régua –
esta junta do Douro,
e aquele disposta,
pela banda oposta do
monte do Peso, que
domina esta e que
possível é que
tivesse aproveitado
e fortificado pelos
povos primitivos,
visto que se
prestava
naturalmente para
isso”.
Peso da Régua
http://www.cm-pesoregua.pt
A história e o vinho
legaram a Peso da
Régua a sua condição
natural de Capital
da Região Demarcada
do Douro. Os
pergaminhos deste
povo são os dos
cultivadores, que há
séculos desbravaram
e fecundaram as
terras, que ainda
hoje cultivam,
honrando a memória
dos primeiros
povoadores.
A toponímia desta
região ficou marcada
pela importância
vitícola que o
mundialmente afamado
Vinho do Porto lhe
concedeu, cujas
virtudes são
realçadas pela
glória e um punhado
de lendas.
Alguns historiadores
consideram que o
concelho de Peso da
Régua foi habitado
durante as invasões
romanas e bárbaras,
concluindo que o
nome deriva da
existência de uma
casa romana de
campo, soterrada em
lugar da cidade -
Vila Regula. Outros,
porém, defendem a
hipótese de a origem
entroncar em
"récua", devido aos
ajuntamentos de
récuas ou
cavalgaduras que
passavam o rio
Douro. Há ainda uma
terceira teoria, de
acordo com a qual, o
nome deriva de
"reguengo",
designação atribuída
às terras dos reis.
Mas, não ficamos por
aqui, dado que
também se defende a
hipótese de Régua
ter origem no termo
"regra", aludindo ao
direito que podia
ser herdado de
ascendentes ou
conferido a
descendentes através
de um foral. Os
historiadores que
defendem esta
hipótese
justificam-na com o
facto de o Conde D.
Henrique ter doado
estas terras a D.
Hugo, que por sua
vez as doou a D.
Egas Moniz. Seria,
portanto, esta
"regra" a dar origem
à palavra Régoa,
mais tarde Régua.
Em relação à
proveniência do nome
Peso existem duas
correntes de
opinião: a primeira
defende a hipótese
de derivar do lugar
onde as mercadorias
eram pesadas e
cobrados os
impostos; a segunda
explica a
probabilidade de o
nome ter evoluído a
partir de um lugar
onde os animais de
transporte eram
alimentados ou
pensados, o "Penso".
A Régua é uma cidade
moderna, que apenas
conheceu a sua
condição de concelho
após a época
pombalina, no ano de
1836. Toda a
importância
reconhecida se
inicia por culpa e
graça da criação, na
Régua, da Companhia
Geral das Vinhas do
Alto Douro, pelo
Marquês de Pombal em
1756.
Tendo mandado
delimitar as vinhas
do Vale do Douro com
marcos de granito -
Marcos de Feitoria -
determinando assim
as áreas de produção
dos melhores vinhos,
Portugal criava no
Douro a primeira
Região Demarcada do
Mundo. A partir daí,
e por via do
comércio e sua
centralização local,
a Régua passou a ser
o centro do Douro, o
local onde todos
chegavam e de onde
tudo partia.
No dia 3 de
Fevereiro de 1837,
Peso da Régua foi
elevada a vila,
tendo-lhe sido
anexado o concelho
de Godim, com as
freguesias de S.
José de Godim, S.
Pedro de Loureiro,
S. Miguel de
Fontelas, Santa
Comba de Mouramorta
e Santa Marta de
Sedielos. A 31 de
Dezembro de 1859,
foram-lhe
adicionadas, pela
extinção do concelho
de Canelas, as
freguesias de
Poiares, Covelinhas,
Vilarinho de Freires
e Galafura. A 11 de
Dezembro de 1933 foi
criada a freguesia
de Vinhós,
desanexada da
freguesia de
Sedielos. Com esta
desanexação, o
concelho de Peso da
Régua integrava onze
freguesias: Peso da
Régua, Godim,
Poiares, Fontelas,
Loureiro, Mouramorta,
Sedielos, Vilarinho
de Freires,
Covelinhas, Galafura
e Vinhós. Com a
integração de
Canelas, o concelho
completava o número
actual de
freguesias.
Peso da Régua foi
elevada à categoria
de cidade a 14 de
Agosto de 1985.
Em 1988 foi
reconhecida, pelo
Office International
de la Vigne ed du
Vin, Cidade
Internacional da
Vinha e do Vinho.
Peso da Régua é um
concelho rural de
primeira ordem.
Pertence ao distrito
de Vila Real e está
situado na margem
direita do rio
Douro.
Tem uma extensão de
94,72 Km2. Dista 25
Km da sede do
distrito e está a
110 Km da foz do rio
Douro, no Porto.
A norte está
limitado pelo
concelho de Santa
Marta de Penaguião,
a este pelo concelho
de Sabrosa, a sul
pelo rio Douro e a
oeste pelo concelho
de Mesão Frio.
O clima é de
características
mediterrânicas (micro-clima),
com variações
climatéricas
acentuadas.
A cidade do Peso da
Régua encontra-se a
125 m de altitude. O
solo é constituído
por xistos-argilosos
e por algumas zonas
granítinas. O
concelho, de um modo
geral, é muito
acidentado.
A partir do rio
Douro encontra-se
uma pequena faixa de
poucos metros de
largura, de terras
planas, onde se
situa a grande zona
urbana da Régua.
Este vale estende-se
pela zona do Rodo
até ao limite do
concelho com Santa
Marta de Penaguião.
A partir destas
faixas planas, o
terreno sobe
acentuadamente,
estando todas as
freguesias
localizadas em plena
encosta.
Peso da Régua está
ligada à cidade do
Porto por via
rodoviária,
ferroviária e
fluvial. É um centro
vital nas
comunicações para
Trás-os-Montes e
para a Beira Alta,
através das cidades
de Lamego e Vila
Real.
Três pontes
atravessam o Douro
na Régua, uma
ferroviária, datada
de 1872, outra
rodoviária, datada
de 1932, e uma de
recente construção,
que serve de
passagem no Douro,
do eixo Chaves/Vila
Real/Régua/Lamego,
Viseu e Figueira da
Foz, através do
Itinerário Principal
N.º 3.
Capital da Região
Demarcada mais
antiga do mundo,
Peso da Régua não
sendo uma cidade de
grandes monumentos,
é um paraíso
histórico de
inegável valor.
Mergulhada num dos
mais belos rios de
Portugal, preenche a
encosta e o vale
onde montes cobertos
de vinha e prenhes
de história se
combinam numa
escadaria de
gigantes.
É aqui que se
encontra a Casa do
Douro, a delegação
no Douro Superior do
Instituto do Vinho
do Porto, a Rota do
Vinho do Porto, a
Comissão
Interprofissional da
Região Demarcada do
Douro e o Instituto
de Navegabilidade do
Douro.
Os vinhedos que dão
origem ao Vinho do
Porto situam-se nas
encostas abruptas e
grandiosas do rio
Douro e dos seus
afluentes. O
terraceamento,
indispensável à
instalação da
cultura da vinha,
originou uma
paisagem
deslumbrante, de
características
ímpares, construídas
e cultivadas graças
à perseverança de
Homens que durante
gerações cavaram a
rocha mãe. Aos
sufocantes verões da
região - quentes e
secos - seguem-se
invernos agrestes. O
carácter nobre e
delicado do Vinho do
Porto tem origem nos
solos pobres e no
clima adverso de
tipo mediterrânico.
É curioso que numa
zona tão hostil
nasça um dos vinhos
mais apreciados do
mundo inteiro. Este
é o principal
mistério do Vinho do
Porto.
O ritmo da Régua é
marcado pela
religiosidade das
suas tradições. Por
isso, se a visita à
Régua se fizer no
mês de Agosto,
sugere-se a
participação na
alegria colectiva
que marca a
celebração da festa
em honra de Nossa
Senhora do Socorro,
nos dias 14, 15 e
16.
A festa em honra de
Nossa Senhora do
Socorro é uma
herança cultural
antiga, momentos que
põem à prova o
carácter de um povo
e de uma Nação. Na
altura da Procissão
do Triunfo, a cidade
ganha vestes
iluminadas e os
crentes montam
altares de rua.
A vida quotidiana
tem deixado intocado
o carácter dos
reguenses, ficando
bem patente a sua
devoção para com a
Nossa Senhora do
Socorro.
As raízes desta
devoção mergulham no
rio Douro quando
neste navegavam os
barcos rabelos, que
eram baptizados com
nomes de frases
religiosas, em busca
de protecção divina
contra os vários
perigos com que se
confrontavam. Quando
eram lançados à água
prendiam à proa
flores de papel e à
popa um ramo de
oliveira com
azeitonas. Diziam
eles que era para
dar sorte. Debaixo
da ponte de comando
colocavam uma caixa
de esmolas, as
"Alminhas do Barco",
para depositarem as
promessas feitas em
momentos de aflição.
Quando a noite
descia, os
marinheiros,
ancorados nas
margens, rezavam o
terço e suplicavam
em côro: "Senhora do
Socorro... vieste
para a Régua para
pôres teus pés sobre
as águas do Douro;
Tua mão, agarrada à
espadela, guiando o
nosso rabelo". Este
é um exemplo da fé
do povo duriense.
Peso da Régua
http://www.minhaterra.com.pt
Concelho
relativamente
recente, criado em
1836, e actualmente
constituído por 12
freguesias, Peso da
Régua está situado
na margem direita do
Douro, rio que o
limita a sul, e
encravado entre os
concelhos de Santa
Marta de Penaguião,
Sabrosa e Mesão
Frio.
O concelho possui
alguns castros e
diversos templos e
construções de eras
remotas, além de
outros vestígios que
denotam a
antiguidade do
povoamento e
fundação de suas
terras. Em Poiares,
por exemplo,
situa-se o
“Castellum” da Fonte
do Milho, fortaleza
carregada de
reminiscências
romanas, as quais
também se encontram
em diversas
freguesias. O
próprio topónimo
Régua filia-se na
existência de uma
casa de campo romana
— Villa Regula —
soterrada algures
sob os alicerces da
cidade, ou no nome
que os funcionários
da administração
imperial davam a
esta passagem
estratégica do rio.
A toponímia
concelhia garante a
presença dos povos
germânicos e as
lendas atestam a
maior ou menor
ocupação mourisca.
No repovoamento
pós-reconquista foi
decisivo o papel
desempenhado pelas
ordens militares que
deixaram marcas em
Vilarinho dos
Freires, Moura Morta
e Poiares, entre
outras freguesias.
D. Teresa, D.
San-cho I e os
bispos do Porto
também aqui
exerceram a sua
influência. Mas a
personagem mais
marcante para este
concelho viria a ser
o Marquês de Pombal
com a instituição da
Companhia das Vinhas
do Alto Douro. A
vila do Peso cresceu
em população e
riqueza,
transferindo-se para
junto do rio, onde
se ergueram
múltiplas moradias
de mercadores,
vendeiros,
comissários e
agentes de
fiscalização do
tratamento e tráfico
dos vinhos
generosos. A Régua
converte-se num
verdadeiro
entreposto da
Companhia e a partir
dessa altura este
concelho passou a
ser uma terra
próspera,
desenvolvida
economicamente e em
crescimento
populacional.
Régua já não é a
pequena vila a que
se referia Ramalho
Ortigão, nas
“Farpas”. Alargou,
desde a confluência
do Corgo até ao
fundo do Salgueiral,
tudo ligadinho. A
cidade, sendo
antiga, não possui
muralhas nem torres
castelãs para
mostrar aos
turistas, mas possui
edifícios
importantíssimos, e
que merecem ser
visitados. Aqui
encontramos a Casa
do Douro, obra da
lavoura duriense, e
que é a sua sala de
visitas. É digno de
ser visitado também
o edifício que foi
sede da Companhia
Geral da Agricultura
dos Vinhos do Alto
Douro, fundada em
1756 com poderes
majestáticos, pelo
Marquês de Pombal.
Dignas também de
visita a igreja
matriz, onde se
encontra uma tela
fora do vulgar, e
que representa a
Ceia de Cristo, obra
do famoso pintor
Pedro Alexandrino; a
Câmara Municipal; o
quartel dos
Bombeiros
Voluntários e
monumento aos
aviadores Gago
Coutinho e Sacadura
Cabral e ainda o
cais fluvial.
Na Régua cidade e no
concelho existem
três vectores
turísticos
fundamentais: rio,
vinho e termas. Na
freguesia de
Fontelas existe a
afamada estância
termal das Caldas do
Moledo. Localizada
num frondoso parque,
composto por
ancestrais plátanos,
tudo aqui convida ao
descanso e ao relax,
apanágio duma cura
termal. Em todas as
freguesias há
quintas e mais
quintas, vinhedos e
mais vinhedos. É o
“país real” do Vinho
Fino que nasce e
cresce nessa cadeia
de montes de
socalcos com
videiras, onde a
pertinácia do homem
ergueu o mais belo
anfiteatro agrícola
de Portugal. O rio
proporciona a
prática dos
desportos náuticos,
outro dos atractivos
destas paragens.
Possuindo uma
excelente pista na
albufeira da
barragem e um grande
estuário na cidade,
a Régua tem algumas
provas incluídas nos
campeonatos
nacionais das
modalidades de remo,
vela e motonáutica.
Mas o rio que banha
e embeleza este
concelho tem outro
grande atractivo: o
deleite que provoca
a quem o contempla.
E para isso nada
melhor do que um dos
muitos miradouros em
que estas terras são
férteis. Escolha-se
o de S. Leonardo de
Galafura como fez
Miguel Torga e
tenha-se uma
panorâmica soberba,
única no mundo — ou
o Douro não fosse
uma das maravilhas
do dito. Quando se
lá chega já os olhos
vão rasos de Douro e
a alma extasiada com
tanta grandeza. Ali
a paisagem é
Natureza e Homem
misturados. Um dia,
o grande escritor
viu ali S. Leonardo
à sirga de um
rabelo, mas já antes
tinha anotado no seu
diário o sentimento
e a força que lhe
invadiu a alma com
aquele “Doiro
Sublimado”:
“Não é um panorama
que os olhos
contemplam: é um
excesso da Natureza.
Socalcos que são
passadas de homens
titânicos a subir as
encostas, volumes,
cores e modulações
que nenhum escultor,
pintor ou músico
podem traduzir,
horizontes dilatados
para além dos
limites plausíveis
da visão. Um
universo virginal,
como se tivesse
acabado de nascer, e
já eterno pela
harmonia, pelo
silêncio que nem o
rio se atreve a
quebrar, ora a
sumir-se furtivo por
detrás dos montes,
ora pasmado lá no
fundo a reflectir o
seu próprio
assombro. Um poema
ecológico. A beleza
absoluta”.
Ribeira de Pena –
(Concelho do
Distrito de Vila
Real)

Pertenceu à Terra de
Aguiar da Pena e
teve o seu primeiro
foral em 1331,
concedido por D.
Afonso lV em
Tentúgal (Figueira
da Foz – Coimbra).
D. Manuel l em 1517
concedeu-lhe foral
novo.
Origem do nome:
«Xavier Fernandes em
Topónimos e
Gentílicos (1944)»:
“Ribeira é o nome
comum, ribeira, que
vem do latim riparia
e que pode
significar «pequeno
rio ou ribeiro”, e
ainda “terras
marginais ou porções
de terreno banhadas
por uma corrente de
água, mais ou menos
abundante”.
Ribeira de Pena
http://www.cm-rpena.espigueiro.pt
O concelho de
Ribeira de Pena
proporciona ao
visitante múltiplas
leituras da sua
história, pela
exploração de um
percurso
civilizacional da
pré-história até aos
nossos dias.
Da Pré- História à
Romanização...
O povoamento inicial
era pouco
significativo, não
ultrapassando a
sedentarização de
pequenos grupos de
carácter familiar,
que se terão fixado
apenas com o
objectivo de
encontrarem
alimentos e abrigo.
O que sabiam estas
gentes, aplicaram-no
no lugar de Lamelas,
ao marcarem o
granito com figuras
geométricas e
símbolos
antropomórficos,
numa tradição que se
prolongou até a
idade do Ferro.
As terras férteis da
região, propícias ao
desenvolvimento da
agricultura e da
pastorícia,
favoreceram a
progressiva fixação
dos povos que por
aqui passaram,
permitindo um
conhecimento mais
alargado sobre o
povoamento de
Ribeira de Pena.
Posteriormente,
testemunhos da
presença romana,
espalhados um pouco
por todo o concelho,
evidenciam uma
organização do
território e das
suas estruturas
rurais, nomeadamente
através da
construção de
pontes, abertura de
vias e novos modos
de cultivar a terra.
Da Idade Média à
Idade
Contemporânea...
Ribeira de Pena,
povoação antiga e
anterior à fundação
da monarquia, só em
29 de Setembro de
1331 os seus
moradores receberam,
do rei Afonso IV, o
1° foral para ali
fazerem "pobra"
(povoamento).
Posteriormente, o
território designado
por "Terra de Pena"
foi domínio
senhorial de D. Nuno
Álvares Pereira, da
Casa de Bragança e
da Casa Azevedo até
1517, ano em que D.
Manuel I lhe
concedeu novo foral,
fazendo reverter
para a Coroa os
direitos de
jurisdição: rendas,
foros e pensões.
Em 1853, o concelho
de Cerva, antigo
município com foral
outorgado por D.
Manuel I em 1514,
foi extinto. Como
consequência, o
território
ribeirapenense foi
alargado, dele
passando a constar
seis freguesias:
Salvador, Sto.
Aleixo de
Além-Tâmega, Sta.
Marinha e Cerva,
Limões e Alvadia,
cuja sede se
localizava no lugar
de Venda Nova (Largo
do Pelourinho).
Em 1895, foi-lhe
anexado a freguesia
de Canedo, que
pertencera ao
concelho de Boticas,
ficando assim
constituído o
território com a
configuração que
actualmente mantém e
com sede na
freguesia de
Salvador.
Quando, hoje em dia,
se fala tanto e tão
frequentemente da
supremacia atractiva
do litoral em termos
de população, talvez
nos seja difícil
imaginar que, no
passado, o
território que hoje
é designado por
Trás-os-Montes não
só tinha condições
para atrair gentes,
mas ainda para aqui
fixar grandes
famílias de alta
estirpe. Esta é,
aliás, uma das
razões para a
existência de um tão
elevado número de
casas senhoriais em
Ribeira de Pena e a
sua ligação a nomes
tão sonantes da
nossa História como
Nuno Álvares Pereira
ou os Marqueses de
Marialva.
E esta é também uma
história tão
aliciante, que tem
vindo a atrair
jovens descendentes
destas velhas
famílias, no seu afã
de traçarem uma
árvore genealógica
tão completa quanto
possível e de
investirem os seus
esforços na
manutenção da casa
de seus avós.
De quando começou o
povoamento destas
terras, só sabemos
dizer com certa
segurança que desde
os tempos
pré-históricos os
homens acharam que o
território lhes
oferecia condições
de vida, pois desses
primeiros povoadores
encontramos inúmeros
legados, entre os
quais sobressai o
espaço conhecido por
Santuário Rupestre
de Lamelas, com
numerosíssimas
inscrições, que
foram estudadas e
divulgadas por
Manuel José Carvalho
Martins. Este
investigador foi
infatigável
estudioso deste
espaço, tendo mesmo
organizado o fruto
dos seus estudos
numa obra publicada
pela Camara
Municipal de Ribeira
de Pena, em 1981,
sob o título de
"Santuário Rupestre
de Lamelas".
Além disso, por todo
o concelho
encontramos restos
de monumentos
funerários
representados por
dólmens e mamoas,
como se mostra no
capítulo respectivo,
respeitante à
riqueza arqueológica
do Concelho.
Da passagem e estada
dos Romanos há
testemunhos também,
representados por
estradas, pontes e
utensílios que têm
sido encontrados
tantas vezes em
tarefas triviais da
faina agrícola, como
a lavrar ou a
arrotear a terra
para novas culturas.
É, contudo, a partir
da época da
Reconquista Cristã
aos Árabes que nos
vem notícia de
certeza mais
garantida da
existência de uma
grande área
designada por Pena.
Esta designação,
segundo uns, era
devida às numerosas
fragas e penedos e,
segundo outros, a um
castelo roqueiro que
existiria perto, na
que é a povoação de
Pontido, e que
actualmente faz
parte de Vila Pouca
de Aguiar. Estas
terras constituíam
um município cuja
sede se situaria na
povoação denominada
Concelho e que se
localiza na
freguesia, de
Salvador. Estes
municípios antigos
tinham certa
autonomia que lhes
era própria, mas com
o tempo, algumas
prerrogativas
foram-se perdendo, e
quando Afonso VI era
rei de Castela,
portanto ainda antes
de ter nascido
Portugal, este
monarca doou a D.
Guedo, o Velho, as
terras de Aguiar e
Pena, Basto e
Barroso, que,
evidentemente,
incluíam o
território de
Ribeira de Pena.
De D. Guedo e de seu
pai, Mem Gomes, se
diz, descenderam as
grandes famílias dos
Barrosos, Bastos e
Aguiares. Quando era
rei de Portugal D.
Afonso IV, os
moradores de Pena,
que era como então
se chamava a terra,
enviaram emissários
ao rei e pediram-lhe
que mandasse fundar
ali uma povoação ('proba'),
de modo a ter os
instrumentos legais
que lhes permitissem
defender-se e
"castigar os
desmandos de alguns
viajantes que
atravessavam as suas
terras e lhes
tomavam de seus
dinheiros, fazendas
e vitualhas, sem que
os moradores
tivessem os meios se
fazerem respeitar".
O rei Bravo da
Batalha do Salado, o
rei Cru que mandou
degolar Inês de
Castro, a "mísera e
mesquinha, que
depois de morta foi
rainha", achou por
bem mandar
investigar a
solicitação e de tal
tarefa incumbiu
Vasco Domingues, ao
tempo almoxarife de
Guimarães, e João de
Santarém, escrivão
real, que 'deviam ir
pessoalmente ao dito
lugar de Pena e
verificar se o dito
lugar era o mais
conveniente para
fundar-se uma
povoação e se isso
era, até serviço
para o rei', isto é,
se era vantajoso ou
não. Foram os dois
emissários cumprir a
sua missão e
comunicaram por
carta, que, idos ao
referido lugar,
ouviram os "homens
bons" da terra ou
seja, as pessoas
mais importantes, de
mais valia, as mais
respeitadas, e os
mesmos tinham
confirmado a
necessidade de
fundar uma povoação,
justificando-se com
o facto de, à volta,
não haver outra a
menos de 5 léguas,
(Vila Real), ou 8
léguas, como era o
caso de Guimarães,
ou de 10 léguas,
(Braga e
Montalegre).
Quanto à terra em
si, diziam que era
rica de pão e de
vinho "assim como de
muitas carnes", o
que significava que
existia muita caça.
Perante estas
afirmações
fidedignas, D.
Afonso IV aproveitou
uma sua estada em
Tentúgal(aquela
ridente terra do
concelho de
Montemor-o-Velho,
distrito de Coimbra,
famosa pelos seus
deliciosos pastéis)
e aí concedeu foral
a Pena. Assim, os
seus moradores
ficavam autorizados
a escolherem entre
si um juíz porque
ele, o rei, o
confirmaria no seu
cargo e lhe daria a
autoridade sobre a,
legislação que
achasse por bem
aplicar. Isto apesar
de os Juízes de Fora
começarem a ser
nomeados no reinado
de D. Afonso IV.
Mais determinou que
os moradores
ficariam dispensados
de pagar portagem ao
Senhorio do rei, ao
mesmo tempo que
confirmou os limites
do concelho, que
seriam os que tinham
sido dados. Para
evitar concorrências
que poderiam ser
impeditivas do
desenvolvimento da
nova povoação,
determinou que não
houvesse venda ou
retalho (regatia) a
uma légua de
distância, mas todos
poderiam vender das
suas produções,
usando como medidas
e foro os de
Guimarães.
Foi este foral dado
a 29 de Setembro de
1331 da era cristã
(era de César de
1369) e deu aos
moradores um prazo
(21 meses) para
fazer a povoação,
que deveria estar
pronta pelo S. João
(24 de Junho) de
1371, da mesma era
de César, por que
então se contava o
tempo - logo 1333 da
era de Cristo.
No tempo em que era
rei de Portugal D.
Fernando, o
representante da
nobre genealogia que
entroncava naquele
distante D. Guedo
era Vasco Gonçalves
Barroso, filho de
Gonçalves Barroso e
de D. Mécia
Rodrigues de
Vasconcelos e, sendo
já entrado em anos,
casou com D. Leonor
Alvim, que ficou
viúva, sem filhos.
Moravam D. Leonor e
seu idoso marido na
Quinta da Pedraça,
em terras de Basto.
Ora como não havia
descendente deste
casamento, metade
dos bens de D. Vasco
Barroso foram por
este legados ao
mosteiro de S.
Miguel de Refojos,
mas a outra metade
coube à viúva, que a
trouxe consigo
quando contraíu
segundas núpcias com
o jovem Nuno Álvares
Pereira.
Na altura do
casamento, o futuro
Condestável contava
apenas 16 anos, pois
tinha nascido a 24
de Junho de 1360 e o
enlace realizou-se
no dia de Nossa
Senhora da Assunção,
portanto a 15 de
Agosto de 1376 e,
como era costume da
época, o casamento
fora concertado
entre os pais dos
nubentes. Nuno
Álvares era então um
jovem idealista que
queria nortear a sua
vida pelas regras da
cavalaria e
dedicar-se a valores
mais altos - a
defesa de boas
causas e uma
castidade assumida.
Não o quis assim seu
pai que, com a
principal intenção
de retirar da Corte
onde pontificava
Leonor Teles, o
casou com aquela
herdeira rica e de
nobre linhagem, que
contava entre seus
avoengos a figura
preclara de Egas
Moniz. E o jovem
Nuno, pelo menos
durante três anos,
teria passado um
tempo de montarias e
cavalgadas,
preparando-se por
dentro e por fora
para vir a ser o
grande consolidador
da Independência de
Portugal, correndo
por estes mesmos
montes e vales, tão
nossos conhecidos.
É que pelo casamento
D. Nuno tomara-se um
dos senhores de
Basto e Barroso, o
que incluía os bens
e domínio senhorial
de Ribeira de Pena.
Naquela Quinta de
Pedraça nasceram
dois filhos varões
que morreram
praticamente à
nascença e uma
filha, D. Beatriz,
que iria fundar uma
poderosíssima
estirpe - a Casa de
Bragança. À medida
que a sua acção como
Condestável lhe
merecia mais terras
e mercês, mais D.
Nuno recuperava
aquele espírito de
pobreza voluntária,
pelo que é sabido
que entre os seus
homens dividiu
muitas das honras
que lhe foram
oferecidas. Assim é
o caso de Ribeira de
Pena, que durante
algum tempo deveu as
suas rendas ao vedor
Afonso Pires, pois
desta forma o
Condestável o quis
recompensar de seus
trabalhos e feitos
nas hostes do
senhor.
No entanto, quando,
em 1401, é
contratado o
casamento entre D.
Beatriz e D. Afonso,
filho bastardo de D.
João I, mas que o
rei legitimara antes
do ajuste do
casamento, aquela
doação cessou, pois
estas terras e
muitas outras, como
Aguiar, Pena,
Montalegre, Chaves,
com seus coutos e
honras, faziam parte
do dote da noiva.
Foi criado então um
novo título
nobiliárquico que
não era usado em
Portugal, o de
duque, e que tinha
vindo da pátria da
rainha-mãe, D.
Filipa de Lencastre,
ela mesma filha do
duque de Lencastre -
e o casal passou a
ser designado por
Duque e Duquesa de
Bragança. E
certamente que estes
noivos se sentiram
honrados por, da sua
lista de casamento,
constarem as Quintas
de Temporã e de
Canedo, assim como
vários casais de
Bustelo.
Por volta de meados
do século XV, todos
os direitos de
jurisdição, tanto
cível como criminal,
que eram
prerrogativa da
doação, aparecem,
certamente por
troca, na posse da
Casa Azevedo, de
Entre-Douro e Minho,
tendo permanecido na
sua posse até que,
logo nos princípios
do séc. XVI, o
representante da
Casa, Diogo Lopes de
Azevedo, faleceu sem
descendentes.
Como, logo em 1517,
a 16 de Maio, D.
Manuel concedeu novo
foral a Pena,
fazendo reverter
para a coroa as
rendas, foros e
pensões que até
então eram pagas ao
senhorio de Pena,
podemos dizer que
Diogo Lopes de
Azevedo foi o último
senhorio donatário
de Aguiar e Pena.
Enquanto houve
donatário, as
rendas, foros e
pensões eram pagas e
armazenadas em local
próprio, pois sendo
esses tributos
representados
maioritariamente em
géneros, havia
necessidade de
instalações
adequadas a essa
recolha. Em Ribeira
de Pena esta
situava-se muito
perto do seu centro
cultural, pois seria
no local onde
existiu a Quinta do
Paço.
Com D. Manuel I
assistimos a uma
reorganização
administrativa,
sendo então
promulgados muitos
Forais Novos, que
esclareciam,
definiam ou
modificavam dados
dos forais já muito
antigos. O foral
novo de Pena foi
concedido a 16 de
Maio de 1517 e fazia
reverter para o
Estado o sistema
tributário, numa
acção iniciada por
D. João II e
continuada pelo seu
cunhado e sucessor,
o Rei Venturoso, com
a finalidade de
reduzir o poder das
grandes casas nobres
e aumentar a força
do rei. Ao mesmo
tempo procurava
dar-se um novo
fôlego aos moradores
dos concelhos, que
os antigos senhorios
tinham sugado o mais
que podiam para
manterem o seu trem
de vida e as suas
guerras, quantas
vezes privadas.
O foral de D. Manuel
manda fazer a
justificação dos
tributos que cada um
deveria pagar, pois
o foral que estivera
na posse do falecido
D. Diogo Azevedo
tinha desaparecido
com a sua morte e
não havia outro
registo ou tombo por
onde se pudessem
organizar de novo.
Assim, a partir das
listas que se tinham
encontrado se fez
novo rol, em que
cada um confirmava
sob juramento o que
era costume pagar.
Este concelho agora
definido neste foral
era composto pelas
freguesias de
Salvador, Santa
Marinha e Santo
Aleixo de
Além-Tâmega, e a sua
sede localizava-se
no lugar da Venda
Nova.
Quanto à organização
concelhia, esta
assentava numa
câmara que era
eleita pelas
populações e as suas
causas eram
dirimidas pelos
corregedores de
Guimarães, mas
possuía dois juízes
de ordenação, um
juiz de órfãos com
escrivão privativo,
três escrivães de
serviço público,
judicial e de notas,
almotacém, meirinho,
contador,
distribuidor e
inquiridor, entre
outros oficiais como
era costume da
organização judicial
e administrativa de
então.
No tempo de D.
Sebastião, e após a
reforma do sistema
de ordenanças,
Ribeira de Pena
constituía em si
mesma uma
capitania-mor, com
três companhias de
ordenanças, que era
composta por um
capitão-mor, um
sargento-mor, um
capitão, um ajudante
e seis alferes.
Da importância
destes
capitães-mores basta
observar uma lista
que represente uma
recolha patrimonial
do concelho, para
verificar que quase
não há 1ugar onde
não exista ou tenha
existido 'A Casa do
Capitão' que tanto
pode ser solarenga
como grande casa de
lavoura. O primeiro
capitão-mor de que
há notícia foi
Francisco Pacheco de
Andrade, pertencente
a uma grande casa da
região, a casa do
Picanhol.
De facto, os
capitães-mores eram
escolhidos
localmente, entre as
suas figuras mais
gradas e
destinavam-se a
chefiar as
ordenanças ou grupos
que recebiam
instrução militar e
que deviam estar
sempre prontos a
intervir em caso de
necessidade.
Como era encargo de
importância, esteve
durante mais de dois
séculos a cargo dos
morgados da Casa de
Santa Marinha, uma
das mais ilustres
famílias de Ribeira
de Pena, da qual
saiu o primeiro
Barão de Ribeira de
Pena, Francisco
Xavier de Andrade e
Almeida Pacheco e
Sousa Leitão. Foi
este um denodado
defensor dos
interesses da sua
terra natal, sendo a
sua acção
especialmente
meritória como
grande obreiro do
Concelho, tal como
ele se apresenta
hoje.
De facto, quando o
Concelho de Cerva
foi extinto por
acção da
reorganização
administrativa, o
1.º Barão de Ribeira
de Pena utilizou
todas as
possibilidades e
conhecimentos para
que esse território
fosse anexado, na
sua totalidade, às
terras de Pena.
Mas voltemos à
história do
Concelho, que
durante séculos foi
seguindo o seu curso
normal, sem grandes
sobressaltos, quase
sem história,
afinal, o que é bom
sintoma, porque dos
povos, como dos
homens, se diz que
"dos felizes não
reza a história"...
Sabia-se, contudo,
que longe dos
favores da corte e a
viver quase
praticamente daquilo
que a terra dava, os
ribeirapenenses não
estavam
absolutamente
desprovidos dos
meios necessários à
obtenção de
instrução.
Segundo o
"Dicionário de
Portugal " de
Esteves Pereira,
durante o governo do
Marquês de Pombal
foram criadas duas
escolas primárias no
concelho - e
lembremos que então
só tinha três
freguesias -e as
cadeiras de Francês
e de Gramática
Latina. Aliás, basta
pensarmos nas
"escolas"
frequentadas por
Camilo Castelo
Branco em Vilarinho
da Samardã e em
Ribeira de Pena,
onde fez, afinal, os
estudos para os
preparatórios, que
eram mais ou menos
uma aptidão à
universidade, para
termos uma ideia
correcta da vontade
das nossas gentes em
não se deixar
dominar pelo peso
das serras que as
abraçam e protegem
mas que também podem
sufocar.
Em 1853, o
território do
Concelho foi
alargado com as
freguesias de Cerva,
Limões e Alvadia e
por decreto de 26 de
Outubro de 1895,
quando foi extinto o
Concelho de Boticas,
foram também
incorporadas as
freguesias de Canedo
e Fiães de Tâmega,
tendo esta última
regressado ao
anterior município
de Boticas quando o
mesmo foi restaurado
pelo decreto de 13
de Janeiro de 1899.
Ribeira da Pena
http://www.minhaterra.com.pt
O concelho de
Ribeira de Pena
pertence à área
geográfica designada
por Trás-os-Montes e
constitui uma das
zonas fronteiriças
ao Minho. Esta
situação-limite faz
de Ribeira de Pena
uma zona de
transição em que as
características não
se encontram ainda
perfeitamente
definidas,
simultaneamente
minhotas e
transmontanas.
Espartilhado entre
os concelhos
vizinhos, Ribeira de
Pena confronta ao
norte com o concelho
de Boticas, a este
com o concelho de
Vila Pouca de
Aguiar, a sul com
Vila Pouca de
Aguiar, com Vila
Real e com Mondim de
Basto, a oeste
essencialmente com
Cabeceiras de Basto.
A sua geografia é
profundamente
marcada pela
passagem, dentro do
seu território, do
rio Tâmega. Este
atravessa o concelho
a meio e juntamente
com os seus
subsidiários Beça,
Poio, Louredo, Ouro
e outras pequenas
ribeiras da sua
bacia hidrográfica,
define os vales
férteis e agrícolas
de maior densidade
de povoamento. Para
lá desta rede
hidrográfica ficam,
a norte, as zonas
montanhosas do
Barroso, a leste e a
sul as montanhas do
Alvão e contrafortes
do Marão.
O concelho de
Ribeira de Pena
aponta para a
existência de três
zonas distintas.
Apresenta uma zona
de vale
profundamente
marcada pelo Tâmega
e pela sua bacia
hidrográfica, a mais
povoada; a sul e a
SE, a zona de
montanha, marcada
pelo planalto do
Alvão e seus
contrafortes, menos
povoada; e a norte,
entra já pelo
Barroso sofrendo-lhe
as influências toda
a freguesia de
Canedo.
Ribeira de Pena
possui 7 freguesias:
Alvadia, Canedo,
Cerva, Limões,
Salvador, Santa
Marinha e Santo
Aleixo d’Além
Tâmega.
As gentes de Ribeira
de Pena são, desde
sempre, gentes
ligadas à
agricultura. E a
agricultura, é ainda
hoje uma actividade
de subsistência,
salvo algumas
excepções. Dedicado
a produtos para que
a terra tem especial
apetência, o
concelho produz
vinho (está
integrado na zona
demarcada do Vinho
Verde), azeite,
milho, centeio,
batata.
O seu subsolo é rico
em volfrâmio e
estanho, tendo a
actividade mineira
sido um dos
principais factores
de receita em época
relativamente
recente.
Nas últimas décadas
e mercê de uma forte
campanha de
florestação, o
concelho passou a
ser dos de maior
percentagem
florestal do País,
riqueza que é
significativa,
apesar dos numerosos
e devastadores
incêndios dos
últimos anos.
Mas a maior fonte de
receita para o
concelho, deve ser o
dinheiro transferido
pelos milhares de
ribeirapenenses que
estão no estrangeiro
e que canalizam
todas as suas
economias para
construírem na sua
terra as estruturas
indispensáveis ao
seu bem-estar
futuro.
Mais recentemente o
concelho de Ribeira
de Pena tem sabido
tirar partido das
suas riquezas
naturais, passando a
produzir energia
hidroeléctrica. Numa
intervenção conjunta
com os municípios do
Alto Tâmega,
projectou e levou a
efeito um
Empreendimento
Hidro-eléctrico no
Rio Alvadia que se
encontra a produzir
e se tornou,
rapidamente, na
principal fonte de
receita do
município. Em
Bragadas,
encontra-se já em
fase de construção
um segundo projecto.
Foram ainda
analisadas as
possibilidades de
aproveitamento de
energia eólica,
sendo detectado em
Ribeira de Pena as
condições mais
favoráveis do norte
do País. Esta nova
fonte de riqueza
poderá abrir novos
horizontes à
capacidade do
município de criar
condições de
desenvolvimento.
O concelho de
Ribeira de Pena, tal
como é hoje
constituído, só
existe a partir de
meados do século
passado. Antes de
1855, o concelho de
Ribeira de Pena
limitava-se às
freguesias de
Salvador, de Santa
Marinha e de Santo
Aleixo de
Além-Tâmega, tendo
como cabeça de
concelho a povoação
da Venda Nova. A
partir dessa data, e
perante a ameaça de
extinção, passou a
englobar o antigo
concelho de Cerva,
composto pelas
freguesias de
Alvadia, Cerva e
Limões. Já no
dealbar do século,
em 1895, foi-lhe
anexada a freguesia
de Canedo,
anteriormente
pertença de Boticas.
O povoamento da
região abrangida
pelo actual concelho
vem de tempos
pré-históricos como
o atestam numerosos
vestígios
arqueológicos. São
exemplo e testemunho
o “Santuário
Rupestre de Lamelas”
e numerosos castros
que coroam os cumes
de alguns montes do
concelho.
A terra de Pena,
como inicialmente
foi designada,
constituiu desde a
Reconquista Cristã
aos árabes um núcleo
municipal que teve
inicialmente a sua
sede, crê-se, na
povoação do
Concelho. D. Afonso
IV, rei de Castela,
fez doação entre
outras, da terra de
Pena a D.
Guêdo-o-Velho,
progenitor das
famílias dos
Barrosos, Bastos e
Aguiares. O seu
primeiro foral foi
concedido pelo rei
D. Afonso IV e
outorgado em
Tentúgal em 1331.
No século XV o
domínio da Terra de
Pena aparece na Casa
dos Azevedos,
senhores de S. João
de Rei. Em 1517, D.
Manuel I atribui
novo foral a Pena,
segundo a reforma
conhecida pelos
“Forais Novos”.
Depois da reforma
das ordenanças feita
por D. Sebastião,
ficou constituindo
este concelho numa
Capitania-Mor.
O antigo concelho de
Cerva, hoje
integrado em Ribeira
de Pena, foi domínio
de Afonso Sanches,
filho de D. Dinis,
no século XIV. No
século XV pertenceu
a Vasco Martins de
Sousa e, no século
XVII, a sua posse
era de D. António
Luís de Meneses,
Marquês de Marialva.
Teve foral concedido
por D. Manuel I em
1514.
Ainda de referir que
foram concedidos
forais por D. Sancho
I ao Casal de
Outeiro e por D.
Afonso III a Viela e
a Escarei, bem como
a Canedo, Seirós e
Penalonga.
Ribeira de Pena está
recheada de
pormenores de
inegável valor, até
hoje muito pouco
divulgados e,
infelizmente, alguns
já muito degradados.
Na sede da Vila, no
Salvador,
encontramos a Igreja
Matriz do Salvador,
construída no último
quartel do século
XVIII.
Hoje isolada e num
acentuado grau de
decadência deparamos
com a pequena Capela
de S. Pedro, capela
anexa à antiga
Igreja do Salvador
demolida quando da
construção da nova.
Esta capelinha
apresenta elementos
góticos e era cabeça
de um vínculo da
Casa do Bucheiro,
edificada no século
XVI e que possui, na
fachada sul,
elementos
manuelinos. Descendo
a caminho do Tâmega
encontramos a meia
encosta o Solar de
Santa Marinha,
edifício que
apresenta um cunho
característico dos
palácios do século
XVIII mas que
remonta ao século
XVI. A Igreja de
Santa Marinha possui
um rico altar em
talha dourada e tem
anexa a capela
vincular de S.
Francisco Xavier,
com altar em talha
do século XVII. Numa
das paredes da
igreja, encontra-se
uma ara votiva a
Júpiter, descoberta
por acaso quando das
obras de restauro.
Subindo a encosta
encontramos a Capela
de Nossa Senhora da
Guia, padroeira do
concelho, edifício
religioso do século
XVIII de grande
harmonia e com tecto
em granito. Este
edifício tem
conotações
camilianas pois foi
aqui que o
romancista fez
acabar o seu 6.º dos
“Doze Casamentos
Felizes”.
Retomando a descida
para o Tâmega
alcança-se a Venda
Nova, onde esteve
situada em tempos a
sede do concelho.
Aqui se pode
observar a Casa da
Temporã, com traça
do século XVIII, que
possui umas curiosas
sacadas em pedra. A
Capela da Granja
Velha surge adiante,
à direita da
estrada, e merece
ser visitada para se
contemplar o altar,
a pintura do tecto e
uma linda credência,
à entrada da
sacristia. No lugar
de Senra, entre
várias casas
senhoriais,
destaca-se a Casa de
Senra de Cima e a
sua capela anexa de
N.ª S.ª da Assunção.
Foi construída no
século XVIII por
artistas vindos da
Corte para um antigo
Capelão de D. João
V.
Em Santo Aleixo d’Além-Tâmega,
encontram-se belas
edificações como a
Casa da Aldeia, a
Casa da Fêcha,
construída no século
XVII e a Casa do
Fragão. Mas toda a
povoação é digna de
ser percorrida
atendendo à
qualidade
arquitectónica das
suas edificações e à
harmonia de todo o
conjunto. Em
Bragadas, pequeno
lugar da freguesia
de Santo Aleixo,
fica situada a Casa
do Barroso, edifício
digno de nota pelo
seu portal de
entrada, pelas
pedras de armas e
por uma bela varanda
interior em pedra.
Esta casa serviu a
Camilo para a ficção
do seu conto
“História de uma
Porta”, dada à luz
na colectânea
“Noites de Lamego”.
Na freguesia mais
afastada de Canedo
existe, na povoação
do mesmo nome, a
Capela dos Matos,
edifício com
características do
século XVIII
completamente
abandonado. A igreja
de Canedo, de feição
gótica faz um belo
conjunto com os
edifícios anexos que
terão albergado um
pequeno mosteiro
beneditino. Noutra
povoação, Penalonga,
existe um belo
conjunto de
espigueiros
alcandorados numa
elevação granítica
junto ao casario. A
freguesia de Canedo
termina no monte do
Lesenho, que
partilha com o
concelho de Boticas
e onde fica situado
um enorme castro.
Na Portela de Santa
Eulália, encontra-se
o santuário Rupestre
de Lamelas, uma das
pedras com maior
densidade de
desenhos insculpidos
na cultura
megalítica do
noroeste peninsular.
Na freguesia de
Alvadia são de
referir os ricos
conjuntos
arquitectónicos de
Lamas e de Alvadia,
constituídos por
muitas casas ainda
cobertas a colmo. Em
Favais, surge um
pormenor insólito,
uma bela pedra
frontal à capela do
lugar e na qual dois
anjos coroam uma
figura humana
tocando viola.
Descendo para Cerva,
há que referir o
castro do Mourão,
logo seguido, em
Cabriz, pelo castro
do Castelo. Em Alvie
existe uma bela
ponte medieval com
duas vertentes e
patamar. Já na vila
de Cerva são de
referir a Capela das
Almas, edifício
religioso do século
XVIII, o pelourinho
de Cerva, do século
XVII e símbolo da
antiga autoridade
municipal, a Capela
de S. Sebastião com
as suas colunas
torsas em granito e
a Igreja Paroquial
de S. Pedro que
ainda apresenta
pormenores românicos
na cachorrada
exterior. Na antiga
calçada que ligava
Cerva a Ribeira de
Pena fica uma outra
ponte medieval, a
ponte do Louredo,
com duas vertentes e
uma grande altura de
arco.
A povoação de
Limões, cabeça de
freguesia do mesmo
nome, é um conjunto
arquitectónico de
interesse público.
Embora sem essa
classificação, o
conjunto
arquitectónico de
Agunchos é também
digno de nota pela
qualidade e
quantidade dos
edifícios que o
compõem.
Por último, em
Asnela, destaca-se a
Casa da Costa com
duas alas
fronteiras, uma do
século XVII e outra
do XVIII.
A produção de
artesanato em
Ribeira de Pena
liga-se às
necessidades
imediatas da sua
população, comtempla
os artigos de
vestuário e os
utensílios
agrícolas, usando
maioritariamente a
matéria vegetal
(linho, madeira,
junco) com a
excepção da lã,
produzida nas
regiões montanhosas.
O conhecido escritor
do século XIX,
Camilo Castelo
Branco, está ainda
profundamente ligado
a este concelho. Na
sua infância,
residiu em Ribeira
de Pena. Aos 16 anos
terá vindo viver
para a povoação de
Friúme na qual vivia
uma filha da sua tia
tutora e onde também
terá contraído
matrimónio. Na sua
obra transporta a
lembrança
transmontana de
Ribeira de Pena.
Fê-lo pela
introdução dos
topónimos locais,
das casas e famílias
da Ribeira, pelas
figuras típicas.
Fê-lo transportando
para a ficção muitos
dos enredos de que
teve conhecimento
durante o curto
período de
permanência. Fê-lo
retratando a alma do
povo simples que
aqui conheceu entre
1840 e 1842.
Camilo foi
seguramente a figura
mais significativa
que escreveu sobre
Ribeira de Pena e é,
ainda hoje, um dos
seus melhores
divulgadores.
Sabrosa – (Concelho
do Distrito de Vila
Real)

Recebeu foral no
século Xll,
concedido pelos
magistrados de
Panóias, em nome de
D. Sancho l. Em 1196
este monarca, sua
mulher D. Dulce, e o
rico-homem D.
Rodrigo Mendes de
Sousa outorgaram-lhe
carta de foral.
Origem do nome:
«Xavier Fernandes em
Topónimos e
Gentílicos
(1944)»:”Sabrosa,
supõe-se derivado de
sabro e este do
latim sabulu -,
areia, que deu o
nome comum Sabro, no
português arcaico,
convertido depois em
saibro”.
Sabrosa
http://www.cm-sabrosa.pt/visita_concelho
A Região onde se
implanta o Concelho
de Sabrosa mostra
sinais evidentes de
ter sido habitada
desde tempos
remotos.
Há vestígios que
datam do Neolítico,
como sejam os
numerosos monumentos
funerários, antas ou
dólmenes, de tipo
mamoa.
A cultura Castreja
(Idade do Ferro)
está representada
por alguns Castros,
povoações
fortificadas no cume
dos montes,
defendidas por
fossos e linhas de
muralha.
Destes Castros, é
justo salientar o da
Sancha, próximo da
sede do Concelho,
que posteriormente
sofreu um processo
de romanização,
documentado pela
descoberta de moedas
e outro espólio
inegavelmente
romano.
Da época da
Romanização,
subsistem ainda
alguns restos de
estradas em vários
pontos do Concelho.
Finalmente, da Idade
Média, restam muitas
sepulturas
paleocristãs
escavadas na Rocha,
em diversos lugares.
A maioria das
povoações hoje
integradas no
Concelho remonta
também à Idade
Média, sendo mesmo
algumas delas
anteriores à
fundação da
nacionalidade, como
por exemplo
Provesende.
Os primeiros séculos
de existência dessas
povoações, contudo,
estão praticamente
indocumentados, para
além de algum foral
dado pelos reis
povoadores do início
da dinastia
Afonsina. Mas no
século XV é já
possível rastrear na
região uma classe
nobre, de
apreciáveis
privilégios e
valimento. Foi no
seio duma destas
famílias que nasceu
naquele século o
grande navegador
Fernão de Magalhães,
a quem se devem os
planos e execução
parcial da primeira
viagem de circum -
navegação do
planeta.
A existência e
poderio dessa classe
nobre são ainda hoje
recordados por
inúmeros solares e
casas brasonadas,
espalhadas um pouco
por todo o Concelho,
a começar pela casa
dos Pereiras, onde
terá nascido Fernão
de Magalhães. Outros
exemplos poderão
admirar-se em
Sabrosa, Provesende,
Celeirós, Vilarinho
de S. Romão, Gouvães,
Gouvinhas, Paradela,
Paços, S. Lourenço
de Ribapinhão,
Parada do Pinhão
etc.
Esta nobreza
reforçou o seu poder
e a sua influência
no século XVIII ( de
que datam a maioria
dos solares
referidos), em
virtude da
prosperidade
económica dessa
época, baseada na
produção do vinho e
estimulada pela
criação da Companhia
da Agricultura dos
Vinhos do Alto
Douro, e a primeira
região demarcada do
Mundo, em 1756, pelo
Marquês de Pombal.
Pois nas terras de
Sabrosa nasceu um
dos mais
conceituados vinhos
mundiais, o vinho do
Porto.
Em 2001 as paisagens
do Alto Douro
Vinhateiro, que
inclui a parte sul
do concelho de
Sabrosa, foram
elevadas pela UNESCO
a património mundial
da humanidade.
Sabrosa foi elevada
a freguesia em
1826.O Concelho foi
criado por Decreto
de 06 de Novembro de
1836, tendo sido
concedido em 12 de
Maio de 1837 o
Brasão d' Armas.
Sabrosa
http://www.minhaterra.com.pt
Constituído por
quinze freguesias, o
concelho de Sabrosa
situa-se no Alto
Douro, numa região
agrícola
privilegiada.
Abrangendo uma área
de 180 quilómetros
quadrados, é
delimitada pelos
concelhos de Vila
Pouca de Aguiar,
Murça, Alijó, Vila
Real e Peso da
Régua. O rio Douro
delimita-o a sul.
O povoamento desta
vasta região começou
bem cedo. Diversos
monumentos
funerários estão
espalhados um pouco
por todo o concelho,
especialmente antas
e mamoas. Da época
castreja, quase
todas as freguesias
registam na sua área
vestígios de
povoamento desse
período. Redutos
castrejos, de tipo
defensivo, que os
romanos ocuparam e
extinguiram,
obrigando essas
populações a descer
para as planícies
aluviais. O Castro
da Sancha deverá ser
o mais importante de
todos, devido ao
numeroso espólio que
foi encontrado nas
diversas escavações
levadas a cabo. Foi
também romanizado,
como se comprova
pelo achado de
moedas romanas e
outros objectos
desse período.
Inicialmente
integrado no julgado
medieval de Panóias,
Sabrosa acabou por
receber foral em
1196, por D. San-cho
I. Nesta época, não
era uma importante
circunscrição
administrativa,
antes pelo
contrário, não
passava de um dos
muitos pequenos
municípios da bacia
do rio Pinhão.
Elevada a sua actual
sede a freguesia,
apenas em 1826,
passou a concelho em
1836, depois de uma
reorganização
administrativa que
extinguiu mais de
quatrocentos
concelhos e criou
menos de cinquenta.
Quando a actual
Sabrosa foi criada,
o seu território
estava disperso por
três outros
concelhos: Vilar de
Maçada, Sabrosa e
Provesende.
Sabrosa foi sempre
uma terra de grandes
tradições
nobiliárquicas.
Hoje, como no
passado, amontoam-se
os vestígios de uma
classe nobre e
extremamente
privilegiada. É o
caso dos magníficos
solares brasonados
existentes em quase
todas as freguesias.
Na sede do concelho,
encontra-se a casa
da Pereira, onde
nasceu Fernão de
Magalhães, o célebre
descobridor que fez
a primeira viagem
mundial de
circum-navegação
marítima. A
prosperidade
económica desta
zona, ao longo de
toda a Idade
Moderna, baseava-se
na produção e
exploração de vinho,
fomentada pela
criação da Companhia
da Agricultura dos
Vinhos do Alto Douro
em 1756.
Além de Fernão de
Magalhães, uma outra
ilustríssima
personalidade
portuguesa nasceu em
Sabrosa. Miguel
Torga, escritor e
poeta recentemente
falecido, nasceu em
S. Martinho de
Antas. Um dos
maiores vultos
nacionais do século
XX, que caracterizou
como poucos a sua
terra-natal. Num
“Regresso” que impôs
a si próprio no fim
da sua vida:
“Regresso às fragas
onde me roubaram /
Ah! Minha terra,
minha dura infância
/ Como os rijos
carvalhos me
acenaram / Mal eu
sorri cansado na
distância / Cantava
cada fonte à sua
porta: / O Poeta
voltou! / Atrás ia
ficando a terra
morta / Dos versos
que o desterro
esfarelou / Depois o
céu abriu-se num
sorriso / E eu
deitei-me no colo
dos penedos / A
contar aventuras e
segredos / Aos
deuses do meu velho
paraíso”.
A localização
geográfica do
concelho permite que
o seu visitante
desfrute de
magníficas
paisagens.
Verdadeiros
miradouros naturais,
varandas debruçadas
sobre o Douro, fazem
as delícias de todos
aqueles que
propositadamente se
deslocam a Sabrosa
para conhecer uma
zona que ficou
famosa pelos seus
vinhos. O turismo
aposta forte nessa
realidade, passível
de concretizar os
anseios de uma
população que vê na
vinicultura e na
vitivinicultura
grande base do seu
sustento.
De resto, é Sabrosa
um concelho que
mantém intacta a sua
componente rural.
Uma grande
religiosidade, com
inúmeras festas e
romarias dedicadas
aos santos da
predilecção do povo.
Um artesanato que
ainda se vai
mantendo, com os
seus cesteiros
tanoeiros e
tamanqueiros. Uma
gastronomia
saborosa, marcada
pela típica bola de
carne, pelo cabrito
assado e pelo cozido
à portuguesa.
 |
 |
Em 1202, D. Sancho l
concede-lhe foral,
D. Afonso lll
renova-o e em 1519,
D. Manuel l
concede-lhe foral
novo. Em 1719,
Sebastião José de
Carvalho e Melo
(marquês de Pombal),
declara esta região
a mais antiga
demarcada e
regulamentada do
Mundo.
Origem do nome:
«Prof. José Leite de
Vasconcelos em
Boletim da Classe de
Letras da Academia
das Ciências de
Lisboa»:”Aguiam,
nome geográfico, de
aguião, nome de
vento, aquilo-onis,
em Santa Marta de
Penaguião, foi já
explicada por mim,
em 1884, na Revista
da Sociedade de
Instrução, do Porto,
lV. 31: Penaguião em
vez de pena de
Aguião latim
auilonem; todavia,
esta explicação não
é tão simples como
parece, pois no
século Xlll dizia-se
Pena Goiam,
Penagoiam e
Penaguiam )veja
Inquisitionis, págs
63 e 201, e notas),
e nesta época não
podia – am
corresponder a –
onem; por outro
lado, Viterbo,
Elucidário s. v.
cajam, cita Pena
Gedeam como do
século Xll”.
«Xavier Fernandes em
Topónimos e
Gentílicos (1944)»:
”Não obstante,
parece, porém, certo
que Penaguião é nome
céltico latino, em
que o primeiro
elemento componente,
é penn -, latinizado
em pinna e
aportuguesado em
pena, donde o
atribuir-se ao
vocábulo o
significado próprio
de “pedra do vento
norte”, sentido,
aliás, pouco
presumível, por
causa do acusativo
aquilonem”.
«Américo Costa em
Dicionário
Corográfico de
Portugal Continental
e Insular
(1948)»:”Refere a
tradição que as
terras deste
concelho foram
conquistadas aos
mouros, cerca do ano
1000, pelos irmãos
D. Tedo e D. Gusendo.
Quando os cristãos
se viram senhores
delas, teriam
hasteado o guião dos
referidos irmãos no
cimo de uma penha,
donde derivou – diz
a tradição – o nome
de Penaguião.
Este vetusto
concelho teve a sua
primitiva sede num
lugar denominado
Pousadoro, até que
se mudou para o de
Santa Marta,
freguesia de
Lobrigos (São
Miguel). Este lugar
tomou o nome do
referido concelho
para se diferençar
de outras povoações
de igual
denominação”.
Santa Marta de
Penaguião
http://www.cm-smpenaguiao.pt
Do passado mais
remoto a
romanização. A
antiguidade
histórica de Santa
Marta de Penaguião é
afirmada por
vestígios de Castros
nas freguesias de
Fontes, Lobrigos,
Cumieira, Louredo e
Medrões. Todas estas
freguesias existiam
já nos primórdios da
nacionalidade.
Alguma toponímia
pode levar-nos muito
mais longe no tempo,
aos primitivos povos
sedentários, ...,
não porém de forma
inequívoca.
O Concelho de Santa
Marta de Penaguião é
o prolongamento
temporal das Terras
de Penaguião,
espécie de diviso
administrativa que
na baixa idade média
(sécs. XI -XIV)
compreendia o
território existente
entre os rios Douro
e Corgo, a Serra do
Marão e as Terras de
Panóias (Vila Real).
Compreendia assim a
área actual do
concelho de Santa
Marta de Penaguião e
parte significativa
dos concelhos de
Peso da Régua e Vila
Real.
No reinado de D.
Afonso Henriques era
governador destas
terras D. Moço
Viegas, filho de D.
Egas Moniz.
D. Sancho I concede
foral a Santa Marta
em 1202;
(fac-similado do
documento existente
nos Arquivos
Nacionais da Torre
do Tombo, A.N.T.T.,
em Lisboa).
D. Manuel I vem em
15 de Dezembro de
1519 a conceder nova
Carta de Foral a
Penaguião;
(fac-similado do
documento igualmente
existente nos
A.N.T.T.)
Os forais,
documentos escritos
e por isso
inequívocos,
constituem
insubstituíveis
recursos para
interpretação do
passado. Neles eram
fixados direitos,
privilégios e
deveres dos
moradores. O período
de ouro, os séculos
XVII e XVIII, e a
crise que se lhe
seguiu.
De grandes
rendimentos nos
falam as construções
dos séculos XVII e
XVIIl, para além de
outra documentação
que no-lo certifica;
boas casas, solares
e igrejas,
património
arquitectónico que
hoje podemos admirar
neste concelho.
Com a valorização
dos vinhos
exportados, o
cultivo da vinha foi
incrementado, os
vinhedos passaram a
cobrir todas as
encostas, e mais que
houvesse, e os
rendimentos subiram
em flecha.
A euforia trouxe o
oportunismo, as
misturas com vinhos
de fora da região, e
a crise tem lugar
com o desinteresse
causado pela redução
da qualidade.
A 10 de Setembro de
1756 é ... criada a
Companhia Geral de
Agricultura das
Vinhas do Alto
Douro, no reinado de
D. José, por grande
influência de um
filho de Santa
Marta, Frei João de
Mansilha, junto do
Marques de Pombal.
Com a Companhia
Geral surge um "nom
d ' appelation" para
esta área produtora
de "Vinho do Porto",
antes que outra
Denominação de
Origem surgisse na
Europa.
Santa Marta de
Penaguião foi
pioneira. E a
disciplina começou a
imperar na Região
Demarcada do Douro.
A extinção e a
Restauração do
concelho de Santa
Marta de Penaguião.
No século XIX foram
várias as reformas
administrativas. Em
cada uma delas houve
extinção e criação
de concelhos.
Lenda de Santa Marta
de Penaguião
http://www.cm-smpenaguiao.pt
Uma lenda é sempre
uma lenda. Umas
vezes, com algum
fundamento
histórico, outras
vezes, nem por isso.
Sobretudo, as que
pretendem explicar a
origem de certos
topónimos, ou
localidades, eivadas
de graciosa
ingenuidade popular.
E, por isso,
curiosas, como a tão
divulgada lenda de
Santa Marta, e que
pretende fundamentar
a nascença da
localidade do mesmo
nome. É assim:
Certo e desconhecido
cavaleiro francês,
um tal conde de
Guillon que andou
por estas terras,
mandou queimar a
capela de Santa
Marta. Consumado o
acto sacrílego, a
santa apareceu-lhe
ditando o castigo:
que plantasse uma
vinha, e cuidasse
dela. Arrependido e
humilhado, nem quis
ver a aparição e,
curvado, tapou os
olhos com as mãos.
Mas, ao
descobri-los, tinha
a seus pés um corvo,
ave profética e
sagrada, de acordo
com crenças antigas,
símbolo do mau
agoiro que pressente
a morte com o seu
grasnar.
O contrito conde
cumpriu a dura
penitência, e ficou
cheio de alegria na
hora da vindima, ele
que nunca tinha
produzido nada na
vida. E lembrou-se
de oferecer à santa
as uvas, fruto do
seu suor. Em vez de
um corvo,
apareceram-lhe
pombas brancas e um
cordeiro, símbolos
da pureza e da
reconciliação.
Estava perdoado. E,
desde então, a
localidade começou a
ter o nome: Santa
Marta de Pena
Guillon. Que,
segundo a tradução
(e tradição) popular
quer dizer "Santa
Marta de Pena
(castigo) Guillon"
(traduzido para
Guião).
Marta, Maria
Madalena e Lázaro
(todos irmãos) são
conhecidas
personagens
bíblicas. Marta, o
símbolo do trabalho
e, talvez por isso,
a protectora
escolhida da Região
Vinhateira do Douro;
Maria, o símbolo do
descanso. Os
Evangelhos falam-nos
dessa figura
singular e
cativante, da Marta
que recebeu Jesus em
sua casa.
O seu dia litúrgico
celebra-se a 29 de
Julho, e na
representação
iconográfica
aparece-nos como
diligente dona de
casa (também é
padroeira das donas
de casa) e com os
seguintes atributos:
uma vassoura, e
noutros casos, uma
concha de sopa, ou
um molho de chaves
na mão.
Santa Marta
tornou-se
hagiotopónimo (ou
topónimo com o nome
da santa) ligado a
uma devoção muito
antiga (pré-nacional),
e divulgada na Idade
Média (ou Cristã).
Já antes da
Nacionalidade o
culto era dos mais
antigos na
Península, sobretudo
no norte que viria a
ser de Portugal.
Protectora (como se
disse) da Região
Demarcada do Douro,
o papel de ofício
utilizado pelo
provedor e deputados
da Junta da
Administração da
Companhia-Geral da
Agricultura das
Vinhas do Alto Douro
(criada por Pombal,
e instituída por
alvará régio de 10
de Setembro de 1756)
utilizava o Selo ou,
como se diria hoje,
o logotipo da
Instituição com a
efígie da Santa e,
no fundo, uma
videira com a
seguinte inscrição
latina:Providentia
Regitur. Isto é, a
Divina Providência
governa (ou rege)
tudo.
Santa Marta
encontra-se
reproduzida em belo
vitral (edifício da
Casa do Douro, na
Régua) do Pintor
António Uno.
Penaguião também
adaptou o seu nome
por que é conhecido
o Concelho: Santa
Marta de Penaguião,
erigindo-lhe capela
que deu o nome ao
lugar. Curiosamente,
Santa Marta, vila da
freguesia (sede) de
Lobrigos, tem outro
padroeiro:
S. Miguel-o-Anjo.
Mas Marta ficou
sempre na boca (e no
coração) do povo
crente e diligente
de Penaguião.
Santa Marta de
Penaguião
http://www.minhaterra.com.pt
Localizado na parte
sul do distrito de
Vila Real, o
concelho de Santa
Marta de Penaguião
ocupa uma área de
cerca de sete mil
hectares. A sua
ocupação é anterior
à época romana, como
o atesta alguns
castros
originalmente
lusitanos e
abundante espólio
encontrado nesses
locais.
Quando se deu a
fundação de
Portugal, em meados
do século XII,
algumas das actuais
freguesias do
concelho já estavam
constituídas:
Fontes, Lobrigos,
Cumieira, Louredo e
Medrões. Nessa
altura, as terras de
Penaguião, nome que
a lenda atribui ao
nobre francês
Guillon,
compreendiam o
território existente
entre o rio Douro e
Corgo, a serra do
Marão e as terras de
Panóias (Vila Real).
Algumas destas
freguesias, como as
de Peso da Régua e
as de Vila Real,
iriam passar no
século XIX para
outros concelhos.
Recebeu foral em
1202, por D. Sancho
I, em 1256 e 1519.
Apesar dos
documentos que
regularam a sua
actividade municipal
ao longo dos
séculos, foi a
criação da Região
Demarcada do Douro,
em 1756, que mais
contribuiu para o
desenvolvimento das
terras do concelho.
Este representa mais
de metade da área
ocupada por essa
região demarcada.
Um concelho
belíssimo, de norte
a sul e oriente a
ocidente. Sant’Anna
Dionísio
compreendeu-o bem e
caracterizou estas
terras da seguinte
forma: “Sobe-se
então para a concha
vinhateira,
excepcionalmente
rica, de Santa Marta
de Penaguião. Para
qualquer lado que
nos voltemos, é a
vinha. Sobre esta
concentram-se todos
os cuidados.
Salpicando a verdura
dos vinhedos,
manchas brancas de
casais, armazéns,
vivendas solarengas.
A uns cem metros dos
paços do concelho,
existe uma estrada
camarária,
relativamente breve
(uns 8 quilómetros)
que nos proporciona
uma encantadora
digressão. Sempre em
ascensão, embora
suave, atravessando
belos vinhedos que
rodeiam as povoações
de Sanhoane e de
Medrões, atingimos a
povoação de Fontes
(1600 habitantes a
cerca de 600 metros
de altitude), donde
é oriunda a família
dos editores Lellos,
do Porto. Os
panoramas que desta
última povoação se
desfrutam são
particularmente
impressivos, uns
pela extraordinária
imponência da serra
do Marão que fica
próxima, outros pela
beleza de uma
sucessão sem fim de
promontórios e
declives, cobertos
de vinhedos que o
homem desveladamente
trata, como se fosse
um recital imenso.
A paisagem é um
encanto desde
Penaguião até ao
Alto dos Lobrigos.
Mas quando se
descobre, de
repente, ao fundo, o
rio Douro, não é só
encanto: é
deslumbramento. Em
vastidão, harmonia e
solene grandeza, tão
rica de intimidade,
será difícil achar
paisagem que a
irmane. Só para ver
este trecho do vale
do Douro valia a
pena suportar cem
(ou mil) milhas de
monotonia. (...)
Por um lado ou pelo
outro — pelo vale do
Corgo ou pela concha
enorme e verdejante
de Santa Marta de
Penaguião -o
viajante que desce
dos cimos de
Trás-os-Montes para
o coração do Douro,
não poderá deixar de
sentir que se
encontra perante um
dos mais belos
panoramas do Velho
Mundo”.
Convite feito para
uma visita ao
concelho, apontem-se
outros aspectos de
grande importância
para uma visita às
suas dez povoações.
É uma terra marcada
pela prática da
agricultura (em
especial a
viticultura),
integrada na Região
Demarcada do Douro.
Aqui se encontram as
Caves Santa Marta,
que se constituem na
maior adega
cooperativa do Douro
e à qual estão
associados cerca de
70% dos viticultores
do concelho. A
componente rural de
Penaguião, e a
consequente
tipicidade que a sua
população mantém,
atinge o seu apogeu
com a gastronomia —
destaque para o
saboroso cabrito
assado, o cozido à
portuguesa ou a
açorda de Medrões —
e o artesanato (como
a cestaria e a
tanoaria, ainda
ligados ao fabrico
do vinho do Douro).
Valpaços – (Concelho
do Distrito de Vila
Real)
Origem do nome:
«Xavier Fernandes em
Topónimos e
Gentílicos
(1944)»:”A antiga
povoação situada a
umas três léguas de
Vila real, nunca
teve qualquer foral
e chamava-se
simplesmente Paços;
só em 1861, quando
recebeu a categoria
de vila, alterou o
nome, passando a
chamar-se Valpaços,
o que mostra que a
designação é um dos
muitos compostos
toponímicos de Val
€, e como Valbom,
Valcovo, Valmor,
Valperaíso, Valverde
e tantos outros.
Paços, sabe-se bem o
que é: o mesmo nome
comum, plural de
paço, do arcaico
paaço, do latim
palatiu…
Dizia Pinho Leal da
sede do concelho: “A
vila está situada em
pequeno vale, na
encosta de uma serra
pouco elevada, e,
quando eu ali estive
em 1847, ainda mal
merecia o nome de
vila; mas desde
então, tem
progredido muito, e
está hoje uma bonita
povoação”.
Todavia, não é certo
o que o dito autor
diz sobre o nome,
isto é, quele, até
1861, fosse apenas
Paços (erradamente
Passos), porque já
no século Xlll se lê
Vale de Paço”.
Valpaços
http://www.cm-valpacos.pt/
Valpaços, por razões
sólidas,
estruturais,
específicas,
ascendeu à
cidadania.
No entanto, Valpaços
merece muito mais e
melhor. Valpaços não
tem pergaminhos, mas
história tem, e até
com raízes nos
primórdios da
"nacionalidade".
Esta convicção
baseia-se na
estrutura lexical do
próprio topónimo que
é formado por duas
palavras que, mais
tarde, se uniram
numa só -"Vale e
Paço"-. Até ao
século XVII se dizia
e escrevia "Vale de
Paços". Aliás,
Valpaços assenta, de
facto, num vale
bonito e muito
fértil. Quanto ao
"Paço", Santa Rosa
Viterbo, estudioso e
esquadrinhador de
toponímias antigas,
dá-nos uma boa
ajuda. No seu
célebre Elucidário
diz-nos que em
tempos recuados
empregava-se a
palavra Paço para
designar "Casa onde
se administrava
Justiça" e se
pagavam "multas e
coimas" dos
contraventores das
disposições
folarengas.
Designava, ainda,
"Casa Senhorial" de
algum fidalgo ou
vassalo nobre e
honrado. No entanto,
foi muito mais tarde
que a palavra foi
usada para designar
"Palácio do Rei ou
do Bispo" e, mais
tarde, aplicada a
concelho "Paços
Municipais", entre
outros. O mais grave
aconteceu há cerca
de um século quando,
canhestros
escrivinhadores
começaram a grafar
Valpaços com dois "ss"
para recordar os
santos passos na
subida para o
Gólgota?... Os
passos perdidos do
Parlamento?... Os
passos que por aqui
davam os
caminhantes?...A
verdade é que não
fazia sentido, não
tinha qualquer razão
de ser e, por isso,
se voltou à forma
antiga, com a perda
da preposição "de" e
o plural de "Paços",
fixando-se,
morfologicamente,
numa só palavra -
Valpaços -.
Ao nome do acidente
geográfico,
juntou-se outro de
certo modo
aristocrático
"Paços". Seria
naqueles remotos
tempos tão só uma
"mansão senhorial",
"solar com torre" ou
"casa grande". Certo
é que, em 1751, o
Padre Cardoso no seu
dicionário
geográfico, e
Oliveira Mascarenhas
no seu Portugal e
Possessões, não têm
qualquer dúvida em
afirmar que,
Valpaços, segundo
documentos
arquivados na "Torre
do Tombo", já
existia no tempo de
D. Sancho I, que lhe
deu foral. Todavia,
não nos parece certo
nem verosímil.
Acreditamos, porém,
que teria sido
concedida "Carta
Foreira", com
imposição de
reguengo e pagamento
anual de determinado
fôro. Os reguengos
eram terras de
valores fixos que os
Reis conservavam
para si,
constituindo um
imenso fundo
dominial, do qual
saiam parcelas,
cedidas a Organismos
Religiosos, Igrejas,
Ordens, Conventos.
Outras vezes à Alta
Nobreza e até a
Povoações e Pessoas,
muitas das vezes,
graciosamente, por
recompensa de
serviços prestados
ou contra o
pagamento de uma
renda.
Foi no início do
século XV, por
ocasião do casamento
do Infante D.
Afonso, bastardo de
D. João I, com D.
Brites Pereira,
única filha do
"Condestável" que,
as doações e arras
aos nubentes, foram
de tal magnitude que
se deu a formação da
opolenta Casa de
Bragança.
Com a dinastia
inaugurada em 1640,
por D. João IV,
Duque de Bragança,
fundiram-se os dois
enormes patrimónios
em um conglomerado
económico-social,
passando todos os
reguengos para o Rei
ou para a Coroa. A
demolição deste
imenso fundo
dominial começou a
operar-se a partir
de 1820, ao longo de
diversas etapas, até
à sua total
extinção, obviamente
com o advento da
República em 1910.
Assim, que Valpaços
foi reguengo e
deveras importante,
não resta a mais
pequena dúvida. Já o
Dr. Francisco
Pereira de Aial na
"Notícia a respeito
de Valpaços",
escrita em Março de
1758, dizia que a
freguesia de
Valpaços tinha um
privilégio de
"El-Rei" pelo que
paga a "casa de
Bragança, muito
célebre, porque não
conhece ao dito
senhor Rei, senão
com sisa e décima,
do mais de tudo está
isenta", coisa muito
rara, portanto a
muito poucos
concedida.
Tal benesse,
articula-se com os
privilégios
expressamente
confirmados pela
Rainha D. Maria I,
em 1796 em Carta
que,
especificamente,
fixa esses
singulares
privilégios, que
fariam inveja a
tantos e tantos
outros reguengueiros.
De grande valia e
merecimento são
aqueles privilégios
que aos moradores de
Valpaços foram
concedidos e também
confirmados pelos
Reis e
Administradores da
Casa de Bragança,
predecedores da
Rainha, que
textualmente afirma
"Hei por bem fazer
mercê aos moradores
de Valpaços, de
confirmar-lhes os
seus privilégios na
forma que o foram
pelos meus
predecedores, de
serem escusos e
privilegiados
enquanto eu o houver
por bem e não mandar
o contrário, de
todos os encargos de
concelho; nem serão
constrangidos a
pagar fintas,
talhas, fontes,
pontes caminhos,
estradas, salvo nas
suas testadas e
casas de morada, nem
irão com presos, nem
com dinheiros, nem
serão tutores nem
euradores de nenhuma
pessoa; nem irão a
montarias nem outros
ajuntamentos fora
dos lugares onde
vivem, nem pousarão
com eles, nem lhes
tomarão suas casas
de morada, adegas,
nem estrebarias para
neles pousarem; nem
outrossim lhes
tomarão, pão, vinho,
roupas, galinhas,
gado, bois, camas,
nem outra alguma
cosa contra sua
vontade, porque de
todas elas quero e
me praz que os
moradores do dito
lugar, sejam isentos
e privilegiados,
contanto que entre
si elejam juizes,
quadrilheiros e
jurados, que hajam
de servir no dito
lugar. Porém não
deixarão de pagar
talhas, nem jugadas
nem qualquer outro
direito que deverem
à minha fazenda,
porque para isso os
não hei por escudos,
nem privilegiados;
nem deixarão de ir a
procissões solenes e
sendo caso que eu, o
dito príncipe D.
João, vá a dita Vila
de Chaves, e as
referidas causas
forem necessárias
para o meu ou seu
serviço, em tal caso
os não exceptuo de
concorrerem com
elas".
Os privilégios foram
concedidos por D.
João IV aos
moradores de
Valpaços para os
recompensar da sua
fidelidade à
Restauração,
pugnando
denodadamente pela
Independência de
Portugal, não
tomando voz por
Espanha como alguns
fizeram com
aleivosia e traição.
Que honroso
pergaminho para
Valpaços...
Mas as raízes de
Valpaços podem,
ainda, buscar-se
mais longe. Nas
célebres inquirições
ordenadas por D.
Afonso III, foram
abrangidas terras
foreiras, ou melhor,
reguengos de Veiga
do Lila e de S.
Pedro de Veiga do
Lila e aí se refere
"que sunt querem
domine regis".
Existe, assim, uma
fortíssima presunção
de que também tenham
sido abrangidas as
terras reguengas de
Valpaços. Primeiro
porque a Rainha D.
Maria I, ao
confirmar os
privilégios citados,
refere que já vinham
concedidos e
confirmados pelos
Reis, seus
predecessores.
Segundo, porque eram
bem mais apetecíveis
para a Coroa as
terras e bens
reguengos de
Valpaços, do que
aqueles do vale do
Lila e terceiro,
porque J. Castro
Lopo, ouviu da boca
do sábio arqueólogo
e etnológo, Dr.
Leite de Vasconcelos
que havia lido nas
memórias do notável
pesquisador D.
Jerónimo Contador de
Argote.
Assim, pode-se
concluir que
Valpaços não era a
mísera e mesquinha
pobra ou lugarejo
que alguns julgam
que tenha sido. A
fertilidade da terra
e o hercúleo esforço
do homem, mereceu a
inteligente atenção
do notabilíssimo
Estadista Passos
Manuel.
Num rasgo de
excelente visão
político-administrativa
criou, há 164 anos,
o concelho de
Valpaços. A
motivação não foi
apenas a comodidade
dos povos, mas
também o
convencimento de que
o território e
população mereciam
essa ascensão,
confiando
inteiramente no seu
futuro
A criação do
concelho teve um
significado decisivo
para a vida e
progresso de
Valpaços. Começou a
pensar-se que a
Justiça era um bem
inalienável para a
defesa, segurança,
vida, honra e
fazenda da
população. Por isso,
não tardou a
instauração da
Comarca, em 1853.
Alguma coisa, porém,
faltava para
nobilitar Valpaços.
Oito anos depois,
Valpaços é elevada à
categoria de Vila,
em Abril de 1861. Na
carta de Mercê,
elogia-se
rasgadamente a
povoação dizendo que
"ela possui os
requisitos
necessários para
poder gozar da
consideração de
Vila, assim pela sua
população e riqueza,
como pelo grande
merecimento que ali
tem tido várias
obras de utilidade
pública sob a
inteligente direcção
e eficaz impulso da
respectiva
municipalidade".
Expostas estas
considerações,
existem os motivos
etimológicos do
onomástico
geográfico.
Como já foi
referido, é certo
que, outrora, nesses
tempos cavaleirescos
da Idade Média,
existiu neste vale
aprazível e
fertilíssimo, alguma
torre ou castelo
senhorial e foi
desta casa forte ou
solar que veio parte
do nome
aristocrático de
VALPAÇOS. Aqui
apareceram e têm
aparecido pedras
lavradas, silhares,
dintéis, fustes e
outros vestígios de
velhas construções
urbanas.
Seja porém o que
for, do que não
resta qualquer
dúvida é que
Valpaços é uma
povoação cuja origem
se perde na noite
dos tempos. Deste
facto, testemunham
os toponímicos com
que são designados
alguns sítios do seu
vasto termo,
nomeadamente, entre
outros, "Mempaz,
Penascais, Bufão,
Bilhão, Sanheiras,
Guitarro".
Em Valpaços e nos
arredores existe,
assim, um vasto
património
Antropológico,
designadamente
monumentos
pré-históricos,
castros em várias
localidades do
concelho de origem
pré-celta, de acordo
com opiniões
autorizadas.
Por pura e merecida
justiça, a cidade de
Valpaços acaba de
nascer e existem
fortes razões,
sólidas,
estruturais,
específicas para que
possa ascender à
cidadania.
Com a elevação de
Valpaços a cidade é
natural que apareça,
agora, a
possibilidade de
obtenção de alguma
riqueza, e daí
alguma opulência, a
educação requintada,
o progresso
intelectual, o
desenvolvimento das
artes e das
ciências, o conforto
e próprio lazer.
Valpaços
http://www.minhaterra.com.pt
Constituído por
trinta e uma
freguesias, o
concelho de Valpaços
distribui-se numa
área que ultrapassa
os quinhentos
quilómetros
quadrados.
A toponímia
demonstra-nos que o
povoamento deste
território começou
ainda em tempos
pré-históricos. A
região era defendida
por uma série de
castelos de origem
castreja, que mais
tarde seriam
romanizados. Grande
parte das freguesias
do actual concelho
conheceram este tipo
de povoamento.
A configuração do
actual concelho
deve-se ao
desmembramento de
três concelhos,
Carrazedo de
Montenegro (a sul),
Monforte do Rio
Livre (a norte) e
Chaves (ao centro).
Os dois primeiros
seriam extintos no
século XIX, enquanto
que Chaves sofreria
no mesmo período
algumas
transformações.
Com a Reconquista
Cristã, ultrapassada
que fora a invasão
mourisca, foi
necessário
incrementar o
povoamento desta
região. Assim
surgiram os
primeiros forais,
que mais não eram do
que cartas de
privilégios aos
eventuais moradores.
Monforte do Rio
Livre recebeu-o em
1273 por D. Afonso
III e Carrazedo de
Montenegro em 1301
(D. Dinis). Mas com
o decorrer dos
séculos estes
concelhos foram
perdendo importância
e um outro ganhou
uma crescente
autonomia, o de Vale
de Paços - assim se
escrevia na Idade
Média. Inicialmente
maior do que
actualmente, perdeu
algumas das suas
freguesias iniciais
em 1853, outras em
1855 e as últimas em
1895.
O conhecido político
Montalvão Machado,
em “Pinceladas
Transmonta-nas”,
descrevia esta
bonita região: “Vale
a pena visitar
Valpaços. Tem muita
originalidade
provinciana - rude e
são transmontanismo!
A cerca de meio do
caminho, entre
Chaves e Mirandela,
fica a linda vila
enterrada nas suas
matas de olivais e
vinhedos,
conservando lá no
alto do monte dos
Poçacos, como alegre
sentinela de
absoluta confiança,
a capelinha da
milagrosa Nossa
Senhora da Saúde, a
comandar e bem
defender o seu
tradicionalismo
ferrenho, - na
linguagem, religião
e política, costumes
e hábitos.
Estaremos habituados
a deitar azeite na
lampada e vinho nas
gargantas sequiosas;
pois aqui há vinho,
Poçacos e Santa
Valha, que dizem
alumia na torcida da
candeia, dá chispa e
azeite grosso,
depois de uns bons
pitéus, lhes corre
sensualmente pelo
queixinho abaixo.
(...) A sala de
visitas é assim
frequentes vezes na
adega, grande ou
pequena, como cada
um a tem; ali se
recebem as pessoas
que são amigas de
verdade, amigas do
peito - e cerrada a
porta, puxam-se
mochos e cepos, e
para o centro da
roda vai um caixote
de pinho, coberto
com alva toalha de
linho grosso, tecido
nos teares caseiros
de Sá e Nozelos”.
Neste pequeno
excerto, podem
encontrar-se as mais
importantes
características
deste concelho de
Valpaços. A beleza
das paisagens, a
hospitalidade das
gentes, a qualidade
da gastronomia, a
importância da
agricultura. Tudo é
acolhedor nesta
região. Tudo merece
uma cuidada visita.
Vila Pouca de Aguiar
– (Concelho do
Distrito de Vila
Real)
Origem do nome:
«Xavier Fernandes em
Topónimos e
Gentílicos
(1944)»:”Conta-se
que noutros tempos
os naturais da
terra, por
interpretarem
erradamente o
sentido do título de
Pouca, preferiram
chamar-lhe Vila de
Aguiar da Pena ou da
Penha ou ainda
simplesmente Vila de
Aguiar. Supunham que
Pouca era um
conhecido adjectivo
português, não lhe
agradando este
designativo, mas
Pouca parece
resultado da
Transformação de
Cauca, através de
Couca, e Couca foi o
nome de uma cidade
do tempo dos romanos
localizada
juntamente onde está
Vila Pouca de
Aguiar, sabendo-se
até que foi a terra
natal do imperador
Teodósio, o
“Grande”, que reinou
nas alturas de cerca
de quatro séculos
antes de Cristo.
Também o grande
Dicionário
Latino-Português, do
padre Basto Pereira
(1ª edição, 1634)
regista textualmente
Cauca.ae, uo Vila
Pouca de Aguiar, em
Castela. Enfim, Vila
Cauca deu Vila Couca,
que o povo foi
corrompendo passando
a chamar-lhe Vila
Pouca.
Sobre Aguiar, ver o
que se disse do
topónimo Aguiar da
Beira, vila
concelhia do
distrito da Guarda …
Diz Leite de
Vasconcelos em
anotação filológica:
“A palavra Aguiar
significa, de
origem, como creio
que já expliquei
algures, local por
onde andam águias. A
esta palavra
corresponde Aguilar
em espanhol. Ambas
do tema de aquila.
Creio também já
algures expliquei
Vila Pouca por
quinta pequena; (…)
pouca é o adjectivo
latino pauca, que
tomou com o tempo
aquele sentido (Cf.
Pauc, em provençal,
“pequeno”, e, ainda
que o autor o não
diga, a inexistência
de Vila Pouca entre
nós pode dizer-se,
antes do século Xlll,
talvez se deva a
importação do
provençal, na
designação de
“villa” desta época,
século Xl – XlV, ou,
melhor, Xll – Xlll).
Diz o padre Carvalho
que o nome da “vila
e concelho de
Aguiar” é Vila Pouca
de Aguiar, mas por
ser habitada de
honrados cavaleiros,
não gostam que lhe
chamem Pouca, e
assim a têm
introduzido por Vila
de Aguiar da Penha.
Vê-se que a
significação
etimológica de Pouca
tal como a indiquei,
não se conhecia lá.
Penha, está em vez
de Pena”
Vila Pouca de Aguiar
http://www.cm-vpaguiar.pt
Conhecidas nos
primórdios da
nacionalidade como
as terras de Aguiar
de Pena, nome tirado
do velho castelo
roqueiro com a mesma
designação, ou seja
da Pena, assente num
penedo colossal que
seria uma das
referências da
região, com o nome
de Aguiar
adivinha-lhe do
facto de ser um
povoado de águias.
Delimitada a norte
pela terra de Chaves
e Montenegro, a
leste e sul pela
terra de Panóias e a
ocidente pelas
terras de Bastos. A
ocupação humana
deste território,
remonta à época
megalítica, muito
anterior à ocupação
romana, como
testemunham as
várias, antas,
mamoas, sepulturas e
o espólio
arqueológico
encontrado em vários
locais,
principalmente na
serra do Alvão.
Nos finais do século
III a.C. começa a
colonização romana
do território
actualmente
português.
Posteriormente e até
à fundação do reino
de Portugal, este
território foi
sucessivamente
ocupado por Suevos,
Visigodos e
Muçulmanos. Após a
criação do Reino, é
atribuído o primeiro
foral à Terra de
Aguiar de Pena pelo
Rei D. Sancho I, em
1206.
Em meados do século
XIX as reformas
administrativas
efectuadas ao nível
autárquico, deram a
actual configuração
ao município.
Património Histórico
e Cultural
Património
Arquitectónico e
Arqueológico
Classificado ou em
Vias de
Classificação
As Antas da Serra do
Alvão (freguesia da
Lixa do Alvão),
estão classificadas
como Monumento
Nacional desde 1910,
erguem-se numa
planície junto ao
Rio Torno, nas
proximidades de
Soutelo de Aguiar.
Escavada ainda no
final do século XIX
pelos sacerdotes e
grandes estudiosos
da região de Vila
Pouca de Aguiar,
José Rafael
Rodrigues e José
Brenha, esta
necrópole megalítica
seria originalmente
constituída por um
conjunto de dez
monumentos, cinco
dos quais foram
destruídos, muito
provavelmente na
sequência dos
trabalhos agrícolas
desenvolvidos ao
longo dos tempos nos
terrenos
particularmente
férteis onde se
encontram
implantados, assim
como das constantes
violações às quais
foi sujeita parte
substancial dos
exemplares
arqueológicos desta
região transmontana
e, muito
especialmente, os
exemplares desta
tipologia
arqueológica.
Também conhecida por
"Chã das Arcas", a
primeira anta deste
conjunto apresenta
uma mamoa - tumulus
- edificada com
terra e pedra miúda,
cujas dimensões a
transformam num dos
monumentos
megalíticos mais
impressionantes do
concelho.
Consegue ainda
manter in situ três
dos grandes esteios
graníticos que
comporiam
originalmente a
câmara sepulcral,
bem como a
correspondente pedra
da cabeceira, à
semelhança, aliás,
da segunda anta
(exceptuando o
último elemento
pétreo), apartada
daquela por cerca de
vinte metros para
Ocidente. Quanto ao
terceiro exemplar
desta necrópole
megalítica, parece
ser apenas possível
percepcionar a mamoa
primitiva, de cuja
câmara sepulcral não
se identificaram
ainda quaisquer
elementos
estruturais, o mesmo
sucedendo, ademais,
com o quarto
espécime,
identificado pela
cota
mais elevada do
terreno. Finalmente,
o quinto monumento
deste conjunto
funerário parece ser
aquele que se
encontra em melhores
condições de
conservação,
apresentando, quer
três dos blocos que
formariam de início
a câmara sepulcral,
quer múltiplos
vestígios do
corredor que
atingiria um
comprimento de
aproximadamente dois
metros e uma largura
de metro e meio.
Quanto aos
artefactos
recolhidos no local,
dever-se-á relembrar
que o conhecido
espólio do Alvão,
composto de várias
dezenas de placas
gravadas, fragmentos
cerâmicos, machados
executados em pedra,
pontas de seta e
contas de colar,
entre outros
elementos, procede,
precisamente, deste
arqueossítio, a
revelar, no fundo, a
sua relevância para
um melhor
entendimento deste
período do
Noroeste peninsular.
O Castelo de Aguiar
(freguesia de
Telões), singular
conjugação da
natureza com o
engenho humano, está
localizado nos
contrafortes da
Serra do Alvão,
junto da aldeia do
Castelo, na
freguesia de Telões
está classificado
como Monumento
Nacional desde 26 de
Fevereiro de 1982..
Na zona abundam
gigantescos blocos
graníticos. O
Castelo, isolado e
inexpugnável, como
um ninho de águias,
dominando o vale
fértil de Aguiar e
as serras vizinhas,
está apoiado no mais
elevado deles.
Com o
desenvolvimento das
vilas e cidades, no
fim da Idade Média,
a estabilização de
fronteiras e as
múltiplas reformas
administrativas e
políticas, o Castelo
de Aguiar, como
muitas outras
fortalezas isoladas,
perdeu importância.
Progressivamente foi
deixando de218
Revisão do Plano
Director Municipal
de Vila Pouca de
Aguiar
Estrutura e
Dinâmicas Urbanas
Estudos de
Caracterização do
Território Municipal
ser frequentado
pelos seus donos,
até ficar
abandonado. A
passagem do tempo e
a erosão foram-no
degradando, até
chegar ao estado
ruinoso em que hoje
se encontra.
Apesar disso, está
classificado como
Monumento Nacional
desde 26 de
Fevereiro de1982.
O Pelourinho de
Alfarela de Jales
(freguesia de
Alfarela de Jales,
lugar de Alfarela de
Jales), datado do
século XVI este
elemento está
classificado como
Imóvel de Interesse
Público desde 1933.
O primeiro dos
quatro degraus do
pelourinho está
bastante enterrado
no pavimento. Todos
são de forma
quadrada com pouca
altura e de aparelho
ligeiro. A
Plataforma com a
altura de oitenta
centímetros tem
forma de plinto
quadrado e possui na
base, mais
encorpamento. Na
parte superior
existe um bordo
saliente, boleado.
Neste elemento pousa
o fuste cilíndrico
monolítico com a
altura de dois
metros e vinte
centímetros e o
diâmetro de trinta
centímetros. No topo
pousa um ligeiro
capitel saliente,
liso, seguido de um
rebordo mais
encorpado e boleado.
O remate é composto
por um tabuleiro
quadrangular que num
dos lados tem um
escudo das armas de
Portugal encimado
por uma coroa
aberta.
Por peça terminal
existe elemento
cilíndrico com base
de maior diâmetro e
com o topo saliente
e boleado onde pousa
uma pirâmide
circular.
No ano de 1953 o
pelourinho foi
deslocado para sul a
fim de dar lugar a
um fontanário.
Estátua – Estela
(freguesia da Vreia
de Jales, lugar de
Barrela), Escultura
em granito, de forma
antropomórfica, está
em processo de
classificação desde
1997. Tem2.30 metros
de altura, e
encontra-se ainda no
que se presume ser a
sua implantação
original. Situa-se
ao lado da via
romana que segue
para o campo mineiro
de Jales e
Trêsminas. A
cronologia destas
estátuas-estelas é,
genericamente,
atribuída ao bronze
final/idade do
ferro, se bem que
esta poderá talvez
ser mais tardia,
podendo mesmo ser de
época romana.
A Mamoa do Alto do
Catorino (freguesia
da Lixa do Alvão), é
um dos maiores
monumentos
megalíticos do
concelho de Vila
Pouca de Aguiar, e
talvez aquele que se
encontra em melhor
estado de
conservação, está
classificado como
Imóvel de Interesse
Público desde 1990.
Apesar de ter sido
alvo de várias
acções de violação,
a mamoa apresenta a
sua estrutura pétrea
quase intacta. Esta
compõe-se por uma
câmara de
configuração
poligonal, onde
permanecem “in situ”
sete do conjunto dos
oito esteios, e uma
lage de maiores
dimensões que parece
vedar o espaço de
tumulação. Não se
notam quaisquer
vestígios
relacionados com a
existência de um
corredor. A mamoa
possui uma altura de
dois metros e um
diâmetro superior a
vinte.
Recinto fortificado
de Cidadelhe
(freguesia da Vila
Pouca de Aguiar,
lugar de Cidadelhe),
classificado como
Imóvel de Interesse
Público em1990,
ergue-se no topo de
um pequeno cabeço da
Serra do Alvão,
sobranceiro ao Rio
Avelames, ao vale de
Vila Pouca de Aguiar
e à própria aldeia
de Cidadelhe, que
lhe deu o nome, numa
situação geográfica
que lhe concede um
domínio privilegiado
sobre toda a
envolvente
territorial,
Estudos de
Caracterização do
Território Municipal
Estrutura e
Dinâmicas Urbanas
conquanto destituído
das condições
naturais de defesa
essenciais a uma
comunidade humana
que aí se
instalasse. Terá
sido, na verdade,
esta última condição
a ditar a construção
de uma única linha
de muralha bem
aparelhada, a maior
parte da qual
bastante derrubada
na actualidade, e
que chegaria,
nalguns troços, a
atingir cerca de
dois metros de
altura.
A zona intermuralhas,
de forma
relativamente
elíptica, apresenta
múltiplos
afloramentos
graníticos de
reduzidas dimensões,
não tendo sido
encontrados, até ao
momento, quaisquer
vestígios
indicadores de uma
provável existência
de estruturas de
carácter doméstico,
como seria,
certamente, de
esperar num povoado
fortificado da Idade
do Ferro, como este.
Complexo Mineiro de
Tresminas (freguesia
de Tresminas), neste
importante centro
mineiro classificado
como Imóvel de
Interesse Público em
1997, segundo um
investigador
espanhol, já eram
explorados metais
nos fins do
Neolítico e
sobretudo na idade
do bronze e do
ferro. Mas é
sobretudo a
romanização que
marca profundamente
a actividade mineira
neste local.
A exploração que os
romanos levaram a
efeito em Tresminas,
pela sua importância
e duração, fez com
que os vestígios
deixados se revistam
de grande
importância, não só
do ponto de vista do
conhecimento da
estadia romana por
terras lusas, mas
também da ompreensão
dos seus métodos de
exploração e
tratamento
metalúrgico.
As minas romanas de
extracção a céu
aberto, foram
provavelmente já
durante o reinado de
Augusto (27 aC, 14
dC), que iniciaram a
exploração
sistemática deste
complexo, tendo-se
prolongado até à
segunda metade do
século II dC. Sendo
o domínio imperial e
fiscal, o distrito
mineiro estava sob a
orientação estatal
directa. Ainda não
são conhecidos os
limites exactos da
povoação mineira de
Tresminas. Depois de
algumas prospecções
efectuadas,
pressupõe-se a
existência de
determinadas
construções,
nomeadamente,
edifícios
administrativos,
casernas,
balneários,
complexos
industriais,
armazéns, silos,
mercados, lojas,
casas de habitação,
templos e
santuários.
A exploração mineira
em Tresminas
realizava-se
essencialmente pelo
desmonte a céu
aberto, sendo disso
resultado os
desfiladeiros que
são as cortas (ou
lagos) de Covas e
Ribeirinha. Numa
terceira Corta
existente, a dos
Lagoínhos, não
estudada, a
exploração era
subterrânea. Esta
Corta resulta do
aluimento de uma
grande extensão
daquela que seria a
galeria principal de
uma complicado
conjunto de
galerias.
Em jeito de
curiosidade um
Engenheiro de Minas
Inglês, calculou que
2000 trabalhadores
operando diariamente
levariam 200 anos a
fazer estes
desmontes, sendo
necessário remover
pelo menos5.800.000
m3. Na Corta ou Lago
de Covas, foram
reconhecidas várias
galerias que terão
sido utilizadas, uma
para o escoamento de
aterros e águas,
outra como oficinas
de tratamento
minério. Nas
imediações das
grandes covas, terá
existido uma grande
povoação, e foram
descobertos
vestígios da
eventual existência
de um anfiteatro e
uma necrópole.
Cerca de 300 m a
sudeste da corta de
Covas encontra-se
uma estrutura do
tipo muro de terra
batida, em parte
nivelada e deformada
por trabalhos
agrícolas. Não se
trata certamente de
um muro defensivo
derrubado de uma
fortificação mas,
muito provavelmente
, de restos da
fundação para a cave
de um pequeno
anfiteatro.
Estrutura e
Dinâmicas Urbanas
Estudos de
Caracterização do
Território Municipal
Por volta de 1937,
quando se efectuavam
trabalhos de
construção
rodoviária, foram
encontrados, em
local não
especificamente
designado, três
pedras sepulcrais e
um número indefinido
de sepulturas de
cremação. Em 1986
foi possível
localizar os pontos
achados das
mencionadas estelas
bem como, de uma
outra pedra
sepulcral,
desenterrada por um
arado a norte da
zona mineira. Parece
que a necrópole se
estendia pelos dois
lados da estrada
sobre um talude que
descai em direcção a
Oeste. A sua
extensão é ainda
desconhecida. Até à
data não existem
indícios para uma
actividade mineira
pré-romana em
Tresminas, não
podendo, no entanto
excluir-se à partida
tal possibilidade
tendo em vista o
castro, da idade do
ferro, situado cerca
de 4km a sudoeste
numa curva do Rio
Tinhela.
As inscrições
encontradas na zona
de Tresminas formam
a estrutura para a
cronologia da
exploração mineira
romana. O povoamento
do local, ou seja, a
exploração mineira
sistemática deverá
ter tido início, o
mais tardar, sob o
governo de Tiberius.
O estacionamento de
militares em
Tresminas, além de
soldados da sétima
legião está
comprovada a estadia
de secções da cohors
I Gallica equitata
civium romanorum,
reflecte sem dúvida,
um ponto alto das
actividades na
primeira metade do
século II. Aponta
também para o status
legal da mina como
domínio imperial, ou
seja, propriedade
fiscal. É altamente
provável que o
distrito de
Tresminas tivesse
estado ligado ao de
Jales formando uma
unidade
administrativa,
territorium
metallorum.
A Igreja de Santa
Eulália (freguesia
de Pensalvos, lugar
de Pensalvos)
encontra-se em
processo de
classificação desde
2003.
Na obra Portugalie
Monumenta Historica,
faz-se referência a
este templo “De
Sancta Eolália de
Penzalvos, Gomecius
Menendiz Abbas,
Johanes Johanis,
Martinus Nuniz,
Petrus Gunzalvis,
Fernandus Manendiz,
Jurati Dixerunt quod
rex non est patronus”.
De estilo Românico,
ostenta uma
imponente sineira de
granito e, na
fachada sobressaem
ainda as duas
cruzes, um
geométrico
quadrifólio e uma
escultura de Santa
Eulália, que se
pensa ser da autoria
da Escola Flamenga.
No interior do
templo, destacam-se
a capela-mor, em
estilo barroco, e o
belíssimo arco
cruzeiro, onde ao
centro se evidencia
a imagem de São
Miguel Arcanjo a
dominar o dragão,
enquanto que do lado
direito, sobressaem
dois ricos
retábulos. Do lado
esquerdo do pórtico
em arco de volta
perfeita,
vislumbra-se uma
bela imagem “Lá
Pietá”, escultura
pungente da dor da
mãe com o cadáver do
filho sobre os
joelhos. São vários
os altares que
embelezam a igreja,
dando-se especial
relevo ao das Almas
e ao de Nossa
Senhora do Rosário.
Pensa-se que este
último foi mandado
erguer pelo
Comendador Martins
Aguiar, da Casa do
Cabo, já que a
encimar a porta
principal pode
ler-se o seguinte:
“Levantou esta
igreja a toda a roda
a su cuidado
Sargento-mor Miguel
Borges Aguiar (?)”.
Este retábulo
mariano tem a ornar
a imagem, pintados a
óleo, os quinze
mistérios do
Rosário. O tecto,
trabalho de fino
recorte e valor
precioso, são 55
caixotões com
variadas pinturas a
óleo, emolduradas
com os mais diversos
temas.
Estudos de
Caracterização do
Território Municipal
Estrutura e
Dinâmicas Urbanas
Painéis com motivos
emblemáticos, Adão e
Eva e o pecado
original, motivos
hagiológicos, as
Santas Virgens e
Mártires, os
doutores da Igreja
(Santo Agostinho
segura na mão um
coração em chamas.
O tecto desta
Igreja, com os seus
caixotões pintados é
de facto um precioso
livro pictural com
motivos Bíblicos,
Cristológicos e
Hagiológicos.
Vila Pouca de Aguiar
http://www.minhaterra.com.pt/
O concelho de Vila
Pouca de Aguiar está
situado no amplo e
fértil vale de
Aguiar, na parte
norte do distrito de
Vila Real.
Estende-se por uma
área de mais de
quatrocentos
quilómetros
quadrados, nos quais
se distribuem
dezassete
freguesias: Afonsim,
Alfarela de Jales,
Bornes de Aguiar,
Bragado, Capeludos,
Gouvães da Serra,
Parada de Monteiros,
Pensalvos, Sabroso
de Aguiar, Santa
Marta da Montanha,
Soutelo de Aguiar,
Telões, Três Minas,
Valoura, Vreia de
Bornes, Vreia de
Jales e Vila Pouco
de Aguiar.
O concelho
encontra-se na ponte
nevrálgica do
distrito. Daqui
partem e a ela
convergem
importantes eixos
rodoviários para
Valpaços, Murça,
Chaves, Vila Real e
Ribeira de Pena.
Paralelamente,
existem estradas que
conduzem ao litoral,
nordeste
transmontano e às
Beiras.
Por todo o concelho,
encontram-se
testemunhos da
presença humana
desde épocas
remotas, que
constituem
importantes
património histórico
e arqueológico. Em
Povoação, sepulturas
antigas atestam a
sua longevidade. Nas
serras de Alvão e
Padrela impõem-se
importantes
monumentos
megalíticos, levando
alguns historiadores
a designarem estas
terras de Catedral
dos Dólmens. A
civilização castreja,
os godos e os árabes
deixaram também as
suas marcas. Mas
foram os romanos que
ocuparam mais
intensamente esta
área. Aliás, em
busca das
cascalheiras
auríferas, eles
foram os grandes
senhores do Império
Dourado da
exploração mineira.
Os jazigos de Três
Minas e Campo de
Jales foram
explorados por
aquele povo entre os
anos de 21 a. C. e
211 d. C.. A par do
ouro e da prata,
extraíram chumbo
nesta zona mineira
de Vila Pouca de
Aguiar. O castelo
roqueiro, em Telões,
do alto do qual se
domina grande parte
do vale de Vila
Pouca, representa,
no fundo, a história
do concelho.
A terra de Aguiar da
Pena era delimitada
a norte pela terra
de Chaves e
Montenegro, a leste
e sul pela terra de
Panóias e a ocidente
pelas terras de
Basto. Assim
designadas até ao
século XIII,
receberam diversos
forais ao longo dos
séculos. O primeiro
foi em 1206, por D.
Sancho I, o segundo
a confirmação de D.
Afonso II, em 1220.
Nesta altura,
representava
sensivelmente o
mesmo espaço do
actual concelho de
Vila Pouca de
Aguiar. Apenas com
Três Minas, Alfarela
e Vreia de Jales,
integradas na terra
de Panóias, tal não
acontecia.
O último foral,
recebeu-o em 1516
por D. Manuel I,
chamando já ao
concelho Vila Pouca
de Aguiar. Uma peça
de extraordinária
precisão, com menção
dos casais que
formavam cada
aldeia, o nome dos
seus proprietários,
os privilégios que
lhes assistiam, os
foros que pagavam e
como os pagavam.
Portela situada
entre duas serras,
Vila Pouca de Aguiar
desempenhou sempre
papel de grande
valor estratégico.
Desde a ligação que,
no tempo de D.
Afonso Henriques,
fazia entre o
Condado Portucalense
e a terra dos
Bragançãos, até aos
episódios
relacionados com as
Invasões Francesas
de 1809. Aqui se
fixou, em Março
desse ano, o General
Silveira, numa
emboscada às tropas
de Soult que se
revelou decisiva.
Desde meados do
século XIX, o
concelho manteve a
actual configuração.
Muito mais
recentemente, em
1993, era criada uma
nova freguesia, a de
Sabroso de Aguiar,
que antes estava
integrada no termo
de Vreia de Bornes.
Em termos
económicos, a
agricultura continua
a ser a principal
actividade da
população do
concelho. Aqui se
produz batata,
milho, centeio
castanha e fruto de
boa qualidade. A
pastorícia e a
criação de gado
bovino são outras
actividades
características. As
indústrias
extractivas, por seu
lado, têm vindo a
aumentar o seu peso
na economia
concelhia.
Todo o concelho
merece uma visita
pormenorizada. Desde
as Pedras Salgadas
ao mini-museu de
coches de Pensalvos,
desde a serra do
Alvão ao planalto de
Santa Marta, Vidoedo
e Pinduradouro,
desde a própria
vila-sede de
concelho, com as
suas muitas belezas,
até à serra da
Padrela e ao
inevitável circuito
turístico da “Rota
do Ouro”.
Trabalho e pesquisa de
Carlos Leite Ribeiro –
Marinha Grande -
Portugal
|
|

Envie
esta Página aos Amigos:





Por favor, assine o Livro de Visitas:

Todos os direitos reservados a
Carlos Leite Ribeiro
Página criado por Iara Melo http://www.iaramelo.com
|