Distrito de VIANA DO
CASTELO
Trabalho e pesquisa de
Carlos Leite Ribeiro
Concelhos de: Arcos de Valdevez,
Caminha, Melgaço, Monção, Paredes de
Coura,
Ponte da Barca, Ponte de Lima,
Valença, Viana do Castelo (Capital e
Sede do Distrito),
Vila
Nova da Cerveira
O distrito de Viana do
Castelo, pertencente à
província tradicional do
Minho. Limita a norte e
a leste com Espanha, a
sul com o Distrito de
Braga e a oeste com o
Oceano Atlântico. Área:
2 255 km². . Capital e
Sede de distrito: Viana
do Castelo.
O distrito de Viana do
Castelo subdivide-se nos
seguintes 10 municípios:
Apontamento do ano de
1900 (Jornal do
Comércio):
“O distrito de Viana do
Castelo, é formado de
uma parte da antiga
província do Minho. É o
distrito mais
setentrional de Portugal
e, está separado da
Galiza (Espanha) pelo
rio Minho. Superfície de
2.221, 30 Km2 e uma
população de 215.267
habitantes. Compreende
10 concelhos e 186
freguesias. Serra
principal é a de Peneda
com 1.373 metros de
altitude. É banhado
pelos rios Minho,
Ancora, e Lima; e pelos
afluentes rio Coura
(afluente da margem
esquerda do Minho) e
pelo Vez (afluente da
margem direita do Lima.
Férteis várzeas,
intensamente cultivadas;
população densa,
trabalhadora e formosa”.
Viana do Castelo -
(Capital e Concelho do
Distrito de Viana do
Castelo

“Vianna do Castello
cidade minhota, capital
de distrito e cabeça de
concelho, tem 9:851
habitantes e é servida
pelo Real Caminho de
Ferro. Está situada numa
planície, no sopé do
monte de Santa Luzia,
próxima da barra e na
margem direita do rio
Lima. O concelho tem 40
freguesias e 46:178
habitantes”
(Apontamento do “Jornal
do Comércio - Lisboa)
de 05 de Março de 1900)
Origem do nome:
“Rodrigo Mendes da
Silva, na Población de
España; tomo 1, pág.1,
fol. 363 e 376,
Covarruivias no Thesouro
da língua castelhana,
Andrete, Raymundo,
Castelão, Machado, Vilas
Boas, Frei Thomaz, Frei
Manuel Esperança e
outros, dizem que os
Celtas deram o nome de
VIANA à nova cidade, em
respeito e amor à sua
pátria no distrito de
Viana (Delfinado) nas
margens do rio Ródano.
Discordam outros,
alegando que era pouco
provável que os galos
conservassem tão viva
memória da sua pátria,
porque havia já 657 anos
que dela tinham saído
...
Talvez a causa que houve
para lhes dar tal nome
foi haver nesse sítio um
formoso templo à deusa
Diana, no sítio onde
hoje está a capela de
Santa Luzia, querendo
talvez os católicos
apagar assim a lembrança
do paganismo, venerando
sob a ara derribada de
Astarté a ínclita mártir
cristã.
Também há que afirme que
Viana é corrupção de “biduana”,
por esta obra ter sido
feita em dois anos ...”
(Dr. Luís de Figueiredo
da Guerra - 1878)
“... Na essência a
“derivação” deve ser a
tradição popular, que
tenho encontrado memória
de pessoas idosas: Havia
naquele sítio uma
taberneira muitíssimo
linda, ANA, de nome,
cuja venda nunca deixava
de ser frequentada pelos
mareantes que por ali
passavam. A beleza da
taberneira era tão
famosa que, em qualquer
terra, quando apareciam
mareantes chegados da
foz do Lima, logo lhes
perguntavam: “viste
ANA?” a que outros
respondiam: “Vi Ana”
daí Viana ...”
(origem anedótica do Dr.
Cláudio Bastos - 1906)
“O nome de Viana,
segundo a mais plausível
das hipóteses, deve ter
origem celta. Sabe-se
que os Celtas tiveram
uma povoação naquele
monte, hoje chamado de
Santa Luzia. Mas o nome
posto à povoação, que
hoje é Viana, de certo
era proveniente doutro
topónimo, também de
origem celta, e que
nomeava outra povoação
celta donde provinham os
fundadores da nossa
Viana. Isto é, Viana
deve ser o mesmo nome
que Vienna cidade sobre
o Ródano, que, segundo
Quicherat e outros
etimólogos estrangeiros,
foi metrópole de um povo
chamado Alóbroges. Não
se deve confundir esta
Vienna sobre o rio
Ródano com a Viena de
Áutria, a qual é banhada
pelo rio Danúbio.
O “castelo” de Viana
posto que existia havia
séculos, não entrava no
nome de Viana. Todavia,
no tempo da chamada
Revolução da Maria da
Fonte, deu azo a que
Viana ficasse seguida do
determinativo - do
Castelo”.
(Prof. Vasco Botelho do
Amaral - 1949)
Alguém chamou a Viana,
um dia, a capital do
folclore. Com efeito,
não só o trajo é o mais
belo que se conhece em
Portugal, como também as
suas romarias são do
mais típico que se pode
encontrar em Portugal.
O trajo regional da
mulher vianesa é um dos
mais típicos da Europa,
tanto da corda marítima
(Carreço, Areosa e Afife,
como do famoso vale do
rio Lima (Meadela, Santa
Marta de Portuzelo,
Bertiandos, Correlhã,
Geraz).
Grandes variedades de
padrões, de enfeites e
tipos decorativos e
coloridos. Predominam as
cores garridas:
vermelho, roxos, verdes
- mas estes alternam e
conjugam-se, em regra,
com um admirável sentido
de sortilégio, com os
tons graves e mais
discretos: o preto, o
azul e o branco. Sais de
larga roda, de pregas de
castorina. Aventais
bordados, com vários
andares de decoração e
temas. Lenços cruzados
no peito, lindíssimos.
Camisas brancas de
linho, de manga comprida
a sobressair sobre esses
lenços garridos, e
colete de atacadores.
Grande profusão de
riqueza de ourivesaria:
cordões, colares,
corações, medalhões,
cruzes.
Sobre a cabeça e as
tranças, lenços de seda.
Nos pés chinelas de
verniz, bordados com
arrebiques.
Não só prosadores,
poetas e pintores, mas
também o comum dos
homens, se deixaram
envolver pelo encanto e
singular harmonia da
paisagem de Viana do
Castelo. A cidade
debruça-se sobre o rio
Lima e encosta-se à
colina de Santa Luzia.
Lá está também o mar, a
oferecer poentes
admiráveis de cor e
longes carregados de
azul. Bem como o vale,
aberto, escancarado,
coalhado de verdes, a
rasgar o nascente.
O local onde, em 1258,
D. Afonso lll
estabeleceu a vila
denominava-se Adro,
impondo-lhe o monarca o
nome de Viana da Foz do
Lima e concedendo-lhe o
primeiro foral. O
território onde se situa
a cidade deve ter sido
habitado desde épocas
pré-histórias, o que se
confirma pelos numerosos
vestígios encontrados.
D. Manuel l outorgou-lhe
foral novo em 1512. Em
1563 o rei cardeal D.
Henrique concedeu-lhe o
título de notável. Por
fim, em 1848, D. Maria
ll elevou-a à categoria
de cidade.
Presume-se que por
ocasião da fundação da
vila afonsina, já
existisse, mais ou menos
a mil passos da foz do
rio, no local do chamado
S. Salvador do Átrio, um
obscuro povoamento de
pescadores ...
Dada, porém, a
acessibilidade que o rio
oferecia à entrada da
pirataria e ao abrigo de
qualquer navio desse
tempo, por maior que
fosse, o mesmo monarca
mandou erguer junto da
foz, uma robusta torre
chamada de Roqueta,
destinada à vigia e
defesa da vila. E isso
desviou, de certo modo,
Viana para a Foz do
Lima, da rota dos
piratas, permitindo aos
vianeses que se
dedicassem mais ao mar,
aponto de com os anos se
dedicarem à navegação de
larga travessia,
demandando os países do
Norte, aos quais
levariam o vinho, as
frutas e o sal, trazendo
panos, cutelarias,
vidros e tapeçarias.
Ainda para sua defesa,
foi esta vila dotada com
muralhas, estas
concluídas durante as
guerras fernandinas,
(reinado de D. Fernando
– o “Formoso) em 1374.
Na crise do interregno,
Viana opôs-se à escolha
do Mestre de Avis. Mas
D. João l (o “Boa
Memória), acompanhado
pelo condestável D. Nuno
Álvares Pereira, uma vez
submetidas as terras do
Neiva com seu castelo,
ataca Viana, tendo
vencido o obstinado
alcaide Vasco Lourenço
de Lira, fiel a D.
Leonor Teles e sua
filha, D. Beatriz,
casada com o rei de
Castela.
Com o século XlV a vila
entrou em franco
incremento mercatil e
maior actividade
náutica - era a época
dos Descobrimentos. Da
foz do Lima saíram
algumas caravelas que
iriam experimentar as
novas rotas atlânticas,
uns por espírito de
aventura outros por puro
interesse mercantil. O
que deu origem a que em
1439, aqui se fixasse
uma importante colónia
judaica, proveniente da
Catalunha, tendo-se
fixado, primeiro na
Praça Velha, e, mais
tarde, nas vielas de
Sequeiros e Seitais,
onde fundaram a chamada
Judiaria.
No reinado de D. Afonso
V (o “Africano), Viana
converte-se em condado,
com o título de Conde de
Viana dado pelo monarca
português à estirpe dos
Meneses, descendentes do
heróico governador de
Alcácer Ceguer e
salvador da vida do rei.
Então a nobreza começa a
proliferar,
transformando-se com o
tempo numa vila
predominantemente nobre.
Foi D. Manuel l (o
“Venturoso”), por
ocasião da sua visita a
Viana que promoveu o
alargamento dos seus
estaleiros no chão de
São Bento; que amplia e
reforma a velha torre
Roqueta, e em 1512,
dá-lhe novo foral.
A vila enriquece e
torna-se formosa. Surgem
casas apalaçadas e
igrejas de boa traça.
Levanta-se o belo
edifício da
Misericórdia.
Constroem-se os novos
Paços do Concelho. As
famílias mais poderosas,
os Velhos, os Távoras,
os Lemos, os Alpoins,
fazem as suas magníficas
moradias. Ao longo do
rio matraqueavam os
carpinteiros e
calafates.
Os nobres, em sua grande
maioria, ocupavam a Rua
do Poço, a Rua Grande e
a Rua de São Bento. O
comércio estava
concentrado na Praça
Velha, na Rua do Cais e
na Rua de Viana. Os
mesteirais viviam
dispersos, ao contrário
dos homens do mar, cujas
pousadas se estendiam ao
largo de toda a Ribeira.
Viana chegou mesmo a
possuir uma das maiores
frotas do reino. E a sua
fama de riqueza levou
alguns corsários
franceses a tentarem um
assalto em 8 de Novembro
de 1574, os quais foram
repelidos pela guarnição
do castelo, auxiliada
pela população, não
obstante disporem de
oito navios com que
tentaram forçar a barra.
Viana do Castelo esteve
ainda presente em todos
os grandes momentos
históricos da vida
nacional, desde o
desastre de Alcântara,
passando pelas
Revoluções Francesas,
até às Lutas Liberais,
altura em que a vila,
submetida ao regime
miguelista( D. Miguel),
foi liberta em 3 de
Abril de 1834, pela
expedição naval de
Napier.
Durante a confusa
revolução da Patuleia, o
castelo de Viana foi
teatro de vários
eventos. O mais
dramático foi o da luta
travada na fortaleza com
a vila em 21 de Outubro
de 1846, culminando pelo
misterioso assassinato
do comandante ocasional
da força (o tenente
Pinotes) seguido de uma
rendição, irregular e
bárbara.
Outro foi o cerco do
mesmo castelo, durante
45 dias, em 1847, pelo
conde das Antas,
comandante das tropas da
Junta do Porto,
sublevada contra o
regime dos Cabrais. A
guarnição, por fim,
retirou-se e o
comandante da praça
dirigiu-se a Lisboa,
para entregar à rainha a
chave do castelo. D.
Maria ll (a “Educadora),
para premiar esse gesto
de lealdade, elevou
Viana à categoria de
cidade e determinou, por
decreto, que se passasse
a denominar Viana do
Castelo.
As antigas muralhas, de
que ainda restam alguns
pequenos troços, foram
mandadas construir por
D. Afonso lll, com o
começo em 1263,
concluídas 111 anos
depois, isto é, em 1374.
Tinham 685 metros de
extensão e era dotadas
com 4 portas. A Torre de
Menagem situava-se no
sítio da Laje, ou
Penedo, que era o ponto
mais elevado. Tendo sido
sobre esta Laje que D.
João l, mais tarde,
mandou construir a
igreja Matriz.
Actualmente Viana do
Castelo é uma cidade
moderna, tendo sido no
final dos séculos XVll e
XVlll que se construíram
a maioria das casas de
gente abastada e
remediada nas Ruas de
São Sebastião, das Rosas
e da Piedade; e dentro
dos muros as ruas Grande
e São Pedro. Isto
implica com a sua grande
uniformidade
arquitectónica de grande
número de prédios das
épocas manuelina e
joanina.
Podendo a outra fase do
desenvolvimento da
cidade situar-se no
período em que foi
rectificada toda a linha
do cais, desde o castelo
às azenhas do Dom Prior,
na extensão de 1.000
metros, mais tarde
prolongada até o
Caranguejeiro, numa
extensão de algumas
centenas de metros a
montante da ponte sobre
o rio Lima. O porto foi
sempre, de resto, a
razão de ser de uma
terra que ao rio e ao
mar deveu e ainda deve
ainda as suas principais
condições de existência
e progresso, e também da
sua esplendente beleza
panorâmica.
A cidade de Viana do
Castelo, oferece
múltiplos atractivos
arquitectónicos e
arqueológicos. O seu ar
está impregnado de
evocações históricas e
de discretas
criptomnésias, de
estirpes e figuras
anímicas. É a terra dos
Távoras, dos Limas, dos
Alpoins, dos Velhos, dos
Reimões, dos Maciéis,
dos Vila-Boas, dos
Espregueiras. Razão por
que através das suas
ruas se depara, a cada
momento com antigas
moradias, muitas delas
ainda com pedras de
armas, que essas
linhagens de fidalgos ou
mercadores e navegantes
enobrecidos levantaram
dentro dos antigos muros
afonsinos e, a partir do
século XVl, nos
imediatos subúrbios.
O principal ponto da
cidade é a antiga Praça
da rainha, assim
designada a partir de
1852, em virtude da
visita que nesse ano D.
Maria ll e seu esposo D.
Fernando ll, fizeram a
Viana. Antes era
conhecida pelo Campo do
Forno, e depois de 1910,
passou a chamar-se Praça
da República.
Fica nesta Praça a
antiga Casa da Câmara,
edifício quinhentista,
iniciado no reinado de
D. Manuel l, e concluído
no de D. João lll. Ao
lado desta, segue-se a
Cada da Misericórdia, a
mais interessante e
original obra de
arquitectura civil da
cidade, e única no
género em Portugal. A
sua construção começou
em 1520, e arrastou-se
por todo o século XVl.
Igreja Matriz - templo
de raiz gótica do século
XV.
Igreja da Misericórdia -
Construída nos finais do
século XVll,
substituindo o anterior
templo quinhentista,
entretanto demolido por
ameaçar ruína.
Igreja de Nossa Senhora
da Agonia - Possui um
retábulo de 1762
atribuído a André
Soares, e interessantes
talhas douradas
setecentistas.
Igreja de Nossa Senhora
da Caridade -
Pertenceu ao antigo
Convento das Freiras
Beneditinas. O templo,
que conserva a primitiva
traça, é de nave única,
coberta por um tecto de
caixotões pintados com
motivos de inspiração
bíblica.
Igreja do Carmo -
Pertenceu ao antigo
Convento da Ordem
Carmelitas, fundado no
século XVll.
Igreja de Santo António
- No interior, a Capela
do Nascimento guarda
imagens de santos pretos
que, segundo a
tradição, representam os
padroeiros dos escravos.
Capela de Nossa Senhora
das Candeias - É um
templo do século XVll
dedicado aos Santo Bom
Homem, padroeiro dos
sirgueiros e alfaiates.
Capela de Santa
Catarina - De devoção
dos mareantes, foi
construída no século XVl.
Outros
Hospital Velho - Foi
fundado em 1468 por João
Pais - o Velho -
conforme se lê numa
lápide sobre a porta
principal.
Casa dos Arcos -
Também conhecida por
Casa de João Velho, por
ter pertencido ao
célebre navegador.
Janela Renascença -
Fica situada num prédio
que tem as armas dos
Costas Barros e é a
única janela de Viana do
Castelo.
Colunas da Ponte -
Junto ao rio Lima
erguem-se as colunas
comemorativas da
construção da ponte de
madeira que substituiu o
barco de passagem que
desde tempos muito
antigos ligava as
margens do rio.
Fortaleza de Santiago da
Barra - É uma
construção poligonal e
abaluartada, cujo sector
mais antigo corresponde
à Torre da Roqueta.
Decoram-na uma esfera
armilar e as armas de D.
Manuel l
REIS DE PORTUGAL
FALADOS NESTE
TRABALHO
D. Afonso lll , o
“Bolonhês”, quinto rei
de Portugal, segundo
filho de D. Afonso ll e
de D. Urraca de Castela,
irmão de D. Sancho ll,
nasceu em 1210, em
Coimbra. Reinou durante
1248 e 1279. Tendo
partido jovem para
França, ali casou com D.
Matilde, condessa de
Bolonha, viúva de
Filipe, o Crespo, razão
porque ficou conhecido
na História por o
“Bolonhês. Acompanhou
Luís lX de França contra
Henrique lll de
Inglaterra, tomando
parte na Batalha de
Saintes.
Quando o conflito entre
D. Sancho ll e o clero
chegou ao ponto de este
solicitar do papa
Inocêncio lV a deposição
do monarca, o infante D.
Afonso entrou com os
prelados em negociações,
de que resultou ser D.
Sancho ll excomungado e
deposto em 1247 pelo
papa, que confiou o
governo de Portugal ao
infante D. Afonso.
Depois da morte de D.
Sancho, foi D. Afonso
aclamado rei de
Portugal. Pouco depois
de ter subido ao trono,
o que restava na altura
por conquistar do
Algarve caiu em poder
dos portugueses sendo
então os mouros
definitivamente expulsos
de Portugal.
Surgiram entretanto
dificuldades com Castela
(mais tarde uma das
províncias de Espanha),
que reclamava o Algarve,
a pretexto de que esta
província lhe fora doada
pelo último “Vali”, que
a regera. Seguiu-se um
período de lutas que
terminou em 1267 pelo
reconhecimento por
Castela da posse do
Algarve. Diz a tradição
que que D. Afonso lll
mandou seu filho o
infante D. Dinis, mais
tarde rei, visitar seu
avô o rei de Castela e,
quando este lhe
perguntasse o que queria
que lhe oferecesse, que
lhe dissesse: “Avô,
quero o reino do
Algarve” – e este teria
acedido ao desejo do
neto.
Além destas
dificuldades, teve D.
Afonso lll graves
discórdias com o clero,
que conseguiu alcançar
do papa Urbano lV a
interdição do rei, que,
mais tarde se submeteu
às imposições dos
prelados e assim a
interdição foi
levantada.
D. Afonso lll faleceu em
1279. Durante o seu
reinado, deu provas de
inteligência, protegendo
a agricultura e o
desenvolveu a povoação
do território que estava
muito concentrado juntos
às cidades. Um dos
factos mais notáveis do
seu reinado foi as
primeiras cortes
convocadas em Portugal
Em 1254, na localidade
de Cortes (Leiria), e
nas quais tiveram voto
os representantes dos
municípios.
D. FERNANDO o “Formoso”
Oitavo rei de Portugal e
último da dinastia
Afonsina, nasceu em
Coimbra em 1345, filho
de D. Pedro l (o
“Justiceiro”) e de D.
Constança. Começou a
reinar em 1367 e logo
começou uma guerra com
Castela cujo reino
ambicionava juntar ao de
Portugal. Deixando-se
depois apanhar uma uma
paixão doentia por uma
mulher cruel e pérfida,
D. Leonor Teles,
desposou-a
clandestinamente ,
faltando ao acordo que
tomara com o rei de
Castela, para casar com
sua filha. O povo não
gostava de D. Leonor
Teles e não a queria
como rainha,
amotinou-se, mas o
movimento foi sufocado e
os seus chefes punidos
com a morte. Daí veio
nova guerra com Castela,
cujas tropas invadiram
Portugal e vieram pôr
cerco à cidade de
Lisboa, que se defendeu
corajosamente, ficando
porém incendiada e em
parte destruída. A
intervenção de um legado
do papa decidiu o rei de
Castela a levantar o
cerco e a assinar com D.
Fernando umas pazes
humilhantes para
Portugal, em 1373.
Seguiu-se um período de
tranquilidade e de boa
administração; mas
incitado por D. Leonor
Teles, de novo o rei se
envolveu em terceira
guerra com os
castelhanos, que
acarretou para Portugal
ainda maiores desastres
do que as anteriores.
Depois de destruir em
Saltes a esquadra
portuguesa, uma armada
castelhana veio atacar
Lisboa, cujos arredores
foram outra vez
devastados. Assinou-se
enfim a paz, dando o
soberano português sua
única filha, D. Beatriz,
ao rei João l de
Castela, de todos os
erros do seu reinado o
mais grave por certo,
pois, Castela assim
adquiriu direitos à
coroa de Portugal, que
mais tarde veio a
confirmar-se. Embora
inteligente, mas
inconstante e sem
palavra, D. Fernando
causou grandes prejuízos
a Portugal.
D. J O Ã O ll o “Boa
Memória”
Décimo rei de Portugal e
fundador da segunda
dinastia, a de Avis,
nasceu em 1357 em Lisboa
e era filho de D. Pedro
l e de D. Teresa
Lourenço, dama nobre da
Galiza. Reinou de 1385 a
1433. Antes tinha sido
eleito Mestre de Avis.
Quando D. Leonor Teles,
depois de assumir a
regência de Portugal, em
seguida à morte de D.
Fernando, mandou que se
proclamasse rainha de
Portugal sua filha
Beatriz, mulher de João
l de Castela, o Mestre
de Avis, já então muito
popular, foi ao Paço
Real e matou o Conde
Andeiro, espanhol e que
mantinha relações
amorosas com a rainha. O
povo levantou-se com
inusitado entusiasmo e
aclamou-o “Defensor do
Reino”. D. João
organizou a resistência
ao ataque castelhano que
pouco tempo depois
sitiou Lisboa. Mas os
portugueses bem
organizados, resistiram
tenazmente, e os
castelhanos, também
dizimados pela peste
negra, levantaram o
cerco, saindo de
Portugal, embora
temporariamente, em
1384. Nesse mesmo ano,
por teimosia dos
castelhanos, D. João 1 e
o Condestável do Reino,
D. Nuno Álvares Pereira
derrotaram os
castelhanos na célebre
Batalha de Aljubarrota,
que noutro trabalho a
vou descrever. Pouco
tempo depois e em
Valverde, D. Nuno
Álvares Pereira derrotou
os castelhanos. Assinada
a paz, casou D. João l
com D. Filipa de
Lencastre, excelsa dama
inglesa, de quem teve
oito filhos.
O reinado de D. João l,
de excelente
administração, ficou
ainda assinalado pela
conquista de Ceuta, em
1415, e pela construção
do Mosteiro da Batalha
(ou Mosteiro de Santa
Maria da Vitória).
Seu corpo, assim como de
sua mulher e filhos,
repousam no Mosteiro da
Batalha, na sala
“ínclita geração”.
Nota: noutro trabalho
falarei da rainha D.
Filipa de Lencastre.
D. AFONSO V 0
“Africano”
D. Afonso V, nasceu em
Sintra em 1432; filho de
D. Duarte e de D. Leonor
de Aragão. Reinou de
1438 a 1481. Tinha
apenas seis anos quando
seu pai faleceu. Chegou
à maioridade em 1446,
assumindo na altura o
governo do reino e
encetou várias
expedições a África, nas
quais se mostrou mais
corajoso do que
prudente; entretanto
conseguiu assinaláveis
êxitos em Alcácer-Seguer,
Arzila e Tanger.
Ambicionou então juntar
a coroa portuguesa à de
Castela, tendo para isso
desposado sua sobrinha,
D. Joana, filha de
Henrique lV de Castela,
herdeira do trono; mas
os castelhanos não foram
nessa conversa e
preferiram que a
princesa casasse com
Fernando, rei de Aragão
(um dos reinos que hoje
formam a Espanha). O rei
português não se
conformou com esta
decisão e invadiu
Castela, encontrando-se
em 1476 com o exército
castelhano, em Toro. A
Batalha de Toro não foi
muito favorável a
Portugal e D. Afonso V
viu-se abandonado por
muitos dos seus
partidários.
Deliberou então seguir
para França para pedir
auxílio ao rei francês,
Luís Xl; mas este
soberano, diplomata
astuto (a Raposa)
iludiu-o com falsas
promessas. Perdidas
todas as suas esperanças
ao trono de Castela,
abdicou no seu filho, o
infante D. João, pensado
partir como peregrino
para Jerusalém, o que
não lhe foi possível e
assim regressou a
Portugal em 1481, onde
pouco tempo depois
faleceu.
D. MANUEL l o
“VENTUROSO”
Já mencionado noutras
minhas obras do mesmo
tipo.
D. MIGUEL O “REI
ABSOLUTO”
Nasceu em Lisboa em
1832, filho de D. João
Vl e da rainha D.
Carlota Joaquina (já
mencionados noutras
minhas obras), foi com a
Família Real para o
Brasil, de onde
regressou com seu pai em
1821. Promove com sua
mãe, D. Carlota Joaquina
(uma das figuras mais
controversas da História
de Portugal), o
movimento designado por
“Vilafrancada” e alguns
anos depois a “Abrilada”
(movimentos estes já
descritos noutros
trabalhos). Em resultado
destes movimentos
liberais, D. Miguel é
exilado em Viena de
Áustria. Mais tarde, em
1826, jura a Carta
Constitucional,
reconhecendo seu irmão
(D. Pedro lV de Portugal
e 1º Imperador do Brasil
– descrito noutros
trabalhos) sucessor
legítimo de seu pai.
Contrai matrimónio com
sua sobrinha, Maria da
Glória (mais tarde D.
Maria ll). É nomeado
lugar-tenete do reino e
em 1828 assume a
regência (por sua
sobrinha não ter ainda a
maioridade) , jurando
novamente fidelidade à
rainha e à Carta.
Semanas depois faz-se
aclamar rei absoluto e
inicia um período de
perseguição aos
liberais. Segue-se um
período de luta civil
(1832 a 1834) que
termina com a Convenção
de Évora Monte, tendo D.
Miguel seguido novamente
para o exílio
definitivo, onde viria a
casar com a princesa
Adelaide Sofia de
Loewenstein Wertheim,
vindo a falecer em 1866,
em Brombach.
D. MARIA ll a
“EDUCADORA”
Nasceu em 1819 no Rio de
Janeiro, Brasil, filha
de D. Pedro lV de
Portugal e 1º Imperador
do Brasil, e de sua
mulher D. Maria
Leopoldina. Reinou de
1834 a 1853, tendo
casado em 1835 com
príncipe Augusto de
Leuchtenberg, que
faleceu dois meses
depois. No ano seguinte
desposou o príncipe D.
Fernando de Saxónia
Coburgo Gotha (também
viúvo - e já referido
em outros trabalhos), de
quem teve onze filhos,
custando o nascimento do
último filho a vida à
rainha. O reinado de D.
Maria ll foi um período
de incessantes lutas
civis. Os partidos
políticos não tinham
assimilado os
verdadeiros princípios
liberais e guerreavam-se
com inusitada
ferocidade. As revoltas
militares que se seguiam
quase sem interrupção,
mantinham Portugal em
permanente guerra civil.
A revolução de Setembro,
em 1836 a Belemzada, em
1837 a dos Marchais e os
motins do Arsenal, o
governo tirânico e
perseguidor de Costa
Cabral, e mais a revolta
da Maria da Fonte, em
1846 e em 1851 a revolta
de Saldanha, só terminou
com a reforma da Carta
Constitucional em 1852
que estabeleceu a
concórdia entre todas as
facções idealistas e
políticas.
D. Maria ll, senhora
dotada de grandes
virtudes e de vontade
enérgica, suscitou ódios
políticos, mas foi
sempre respeitada e
venerada como esposa e
mãe de família até pelos
seus mais ardentes
opositores. Morreu em
Lisboa em 1853.
Nota: noutro trabalho
falarei do Condestável
do Reino, D. Nuno
Álvares Pereira.
Cercanias de Viana do
Castelo, região de
poetas populares e do
melhor folclore que
existe em Portugal, sem
esquecer seus escritores
e romancistas. É o
“Jardim de Portugal” no
dizer do poeta Pedro
Homem de Melo (*),
tripeiro (natural da
cidade do Porto, mas com
coração em Afife (13Km a
norte da cidade de Viana
do Castelo).
(*) Pedro da Cunha
Pimentel Homem de Melo –
nasceu no Porto e cursou
Direito em Coimbra.
Exerceu advocacia em
Águeda (perto da cidade
de Aveiro), sendo,
naquela comarca,
delegado do procurador
da República até 1927.
Posteriormente ingressou
no ensino técnico
profissional, tendo
chegado a director da
Escola Comercial
Mouzinho da Silveira.
Foi colaborador da
revista Presença. A sua
poesia, feita de
sortilégio a que não são
alheios certos recursos
paralelísticos do
lirismo popular do Minho
(principalmente da
região de Viana do
Castelo). Possuía um
conhecimento aprofundado
da dança folclórica
portuguesa, em especial
a minhota da região de
Viana do Castelo. Amália
Rodrigues imortalizou
alguns dos seus poemas,
talvez o mais conhecido
“Lavadeira que lavas no
rio”.
Mas vamos falar da
região.
Um pouco por toda a
parte deparam-se-nos,
nos concelhos de Ponte
de Lima e de Viana do
Castelo, citânias e
castros, antas e mamoas,
túmulos e ruínas – numa
palavra, vestígios de
civilizações que
procederam Roma. Mas
também velhas pontes
romanas, frescos e
azulejos de padrão único
em todo o mundo. Do
monte da Madalena,
sobranceiro à vila de
Ponte de Lima,
alcança-se toda a
ribeira até Viana do
Castelo – antes Viana da
Foz do Lima. Nas Argas,
do outro lado do vale, a
Senhora do Minho, na sua
capelinha cocuruto da
serra. Na linha do
Extremo, o Paço de
Calheiros, solene,
arcaico, mas cheio de
nobreza. E, para o lado
do mar, no caminho de
Viana do Castelo, o
senhorial Solar de
Bertiandos. Outrora,
estes concelhos minhotos
eram percorridos pela
via militar romana que
cruzava o rio Lima a 23.
Mil passos de Tuí e a 20
mil de Braga. O
cruzamento da via
fluvial com a estrada
romana foi a razão da
existência da vetusta
povoação de Ponte de
Lima, não muito longe de
Viana do Castelo.
A história e a paisagem,
os monumentos e a
poesia, são constantes
neste itinerário que nos
leva pelos dois
concelhos, ao longo da
Ribeira Lima.; onde seus
habitantes conhecem bem
quem tem ou não tem
valor – se for de
fachada, os forasteiros
serão ridicularizados.
BEIRAL
O ex-libris da terra é a
Casa da Torre de Beiral,
do século XVll,
reconstruída no
seguinte, em cuja
propriedade foi
descoberta, em 1959, uma
necrópole sueva e
valiosas peças
arqueológicas.
CORRELHÃ
Nesta freguesia regada
pelo rio Lima, onde terá
existido a povoação
romana de Villa
Corneliana, merecem
destaque a Igreja
Paroquial de São Tomé,
de traça romântica já
adulterada, e, a poucos
metros, a igualmente
romântica Capela de
Santo Abdão, que mantém
a pureza das suas linhas
de origem.
CRUZ da PEDRA
No segundo domingo de
Agosto, durante as
festas anuais,
realiza-se no Senhor da
Cruz da Pedra uma
curiosa reposição de um
velho auto medieval, que
evoca um combate entre
turcos e cristãos. Mais
adiante, num raro
enquadramento
paisagístico, a Igreja
de São João Baptista,
românica, guarda talhas
de um barroco português.
ESTORÁOS
Esta freguesia possuí um
conjunto muito curioso:
a fonte, a azenha e as
alminhas, monumentos
muito antigos, talvez de
raiz medieva. Logo a
seguida, encontram-se
aqui e igreja matriz e a
Casa do Mato Bom, onde,
segundo leva a crer,
terá nascido Fernão de
Magalhães (da
circunvalação marítima
ao mundo). Merece ainda
citação a Casa de
Penteeiros.
FACHA
Entre outros solares, a
povoação e freguesia da
Facha mostra, mesmo
junto à estrada
nacional, esse belo
espécime setecentista
que é a Casa das Torres,
construída no tempo de
D. João V (o
“Magnânimo”). Merecem
também citação as Casas
do Paço da Facha, de
Cavada, do Casal, da
Facha e do Arrivão.
FONTÃO
Alguns solares curiosos
caracterizam esta
freguesia. Merecem uma
visita as Casas Grande,
do Retiro e de Fundevila,
a primeira do século XVl
e as outras do XVlll ,
bem como a Casa de São
Bento.
GEMIEIRA
Para além da Igreja
Matriz, quinhentista,
com bom acervo de
azulejos, a povoação e
freguesia de Gemieira
possuí as Casas do
Bárrio, de Cartemil, dos
Casais, de Pereiros, das
Neves e do Couto de
Gondufe.
GERAZ DO LIMA
Na freguesia de Geraz do
Lima e na próxima de
Moreira de Geraz podem
ver-se solares e velhas
quintas solarengas,
entre as quais se
destaca a Casa da Torre
de Geraz. Dignas de
visitar também a Casa
dos Cunhas, a Casa da
Corredura, a Casa da
Bouça e a Casa do Paço.
Ainda digna de se ver é
a Torre dos Jácomes
Bezerra.
LANHESES
Na povoação de Lanhares,
limite do concelho de
Viana do Castelo, há que
ver o Paço dos Almadas.
Vale também a pena
apreciar-se o pelourinho
(monumento nacional) e a
Capela do Senhor do
Cruzeiro das
Necessidades, obras
barroca.
MOREIRA DO LIMA
A capela do Espírito
Santo, de raiz românica
(século Xlll) e obra dos
templários, foi
enriquecida com belos
retábulos do fim do
século XVll. São dignas
de interesse as Casas do
Outeiro, do Bárrio e da
Bela Vista, a primeira
do século XVl e as
outras do XVlll.
SANTA MARIA DE SÁ
No souto do Senhor da
Saúde, desta freguesia,
a pouca distância da
Igreja Paroquial, está a
Casa de Sá, solar nobre
onde nasceu o conde de
Barca, 3º conde da Bahía.
Um pouco mais além
encontram-se a Casa da
Cruz de Pedra, do século
XVll e a Casa da
Caravela do século XVlll.
SÃO JULIÃO DO FREIXO
Já em plena estrada,
ergue-se o Paço de
Corutelo, possivelmente
construído no século XVl,
à volta de uma velha
torre, solar do tipo
fortificado.
SÃO MARTINHO DE
GANDRA
Podem admirar-se em São
Martinho de Gandra
alguns solares rústicos
de interesse,
nomeadamente as Casas do
Coto, dos Abades, de
Nabais, do Casal (do
conde de Alentém), de
Pombal, do Hospital, do
Forno (dos Abreus
Coutinhos) e de Grijufe.
SÃO PEDRO DE ARCOS
Sobre o pano de fundo da
serra de Arga, ressalta
o cruzeiro paroquial,
fronteiro à muito antiga
Igreja Matriz.
VITORINO DAS DONAS
Junto ao rio, o Paço de
Vitorino é um bom
exemplo de solar
apalaçado, do 3º quartel
do século XVlll. Nesta
freguesia, situada na
margem esquerda do rio
Lima, merecem visita a
Casa das Torres das
Donas do século XVlll, a
Casa da Pousada do
século XVll e ainda do
que resta do antigo
mosteiro das monjas
beneditinas.
RIO LIMA
O rio Lima nasce na
serra de São Mamede, em
Espanha, a cerca de 950
metros de altitude, e o
seu curso estende-se
por 108 Km, dos quais 67
Km em Portugal.. O seu
principal afluente em
território português é o
rio Vez, na margem
direita. O clima da
bacia hidrográfica do
rio Lima, que cobre
2.480 Km2. , sendo 1.177
Km2. Em Portugal, vai de
muito húmido a pouco
húmido, situando-se as
zonas mais pluviosas nas
serras do Gerês e Soajo,
com valores da ordem dos
2.800 mm, e as de menor
pluviosidade junto à
foz, em Viana do
Castelo, com valores
anuais de 1.400 mm.
Viana do Castelo
http://www.portugal-virtual.net/portuguese
A história de Viana do
Castelo começou no Monte
de Santa Luzia, onde
existe hoje uma igreja.
Aqueles que quiserem ou
poderem, podem subir ao
topo do zimbório para
uma vista magnífica.
Não longe da igreja
encontra-se a Pousada de
Santa Luzia onde teria
sido a antiga povoação e
onde se encontram alguns
vestígios arqueológicos.
Esta povoação foi
habitada desde 2000 aC
até 1500 dC. O seu
declínio veio com a
invasão romana que
expulsou para o vale os
habitantes celtas desta
povoação.
Exploradores e colonos
partiram de Viana mas a
sua riqueza veio do
comércio com o Brasil e
prova disso são os belos
palacetes que se
encontram na região
construídos por aqueles
que aí fizeram fortuna,
como por exemplo na
região do Lima.
A parte antiga da cidade
tem ruas estreitas e
vielas reservadas a
peões e aí encontramos a
Praça da República com o
antigo Hospital da
Misericórdia do século
XVI e também a igreja do
mesmo nome com azulejos
e talha dourada, Os
Paços do Concelho, entre
outros edifícios. Ao
centro da Praça há uma
bela fonte do século XVI
.
Vemos ainda na cidade
uma parte do antigo
bairro judeu que abrigou
gente vinda de Espanha.
Quando o porto de Viana
ficou muito assoreado o
comércio mudou-se para
Vila Nova de Gaia, em
frente ao Porto, na foz
do Douro.
O vinho produzido nesta
região é o vinho verde,
branco ou tinto.Este
vinho é naturalmente
gasoso e tem um baixo
teor de álcool.
Acompanha muito bem
peixe e marisco.
Viana sempre viveu de
actividades ligadas ao
mar, principalmente da
pesca e da construção
naval e ainda hoje os
estaleiros de Viana do
Castelos são dos mais
importantes de Portugal.
Durante a terceira
Semana de Agosto, Viana
é palco de uma das mais
famosas romarias de
Portugal: «Festas de
Nossa Senhora da
Agonia». Procissões,
festivais de folclore,
desfiles etnográficos,
touradas, festivais de
fogo de artifício,...
são algumas das
manifestações que pode
encontrar. As ruas são
decoradas e a estátua da
Virgem é carregada para
a igreja da Senhora da
Agonia.
Arcos de Valdevez –
(Concelho do Distrito de
Viana do Castelo)

Origem do nome:
“Não há menor dúvida que
a fundação da vila de
Arcos De Vale De Vez é
muito anterior à
monarquia lusitana, pois
dizem alguns autores que
por muito tempo usou e
foi conhecida sob a
denominação de vila Vale
de Vez, passando a usar
a que tem actualmente,
depois que D. Afonso
Henriques ordenou a
fábrica primitiva dos
arcos, que se vêem na
praça principal em
memória do auxílio que
lhe prestaram os
moradores da povoação na
batalha que ali se deu
entre o nosso primeiro
monarca e seu primo
Afonso Vll de Castela e
Leão, no dia 25 de Junho
de 1128. Outros, porém,
afirmam que a vila só
adoptou o título de
Arcos depois de D. Manul
l haver ali passado em
1498, quando visitou o
túmulo de São Tiago de
Compostela, porque os
habitantes da vila tanto
o festejaram,
construindo uma extensa
série de arcos
triunfais, que o rei
quando se referia à vila
a designava “Dos Arcos”,
edaí lhe ficou o nome
que foi confirmado no
foral. Outros
antiquários, apaixonados
por encontrarem assunto
para referências ao
domínio romano, dizem
que esta vila não só
existia já nessa idade,
mas era já tão
importante e
considerável, que vem
citada nos anais da
conquista e domínio, na
península, com o nome de
Arcobriga. Na doação que
o rei suevo Teodomiro
fez da Igreja de Santa
Maria de Palácios ao
Bispo de Tui, em 560, se
vê que esta vila teve o
denominativo de “Vale de
Vice”, mas já então se
chamava “Vale de Vez”. O
que é mais curial é
ter-lhe sido
acrescentado o nome com
a designação de vale ,
para a distinguir de
outra da mesma
província, também
chamada de Arcos,
situada na comarca de
Ponte de Lima e a qual
foi D. Hilarião tomada
aos mouros no ano 750 da
era de Cristo e aí por
ele fundado o solar dos
Amoris”. (Do Arquivo
Histórico de Portugal).
Como já dissemos, Arcos
de Valdevez é vila muito
antiga e está ligada a
um dos mais importantes
factos da nossa
história, pois foi após
o recontro de Valdevez
que D. Afonso Henriques
aparece documentalmente
com o título de rei. A
terra de Val-de-Vez já
nos aparece referenciada
no século X, no
histórico e famoso
testamento de Mumadona
de Guimarães, feito em
959. E, no século Xl, no
inventário manuscrito
com data de 1059, em que
se relacionam todos os
bens do Mosteiro de
Guimarães, vem
igualmente mencionada,
tal como aparecia no
doação feita a
Compostela pelo rei
Barramundi em 991.
Valdevez está ligado a
uma importante
encruzilhada histórica,
na génese de Portugal. O
chamado recontro ou
torneio de Valdevez,
rematado por uma
provisória paz entre
Afonso Henriques
“príncipe dos
Portucalenses” e Afonso
Vll, imperador das
Espanhas, constituiu um
momento crucial na
audaciosa curva
ascendente do fundador
da dinastia afonsina.
Até 1136, o filho e
herdeiro do Conde D.
Henrique, vencedor da
batalha de São Mamede em
1128, intitulara-se
infante; desde aquela
data até cerca de 1140,
intitulara-se príncipe;
a partir do pacto de
Valdevez o príncipe
portucalense aparece
documentalmente o título
de rex (rei).
Quanto ao lugar onde se
teria dado o referido
recontro, uns dizem que
teria sido não junto da
confluência do rio Vez
com o rio Lima, mas,
sim, no alto da
montanha, próximo da
Portela do Extremo, na
vertente setentrional da
serra da Peneda.
Enquanto que Alexandre
Herculano, supõem-no
decorrido na veiga do
rio Vez, o qual ao falar
deste facto histórico,
conclui assim: “ Foi um
largo torneio em que a
vitória coube aos
valentes homens de
guerra do infante.
Fernando Furtado, irmão
do imperador das
Espanhas, Fernando
Peres, cunhado de Afonso
Henriques, o conde Ponce
de Cabrera e muitos
outros dos mais notáveis
fidalgos da corte do
imperador, derribados
pelas lanças dos
portugueses, ficaram
prisioneiros, segundo as
leis da cavalaria.
Supersticiosa como era
aquela idade (era), o
desbarato do conde
Radimiro e o cativeiro
de tantos senhores e
cavaleiros principais,
deviam parecer aos
leoneses péssimos
auspícios para uma
batalha, que, aliás se
tornava inevitável. E na
verdade a perda daqueles
ilustres guerreiros era
de justo motivo de
desalento. Acrescia que
os portugueses tinham
tomado melhores
posições. Nesta
situação, Afonso Vll
mandou ao campo inimigo
mensageiros que, em nome
dele, pediram ao
Arcebispo de Braga para,
por sua intervenção, se
tratar da paz. O prelado
português acedeu, e os
dois primos, falaram
amigavelmente um com o
outro. Ajustou-se uma
suspensão de armas por
alguns anos, ficando por
mútuos fiadores os cabos
principais de um e outro
exército, até que depois
com mais sossego se
pudesse atentar numa paz
definitiva e duradoura.
Entretanto os
prisioneiros feitos de
parte a parte foram logo
postos em liberdade, e
restituídos os castelos
reciprocamente
conquistados”. A vila
dos Arcos fixou-se de um
e de outro lado do rio
Vez. Quem nela entre
pela estrada de Ponte da
Barca, conhece, em
primeiro lugar, o bairro
de São Paio, contíguo à
margem esquerda do
afluente. Sobre o
apinhoado velho
recorta-se o campanário
da igreja que dá o nome
a essa parcela vetusta
da povoação. À entrada
fica a ponte, sólida e
bem lançada, de quatro
arcos, de cantaria. A
jusante há uma
frodosíssima ínsua com
um aprazível açude, de
águas rumorosas. Sobre a
ponte recosta-se, o
esbelto e velho cruzeiro
do Senhor dos Milagres.
Para a direita, ao longo
do rio, pitoresco e
meândrico, corre uma
frondosa alameda – o
chamado Trasladário, na
toponímia familiar da
terra. E subindo um
pouco, daremos em breve
de face com o templo
mais característico da
vila: O Igreja de Nossa
Senhora da Lapa, templo
do século XVlll, de
rigorosa fachada
barroca, construída em
1767. Enquadra o
conjunto retabular da
fachada uma bem
recortada cornija,
lavrada e coroada nos
flancos por duas ânforas
e apoiada em duas altas
pilastras. A dois
passos, encontra-se à
entrada de uma vetusta
ruela, uma outra obra de
arquitectura religiosa,
a Capela da Praça,
templo românico,
certamente coetâneo das
primeiras edificações da
vila, foi fundado pelo
abade de Sabariz, D.
João Domingues, cuja
arca tumular, com
estátua jacente,
subsiste no interior. O
portal romano-gótico,
tem duas arquivoltas de
ponto levemente subido,
assentes em quatro
colunelos. O núcleo da
vila é pitoresco e um
pouco labiríntico. As
casas e as calçadas são
de granito patinado pela
idade. Embora esteja já
hoje impregnada, em
parte, de algumas
artérias amplas e
modernas construções. O
ponto mais paisagístico
da vila é o antigo
Terreiro, minúsculo
promontório voltado para
os lados da montanha.
Daí se vê, a meia
encosta, na declivosa
vertente de serra do
Soajo, o formoso perfil
do Paço de Giela, etc.
No velho Terreiro, hoje
convertido em Jardim
Público, destaca-se, do
lado do rio, a Casa do
Terreiro, que data do
século XVlll e tem
fachada de dois pisos. O
andar nobre apresenta
nove portada com
varandas de ferro. No
pátio desenvolve-se uma
escadaria bem iluminada.
Um dos salões é coberto
por um tecto de madeira
dourada. Outras salas
têm tectos de estuque
pintados. Perto do
Jardim está a antiga
Igreja Matriz, que foi
edificada, no período de
1690 a 1700, sobre as
ruínas de um templo mais
antigo. Adossada a uma
das paredes exteriores,
situa-se a Capela do
Calvário. As paredes do
interior são revestidas
de azulejos da época da
construção. Adornam os
altares boas talhas
douradas. Peças
apreciáveis são a imagem
de São Brás, esfolada,
do século XVlll, e dois
anjos tocheiros, estilo
D. João V. O altar-mor
tem um frontal de
madeira policromada
representando a Última
Ceia. Conserva ainda a
igreja alguns túmulos
armoriados. E descendo,
passa-se pelo
Pelourinho, tipicamente
manuelino, é formado por
uma coluna torcida,
monolítica, rematada por
esferas armilares e
escudos. É obra do
canteiro João Lopes “o
Velho”, autor dos
chafarizes de Caminha e
de Viana do Castelo.
Nas proximidades de
Arcos de Valdevez
encontra-se a Ermida da
Senhora do Castelo, um
dos mais belos mirantes
da vila e do Vale do
Vez. Tanto na subida,
como no próprio alto se
alcançam quadros duma
paisagem maravilhosa. É
no cimo que está a
ermida, a 433 metros de
altura, talvez no lugar
do desaparecido roqueiro
medievo, ao lado de um
marco geodésico. A cerca
de 4 Km, fica um cabeço
que tem 232 metros de
altura, o São Miguel o
Anjo, que é densamente
arborizado e coroado por
alguns colossais
rochedos. Na área
pedregosa do cimo
vislumbram-se vestígios
de vida castreja. Na
subida ou na descida
importa visitar o Paço
de Giela, do século XVl,
embora arruinado, mas
muito interessante, com
a sua janela manuelina.
À Serra do Soajo é
sempre um passeio
apetecível pois é a
penetração ao interior
do bloco orográfico,
genericamente designado
por Serra da Penela, na
sua parte sul, chamada
Serra do Soajo e na
parte oriental Serra de
Castro Laboreiro. Esta
viagem permite-nos
entrar em contacto não
só com a paisagem
natural da montanha, de
beleza austera, mas
ainda com formas de
ocupação humana que não
se encontram nas zonas
marginais dos rios, nas
zonas da “ribeira”.
É muito típico o trajo
regional da gente do
Soajo. E na aldeia
perdura ainda o
“caniço”, espigueiro ou
canastro, onde se
guardam as espigas de
milho. Quase obrigatório
para quem deseje
conhecer bem a paisagem
interior do Minho, é o
Santuário da Peneda.
De Arcos de Valdevez a
Monção, são cerca de 30
Km, por uma estrada que
segue ao longo da
vertente ocidental do
rio Vez. Alguns
quilómetros percorridos,
surge a ponte da
Sovideira, sobre a
ribeira de Pedroso (que
tem trutas), para mais
adiante se atingir o
Alto do Extremo, uma das
mais belas portelas do
Alto Minho. Daí se
avistam, claramente, em
sucessivos planos, as
linhas de cumeada do
Soajo, do Gerês, da
cabreira, de Lanhoso, de
Espinho.
Agora, começa a
descer-se para monção,
até se passar sobre o
rio Gadanha (também com
trutas) e mais adiante
deparar com o Palácio da
Brejoeira, notável
exemplar da construção
civil do século XlX,. A
fachada principal possui
Uma característica
neoclássica
inconfundível: o ênfase
dado às linhas direitas
e a sólida alvenaria
anunciam o fim do
barroco. No entanto,
ainda se vêem pormenores
barrocos, tais como as
janelas de ombreiras
salientes nas torres dos
cantos e os frontões
curvos sobre as janelas
do primeiro andar.
Diz-se que o Palácio da
Brejoeira data de 1806.
Esta afirmação
corresponde a
informações de Dora
Wordsworth no seu Diário
de Alguns Meses em
Portugal, publicado em
1845, onde se refere que
a Brejoeira “teve início
cerca de quarenta anos
antes”. Foi mandado
construir por Luís
Pereira Velho de Moscoso
e as obras
prolongaram-se até 1834.
Por esta altura, Luís
Pereira, nascido em
1767, teria talvez sido
substituído pelo seu
segundo filho, Simão
Pereira, baptizado em
1805 e que viveu até
1881. A seguir à sua
morte, por volta de
1901, o palácio foi
vendido a Pedro Maria da
Fonseca Araújo,
Presidente da Associação
de Comércio do Porto,
que realizou as maiores
obras de restauro. Em
1937 foi novamente
vendido a Francisco de
Oliveira Pais, de
Lisboa. Não se conhecem
provas evidentes de
identificação do
arquitecto, mas o
palácio tem sido
atribuído a Cruz
Amarante, nessa altura o
mais importante
arquitecto no norte de
Portugal. O palácio tem
uma planta em forma de L
e três torreões, plano
este que sugere ter
havido a intenção de
construir quatro corpos
iguais com um torreão em
cada canto.
Arcos de Valdevez
http://www.cm-arcos-valdevez.pt
A relação histórica
entre a ocupação humana
dos espaços e a
organização natural dos
mesmos assume no caso do
vale do rio Vez um papel
de primordial
importância. As
múltiplas áreas de
regadio e de terrenos
férteis proporcionados
pelo rio e seus
afluentes e a existência
de amplos anfiteatros
naturais, opondo zonas
de serra e de planície,
favoreceu desde muito
cedo o estabelecimento
de comunidades humanas.
Da pré-história
chega-nos um legado de
evidente importância. O
número de monumentos
funerários provenientes
do período neolítico
(cerca de 2500 anos
antes de Cristo)
comunemente designados
por "mamoas" e "antas",
é de cerca de uma
centena, destacando-se
pela sua importância o
núcleo megalítico do
Mezio, recentemente alvo
de estudo e valorização.
De igual modo relevante,
quer pela sua
importância patrimonial
quer pela cientifica, é
a estação de arte
rupestre do Gião,
formada por um conjunto
de cerca de 100 rochas
gravadas com diversos
motivos esquemáticos,
incluídos num fantástico
anfiteatro natural,
representando um vasto
local de reflexão ritual
para as comunidades
humanas que as
realizaram há cerca de
3500 anos.
O período
proto-histórico e de
ocupação romana revela
vestígios diversos, não
só na toponímia local,
mas sobretudo na
quantidade significativa
de recintos defensivos e
habitacionais, os
"castros", existentes
por todo o concelho, e
onde os casos de Ázere,
Álvora e Cendufe serão,
provavelmente, os mais
conhecidos.
A Idade Média trás
consigo uma organização
do território e do
espaço que será também
ela um reflexo das
condicionantes naturais
e da geografia. A
distribuição das
paróquias medievais e
dos primeiros mosteiros
aproveita os recursos
das áreas planalticas e
de monte, como os casos
exemplares dos mosteiros
de Ermelo (cisterciense)
e Santa Maria de Miranda
(de base beneditina). As
áreas de serrania
facilitaram a fixação
das populações baseadas
essencialmente numa
tradição de pastorícia e
de uso sazonal,
recuperada pelas actuais
"brandas" e "inverneiras".
A montanha favoreceu o
desenvolvimento de
recursos naturais
abundantes, sobretudo de
caça diversa, que
juntamente com a sua
posição estratégica de
fronteira, cedo
impeliram os primeiros
monarcas nacionais a
visitar e a incentivar a
fixação de populações
nessas zonas. Espelho da
importância como via de
comunicação natural
entre o Norte do pais e
a vizinha Galiza, é o
numero significativo de
pontes de origem
medieval, representadas,
entre outras, em
exemplares únicos como
os de Vilela e Cabreiro.
A sua posição
estratégica natural
destacou as terras de
Valdevez como lugar
primordial de
organização militar e
social, atestada já em
documentação dos Séculos
X e XI. Apesar de
abandonado em meados do
Século XIII, o castelo
de Santa Cruz, em Vila
Fonche, sobranceiro à
actual vila, foi um dos
primeiros elementos de
suporte à fixação humana
nesta zona precisa,
solidificada pela fácil
comunicação das
diferentes vias que
confluíam na ponte
medieval do rio Vez, e
favorecendo, deste modo,
o desenvolvimento de um
polo urbano dinâmico e
fundamental, que já em
1258 controlava uma
mancha geográfica
próxima da do actual
concelho de Arcos de
Valdevez. A importância
de toda esta área como
vector de evidente
desenvolvimento leva D.
Manuel I a conceder
foral à vila em 1515.
A reforma liberal
oitocentista viria a
traçar os limites
definitivos do actual
concelho, com a
introdução das áreas de
Soajo, Ermelo e Gavieira.
Caminha – (Concelho do
Distrito de Viana do
Castelo)

Caminha se deve ter
gerado num dos núcleos
castrejos que o rodeiam,
tal como o de Vilar de
Mouros. No século Xlll,
D.Afonso lll ordenou o
enxugo de alguns tractos
marginais, com o fim de
ampliar a povoação
amuralhada. D. Diniz
prosseguiu o intento, e
em 1284 concedeu-lhe
foral e ordenando o
reforço dos muros. No
interregno, ainda seguiu
o partido castelhano.
D. João l, na sua dura
volta pela província,
chamou-a ao bom caminho.
E foi esse monarca que a
fez porto franco em
1390. No século XV a
cerca contava dez torres
e quatro portas. A Porta
do Marquês fazia face ao
rio e ficava próxima do
local extra – muros
escolhido para a
construção da Igreja
Matriz iniciada no
reinado de D. João ll. A
Torre do Relógio havia
sido já edificada no
reinado de D. Afonso V,
o Africano. Esta Torre é
de planta quadrangular,
conserva um pequeno
eirado no qual assenta o
suporte do sino. Nela se
rasga a porta que
outrora defendia a vila.
Sobre o arco está
gravada a data de 1673 e
figura uma pequena
imagem de Nossa Senhora
da Conceição. D. Manuel
l deu-lhe foral, em
1512, e ordenou a
reconstrução do Forte da
Ínsua, que visitou na
sua ida para Santiago de
Compostela. O Forte da
Ínsua, é uma fortaleza
com cinco baluartes,
mandada edificar por D.
Diogo de Lima, no século
XVl, sobre um ilhéu
pedregoso. Conserva uma
porta armoriada. Nos
terraços subsistem
algumas peças de
artilharia, de bronze,
sobre carretas de ferro.
Dentro das muralhas
existem os restos de um
claustrim. Uma pequena
capela guarda vestígios
da primitiva edificação
românica e panos
inteiros de paredes
revestidas de azulejo do
tipo tapete do século
XVll.
Este Forte fica a cerca
de 4 Km de Caminha, por
estrada ou de barco,
neste caso com bom
tempo. Ínsua situa-se
no prolongamento da
linha arenosa que vai
desde a Praia de Moledo
à foz do rio Minho.
Diz-se que de cinquenta
em cinquenta anos, o
Forte é acessível por
uma lingueta arenosa.
Durante a Guerra da
Restauração, a cinta
defensivo foi
profundamente reformada
e alterada. A vila,
isenta do senhorio dos
Meneses, tornou-se uma
pequena praça de guerra,
meia medieva, meia à
Vauban, com a
circunvalação, fossos,
contra – escarpas,
redutos e revelins. Era
constituída por dois
polígonos. E essa dupla
cinta defensiva ainda
existia em 1875. Na fase
da Guerra Civil (em 23
de Março de 1834),
Caminha foi submetida
por um golpe de surpresa
dirigido por Napier,
cujas forças ele
conseguiu fazer
desembarcar, de noite,
em La Guardia. As únicas
vítimas foram: o
governador da praça r um
sacerdote. O Forte da
Ínsua rendeu-se poucas
horas depois.
A vila de caminha é
deveras encantadora, com
a sua baía, a foz do
Coura e o sortilégio da
paisagem galega
(Espanha), onde se eleva
o monte de Santa Tecla.
O centro da vila é a
antiga Praça (hoje
chamada Praça do
Conselheiro Silva
Torres), rodeada de
algumas árvores de tília
e enobrecida por um
interessante chafariz,
quinhentista, de
granito, obra do exímio
canteiro João Lopes o
Velho. . É composto por
duas taças asentes numa
plataforma circular, à
qual dão acesso quatro
lanços de escadaria.
Um dos edifícios mais
dignos de admiração é a
antiga Casa dos Pitas,
construída nos fins do
século XV (em 1490),
pelo fidalgo galego
Inigo Lopez de Anucibay,
ascendente dos Pitas.
Esta Casa apresenta
fachada ameada e
armoriada. No
rés-do-chão rasgam-se
portas de umbrais
chanfrados. No andar
superior recortam-se
sete janelas.
Do lado norte da Praça
estão os Paços do
Concelho, um edifício
restaurado, com um
formoso tecto, de
castanho, de 32
caixotões alveolares
octogonais e apurados
lavores de talha do
século XVl, proveniente
do sub-coro da Igreja
Matriz. O edifício tem
dois pisos, com arcada
alpendrada assente em
pilares. No interior
eleva-se uma monumental
escadaria de pedra.
Junto da Câmara
Municipal situa-se a
Igreja da Misericórdia,
concluída em 1551, na
fachada destaca-se o
portal renascença, de
granito. Nos ângulos
superiores ostenta dois
medalhões em alto-relevo
representando São Cosme
e São Damião. Guarda, no
interior, boas talhas e
ex-votos de madeira
pintada.
Ao nível da rua, a torre
é trespassada pelo Porta
que defendia outrora a
entrada principal da
vila. A frontaria, de
dois andares, ostenta na
fachada as armas reais.
No primeiro piso
rasgam-se janelas
ornadas de grades de
ferro.
Penetrando na vila
velha, pela estreita Rua
do meio, temos mais
adiante a Igreja Matriz,
valioso templo de raiz
gótica tardia, já com
muitos traços renascença
cuja construção demorou
75 anos. Foi iniciada em
1480, no reinado de D.
João ll, e só ficou
concluída em 1556, já no
reinado de D. João lll .
O pórtico lateral, em
forma de retábulo,
apresenta nichos onde
sobressaem os Quatro
Evangelistas, e no
tímpano do frontão, a
padroeira, Nossa
Senhora. O interior é de
três naves, separadas
por cinco arcos redondos
assentes em quatro
colunas cilíndricas.
Cobre-os um tecto de
alfarge, constituído por
uma série de painéis
horizontais e
octogonais. Ao centro
está um florão, de
grande relevo, com um
pingente. A Capela dos
Mareantes, construída
nos princípios do século
XVl, é coberta por uma
abóbada polinervada e
obriga uma imagem de
Cristo crucificado, que
a tradição diz ter sido
encontrada no mar. As
paredes das naves estão
recobertas de azulejos
com medalhões
representando figuras
masculinas não
edificadas, mas que se
supõe serem os próprios
arquitectos do edifício.
Entre a superfície lisa
do estuário e o
baluarte, corre a airosa
avenida marginal. Ao fim
desta avenida, na
confluência do rio
Coura, existem duas
pontas, uma de pedra
para o trânsito
rodoviário e outra mais
acima, metálica, para o
trânsito ferroviário. É
aqui que se encontra a
formosa alameda que
também faz de jardim.
Passeios e Excursões que
se pode fazer a partir
de Caminha:
MONTE de SANTO ANTÃO,
que dista 5Km da vila,
em parte a pé. É uma
elevação admirável
fronteira ao monte de
Santa Tecla (Galiza –
Espanha). A panorâmica
que de lá se avista é
inesquecível.
PINHAL do CAMARIDO, a 2
Km por estrada. É uma
frondosa mata nacional,
de origem medieval, que
se deve a D. Dinis. Ao
lado da mata situa-se a
aprazível Praia de
Moledo do Minho, que se
prolonga até à foz do
rio Minho.
SERRA de ARGA, por
qualquer das duas
estradas florestais.
Passeio admirável. Daí
se vê toda a Ribeira
Lima, num espectáculo de
empolgante beleza
paisagística. Na descida
poder-se á visitar em
São João da Arga, as
ruínas do antigo
mosteiro beneditino.
De CAMINHA a CERVEIRA,
são 12 Km de estrada, À
saída de Caminha
transpõe-se a
confluência do rio Coura
por uma ponte de
365 metros de
comprimento e 28 tramos,
que oferece uma
encantadora visão do
estuário. Estamos agora
na airosa povoação
ribeirinha de Seixas, e
a seguir Lanhelas, com a
Casa da Torre a chamar a
atenção. Era aqui que
Frei Bartolomeu dos
Mártires vinha passar
grandes temporadas com
os senhores da casa,
esta fundada no final do
século XV por Gil
Vasques Bacelar, junto
de uma antiga torre
afonsina, vigilante do
rio. Mais adiante fica a
Ilha dos Amores e a
Ínsua da Boega. E logo a
seguir a Vila Nova de
Cerveira.
VILAR de MOUROS, por
estrada. Este passeio
pode fazer-se em
circuito, saindo pelo
centro da vila e
entrando pela ponte. A
travessia do rio Coura,
em Vilar de Mouros,
faz-se por uma ponte
romana.
Origem do nome::
“Caminha é vila antiga,
posto que se não possa
assinalar ao certo a
época da fundação;
entretanto é atribuída a
um fidalgo da Galiza, de
nome Caminio, do qual
deriva o que usa”.
(Domingo Ilustrado –
1887).
O autor da Corografia
Portuguesa , no primeiro
tomo, quer afirmar que
este nome Caminha é de
Camínio, seu fundador,
cavaleiro da Galiza, e
senhor da casa de
Caminho; porém esta não
é a noticia certa,
porquanto Caminha é mais
antiga que Camínio, e
pode competir
antiguidade com as
principais cidades do
reino, das quais fazendo
menção em Plínio no
livro 25, nomeia a
Caminha com o nome de
Oppido Minium. É, pois,
o nome Caminha derivado
de ser Caput Minii; e
assim o mostra a razão,
e experiência, por estar
situada no Cabo de Santo
Antão, que está iminente
sobre o rio Minho; e é o
primeiro descendo do
norte, e uma rua que tem
sobre a Ribeira do mesmo
rio, e à raiz do mesmo
promontório conserva,
ainda o nome da rua do
cabo, e como o mundo dá
muitas voltas, bem
poderia ser que se
arruinasse esta vila em
tempo de Camínio, e ele
a reedificasse de novo”.
(Descrição da Villa de
Caminha – Frei D. João
da Câmara – 1889).
“Pequenina, fresca,
sorridente, esta vila
tem alguma coisa
infantil de seduz.
Apeninsulada pelo mar e
por dois rios, lembra
vagamente uma
canastrinha de verdura,
onde um novo Moisés
sorrisse embalado pelas
águas” – assim se
referiu D. João de
Castro a Caminha.
Estamos, de facto,
perante uma terra que a
natureza caprichou em
dotar com os mais belos
primores. Desde o mar à
montanha e do rio ao
vale, dificilmente se
encontrará quadro mais
harmonioso. Dizem que no
mesmo local já tinha
havido uma povoação
romana, mais tarde
totalmente destruída
pelos mouros. Depois
disso, um fidalgo
galego, enamorado pelas
belezas do sítio fundou
ali, no ano de 950, uma
aldeia que dele tomou o
nome, convertido, no
decorrer dos tempos, em
Caminha”. (Leonídio de
Abreu – 1956).
A vila de Caminha surge
como que metida entre o
rio Minho e o rio Coura,
seu afluente. É burgo
secular, mais velho que
Portugal, onde cada rua,
cada velha mansão
senhorial, cada viela ou
recanto de muralha, é um
desfiar de contos e de
lendas, um dizer de
história. Há que subir à
pequena colina de Santo
António e penetrar no
velho forte para admirar
aquela pintura soberba.
Tudo leva a crer que,
antes do alvorecer da
Nacionalidade, e no
local que é hoje a parte
sul da vila, existia uma
enorme colónia de
pescadores povoando o
sopé desta colina, muito
próxima do rio. Aí deve
tEr nascido Caminha. Mas
já em tempos muito
recuados o povoamento
acontecera,
suficientemente
ilustrado em vestígios
arqueológicos ligados às
civilizações celta e
romana, que se
encontraram em diversas
localidades próximas,
como em Vilar de Mouros.
Povoação fronteiriça,
Caminha viveu, ao longo
de séculos, tudo quanto
a História relata dos
diferendos e contendas
entre Portugal e
Espanha.
Ao percorrer a marginal
de Caminha, sentimo-nos
tentados por uma pequena
ilha, lá ao fundo, onde
o rio acaba e o mar
começa. A tendência é a
acompanhar o majestoso
rio Minho e desviar até
à foz, numa curta viagem
entre acácias (mimosas)
e pinheiros. Do lado de
lá está o monte de Santa
Tecla, que se ergue da
margem até ao céu num
extremo pontiagudo. E ao
centro do rio impõe-se
uma pequena ilha de
“tesouros” esquecidos
pelo tempo. É aí que
vamos descobrir a
Fortaleza de Ínsua. No
seu interior existe um
convento e uma igreja
abandonados. Diz a
tradição que de um
templo pagão dedicado a
Saturno, passou a uma
ermida consagrada à
Virgem, a que uns
chamaram Santa Maria de
Ínsua, os espanhóis
Santa Maria de Carmes e
os navegadores
caminhenses, Senhora da
Salva. O convento
Franciscano que ali
existiu foi fundado em
1392. Os frades que nele
habitaram nunca foram em
grande número devido às
condições rudes em que
ele se inseria e em
1620, perante os ataques
constantes da pirataria,
abandonaram mesmo o
convento,
estabelecendo-se na vila
de Caminha. Durante as
guerras da Restauração,
foi então erguida a
fortaleza em torno do
convento para defesa da
fronteira. Os frades
deram assim lugar a um
destacamento permanente
de tropas. No entanto,
existem informações de
se ter radicado lá, em
1705, a Ordem dos
Capuchos, religiosos que
pretendiam cultivar a
“humildade, pobreza e
mortificação”. Cinco
baluartes elevam-se
sobre a ilha e as
canhoeiras nos
parapeitos dos terraços
ainda possuem velhas
peças de artilharia.
Quartéis, depósitos,
cozinhas de belas
chaminés, um claustro
minúsculo, uma capela e
um alpendre é o que se
pode encontrar dentro do
Forte da Ínsua. Foi este
mesmo forte que
participou na magnífica
defesa que impediu a
esquadra francesa de
proteger o exército de
Soult e ali iniciar a
Segunda invasão
napoleónica. Em 1940, o
forte foi entregue ao
Estado. Hoje está
entregue aos ventos, às
marés e às aves, que ali
encontraram o sítio
ideal para os seus
pousos. No Verão são
frequentes as visitas
dos turistas que pagam
aos pescadores para uma
viagem até à Ínsua. No
Inverno, o mar não dá
descanso e uma visita à
ilha poderia ser
catastrófica. É que a
separar a ilha da terra
existem dois canais,
mistos de rio e de mar,
temidos pelos pescadores
de Caminha. Por isso
costumam dizer “na barra
de Caminha não entra
quem quer, mas só quem
sabe”. Por isso, no
Inverno, o melhor será
avistá-lo de terra. Se a
foz do Minho não é
suficiente perto para
lhe satisfazer o olhar,
então vá até à praia do
Moledo, onde a Ínsua
parece a pouco mais do
que uns pares de metros
de distância.
OUTRAS TERRAS DA REGIÃO:
GONDORÉM: Junto da
Estação de Caminho de
Ferro de Gondarém, a
estrada camarária conduz
à igreja e ao Calvário.
Antes, ergue-se o Solar
da Loureira, belíssima
residência apalaçada, de
arquitectura barroca
tipicamente minhota,
construída no século
XVlll. Um pouco mais
acima, na estrada,
encontra-se a Casa da
Quinta do Outeiral,
outra bela moradia
setecentista,
actualmente transformada
em estalagem, que
preservou os seus traços
característicos, da qual
se vislumbra um belo
panorama sobre o rio
Minho. Prosseguindo a
subida da ladeira,
depara-se ao viajante a
Igreja Matriz de
Gondarém, construída no
século XVl. Mais acima,
depois da capela, surge
o calvário com o seu
cruzeiro, junto do qual
se encontra o miradouro,
de onde se pode
contemplar a
espectacular paisagem
minhota.
LANHELAS: Nesta povoação
do concelho de Caminha
destaca-se a Casa de
Lanhelas, ou, como é
vulgarmente conhecida,
Casa dos Bacelares,
sobranceira ao rio Minho
e constituída por três
torres de épocas
diferentes, duas delas
ligadas por um corpo
quinhentista. Durante os
dias da romaria em honra
do Senhor da Saúde,
mantém-se aqui como
tradição servir aos
romeiros solha (peixe)
seca e assada, um
verdadeiro petisco.
VILAR DE MOUROS: É um
lugarejo pitoresco de
beleza rústica
incomparável. Moinhos e
azenhas enquadram
recantos sossegados de
águas límpidas e
sussurrantes. Relances
de pura feição silvestre
e cada vez mais serrana
sucedem-se. É a paisagem
minhota, talvez da mais
genuína. É importante a
velha ponte medieval,
considerada monumento
nacional.
Caminha
http://www.cm-caminha.pt
Caminha é uma povoação
antiquíssima. Nas
imediações existem ainda
vestígios de
civilizações atribuídas
a épocas proto e
pré-históricas, como
mamoas, dólmen e
castros. De resto, toda
a região do Noroeste da
Península, e muito
especialmente a bacia do
Minho, ostenta várias
edificações do período
Megalítico. Mas a
cultura dominante e que
mais vestígios deixou
nesta zona foi, sem
dúvida, a Castreja. As
casas, quase todas do
tipo redondo ou ovalado,
denunciam marcas da
cultura pré-céltica.
Na organização paroquial
suévia do séc. V
aparecem os topónimos
“Camenae” ou “Camina”.
Quase todas as
freguesias do concelho,
mercê da sua situação
geográfica, terão sido
pontos fundamentais ao
controlo do comércio dos
metais que tinham que
tinham de percorrer as
águas do Rio Minho.
O perímetro e a
configuração oval da
antiga muralha obedecem
às características de
construção das
fortalezas romanas dos
sécs. IV e V. Mas do
período da romanização
ficaram ainda pontes,
caminhos e outros
monumentos.
Em 1060 I. Magno de Leão
designa Caminha como
sede de um condado que
denominou “Caput Mini” e
cerca de meio século
depois, Edereci localiza
“um forte castelo em
ilha a montante da foz
do Minho” e outro “acima
do precedente em terra
firme e eminente”. Isto
mesmo se crê conformado
nas Inquisitiones: “na
colação de Sta. Maria de
Caminha, em Vilarélio,
se situa o velho castelo
de Caminha” subordinado
durante séculos à Sé de
Tui. Somente a partir
dos começos do séc.
XVIII apareceram, nas
chancelarias
portuguesas, documentos
de desafectação
respeitantes a Caminha e
povoações ribeirinhas do
Minho, alguns do reinado
de D. Afonso III, com
notícias da edificação
de mais uma torre (a do
Sol), com sua porta.
Pela situação
geográfica, Caminha era
um ponto avançado na
estratégia militar
portuguesa na luta
contra castelhanos e
leoneses. D. Dinis
mandou aumentar as
muralhas e construir
mais duas torres,
elevando para treze o
seu número (dez torres e
três portas - a do Sol,
a Nova e do Marques).
A 24 de Julho de 1284,
outorgou aos habitantes
do concelho a primeira
Carta Foral.
Em 1321, criado o
concelho vizinho de
Cerveira, foram
incluídas neste algumas
freguesias de Caminha. A
vila conservou-se sempre
na posse da Coroa até
que, em 1 de Junho de
1371, D. Fernando criou
o Condado de Caminha,
fazendo seu primeiro
conde D. Álvaro Pires de
Castro. D. João I
doou-a, em 1390, a
Fernão Martins Coutinho,
concedendo-lhe também o
privilégio de “povo
franco”. Esta medida
desenvolveu
extraordinariamente a
vida marítima e o
comércio locais,
permitindo também o
início da construção da
majestosa Igreja Matriz,
em 1428. A vila é nessa
altura terra
prometedora. Do seu
porto partem barcos para
diversas partes da
Europa.
A 20 de Julho de 1464,
D. Afonso V fez senhor
de Caminha a D. Henrique
de Meneses, da Casa de
Vila Real, nesta se
conservando até 14 de
Maio de 1641.
Nesse ano e após
conspiração contra Rei
Restaurador entrou na
posse da Casa do
Infantado até à sua
extinção (1834). D.
Manuel concedeu a
Caminha novo foral em 1
de Julho de 1512 e
ordenou a reconstrução
do Forte da Ínsua, que
visitou na sua ida para
Compostela.
Durante e depois do
período da Restauração
foi criada em Caminha
uma alcaidaria-mor,
nomeando-se para ela,
por mercê régia de 7 de
Março de 1643, o 4º
morgado de Barbeita,
Rodrigo Pereira de
Sotomaior. Foi durante o
governo deste e de seus
filhos, Gonçalo Afonso
de Sotomaior e Bento
pereira da Silva (2º e
3º alcaides-mor) que se
executaram todas as
obras de defesa
exteriores da Caminha,
iniciadas em 1642 e
terminadas em 1685.
Durante a 2ª Invasão
francesa, em Fevereiro
de 1809, Caminha foi
atacada pelas tropas do
Marechal Soult. A ajuda
do povo às poucas tropas
do tenente-coronel
Champalimaud, impediu os
franceses de entrar em
Caminha. Uma defesa que
constitui uma página
brilhante de estratégia
militar.
- Caminha, In Dicionário
Enciclopédico das
Freguesias, Vol.I
- Caminha, Enciclopédia
Luso-Brasileira
CAMINHA…. HOJE
Caminha acarinha o
turismo, mas privilegia
as suas gentes. Ao longo
dos anos a qualidade de
vida da população tem
aumentado. Têm sido
melhoradas as condições
de vida de todo o
concelho, as
infra-estruturas
urbanísticas, o
bem-estar social, a
oferta cultural e
desportiva, a actividade
económica e a educação.
Em 1994 o município de
Caminha fundou,
juntamente com outros
Paredes de Coura, Vila
Nova de Cerveira,
Valença, Monção e
Melgaço, a Associação de
Municípios do Vale do
Minho (Vale do Minho –
AM).
Com a nova legislação de
Maio de 2003, que
confere um novo modelo
de reorganização do
território, Caminha
optou por constituir uma
Comunidade Urbana com os
municípios localizados
mais a sul. A
formalização dessa
ComUrb designada
“Valimar” foi efectuada
a 11 de Março deste ano
pelos municípios de
Viana do Castelo, Ponte
de Lima, Arcos de
Valdevez, Ponte da
Barca, Esposende e,
claro está, Caminha. A
“Valimar” tem vindo a
concertar projectos
comuns, entre os vários
municípios, de forma a
colocar esta comunidade
na rota do
desenvolvimento
sustentável, do
progresso e da
valorização do
património e dos
recursos ambientais,
económicos e turísticos.
Sendo um concelho rico
em termos ambientais,
paisagísticos e
usufruindo de variados e
qualificados recursos
naturais, patrimoniais e
culturais, Caminha tem
testemunhado um intenso
crescimento do turismo,
principalmente na época
balnear. Porém, durante
todo o ano, nas
festividades e aos
fins-de-semana, muitas
são as pessoas que
escolhem Caminha como
destino e, cada vez
mais, como local para
segunda residência. Bem
localizada
geograficamente, Caminha
encontra-se perto da
Galiza, está a uma hora
da área Metropolitana do
Porto, e permite uma
saudável e rápida
escapadela da agitação
própria das grandes
cidades.
As paisagens que se
distribuem pelos dois
vales, o do Âncora e o
do Coura, os rios, as
praias, a Serra, o
património, a
gastronomia, o
artesanato…são peças que
constituem este
verdadeiro “Mosaico de
Paisagens”.
Melgaço – (Concelho do
Distrito de Viana do
Castelo)

Melgaço recebeu o seu
primeiro foral outorgado
por D. Afonso Henriques,
em 1811. No reinado de
D. Afonso lll, a
povoação foi cercada de
muralhas, das quais
subsistem alguns
vestígios. D. Manuel l
outorgou-lhe foral novo
e privilégios em 1513.
Origem do nome:
“Leite de Vasconcelos
escreveu textualmente o
seguinte: “Melgaço”
parece relacionar-se com
o nome de homem
Melgaecus, que se lê em
inscrições romanas do
Minho; o étimo seria
Melgaceus igual a
Mel-aceus”. Sem prejuízo
da opinião autorizada,
que fica exposta, J.
Piel regista um grupo de
topónimos iniciados por
Mel – (Mela, Melarizes,
Melhe, Melides, Melim e
Melo), distribuídos por
quase todos os distritos
de Lisboa para o norte.
Declara este erudito
autor não ter conseguido
descobrir a origem da
raiz Mell – (ou Mel -),
incluído, todavia, tais
nomes entre os
germânicos existentes na
toponímia portuguesa”.
(Dr. Xavier Fernandes –
1944).
“É rara a povoação que
não pretenda ilustrar-se
com foros da maior
antiguidade, embora,
para isso, haja de
transpor todas as
barreiras do tempo. A
vila de Melgaço não
podia fugir à regra.
Enquanto alguns
historiadores a
consideram fundada por
D. Afonso Henriques, que
lhe deu foral em 21 de
Julho de 1181, outros
dão-na como já existente
no tempo dos árabes, com
o nome de MINHO. Ora,
se o nosso primeiro rei
a adorou foi porque ali
existia um aglomerado
digno de tal mercê.
Parece, no entanto,
averiguado que já onze
anos antes o mesmo
monarca havia mandado
construir, no sítio,
onde hoje assenta a
vila, um castelo
destinado a impedir
qualquer arremetida
vinda lá das bandas de
Leão. Seria, então, à
sombra desta fortaleza
que teria surgido a
povoação mais tarde
distinguida com o régio
foral. Assim passaria,
pois a atribuir a D.
Afonso Henriques a
fundação de Melgaço”.
(Leonídio de Abreu –
1956).
Inegavelmente, Melgaço é
povoação antiga, coroada
por um velho castelo
afonsino, como atalaia
da fronteira que a dez
quilómetros, no Posto de
São Gregório, deixa de
ser raia húmida para se
tornar raia seca e
serrana. No local onde
hoje se ergue o castelo
tiveram os islamitas,
mas por pouco tempo, nos
fins do século lX, uma
fortificada atalaia,
nessa época de
reconquista. O Castelo
foi mandado erguer por
D. Afonso Henriques, em
1170, que mandou
repovoar a terra
destruída por Almançor.
Nessa data já existiam,
a igreja de Nossa
Senhora da Orada, o
convento de Fiães e o
convento de Paderne. O
Castelo de estrutura
afonsina, conserva a
torre de menagem
quadrangular, coroada de
ameias. Estas assentam
num robusto entablamento
de ressalto. Na praça de
armas existem vestígios
da antiga cisterna. Da
cerca periférica que
envolvia o Castelo,
formando um cidaddela,
restam apenas duas
portas. É preciso
avançar mais e situamos
no reinado de D. João l
para perceber a
importância deste
Castelo no reconquista
do Alto Minho. É a
localidade portuguesa
mais a norte e, o facto
de estar tão próxima do
local em que o rio Minho
começa a ser fronteira,
sempre lhe conferiu uma
posição estratégica na
defesa do território
nacional. Depois da
Batalha de Aljubarrota,
D. João l ordenou uma
investida no Alto Minho
a fim de recuperar os
pontos estratégicos. Um
a um, eles foram
reconquistados, mas
faltava Melgaço. Aqui,
mais uma vez, é das
mulheres que reza a
história. Também em
Melgaço, foram elas as
protagonistas de um
episódio que colocou
frente-a-frente
portugueses e espanhóis.
A vila estava cercada
pela tropa inimiga. Foi
então que se deu um
combate inédito entre
duas mulheres: Inês
Negra, fiel combatente
portuguesa e Arrenegada,
assim apelidada por ter
passado para o lado do
inimigo. Enfrentaram-se
como podiam. Primeiro
com armas, depois a
punho, dentes, unhas e
pés. Inês Negra ganhou a
parada e Arrenegada não
teve outra alternativa
senão a fuga. A vitória
daquela “mulher de
armas” acabou por dar
novo alento aos
portugueses e no dia
seguinte, Melgaço foi
libertada após cinquenta
e dois dias de cerco. A
vila foi crescendo junto
à muralha que circunda a
torre do Castelo. Além
desta muralha, porém, já
existiam mais duas,
mandadas construir em
tempos diferentes para
reforçar a vila dos
ataques a que esteve
sujeita ao longo dos
tempos, primeiro com a
Guerra da Restauração,
depois com as Invasões
Francesas. Hoje, é
possível subir aos
largos adarves e
caminhar por cima deles
sem o perigo de ser
cercado pelo inimigo.
Como dizia alguém da
vila “agora não há
Espanha nem Portugal, é
tudo dos outros”. Ao
centro, além da Torre de
Menagem, situa-se aquilo
que se pensa ter sido um
depósito de água. Dizem
as vozes populares que
para ali se “enfiam as
almas”. Logo pegada à
muralha, situam-se as
casas mais antigas da
vila, que se vão
sucedendo por ruas
estreitas. Pena que não
estejam preservadas de
acordo como local em que
estão inseridas. Se
houvesse um estética
harmoniosa, o centro
histórico de Melgaço
teria a ganhar. Mesmo
assim, não é fácil
passar sem contemplar
verdadeiramente obras em
granito como a Segunda
Igreja da Misericórdia
de Portugal e a Igreja
Matriz. Situam-se no
confluência das ruas
estreitas e convivem
lado alado com as
janelas das casas da
vila “histórica”.
Noutros tempos a vila
concentrava-se numa
apertada e robusta cerca
murada de que restam
alguns panos e cubelos.
D. Pedro l, o
“Justiceiro”, converteu
Melgaço em ponto
obrigatório de passagem
para a fronteira de
Orense. No decorrer da
guerra acesa entre
Portugal e Castela, a
seguir a Aljubarrota, D.
João l teve de recorrer
a um demorado cerco da
vila, durante 52 dias,
para a reaver. Foi ainda
D. João l que a tornou
em lugar de asilo (homísio)
com privilégios
idênticos aos de Chaves.
Durante a Guerra da
Restauração, múltiplas
escaramuças se travaram
neste território
fronteiriço do Alto
Minho. Tanto o Castelo
de Melgaço como o de
Castro Laboreiro se viam
algumas vezes assediados
por forças vindas da
Galiza.
Em 11 de Junho de 1808,
Melgaço tomou a
iniciativa da rebelião
contra a ocupação de
Junot, expulsando
algumas tropas que aí
estacionavam. Transpondo
a muralha pela Porta do
Poente, e prosseguindo
até à Praça, teremos a
velha Igreja Matriz,
templo românico, talvez
do século Xlll. No
portal norte o tímpano
ostenta um lobo rampante;
no portal principal, a
oeste, as arquivoltas
têm decoração de
enxadrezado e
meias-esferas e capitéis
de volutas e caulículos.
Locais de interesse nas
cercanias de Melgaço:
A um quilómetro da vila,
fica a Igreja Nossa
Senhora da Orada, que é
um templo coevo da
fundação da
nacionalidade portuguesa
(1245). O portal,
enquadrado pelos
contrafortes da fachadae
por uma cornija sobre
modilhões, formando uma
espécie de moldura
rectangular, como a de
um alfiz, tem as
arquivoltas decoradas de
fora de fora para dentro
(bilhetado, conchas,
pinhas, folhas de
figueira, parras, leões
afrentados, um
escorpião, motivos
florais ou semelhantes,
diferentes em cada uma
das quinze aduelas,
toros e meias-canas,
besantes mamilonados. Os
capitéis são de acantos,
caulículos e volutas. O
interior é de uma só
nave, com cobertura de
madeira. O arco triunfal
e a fresta da
capela-mor, quadrada
(4,5 metros de lado),
são de arco apontado. Na
empena, triangular,
abre-se uma fresta de
arco redondo, com
dentículos e temas
geométricos lavrados. No
portal norte, mais
simples, cujas ombreiras
são formadas pela
própria parede, o
tímpano, apoiado em
impostas com quadrúpedes
subjacentes, de arco
redondo, apresenta um
baixo-relevo de um tipo
simbólico, de origem
persa, muito raro em
Portugal. Um quadrúpede,
possivelmente um grifo,
e uma harpia afrentados
ladeiam a árvore da
vida, em cujas folhas
estão pousadas duas
pequenas aves. A
composição é emoldurada
por uma faixa
semicircular com
folhagens serpenteante;
em cada aduela do arco
superior desenha-se um
labirinto, evocando
talvez a eternidade da
vida. Nos modilhões
admiram-se curiosas
figuras humanas;
clérigos lendo, um homem
com um barril, um
tocador de arrabil
(viola de arco), além de
animais (raposa, aves e
outros). Entre estes
modilhões existem
silhares esculpidos:
círculos, suástica,
signo-saimão,
labirintos, um leão.
Após a visita a esta
Igreja pode-se
prosseguir até São
Gregório, posto
fronteiriço, no extremo
norte de Portugal. O rio
Minho, para montante, é
exclusivamente espanhol.
A cinco quilómetros de
Melgaço, fica Paderne. A
fundação da Igreja de
Paderne, de estilo
românico, data do século
Xll. A sua fundação é
atribuída a D. Paterna,
viuva do conde
Hermenegildo, senhor de
Tui (século Xl), como
convento de freiras.
A cerca de trinta
quilómetos, fica Castro
Loboreiro, aldeia
serrana e antiga, de
etnografia própria e
costumes primitivos. Foi
cabeça dum concelho
medievo. E para além da
rude povoação, eleva-se
o perfil dum velho e
destruído roqueiro,
velha fortaleza
abandonada a 1.033
metros e dominando o
vale do rio Laboreiro
(com muitas trutas).
Castro Laboreiro possui
uma história muito
antiga; parte das casas,
ainda há poucos anos,
eram cobertas de colmo;
pervalecem ainda alguns
espigueiros, e os
habitantes têm um trajo
próprio e
característico.
A vinte sete
quilómetros, fica o
Santuário da Senhora da
Peneda. Este Santuário
está encravado numa
estreita garganta e
encostado a um
formidável fraguedo. A
serrania tumultosa e
severa barra o olhar do
visitante par todos os
lados, salvo para o sul,
para os lados do
Miradouro, num dos mais
belos pontos da visão
panorâmica desta
sertaneja zona
montanhosa do Alto-Minho.
No regresso, só a
passagem pelas aldeias
de Tibo ou de Gavieira,
vale bem o passeio.
As Termas do Peso, é uma
estância de águas no
meio do seu frondoso
parque e as suas
consagradas nascentes de
águas medicinais. É tida
como a mais rica de
virtudes terapêuticas
dentre as águas
bicarbonatas cálcicas
portuguesas. São
indicadas para o
tratamento de diabetes,
uma fonte, a outra, para
enfermidades do
estômago.
Melgaço
http://www.freguesiasdeportugal.com
A freguesia
actualmente conhecida
pelo nome de Vila é a de
Santa Maria da Porta na
antiga e histórica Vila
de Melgaço, freguesia
que se estende por uma
área de aproximadamente
176 ha. Confronta com o
rio Minho (que a aparta
de Espanha), a norte,
Chaviães, a nascente,
Roussas e S. Paio, a
sul, e Prado, a poente.
Há largas
referências a esta
paróquia já no séc. XII,
a partir de 1173. Em
1258, escrevia-se que
Santa Maria da Porta era
“tres quartas regis”.
Hoje diz-se
freguesia da Vila,
naturalmente da Vila de
Melgaço.
Aqui se construiu a
primeira fortaleza
acastelada,
provavelmente nos tempos
da reconquista de D.
Afonso Henriques.
Sim, alguns
historiadores
consideram-na fundada
por D. Afonso Henriques,
que lhe concedeu foral
em 21 de Julho de 1181,
doando-lhe a aldeia de
Chaviães e
iniciando-lhe as
muralhas. Outros, porém,
dão-na como já existente
no tempo dos Árabes, com
o nome de Minho.
Teve forais de
confirmação passados por
D. Afonso II (1219), D.
Afonso III (1261) e D.
Manuel (1513).
A Vila, nos tempos
que correm, apresenta um
harmonioso e moderno
tecido urbanístico; está
servida de tudo,
principalmente de bancos
o que atesta a imensa
riqueza acumulada em
contas poupança pelos
emigrantes.
Para além dos serviços
públicos oficiais e de
apoio administrativo e
judicial a todo o
concelho, a população
dispõe de quartel da
P.S.P., G.N.R. e
Corporação de Bombeiros.
Na área comercial
aparecem
estabelecimentos
relativamente modernos e
com uma vasta gama de
produtos; registe-se
ainda o funcionamento de
uma feira semanal de
enorme importância para
toda a região.
Os equipamentos de
saúde e segurança
social, têm melhorado
nos últimos anos. Na
segurança social,
existem várias
infra-estruturas,
jardins de infância,
centro de emprego, etc.
Na área do ensino, estão
garantidos todos os
níveis até à
universidade.
Os transportes e
acessibilidades que
durante séculos foram o
maior problema, estão
hoje extraordinariamente
facilitados com as novas
vias até Monção, a
ligação à fronteira de
S. Gregório e
principalmente pela nova
Ponte do Arbo que
comunica com o centro da
Galiza.
A nível cultural e
de lazer, são inúmeras e
constantes as
iniciativas programadas
pela dinâmica Casa da
Cultura e pelas diversas
Associações locais.
Existe uma biblioteca
pública, um Museu
instalado na Torre de
Menagem, um Centro
Cultural, Auditórios e
Salas de Espectáculos,
que no seu conjunto
permitem uma programação
completa e regular.
Fontes consultadas:
Dicionário Enciclopédico
das Freguesias,
Freguesias-Autarcas do
Séc. XXI, Inventário
Colectivo dos registros
Paroquiais Vol. 2 Norte
Arquivos Nacionais
/Torre do Tombo.
Monção – (Concelho do
Distrito de Viana do
Castelo)

Origem do nome:
“Alguns pretendem que
2104 anos antes da vinda
de Jesus Cristo, já
existia a povoação,
habitada pelos assírios,
os quais tiveram de
abandoná-la, fugindo
para a parte ocidental
da Europa, acossados da
inaudita crueldade do
feroz Nemrod, rei dos
babilónios. Opinam
outros que no ano do
mundo 1632, aportou a
esta localidade um filho
de Semele, por nome
Baco, à frente dum
exército de gregos,
achando já a povoação em
completa ruína, Baco
deu-lhe o nome de Orosin
que quer dizer Monte
Santo ; 404 anos antes
de Jesus Cristo, os
celtas estiveram de
posse da povoação,
dando-lhe o nome de
Obobriga.. (...) Quando
as águias romanas foram
obrigadas a abandonar
esta parte da Península
Hispânica, a povoação
caiu em poder de
Hermenerico, rei dos
suevos. Isto deu-se pelo
ano de 410.
Dizem alguns escritores
que foi este rei quem
restituiu à cidade o seu
antigo nome – Mons
Santus. É, porém, mais
curial que o deva aos
romanos, os quais teriam
vertido Orosion em
língua latina.
Pelo decorrer do tempo
este nome foi-se
alterando até ficar como
o encontramos na
infância da nossa
história – Monsão. A
grafia oficial actual é
MONÇÃO”.
(Domingo Ilustrado .
1898).
“Por culpa de alguns
autores, aparece por
vezes este nome próprio
erradamente grafado.
Assim, por exemplo, na
Gramática da Língua
Pátria, de Pires de
Castro (edição de 1937,
pág. 38), defende-se
deste modo a escrita de
Monsão com “s” : «Nós
fazemos a derivação de
Mons Sanctus e julgamos
ter o apoio da História.
Monsão foi edificada
pelos godos, que lhe
deram o nome de Mons
Sanctus. Cf. Portugal e
Possessões, palavra
Monsão». Com isto se deu
o autor por satisfeito,
julgando ter provado a
exactidão da forma
gráfica defendida.
Anos antes, João da
Aldeia (pseudónimo dum
então professor da
Escola do Magistério
Primário do Porto) havia
escrito o seguinte no
diário O Comércio do
Porto , em 3-11-1929: «A
origem do nome dessa
vila minhota não é coisa
segura. Contudo, há boas
autoridades que dizem
que os bárbaros do
Norte, quando invadiram
a terra, ou pouco
depois, lhe chamaram
Mons Santus . Parece ser
esta a etimologia de
Monsão. E assim
justifica o “s” na
grafia da palavra»-
Ora tudo isto deve ter
sido bebido na obra de
J. M. Madureira Feijó,
Ortografia ou arte de
escrever e pronunciar
com acerto a Língua
Portuguesa,, página 365,
onde se diz que «é nome
derivado ou abreviado de
Monsanto e no latim Mons
Sanctus, devendo por
isso Monsão escrever-se
com “s”. Este livro foi
publicado em 1815 e,
neste espaço de tempo as
ciências filológicas
progrediram e
desenvolveram-se
consideravelmente. A
glotologia fornece-nos
hoje meios de sabermos
se é ou não admissível
qualquer étimo que se
apresente, e é em
virtude desses meios,
que são verdadeiras leis
glóticas, que se pode
afirmar que Mons Santus
não se adapta ao nome
actual da conhecida vila
minhota, mas ao duma
vila da Beira, Monsanto,
que não é mais que a
forma abreviada de Monte
Santo, como, por
exemplo, Mombeja,
Monforte e até o arcaico
Monreal, são formas
abreviadas
respectivamente de Monte
Beja, Monte Forte e
Monte Real. Razão tem,
pois, o cuidadoso
Prontuário de
Ortografia, de António
Costa Leão, em dizer que
é errónea a grafia de
Monsão com “s” em vez de
“c”. Igualmente tem
razão Cândido de
Figueiredo, quando, pelo
menos em três dos seus
numerosos volumes de
estudo da língua (Falar
e Escrever, Vol l; O que
se não deve dizer, Vol.
Ll, e Vade-mecum),
também condenou o uso do
“s” no mesmo vocábulo. O
Dr. José Leite de
Vasconcelos – o mais
autorizado dos nossos
modernos filólogos – nos
seus Textos Arcaicos (3ª
edição), página 206), da
forma ensina que se deve
escrever Monção e que a
escrita com “s” é
errónea. Na verdade, são
estes três autores quem
defende a boa doutrina,
recomendada também pelo
moderníssimo Vocabulário
da Academia, como se vê
claramente pelo vocábulo
Montianus, existente no
latim bárbaro e que deu
no português arcaico
Monzon e Monçom, formas
que nunca poderiam
evolucionar normalmente
para Monsão, mas sim
para Monção, que é,
portanto, a única
rigorosa e exacta
grafia”. (Dr. Xavier
Fernandes – 1944).
Monção, vila fronteiriça
e antiga praça de
guerra, de heróicas
tradições, situa-se na
margem direita do rio
Minho, quase em frente
da povoação galega de
Salvaterra.
A primeira povoação
parece ter surgido no
local hoje ocupado pela
aldeia de Cortes (ou
Monção Velha), defronte
da confluência do rio
Tea, tributário galego
do rio Minho. Depois
deve-se ter deslocado
para Badim. Até que a
vila, extinta por D.
Afonso lll, foi
restabelecida mais a
montante, pelo mesmo
monarca, no ano de 1261,
mas outros moradores. O
foral que lhe foi
concedido era datado do
Couto de Mazedo. D.
Dinis envolvido em
prolongada guerra com
Castela, promoveu, em
1306, o levantamento de
um robusto castelo, com
torre de menagem e uma
cerca amuralhada à roda
do casario. Durante as
guerras fernandinas (D.
Fernando l) a vila
sofreu com rigoroso
ânimo alguns ataques dos
sequazes de Henrique de
Trastâmara. Foi num
desses transes que se
teria dado o lendário
episódio do levantamento
de um cerco por obra e
efeito psicológico do
conhecido estratagema de
Deu-la-Deu Martins,
mulher do alcaide Vasco
de Abreu. Os sitiados
lutavam já com extremas
privações quando essa
mulher teria tido, de
repente, a peregrina
ideia de juntar os
últimos punhados de
farinha e com eles cozer
pães que enviou de
presente aos sitiantes,
acompanhados, de algumas
palavras de feminina e
irónica gentileza (...
se precisarem de mais
que dissessem...). Desse
modo os persuadiu que as
reservas de mantimentos
dos que estavam dentro
dos muros e do castelo
estavam longe ainda do
fim. Durante a Guerra da
Restauração dar-se-ia
novo episódio, não menos
nobilitante, para outra
grande figura de mulher
portuguesa, D. Mariana
de Lencastre, condessa
de Castelo Melhor. Essa
dama, com grande
audácia, parece ter
evitado a derrota das
forças portuguesas, sob
o comando do marido, nas
cercanias de Salvaterra.
A defensiva de Monção
era já outra. A cerca
medieva e o velho
castelo do tempo de D.
Dinis haviam cedido
lugar a um poderoso e
amplo polígono, de
baluartes, cortinas e
revelins. A praça,
possuía então cinco
portas: a do Sol, a do
Rosal, a de Salvaterra e
a de São Bento. A
segurança da praça (e o
ânimo dos que a
defenderam) comprovou-se
no apertado cerco que a
mesma suportou desde 7
de Outubro de 1658 a 7
de Fevereiro de 1659.
Nos últimos dias
combatia-se de dia e de
noite. Os sitiantes,
impressionados, acabaram
por aceitar a proposta
feita pelo governador da
praça, Lourenço Pereira:
a praça render-se-ia mas
com honras militares
prestados aos vencidos.
Dos dois mil homens
portugueses restavam
236. Foram esses
combatentes, armados,
que saíram da praça, a 7
de Fevereiro de 1659,
com as armas aos ombros
e as bandeiras
desfraldadas, esquálidos
e impassíveis, perante a
incredulidade das forças
espanholas, que lhes
rendiam homenagem.
O Castelo medieval foi
sacrificado, no
empreendimento de
fortificação da vila
durante a Guerra da
Restauração, iniciado em
1656 pelo engenheiro
francês Miguel de
Lescote e continuado no
século XVlll,
alargando-se o recinto
original e
construindo-se dois
baluartes, alguns
redentes sobre o rio
Minho e o forte de Santo
António. A praça
resistiu durante quatro
meses ao exército galego
do Marquês de Viana,
mas, apesar da
resistência da sua
população, chefiada por
Lourenço de Amorim, em
que as mulheres
desempenharam um papel
fundamental, teve que se
render em 7 de Fevereiro
de 1659. Como todo o
esforço militar
português se concentrava
em Elvas, também cercada
pelos espanhóis, não foi
possível socorrer a
vila. Daquilo que foi
uma extensa muralha com
baluartes, resta apenas
uma parte, virada a
norte. Sabe-se, no
entanto, que esta não
foi a primeira fortaleza
existentes em Monção,
pois descobriu-se
através de desenhos
efectuados por D.
Fernando l que já antes
desta teria existido uma
muralha e uma torre de
menagem, mandadas
construir por D. Dinis.
Sabe-se também que
existia uma torre de
defesa junto ao rio e
uma passagem
subterrânea, que era
utilizada no
abastecimento de água.
Mais tarde, com a Guerra
da Restauração, a
posição estratégica de
Monção, junto do rio
Minho, determinou que se
construísse uma ampla
fortaleza de frente ao
território inimigo.
Ligada à sua história,
ficou para sempre o nome
de uma mulher corajosa
que as gentes do
concelho invocam sempre
que se fala de
mantimentos e a situação
complica-se. Achando só
um estratagema os pode
salvar, Deu-la-Deu pega
nos últimos pães,
chega-se ao pé da
muralha e atira-os aos
inimigos, dizendo que se
precisassem de mais, era
só pedir. Julgando a
praça farta, os
castelhanos levantaram
cerco e partiram. A
imagem de uma mulher com
dois pães na mão a
emergir da muralha com a
legenda “Deus a deu –
Deus a há dado”, acabou
por ficar retratada no
brasão da vila. Para o
ver, basta chegar à
fonte que está na praça
principal da vila. Ao
centro tem a estátua de
Danaide, uma grega
ligada soa lagos, e logo
por baixo surge o brasão
com Deu-la-Deu Martins.
Do miradouro dos Neris é
possível observar os
baluartes que ainda
restam da fortaleza, o
jardim do Parque das
Termas onde deu o
encontro histórico entre
D. João l com o Duque de
Lencastre, seu aliado e
futuro sogro. Este
encontro deu-se a 1 de
Novembro de 1368, ou
seja, no ano seguinte à
gloriosa batalha de
Aljubarrota. Um lápida
num dos muros, relembra
essa entrevista tão
importante no destino de
Portugal, e da nova
dinastia que então iria
Ter o seu começo no
casamento do rei
português com a filha do
Duque, D. Filipa de
Lencastre, a mãe e
educadora da “Inclita
Geração, os altos
Infantes”. Para o lado
de Melgaço ainda é
possível desfrutar da
serenidade de verdes
prados, de uma estrada
ladeada de árvores que
apetece seguir e de
parte do antigo Convento
dos Capuchos. Para o
lado de Valença, pode-se
ver de mais perto a
porta de Salvaterra – a
única que resta de um
conjunto de cinco (Sol,
Fonte, Rosal, Salvaterra
e São Bento). Durante o
reinado de D. João V, a
fortaleza foi alvo de
alguns melhoramentos, em
que foram utilizadas as
pedras da muralha de
Lapela, situada a 5 Km
de Monção, mesmo à beira
do Rio Minho. Do Castelo
de Lapeda, resta apenas
uma torre onde poderia
estar presa uma qualquer
bela princesa dos contos
de fada. De fronte passa
o rio Minho e à sua
volta foram-se
construindo pequenas
casas rurais, onde se
cruzam as galinhas, os
cães e as pessoas que
vão à horta buscar uma
hortaliça para a
“janta”.
O rio Minho e as
relações com a Galiza
(província Espanhola)
moldam a paisagem, a
história e o modo de ser
das populações
ribeirinhas, cuja
própria maneira de
“dizer” as palavras, na
sua expressão mais pura,
as aproximam mais do
galego do português.
Pois não é verdade que o
contrabando e as
técnicas de pesca, o
maravilhoso e o
fantástico e o fervor
religioso, o apego à
terra e a saudade (ou a
morriña galega), que a
emigração torna mais
sofrida, são iguais
entre as populações
raianas? Na verdade,
para conhecer o Alto
Minho e os seus
habitantes, o rosto
marcado dos que labutam
na terra de sol a sol ou
dos que arrostam as
longas e húmidas noites
do oceano Atlântico, que
lhes dá o peixe que é
pão, é preciso vir e
ficar. Para conhecer a
história ou as lendas do
Minho é preciso cá
permanecer, contactar
com as pessoas,
conversar no adro da
igreja ou à lareira,
enquanto se bebe um copo
de vinho e se come uma
malga de sopa e um naco
de broa, fazer vindimas
e desfolhadas, percorrer
os campos e os caminhos,
subir aos montes,
procurar os tesouros
escondidos nos castros e
escutar os apelos das
“mouras encantadas”.
Algumas terras
limítrofes: Abedim,
Castro Laboreiro,
Friestas, Gandra e
Longos Vales.
ABEDIM: Lugar mágico,
recheado de lendas e
superstições, a Penha da
Rainha, ou o Castelo de
São Martinho, é um
esporão rochoso que
prolonga a serra da
Boulhosa até ao vale do
Minho, onde se desfaz
abruptamente entre
loureiros e vidoeiros.
Uma lenda local refere
uma princesa cristã
casada com um rei mouro
que se refugiou neste
monte, acompanhada por
sete bispos. Aquele
cercou-a, tentando
vencê-la pela fome, mas
acabou por se converter
quando a bela princesa
lhe enviou duas belas
trutas que uma águia lhe
tinha trazido ...
CASTRO LABOREIRO: Antigo
concelho medievo, Castro
Laboreiro é um povoado
situado a cerca de 950
metros de altitude,
verdadeira estância
climática e aldeamento
serrano de feição muito
peculiar, com tradições
e costumes curiosos,
dominado pelas ruínas de
uma velha fortaleza
implantada na rocha viva
a 1033 metros. A origem
do povoado teria sido um
castro romanizado de
onde lhe veio o nome.
Toda esta zona evoca um
passado muito longínquo,
materializado, por
exemplo, no planalto que
faz fronteira com a
Espanha, onde se
localiza o maior
conjunto conhecido em
Portugal de monumentos
megalíticos.
FRIESTAS: Em Friestas,
já a caminho de Monção,
merece uma visita à Casa
do Castro, construção do
século Xll. Na Romaria
de Santo Ovídio, que se
realiza nesta povoação
no 1º dia de Agosto, as
promessas dos devotos,
muito deles galegos,
cumprem-se ainda hoje
com sal e telhas
roubadas.
GANDA: Na povoação de
Gandra encontra-se o
caminho para o monte do
Faro, junto ao qual se
ergue o Castelo de
Fraião. Do alto, é vasta
a paisagem sobre um
largo percurso da
Ribeira Minho até ao
mar. Uma tradição a que
se liga o povo, vítima
da praga dos ratos que
invadem as casas e dão
cabo do milho, afirma
que todo aquele que não
guardar o dia de São
Pedro Rates, a 26 de
Abril, que se venera na
capela do monte de Faro,
verá a sua casa e
valores invadidos por
roedores.
LONGOS VALES: No
povoação e freguesia de
Longos Vales, dominando
um longo vale
fertilíssimo, de cores
pujantes (o verde,
sempre o verde !),
ladeado pelas fortes
paredes do antigo mas
muito adulterado
mosteiro que pertenceu
aos Cónegos de Santo
Agostinho e por um
conjunto de espigueiros
(aqui chamados de
espigueiros), surge-nos
a Igreja de São João de
Longos Vales, românica,
talvez mandada construir
pelo nosso primeiro rei,
D. Afonso Henriques.
Frondosos castanheiros
completam este conjunto,
que nos transmite uma
imperecível sensação de
paz e tranquilidade.
Monção
http://www.cm-moncao.pt
Mais tarde em 1374 a.c.,
Bacho filho de Semole,
seguramente um grego
muito importante na
época, chegou à
Península Ibérica com um
exército e encontrando
uma vila completamente
destruída ,
reconstruiu-a e deu-lhe
o nome de "Orosion"
palavra grega que quer
dizer Monte Santo.
Em 404 a.c. os Celtas
conquistaram Monção e
deram-lhe o nome de "Obobriga".
Em 40 d.c. Monção era já
uma importante vila
romana, chamada "Mamia".
Quando os romanos foram
expulsos desta parte da
Península Ibérica,
Hermenerico rei dos
Suevos, ocupou a vila em
410 d.c. restituindo-lhe
o nome original de "Orosion",
mas em Latim, ficando a
chamar-se "Mons Sanctus".
Mas esta hipótese
levanta algumas dúvidas
porque alguns
historiadores afirmam
que foram os Romanos que
estabeleceram o nome de
"Mons Sanctus" a Monção,
aonde possivelmente
teriam edificado um
Monumento.
Tudo sugere que no
dealbar da
Nacionalidade, Monção
fosse uma terra reguenga
sem grande importância.
Nesse tempo, a cabeça
administrativa e
guerreira de área estava
ou no Castelo da Penha
da Raínha em Abedim, ou
no de Fraião, em Boivão
(Valença). Monção
afirma-se depois,
quando, a partir de
D.Sancho I, a linha de
fronteira pelo Minho
ganha relevo
estratégico. Devia por
essa altura, estar já
fortificada, embora
elementarmente.
Monção inicialmente
situava-se em Cortes,
mais tarde os seus
habitantes deslocaram-se
para Badim. D.Afonso III
extinguiu a vila de
Badim e da Penha da
Rainha, para fundar a
vila de Monção no local
actual, que até então se
chamava Couto de Mazedo.
Nas Inquirições de 1258
recebeu o nome de
"vila". O texto do foral
dado em 1261, onde se
sitam os "miles de
Monçom" que têm regalias
semelhantes aos de
Valença, quer significar
que se tratava de uma
póvoa já fortificada.
D. Dinis, envolvido em
guerra prolongada com
Castela, em 1306
promoveu a reforma total
das muralhas e o
levantamento de um
castelo robusto com uma
torre de menagem.
Desde épocas recuadas,
estas terras foram palco
de emocionantes
episódios de cavalaria e
heroísmo, que
entrelaçaram o nome de
Monção ao melhor da
história de Portugal.
Primeiro na Idade Média
e depois na Guerra da
Independência, foi
vítima constante de
quase todas as lutas em
que Portugal se
envolveu.
Curiosamente estas lutas
têm como protagonistas
as mulheres, as chamadas
"Heroínas de Monção"
dando o exemplo aos
homens, ajudando-os,
encorajando-os ou
lutando a seu lado ou
por eles. É o caso de
Deu-La-Deu Martins, D.
Mariana de Lencastre
condessa de Castelo
Melhor e o de Helena
Peres.
O papel desempenhado por
Deu-La-Deu Martins
fixou-a na memória do
povo de Monção,
tornando-se a "Heroína"
mais representativa,
materializada no brasão
de armas do concelho.
O brasão de armas do
concelho representa em
campo branco uma torre,
de cujo alto sai um
vulto de mulher em meio
corpo, tendo um pão em
cada mão e em volta pode
ler-se "Deus o Deu -
Deus o Há Dado".
Em termos religiosos, a
abadia de Monção
pertencia ao bispado de
Tuy. Só em 1308 é que D.
Fernandes Sotto Maior,
Prelado de Tuy a cedeu a
D. Dinis, que a entregou
à guarda dos Templários.
Em 1319 passou a ser
comenda de Cristo e mais
tarde foi doada a D.
Vasco Marinho,
Protonotário Apostólico.
Nesta vila existiram
quatro conventos:
O Convento das freiras
Beneditinas extinto no
reinado de D. Afonso V.
O Convento das freiras
Franciscanas, vendido em
1835.
O Convento das
religiosas da Senhora da
Conceição fundado em
1748.
O Convento dos padres da
Congregação de S. Filipe
Nery.
Paredes de Coura
– (Concelho do
Distrito de Viana do
Castelo)

O concelho de
Paredes de Coura é
uma encruzilhada de
caminhos que vão dar
a Monção pela
Portela do Extremo,
a Valença por São
Bento, a Caminha
pelo vale do rio
Coura, a Ponte de
Lima pela Travanca
ou pelas Pedras
Finais, e também a
Arcos de Valdevez
pelo Bico. É uma
caixa de surpresas o
caminho para Paredes
de Coura, vila
pequena mas airosa,
com o casario
disposto como num
presépio, a
acompanhar a colina
que desce até aos
Penízios, em
Mantelães. O rio
Coura é truteiro por
excelência, e o vale
por onde corre, um
deslumbramento. A
vila é muito antiga,
rodeada de
sossegadas aldeias e
airosos santuários,
Formariz, Bolhosa,
Cristelo, Mozelos,
Insalde, São Bento,
São Caetano, Rubiães
e Água Longa.
Tirando a Casa
Grande, tudo na
povoação é discreto,
familiar, quase
simplório.
Na época do domínio
imperial romano da
Península Ibérica
parece ter existido
uma cidade de nome
Cauca, que se
situaria na via
militar de Brácara a
Tui. E há quem
queira identificar
Coura com essa
antiga Cauca, berço
do imperador
Teodósio. Que a
região foi habitada
em eras remotas
comprova-se pelos
múltiplos vestígios
da civilização
dolménica ou
castreja existentes
em diversos lugares
do concelho. Os
marcos miliários que
nela se encontram
mostram, por sua
vez, que os romanos
tiveram neste
complexo interflúvio
montanhês uma
importante via de
circulação
relacionada com o nó
de estradas do
conventus
bracarense. Temos de
considerar que sobre
o ponto de vista
documental, nada se
conhece sobre a data
da fundação de
Paredes de Coura.
Sabe-se, porém, da
presença de povos
anteriores aos
Primórdios da
Nacionalidade,
subsistindo ainda
hoje vestígios das
civilizações celta,
romana e sueva. O
primeiro foral à
povoação foi dado em
1257 por D. Afonso
lll e confirmado com
nova carta foraleira
por D. Manuel l, em
1515. A região,
mormente o cabeço de
Labrujo, foi teatro
de importantes
operações militares
durante a Guerra da
Restauração. Ficou
na história o
combate de Travanca,
em que se cobriu de
glória o Conde do
Prado, no dia 10 de
Agosto de 1662.
Depois das invasões
francesas
(napoleónicas),
estabeleceu-se nesta
terra e nela fez
importante casa o
Marechal de Campo,
Champalimaud, que
durante essa guerra
defendeu a praça de
Valença. Em 1941,
foi dada residência
fixa em Paredes de
Coura, ao destituído
Presidente da
República, Dr.
Bernardino Machado
dos Santos. Também o
escritor Aquilino
Ribeiro, aqui teve
residência de Verão,
na casa de
Romarigães, de que
nos fala no seu
livro “A Casa Grande
de Romarigães”. Se é
certo que Paredes de
Coura não é pródiga
em valores de arte
monumental, outro
tanto não poderá
dizer-se do
revelante conjunto
de valores
arqueológicos que
possui. Quase se
pode afirmar que
todas as freguesias
do concelho, de
fundação
antiquíssima e
povoamento muito
remoto, mostram
vestígios claros e
importantes de
civilizações
pré-históricas. Na
Igreja do Espírito
Santo, que foi sede
de uma antiquíssima
confraria, o templo,
totalmente
restaurado e
reedificado no
século XVlll,
conserva no seu
interior talhas
douradas e algumas
pinturas. Também
pode ver-se os
túmulos dos Pereiras
da Cunha. O
Pelourinho data do
século XVll, tendo
sido restaurado nos
anos 80. É formado
por uma coluna
cilíndrica lisa, com
capitel moldado.
Remata o balaústre
uma esfera com as
armas reais.
Origem do nome:
“Coura é uma forma
divergente de Caires,
pois ambos vieram do
latim quadra. Quadra
deu Coura como
quadrella deu
courela. (Dr. Xavier
Fernandes – 1944).
“As condições
orográficas de
Paredes de Coura
permitiram comparar
aquele concelho a
algumas regiões
helvéticas. Daí a
designação que já
lhe deram de Suíça
Portuguesa, Não só
por isto,
evidentemente, mas
também pela natureza
do seu clima – um
dos melhores e mais
agradáveis do país”
(Dr. Leoníldo de
Abreu – 1956).
Excursões e
Passeios:
O Planalto de
Bolhosa fica na zona
dolménica, de
latente interesse
arqueológico. A este
planalto se pode
dizer que é uma
verdadeira varanda
panorâmica do Alto
Minho. A Portela do
Extremo, pode ser
considerado o melhor
passeio de altitude,
atravessando-se duas
vezes o rio Coura..
A mítica Serra de
Arga com os seus
percursos
energéticos é um
passeio sempre
tentador para quem
aprecie a altitude e
belas panorâmicas.
Monte de São
Silvestre, a 734
metros acima do
nível do mar. Corno
do Bico, considerado
a Sibéria desta
região, pois é nele
que pousam nevões
com mais frequência:
Com uma bela
paisagem para o
interior do concelho
de Paredes de Coura.
Alto de Travanca, a
702 metro de
altitude. Na encosta
norte, na freguesia
de Cunha, está a
modesta e histórica
capela de Cerdeira,
junto da qual se
travou, em 9 e 10 de
Agosto de 1662, um
duro combate entre
as forças do general
português D.
Francisco de Sousa,
Conde de Prado, e as
do general espanhol
Roxas. O horizonte
do alto de Travanca
é amplo, dominando
os montes internos
do concelho. O
percurso para Ponte
de Lima atravessa
uma das mais
encantadoras
paisagens do Alto
Minho. Pelo percurso
abrange-se toda a
cumeada da Serra de
Arca, a Serra do
Exterior, a Serra da
Cabreira, os montes
distantes do Neiva e
de Barcelos. Na
descida transpõe-se
duas pontes,
acabando por surgir
ao longe, Ponte de
Lima. O percurso
para Vila Nova de
Cerveira, passando
próximo do Santuário
de São bento, em
cujo percurso se
abrem belas
perspectivas
panorâmicas sobre o
amplo vale do rio
Minho. Antes de
Cerveira, ficam as
ruínas do velho
Castelo de Lobelle.
LOCALIDADES
LIMÍTROFES:
SOAJO: Na encosta da
serra brava, do lado
nascente, por onde,
ao fundo, corre o
rio Lima, fronteira
do Linhoso, fica a
povoação milenária
do Soajo, cuja
fundação teria
ocorrido no século
1º. O povo teve
certos privilégios
deste o alvorecer da
Nacionalidade, nunca
reconheceu outro
senhor senão o
legítimo rei de
Portugal, à
semelhança do que
sucedeu com o de
Monção. Isto é,
aliás, um facto
histórico
incontroverso. D.
Manuel l deu-lhe
foral novo em 1514.
Por carta foraleira,
o Soajo desfrutava
de grande número de
direitos e só tinha
obrigação de
contribuir com
mancebos para a
guerra quando o rei
a fizesse em defesa
do seu próprio
concelho, que veio a
ser extinto em 1852.
Vivendo em perfeito
espírito
comunitário, o Soajo
teve, até há cerca
de um século, um
juiz eleito pelo
povo. Na praça
principal do Soajo
merece atenção o
pelourinho,
monumento nacional
de interesse não
propriamente
artístico, mas
histórico e
etnográfico. É do
século XVll e é
formado por uma
coluna rematada por
capitel figurando o
Sol, a que se
sobrepõe uma laje de
forma triangular.
CABREIRO: O topónimo
deve possivelmente
advir-lhe de ter
sido local habitado
por cabras selvagens
em épocas muito
anteriores a
Nacionalidade. Na
povoação existe uma
ponte sobre o
ribeiro de Cabreiro
e constitui um puro
testemunho medieval.
É constituída por
dois arcos
desiguais, um ogival
e outro de volta
inteira. Ostenta uma
inscrição em
caracteres góticos
alusiva ao fundador,
um abade de Cabreiro
que viveu no século
XV.
CUNHA: Na
antiquíssima
povoação e freguesia
de Cunha mantém-se a
tradição do plantio
do milho alvo ou
milho miúdo e são
especialidade
doceira as famosas
papinhas de Coura,
muito conhecidas e
apreciadas. Coura
beneficiou do foral
concedido por D.
Manuel l, em 1515.
Entre os lugares de
cerdeira e Amieira,
e em Chã da Matança
foi erguida a Capela
de São Lourenço de
Cerdeira, edificado
em 1670, para
comemorar a vitória
da Batalha de
Travanca em Agosto
de 1662.
MANTELÃES: Em frente
da ponte sobre o rio
Coura, em Mantelães,
vê-se uma casa do
tipo palacete,
construída em finais
do século passado,
onde nasceu o
ilustre homem
público que foi
Miguel Dantas,
conselheiro e par do
reino, que foi sogro
de Bernardino
Machado, Presidente
da República entre
1915/1917 e de
1925/1926. Um filha
do Dr. Bernanrdino
Machado casou com o
grande escritor
Aquilino Ribeiro,
que desse modo se
tornou proprietário
da Casa Grande de
Romarigães. Aquilino
Ribeiro celebrizou a
Casa do Amparo, da
qual apenas restam o
portal com pedra
armoriada e bela
capela.
MOZELOS: Podem
ver-se nesta
freguesia alguns
solares rústicos,
como as Casas de
Favais, Pantanhas,
Paço de Afe e de
Figueiredo. Junto da
Capela da Senhora da
Penha existe um
miradouro que é o
mais importante de
todos os existentes
no concelho.
VILA FONCHE: A
Romaria da Senhora
do Castelo, no
Domingo de Ascensão,
é uma peregrinação
que percorre 6 Km
até chegar a esta
freguesia e ao monte
do Castelo, onde se
realiza a festa
religiosa. As ruas
de Vila Fonche por
onde passa a
procissão
encontram-se então
atapetadas de
flores, constituindo
desenhos de pura
arte e inspiração
populares.
Paredes de Coura
http://www.cm-paredes-coura.pt/concelho
Na época do domínio
Imperial romano da
Península presume-se
que terá existido
uma cidade de nome
Cauca, esta
localizada na via
militar de Braccara
a Tuy (Narciso Alves
da Cunha defende que
o topónimo Coura
deriva da palavra
celta Cora, lugar
recatado e seguro).
Alguns antiquários
sugerem a hipótese
de Paredes de Coura
ocupar o lugar dessa
cidade luso-romana,
na qual teria
nascido o imperador
Teodósio.
No entanto, tudo
isto não passa de
meras suposições, o
mais que se pode
dizer, a respeito da
antiguidade de
Paredes de Coura, é
que o território do
actaual concelho,
fez parte duma vasta
circunscrição
medieval designada
por "Terras de Coyra",
e posteriormente,
apenas Coura,
conforme o foral
manuelino de 13 de
Abril de 1515.
A região foi
habitada em eras
remotas o que se
comprova pelos
múltiplos vestígios
da civilização
dolménica ou
castreja existentes
em diversos lugares
do concelho. Os
marcos miliários que
nela se encontram
mostram, por sua
vez, que os Romanos
tiveram neste
complexo interflúvio
montanhês uma
importante via
militar do conventus
bracarense.
As mais recentes
lembranças:
Depois das invasões
napoleónicas,
estabeleceu-se nesta
terra e nela
construiu uma
importante casa, o
Marechal de Campo
Champalimaud, que
durante essa guerra
defendeu a praça de
Valença.
Foi através da
reforma
administrativa de
1834, que pôs fim ao
concelho de Fraião,
integrando parte das
suas freguesias no
de Paredes de Coura.
A actual designação
de Paredes de Coura,
foi adoptada apenas
a partir de 15 de
Setembro de 1875,
data da criação da
comarca.
Em 1941 teve aí
residência fixa o
presidente da
Republica Dr.
Bernardino Machado,
vindo do desterro,
em França, em
consequência da
Invasão Alemã desse
país.
Ponte da Barca –
(Concelho do
Distrito de Viana do
Castelo)

Ponte da Barca
conserva ainda um
pequeno dédalo de
ruas bordejadas de
casas dos séculos
XVll e seguinte.
Magnificamente
situada sobre o rio
Lima, com praias
fluviais e múltiplos
locais para
campismo, tem no
Jardim do Poetas um
sítio onde alguns
dos monumentos
principais da vila
se harmonizam
perfeitamente com o
rio, tornando-o um
bom local para
descanso, sobretudo
ao fim da tarde. Ao
longo do rio e em
direcção a Bravães
há ainda muitos
moinhos, alguns em
funcionamento, que
fazem valer a pena a
aventura de descer o
rio em canoa ou a pé
ao longo das
margens. Sob a ponte
da vila havia uma
tradição de baptismo
da meia-noite.
ORIGEM DO NOME:
“O Lima, formoso rio
minhoto, que desagua
no Atlântico em
Viana do Castelo,
estende as suas
águas fertilizantes
por essa província
ridente onde os
campos verdejantes
são uma continuação
dos pinhais sombrios
onde, à mistura, os
carvalhos de intensa
ramaria encobrem os
caminhos,
refrescando os
viandantes pelo
rigor do Verão.
Dentre as vilas que
o rio Lima banha,
conta-se Ponte da
Barca, onde o fio de
água atinge
proporções que o
tornam navegável até
à sua foz. Nos
primórdios da
monarquia, Ponte da
Barca tinha o nome
de Torre da Nóbrega,
e ali havia uma
barca para a
passagem dos que
pretendiam
atravessar o Lima.
Nesse lugar foi
construída uma ponte
que se supõe ser
obra do tempo de D.
João lll,
solidamente
edificada e que os
habitantes da vila
aproveitaram para os
seus passeios, visto
dali se gozar de um
maravilhoso
panorama. Várias
vezes essa ponte tem
sofrido as
inclemências das
cheias dos rios, que
a têm deteriorado,
sendo reparada
imediatamente, sem
que o trânsito por
ela fique
interrompido.
Medindo cento e
oitenta metros de
extensão, foi em
1896 alargada e
reparada com dez
arcos grandes e
alguns pequenos
intercalados entre
os peões. Ponte da
Barca é povoação
muito antiga, sendo
o seu primeiro foral
datado de 4 de Março
de 1125, concedido
por D. Teresa (mãe
de D. Afonso
Henriques, nosso
primeiro rei); D.
Afonso ll, mais
tarde, em 1217
confirmou esse
foral, sendo o seu
foral novo dado por
D. Manuel l à vila
de Torre de Nóbrega.
Durante muito tempo
esteve este sítio
desabitado. Isto
durou até ao meado
do século XlV. Muita
gente, porém,
transitou por aqui,
primeiro pela
facilidade que tinha
de atravessar o rio
por meio de uma
barca e, mais tarde,
atravessando a ponte
ali construída”. (Dr. Rocha Martins –
1936).
“No local onde
actualmente se
encontra, não
existiu, até meados
do século XlV,
qualquer edificação.
É certo que por ali
transitavam muitos
viandantes, pela
comodidade oferecida
por uma barca
destinada,
exclusivamente, à
travessia do rio
Lima. Mais tarde,
esse meio de
transporte teria
sido substituído
pela ponte. Daí, a
designação de Ponte
da Barca que,
depois, a vila
tomou. Note-se que,
em 1513, ainda este
topónimo não era
usado, pois no foral
que D. Manuel l
concedeu a Ponte da
Barca, em 24 de
Outubro daquele ano,
dizia fazê-lo à Vila
da Nóbrega. Esta
circunstância leva a
aceitar a versão de
que a ponte é
posterior àquele
documento. De facto,
segundo se afirma,
só foi construída no
reinado de D.
Sebastião, entre
1568 e 1578. Ora, a
fazermos fé por o
que a tradição nos
diz, só aí por volta
de 1350 se levantou,
no referido local, a
primeira construção.
Era modesta e
destinava-se a
estalagem”.
(Leonídio de Abreu –
1956).
Ponte da Barca é uma
vila recatada e
antiga, situada na
margem esquerda do
rio Lima. O topónimo
de Ponte da Barca só
aparece no século XV,
numa carta de D.
Afonso V dirigida
aos homens bons
desse julgado. Antes
era conhecida pelo
nome de Terra da
Nóbrega (ou Anóbrega),
que ficava
sobranceira ao vale.
Tradicionalmente o
lugar de reconhecida
nomeada itinerária,
por estar no
cruzamento da via
dos peregrinos de
Braga a Santiago de
Compostela, e da
Ribeira Lima a
Orense, pelo Linhoso.
Esta última foi a
via que a rainha de
Castela, D. Urraca,
seguiu, com o seu
exército, após o
cerco de Lanhoso,
suspenso pela
imprevista retirada
de D. Gelmires,
bispo de Santiago.
No alto da Nóbrega
existia uma atalaia
(torre) da “portela”
do vade. A passagem
do rio Lima fazia-se
por uma barca. A
ponte, robusta e
formosa, que ainda
hoje serve, só foi
lançada, segundo se
julga, nos meados do
século XV. De
regresso de
Santiago, D. Manuel
l hospedou-se na
vila, na casa da
dona mais respeitada
e abastada da terra,
D. Maria Lopes da
Costa (sobrinha do
famoso Cardeal de
Alpedrinha), já de
idade avançada e que
contava no fim da
vida, aos 110 anos,
120 descendentes,
entre filhos, netos
e bisnetos, de dois
matrimónios. Foi,
pode dizer-se, a
grande povoadora da
terra. Durante a
perturbada época das
lutas liberais, a
vila foi ocupada, em
1827, por forças
miguelistas, foi
cercada e tomada a 6
de Fevereiro, pelo
regimento de
Infantaria 16,
comandado pelo
heróico coronel
Jerónimo de
Vasconcelos,
veterano da Guerra
Peninsular e
persistente defensor
dos princípios
liberais.
A Igreja Matriz, foi
reconstruída entre
1717 e 1738, sob o
risco do arquitecto
militar, Manuel
Pinto Vilalobos,
também autor da nova
Igreja da
Misericórdia de
Viana do Castelo., e
parente do Marquês
de Pombal. A
fachada, barroca, é
precedida por uma
escadaria em lanços.
No interior, forrado
de azulejos do tipo
tapete, admiram-se
talhas barrocas,
executadas em 1727
por Miguel Coelho. A
primitiva
construção, muito
ofendida por
sucessivas aberturas
de capelas laterais,
promovidas pelas
família brasonadas
da terra, teve de
ser apeada nos
princípios do século
XVlll. Na fachada
nota-se a falta de
uma das torres
sineiras, destruída
por um raio. Existe
uma cruz
processional de
prata que D. Manuel
l ofereceu em 1503.
A Câmara Municipal é
um edifício da era
pombalina e deve-se
ao certo à
superintendência de
João de Almada,
governador de armas
de
Entre-Douro-e-Minho,
nessa época. Precede
a fachada uma
escadaria de pedra.
O andar térreo é
formado por arcos de
volta inteira, sobre
os quais se ergue o
andar nobre, onde se
rasgam doze janelas.
No centro figura o
brasão nacional.
Perto encontra-se o
Pelourinho,
monumento do século
XVl, é formado por
uma coluna
cilíndrica terminada
por uma esfera e
encimada por uma
pirâmide. O mais
notável monumento do
concelho de Ponte da
Barca é a Igreja de
Bravães , templo
românico, de pórtico
original. A sua
construção
atribui-se a D.
Vasco Nunes, rico
homem portucalense
do tempo de Afonso
Vl de Leão e
Castela, que nos
fins do século Xl aí
teria fundado um
mosteiro beneditino.
Bravães tem recantos
extremamente
pitorescos nas
margens baixas e
recortadas do rio
Lima. Sobranceiro,
fica o monte da
Pegadinha, nome cuja
origem se
desconhece. Nele se
realiza uma romaria
no dia 9 de Agosto,
que outrora era
chamada das Cabeças
Rachadas.
Em Ponte da Barca
ainda se pode
encontrar, a Igreja
de Santo António,
cuja frontaria
alpendrada, data do
século XVll. Guarda
talhas douradas,
executadas em 1795,
por Frutuoso de
Azevedo. A Casa dos
Farias, com portal
encimado e ameado,
com um brasão de
armas. É o tipo de
casa solarenga do
século XVlll, com
varandas de ferro
forjado.
PASSEIOS E
EXCURSÕES:
Nogueira, a 6 Km da
vila. Transpõem-se a
Ribeira do Vade à
vista do torreão
pombalino de Paço
vedro e dos solares
de Agrela e de
Quintela, este
último de origem
romântica, mas
coroado por uma
torre quinhentista,
manuelina. Um pouco
mais além situa-se a
velha Igreja de São
Martinho de Castro,
também românica, e
outrora integrada
num mosteiro do
século Xll. Mais
acima está o solar
de Calvos, com uma
torre manuelina.
Castelo de São Priz,
a 806 metros de
altitude. É um dos
mais empolgantes
miradouros da
Ribeira Lima. O
Castelo apenas
existe na tradição.
Castelo da Nóbrega,
cuja localidade foi
cabeça de um vetusto
concelho medievo. D.
Manuel l
transferiu-o para
Ponte da Barca. Como
relíquia do seu
longínquo passado,
subsiste uma táctica
e arruinada torre,
alcandorada num
picoto donde se
descobre um belo
panorama.
Arcos de Valdevez.
Num desses campos,
conhecido pelo
“Campo da Matança”,
se teria travado, em
1140, o torneio ou
recontro de
Valdevez.
Castelo de Lindoso e
com ele a própria
freguesia de
Lindoso, aldeia rude
e típica, de velhas
casas de perpianho
de granito, algumas
ainda com tecto de
colmo, perto da
franteira. O Castelo
é afonsino, talvez
do século Xlll,
embora reconstruído
por D. Dinis, que
deu à terra o nome
de Lindoso,
corruptela de lindo.
Ao lado do castelo
fica o interessante
Largo dos
Espigueiros, de
muito interesse
etnográfico.
Leira do santo, nas
cercanias de
Cidadelhe. O sítio
chamado Leira do
Santo é uma pequena
leira de lavoura
encerrada entre
rochedos. Num
terreno pedregoso
que aí existe t~em
sido achados alguns
vestígios de vida
castreja.
Serra Amarela, que
não figura nos
mapas, com um cume
de 1.361 metros,
forma a muralha que,
entre Lima e Homem,
fecha pelo Nascente
a fronteira
portuguesa com a
espanhola,
estendendo os seus
alcantis e ravinas
por grande parte dos
concelhos de Ponte
da Barca, Terras do
Bouro e Vila verde.
Nesta serra, têm
sido encontrados
vestígios de vida
pré-romana. É a
nascente das
cumeadas da serra
Amarela e no fundo e
flancos duma ravina
que cresce a Mata do
Cabril.
Ponte da Barca
http://www.pontedabarca.com.pt
Em pleno coração do
Alto Minho deve o
seu topónimo à
"barca" que fazia a
ligação entre as
duas margens do Rio
Lima, muitas vezes
peregrinos a caminho
de Santiago de
Compostela, sendo a
"ponte" construída
em meados do séc. XV
que lhe vai dar o
nome de S. João de
Ponte da Barca
(1450).
Terra rica, fidalga,
de feição arejada,
as Terras da Nóbrega
viram nascer junto
ao bucólico Lima os
irmãos Bernardes,
Diogo e Agostinho,
poetas da paisagem,
das fontes e da
saudade. Mas Ponte
da Barca, é também
vila morena, de
granito talhada,
cheia de construções
apalaçadas com
capelas e muros
fronteiros, ameados
e brasonados dos
séc. XVI e XVII, os
Paços do Concelho, o
Pelourinho, o abrigo
porticado, a Matriz
dedicada a S. João
Baptista com risco
de Vilalobos. E ao
lado de todo este
espólio
histórico-monumental,
em plena harmonia de
linhas e cérceas,
uma vila nova a
cheirar a progresso,
uma Ponte da Barca
atractiva e moderna.
Ponte da Barca é um
concelho de
contrastes: em
primeiro plano, à
esquerda a albufeira
do Alto Lindoso
(maior da
Península),
encontrando-se ao
lado, o velho
castelo roqueiro
afonsino
reconstruído por D.
Dinis, em 1278, com
baluartes e torre de
menagem; os famosos
espigueiros cobertos
com lajes de
granito; a Ermida,
alminhas e
cruzeiros.
Depois, a igreja do
antigo mosteiro de
Bravães, um dos mais
significativos
monumentos do
românico do Alto
Minho. É de registar
o pórtico principal
voltado a ocidente
com cinco
arquivoltas
recheadas de motivos
figurativos e
geométricos e na
porta lateral, o
místico cordeiro.
Ponte da Barca
turística, com as
suas pesqueiras no
Rio Lima (pesca da
lampreia), possui
ainda coutos de
caça, desportos
náuticos, praia
fluvial, um bom
equipamento de
restauração e de
animação hoteleira,
artesanato, folclore
e uma gastronomia de
requinte: o presunto
e a boroa de milho,
as papas de
sarrabulho, a
chanfana de cabra à
moda de Germil, a
lampreia, o cabrito
dos montados de
Boivães e aquele
branco colheita
seleccionada, ou os
famosos vinhos
branco e tinto
Terras da Nóbrega,
da Adega
Cooperativa,
acompanhado sempre
por um saber receber
como ninguém, fazem
de Ponte da Barca
uma terra de
eleição.
Ponte de Lima –
(Concelho do
Distrito de Viana do
Castelo)

Ponte da Barca
conserva ainda um
pequeno dédalo de
ruas bordejadas de
casas dos séculos
XVll e seguinte.
Magnificamente
situada sobre o rio
Lima, com praias
fluviais e múltiplos
locais para
campismo, tem no
Jardim do Poetas um
sítio onde alguns
dos monumentos
principais da vila
se harmonizam
perfeitamente com o
rio, tornando-o um
bom local para
descanso, sobretudo
ao fim da tarde. Ao
longo do rio e em
direcção a Bravães
há ainda muitos
moinhos, alguns em
funcionamento, que
fazem valer a pena a
aventura de descer o
rio em canoa ou a pé
ao longo das
margens. Sob a ponte
da vila havia uma
tradição de baptismo
da meia-noite.
ORIGEM DO NOME:
“O Lima, formoso rio
minhoto, que desagua
no Atlântico em
Viana do Castelo,
estende as suas
águas fertilizantes
por essa província
ridente onde os
campos verdejantes
são uma continuação
dos pinhais sombrios
onde, à mistura, os
carvalhos de intensa
ramaria encobrem os
caminhos,
refrescando os
viandantes pelo
rigor do Verão.
Dentre as vilas que
o rio Lima banha,
conta-se Ponte da
Barca, onde o fio de
água atinge
proporções que o
tornam navegável até
à sua foz. Nos
primórdios da
monarquia, Ponte da
Barca tinha o nome
de Torre da Nóbrega,
e ali havia uma
barca para a
passagem dos que
pretendiam
atravessar o Lima.
Nesse lugar foi
construída uma ponte
que se supõe ser
obra do tempo de D.
João lll,
solidamente
edificada e que os
habitantes da vila
aproveitaram para os
seus passeios, visto
dali se gozar de um
maravilhoso
panorama. Várias
vezes essa ponte tem
sofrido as
inclemências das
cheias dos rios, que
a têm deteriorado,
sendo reparada
imediatamente, sem
que o trânsito por
ela fique
interrompido.
Medindo cento e
oitenta metros de
extensão, foi em
1896 alargada e
reparada com dez
arcos grandes e
alguns pequenos
intercalados entre
os peões. Ponte da
Barca é povoação
muito antiga, sendo
o seu primeiro foral
datado de 4 de Março
de 1125, concedido
por D. Teresa (mãe
de D. Afonso
Henriques, nosso
primeiro rei); D.
Afonso ll, mais
tarde, em 1217
confirmou esse
foral, sendo o seu
foral novo dado por
D. Manuel l à vila
de Torre de Nóbrega.
Durante muito tempo
esteve este sítio
desabitado. Isto
durou até ao meado
do século XlV. Muita
gente, porém,
transitou por aqui,
primeiro pela
facilidade que tinha
de atravessar o rio
por meio de uma
barca e, mais tarde,
atravessando a ponte
ali construída”.
(Dr. Rocha Martins –
1936).
“No local onde
actualmente se
encontra, não
existiu, até meados
do século XlV,
qualquer edificação.
É certo que por ali
transitavam muitos
viandantes, pela
comodidade oferecida
por uma barca
destinada,
exclusivamente, à
travessia do rio
Lima. Mais tarde,
esse meio de
transporte teria
sido substituido
pela ponte. Daí, a
designação de Ponte
da Barca que,
depois, a vila
tomou. Note-se que,
em 1513, ainda este
topónimo não era
usado, pois no foral
que D. Manuel l
concedeu a Ponte da
Barca, em 24 de
Outubro daquele ano,
dizia fazê-lo à Vila
da Nóbrega. Esta
circunstância leva a
aceitar a versão de
que a ponte é
posterior àquele
documento. De facto,
segundo se afirma,
só foi construída no
reinado de D.
Sebastião, entre
1568 e 1578. Ora, a
fazermos fé por o
que a tradição nos
diz, só aí por volta
de 1350 se levantou,
no referido local, a
primeira construção.
Era modesta e
destinava-se a
estalagem”.
(Leonídio de Abreu –
1956).
Ponte da Barca é uma
vila recatada e
antiga, situada na
margem esquerda do
rio Lima. O topónimo
de Ponte da Barca só
aparece no século XV,
numa carta de D.
Afonso V dirigida
aos homens bons
desse julgado. Antes
era conhecida pelo
nome de Terra da
Nóbrega (ou Anóbrega),
que ficava
sobranceira ao vale.
Tradicionalmente o
lugar de reconhecida
nomeada itinerária,
por estar no
cruzamento da via
dos peregrinos de
Braga a Santiago de
Compostela, e da
Ribeira Lima a
Orense, pelo Linhoso.
Esta última foi a
via que a rainha de
Castela, D. Urraca,
seguiu, com o seu
exército, após o
cerco de Lanhoso,
suspenso pela
imprevista retirada
de D. Gelmires,
bispo de Santiago.
No alto da Nóbrega
existia uma atalaia
(torre) da “portela”
do vade. A passagem
do rio Lima fazia-se
por uma barca. A
ponte, robusta e
formosa, que ainda
hoje serve, só foi
lançada, segundo se
julga, nos meados do
século XV. De
regresso de
Santiago, D. Manuel
l hospedou-se na
vila, na casa da
dona mais respeitada
e abastada da terra,
D. Maria Lopes da
Costa (sobrinha do
famoso Cardeal de
Alpedrinha), já de
idade avançada e que
contava no fim da
vida, aos 110 anos,
120 descendentes,
entre filhos, netos
e bisnetos, de dois
matrimónios. Foi,
pode dizer-se, a
grande povoadora da
terra. Durante a
perturbada época das
lutas liberais, a
vila foi ocupada, em
1827, por forças
miguelistas, foi
cercada e tomada a 6
de Fevereiro, pelo
regimento de
Infantaria 16,
comandado pelo
heróico coronel
Jerónimo de
Vasconcelos,
veterano da Guerra
Peninsular e
persistente defensor
dos princípios
liberais.
A Igreja Matriz, foi
reconstruída entre
1717 e 1738, sob o
risco do arquitecto
militar, Manuel
Pinto Vilalobos,
também autor da nova
Igreja da
Misericórdia de
Viana do Castelo., e
parente do Marquês
de Pombal. A
fachada, barroca, é
precedida por uma
escadaria em lanços.
No interior, forrado
de azulejos do tipo
tapete, admiram-se
talhas barrocas,
executadas em 1727
por Miguel Coelho. A
primitiva
construção, muito
ofendida por
sucessivas aberturas
de capelas laterais,
promovidas pelas
família brasonadas
da terra, teve de
ser apeada nos
princípios do século
XVlll. Na fachada
nota-se a falta de
uma das torres
sineiras, destruída
por um raio. Existe
uma cruz
procissional de
prata que D. Manuel
l ofereceu em 1503.
A Câmara Municipal é
um edifício da era
pombalina e deve-se
ao certo à
superintendência de
João de Almada,
governador de armas
de
Entre-Douro-e-Minho,
nessa época. Precede
a fachada uma
escadaria de pedra.
O andar térreo é
formado por arcos de
volta inteira, sobre
os quais se ergue o
andar nobre, onde se
rasgam doze janelas.
No centro figura o
brasão nacional.
Perto encontra-se o
Pelourinho,
monumento do século
XVl, é formado por
uma coluna
cilíndrica terminada
por uma esfera e
encimada por uma
pirâmide. O mais
notável monumento do
concelho de Ponte da
Barca é a Igreja de
Bravães , templo
românico, de pórtico
original. A sua
construção
atribui-se a D.
Vasco Nunes, rico
homem portucalense
do tempo de Afonso
Vl de Leão e
Castela, que nos
fins do século Xl aí
teria fundado um
mosteiro beneditino.
Bravães tem recantos
extremamente
pitorescos nas
margens baixas e
recortadas do rio
Lima. Sobranceiro,
fica o monte da
Pegadinha, nome cuja
origem se
desconhece. Nele se
realiza uma romaria
no dia 9 de Agosto,
que outrora era
chamada das Cabeças
Rachadas.
Em Ponte da Barca
ainda se pode
encontrar, a Igreja
de Santo António,
cuja frontaria
alpendrada, data do
século XVll. Guarda
talhas douradas,
executadas em 1795,
por Frutuoso de
Azevedo. A Casa dos
Farias, com portal
encimado e ameado,
com um brasão de
armas. É o tipo de
casa solarenga do
século XVlll, com
varandas de ferro
forjado.
PASSEIOS E
EXCURSÕES:
Nogueira, a 6 Km da
vila. Transpôe-se a
Ribeira do Vade à
vista do torreão
pombalino de Paço
vedro e dos solares
de Agrela e de
Quintela, este
último de origem
romântica, mas
coroado por uma
torre quinhentista,
manuelina. Um pouco
mais além situa-se a
velha Igreja de São
Martinho de Castro,
também românica, e
outrora integrada
num mosteiro do
século Xll. Mais
acima está o solar
de Calvos, com uma
torre manuelina.
Castelo de São Priz,
a 806 metros de
altitude. É um dos
mais empolgantes
miradouros da
Ribeira Lima. O
Castelo apenas
existe na tradição.
Castelo da Nóbrega,
cuja localidade foi
cabeça de um vetusto
concelho medievo. D.
Manuel l
transferiu-o para
Ponte da Barca. Como
relíquia do seu
longínquo passado,
subsiste uma táctica
e arruinada torre,
alcandorada num
picoto donde se
descobre um belo
panorama.
Arcos de Valdevez.
Num desses campos,
conhecido pelo
“Campo da Matança”,
se teria travado, em
1140, o torneio ou
recontro de
Valdevez.
Castelo de Lindoso e
com ele a própria
freguesia de
Lindoso, aldeia rude
e típica, de velhas
casas de perpianho
de granito, algumas
ainda com tecto de
colmo, perto da
fronteira. O Castelo
é afonsino, talvez
do século Xlll,
embora reconstruído
por D. Dinis, que
deu à terra o nome
de Lindoso,
corruptela de lindo.
Ao lado do castelo
fica o interessante
Largo dos
Espigueiros, de
muito interesse
etnográfico.
Leira do santo, nas
cercanias de Cidade
lhe o sítio chamado
Leira do Santo é uma
pequena leira de
lavoura encerrada
entre rochedos. Num
terreno pedregoso
que aí existe tem
sido achados alguns
vestígios de vida
castreja.
Serra Amarela, que
não figura nos
mapas, com um cume
de 1.361 metros,
forma a muralha que,
entre Lima e Homem,
fecha pelo Nascente
a fronteira
portuguesa com a
espanhola,
estendendo os seus
alcantis e ravinas
por grande parte dos
concelhos de Ponte
da Barca, Terras do
Bouro e Vila verde.
Nesta serra, têm
sido encontrados
vestígios de vida
pré-romana. É a
nascente das
cumeadas da serra
Amarela e no fundo e
flancos duma ravina
que cresce a Mata do
Cabril.
Ponte de Lima
http://www.cm-pontedelima.pt
A vila de Ponte de
Lima caracteriza-se
essencialmente por
ser uma zona de
forte impacto
turístico, um
concelho com um
vasto acervo
patrimonial, quer
arquitectónico, quer
arqueológico quer
paisagístico, um
importante nó de
comunicações
rodoviárias,
reforçando ao nível
das acessibilidades,
as suas ligações com
os grandes pólos
urbanos de Viana do
Castelo e Braga, com
a auto estrada
Porto-Braga-Valença
e com os eixos
viários IP1 e
brevemente o IC28.
Ponte de Lima
http://www.pontedelima.com/feira.htm
Conde d'Aurora, A
Feira de Ponte, in
Roteiro da Ribeira
Lima, 1959
Durante a Idade
Média as feiras
tiveram um papel
importante na
organização
económica da época.
Corrigindo a falta
de comunicações
fáceis e rápidas
elas representavam o
ponto de contacto
entre produtor e
consumidor, entre o
agricultor e o homem
da cidade ou vila.
Distinguem-se dos
mercados pois o seu
intervalo de tempo é
superior (quinzenal
em média), atraindo,
portanto, gente de
locais mais
afastados.
O seu
aparecimento foi
favorecido pelas
festividades e
cerimónias de culto.
As romarias, as
peregrinações e
todas as
festividades
religiosas atraíam
peregrinos vindos de
longe, facultando
uma ocasião de
troca, compra e
venda de produtos.
Mas ao lado do
aspecto económico
existe outro que lhe
é intimamente
ligado: o jurídico.
O comércio para
existir e se
desenvolver
necessita de
segurança, de
garantias, de
protecção jurídica.
Por isso as feiras
possuíam uma série
de regras e
estatutos muito
especiais, que
regulavam o seu
funcionamento. O
local da feira
existia uma paz
especial: a chamada
"paz da feira". Mas
a paz da feira
protegia quem
concorresse a estas
reuniões, não só no
local aonde esta se
realizava mas também
durante a viagem de
ida e volta. Para
indicar o principio
da paz da feira era
erigido no local um
ramo de arbusto, um
escudo branco ou
vermelho, uma
bandeira, um chapéu,
uma espada, uma
cruz, etc.. Mas de
todos estes símbolos
o mais usual era a
cruz. Desta maneira,
os feirantes não
podiam ser presos
nem perseguidos por
qualquer delito
durante o espaço de
tempo que durava a
feira (excepto por
delitos praticados
na própria feira) e
a viagem de ida e
volta; protecção e
segurança aos
mercadores e
mercadorias e todo
aquele que fosse
apanhado a roubar
teria de restituir o
dobro daquilo que
roubou.
Com o rolar dos
anos outros
privilégios foram
acrescentados a
estes, tais como, o
porte de armas, o
uso de qualquer
espécie de montada,
não serem forçados a
qualquer serviço nem
lhes serem tomados
os animais para
cargas e por último
não pagavam qualquer
imposto sobre a sua
mercadoria (feiras
francas).
Mas as feiras
não contribuíram
somente para o
aperfeiçoamento e
melhoramento das
relações económicas
e jurídicas entre os
homens, mas tiveram
também um papel
importante sob o
ponto de vista
social e cultural. O
homem que vivia
curvado sobre a
terra encontrava
nestas alturas uma
oportunidade de se
expandir, de se
divertir, de dar
largas ao seu
instinto de
sociabilidade. Na
feira ele obtinha
noticias sobre o
mundo que o rodeava,
ouvia as historias
dos mercadores, as
aventuras por estes
passadas, as lendas
e tradições de
outras regiões. Foi
talvez este contacto
entre as pessoas que
contribuiu para a
solidariedade e
formação do
sentimento nacional.
Foram elas
também que
contribuíram
enormemente para o
aperfeiçoamento das
engrenagens do
crédito, que,
evoluindo, deu
origem aos bancos e
também às concepções
económicas do mundo
moderno.
A feira
quinzenal de Ponte
de Lima é a mais
antiga feira de
Portugal, pelo
menos, a mais antiga
de que há referência
em documento
escrito.
Dª Teresa, mãe de D.
Afonso Henriques, no
foral que deu à
vila, em 1125, manda
dar protecção aos
que vem à feira e
aos que dela partem.
..." et homines qui
de cunctis terris
uenerint ad feiram
et ad illos
malefecerit tam
eundo quam redeundo
pariat LX solidos."
Tradução:
E se alguém fizer
algum mal aos homens
que de qualquer
terra vierem à
feira, tanto na ida
como na vinda, pague
60 soldos.
Que esta
antecedeu o foral
não há dúvida; ele
põe em foco os
privilégios dos que
vinham à feira,
deixando pressupor
que a feira existia
anteriormente a
1125.
A passagem
obrigatória, pela
ponte romana, sobre
o rio Lima na via
romana
Bracara-Astúrica de
caminhantes, de
peregrinos para
Santiago de
Compostela, de
feirantes, todos
necessitando de
alimentos, albergue
e assistência, que
teriam de ser dados
pela população
aglomerada e já
fixa, teria
propiciado o
aparecimento de um
nódulo comercial
favorecido pelo
nódulo geográfico.
Durante toda a
Idade Média os reis
portugueses
protegeram,
confirmando os
privilégios da vila
de Ponte, o burgo e
a sua feira.
A continuidade
da feira até aos
nossos dias é-nos
confirmada, pois,
através de diversos
documentos emanados
da Chancelaria Real.
· D. Afonso II
confirma em 1212, em
Guimarães, a Feira
de Ponte de Lima.
· D. Dinis, ao
dar avença ao
concelho de Monção,
em 1305 recomenda
que essa feira não
coincida com as
quinzenais de Ponte
de Lima.
· D. Fernando
concede a Ponte de
Lima em 1370 feira
real.
· D. Afonso V em
carta régia de 12 de
Julho de 1449
confirma ao concelho
e homens bons de
Ponte de Lima todos
os foros, graças,
privilégios e
liberdades que lhes
foram dados pelos
reis passados, e os
bons usos e costumes
que sempre houveram
e de que sempre
usaram até à morte
de el-rei D. Duarte,
seu pai. Neste mesmo
documento se faz
referência à feira.
· Em 1485, no
reinado de D. João
II, se diz nas
Cortes que na vila
de Ponte de Lima se
faz feira cada
quinze dias.
· No foral de D.
Manuel, sem
referência explícita
à feira,
estipulam-se preços
e impostos.
A partir de 1577 os
livros de Vereações
da Câmara fazem
sucessivas
referências à feira.
A nossa feira é
do ponto de vista
económico, a seguir
à de Barcelos, a
maior feira do
Minho; no aspecto
histórico,
etnográfico,
sociológico talvez
seja a mais rica de
tradições, a mais
castiça de costumes,
a que conserva e
mantém mais direitos
consuetudinários, a
que reflecte mais
variedade de usos, a
que melhor mostra a
maneira de ser do
nosso povo.
Sempre foi e
continua a ser uma
das mais concorridas
do norte de
Portugal.
Não vinha só
gente da vila e
arredores. Vinha-se
a pé de Caminha e de
Coura, pela serra.
Vinha gente da
Galiza.
Quando das
Cortes de Lisboa em
1459, os
procuradores do
concelho de Ponte de
Lima, Pero Malheiro
e Diogo Lopes,
apresentaram
requerimento com 12
capítulos entre os
quais se destaca o
seguinte:
"Dizem os
procuradores da vila
de Ponte de Lima, os
de Ponte da Barca e
os de Valdevez que
os gallegos de Monte
Rey, de Milmanda, de
Araujo e d'outras
partes antigamente
sempre costumavam
vir à feira
quinzenal de Ponte
de Lima com suas
bestas e
mercadorias, levando
daqui muito sal e
outras coisas...".
Através deste
documento se prova
que à feira de Ponte
de Lima não vinham
somente as
burriqueiras de
Prado, os ourives de
Braga, as
sardinheiras de
Darque, os
vendedores de linho
de Guimarães, os
louceiros de
Alvarães, de Viana e
de Barcelos, os
contratadores de
gado dos Arcos e da
Barca, mas também
muita gente da
Galiza além de
Aveiro, Barroso, de
todo o Alto Minho e
do Douro Litoral.
Como se chegava
à feira?
Vinha-se a pé,
a cavalo, em carros
de bois, de barco,
na "Carreira" e até
em jangadas.
O dia de feira
era um dia festivo.
As pessoas vinham
com os seus fatos
domingueiros; os
moços de raminho de
alfádiga na orelha,
a mão munida de
guarda-chuva ou de
um pau de
marmeleiro; as moças
com suas saias
compridas, com
muitos folhos e
pregas, chambres
cintados, arrecadas
de ouro pendentes
das orelhas, os
cestos enfeitados
com ricas toalhas de
tear que elas mesmas
teceram.
Os carros de
bois engalanados com
arcos de verdura e
flores; os animais
com os chifres
floridos, campainhas
no cachaço e o
saquinho contra o
mau olhado.
Alguns garranos
(aqueles que levam
cavaleiro) com rabos
de raposa pendendo
da cabeçada, pele de
raposa ou lobo
assente nos quadris
e argolas na sela
que tilintam ao
fazerem o "travadinho".
Os que são para
venda vêm em fila (o
cabresto do que vai
atrás preso na cauda
do da frente).
Os nylons e o
terilene vieram
substituir o burel,
os fatos de merino,
as saias garridas à
"lavradeira".
O carro de bois
passou a trazer
somente carga.
Depois da diligência
veio a tarifa, mas a
bicicleta, a
motorizada, os
autocarros, os
tractores e
reboques, e os
automóveis são os
novos meios de
transporte.
A feira de
Ponte de Lima
marcava a cadência
de outras.
Documentos medievais
dão notícia de que
outras feiras
importantes tinham
de fixar as suas
datas conforme fosse
a de Ponte de Lima,
sempre dando
primazia à nossa.
Na carta de
avença de D. Dinis
com o concelho de
Monção a certa
altura diz-se o
seguinte:
"... e outrossi mãdo
e tenho por he que
esse cõcelho de mõçõ
aia ffeyra de quize
em XV dias porem nõ
faça en aqle doma
que se ffaz a de
põte de Lima...".
Em 1799 alguns
negociantes da vila
pretendendo que a
feira passasse a
semanal, com o
fundamento da
utilidade pública,
requereram provisão
para essa reforma.
De Lisboa mandaram
consultar a Câmara,
nobreza e povo.
Cumprida a
convocação em 27 de
Abril foi unânime o
sufrágio a favor da
mudança!
Mas não consta
no arquivo que tal
mudança fosse
efectuada. Ou o
pedido não foi
autorizado ou , se
foi, não teve
duração.
Novamente em
sessão camarária de
4 de Janeiro de 1844
a Câmara aprovou a
passagem da feira a
semanal e pediu em
ofício de 16 de
Janeiro a
autorização da Junta
Geral do Distrito.
Por último, em
1919, a Câmara
presidida pelo Dr.
Teófilo Carneiro
tentou passar a
feira a semanal. Mas
o comércio local e
os habitantes de
Freixo (cuja feira
iria coincidir com a
de Ponte de Lima)
opuseram-se alegando
prejuízo para o seu
comércio.
Portanto, a
feira subsiste
quinzenal até aos
nossos dias.
A feira,
através dos tempos,
tem-se realizado
aproximadamente na
mesma área.
Embora A.
Almeida Fernandes
sustente a tese de
que a feira
primitivamente se
realizava no lado
direito do rio, onde
terá começado o
burgo, e só depois
do foral de D.
Teresa teria passado
a realizar-se no
lado esquerdo,
devido à mudança da
vila para essa
margem, parece, por
documentos e achados
arqueológicos, não
se comprovar a sua
tese.
Apesar de no
Livro de Vereações
de 1775 - 1781 se
encontrar numa
petição dos
habitantes do
arrabalde de Além da
Ponte pedindo para a
feira de gado ser
mudada para lá, a
afirmação "... aonde
antigamente se fazia
..." não encontrei
documento que o
comprovasse, nem o
seu pedido foi
deferido.
A feira
primitivamente
realizava-se
intra-muros. Depois
passou a realizar-se
encostada às
muralhas. Os
mercadores que
vinham de fora
armavam as suas
tendas nos
alpendres, que desde
tempos imemoriais
lhes eram alugados
pela Confraria do
Santíssimo
Sacramento com o
consentimento do
Senado.
Espraiava-se
pelo paredão, e
quando em 1848 este
foi demolido, pelo
passeio público,
pelo cais e pelo
vasto areal.
Na feira tudo
tem o seu lugar
certo, nos mesmos
sítios há um ror de
anos; tudo é
arrumado pela mesma
ordem e na mesma
hora, a hora velha
marcada pelo sol;
aqueles que vendem
têm o seu cantinho
reservado há anos.
Os que compram
sabem exactamente
onde encontrar
aquilo de que
precisam.
Do lado norte é
a feira do gado
bovino e cavalar.
Esta era sem
qualquer dúvida a
mais importante do
Minho.
Junto à descida
que dá para o areal
estão os bois mais
lindos, os mais
corpulentos. São
estes que vão
atingir os maiores
preços. Lá para o
meio estão os bois
novos e as touras
que já cangam. Na
parte mais afastada
do areal, à beira do
rio, estão as vacas
leiteiras, algumas
acompanhadas das
suas crias
Antigamente,
quando havia uma boa
venda, pagavam ao
sineiro para tocar
um repique no sino
da Torre. Desta
forma o sino
badalava alegremente
grande parte da
manhã, pois era com
a ramela no olho e
um copo de bagaço ou
vinho (para aquecer)
que a maioria dos
negócios se
realizavam.
Era tanto o
gado e tão juntinho
que havia alturas em
que para uma pessoa
se deslocar tinha de
desviar, com um
braço, uma pessoa e
com o outro, uns
chifres barrosãos.
Barrosãos, pois
o lavrador minhoto
tinha a sua opção
feita. Era raro
encontrar bois
galegos e vacas
turinas. Os bois
barrosãos são de uma
raça que fazia parte
da paisagem rural
desta região onde
nasceu Portugal.
Na área do
Passeio armam-se as
barracas de madeira
e lona onde são
expostos e vendidos
a fruta e os artigos
manufacturados.
O visitante
pode comprar roupa
feita de lã,
algodão, seda e
linho; ferragens,
cutelarias, calçado
fino e chancas,
quinquilharias, e
antigamente também
podia adquirir os
famosos artefactos
minhotos de ouro e
prata. Digo
antigamente, pois
hoje em dia já não
se põem na feira
essas barracas com
os metais preciosos.
Em tempos
passados existiam
neste local uns
alpendres, junto às
muralhas, dos quais
a Confraria do
Santíssimo
Sacramento cobrava
locação. Estes
alpendres serviam
para os mercadores
abrigarem e venderem
as suas mercadorias
nos dias de chuva.
Agora vamos
descer ao areal sul.
À nossa
esquerda e limitada
pelo rio está a
feira do gado suíno.
À nossa
direita, perto dos
arcos da ponte,
avistamos as tendas
dos ciganos: tendas
de camisolas, de
sapatos, de
retalhos.
Olhando em
frente deparamos com
uma cidade miniatura
em hora de ponta.
Em 30 de
Janeiro de 1808 a
Câmara ordenou que
se arruassem e
demarcassem com
marcos de pedra os
lugares que os
feirantes deveriam
ocupar no areal.
Actualmente esses
marcos não existem,
nem fazem falta pois
cada vendedor sabe
onde deve
exactamente montar o
seu estendal.
Num mar de
tendas existem ruas
paralelas,
perpendiculares e
cruzamentos.
O número de
pessoas que se
movimentam, os
chambres de meios
tons, os lenços
coloridos das
mulheres, o barulho
das pessoas a
marralhar e das
barracas de música
em cassetes e
cartuchos, tudo isto
dá uma sensação de
movimento, de vida
surpreendente.
Aqui pode-se
adquirir carne de
porco, sal (o sal
que já os galegos
vinham buscar antes
de 1480),
hortaliças, legumes,
ovos, frutas e
cereais, todo o
excedente do
lavrador que às
vezes até se priva
destes produtos para
comprar aquilo que
não colhe ou que não
fabrica.
Conforme as
estações do ano aí
podemos encontrar
castanhas, nozes,
cerejas, mel, etc.
Ao lado fica a
feira das aves de
capoeira e dos
coelhos.
No foral de D.
Manuel encontramos
referência às
lebres, coelhos
bravos, perdizes,
patos e pombos que
supomos que seriam
abundantes nesta
zona, naquela época.
Presentemente estes
animais rareiam na
região e
consequentemente já
não encontramos caça
na feira mas tão
somente animais
domésticos.
As mercadorias
vendidas na feira
constituem o
essencial para as
necessidades do
povo.
A seguir à zona
dos produtos que o
lavrador vende
encontra-se a zona
dos produtos que o
lavrador compra.
Se já não se
encontra o burel e
rareia o linho e a
estopa, não faltam
as chitas, os
tecidos de algodão,
de nylon, de
terilene, os tapetes
e as mantas.
Ainda se vendem
as lindas almotolias
para o azeite e as
candeias feitas de
folha de flandres.
Na feira da
louça já não se
encontram as malgas
de Málaga, da
Corticeira ou de
Massarelos; mas não
faltam os barros de
Barcelos, a louça de
Viana e até louça
"inglesa" e
"chinesa".
Os utensílios
em madeira estão a
desaparecer.
As gamelas são
substituídas pelas
bacias de plástico.
Já não há
garfos de ferro; os
talheres vêm de
Guimarães e os
vidros da Marinha
Grande.
Os armários de
platex estão a
roubar o lugar às
masseiras onde se
amassa a broa, aos
louceiros de
pauzinhos
torneados,...
Chegamos
finalmente à feira
da sardinha.
Quando há
poucos anos a Câmara
tentou, por medida
higiénica, mudar a
feira do peixe para
dentro do mercado,
as peixeiras
protestaram
energicamente. E de
tal modo protestaram
que a Câmara não
conseguiu os seus
intentos.
As pessoas
estão tão habituadas
a vender e comprar o
mesmo produto no
mesmo local há
tantos anos que de
modo nenhum se
conformam com
mudanças e não
abdicam dos direitos
adquiridos.
A sardinha
primitivamente era
vendida na "botica"
geralmente por
galegos a quem as
regateiras a iam
comprar para
revenda.
Depois era
vendida na Praça
Velha e em 1797 a
Câmara ordenou que
esta venda se
mudasse para o lugar
de Pessegueiro, na
feira dos cevados.
No entanto
desde sempre, no dia
de feira, se vendeu
a sardinha no areal.
Eram até multadas as
vendedoras de fruta
e de pão e as
peixeiras que no dia
de feira não fossem
para o areal, para
desembaraçar as ruas
da vila (deliberação
camarária de 26 de
Julho de 1834).
Também se
vendia bacalhau.
As bacalhoeiras
de Darque eram
obrigadas a deixar
vendido na vila, no
dia de feira ou no
dia imediato, todo o
bacalhau que
trouxessem de Viana
não podendo levar
nenhum de volta.
Não podemos
deixar também de
referenciar aqui as
figuras típicas da
feira: a mulher dos
tremoços, a
vendedora dos doces
cobertos de açúcar,
o homem que repara
os guarda-chuvas, as
aguadeiras, o
aldrabão da feira (o
tradicional vendedor
da banha de cobra).
Desde sempre o
Estado lançou
impostos sobre os
produtos vendidos na
feira.
D. Manuel, no
foral que deu a
Ponte de Lima,
lançou portagens
sobre a maioria dos
produtos que se
transaccionavam.
Algumas vezes
esses impostos eram
para financiar obras
que tinham que se
realizar na vila.
Eram, pois, impostos
temporários.
No reinado de
D. Sebastião lançou
se uma imposição por
dez anos sobre o sal
e o azeite que se
vendiam na feira.
Até sobre cada
canastrão de
sardinha que passava
na ponte se lançou
imposto, aliás de
curta duração, pois
passado mês e meio,
em 1 de Julho de
1767, foi anulado.
Também foram
lançados impostos
sobre os carros de
fora do concelho que
concorressem à feira
e sobre o gado. O
imposto sobre o
gado, que vigorou
até 1838 era de 100
réis por cabeça,
sendo este imposto
pago pelo comprador.
Em 1845 foi pedida
ao Governador Civil
autorização para
lançar novo imposto
sobre o gado para
reparação da cadeia.
Mas este pedido não
foi atendido. Em
1959 a Câmara lançou
uma taxa de ocupação
do terrado por cada
cabeça de gado. Mas
foi tal a
contestação a este
imposto que ele
deixou de se cobrar.
No entanto as
autoridades também
faziam o possível
por fomentar e
desenvolver a feira.
D. Teresa no seu
foral ordenou que se
multassem em 60
soldos aqueles que
maltratassem a gente
que vinha à feira.
D. Afonso V
obrigava os
lavradores da região
a trazer os seus
produtos à feira
"...e se os não
trouxerem por sua
própria vontade, os
juizes lhos façam
trazer...".
Em 1743 o
Senado para proteger
a gente da vila, dos
contratadores que
levavam para fora os
produtos da região
que se vendiam na
feira, determinou
que ninguém de fora
da vila e termo
comprasse nada antes
do meio-dia.
Desde tempos
recuados que o povo
dos arredores da
vila estava
dispensado de
portagem sobre o que
se vendia na feira,
como o estavam os
que moravam
intra-muros, por já
pagarem as peitas e
fintas (n.º 5 do
pergaminho n.º 40).
Em Portugal,
antes de se adoptar
o sistema
métrico-décimal ,
cada região tinha os
seus próprios pesos
e medidas. Em Ponte
de Lima todo aquele
que comprasse ou
vendesse mercadorias
que não estivessem
aferidas pelos pesos
e medidas do
concelho pagava uma
multa de 20
cruzados, isto em
1577.
Em 1455 o
Almotacé-Mor do
Reino estabeleceu um
novo regulamento de
pesos e medidas para
todo o país, o que
veio a causar grande
descontentamento em
muitas cidades e
vilas, cujos padrões
eram maiores do que
aqueles que então se
impunham.
Foi por causa
desse
descontentamento
que, em 15 de Abril
do mesmo ano, os
procuradores às
cortes pediram a D.
Afonso V que "...pera
todo comun he
proveito os ditos
pesos e medidas
sseerem grandes ante
q peqnas..." e que
todos continuassem a
usar os antigos
pesos e medidas.
D. Afonso, em
resposta a este
pedido, passou uma
provisão consentindo
que as diversas
regiões continuassem
com os pesos e
medidas que sempre
tiveram, e em que a
certo passo
salientamos o
seguinte:
" Os (padrões) de
Guimarães regularão
para todo o
arcebispado de
Braga, e os de Ponte
de Lima para todos
os lugares de entre
Lima e Minho".
Além disso os
padrões teriam de
estar em todas as
câmaras das vilas e
cidades.
Desta maneira,
Ponte de Lima pôde,
por várias vezes,
aferir os seus
padrões pelos seus
congéneres
existentes em Viana.
E muito
especialmente a
partir de 1830, data
em que os padrões
originais de Ponte
de Lima foram
requisitados para a
Torre do Tombo, em
Lisboa, dos quais as
cópias que ficaram
iam sendo
gradualmente
adulteradas.
Por diversas
vezes os feirantes
se queixaram de
serem roubados nos
pesos e medidas na
feira e encontramos
nos livros de
vereações várias
recomendações de
maior vigilância aos
aferidores e ordens
para a estes se
entregarem novos
pesos e medidas.
A feira é um
marco no tempo:
havia contratos em
que os rendeiros
tinham de pagar as
suas rendas na feira
de um determinado
mês. É linguagem
corrente a frase:
pela feira de Ponte
eu ... .
O dia de feira
é marco da vida
social: as férias
quinzenais dos
artistas pagam-se no
dia de feira ou no
Domingo anterior à
feira; nos dias de
feira não se
trabalha; os
namorados
encontram-se na
feira e fazem-se e
desfazem-se
noivados; invadem-se
as repartições;
ultimam-se negócios
e ajustam-se contas.
O vinho verde
da região é a tinta
com que se selam
estes contratos
(alguns há que vão
para casa bem
demolhados).
No fim da feira
é o convívio nos
tradicionais tascos
com as sandes, o
peixe frito, os
rojões de porco, as
pataniscas e os
bolos de bacalhau, a
sardinha assada,
etc.
Mudam-se
os tempos, mudam-se
as vontades ...
Muda a maneira
do homem se vestir,
de se calçar,
evoluem os hábitos
alimentares, variam
os transportes; mas
as necessidades
humanas mantêm-se e
os mecanismos das
trocas, das relações
sócio -económicas
persistem
inequivocamente
semelhantes.
A feira
continua a ser o
ponto de encontro do
nosso povo.
Na feira
espelha-se a alma da
nossa gente.
A feira de
Ponte de Lima é um
marco da vida do
concelho.
Ponte de Lima/1981
Prof. António Pedro
Silva
BIBLIOGRAFIA
MANUSCRITOS
Acórdãos da Câmara
desta Vila de Ponte
de Lima.
Apontamentos para as
Memórias de Ponte de
Lima face ao Arquivo
Municipal, por
Miguel Roque dos
Reys Lemos.
Foral de D. Manuel
I.
Foral de D.ª Maria.
Livro das Correias,
Biblioteca da Câmara
Municipal de Ponte
de Lima.
Livro dos Registos
da Biblioteca da
Câmara Municipal de
Ponte de Lima.
Livro de Vereações
de 1577 a 1578, Arq.
da Câmara Municipal
de Ponte de Lima.
Livro de Vereações
de 1580 a 1583, Arq.
da Câmara Municipal
de Ponte de Lima.
Livro de Vereações
de 1626 a 1628, Arq.
da Câmara Municipal
de Ponte de Lima.
Livro de Vereações
de 1631 a 1634, Arq.
da Câmara Municipal
de Ponte de Lima.
Livro de Vereações
de 1634 a 1638, Arq.
da Câmara Municipal
de Ponte de Lima.
Livro de Vereações
de 1660 a 1665, Arq.
da Câmara Municipal
de Ponte de Lima.
Livro de Vereações
de 1682 a 1685, Arq.
da Câmara Municipal
de Ponte de Lima.
Livro de Vereações
de 1714 a 1717, Arq.
da Câmara Municipal
de Ponte de Lima.
Livro de Vereações
de 1741 a 1745, Arq.
da Câmara Municipal
de Ponte de Lima.
Livro de Vereações
de 1745 a 1749, Arq.
da Câmara Municipal
de Ponte de Lima.
Livro de Vereações
de 1751 a 1754, Arq.
da Câmara Municipal
de Ponte de Lima.
Livro de Vereações
de 1766 a 1768, Arq.
da Câmara Municipal
de Ponte de Lima.
Livro de Vereações
de 1775 a 1781, Arq.
da Câmara Municipal
de Ponte de Lima.
Livro de Vereações
de 1787 a 1795, Arq.
da Câmara Municipal
de Ponte de Lima.
Livro de Vereações
de 1795 a 1803, Arq.
da Câmara Municipal
de Ponte de Lima.
Livro de Vereações
de 1803 a 1807, Arq.
da Câmara Municipal
de Ponte de Lima.
Livro de Vereações
de 1807 a 1820, Arq.
da Câmara Municipal
de Ponte de Lima.
Livro de Vereações
de 1820 a 1825, Arq.
da Câmara Municipal
de Ponte de Lima.
Livro de Vereações
de 1825 a 1834, Arq.
da Câmara Municipal
de Ponte de Lima.
Livro de Vereações
de 1834 a 1836, Arq.
da Câmara Municipal
de Ponte de Lima.
Livro de Vereações
de 1839 a 1841, Arq.
da Câmara Municipal
de Ponte de Lima.
Livro de Vereações
de 1842 a 1848, Arq.
da Câmara Municipal
de Ponte de Lima.
Livro de Vereações
de 1848 a 1852, Arq.
da Câmara Municipal
de Ponte de Lima.
Livro de Vereações
de 1857 a 1860, Arq.
da Câmara Municipal
de Ponte de Lima.
Livro de Vereações
de 1959, Arq. da
Câmara Municipal de
Ponte de Lima.
Pergaminho nº 25, da
Biblioteca Municipal
de Ponte de Lima.
Pergaminho nº 26, da
Biblioteca Municipal
de Ponte de Lima.
Pergaminho nº 27, da
Biblioteca Municipal
de Ponte de Lima.
Pergaminho nº 29, da
Biblioteca Municipal
de Ponte de Lima.
Pergaminho nº 40, da
Biblioteca Municipal
de Ponte de Lima.
Provisão passada por
D. Pedro IV, Arquivo
do Espírito Santo.
OBRAS IMPRESSAS
Almanach Illustrado,
de O Comércio do
Lima para o ano de
1907.
Almanaque de Ponte
de Lima, 1908.
Almanaque de Ponte
de Lima, 1927.
Almanaque de Ponte
de Lima, 1933.
Anais Municipais,
por Miguel Roque dos
Reys Lemos.
Código de Posturas
Municipais, 1914.
Dicionário da
História de
Portugal, de Joel
Serrão.
Estrangeiros no
Lima.
Jornal Cardeal
Saraiva, 1919.
Ponte de Lima na
Alta Idade Média, de
A. de Almeida
Fernandes.
Roteiro da Ribeira
Lima, de Conde da
Aurora.
Subsídios para o
Estudo das Feiras
Medievais
Portuguesas, de
Virgínia Rau.
Valença – (Concelho
do Distrito de Viana
do Castelo)

Foi fundada nos fins
do século Xll por D.
Sancho l, que lhe
atribuiu o nome de
Contrasta, devido à
sua situação em
frente de Tui num
sentido de oposição.
Em 1512, D. Manuel l
outorgou-lhe foral
novo.
ORIGEM DO NOME:
“Valença, a
pitoresca vila
minhota, que assim
se denomina,
localiza-se junto à
fronteira de
Portugal com a
Galiza e é cabeça
dum dos concelhos do
distrito de Viana do
Castelo. Embora
antiquíssima,
segundo se afirma,
pouquíssimo se sabe
do seu remoto
passado, podendo
dizer-se que está
incluída entre as
vilas portuguesas, a
respeito das quais
ainda não há
publicada nenhuma
monografia
histórica. Sobre a
origem do topónimo,
pouco de oferece
dizer. Na nossa
linguagem arcaica,
usou-se o vocábulo
como nome comum,
Valença, empregado
para exprimir a
ideia de força,
fortaleza, poder,
valentia, valor ou
vigor, mas não deve
ser esta
propriamente a
origem da
designação”. (Dr.
Xavier Fernandes –
1944).
“Há quem pretenda
atribuir aos
soldados de Viriato
a fundação de
Valença do Minho. O
facto ter-se-ia
passado em 136 antes
de Cristo, isto é,
após a reconciliação
entre eles e o
famigerados cônsul
romano Décio Júnio
Bruto. (...). Assim,
Valença ocupa os
terrenos de um
antigo castro
levantado no morro
fronteiro a Tui e de
cuja existência
deram sobejo
testemunhos muitos
objectos da época
romana encontrados
no local. Era o
Castrum Tydis de
que falam alguns
geógrafos antigos e
por Valentoia se
designaria uma
pequena povoação que
o circundava. (...).
Chamava-se, por essa
época, Contrata,
nome que tomara no
tempo dos bárbaros –
como se infere de
Vilhena Barbosa ao
decompor a palavra
em Contra-Castra –
em opisição ao
vizinho e arrogante
castelo de Tui”.
(Leonídio de Abreu –
1956).
Reedificou-a, e
mandou-a novamente
povoar el-rei D.
Afonso lll, no ano
de 1262; e por essa
ocasião lhe mudou o
antigo nome de
contrasta no de
Valença. Do primeiro
não sabemos a
etimologia. Talvez
proviesse de dois
vocábulos latinos
cantra-castra, por
ser sido fundada
defronte, e em
oposição a Tui. O
segundo dizem que se
deriva de valentia ,
e que por esse nome
quis D. Afonso lll
designar a
importância da
posição, ou a das
obras de
fortificação com que
a defendeu”.
(Vilhena Barbosa –
1860).
Valença é uma antiga
praça de guerra,
ainda cingida por
possantes cortinas e
baluartes peculiares
da estratégia
setecentista, do
tipo Vauban,
belamente situada
num morro
sobranceiro ao rio
Minho, quase
defronte da cidade
galega de Tui. As
raízes desta
fortificação
ocultam-se na fase
obscura da
romanização. Tito
Lívio afirma que o
oppidum de Valença
foi dado pelo pretor
(cônsul) Décio
Bruto, o Galaico ,
aos soldados
veteranos que haviam
combatido sob as
suas ordens as
tribus aguerridas
dos lusitanos. Na
fase da pacificação,
aí passava a via
militar de Brácara
(Braga) a Tui. Assim
o comprova o marco
moliário apigráfico
(do tempo do
Imperador Cláudio)
que ainda se
conserva na vila, em
frente da Igreja de
Santo Estevão. Nos
fins do século Xll,
D. Sancho l mandou-a
povoar. O Foral que
concedeu aos
moradores foi
confirmado por D.
Afonso ll (1217). A
vila chamava-se
então Contrasta, ou
seja vila fronteira
ou oposta a outra
(que era Tui). Em
1212, Contrasta foi
tomada e destruída
pelas forças de
Afonso lX, de Leão,
em guerra declarada
com D. Afonso ll de
Portugal, por via da
celebrada querela
das infantas Sancha
e Urraca. Ao pacto
entre a rainha
Berengária, de
Castela, mãe de
Fernando lll, e a
ex-rainha D. Teresa
(monja em Lorvão -
Coimbra), foi dado o
nome de Concórdia de
Valença. Finda a
guerra com o reino
leonês, D. Afonso
lll mudou o nome
polémico de
Contrasta pelo
topónimo velho de
Valença, e deu novo
foral à vila,
concedendo muitos e
importantes
privilégios aos
moradores,
convertendo a vila
em lugar de asilo ou
homísio e dando ao
seu aro verdadeiros
foros de couto
municipal. Em 1384.
D. João l tomou
Valença, pelas
armas. E em 1396, o
mesmo monarca
decidiu aí um golpe
de audácia:
atravessou o rio
Minho de noite com
algumas forças e
tomou de surpresa a
praça de Tui.
Durante a Guerra da
Restauração, em
1657, o general
espanhol, Vicente
Gonzaga, atacou a
praça com uma força
de 30 mil homens,
mas foi repelido. Em
1664, a praça caiu
em poder das forças
filipinas, que em
breve seriam
desalojadas pelo
Conde de Cantanhede.
No decurso das
invasões
napoleónicas a praça
sofreu violentos
ataques. Num deles,
em 1807, uma força
de Soult conseguiu
penetrar na
fortaleza,
desmantelando, com
uma explosão, a
Porta do Sol. O
mesmo general.
Prostado em Tui, em
1809, infligiu-lhe
novo bombardeamento,
mas sem conseguir a
travessia do rio, já
tentada, sem êxito,
em frente à vila de
Cerveira. Depois nas
lutas liberais e na
Patuleia voltou a
ser teatro de muitos
transes de guerra. E
finalmente, em 1912,
algumas forças
realistas de Paiva
Couceiro tentaram
forçar a ponte
fronteiriça, mas sem
êxito. Muitos dos
incursões tombaram
sob o fogo da
pequena tropa
dirigida pelo
capitão Lebre. Em
1927 uma parte da
guarnição de Valença
aderiu ao movimento
do Porto, do general
Sousa Dias. A
fortificação de
Valença, assim como
as de Vila Nova de
Cerveira e Monção
foram edificadas na
Idade Média. Coube a
Valença ser a
contemplada com um
completo
amuralhamento
moderno. É que, com
os acontecimentos de
1640 (restauração de
Portugal), o reforço
da linha de
fronteira passava
também por tentar
impedir a vedação do
rio Minho na frágil
linha que se
estendia entre
Valença e Monção. No
entanto, as obras de
fortificação iriam
ter início apenas em
1661, já dois anos
após a primeira
grande batalha da
Guerra da
restauração, a das
Linhas de Elvas. Por
respeito aos seus
criadores, aos seus
construtores, aos
seus estrategos, o
melhor será afrontar
as fortes muralhas
de Valença pela
banda do norte. Se
possível em Tui,
olhando lá do alto
da catedral a
fortificação
lusitana. E só então
descer daqui para a
ponte velha, a ponte
de ferro que cruza o
rio Minho. É que só
assim, mirando-lhe a
fortaleza com olhos
bélicos, só assim se
pode entender este
morro amuralhado de
Valença, se não na
sua valença e
valentia ao menos na
sua imponência, na
sobranceria com que
pretende enfrentar a
milícia galega
malquerente.
Sonegando-lhe quiçãs
antiguidade, pois
está é uma região de
povoados
fortificados
pré-romanos, em que
é evidente a
presença das
populações castrejas,
recordemos como
através destes
campos corria a
estrada imperial
romana que, vinda de
Braga – A brácara
Augusta - , se
entendia, para
norte, para Lugo (Lucus
Augusti), com
passagem pela
vizinha Tui.
Razão temos, isso
sim, para olvidar as
toleimas eruditas e
empoeiradas que
quiseram fazer desta
Valença uma filha do
grego Ulisses
navegante,
historieta que se
inscreveu, como
coisa séria, em
pesados cartapácios.
Já a presença romana
por estes campos não
deixa lugar a
dúvidas, pois que
lhe restam vestígios
materiais referidos
à rede viária, como
pontes ou como
miliário retirado da
veiga vizinha e hoje
colocado junto à
Igreja de Santo
Estêvão. Passemos
agora a tempos mais
cristãos, começando
por recordar que, na
continuidade da via
romana, aqui se
cruzava o rio
caminho de Santiago
de Compostela, lugar
maior de
peregrinação do
ocidente europeu,
romaria a cujo
concurso não viriam
a desdenhar os
próprios reis, como
aconteceu com D.
Manuel l, o rei
aventurado.
Voltemos, porém, um
pouco atrás, na
esteira de S. Sancho
l. É que a ele se
deve – para fazer
frente aos irmãos
galegos as acrópole
de Tui – o esforço
de povoamento deste
lado do rio Minho,
organizando a Póvoa
que, em jeito de
birra, designou por
Contrasta, acto de
baptismo este que
não veio a vingar. É
que, ao que parece,
o topónimo Valença
(melhor, Valência)
já teria existido e
viria a ressurgir.
Com isso, deitava
por terra o desejo
de apadrinhador, ele
que com tal
denominação
pretendia revelar a
oposição entre os
dois povos da
fronteira. Foi o sol
sanchiano, porém, de
escassa dura. É que
em 1212 os leoneses
– que, após
desaguisados com os
austeros
castelhanos, ainda
se encontravam
separados do reino
de Castela –
trataram de derrubar
os muros, as casas
de tal Constata,
arrasando a vila.
Escapando, os pobres
dos moradores não se
furtaram, todavia, a
serem levados para
outra praça
fronteira, distante,
para uma Sortelha
beirã que, ao tempo,
inda lindava com o
reino de Leão, já
que o Tratado de
Alcanizes que fazia
portuguesas as
terras de Riba Côa
só seria celebrado
no final do século.
Mas serão os
acontecimentos de
1640, a rebelião
fidalga, a darem a
Valença o início da
fisionomia
fortalhuda que hoje
apresenta ao olhar
pasmado do viajante.
Será um engenheiro
parisiense, que
grafaremos sob a
forma de Miguél de
L’École (o seu nome
aparece escrito de
diferentes
maneiras), nomeado
engenheiro da
Província do Minho,
quem iniciará as
obras de
fortificação em
1661.
Aliás, o complexo
defensivo de
Valença, cuja
construção agora se
iniciava,
conjugava-se com a
já anterior ocupação
militar da povoação
galega de
Salvaterra, iniciada
em 1643, e que
continuaria na posse
dos portugueses
durante um quarto de
século, até à
assinatura da paz
com a Espanha. Com a
construção da nova
fortaleza fechava-se
a linha
Valença-Monção, já
que a povoação
galega ocupada se
situava frente a
esta última vila.
Século XVll e
seguinte vão fazer
de Valença s
cidadela de
fronteira, como o
amuralhado
encastelado dito “à
Vauban” pela
divulgação que o
marquês daquele
título faria, a
partir da obra que
publicara em França.
É que, agora, a
guerra, esta arte de
matar velha como o
mundo, se adornava
de pesado fundamento
científico. Os
progressos da
artilharia, da
pirobalística,
tinham tornado
frágeis como papel
as velhas cercas
medievais.
Impunham-se muros em
talude, cortinas,
baluartes, revelins,
meios revelins,
fossos, tenalhas,
falsas bragas,
estradas cobertas
... Mas, nesta
Valença que assim
entrou na nova era,
ainda se descortina,
aqui e além, uma
porta, um pano de
muralha medieval,
incorporados na nova
cerca. A grande
entrada para a
fortificada Velença
faz-se pelo revelim
e porta da Coroada,
um dos dois
circuitos
amuralhados
complementares que
cercam a vila. A
porta, defendida
pelo revelim que
adpta o seu nome,
sitya-se entre os
baluartes de São
Jerónimo e Santa
Bárbara.
Mas quem ali logo se
vê, perante o peso
de tanta pedraria, é
o mártir São
Sebastião, com a sua
capelinha a fazer
frente ao apiol do
Campo de Marte. É
vê-lo lá dentro de
casa, amarrado a uma
árvore folhuda, e
frechado como convém
à cruel
representação que
caracteriza a sua
iconografia. Este
polígono da Coroada,
pela sua situação
cimeira em relação
ao velho núcleo
urbano, serve-lhe de
padrasto. Mas não
será sem reverância
à igreja maneirista
dedicada ao Bom
Jesus que,
atravessado o fosso
de separação, vamos
penetrar na parte
principal de Valença
pela porta do Meio.
Teremos até o
cuidado de notar
como esta última
abdica da invocação
de figuras celestes
por se considerar
decentemente
defendida pelos
baluartes da Lapa e
da Esperança.
Abre-se então
Valença, a nós e ao
corrupio dos manos
galegos, os grandes
clientes dos
logistas
valencianos. A rua
Direita fervilha de
ofertas e
bugigangas. Esta
rua, claro, é o eixo
principal do
povoado, a levar do
largo da Câmara
municipal – onde
impera o belo
chafariz sonegado no
mosteiro de Ganfei –
ao extremo norte da
vila. Aqui, no fundo
deste eixo, eis que
se avizinham as
igrejas de Santa
Maria dos Anjos (no
exterior da capela
norte, a das Carlas,
escreve-se em letra
gótica, que “Esta
capela mandou fazer
...”, um tal António
ou Afonso e sua
mulher Maria Roiz,
lá pelo ano 1000 e
uns três ou quatro
séculos mais...) e
da Misericórdia.
Celebrada pela sua
antiguidade, a
Igreja de Santo
Estevão foi
completamente
reconstruída no
final no século
XVlll e encontra-se
numa situação um
pouco periférica. Lá
dentro destacam-se
as tábuas da
capela-mor
evocativas do mártir
pedroeiro,
sacrificado por
lapidação, tal como
se pode aprender nos
painéis. Um
magnífico cadeirão
de madeira,
quatrocentista ou
talvez já do século
seguinte, parece
relacionar-se com a
colegiada da Sé de
Tui que aqui teve
assento desde os
fins conturbados do
século XVl. No
exterior da igreja
ergue-se um marco
miliário trazido da
vizinha veiga do rio
Minho. Tece, no
latim que lhe está
inscrito, loas a
Cláudio, imperador
dos romanos. Se a
generalidade da
casaria da Valença
intramuros é moderna
– há-de andar
sobretudo pelo
século passado e
pelo início deste
que finda -,
descortinam-se--lhe
aqui e ali algumas
casas do estilo
“manuelino”, a
denotarem um período
de prosperidade
económica certamente
ligada ao comércio
fluvial e
fronteiriço. Entre
estas, destacam-se
de uma maneira
particular a Casa do
Eirado, coroada de
merlões. Destaca-se,
particularmente,
pelo retrato
esculpida que figura
no avental de uma
das janelas.
Representa
certamente o
arquitecto ou o
escultor ligados à
construção do
edifício, se é que
não retrata
simplesmente o
proprietário da
residência. Ei-lo,
com a cabeça coroada
por uma gorra, o
rosto madrizela, a
barbicha comprida e
espetada a sair-lhe
do queixo. Debaixo
corre a legenda:
“José Al (varez ?)
me fez”. E com este
dizer, com este
valor, vamos ter que
situar esta obra
manuelina no início
do reinado de D.
Afonso V ...
Mistério e intriga
que se refugiam
nesta terra minhota
e valenciana cercada
de fortíssimas
muralhas.
Valença
http://www.cm-valenca.pt/freguesias
A povoação foi
fundamental na Idade
Média. As
peregrinações a
Santiago de
Compostela tinham
por ponto de
passagem obrigatório
o Cais de Valença. A
própria rainha Santa
Isabel transpôs o
rio neste ponto, em
1325.
A importância desta
passagem no rio está
destacada num
documento do século
XIV (1385),
intitulado "Stormento
dos navios", e onde
se regulamentam as
passagens de barca
de e para Valença.
Valença deve, no
entanto, a sua
importância
histórica sobretudo
a condicionantes de
ordem militar.
Baluarte defensivo,
bastião da nossa
nacionalidade,
inúmeras vezes
assediada pelo
vizinho espanhol, a
praça forte
valenciana
desempenhou um papel
decisivo, ao longo
dos séculos na
defesa da
integridade
territorial. A
fortaleza de
Valença, tal como a
conhecemos hoje, foi
construída no século
XVIII, inspirada no
sistema abaluartado
de Vauban.
Do século XVIII há
referência ao
Convento de Santa
Clara dos
Franciscanos,
fundado por Fernão
Caramena, tendo sido
Leonor Caramena, a
sua filha, a sua
primeira abadessa.
Além das suas
vetustas muralhas,
onde é ainda
possível encontrar
sinais das suas
remotas origens, até
ao longo dos séculos
XIII, existem outros
documentos da
ancestralidade
valenciana, da sua
evolução ao longo
dos tempos e do seu
protagonismo
histórico. São
seguramente os casos
do cruzeiro, junto à
Igreja de Santo
Estêvão, ou da Fonte
da Vila, mas também
de casa senhoriais,
como a nº72 da Rua
Direita, a Casa do
Eirado, de feição
quatrocentista, e a
Casa do Poço.
Geografia
È constituído pelos
lugares de:
Bogalheira,
Boavista, Chorenta,
Jardim, Raposeira,
Seara, Urgeira,
Medos, Lameiras,
Antas, Costa
Ervilha, Ponte Seca,
Cais, Lojas, Pombal,
S. Sebastião, Val
Flores, Cidade Nova,
Santa Luzia, Mata
Sete, Chancelaria e
Formiga.
Lendas
Destaca-se a lenda
das Portas do Sol:
em Valença, antes
denominada
Contrasta, vivia uma
bela princesa Moura
que por ser tão
bela, valente e
pura, herdou o nome
desta esplendorosa
terra. Era uma das
duas princesas
filhas de um rei
muito velhinho que
aí reinava. Um
príncipe Mouro
levado pela ira,
percorreu no seu
corcel toda a
muralha sem
encontrar um único
indício do rei
velhinho, batendo em
retirada e
trespassando a fio
de espada a bela
princesa; sobre ela
tombaram folhas uma
a uma e a ela, que
tantas vezes havia
repousado sob a sua
sombra, segredavam
baixinho, "Serás
coroada, serás
coroada, tu que
foste princesa
valente e tão
bondosa" e as portas
do sol falam do seu
amor a quem lá
passa!
Vila Nova de
Cerveira – (Concelho
do Distrito de Viana
do Castelo)

Já foi praça
fortificada, e hoje
uma modesta vila
concelhia, encostada
a seus velhos muros,
sobranceiros ao rio
Minho. A vila ou
“pobra” foi fundada
em 1320 por D.
Dinis, que lhe
prometeu conceder
prerrogativas
foraleiras desde que
se juntassem 100
moradores para a
formarem. O nome de
Cerveira vem de
Cervus, espécie
cinegética que em
tempos abundaria por
aqui. D. Sancho 11
havia incluído já o
castelo de Cerveira
no número de praças
de guerra concedidas
como dote nupcial (arras)
de sua mulher, a
celebrada D. Mécia
Lopes de Haro.
Durante o interregno
o alcaide do Castelo
de Cerveira seguiu,
como tantos outros o
partido castelhano.
D. João l teve
necessidade de o
submeter pelas
armas. No reinado de
D. Afonso V, o
senhoriao da vila
foi concedido a
Leonel de Miranda,
guerreiro de renome
feito nas praças do
Norte de África,
notabilitado com o
título de Visconde
de Vila Nova de
Cerveira e
autorizado a usar
Dom. Logo no início
da Guerra da
Restauração – 1643 –
Cerveira viu-se
atacada pelas forças
de Filipe lV. O
assédio foi, porém,
repelido pela
guarnição da praça
auxiliada pelos
milicianos do
comando de Manuel de
Sousa Abreu.
Prevendo novas
arremetidas, o 9º
visconde de Cerveira
– D. Diogo –
promoveu a
fortificação da vila
nova, extra-muros,
rodeando-a de outra
cerca e de um fosso,
formada de 4 portas:
a Porta do rio, a
Porta detrás da
igreja, a Porta da
campana e a Porta
Nova. Em Fevereiro
de 1802, as tropas
de Soult tentaram
transpor o rio Minho
em frente de
Cerveira; foram,
porém, repelidas,
vendo-se o general
napoleónico obrigado
a procurar outra via
de penetração, que
seria a de Chaves. A
vila é modesta.
Reduz-se a duas
pracetas e meia
dúzia de pequenas
ruas e ruelas. Os
Paços do Concelho,
situam-se próximo da
estrada. A dois
passos está a Igreja
Paroquial, e ao lado
vê-se uma casa
antiga, que é o
solar dos Castros.
No centro da praceta
maior ergue-se um
singelo monumento
consagrado aos
resistentes de 1809,
inaugurado 100 anos
depois. Entre a vila
e o rio Minho
situam-se as ruínas
do Castelo, vendo-se
logo à entrada a
Igreja da
Misericórdia,
edifício do século
XVlll, tem um portal
historiado. Contém
boas talhas e
imagens do século XV.
Podemos encontrar as
Capelas de São
Roque, medieval, tem
no adro algumas
sepulturas abertas
na rocha. Foi
restaurada no século
XVlll; e a da Nossa
Senhora da Ajuda,
erguida em 1650
sobre a porta da
barbacã do castelo,
está coberta por um
tecto apainelado com
pinturas alegóricas
à padroeira.
Conserva um retábulo
de azulejo do tipo
tapete do século
XVll. Quase
encostado ao
Castelo, encontra-se
o Pelourinho,
erguido em 1547, tem
um fuste de cantos
biselados encimado
por um capitel
cúbico.
Ornamentam-no
escudetes e remata-o
uma pirâmide.
Conserva ainda
ferragens. Mandado
erguer por D. Afonso
lll, tem planta
oval. Era defendido
por sete torres
quadradas, das quais
desapareceu a Torre
dos Mouros, que
ficava perto da
Porta da Traição,
ainda existente. A
Torre de Menagem
está desligada da
muralha da porta de
entrada, ogival e
com cantaria
marcada. No século
XV foi quase
totalmente reformado
como o atestam o
brasão e a cantaria
siglada. É fácil de
perceber a ânsia de
outrora os espanhóis
e franceses
conquistar estas
terras, pois são
lindas! Quem chega
de barco, dá de
caras com a
fortaleza. É o que
acontece todos os
dias com os
espanhóis que
atravessam de
ferry-boat para o
lado de cá. É como
se fosse necessário
estar constantemente
a mostrar-lhes a
vitória portuguesa.
Posto o pé na vila,
é altura de tentar
decifrar as
histórias deste
forte mandado
construir por D.
Dinis. A entrada
efectua-se pelo
terreiro da vila. À
nossa espera está a
porta principal da
Fortaleza, encimada
pelo escudo
dionisíaco e pela
Capela de Nossa
Senhora da Ajuda.
Apesar de ser
utilizado para
pousada, o burgo do
Castelo está sempre
aberto, à disposição
dos que gostam de
apreciar a história
e a paisagem.
Caminhamos pela
calçada e logo se
nos depara a Igreja
da Misericórdia, a
antiga cadeia (que
já foi Paços do
Concelho e que agora
é bar e sala de
reuniões e o
pelourinho, onde se
executavam os
castigos. Em torno,
existem ainda outros
edifícios que
serviram de
habitação à
população da vila e
que hoje estão
aproveitados como
quartos da pousada.
No largo do burgo, é
ainda possível
mandar uma moeda
para dentro do poço
da sorte e pedir um
desejo. Velhas
histórias de
castelos que as
pessoas gostam de
preservar.
Viramo-nos para o
rio e passamos a
“Porta da Traição”.
Hoje, trair seria
não Ter tempo para
apreciar a paisagem
do alto da
Fortaleza. Pela
frente passa o rio
Minho e por trás
ergue-se um grande
cervo no alto da
serra. Compreende-se
que o rei D. Dinis
se tenha sentido
atraído por este
lugar, antigamente
chamado “cervaria”,
por nele haver
muitos veados ou
cervos. A Forteleza
de Vila Nova de
Cerveira é mais um
exemplo de
patriotismo e de
provas dadas na luta
pelo território do
Alto Minho. Em 1643,
Filipe lV fez uma
das primeiras
incursões em
Cerveira, cercando o
Castelo. Mas, mais
uma vez, a guarnição
defendeu-se com
bravura e os
espanhóis
desistiram. O
Visconde de Cerveira
tratou então de
fortificar e
modernizar a praça.
E a nova linha, com
cinco baluartes,
viria a impedir que
os franceses
atravessassem o rio
em 1809. Hoje,
pernoitar na Pausada
de D. Dinis é
colocar-se na pele
daqueles que
enfrentaram com
braveza o inimigo. E
há mesmo quem vá
mais longe,
acreditando que D.
Dinis chega à
pousada pela noite,
acompanhado por uma
das inúmeras
namoradas ...
ORIGEM DO NOME:
“o NOME DE Vila Nova
de Cerveira, tem
duas versões que
correm acerca deste
assunto. Uma delas
diz que o nome quer
significar Vila Nova
de Cervaria ou de
Veados, porque, em
tempos remotos,
estes animais eram
muito abundantes no
lugar ocupado por
esta povoação, e a
Segunda diz que o
nome veio do seu
primeiro donatário,
José Nunes de
Cerveira, que nestes
sítios floresceu, no
reinado de D. Sancho
ll”. (do Arquivo
Nacional – direcção
do Dr. Rocha Martins
– 1936).
“Fundou-a el-rei D.
Dinis pelos anos de
1320, em um sítio
chamado Cervaria,
dizem por ser
frequentado de
cervos, como lugar
que era deserto,
assombrado de
arvoredos, e junto
de um rio. Desta
circunstância parece
que tirou a nova
povoação o seu nome
e brasão d’ armas. A
primeira fundação
desta vila foi um
pouco mais acima,
aonde chamavam as
Valinhas, junto de
Nossa Senhora de
Lobelhe. Depois
mudou-se para o
lugar em quese acha,
por mais apropriado
a obras de defesa”.
(Vilhena Barbosa
–“Das cidades e
Villas da Monarchia
Portugueza que teem
Brasões d’ Armas –
1862”).
“Se foi topónimo
propriamente dito,
aplicou-se ao local
da velha “civitas”
originária de
“terra” (visto que
Cerveira foi a
designação da
“terra” antes já da
Nacionalidade) e
essa “civitas”,
despovoando-se, veio
facilmente a
tornar-se matagal,
habitáculo de cervos
(Dr. Leite de
Vasconcelos opina
que “cerveira” era
palavra antiga
designando ou
significando “ninho
de cervos”, mas
talvez antes
território onde
proliferava tal
fauna antiga). Na
verdade, na velha
cabeça da “terra”,
que a Monarquia
portuguesa por certo
já achou despovoada
e bravia (o topónimo
pela vetustez, o
indica, não existe
povoação desde há
séculos imemoriais.
O velho corónimo
medievo, Cerveira
(isto é, Vila Nova
da “Cerveira”), pelo
que é de aludir ao
seguinte passo do
Abade de Miragaia,
notável pelo seu
crédito, tomado sem
qualquer crítica ou
conhecimento
histórico, e pelos
seus equívocos: “As
armas desta vila são
um veado ou cervo de
sua cor, em campo
verde sustentando o
veado nas pontas um
escudo com as quinas
portuguesas, sem
castelos. Estas
armas aludem ao
primitivo local
desta vila,
denominando Cervaria,
por ser então
deserto e abundarem
nele veados. Segundo
esta opinião Vila
Nova da Cerveira que
dizer Vila Nova da
Cervaria ou de
veados; outros,
porém, se inclinam a
crer que o título de
Cerveira lhe provém
do seu primeiro
senhor João Nunes de
Cerveira, que teve o
seu solar por
aqueles sítios no
tempo de D. Sancho
ll. Os que se
inclinam a esta
última opinião
escrevem Vila Nova
de Cerveira e não
Vila Nova da
Cerveira, como nós
escrevemos e
geralmente e
oficialmente se
escreve. São
questões de pouca
monta”. (Dr. Xavier
Fernandes – 1944).
Perto de Vila Nova
de Cerveira fica
LOIVO, aninhado
entre duas vertentes
do monte de São
Paio, sobranceiro a
Cerveira, e
dominando talvez o
mais belo panorama
sobre o rio Minho,
cujo percurso se
divisa claramente
até à sua foz,
encontra-se o
pequeno Convento de
São Paio do Monte,
hoje em ruínas.
Fundado nos finais
do século XlV por
monges franciscanos,
e profundamente
remodelado no século
XVll, este conjunto
conventual esteve
esquecido da memória
dos homens desde as
lutas liberais até
há cerca de dez anos
atrás, data em que
foi adquirido pelo
seu actual
proprietário, que
realizou importantes
obras de
beneficiação numa
das alas do convento
e pretende restaurar
todo o conjunto.
LOCAIS A VISITAR :
Alto da Pena:
Extraordinário
miradouro, pedregoso
sobranceiro ao
profundo e amplo
vale do rio Minho,
entre Cerveira e
Gondarém. Em Sopo
encontra-se uma
impressionante Pietá,
de escultura, do
século XVlll.
Ermida de Nossa
Senhora da
Encarnação: outro
mirante, este mais
abrupto e menos
acessível.
Às Ruínas do Castelo
de Lobelhe: a 3
quilómetros, onde
existem ruínas dum
castelo afonsino.
Gondarém: a 3
quilómetros, para
uma visita à Igreja
de Gondarém, templo
estimável de fins de
fins de 1559. O
sítio é encantador.
No alto da povoação
situa-se o Calvário
do Bom Jesus, de
Gondarém.
Monte de Goios: a 5
quilómetros.
Interessante serro
sobranceiro ao vale
do Minho, em
Lanhelas. Tem-se
encontrado aí alguns
curiosos sinais de
vida pré-histórica.
E, na chamada Chã
dos Castanheiros há
alguns penedos com
insculturas
rupestres.
De Vila Nova de
Cerveira a Valença:
Logo à saída de
Cerveira, vê-se à
esquerda, do lado do
rio, o arruinado
fortim de Lobelhe,
prosseguindo-se até
ao cruzamento da
estrada que conduz a
Paredes de Coura e,
para o lado
esquerdo, a São
Pedro da Torre,
modesta estância
hidroterápica com
nascente de águas
medicionais
indicadas para o
tratamento de
enfermidades
epidérmicas e
algumas modalidades
de reumatismo. Perto
fica uma velha ponte
romana, que se supõe
relacionada com a
antiga via romana de
Braga a Tui. Após
este cruzamento,
rapidamente se
atinge Valença.
Solares: Os mais
importantes são a
Casa da Torre, em
Lanhelas (antigo
solar dos Barcelares),
e a Casa solarenga
da Loureira.
Grutas: Nesta região
encontram-se várias,
sendo as mais
conhecidas as do
monte do Picoto,
recheadas de lendas
de mouras
encantadas,
escondidas nas
grutas que esperam o
seu príncipe
salvador. Também se
destacam as ruínas
de uma ermida.
http://www.eb23-v-n-cerveira.rcts.pt
O nome de Vila Nova
de Cerveira tem duas
origens, segundo as
versões que correm
acerca deste
assunto. Uma delas
diz que o nome da
vila quer dizer Vila
Nova de Cervaria ou
dos Veados, porque,
em tempos remotos,
estes animais eram
muito abundantes no
lugar ocupado pela
vila e o segundo diz
que o nome lhe veio
do seu primeiro
donatário, José
Nunes de Cerveira,
que nestes sítios
floresceu no reinado
de D . Sancho II .
Localizar Cerveira
no tempo
Vila Nova de
Cerveira foi fundada
por El-Rei D. Dinis
que lhe deu foral em
1 de Outubro de
1321, mandando
também construir o
castelo que ainda
hoje se ergue
dominando a zona
central do
aglomerado. No
referindo foral
eram-lhe concedidos
numerosos
privilégios tais
como: couto para
sete criminosos,
feira franca em S.
Paio (ainda há menos
de um século aí se
realizaram), isenção
de direitos no
comércio de
importação e
exportação com a
Galiza, etc. Em
princípios do século
XVIII, contava
Cerveira 250 fogos e
pertencia à comarca
de Viana. Tinha
também muita nobreza
e voto em côrtes.
Em 1768 era abadia
da mesma
apresentação, rendia
para o pároco 16000
reis contava 212
fogos.
Foi Vila Nova de
Cerveira praça de
guerra, cercada por
muros e fossos,
mandados fazer em
1660 por ordem do
governador das amas
desta província. D.
Diogo de Lima, 9º
Visconde de Vila
Nova de Cerveira.
O concelho de Vila
Nova de Cerveira
estava compreendido
no condado de entre
Douro e Minho,
segundo a divisão
feita no séc. XI por
D. Fernando, o
Magno, rei de Leão e
Castela.
Além do foral de D.
Dinis de que acima
falamos , concedeu
D. Manuel I, em
Lisboa e no dia 20
de Outubro de 1512,
novo foral de Vila
Nova de Cerveira,
pelo qual os
habitantes da vila
obtiveram mais a
faculdade de
repartirem entre si
as herdades e
reguengos que
pertenciam à coroa,
pagando anualmente à
câmara 31 680 reis,
sendo ela
responsável para com
a coroa pela avença
e concedendo-lhe,
por isso, o direito
de receber a dízima
da foz, o direito de
vanão, em dízimo do
pescado, etc.
Brasão e Armas do
concelho de Vila
Nova de Cerveira
Armas: de verde com
um cervo possante de
ouro, armado de
prata, olhando em
frente contendo as
hastes um escudete
de azul carregado de
cinco besantes de
prata. Coroa mural
de quatro torres de
prata. Listel branco
com os dizeres «Vila
Nova de Cerveira»;
de negro.
Bandeira: de
amarelo, cordões e
borlas de ouro e
verde, haste e lança
douradas.
Selo: Circular,
tendo ao centro as
peças das armas sem
indicação dos
esmaltes. Em volta,
dentro de círculos
concêntricos, os
dizeres «Câmara
Municipal de Vila
Nova de Cerveira»
A posição de
Cerveira na região
do Minho
Dum lado as
protectoras serras
portuguesas, de
silhueta e recortes
caprichosos. Além,
os montes altos de
Espanha. A dividir o
vale imenso, a
fronteira do rio
Minho, rio de beleza
incomparável!
Bem junto ao rio, na
sua margem esquerda
, com o atlântico a
avistar-se ao longe,
está Vila Nova de
Cerveira, terra
pequena, tipicamente
minhota.
Abrangendo uma área
de 104,45 km2 e
englobando uma
população de cerca
de 11 mil
habitantes,
distribuídos por 15
freguesias, o
concelho de Vila
Nova de Cerveira
situa-se na margem
esquerda do Rio
Minho, sendo
limitado a Norte,
pelos concelhos de
Valença e Paredes de
Coura, a sul, pelo
de Caminha, a
Nascente pelos de
Paredes de Coura e
de Ponte de Lima e,
a poente, pelo Rio
Minho que o separa
da Espanha -
defronte do
povoamento de Goyan
(Tomiño), na
província Galega de
Pontevedra.
Criado por decreto
de 18 de Junho de
1835, o distrito de
Viana do Castelo -
com dez concelhos e
288 freguesias - tem
uma área de 2.255
km2, com uma
população presente,
segundo o Censo de
1991, de 247.791
pessoas.
Situado no Noroeste
Ibérico, o distrito
de Viana, a que nos
habituamos a
designar por Alto
Minho, confronta, a
Norte e Leste com a
Galiza (Espanha), a
Sul, com o distrito
de Braga (Baixo
Minho) e, a Oeste, é
banhado pelo oceano
Atlântico. Os 2255
Km2 do Alto Minho
representam 2,5 % do
território
continental. Uma
austera corda
montanhosa,
encostada a uma
espécie de cidadela
acastelada e rude,
vendo correr no sopé
o histórico
internacional Rio
Minho, caracteriza
fisicamente o
concelho de Vila
Nova de Cerveira,
onde o Monte da
Pena, com os seus
646 metros, domina
um vasto horizonte:
desde terras de
Paredes de Coura,
Valença, Arcos de
Valdevez, Braga,
Caminha até à
Galiza.
Cerveira está
situada na parte
mais antiga da
formação do nosso
país, constituído
por terrenos
arcaicos e
graníticos em que se
destacam como uma
pequena mondia os
terrenos terceários
ou cenozóicos que
formam o fecundo
vale do Rio Minho.
A terra que
constitui o concelho
de V. N. de
Cerveira, desde
muito cedo foi
ocupada pelo Homem.
Povos antigos,
vindos dos mares do
Sul ou do Norte (o
Atlântico fica a
cerca de 15 Km de V.
N. de Cerveira,
portanto onde se
situa a foz do Rio
Minho, em Caminha)
navegaram, rio
acima, em busca de
metais em que a
Galiza era rica. E,
os Castros, junto ou
próximos do Rio
Minho e seus
afluentes, atestam a
antiguidade do
povoamento de V. N.
Cerveira.
É a partir dos
princípios do
primeiro milénio
antes de Cristo que
chegam os Celtas a
estas terras vindos
do centro da Europa,
que já sabiam
trabalhar o ferro e
absorveram as
populações
indígenas.
Quando cerca de 219
A.C. chegaram os
Romanos à Península,
o quadro era
sensivelmente o
seguinte: a Norte
viviam os calaicos,
nome que os Romanos
davam aos Celtas e
que veio a dar
Galegos. No centro
viviam os Lusitanos
ou Celtiberos, fusão
de Celtas e Iberos.
Com a ocupação total
da Península pelos
Romanos (excepto no
Cantabro onde ainda
hoje sobrevivem
vestígios raros do
idioma Basco
pré-romano),
verifica-se o
chamado fenómeno da
Romanização; que
veio modificar as
bases da economia,
do tipo de
povoamento, as
formas de
organização social,
de trabalho, crenças
hábitos das
populações e da
própria língua,
construindo ainda um
rede de estradas que
serviria até ao
século passado.
Mas a chegada de
povos a estas terras
não se ficou pelos
Romanos. A partir do
século V é a vez dos
chamados Bárbaros
constituídos por
Alanos, Vandalos,
Suevos e mais tarde
os Visigodos.
Com a chegada destes
últimos, tendo a
Península já
abraçado o
Cristianismo, foi o
clero católico que
desempenhou função
importante no que
viriam a ser os
traços fundamentais
da sociedade
medieval com clero,
nobreza e povo.
Mais tarde, no ano
de 711 vieram os
Mouros. A sua
permanência na
Península
prolonga-se por
vários séculos o que
veio também influir
na nossa cultural,
tendo, entre outras
coisas, deixando no
nosso vocabulário
palavras como
xarope, zero,
almanaque, fardo
,azeite, etc ...
E é assim que surgem
na Península ibérica
vários reinos e
condados entre eles
o condado
Portucalense que
viria a ser o
embrião que deu
origem à nossa
Pátria.
Um património
valioso
A consolidação de V.
N. Cerveira como
destino turístico
apoia-se em produtos
turísticos de grande
relevância
histórica, cultural
e paisagística:
Monte da capela do
Espírito Santo -
visíveis restos de
um sistema defensivo
parecem ser de
origem castreja.
Algumas das
plataformas
artificiais
existentes indicam a
existência de casa
circulares. Fonte da
vila; de mergulho,
com acesso em
escadaria ,com
frontão triangular
moldurado. No
espelho da fonte
encontra-se um
escudo com armas
reais encimados por
uma coroa . pelo
tipo de escudo e
frontão a sua
cronologia aponta
para meados do séc.
XVII.
Igreja matriz -
dedicada a S.
Cipriano, data do
séc. XIX, mas
vestígios anteriores
nomeadamente a
capela mor, datável
do séc. XVI. A talha
do altar-mor, obra
do mestre
Cerveirense
Veríssimo Barbosa,
data de 1734,
enquanto a dos
altares laterais é a
e 1730 e foi
executada pelo
mestre vianense
Domingos Magalhães.
Solar dos Castros -
edifícios do séc.
XVIII; classificado
como Imóvel de
Interesse Público
pelo Dec. Lei 735/74
de 21 de Dezembro .
Capela de S.
Roque/Cruzeiro do
Ecce Homo; a capela
terá sido
constituídas na
sequência da peste
de 1564. Sobre a
entrada existe uma
cruz grega patada
No adro existe um
cruzeiro em granito
com capitel de
imitação coríntia,
datável do séc. XVII.
Solar com capela
(Quinta das
laranjeiras): pontão
em granito .
Capela da Senhora
dos Esquecidos .
Edifício do séc.
XVIII.
Outeiro da Forca : A
forca erguia-se fora
do povoado e ainda
lá está um dos
pilares no outeiro
sobranceiro ao Lugar
das Côrtes.
No pelourinho do
outeiro da forca ,
executavam-se as
sentenças de
exposição , açoutes,
flagelação e
usualmente
afixava-se os
editais da gente
principal da terra
e, por isso, quando
alguém atentava
contra ela, é aí que
se aplicava o
correctivo.
Pelourinho: dentro
do castelo , frente
á antiga casa da
câmara, edifício
reedificado em 1598
e modificado em 1769
, como atestam os
respectivos emblemas
heráldicos erguem-se
o rude
pequeno-grande
monumento que
simboliza o poder da
jurisdição e
autonomia municipais
de V.N. de Cerveira
e que, parafraseando
o Abade de Baçal, é
autêntico pergaminho
nobiliante deste
concelho.
O pelourinho de Vila
Nova de Cerveira
assenta sobre quatro
degraus
quadrangulares.
O elegante fuste
esguio, de cantos
biselados, é
encimado por um
capitel
paralelepipédico de
bom efeito
decorativo e
ornamentado com
quatro escudetes ;
estes , têm as
quinas, um emblema
heráldico dos
Viscondes de Vila
Nova de Cerveira e
da data :1547.
Conserva ainda os
quatros braços das
exposições, de
ferro, e argola das
correntes .
Falta-lhe, todavia,
a golilha axilar, de
aço, que segundo o
Dr. L. Figueiredo da
Guerra, foi
arrancada por volta
de 1850 e, mais
tarde o remendo de
pedra.
Castelo: o castelo
foi mandado fazer
por D. Dinis e
possuí sete torres.
Embora em ruínas
encontram-se estas
em regular estado de
conservação, graças
às obras de restauro
efectuadas em 1940.
Das suas primitivas
torres, não existe
hoje uma, a
denominada dos
Moiros que há muitos
anos foi mandada
demolir para
permitir o
alargamento da rua
do Arrabalde, Hoje
Rua Dr. Queiroz
Ribeiro.
Dentro do castelo,
existem a igreja da
Misericórdia,
Capela de Nossa
Senhora da Ajuda , o
antigo edifício dos
Paços do Concelho, o
antigo Tribunal e a
Cadeia.
Convento de S. Paio:
lá mais para diante
admiro o velho
convento
secularizado,
fundado em 1392 por
frei Gonçalo
Marinho.
É notável a beleza
do local.
O eremitério com a
sua pequena quinta
mais parece um oásis
de verdura, em
contraste com a
aspereza de antanho.
O actual
proprietário,
Escultor José
Rodrigues, na
impossibilidade de o
reconstruir na traça
primitiva , optou
pela recuperação
que, sem ofender o
ambiente ou o
ascetismo
franciscano, está a
transformá-lo em
local de
peregrinação
artística. É a
beleza que daqui se
desfruta. É a paz
que nos invade. É o
atelier de um
artista que sabe
escutar a voz do
silêncio e neste
local fez o seu
cenóbio.
Memória: para
homenagear os
heróicos defensores
do Minho, em 5 de
Setembro de1909, foi
inaugurado o
monumento
respectivo. É
simples, como
modestos foram os
combatentes de1809:
assente em 5 balas
de ferro bronzeadas,
uma pirâmide de
granito que remata
por uma estrela
hexagonal, de cobre
dourado. A pirâmide
têm, numa das faces,
o escudo real, com
silva e, na outra,
as armas da vila. A
grade de protecção é
constituída por 4
peças de ferro, de
1867, ligadas por
corrente de ferro.
Trabalho e pesquisa de
Carlos Leite Ribeiro –
Marinha Grande -
Portugal
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