Distrito de SANTARÉM

Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro

 

Concelhos de: Abrantes, Alcanena, Almeirim, Alpiarça, Benavente, Cartaxo, Chamusca, Constância, Coruche, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Golegã,

Mação, Ourém, Rio Maior, Salvaterra de Magos, Sardoal, Tomar,

Torres Novas, Vila Nova da Barquinha.

 

 

 

Distrito, na maioria formando o núcleo da província tradicional do Ribatejo, mas incluindo também concelhos pertencentes à Beira Baixa e à Beira Litoral. Limita a norte com o Distrito de Leiria e com o Distrito de Castelo Branco, a leste com o Distrito de Portalegre, a sul com o Distrito de Évora e com o Distrito de Setúbal e a oeste com o Distrito de Lisboa e com o Distrito de Leiria. Área: 6747 km².  Capital e Sede de distrito: Santarém.

 

Apontamento do ano de 1900 (Jornal do Comércio):

“O distrito de Santarém é formado de uma parte da antiga província da Estremadura, tem uma superfície de 6.619,40 Km2 e uma população de 283.154 habitantes. Compreende 18 concelhos e 138 freguesias. Povoações mais importantes: Santarém, Tomar, Abrantes, Golegã e Torres Novas. O distrito é quase plano, com excepção da parte limítrofe com o distrito de Leiria, onde está a Serra dos Candeeiros (485 metros) e a Serra de Aire. É banhado pelo rio Tejo, que atravessa uma vasta região plana, chamada Ribatejo, de vastas lezírias e pastagens, e pelos seus afluentes: Ocresa, Zêzere, Almonda; Alviela (margem direita), Sorraia e Almançor (margem esquerda), etc. Pastagens, touros (na lezíria), vinhas (Salvaterra de Magos), etc.

 

 

 

Santarém – (Capital e Concelho do Distrito de Santarém) 

 

 

 

Apontamento do ano de 1900 tirado do Jornal do Comércio:
“Santarém é capital de distrito e cabeça de concelho. Fica situada na margem direita do rio Tejo e tem 8.705 habitantes. É servida pelo Caminho de Ferro Real. Tem museu arqueológico na histórica igreja de Alporão, perto da Torre das Cabaças. Estão ligadas a esta cidade interessantes lendas populares. Na igreja da Graça encontram-se os restos mortais do grande navegador Pedro Álvares Cabral. O concelho tem 27 freguesias e 41.95o habitantes.” 
Existem várias hipóteses para a origem do nome SANTARÉM, como:
“Foi em tempos remotíssimos uma povoação que se chamou ESCA-ABIDIS, nome transformado por corrupção em Escalábis e Scalábis.
Conta-se que esta primitiva designação provém de uma lenda que remonta à guerra de Tróia e segundo a qual um filho de lendário herói grego, Ulisses e da ninfa Calipso, chamado Abdis ou Abidis, foi abandonado e veio para às margens do Tejo, onde encontrou alimentação e mais tarde fundou o povoado, a que chamou “Esca-Abidis” (esca, em latim, é alimento; a raiz abd, em hebraico quer dizer servo ou servidor). Depois, durante o domínio romano, passou a denominar-se “Praesidium Julium (nome dado por Caio Júlio César) e “Scalabicastrum” (Scalábis Castrum), voltando-se a chamar-se simplesmente Scalábis, quando tomada pelo conde visigodo Sunierico, no ano de 460.” 
“No reino do visigótico do católico Recesvindo, no meado do século Vll, a povoação, de que aqui tratamos, tomou o nome de Sanct’Hirennia, latinização do nome grego, que significa a paz, correspondente às formas arcaicas Herena, Eirea, Eirea, Eyrea e às modernas Iria e Irene.” 
“Sanct’Hirennia, nome dado pelo Cristianismo, evolucionou sucessivamente e transformou-se em Santarém através de várias formas intermédias, documentadas em textos literários antigos, como sejam, por exemplo, Sanctaeiren (século X), Sancta Herena (século Xl, Sanctaren (século Xll), e Sanctarem (século XVl), que precedeu imediatamente a forma actual, cujo significado etimológico é, portanto, simplesmente Santa Iria.” 
“Santarém é o estado actual do nome cristão Sancta Hirennia , virgem mártir cuja lenda é muito conhecida. Essa lenda foi belamente contada por Garrett nas “Viagens na Minha Terra”. Quem quiser deleitar como o assunto leia as formosas páginas da obra garretiana, onde se relatam as paixões que causou essa “donzela nobre, natural da antiga Nabância e freira no convento beneditino e de quem se enamoraram  um jovem e um monge, os quais nada conseguiram da pureza da santa, que resistiu a tudo, “forte na sua virtude”, como diz Garrett. A forma latina Herennia vive hoje ainda nos nomes Irene e Iria, e assim o nome de Santarém corresponde a santa Irene ou Santa Iria, a virtuosa freira que deu o nome à terra.” 
Qual destas hipóteses está certa ?... ninguém ainda sabe.
O imponente perfil monumental da velha  Praesidium Julium dos Romanos coroa a abrupta e verdejante colina alcantilada sobre o rio Tejo, que lhe corre fronteiro, com uma cinta de muralhas de belo recorte, pinaculada pelas torrelas das antigas igrejas e pela invulgar torre quinhentista do Cabeceiro.
Não obstante só em 1868 lhe ter concedido o foro de cidade, Santarém ocupou sempre um lugar cimeiro na vida urbana do Ocidente Peninsular, desde os tempos “antediluvianos” até à macrofalia de Lisboa. Como uma das primeiras urbes da Península Ibérica, a sua história está indissolluvelmente articulada com a dos povos que percorreram o tempo no espaço ibérico. A sua situação geostratégica, os encantos paisagísticos e o conjunto monumental justificaram, pois, o refrão que o militar silesiano Erick Lassota Steblovo, ao serviço de Filipe ll (1º de Espanha), registou no seu diário: “Vila por vila, Valladoid en Castilla e Sant’Arein en Portugal.
Na sua descoberta andaram peregrinos medievais, santos, bruxos como Frei Gil, humanistas da Renascença como Cataldo Parísio Siculo, aristocratas como Cosme de Médicis, pintores, militares, engenheiros, os “Garretts” das “Viagens da Minha Terra”, Herculano com a sua corte, Fialho, arqueólogos, curiosos e investigadores.
Por escavações realizadas no nosso tempo, avelha lenda do rei Abidis  -  narrada por contadores de histórias do século XVll – não deixa de ganhar algum sentido, pois, os artefactos encontrados revelam ocupação humana desde os finais do Neolítico.
Conquistada pelos Romanos, a velha cividade dos Tórdulos chamar-se-á por muitos anos Scallabis, até ao raiar da conquista muçulmana, e será nó viário e sede de um convento jurídico.
Foi durante o período muçulmano que caiu em desuso o topónimo romano e em sua substituição se impôs o de Sant’Arein, cuja origem se prende ao culto de Santa Iria.
O bairro popular e ribeirinho da Ribeira de Santarém, onde o culto se desenvolveu, veio depois a determinar o actual topónimo da cidade, afirmando-se sobre a zona estratégica e aristocrática de Alcáçova – Marvila. Quando o cruzado britânnico Osberno relatou a conquista de Lisboa em 1147, usavam-se ainda, curiosamente, os dois topónimos, mas a força do novo vocábulo impôs-se rapidamente. O padrão que à santa as Alta Idade Média foi levantado no tempo de D. Dinis, na ribeira dos Barcos, junto ao rio Tejo, e posteriormente restaurado e resguardado por cobertura metálica (século XVll e 1755), é um importante elemento da vida quotidiana dos habitantes. Durante as periódicas cheias, o padrão serve de nilómetro indicativo da altura das águas e condiciona o comportamento das populações.
Bubtraída ao Garbe (ocidente) do Al-Andaluz numa empresa arriscada do nosso primeiro rei D. Afonso Henriques, e integrada toscamente no Estado que se talhava, definem-se-lhe os apoios sociais e o tipo de urbe militar, condicionantes necessários à prossecução da conquista para o Sul.
O foral de 1179 é a sua primeira carta de alforria e o seu primeiro “código” de posturas.
A expansão  urbana, o desenvolvimento agrícola com a ocupação de novas áreas de policultura, o crescimento da monocultura da vinha e da oliveira e o surto comercial determinado pela via fluvial, definiram o lugar que Santarém ocupou tanto na área regional como na vida do País e na própria história de Portugal. 
A tomada de Santarém aos mouros: 
Muito antes de fundada a nossa Nacionalidade, foi a terra que a partir do ano 653 da nossa era se chamou Santarém, possuída por diversos povos. Pelo ano de 1147 achava-se em poder dos mouros (ocupantes do Norte de África) e era considerada uma das mais importantes povoações de toda a Lusitânia, defendida por altas e poderosas muralhas. D. Afonso Henriques cobiçava-a, e um dia, em Coimbra, revelou os seus projectos de conquista a alguns fidalgos da sua Corte, que logo contrariaram quanto puderam a aspiração do rei, alegando, entre outras razões, que Santarém era praça forte de mais para se deixar vencer por um pequeno número de soldados.
D. Afonso Henriques pareceu esquecer-se de tal empresa mas, porque os mouros de Santarém não cessavam de assaltar terras portuguesas, o rei quis vingar tais afrontas, e, a pretexto de celebrar pazes com os mouros, mandou a Santarém o fidalgo Mem Ramires, secretamente encarregado de escolher o melhor local para um futuro assalto à importante terra mourisca.
Mem Ramires desempenhou-se, como um leal fidalgo, da missão que lhe havia sido confiada; e, pouco tempo depois, contava ao rei tudo o que vira, e punha tais facilidades na guerreira empresa que não teve dúvida em prometer que seria ele o primeiro a arvorar sobre os muros da praça a real bandeira portuguesa.
Foi então que D. Afonso Henriques se decidiu à conquista. Sem dar conta a ninguém dos seus planos, partiu de Coimbra com os seus homens de armas, sem aparato, a uma segunda-feira, 3 de Maio de 1147, e, seguindo sempre pelos caminhos menos concorridos, chegaram a quinze quilómetros para o Norte da terra apetecida.
Foi aí que o primeiro rei de Portugal, possuído do maior entusiasmo contou aos que o acompanhavam o propósito em que estava de, no dia seguinte, ir a Santarém. Alguns fidalgos lembraram então ao rei a conveniência de não se expor aos perigos dos combates, mas, D. Afonso Henriques, como resposta, foi-lhes dizendo que a conquista se faria ou ele não sairia vivo da batalha.
Dispôs-se tudo para o assalto: construíram-se doze escadas de madeira e combinou-se que por elas subiriam 120 soldados, naquela memorável noite de Sábado, dia 8 de Maio de 1147.
Aproximaram-se os portugueses das muralhas, no alto das quais duas sentinelas mouras se encontravam vigilantes. Esconderam-se os portugueses no meio de uma seara de trigo, à espera de que adormecessem as sentinelas, e, de madrugada, Mem Ramires trepou ao telhado da casa de um oleiro, encontrada à muralha e tentou subir por uma escada, mas esta caiu com estrondo e as sentinelas acordaram.
Mem Ramires não desistiu, e, ajudado por um soldado, conseguiu subir. A sentinela perguntou quem estava ali, e ele respondeu, em língua moura, que era dos homens que andavam rondando ...
Daí a pouco a sentinela era morta e a sua cabeça atirada para fora da muralha por Mem Ramires. A outra sentinela dava o alarme e, sem demora, dez soldados cristãos travavam renhida luta com os mouros. Entretanto outros iam subindo, enquanto Mem Ramires corria, com cinco companheiros, a despedaçar as portas, com um maço de ferro que de fora lhe atiraram. O rei e as tropas que ainda não tinha podido trepar pelas escadas, entraram, de roldão, na praça e a carnificina foi terrível.
Horas depois, Santarém estava tomada, para não mais voltar à posse dos mouros, não obstante a diligência que, para o conseguir, empregaram por mais de uma vez, dispondo de muitas tropas. 
Da secular vila real subsistem inúmeros vestígios de um passado esplendoroso, que escapam, imunes ou obliterados, de terramotos e incêndios, vendas ao desbarato e delapidações. Díspares embora, os trechos arquitectónicos que se vislumbram nas estreitas e históricas ruas, estruturalmente intactas, os pórticos e janelas brasonados, os solares e paços que albergaram a grande nobreza do Reino, os muros de alvenaria, os museus e as igrejas formam um belo conjunto documentando um notabilíssimo espólio artístico, dificilmente igualável pelo de qualquer outra cidade portuguesa.
O ciclo arquitectónico dos séculos Xlll a XV representado, justifica bem o título de “capital do gótico”, dado por Virgílio Correia à antiga vila, mansão de veraneio senhorial após a conquista.
Nos séculos Xlll a XlV, a sua estrutura estava praticamente constituída e a sua área de crescimento urbano realizada. Do século XlV a 1856-1968 o ritmo temporal foi lento. A vila realenga teve altos e baixos, mas manteve, para além das oscilações populacionais e económicas, uma área de expansão limitada a uma densidade populacional que rondava pelos 10 mil a 12 mil habitantes.
Estudos mais ou menos recentes revelam que Santarém não só foi uma das principais sedes da corte, como, inclusive, temporariamente, no reinado de D. Afonso lV, a cabeça do Reino.
A residência real, que numa primeira fase esteve na Alcáçova, numa área que abrange o prédio urbano dos herdeiros de Passos Manuel, a igreja da Alcáçova e parte do Jardim das Portas do Sol, veio situar-se no Castelo e Paço da Alcáçova Nova, à Porta de Leiria, sobre o qual se construiu no século XVll o imponente edifício do Seminário. Deste paço restam ainda a torre e cerca do castelo, algumas frestas, duas portas góticas e a abóbada do refeitório dos Jesuítas.
Também sobre o ponto de vista religioso, a cidade de Santarém tem nas suas pedras o registo dos militares e história dos conventos. Grande parte das suas lendas: Santíssimo Milagre – S. Fr. Gil  -  Meninos de Alfange -  Cristo de Monte Iraz , impregnadas de religiosidade popular e romanesca, foram obra da imaginação medieval e fonte de peregrinações.
Catorze casas conventuais foram o resultado de sete séculos de história, e ainda hoje se nota, no urbanismo de Santarém, a força da sua implantação. Muitos desses conventos: Santa Clara, São Francisco, São Domingos, e Sítio, constituíram uma coroa de protecção à volta do núcleo urbano  na zona de Fora da Vila.
O conjunto urbano no espaço, delimitado à área medieval-renascentista, é o que propriamente se chama centro histórico e que funciona como museu aberto.
Quanto à forma da sua disposição no espaço, importa escrever algumas linhas para i iniciação do forasteiro. Para se conhecer Santarém, é necessário não se ficar pelo Largo do Seminário, nem pelo Central, nem pelas Portas do Sol. Em Santarém domina a diversidade e é na diferença urbana e paisagista que se descobre a raiz da sua especialidade e sua personalidade.
Em dois níveis geográficos distintos, cinco são os núcleos que importa ressaltar na sua estrutura.
A Alcáçova, outrora em monte separado do planalto de Alporão-Marvila, foi reduto defensivo mais importante. Completamente amuralhado durante séculos, foi também um bairro urbano até ao século XlX. Aí fez D. Afonso Henriques erguer, em 1154, provavelmente sobre as ruínas de uma mesquita, a Igreja de Santa Maria da Alcáçova. A certidão de nascimento lá está ainda sobre o alpendre da porta principal. Hoje, uma avenida ladeada de olaias estabelece a ligação entre a Alcáçova e Marvila, conduzindo-nos para um jardim oitocentista  -  o Parque das Portas do Sol, a qual, comunicava com o arrebalde do Alfange, é hoje uma varanda sobre o rio Tejo e, elemento decorativo de um jardim que é pólo de atracção turística.
Marvila era a vila propriamente dita, rodeada da sua cerca, com as suas portas e seus postigos. Da cerca pouco resta, mas o tecido urbano foi marcado pela existência de portas, pois elas determinaram o sentido das vias de acesso, mais rápido, ao recinto amuralhado.
À medida que a Alcáçova decaiu como centro de Santarém, tornou-se imponente o centro de Marvila, com a sua matriz, a Igreja de Nossa Senhora de Marvila, e sede do poder municipal, com o pelourinho (cujos restos se encontram no Museu de São João de Alporão) e a curiosa Torre das Cabaças, ou do relógio.
A expansão urbana que se processou durante o século XlX e princípios do XX foi derrubando as portas e os muros da cerca e abrindo a cidade ao planalto.
A zona extramuros de Fora da Vila, com o seu Rossio, foi uma primitiva zona de expansão da vila.
Os primeiros habitantes foram os frades e as freiras franciscanos e dominicanos, os nobres e alguns feirantes. No século XlX, edifícios novos vão pautar esta área.
No século XX, a intrincada rede rodoviária, o mercado municipal e a deslocação da sede da Câmara para o Palácio do Provedor da Lezíria (do século XVlll) explicam que o eixo da cidade também se tivesse deslocado. Novas avenidas e alamedas foram-se construindo. Mas, estendendo-se espreguiçadamente no cimo do planalto, esgotam-se neste momento as hipóteses de crescimento da cidade na área de Fora da Vila, depois de um período em que a extinção das ordens religiosas permitiu arranjar alguns terrenos para dar vazão ao crescimento demográfico.
Quanto à parte ribeirinha, que tem o Tejo como elemento, o monte da Alcáçova, no seu sopé, divide-a em duas áreas distintas: A norte fica a Ribeira, a sul o Alfange.
Na Ribeira, a toponímia é um sinal vivo das velhas funções comerciais e industriais deste porto fluvial do Médio Tejo; Ribeira dos Barcos, Travessa da Portagem, Porta do Pão, Rua do Sal, Rua do Mel, Travessa da Saboaria; Travessa da Estalagem, Alcaçarias e Palhaes. O Caminho de Ferro que chegou a estas paragens entre 1861 e ano seguinte, veio a transformar-se num poderoso concorrente do comércio fluvial e a deslocar o centro comercial para a zona de Marvila. O Alfange foi outrora um pequeno porto de pesca fluvial. A abundância de espécies piscícolas permitiu alimentar famílias de pescadores. Hoje, com o assoreamento e a poluição do rio Tejo, apenas aparece a fataça (tainha) e de vez em quando o sável, logo vendido no mercado diário.
Para o Alfange desce-se por uma calçada íngreme num vale apertado, mas evocador de um mundo medieval que desapareceu do outro lado da cidade. A povoação é pobre e pequena, mas revela a sua antiguidade na obside pré-romântica das ruínas da Igreja de São João Evangelista.
Santarém só se compreende se a pensarmos com o seu “hinterland” agrícola e o Tejo como centro de comunicação, via comercial e centro piscatório. 
Alguns monumentos de Santarém: 
IGREJA  DA  GRAÇA: Local de peregrinação de quase todos os brasileiros que visitam Portugal, pois, nesta igreja encontram-se os restos mortais do grande navegador português, Pedro Álvares Cabral.  Pertenceu ao extinto Convento dos Ermitas Calçados de Santo Agostinho (Gracianos). O pórtico é formado por quatro arquivoltas de arcos quebrados, de cairéis, sobre colunas capitelizadas de motivos vegetalistas, e termina num majestoso acogulhado do tipo conopial, ou de quarena, inscrito na painel de pedraria bordada, onde em linhas de arcaturas trilobadas, se releva o escudo liso do fundador. Remata o conjunto, ao alto, um friso de motivos florais, interrompido ao centro pelo gomo terminal do arco de querena.
O interior, restaurado em 1951, é de três amplas naves, separada por doze colunas capitelizadas, donde irrompem arcos ogivais, vendo-se num dos capitéis, seguro por anjos relevados, o escudo liso dos doadores. A capela-mor e as absidíolas são cobertas por uma abóbada de nervuras firmada, num dos fechos, pelo escudo do fundador. A meio do pavimento da capela-mor, fica o epitáfio de Pedro Álvares Cabral.  
TORRE  DAS  CABAÇAS (ou Torre do Relógio): Construção quinhentista, erigida talvez no aproveitamento de uma antiga torre afonsina. É um alto edifício de 22metros de altura e traça quadrada, coroada por uma armação de ferro para a colocação de oito vasilhas de barro (cabaças) que lhe deram o nome. Num dos parapeitos encontra-se o antigo relógio de sol, de pedra lavrada, desprovido de mostrador. 
Paço Régio: Conservam-se alguns troços, como a cozinha, do tipo quinhentista, com abobadado de fechos e chaminé apoiada em colunata renascença, o refeitório, o que subsiste do recinto claustral, de arcaria em ogiva, e o pátio dito de Recreio. Neste último conservam-se duas janelas de arcaturas, com colunelos nas ombreiras, donde, segundo a tradição, D. Pedro l terá assistido ao suplício de dois dos assassinos de D. Inês de Cartro (noutro trabalho vamos falar nestes dois grandes amorosos que repousam no Mosteiro de Alcobaça). 
PONTE  DE  ALCORCE: Construção trecentista de alvenaria, ostenta um escudo medieval. Trata-se de um brasão decorado com as cinco quinas, semeadas de crivos (21 besantes) e rodeado por 30 castelos (Raiz do brasão de Portugal). 
MURALHAS: Do velho bastião amuralhado da secular Chantirein, ampliado durante o reinado de D. Fernando, mais ou menos em 1382, subsistem poucos troços. Podem observar-se o recinto junto às Portas do Sol, com três torreões merlados, que se prolonga sobranceiro ao vale do Alfange, na Ribeira, ainda ornado de uma guarita seiscentista que uma errada tradição considerou mourisca; os laços de muralha nas proximidades da Porta da Traição, no monte sobranceiro à Fonte das Figueiras; troços da cerca da Escola Primária de Marvila, no Bairro do Pereiro e fronteira ao Templo dos Gracianos – parcos e dispersos vestígios que dão uma pálida ideia do que foi o maciço cordão acastelado que envolvia a vila. Das portas que se abriam na cintura de muralhas: Sant’Lago, Sol, Alcáçova, Leiria, São Marços, Alporão e Valada, apenas restam troços das duas primeiras. Sob as Portas do Sol foram descobertas duas extremidades de incisivos inferiores de um possível mastodonte do período pliocénio. 
OUTROS MONUMENTOS: Igreja de Maravila  -  Igreja do Convento de São Francisco  -  Igreja de Santa Clara – Capela de Nossa Senhora do Monte – Igreja de Santa Cruz – Igreja do Hospital de Jesus Cristo – Igreja de São Nicolau  - Capela de São Pedro – Igreja de Nossa Senhora da Piedade – Seminário Patriarcal – Igreja de Santa Iria – Igreja da Misericórdia – Capela da Ordem Terceira de São Francisco – Capela do Cemitério – Capela da Quinta de Nossa Senhora da saúde – Convento Dominicano das Donas – Convento das Capuchas – Torre da Trindade; Hospital de Santa Iria – Chafariz de Palhais.
MEMÓRIA  DE  SANTA  IRIA: Mergulhada no Tejo, é resguardada por uma cobertura metálica, na qual se insere uma escultura antiga da santa. Este pilar de pedraria comemora o local onde, segundo a tradição, veio repousar o sarcófago contendo o corpo martirizado da Santa Irene, ou Santa Iria .
 

Santarém

http://www.cm-santarem.pt

"Santarém é um livro de pedra em que a mais interessante e mais poética parte das nossas crónicas está escrita". Almeida Garrett 
A fundação da cidade de Santarém reporta à mitologia greco-romana e cristã, reconhecendo-se nos nomes de Habis e de Irene, as suas origens míticas. Os primeiros vestígios documentados da ocupação humana remontam ao século VIII a.C.. A população do povoado teria colaborado com os colonizadores romanos, quando estes aportaram à cidade em 138 a. C. e a designaram como Scallabis. Durante este período tornou-se no principal entreposto comercial do médio Tejo e num dos mais importantes centros administrativos da província Lusitânia.
Nos quatro séculos de ocupação islâmica que se seguiram, a urbe viu renascer o seu papel estratégico-militar, mas, também, cultural e artístico, tendo aqui vivido alguns dos mais importantes poetas e trovadores do mundo árabe. O Rei Afonso VI de Leão concedeu-lhe o seu primeiro foral em 1095. Reconquistada, em 1147, por D. Afonso Henriques, este concedeu-lhe novo foral em 1179.
Durante os séculos XIV e XV o ambiente palaciano que aqui se vivia emprestou-lhe uma notoriedade cultural relevante, nela se concentrando importantes trovadores e jograis, alguns naturais de Santarém. O Terramoto de 1755 destruiu grande parte do património mais notável da Vila, em particular igrejas e conventos. No contexto das Invasões Francesas e da Guerra Peninsular, mais uma vez, Santarém assumiu um papel estratégico-militar fundamental, mas viu grande parte do seu património mais significativo ser destruído e saqueado pelo vandalismo dos ocupantes.  
À semelhança de outras cidades amuralhadas, o Centro Histórico de Santarém é constituído por uma teia de ruas estreitas e sinuosas. Ruas que apresentam linhas e cores inesperadas, becos, arcos, calçadas e escadinhas que se adaptam ao ondulado do planalto e da encosta. Percorrendo a cidade, pórticos e rosáceas, arcarias e frestas, elementos decorativos de traço ogival, janelas manuelinas,
cunhais da renascença, escudetes afonsinos, torres e cúpulas, revelam-nos um núcleo urbano em que o civil e o religioso convivem e se entrelaçam. Os inúmeros e valiosos exemplares da arte gótica conferiram-lhe o epíteto de “Capital do Gótico”. Aqui, jamais o arqueólogo, historiador, artista ou simples passante, deixará de se sentir arrebatado.
Nesta "Acrópole Ribatejana", a Porta do Sol, com o seu jardim e miradouro, é ex-libris. Para Sul ficam o Tejo e os campos férteis da Lezíria, marcada por extensos vinhedos em traços de geometria aperfeiçoada, enquanto para Norte, já no Bairro, são os olivais que preenchem a paisagem. Olivais que bordam, na Azóia de Baixo, a casa bem preservada onde viveu o historiador e romancista Alexandre Herculano, aqui conhecido como "O Azeiteiro". Continuando a subir, até aos limites do concelho, depara-se-nos o manto florestal, prenúncio da paisagem carsa. É o domínio dos grandes maciços calcários do Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros, dos algares, das grutas e dos pequenos recantos que deslumbram quem por aqui se aventura.

 

Santarém e Descobridores
http://www.visitportugal.com/NR

Esta cidade de inspiração gótica foi o descanso de uma grande figura dos Descobrimentos, Pedro Álvares Cabral.
O comandante da armada que chegou a Terras de Vera Cruz, que hoje conhecemos por Brasil, viveu durante muitos anos em Santarém. Mesmo ao lado da Igreja da Graça, onde está o seu túmulo, visita-se a antiga residência, hoje transformada num espaço cultural luso-brasileiro que faz justiça à sua memória, a Casa Brasil.
Santarém integrou as terras da Ordem de Cristo, que apoiou financeiramente as Descobertas. Por isso a cidade desenvolveu-se muito na época e enriqueceu os seus monumentos. Situada num planalto de onde se contempla a planície fértil, onde passa o Tejo, é no entanto mais conhecida actualmente pela agricultura, pela criação de gado e pela arte tauromáquica.
Comece a visita da cidade no miradouro das Portas do Sol. Vai fazer uma autêntica viagem pela evolução do estilo gótico, mais austero e simples no Convento de Santa Clara, Manuelino na Igreja de Santa Maria de Marvila e Flamejante na Igreja da Graça. No Torre do Relógio, do séc. XIV, repare nas cabaças que estão no alto. Fique a saber que quando foi construída a acharam tão deselegante que as elegeram como símbolo das cabeças ocas que a projectaram. O objectivo real é ajudar a propagar o som dos sinos que dava as horas, claro. Actualmente é um museu dedicado ao Tempo que vale a pena visitar.

 

 

 



 

Abrantes – (Concelho do Distrito de Santarém)

 

 

 


ABRANTES
Apontamento do ano de 1900 do Jornal do Comércio:
“Vila (hoje cidade) do concelho e distrito de Santarém, com 7.200 habitantes. È servida por caminho de ferro da Companhia Real. Está situada na margem direita do rio Tejo. Belíssimo panorama, fortificações antigas e túmulos do século XVl. Entre 1810 e seguinte foi cenário de batalhas contra Massena, general dos exércitos de Napoleão. O concelho tem 14 freguesias com um total de 27.450 habitantes”. 
A cidade de Abrantes ocupa uma elevação que domina o vale do rio Tejo e se situa no pontode encontro entre três regiões naturais (Ribatejo, Beira Baixa e Alentejo). Abrantes é uma localidade de origem muito antiga e que se desenvolveu em função de sua importância estratégica e dos meios de comunicação que a serviam (rio Tejo, estradas e, posteriormente, caminhos de ferro. A parte antiga conserva alguns edifícios dignos de nota, como a chamada Casa dos Almadas, que serviu de Paço Real, a Casa da Câmara e outras de tipo diferente. 
Origem do nome:
“Abrantes foi tomada aos mouros pelo primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, na madrugada de 8 de Dezembro de 1148. Sobre a etimologia da origem do nome, variam vários autores, do qual apresentamos um, o Dr. Januário de Mendonça (1953)”:
“Uns escritores e estudiosos dizem que se teria chamado Hablad-antes, nome que tiveram a princípio em uma  contenda havida em Cortes entre os procuradores de Abrantes e Torres Novas, sobre a prioridade, afirmando estes que deveriam votar primeiro, ao que El-Rei dissera aos de Abrantes. Habland-antes, palavras que os moradores tomaram para o nome de sua terra e, assim, eternizarem-se as suas regalias, e  que com corrupção do tempo se mudou em Abrantes.
Outros, e entre eles o Bispo D. Frei João da Piedade, natural de Abrantes, nos seus apontamentos diz o seguinte: “Abrantes, minha pátria, a quem os antigos chamavam TUBUCCI, disputa primazias de antiguidade com as terras que mais prosápia têm de nobreza vetusta, por ser fundada pelos galos celtas 590 anos antes do nascimento de Jesus Cristo. O seu castelo foi conquistado aos mouros por D. Afonso Henriques, na madrugada de 8 de Dezembro de 1148. Era alcaide do Castelo um velho mouro chamado Abraham Zaid. Este mouro ers senhor de quase todas as veigas da Ribeira de Abrancalha, que antigamente se chamava de Nossa Senhora da Luz, em razão da ermida que ali há e que traria os seus fundamentos do tempo dos godos, que os mouros consentiram aos Cristãos para ali fazerem as suas orações, e que estes, pelo facto de o mouro ser o senhor daqueles campos e para captarem a sua simpatia e afeição, começaram a chamar Ribeira de Abraham Zaid, que, com o decorrer dos tempos se converteu em Abrançalha.
Abraham tinha uma filha gentil, chamada Zahara, e um filho bastardo chamado Samuel, havida de uma cristã cativa em Soure (concelho de Coimbra), em 1118.
“Nunca Abraham descobriu este facto a Samuel nem a Zahara, ignorando aquele que era seu filho.  Samuel amava extremosamente sua irmã e ela correspondia-lhe apaixonadamente, sem que Abraham conhecesse aquela afeição. Tomado o castelo pelos soldados de D. Afonso Henriques, Samuel ficou prisioneiro de um cavaleiro de apelido Machado, que devia ser parente de Mem Moniz de Gandarei. E vendo o cavaleiro que um dos soldados cristãos levava Zahara arrebatadamente, deixou Samuel entregue a boas vigias e foi socorre-la, salvando-a, indo entregá-la à guarda dum venerável monge de São Bento, do Mosteiro do Lorvão (perto de Coimbra), que vinha acompanhado de El-Rei. O cavaleiro Machado, fascinado pela beleza de Zahara, que tinha as feições muito parecidas com uma figura da Virgem Senhora dos Aflitos, que sua mãe lhe havia dado à hora da morte, e que ele com muita devoção trazia sempre, havendo já por vezes sonhado que ao escalar os muros dum castelo, salvaria uma donzela com quem casaria, julgou ver Zahara a virgem dos seus sonhos. 8Esta tradição tem passado de pais a filhos por mais de quatro séculos e meio, e, entre os moradores de Abrantes). Querendo El-Rei remunerar os serviços de seu filho bastardo D. Pedro Afonso, ou, como outros querem, seu irmãos, deu-lhe o senhorio do castelo, nomeando-o seu alcaide-mor, mas ficando o cavaleiro Machado a exercer o cargo em nome de D. Pedro, deixando também El-Rei o monge de São Bento para o serviço espiritual dos fiéis.
D. Afonso Henriques mandou restituir Zahara a seu pai, e depois de tomar providências para segurança do castelo marchou para Torres Novas. O cavaleiro Machado, vendo-se alcaide do castelo procurou ganhar honrosamente o coração de Zahara, mas esta que amava muito Samuel, receosa de algum conflito, foi contar ao pai a paixão do alcaide, o mesmo fazendo ao monge. Este, que já estava ao facto de tudo, assegurou a um e a outro que o alcaide era um nobre cavaleiro, incapaz de esquecer os preceitos da honra.
O monge empregou os seus melhores esforços para a todos conciliar, não conseguindo abafar os ciúmes de Samuel, e um dia, quando o monge, o mouro Abraham e Zahara convenciam Samuel e reconciliar-se com Machado, julgando ela que Samuel estava certa da sua fidelidade, perguntou ao pai se o alcaide viesse procurá-la, não estando ele em casa, o deveria receber ou conservar a porta fechada, para ele julgar não estar ninguém em casa.  Abraham que julgou ver nesta consulta uma ofensa à pessoa do alcaide Machado, respondeu :” Nada temo nem receio da tua virtude, Zahara, e tenho bastante confiança na honradez do alcaide: “abre antes a porta”.
Samuel ouvindo estas palavras da boca de Abraham, perdeu o juízo e, como louco furioso, começou por toda a parte a desacreditar o velho mouro e sua filha, gritando sempre “Abre-antes --- Abre-antes”...”. Esta palavras desfiguradas pelo vulgo agravaram também a pessoa do alcaide Machado, e dali em diante ao castelo de Tubucci começaram a chamar o Castelo de Abrantes.
A mãe de Samuel, antes de cativa, tinha prometida em casamento ao monge de Lorvão, que no mundo tinha o nome de João Gonçalves e era irmão de Gonçalo Gonçalves, a quem  D. Teresa concedera em 1125 a vila de Soure (perto de Coimbra). João Gonçalves quando perdeu a noiva abraçou a regra de São Bento e, sabendo que Samuel era filho da mulher que tanto havia amado, tudo tentou para o salvar, conseguindo que Abraham e Zahara se fizessem cristãos e Samuel entrasse ao serviço do rei de Portugal, casando Zahara com Machado. Este acontecimento tradicionalmente se acredita como dando origem ao nome de Abrantes”. (A lenda de Abrantes – Dr. José de Melo Sousa). 
Castelo de Abrantes: Do conjunto, que abrange toda a área antiga da cidade e incluía obras complementares de defesa, conservam-se, embora profundamente alterados em relação às suas características iniciais, o núcleo de dois fortes e troços das muralhas. À zona mais alta e mais facilmente defensável da cidade corresponde o núcleo mais antigo, que deve ter sido ocupado desde período muito remoto, embora indeterminável. O castelo, onde foram encontrados materiais pré-históricos e romanos, sofreu reconstruções e modificações profundas ao longo dos séculos XVll ao XlX, em consequência de lutas ali travadas e da necessidade de adaptação da fortaleza à evolução das tácticas de guerra. A Igreja de Santa Maria e restos de muralha que correm nas suas traseiras são hoje os testemunhos visíveis mais antigos, visto que a própria torre de menagem foi profundamente alterada. A desocupação militar que possuía instalações no castelo permitiu o início de grandes obras de recuperação e reintegração, já puseram à vista elementos do maior interesse. Entre as numerosas obras fortificadas da Praça de Abrantes contavam-se os Fortes de Santo André e de São Pedro, ambos para a defesa do lado sul e dos acessos ao rio Tejo, que ainda se conservam. No interior do primeiro foi construído um estabelecimento assistencial e no segundo uma memória, da autoria do escultor Lagoa Henriques e do arquitecto Castel-Branco, alusiva ao condestável D. Nuno Álvares Pereira, que, segundo a tradição, no local teria acampado em vésperas da célebre Batalha de Aljubarrota (14-8-1385).
Remontando ao período da romanização, ou até a épocas anteriores, a antiguidade da fortaleza de Abrantes é facilmente entendida, pela privilegiada situação geográfica da cidade, que fica sobranceira ao rio Tejo e é ponto de convergência e ligação entre vários caminhos. A conquista de Abrantes esteve inserida numa estratégia de defesa e povoamento da margem norte do Tejo, cuja linha defensiva era mantida por três principais pilares – Lisboa, Santarém e Abrantes.
Pensa-se que a povoação terá sido conquistada em 130 antes de Cristo pelo Cônsul romano Décio Juno Bruto que aí instalou a fortificação. Porém, a história do então Castelo de Abrantes só passaria a estar ligada a Portugal, muitos séculos volvidos, quando D. Afonso Henriques o conquistou, em Dezembro de 1148. Vinte e um anos mais tarde, o mesmo monarca conferiu-lhe carta de foral, estimulando o repovoamento local. E D. Afonso lll conferiu à fortificação grandes melhoramentos militares, que só seriam concluídos pelo seu sucessor (e filho) D. Dinis. Este rei viria mesmo a incluir o Castelo de Abrantes nos dotes do seu casamento com a princesa de Aragão, D. Isabel, mais tarde a Rainha Santa Isabel.
Fruto das suas magníficas condições, a fortificação de Abrantes tanto foi pousada de monarcas e familiares, como foi palco de grandes lutas da História de Portugal. Durante a dinastia filipina (denominação espanhola), porém, os tempos foram de desolação para este Castelo. Votado ao abandono, acabou por cair num estado de degradação. Deixara de ter tanto interesse estratégico, dado haverem diminuído as ameaças de possíveis invasões oriundas de leste. Mas o panorama acabaria por mudar. Em finais do século XVll, D. Pedro, confrontado com a hipótese de novas tentativas de invasão, remodelou o Castelo com avultadas obras de estilo Abaluardo, então em voga, e adaptou as muralhas às necessidades da artilharia, instalando terraços e canhoeiras. Ao mesmo tempo, este rei fomentou a revitalização de Abrantes e deu-lhe o título de praça de guerra de 1ª classe.
A praça voltaria a entrar na história quando, durante a terceira invasão das tropas napoleónicas, o marechal Massena martirizou a então vila, enquanto ali se abrigou à espera de reforços.
Hoje, ao recordar a história de Abrantes, lá continua a fortaleza. Do primitivo castelo medieval pouco resta, além da torre de menagem, já que os panos de muralha dessa época foram totalmente removidos no século XVll. O seu aspecto actual é o de um polígono irregular, cujos lanços de muralhas são limitados por baluartes de planta semicircular, onde se rasgam as conhoeiras, os janelões e os torreões cilíndricos. Lá dentro ainda resiste o paço dos marqueses de Abrantes e algumas relíquias arquitectónicas, como a cadeia de arcos assentes em maciços pilares e as abóbadas de tijoleira. Cá fora, é o grande espectáculo da lezíria que continua a surpreender, que abrange um horizonte de 80 Km.
Importante local de passagem entre o Ribatejo, a Beira Baixa e o Alentejo, essa ligação fez-se a vau, por uma ponte romana, por barcas de passagem e pontes de barcas, e finalmente por pontes metálicas. Ainda hoje é visível na margem esquerda um conjunto monumental de pilares considerados como fazendo parte da ponte-cais romana que terá existido no local.
A cidade orgulha-se dos seus pergaminhos históricos. Fortificada por D. Afonso lll e D. Dinis, a quem se deve a torre de menagem, viu o seu território alargado pelas doações de diversos reis. No antigo Paço Real viveram por largo tempo, D. João ll e D. Manuel l e aí nasceram alguns príncipes reais. Em 1641, a vila foi agraciada com o título de “notável” por ter sido a primeira a proclamar a independência e a reconhecer D. João lV como seu rei e senhor.
Importante foi também o papel desempenhado durante as Invasões Francesas, já que a fortaleza era considerada a chave de defesa das Beiras. Invadida por Junot e pelo seu exército em Novembro de 1807, foi então ocupada e saqueada. Das suas riquezas artísticas, acumuladas ao longo dos séculos por dádivas de reis, infantes, condes e pelos Marqueses de Abrantes e outros nobre, só escapou o que alguns particulares conseguiram esconder em engenhosos abrigos.  Mas em 12 de Agosto de 1810 travou-se nas proximidades da povoação uma batalha em que os franceses foram derrotados pelo exército anglo-luso. Mais tarde, desde 9 de Outubro desse ano até 7 de Março de 1811, a vila defendeu-se corajosamente contra o cerco das tropas de Massena, que acabaram por retirar.
A vila, que até final do século XVlll pouco se desenvolvera, começou então a expandir-se e a ganhar importância económica. Tivera quatro conventos, dois de frades (Santo António e São Domingos) e dois de freiras (Nossa Senhora da Graça e da Esperança), que pouca influência exerceram no seu desenvolvimento.
O Marquês de Pombal procurou reanimar a vila incrementando a cultura da seda, como fez em muitas outras povoações. Das 39.357 amoreiras importadas da Alemanha, enviou cerca de 3.000 ao Município de Abrantes, que as distribuiu pelos proprietários do concelho. Como sequência, desenvolveu-se uma riquíssima produção de seda que aumentou consideravelmente o comércio da povoação, reiniciando uma fase do crescimento, mais sensível sobretudo a partir do início do século XlX. Renova-se o comércio fluvial e a função de Abrantes como entreposto terminal.
 

Nessa época surgiu na margem esquerda um pequeno conjunto de casas. Era um bom local, já que o rio Tejo descrevendo uma larga curva, corre rápido na margem norte e lento na margem sul. Aí, em qualquer época do ano, podiam os barcos encontrar abrigo. Como o sítio era plano, o desembarque dos produtos tornava-se rápido e fácil. Pelos mesmos motivos, instalaram-se no local diversos pescadores. A construção de estrada acentuou a importância estratégica do Rossio ao sul do Tejo, cuja única desvantagem era a ausência de protecção contra as cheias.
Com a construção do caminho (estrada de) ferro em 1863, o comércio grossista voltou a estar centrado na margem norte. Novo aglomerado começou a surgir junto à Estação de Alferrarede (velha), que cresceu rapidamente, pois havia muito espaço e proliferaram os armazéns e mais tarde as indústrias.
O nascimento do Rossio ao sul do rio Tejo e depois de Alferrarede, representa duas fases fundamentais do desenvolvimento de Abrantes, que ganhou assim dois pólos de expansão interligados, pois quando a cidade começou a deslocar-se  para as vias de transporte o povoamento passou a apoiar-se nessas vias, constituindo o Rossio a grande plataforma para o Alentejo e Alfarrede para a Beira. A cidade alta manteve-se como centro administrativo e cultural. O facto de esta ter estado rodeada de instalações militares impediu a sua expansão pelas vertentes, e as restrições camarárias em promover a urbanização na encosta sul, logo que ela se tornou possível, explicam em parte a expansão para a zona norte, mais húmida e sombria.
Em 1891, resolveu-se um grave problema com a inauguração de água potável a Abrantes, que, em 1916 se viu elevada à categoria de cidade.
Provar os doces regionais, principalmente a “palha de Abrantes” um doce feito de ovos e abóbora gila, é quase uma obrigação (uma docinha obrigação).
Das várias edificações existentes no Castelo só uma resistiu às modificações, ampliações e refortificações sucessivas: a Igreja  de Santa Maria, que em 1921 foi transformada em Museu regional e no qual são de salientar, entre muitos valores artísticos, os azulejos hispano-árabes e os túmulos e estatuária dos séculos XV e XVl. No Castelo, o Jardim de São Pedro, com o coreto, lagos e cisnes, é o recanto romântico por excelência, e não deve perder-se a magnífica paisagem que se admira da torre de menagem (80   Km de lezíria) e do Miradouro da Porta da Traição.

 

Abrantes
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Cidade portuguesa do distrito e diocese de Santarém, com 9.632 habitantes (dados de 1987). Sede de concelho e de comarca. Sobranceira ao Tejo foi conquistada aos mouros em 1148; recebeu foral em 1179 e a categoria de cidade em 16-3-1916. Formado por 15 freguesias, o concelho tem 47.501 habitantes (dados de 1987); zona agrícola, possui lagares de azeite, indústria de moagem e metalurgia.
in "Moderna Enciclopédia Universal", ed. Círculo de Leitores
Quadro Histórico
O concelho de Abrantes remonta aos primórdios da monarquia portuguesa. O seu foral, datado de 1179, segue o modelo dos chamados "concelhos perfeitos", cuja organização se inicia no preciso momento em que são chamados os colonos a povoá-la. O regime administrativo, a organização municipal e a distribuição geográfica da população obedecem, nestes casos, a um modelo, o modelo das terras despovoadas. Em 1173 esta região e o seu castelo foram doados à Ordem de Santiago de Espada.
A sua situação geográfica parece ter contribuído bastante para a colonização: "Zona de permanentes conflitos, a que a reconquista veio pôr ‘ponto final’, a colonização do monte abrantino foi facilitada pela situação geográfica do mesmo monte, situado a norte do Tejo, que lhe servia de fronteira natural e o protegia de previsíveis incursões almohadas; Tejo que era ainda importante fonte de riqueza (água, pesca, ouro, navegação, etc.), monte situado numa zona de confluência e transição de regiões, encruzilhada nos percursos entre o sul e o norte, a salvo de cheias, de nevoeiros persistentes, lavado de bons ares, tudo isto foram condições que, no nosso entender, conferiram ao local as condições necessárias à atracção de colonos, colonização que, aliás, não nos parece ter sido fácil (...)." (l)
Da história de Abrantes salientam-se alguns factos decisivos: "Afonso II restaurou os meios de defesa de Abrantes e, segundo a tradição, mandou edificar a Igreja de Stª Maria do Castelo. Em 24 de Abril de 1281, D. Dinis concedeu o senhorio de Abrantes à Rainha Isabel (...)
D. Afonso IV sujeitou todo o termo de Abrantes à Ordem de Malta e D. Fernando, em 1327, doou o senhorio de Abrantes a D.Leonor Teles. Partidários do Mestre de Avis, os Abrantinos foram dos primeiros a secundar o movimento de Lisboa de 1383 destacando-se, entre estes, Fernando Álvares de Almeida, progenitor da Casa de Abrantes.
D. Manuel, que aqui permaneceu durante muito tempo, concedeu novo foral (l5l8) e aqui nasceram os Infantes D. Fernando e D.Luís, seus filhos. D.João III confirmou antigos privilégios aos Abrantinos.
No séc.XVI, Abrantes e o seu termo era uma das maiores e mais populosas terras do reino: tinha 3.436 habitantes, e dentro dos seus muros existiam 4 conventos de Ordens Religiosas e 13 Igrejas e Capelas.
(...) Em 1581, na sua deslocarão para Tomar, Filipe II de Espanha esteve em Abrantes alguns dias, e do reinado do seu sucessor data a reconstrução dos Paços Municipais de Abrantes.
Em 1640, reivindicando já o título de Notável, foi uma das primeiras terras do reino a aclamar D.João IV. Dos séculos XVII e XVIII por diante, assume papel de primordial importância do ponto de vista militar, sendo por 2 vezes classificada Praça de Guerra de 1ª Ordem, tendo em 1807 servido a Junot de ponto de concentração das suas tropas para a investida sobre Lisboa.
Durante o reinado de D. José foi criada em Abrantes uma indústria de fiação de sedas que, ainda próspera em 1800, se designava por Academia Tubuciana.
Em 1820 Abrantes apoiou a Revolução Liberal e festejou entusiasticamente a Constituição de 1822. D. Miguel, porém, encontrou entre os abrantinos leais partidários da sua causa, mas não consta a existência de qualquer movimento local aquando da Vilafrancada.
(...) Em Novembro de 1862 foi inaugurado o troço ferroviário de Santarém a Abrantes e, em Março de 1868, foi adjudicada a construção da ponte rodoviária entre Abrantes e Rossio ao Sul do Tejo, e estes dois acontecimentos estiveram na base do progressivo desenvolvimento regional.
Activo centro republicano, Abrantes foi local de reuniões preparatórias do 5 de Outubro de 1910, o que de alguma forma contribuiu para a sua elevação a cidade em 1916.
Aderiu inequivocamente ao Movimento do 25 de Abril de 1974 e, no 12 de Maio desse ano, realizou-se a maior manifestação de solidariedade social jamais aqui ocorrida.(...)." (2)
(1) Campos, Eduardo Manuel Tavares - "Notas Históricas sobre a Fundação de Abrantes", Câmara Municipal de Abrantes, 1984, pág. 5
(2) C.M. Abrantes - "Notas sobre História de Abrantes", Câmara Municipal de Abrantes
in DIAGNÓSTICO SÓCIO-CULTURAL DO DISTRITO DE SANTARÉM - ESTUDO 1, Santarém, 1985, pág. 92-93.

 

A Lenda de Abrantes

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ABRANTES é uma antiquíssima cidade. Segundo alguns autores, terá sido fundada pelos Túrdulos 990 anos antes de Cristo, segundo outros foi fundada por galo-celtas em 308 a. C. Foi senhoreada por Romanos, Visigodos, Árabes e, por fim, em 8 de Dezembro de 1148, conquistou-a D. Afonso Henriques. Diz-se que os Romanos lhe chamavam Tubucci, os Vísigodos Aurantes e os Árabes Líbia. Segundo a lenda, o nome de Abrantes data, mais ou menos, da época da conquista da fortaleza por D. Afonso Henriques, estando ligado a acontecimentos imediatamente posteriores.
Consta que era alcaide do castelo um velho mouro chamado Abraham Zaid. Abraham tinha uma filha a que chamara Zara e um filho bastardo, de uma cativa cristã, a que pusera o nome de Samuel. Ninguém sabia, porém, que Samuel era filho do velho alcaide, nem o próprio rapaz. Assim, viviam os doís jovens apaixonados e o velho sentindo crescer em si, dia a dia, uma angústia terrível, antevendo a hora em que seria obrigado a revelar o seu segredo.
Um dia, diz a História, os cristãos foram pôr cerco ao castelo. A hoste era comandada pelo aguerrido Afonso Henriques, que trazia consigo vários cavaleiros e monges. Do Mosteiro do Lorvão trouxera o Rei um velho e sábio monge beneditino para o aconselhar os assuntos espirituais. De algures, de um local qualquer do reino, trouxera um cavaleiro cheio de ideais e de força guerreira, chamado Machado.
Ferida a batalha e conquistado o castelo, Samuel foi aprisionado por Machado. Na confusão do saque da debandada moura, o cavaleiro, que acabara de desarmar Samuel, viu um peão perseguindo Zara com intuitos evidentes de violação, e, entregando o prisioneiro a dois vigias, correu em auxilio da moura. Com um forte empurrão derrubou o soldado, que estava ébrio, e amparando Zara foi entregá-la à custódia do velho beneditino, até que se acalmassem os ânimos exaltados pelo sangue, pelo saque e pelo vinho.
Quando o cavaleiro Machado retomou o seu posto, ia como que alheado. Ficara fascinado pela beleza da moura, estranhamente parecida com uma imagem de Nossa Senhora dos Aflitos que sua mãe lhe dera ao morrer e que ele, devotamente, trazia sempre consigo. Por outro lado, impressionara-o a repentina recordação de um sonho que vinha tendo frequentemente e no qual, ao escalar os muros de um castelo, se via salvando uma donzela com que se casaria. Tudo isto contribuía para o alheamento do jovem cavaleiro, que, se não fossem as suas obrigações de guerreiro, decerto se teria quedado em enternecida contemplação da bela Zara.
Entretanto, D. Afonso Henriques, querendo remunerar os serviços prestados naquela batalha pelo seu bastardo D. Pedro Afonso, deu-lhe o senhorio do castelo e nomeou-o seu alcaide-mor. Pedro Afonso, porém, desejava partir com o pai para Torres Novas e, por isso, decidiu delegar a alcaidaria no cavaleiro Machado.
O Rei, antes de partir, mandou que o monge ficasse no castelo como guardião das almas, ordenou-lhe que entregasse a prisioneira a Abraham e tomou todas as medidas necessárias à segurança da vila.
Assim que a hoste se desvaneceu ao longe, na poeira, o cavaleiro Machado, feliz por ficar como alcaide do castelo, apaixonado por Zara, preparou-se para conquistar o seu coração utilizando os meios permitidos pelo código de honra da cavalaria, ou seja, os modos corteses e suaves. Mas Zara, que adorava Samuel, sentia uma espécie de rejeição cada vez que o cavaleiro se aproximava de si. E, para não fazer qualquer gesto mais brusco que comprometesse a boa paz em que viviam, pedia conselhos ao pai e ao velho monge. O frade, como confessor do cavaleiro, bem sabia o amor que ele tinha pela donzela, e, como bom observador, compreendia que nas evasivas de Abraham existia qualquer coisa de estranho. Por isto, procurava conciliar toda a gente e assegurava a Zara a honradez e nobreza de sentimentos do jovem alcaide.
Samuel, porém, não conseguia viver em paz. Os ciúmes irrompiam nele à mínima alusão, ao mínimo gesto, sem que conseguisse controlar-se. E, na sua insegurança, tão depressa acatava as palavras conciliatórias de Abraham e do monge, como ficava possuído pelo demónio da Loucura, que o obrigava a cometer insanas.
Zara acreditava que Samuel estava compenetrado do seu amor e da sua fidelidade e pensava, por isso, que as acções destrambelhadas do rapaz provinham da mudança de situação para vencido de guerra. Assim, certa tarde em que tentava reconciliá-lo com o alcaide, perguntou ao pai como deveria proceder se o cavaleiro viesse procurá-la e ele não estivesse em casa: deveria manter a porta fechada como se não estivesse ninguém, ou recebê-lo-ia?
Abraham, julgando ver nesta pergunta um novo intuito de ofensa ao alcaide do castelo, para evitar mais problemas, respondeu:
-Nada temo nem receio da tua virtude, minha filha. E confio também na honradez do alcaide. Abre antes a porta!
Samuel, porém, ao ouvir estas palavras perdeu o domínio de si e correu para a rua, gritando como louco:
- Abre antes! Abre antes!
A vizinhança acorreu, uns aos postigos, outros às vielas, a saber o que aquilo era, e Samuel, enlouquecido de ciúmes, contava a história à sua maneira, deixando agravados o alcaide, Zara, Abraham e o próprio monge.
Conta a lenda, ainda, que Samuel acabou por cair de cansaço e de febre. Uma vez bom de saúde, Abraham juntou os e contou-lhes a verdade sobre o nascimento do rapaz. Assim ficaram a saber que eram irmãos e que a mãe de Samuel fora uma bela cativa cristã que certo dia chegara a Tubuccí chorando um noivo que deixara na sua terra, chamado João Gonçalves.
Rolaram lágrimas silenciosas pelas faces envelhecidas do frade beneditino. Ele fora esse João Gonçalves que, vendo a noiva desaparecer, crendo-a perdida para sempre, entrara para o Mosteiro do Lorvão. Pediu o monge a Abraham dados sobre essa cativa, para se certificar de que a mãe de Samuel fora a sua amada noiva. E vendo que os dados coincidiam, tomou o rapaz a seu cargo, conseguindo pô-lo ao serviço do Rei de Portugal.
Machado e Zara acabaram por casar, depois de os mouros se terem feito cristãos, e dentro das muralhas da velha Tubuccí reinou, finalmente, a harmonia.
E, segundo reza a lenda, em memória do febril acesso de loucura de Samuel, Tubucci passou a ser chamada Abrantes.
in Frazão, Fernanda. "Lendas Portuguesas", vol. IV, pág. 67-73. Ed. Multilar. Lisboa: 1988

 

 

 

 

Alcanena – (Concelho do Distrito de Santarém)

 

 

 

 

 

Pequena povoação que pertenceu aos duques de Aveiro, Alcanena só no século XlX começou a desenvolver-se devido à indústria dos curtumes.

Na região onde está situada a vila de Alcanena permaneceram os árabes durante cerca de 400 anos, sendo apontados como seus fundadores (o nome indica – Alcanena – Cabeça seca ou, segundo outros, lugares sombreados.

D. Sancho l atesta a presença portuguesa no desenvolvimento e no seu povoamento.

Alcanena, terra liberal por excelência, vibrou com a implantação da República, à qual está indissoluvelmente ligada: “Para o País a República, para Alcanena o Concelho”. Projecto cumprido, o concelho foi constituído a 8 de Maio de 1814, numa área pertencente aos concelhos de Torres Novas, Santarém e Porto de Mós.

Origem do nome:

«Xavier Fernandes em Topónimos e Gentílicos (1944)»: “Alcanena diz-se ser árabe Alcanina, que quer dizer “cabeça seca ou oca”, havendo também quem tivesse emitido a opinião de que o nome foi dado ao local, por este ser abundante em canas”.

 

Alcanena

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A vila de Alcanena é sede de um concelho criado a 8 de Maio de 1914, a partir da desanexação de freguesias de Torres Novas e Santarém. Por esta razão, a sua história funde-se, nas épocas maia remotas, com a destes concelhos.
Ainda que inserida noutros concelhos, Alcanena dá sinais, desde o século XVIII, reforçados no século XIX (1875), de fervoroso desejo de autonomia. Este movimento não pára de ser insuflado pelo dinamismo das actividades económicas, que rapidamente é acompanhado pelo fervor do desejo de autonomia administrativa, intimamente relacionada com a forte implantação na região dos ideais republicanos.
A passagem dos exércitos napoleónicos deixou fortes marcas em Alcanena, bem como noutras freguesias próximas. Nesta vila ficaram também reflexos das lutas liberais, de onde saíram voluntários que combateram em dois movimentos de revolta contra o totalitário governo de Costa Cabral. A “Maria da Fonte” contou também com o apoio das gentes de Alcanena que se colocaram à disposição da Junta Governativa, em Santarém.
Como não poderia deixar de ser, dados os pergaminhos da terra defensora da liberdade e como atesta o slogan “Para o País a República, Para Alcanena o Concelho”, Alcanena festejou a implantação da República, a 5 de Outubro de 1910, como ainda hoje se atesta pela festas de 5 de Outubro que Alcanena organiza.
A freguesia de Alcanena compreende a vila, sede do concelho, e os seguintes lugares: Gouxaria, Raposeira, S. Pedro e Peral. A vila é, sem dúvida, um pólo centralizador nos domínios económico, administrativo e sócio – cultural, se bem que a autarquia tenha empreendido acções de descentralização cultural, apoiando colectividades e fomentando o associativismo. A vila de Alcanena é servida por modernas e funcionais infra estruturas de saúde, cultura, desporto e lazer.
Em termos económicos, o concelho de Alcanena é marcado pela indústria, predominando os curtumes, de grande tradição local e significado nacional.
O lugar de Gouxaria é rico em belos recantos rurais.
No lugar de Raposeira encontramos a Gruta da Marmota, uma das três necrópoles neolíticas do concelho que atestam a ocupação pré-histórica da região.
Associativismo / Colectividades
O associativismo da freguesia é vasto: ARPICA – Associação de Reformados, Pensionistas e Idosos do Concelho de Alcanena; Núcleo de Sportinguistas do Concelho de Alcanena; Agrupamento do Corpo Nacional de Escutas – Agrupamento 867 Alcanena, Atlético Clube Alcanenense; Casa do Povo; Juventude, Amizade e Convívio; Sociedade Columbófila de Alcanena; Centro Desportivo e Cultural Os Marítimos do Alviela (Raposeira); Amigos da Vida Selvagem; Associação Desenvolvimento Sócio-Educativo e Cultural ABC; Pedrinhas Motor Club (Gouxaria); Núcleo de Cicloturismo de Alcanena; Rancho Folclórico da Gouxaria; APIC – Associação Portuguesa de Industriais de Curtumes; JUBILARE – Associação Cultural e Social de Alcanena e Associação dos Dadores de Sangue de Alcanena.

 

Alcanena
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Povoação portuguesa do distrito e diocese de Santarém, com 3.505 habitantes (dados de 1987). Sede de concelho e de comarca, fica a SO da serra de Aire e a 3Km dos chamados "Olhos de Água", as nascentes do rio Alviela. O concelho, constituído por 10 freguesias, conta com 13.989 habitantes (dados de 1987). Possui próspera indústria de curtumes. Minde, povoação pertencente ao concelho, é centro de indústria têxtil e a sua população usa um falar especial, o minderico.
Fica na sua área a lagoa de Minde que mede 4Km de comprimento e 2Km de largura.
in "Moderna Enciclopédia Universal", ed. Círculo de Leitores
Quadro HistóricoRetomando à época de dominação árabe, a região onde hoje se encontra o concelho de Alcanena caracterizava-se pela debilidade dos solos em termos agrícolas (aptos somente para as culturas de sequeiro, cevada, trigo e oliveira). Situada no imenso maciço calcário estremanho, entalada entre as serras dos Candeeiros e de Aire, e os planaltos de Stº António e de S. Mamede, os povos desta região dedicavam-se sobretudo à pastorícia, ao comércio e à criação de bichos de seda, entre outras actividades.
Sobre a origem do nome Alcanena existem diversas versões, tendo todas,no entanto, como base o artigo árabe "Al". As duas versões mais prováveis são "Cabaga Seca", do termo árabe "Alcalina" e "Lugar Sombreado", do termo árabe "Al-Kinan".
Pertencendo até ao ínício do séc. XX ao concelho de Torres Novas, a sua história dilui-se na deste concelho, pelo menos até à altura em que, por via da implantação progressiva e dinâmica das indústrias de curtumes (e mais tarde de malhas), esta região se começa a destacar, não só no distrito mas também em todo o país.Eram os finals do séc. XVIII:
"Sendo a indústria de curtumes uma das mais velhas actividades conhecidas do homem, cedo se radicou no concelho de Alcanena, com métodos muito próprios,em que a técnica vinha em sucessão de pais para filhos, com a utilização de materiais curtientes tradicionais da região. Os próprios utensílios eram característicos e mesmo exclusivos.
A data mais antiga ou talvez a única que se revela em edifício fabril é a de 1792. 0 referido edifício ostenta um brasão representando as armas nacionais, acompanhado de uma inscrição que diz ser uma fábrica de sola com previlégio Real do governo Pombalino(...)"(1).
O progressivo desenvolvimento da indústria de solas, pelarias para calçado, maquinaria e vestuário, atraiu à região um grande número de industriais, tendo-se feito, progressivamente, uma reconversão industrial, baseada na modernização das técnicas de fabrico e das máquinas industriais. Esta modernização tem vindo a acabar com a maior parte dos pequenos produtores da região de Alcanena, colocando-a na vanguarda da produgão do género a nível nacional.
A par deste desenvolvimento das indústrias de curtumes e de malhas, assistiu-se ultimamente à implantação de diversas unidades de fabrico e montagem de máquinas (e ainda reparação) do apoio àquelas.
A indústria têxtil (especialmente implantada na região da freguesia de Minde) fez parte intrínseca da história do concelho de Alcanena, a par da de curtumes. Desde os tempos mais remotos, a produção de mantas, alforges, tapetes e carpetes veio tornando popular esta região. A maior parte das feiras em todo o país eram percorridas por vendedores de mantas de Minde. Célebre ficou o "calão míndrico", vocabulário utilizado por estes vendedores ambulantes a fim de não serem entendidos senão entre si.
A partir de meados do presente século iniciou-se a fabricação de maIhas exteriores, facto que trouxe a esta região novos focos de desenvolvimento. Segundo reza a história, esta indústria foi trazida para Portugal por cidadãos polacos instalados em Lisboa por altura da 2a grande guerra. Entretanto, começara a ser difícil a aquisição de matéria prima - lãs - para os trabalhos tradicionais, problema que estaria ultrapassado para as malhas. Por volta de 1942, nasceu a primeira fábrica de malhas, a "Sociedade Industrial de Malhas Mindense".
O concelho de Alcanena é de fundação recente. Foi criado em 1914 com a desanexação de algumas freguesias de Torres Novas e Santarém, tendo tido para os alcanenenses o mesmo valor e significado que quatro anos antes a implantação da República.
(1) TORE, Bandeira de – Jornal Ilustrado "A Hora", 1970
in DIAGNÓSTICO SÓCIO-CULTURAL DO DISTRITO DE SANTARÉM - ESTUDO 1, Santarém, 1985, pág. 126-127.

 

 

 

 


Almeirim – (Concelho do Distrito de Santarém)

 

 

 

 

 

A ocupação da região é muito antiga. Por ali passava a via romana de Lisboa a Mérida, conforme o atestam os marcos miliários encontrados, e identificados um concheiro epipaleolítico no vale da Fonte da Moça e uma villa romana na Azeitada, freguesia de Benfica do Ribatejo, além de espólios, anteriormente recolhidos.

Fundada em 1411, por D. João l, aqui por duas vezes foram convocadas cortes, as primeiras por D. João lll, para o juramento do Príncipe D. João, pai de D. Sebastião, e as segundas pelo cardeal-rei D. Henrique, para resolver o problema da sucessão. Também em Almeirim se realizaram casamentos reais: o de Carlos V com a Infanta D. Isabel e o de de Filipe ll com a Infanta D. Maria.

Difícil será descortinar na actual Almeirim, traços da antiga vila realenga dos séculos XV e XVl, estância de Inverno da Corte Real Portuguesa. Com efeito, todo o primitivo conjunto monumental da vila de Almeirim se perdeu na poeira dos tempos.

A vila foi local preferido pelos reis da dinastia de Avis, que ali estacionaram durante largos períodos, particularmente devido à sua abundância de caça, antes de o palácio ser preterido pelo seu congénere de Salvaterra de Magos. Mas a estada dos reis também está ligada a uma vida cortesã que deixou reflexos na história. Também e Almeirim representaram-se diversos autos e comédias do chamado pai do teatro português, Gil Vicente. Ainda no século XVlll, atraída pela sua fama, afluía à vila muita gente, viajando de bergantins pelo rio Tejo acima.

O paço foi conservado pelos Filipes, e ainda se lhe refere, em termos elogiosos, a “Memória Paroquial de 1758”. O golpe de misericórdia ser-lhe-ia dado pelo regente D. João, que o extinguiu em 1792. Não obstante, o edifício não foi logo demolido, conservando-se  até ao século XlX.

Origem do nome:

«Xavier Fernandes em Topónimos e Gentílicos (1947)»: “O nome é de proveniência árabe, parecendo que assenta em Al-Meirim nome de algum mouro importante, porventura o fundador ou conquistador da antiga povoação, pois Almeirim portuguesa (referimo-nos à do distrito de Santarém), data dos princípios do século XV, reinado de D. João l, que se afirma ter sido o seu fundador ou, pelo menos, o seu restaurador”.

 

Almeirim
http://www.almeirimnet.com
Existem vestígios da presença humana que remontam à pré-história. Da Idade dos Metais há também testemunhos. A presença romana fez-se notar nestas paragens, «por aqui passava a via militar romana, partindo de Lisboa para Mérida, capital da Lusitânia», datando-se do séc. I a ocupação de terrenos.
Vista Parcial do Jardim da República
É sobretudo a partir do século XV que Almeirim cresce. Em 1411 D. João I mandou ali construir um palácio. Foi em torno dele que o povoado se desenvolveu. Desse importante palácio - no qual habitaram os reis da segunda dinastia - nada resta. As suas ruínas acabaram por ser suprimidas no século XIX.
Segundo fontes manuscritas, eram famosas as coutadas de caça, tão do agrado da nobreza. A corte era itinerante. Almeirim foi muitas vezes contemplada com a sua presença, tendo sido eleita estância de inverno, local de lazer e repouso. Aí se representaram peças de teatro - Gil Vicente - se casaram princesas, se dava despacho real, se reuniram cortes. Foi em Almeirim que nasceu o filho de D. João III, Infante D. Afonso.
Almeirim foi berço de outras figuras notáveis, e palco de outros acontecimentos importantes.
Em plena época da expansão e dos descobrimentos marítimos, Almeirim foi muitas vezes local de passagem e fixação. O Infante D. Henrique, esse precursor infatigável da expansão ultramarina, mandou fazer inúmeros documentos, nesta terra de Almeirim.
Com a invenção da imprensa e com o advento do Renascimento e Humanismo a notícia corria «célere» pela Europa. As tipografias tornaram-se indispensáveis. Foi nas oficinas do Paço que se começou a imprimir o Cancioneiro Geral de Garcia de Resende. De entre outras.
Cortes de Almeirim: As Cortes reuniram-se duas vezes na vila de Almeirim. A primeira a 30 de Março de 1544, tendo sido jurado príncipe herdeiro D. João, filho de D. João III e pai de D. Sebastião. A segunda, a 11 de Janeiro de 1580, tendo sido convocadas pelo Cardeal-Rei D. Henrique, com o objectivo de discutir e resolver o problema da sucessão. A morte de D. Henrique precipitou os ânimos. O problema resolveu-se depois.
Durante os sessenta anos seguintes, Portugal viveu sob o domínio Filipino, em regime dualista.
Almeirim (entrevista de). Em 1483 por altura da Quaresma, dirigiram-se a Almeirim, D. João II, os Duques de Viseu e os Duques de Bragança com o objectivo de visitarem a Rainha D. Leonor que se encontrava gravemente doente. Foi nesta vila que o Duque de Bragança teve uma entrevista com o Rei D. João II que lhe prometeu o perdão de conjuras passadas. Havia porém uma condição: D. Fernando de Bragança teria que servir o Rei com lealdade e humildade. O perdão do Rei não resultou. Passados poucos meses o Duque de Bragança foi preso e julgado. O Duque de Viseu morre apunhalado pelo Rei.
A entrevista de Almeirim, resultou em coisa ruim. Para os Duques, claro.
M.C.

 

Almeirim
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Quem das ameias das Portas do Sol em Santarém, deixar estender o olhar pelo fértil vale do Tejo, vislumbrará um quadro magnífico de beleza inconfundível.
Em baixo, deslizando, vai o Tejo a caminho de Lisboa; alongando-se em direcção ao sul, vê-se a extensa e expressiva lezíria, por entre mouchões e vinhedos e, mais longe ainda, a mancha cinzenta da serra de Almeirim, a subir pelas terras luminosas da charneca, início da planície alentejana.
Aqui se situa Almeirim, nesta zona de diferenças geográficas, terra fundada em 1411 por D. João I e onde reis e senhores vinham passar momentos de entretenimento e tratar de negócios do Reino, dizendo-se que "ali punha Cupido a sua aula e el-rei o seu despacho".
Hoje, Almeirim nada tem que ateste esse passado faustoso, embora no seu Palácio Real, cujos restos foram demolidos em 1890, se tenham realizado as importantes cortes de 11 de Janeiro de 1580, nas quais se debateu o grave problema de sucessão ao trono, por morte de D. Sebastião em terras africanas de Alcácer-Quibir.
As suas belezas naturais, o seu tipismo, divulgado por diversos agrupamentos folclóricos, a sua excelente e apreciada culinária, o melão e o vinho que gozam de justa fama e outros produtos de real qualidade, fazem de Almeirim uma terra que oferece ao visitante uma sensação de bem estar, onde o seu progresso se orienta no melhor dos sentidos, através de estruturas que por toda a parte se podem apreciar.
in "Folheto Turístico", Região de Turismo do Ribatejo
Quadro Histórico
Almeirim, segundo os historiadores, baseados no aparecimento de fragmentos cerâmicos do séc. I, remonta à dominação Romana. Estudos mais recentes colocam porém esta zona na época epipaleolítica, pelo achado de concheiros em Benfica do Ribatejo. O seu nome indica que foi mais tarde habitado pelos mouros.
Almeirim foi fundada em 1411 por D. João I.
No séc. XIV era esta região considerada a "Sintra de Inverno" e frequentada pelos reis da II dinastia, por ser um lugar de grandes coutadas de caça, pela proximidade do Tejo, de Santarém e de Lisboa.
Foi esta região escolhida para a realização de grande número de cortes. É aqui que Gil Vicente representa às cortes de D. Manuel e de D. João III grande número das suas farsas e comédias, de que é exemplo o "Auto da Fé" (1510). Depois do desaparecimento de D. Sebastião, é em Almeirim que se reúnem as cortes para decidir do futuro do reino.
Entre outras pessoas notáveis, nasceram em Almeirim: D. Afonso, filho de D. João III; D. Fernando, Filho de D. Duarte; D. Duarte, filho de D. Isabel e, provavelmente, o cardeal D. Henrique.
in DIAGNÓSTICO SÓCIO-CULTURAL DO DISTRITO DE SANTARÉM - ESTUDO 1, Santarém, 1985, pág. 156.

 

Almeirim: A Lenda da Sopa da Pedra.

http://www.cm-almeirim.pt/almeirim
Tal como quase todos os costumes, tradições e também gastronomia regional, a Sopa da Pedra tem uma lenda associada....
Um frade andava no peditório. Chegou à porta de um lavrador, não lhe quiseram aí dar esmola. O frade estava a cair com fome, e disse:
- Vou ver se faço um caldinho de pedra!
E pegou numa pedra do chão, sacudiu-lhe a terra e pôs-se a olhar para ela, para ver se era boa para fazer um caldo. A gente da casa pôs-se a rir do frade e daquela lembrança.
Perguntou o frade :
- Então nunca comeram caldo de pedra? Só lhes digo que é uma coisa boa.
Responderam-lhe :
- Sempre queremos ver isso!
Foi o que o frade quis ouvir. Depois de ter lavado a pedra, pediu :
- Se me emprestassem aí um pucarinho.
Deram-lhe uma panela de barro. Ele encheu-a de água e deitou-lhe a pedra dentro.
- Agora, se me deixassem estar a panelinha aí ao pé das brasas.
Deixaram. Assim que a panela começou a chiar, tornou ele :
- Com um bocadinho de unto, é que o caldo ficava um primor!
Foram-lhe buscar um pedaço de unto. Ferveu, ferveu, e a gente da casa pasmada pelo que via. Dizia o frade, provando o caldo :
- Está um bocadinho insosso. Bem precisava de uma pedrinha de sal.
Também lhe deram o sal. Temperou, provou e afirmou :
- Agora é que, com uns olhinhos de couve o caldo ficava que até os anjos o comeriam!
A dona da casa foi à horta e trouxe-lhe duas couves tenras.
O frade limpou-as e ripou-as com os dedos, deitando as folhas na panela.
Quando os olhos já estavam aferventados, disse o frade :
- Ai, um naquinho de chouriço é que lhe dava uma graça.
Trouxeram-lhe um pedaço de chouriço. Ele botou-o à panela e, enquanto se cozia, tirou do alforje pão e arranjou-se para comer com vagar. O caldo cheirava que era uma regalo. Comeu e lambeu o beiço. Depois de despejada a panela, ficou a pedra no fundo. A gente da casa, que estava com os olhos nele, perguntou:
- Ó senhor frade, então a pedra?
Respondeu o frade :
- A pedra lavo-a e levo-a comigo para outra vez.

 

 

 

 


Alpiarça – (Concelho do Distrito de Santarém)

 

 

 

 

É uma povoação muito antiga; no seu extremo passava uma via militar romana, que, dizia-se ligava Lisboa e Mérida, tendo sido encontrados na região marcos miliários dessa gigantesca construção. Em 1527, a aldeia da Ponte de Alpiarça contava 36 moradores. Mas a presença humana na localidade é antiquíssima: a descoberta das Estações do Castelo de Alpiarça, do cabeço da Bruxinha, da Necrópole do Tranchoal dos Patudos, da Necrópole do Meijão e do Cabeço da Bruxa, na Quinta da Goucha (monumento nacional), provam a permanência do homem, pelo menos, desde as épocas neolíticas até à romana.

Origem do nome:

«Dr. José Pedro Machado, em Influência Arábica no Vocabulário Português – 1957»: “Não me parece impossível, porém, que se trate de evolução de Alpalatia, isto é, de al – artigo definido arábico, ligado ao latim palatia, pl. De palatium.

Encontro dificuldades semânticas em justificar esta hipótese, porque não conheço suficientemente a história da região para verificar até que ponto se pode admitir, em tempos muito antigos, a aplicação por lá da dita palavra latina.

Já o mesmo não digo do aspecto fonético da questão, pois de Alpalatia poderiam vir sucessivamente as formas alpaacia, alpiça e finalmente, Alpiarça.

Observo que àquela palavra alpiaça se pode ligar o nome do rio Alpiaçoilo, como em alguns lugares é conhecido o Ulme ou rio Alpiarça, que nasce a leste de Aranhas de Cima e, depois de banhar diversas povoações (entre as quais Alpiarça), vai desaguar na margem esquerda do Tejo pouco a baixo de Benfica.

Por ora, a mais antiga que possuo desta povoação está no texto de Gil Vicente escrito em 1527: “andas terras de soldam / e alfay ate e alfanete / alfareme e alcaprema / Alpiarça e alfazema … (Nau de Amores, no Copilaçam, fl. 149 vs.a”.

 

Alpiaça
http://www.cult.pt/cult/regiao
Situada na margem esquerda do rio Tejo, na planície ribatejana, a vila de Alpiarça é sede de um concelho, com uma única freguesia, com cerca de 8.000 habitantes e 94 Km2 de superfície.
Habitada pelo homem desde tempos remotos, foram aqui recolhidos importantes achados arqueológicos do paleolítico inferior. As estações arqueológicas conhecidas são: Alto do Castelo, Cabeço da Bruxinha, Necrópole do Tanchoal, Necrópole do Meijão e Cabeço da Bruxa. Estas estações são consideradas Património Arqueológico Nacional. Foram encontrados vários marcos milenários dedicados a Trajano, indicativos da passagem na área geográfica do concelho da via militar romana que ia de Lisboa a Mérida.
Essencialmente agrícola, Alpiarça é uma região vinhateira por excelência. São especialidades regionais o pão-de-ló, os quadradinhos de Alpiarça, os esses de amêndoa, os queijinhos do céu, carneiro guisado e miga fervida. Famosos são também os seus vinhos licorosos, aguardentes e passas de uva moscatel.
Para saber mais visite o site da Câmara Municipal de Alpiarça.

 

Casa dos Patudos
http://pt.wikipedia.org/wiki
A Casa dos Patudos fica situada em Alpiarça, Distrito de Santarém.
A casa foi construída em 1905, e o autor do projecto foi o arquitecto Raul Lino, por encomenda de José Relvas.
José Relvas legou a quinta dos Patudos e praticamente todos os seus demais bens ao município de Alpiarça por testamento de 1929. Entre várias vontades que são referidas nesse Testamento uma delas é que a Casa dos Patudos fosse conservada como museu que é referido pelos especialistas como o mais importante museu autárquico do país e é procurada por muitos milhares de visitantes.
Nesta casa podemos encontrar obras de arquitectura, pintura, escultura e artes decorativas e sumptuárias (Azulejaria, porcelana, mobiliário, têxteis e outras) de autores nacionais, mas também da Europa com abordagem de "mestres de referência" de Espanha, França, Itália, Inglaterra, Alemanha, Bélgica, Holanda e também dos ricos núcleos de obras da Índia, Pérsia, China e Japão. O vasto leque cronológico estende-se desde os finais da Idade Média até aos inícios do Século XX. Oferecendo ao visitante um percurso único e de grande interesse pelos grandes momentos da História da Arte.

 

 

 

 


 

Benavente – (Concelho do Distrito de Santarém)

 

 

 

 

 

 

Esta povoação foi fundada em 1119 por colonos estrangeiros, em obediência ao plano de D. Sancho l de povoar as terras conquistadas aos mouros. Supõe-se, porém, que já existiria no tempo dos romanos, pois recebeu foral de D. Paio, mestre da Ordem Militar de Évora, em 1200, confirmado em Santarém em 1218, por D. Afonso ll.. Em 1516, D. Manuel l concedeu-lhe novo foral.

O sismo de 23 de Abril de 1909 abalou profundamente toda a área, abrindo fendas nas aluviões dos rios Tejo, Sorraia e Almançor, provocando grandes ruínas na vila.

Origem do nome:

«De, As Cidades e Villas da Monarchia Portuguesa que têm Brasões d´Armas – 1860»: “Não são concordes os nossos antiquários sobre o lugar em que estava assentada a cidade chamada Aritium Pretorium, por onde passava em direcção a Mérida uma das três vias militares, com que os romanos cortaram a Lusitânia. Contudo boas autoridades sustentam a opinião que a vila de Benavente ocupa o sítio da antiga Aritium Pretorium.

A fundação da vila actual não é mais conhecida. Apenas se sabe, que já existia no reinado de el-rei D. Sancho l, pois foi ali que este monarca confirmou a ordem de militar de Avis no ano de 1200. E neste mesmo ano lhe deu foral o bispo de Évora D. Paio.

Acerca da etimologia do seu nome escrevem alguns autores, que o modo por que a fortuna favoreceu os cristãos na ocasião de a tomarem aos mouros, que a defendiam obstinadamente, fez com que os novos senhores denominassem aquela façanha – Beneeventus,  feliz sucesso; e que daqui viera o nome à terra”.

«Xavier Fernandes em Topónimos e Gentílicos (1944)»: “O nome entrou já formado na nossa língua, o que parece explicar-se com o facto de ter sido fundada a povoação por um núcleo de estrangeiros, no fim do século Xll. Os espanhóis têm, na província de Zamora, a antiga vila Benaventum e, no tempo dos antigos romanos, já havia a cidade de Benaventum, na região de Sâmnio (Itália)”.

 

Benavente
http://www.cm-benavente.pt
Em 1199, a fixação de colonos estrangeiros na margem sul do Tejo, conduziu ao surgimento da povoação de Benavente. Situada nos limites do Castelo de Coruche, subordinado à Ordem de Calatrava, foi...
Em 1199, a fixação de colonos estrangeiros na margem sul do Tejo, conduziu ao surgimento da povoação de Benavente. Situada nos limites do Castelo de Coruche, subordinado à Ordem de Calatrava, foi constituída sob a égide e senhorio desta Ordem Militar. Neste facto, se tem também associado o nome da povoação, sabido que à mesma Ordem pertencia também o Castelo de Benavente, no Reino de Leão. Benavente, situada entre Santarém e Lisboa, é delimitada pelo rio Sorraia, um dos principais afluentes do Tejo e foi o segundo concelho instituído ao sul deste rio.
Tem foral antigo, dado por D. Paio, ou Pelágio, mestre da Ordem Militar de Évora, em 25 de Março de 1200 e confirmado em Santarém em 1218 por D. Sancho I. D. Manuel concede-lhe foral novo em 16 de Janeiro de 1516. Além disso recebeu privilégios de vários monarcas, especialmente de D. Dinis e D. Fernando.
Benavente, permite definir um centro histórico consolidado, uma vez que toda a área se encontra bem delimitada pelo rio Sorraia, a nascente e pela designada lezíria dos cavalos, na face poente. O seu centro histórico assume uma forma triangular, localizando-se no vértice o Cruzeiro do Calvário e no centro, o local onde se erguia a antiga Igreja Matriz, destruída pelo terramoto de 1909.  
A vila de Benavente tem vindo a desenvolver-se no sentido sul, estendendo-se pelos terrenos que outrora área se encontra bem delimitada pelo rio eram designados como vinhas e olivais. Benavente é sede de concelho e de comarca; pertence ao distrito administrativo de Santarém, ao círculo judicial de Vila Franca de Xira e à Relação de Lisboa. Em termos religiosos pertence ao arcebispado de Évora.
Actualmente o concelho de Benavente compreende quatro freguesias: Barrosa, Benavente, Samora Correia e Santo Estêvão.
A população do concelho, segundo os censos de 1991, é de 18 335 habitantes. A área do concelho é de 521,46 Km2.

 

Benavente
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Benavente é sede do concelho homónimo, no distrito de Santarém e o seu orago é Nossa Senhora da Graça.
Localizada num pequeno esporão sobranceiro ao rio Sorraia, um dos principais afluentes do Tejo, Benavente surge integrada no processo de Reconquista, como um território importante para a consolidação das terras do baixo Tejo. A política de povoamento promovida pelo Rei D. Sancho I procura aliás incentivar a vinda e posterior fixação de colonos francos nesta região. E, consequentemente, em 25 de Março de 1200, Pelágio, Mestre da Ordem Militar de Évora, mais tarde designada de Avis, concede Carta de Foral aos "povoadores de Benavente, tanto presente como futuros", tendo sido confirmada pelo rei D. Sancho I. A situação geográfica privilegiada, facilitando as comunicações entre Lisboa, Santarém e Évora, tornaram Benavente o segundo concelho instituído na margem esquerda do Tejo.
O local onde foi fundada a freguesia, apresentava um amplo espaço para o crescimento da população, numa zona facilmente defensável pelo que a Carta de Foral veio concorrer, inevitavelmente, para a fixação de população nesta vila e para o seu desenvolvimento de ordem social, político e económico.
Ainda no território de Benavente, encontramos referenciados momentos da ocupação humana anteriores, nomeadamente durante o período romano. Com efeito, na área da freguesia, localiza-se um complexo laboral romano datado do século II d.C., constituído por um conjunto de fornos para a produção de ânforas, na Garrocheira.
No plano eclesiástico, deve assinalar-se a instituição da paróquia de Santa Maria de Benavente, ao que tudo indica nos princípios do século XIII.
O património cultural e edificado de Benavente, profundamente marcado pelo sismo de 23 de Abril de 1909, que arrasou algumas das construções mais imponentes, apresenta um conjunto de elementos dos quais importa destacar: o edificio dos Paços do Concelho, a Igreja da Misericórdia, o Cruzeiro do Calvário, com miradouro de onde se avista a lezíria, o Museu Municipal, o Pelourinho Manuelino e as ruínas do Convento de Jericó, ou Jenicó, de frades arrábicos, fundado pelo Infante D. Luís.
Situada no fértil vale do Sorraia, o solo da campina benaventense é de formação e natureza aluvial, resultante de lentas e sucessivas sedimentações por meio das cheias do rio Sorraia, do rio Tejo e do rio Almansor; assim, Benavente possui óptimas condições para a prática da agricultura e pecuária, praticando-se uma grande variedade de culturas agrícolas que se mostram extraordinariamente produtivas; é o caso do milho, do arroz, do trigo e da oliveira.
Nas campinas, que constituem admiráveis paisagens, pratica-se a criação de gado. São do mesmo modo actividades preponderantes da economia local: a indústria alimentar e metalúrgica.

 

As Lendas de Benavente

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Lenda das Bicas, Camarinhais
LocalizaçãoAs nascentes das Bicas, são nos Camarinhais, Benavente
DescriçãoUma rainha moura que não conseguia ter filhos, passou um dia por Benavente e bebeu água das Bicas - as Bicas eram nascentes de água. Passado algum tempo engravidou e desde então a água das Bicas passou a ser considerada como muito boa para as mulheres estéreis.
Origem/InformaçãoPopular

Lenda da Cobra
Localização
DescriçãoUma senhora andava a amamentar o seu bebé mas este cada vez mirrava mais. Certa noite de luar, enquanto dava mama ao filho, viu que quem mamava no seu peito não era o seu bebé mas sim uma cobra. E esta para que a criança não chorasse punha-lhe na boca a ponta do rabo.
Origem/InformaçãoPopular

Lenda de São Baco
LocalizaçãoConvento de Jenicó, Benavente
DescriçãoDepois dos frades terem deixado o Convento de Jenicó, em 1834, o povo de Benavente quis trazer a imagem de São Baco para a Igreja Matriz. Deslocou-se um carro de bois para trazer a imagem, mas os animais não conseguiam andar. Só quando desistiram de trazer o São Baco é que os animais conseguiram andar normalmente. Ainda outra lenda sobre o São Baco - Todas as pessoas que se rirem em frente da imagem acontece-lhes logo a seguir uma desgraça.
Origem/Informação

Lenda da N.ª Sr.ª da Paz
Localização Benavente
Descrição Com as invasões francesas as pessoas fugiram e levaram os santos da sua devoção. Um dia, um pastor encontrou uma imagem muito pequena que apareceu num olival e foi colocá-la na capela de São Bento, onde era dada aos tratos de uma ermitoa. N.ª S.ª tinha nas mãos um raminho de oliveira, de manhã a ermitoa dizia: - Ai minha santinha! Que andaste toda a noite na rua pois tens o manto todo orvalhado. Diz a lenda que N.ª S.ª se sentia bem no campo e ía para lá de noite e trazia sempre um raminho de oliveira.

 

 

Cartaxo - (Concelho do Distrito de Santarém)

 

 

 

 

 

Uma via romana, que partia de Olissipo (Lisboa) para Scallabis (Santarém) atravessava este território ou muito perto. Antes dos romanos, outras civilizações se fixaram na região, nomeadamente nos castros de Vila Nova de São Pedro e na região de Muge. Os vestígios materiais até hoje detectados, datam da Idade Média, embora na Lapa exista a Gruta da Lapa que poderá ser anterior.

Teve o primeiro foral concedido por D. Dinis em 1312. D. João ll confirmou-o em 1487 e D. Manuel l renovou-o em 1496. O Cartaxo obtém honras de vila em 1656, sendo elevada a concelho em 1815 por alvará régio de D. João Vl.

Junot, vindo de Abrantes, estacionou no Cartaxo. Aqui teve quartel-general Sir Arthur Welleley, de 18 de Novembro de 1810 a 5 de Março de 1811; e os seus arredores foram cenário das lutas liberais, tendo aqui estacionado também o marechal Saldanha, em casa do comendador Dâmaso Xavier dos Santos.

Na freguesia de Vila Chã de Ourique situa-se o encantador Palácio dos Chavões, que até 1864 pertenceu aos condes de Unhão e seus descendentes, alguns dos quais nascidos em Salvador (Bahia – Brasil).

Origem do nome:

«Xavier Fernandes em Topónimos e Gentílicos (1944)»:” O falecido escritor General Vitoriano José César, que era natural do Cartaxo, explicou assim a origem deste nome: “Não foi fortificado, pois os romanos, em geral, construíam as suas fortificações em pontos elevados; o próprio nome desse acampamento, Castra chana, mostra que o lugar não era acastelado. Foi, contudo, aqui que se originou a povoação de Cartachana, ou ainda Cartachão, e que transformou em Cartaxo. Só ultimamente é que foi adoptada a grafia Cartaxo, que é, um erro”

 

Cartaxo
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Povoação do distrito e diocese de Santarém, com 8.265 habitantes (dados de 1987), sede de concelho e de comarca. Está situada a 6Km a ONO da margem direita do rio Tejo, na estrada de Santarém a Lisboa. Recebeu forais em 1312, 1487 e 1496 concedidos, respectivamente, por D. Dinis, D. João II e D. Manuel I. Da sua antiguidade conserva apenas um cruzeiro do século XVI, junto à igreja paroquial. Constituído por sete freguesias, o concelho tem 22.256 habitantes (dados de 1987). É um dos grandes centros vinícolas do país. Produz, também, cereais e azeite e cria gado bovino.
in "Moderna Enciclopédia Universal", ed. Círculo de Leitores  
Quadro Histórico
"Em princípios do séc. XIII a região denominada Estremadura mantinha ainda em grande parte um deserto coroado nas suas alturas pelas cidades de castelos em volta dos quais abrigava uma população escassa que a pouco e pouco ia empreendendo o desbravamento dos largos matagais iniciado pelas principais ordens monásticas, cujos conventos eram os únicos e raros edifícios que avultavam entre as brenhas. (...)" (1)
É nesta época, durante o reinado de D. Sancho II, que o chanceler Pêro Pacheco recebe os terrenos do "Reguengo do Cartaxo", com a condição, entre outras, de ali construir uma Albergaria. O seu primeiro foral foi-lhe dado por D. Dinis, em Leiria, em 21 de Março de 1312 e confirmado mais tarde por D. João II (1487) e D. Manuel I (1496). Este lugar foi elevado à categoria de vila em 1815, pelo príncipe regente.
"(...) O desenvolvimento desta vila deve-se sobretudo à vitivinicultura e à fama dos seus vinhos, quer em Portugal quer no estrangeiro. Pelo foral concedido pelo Rei Lavrador já se perdoavam determinadas contribuições a todos aqueles que plantassem vinhas. A Rainha Santa Isabel quando se dirigia ao Mosteiro de Almoster em peregrinação passava sempre por aqui. Segundo reza a tradição, foi esta raínha que principiou a chamar Cartaxo ao sítio onde se formou este luger, em consequência de ali existir grande número de aves com o mesmo nome.
As primeiras obras hidráulicas e agrícolas realizaram-se durante o reinado de D. Afonso III por Frei Martinho, monge de Alcobaça, que iniciou o resgate do paúl do Ulmor, no terreno de Leiria, obra esta coroada de êxito e que fez com que até 1304 se viessem a enxugar os extensos paúis que constituem hoje os campos de Salvaterra de Magos, Muge e Valada" (2)
Das 7 freguesias que compõem o concelho, Lapa e Vila Chã de Ourique, são as de criação mais recente, a primeira por desanexação da Ereira em 1921 e a segunda por desanexação do Cartaxo, em 1927. Pontével foi em tempos a freguesia mais importante da região, em termos económicos. Porém, e devido à situação geográfica (estrada ligando Lisboa a Santarém e ao norte do país), o Cartaxo superou-a. Pontével é de origem muito antiga, reportando-se ao reinado de D. Afonso Henriques enquanto comenda da ordem de S. João. De Valada, povoação ribeirinha, afirma-se ser de origem romana. "(...) Mas é, sem dúvida durante o domínio árabe que aparecem os primeiros documentos relativos aos seus terrenos úberes e ricos".(3) Vale da Pinta e Vila Chã são povoações ligadas (pelo menos segundo a lenda e a história) às conquistas e incursões cristãs do primeiro Rei de Portugal, contra os mouros. Uma das versões da Batalha de Ourique situa-a nas "Chãs D'oric", ou "Casal do Ouro".
(1) in "Cartaxo, um concelho em desenvolvimento" Junho, 1982. Pag. 1, 2 e 3.
(2) Idem
(3) Idem
in DIAGNÓSTICO SÓCIO-CULTURAL DO DISTRITO DE SANTARÉM - ESTUDO 1, Santarém, 1985, pág. 210.

 

Lenda do Cartaxo:
http://www.cm-cartaxo.pt/cartaxo
Conta-nos a História, em particular, através de uma tradição oral, evidentemente muito corrompida, exagerada e subvertida pelo passar dos tempos, das épocas e das gentes que nos idos de duzentos, em terras do que hoje se situa a Cidade do Cartaxo, algo de mágico aconteceu, assim...era uma vez, uma rainha, pura, bela e santa, que, em busca de paz de espirito e contacto com o Ser Divino, por aqui passou, pelas terras do "barrio"...onde, terá repousado e saciado a sua sede, num local onde encontrou sombra e uma fonte...
Estando em repouso, deparou-se com um bonito chilreio que ecoava pelos ares em seu redor, tendo observado melhor terá reparado que para além de cantarem de forma linda, estas criaturas voadoras eram também em si lindos, formosos e galantes. O seu voo era inspirador de vida e doçura, sendo sempre acompanhados pela harmonia e melodiosidade do seu canto, como se de um enamoramento se tratasse ou então...de uma corte a tão distinta, ilustre e formosa donzela...
A rainha, tendo avistado uns camponeses que se dirigiam para ali...provavelmente em busca da frescura das águas correntes que ali existiam ou das sombras vivas que refrescavam o local, indagou junto deles...:
" Senhores, senhores...perdoai-me!...mas que canto lindo e formoso é este que ecoa pelos ares fora...que enamoramento é este que soa doce em meu ouvir...que criaturas são estas, que espalham beleza e cor em cada movimento de bico, em cada abanar de asa...dizei-me senhores...sabeis quem canta esta canção de graça!?..."
Terá então sido olhada por aquele grupo de homens da labuta das terras do campo, onde alguns daqueles camponeses, lhe responderam com igual gentileza e graciosidade... "São Cartaxos Senhora... estes pássaros... as criaturas como lhe chamou, chamam-se cartaxos... são lindos cartaxos... ou cartaxinhos... e são de facto formosos..."
A rainha, possuidora de enorme sensibilidade e formosura, agradeceu, tendo ainda procurado resposta à sua curiosidade, tentando saber junto daquele grupo de camponeses, o nome daquele local :"Senhores...dizei-me...qual é a graça deste lugar...em que me sinto tão envolvida...em que me consolo tão bem com esta sombra...com esta água fresca, límpida e cristalina, em que sou presenteada com este cantar tão belo...".
Uma vez mais alguns daqueles camponeses falaram, usando de graciosidade e leveza até pouco comuns a gente daqueles ofícios:
"...aqui é o Lugar da Fonte...Senhora"... A rainha....usando então da sua graciosidade, sensibilidade e sobretudo do seu poder afirmou junto de todos quantos pudessem escutar :" ...Pela Graça de Deus, pelo poder que me foi atribuído, então...que este Lugar da Fonte se passe a chamar de agora em diante Lugar de Cartaxo, e que seja assim para toda a eternidade....e que todas as gentes saibam... e assim se faça de acordo com as leis dos homens sob a presença de meu marido o muy nobre el-rey Dom Dinis e de acordo com as regras de Deus Nosso Senhor Todo-o-Poderoso, que ordena sobre o Céu e sobre a Terra..." .
Tendo dito isto, partiu, não sem antes dizer:... Que a todos que interessar mandem dizer que fui eu... a muy nobre senhora, rainha Donna Isabel, quem deu estas ordens... in dei nominne!"... e lá foi, prosseguindo o seu caminho em direcção ao Lugar de Almoster demandando na sua peregrinação o mosteiro aí existente... o Mosteiro de Almoster. A Rainha de que aqui se fala não é outra se não a Rainha Donna Isabel, também conhecida como Rainha Santa, a protectora dos pobres e desafortunados.
A história e o estudo da evolução dos homens ensina-nos a desconfiar deste tipo de tradição oral, todavia é também um dos ensinamentos da ciência histórica, dever aceitar todos os contributos existentes que contribuam para a resolução de dúvidas e de problemas que possam existir.
Há poucos estudos ainda feitos sobre esta suposta passagem da Rainha Donna Isabel, também conhecida como Rainha Santa Isabel, indo em peregrinação na direcção ao seu lugar de repouso espiritual, no Mosteiro de Almoster, todavia este contributo perpetuado pela via oralizante, sendo ligado a outros testemunhos que fazem referência à presença desta monarca no Mosteiro de Almoster por idos de duzentos, ainda no dealbar da monarquia e da História de Portugal, encontro algum fundo de veracidade, que certamente o estudo dos homens e o passar dos tempos hão-de acabar por desvendar.
Artigo de 1937:
O Cartaxo já existia antes da fundação da nacionalidade portuguesa. Foi uma das muitas povoações vítimas das lutas entre muçulmanos e os cristãos hispano-godos, principalmente por estar próximo de Santarém, pois a posse desta praça foi por largo tempo disputada por cristãos e mouros. Quando em 1093 Afonso VI, rei de Leão e Castela, veio atacar e tomar Santarém, não só arruinou as muralhas desta antiga cidade, como arrasou grande número de povoações circunvizinhas. Em 1111 voltaram os mouros a atacar Santarém, de que se apoderaram.
Em 1139, sendo vali de Santarém Esmar, D. Afonso Henriques para se vingar da ofensa feita por aquele vali a Leiria, cujo castelo acometera aprisionando a guarnição, veio devastar os arredores de Santarém e travou combate nas Chães de Ourique com as forças de Esmar, que tendo sido derrotado, viu-se obrigado a acolher-se precipitadamente àquela praça abandonando até a sua barraca de Campanha, onde foram encontrados vários objectos de valor. D. Afonso contentou-se com as devastações feitas e com os despojos obtidos; nem as suas forças depois da batalha lhe permitiam ir pôr cerco a Santarém.
O Cartaxo, que dos mouros aprendera a melhor cultivar as videiras e as oliveiras, foi uma das vítimas desta luta. Não admira, pois, que se encontrasse arruinado no tempo de D. Sancho II, chamando-se-lhe um "fogo morto". Este rei, porém julgando indispensável repovoar o lugar do Cartaxo (sic) e o seu próximo vizinho, o Cartaxinho (hoje Ribeira do Cartaxo) concedeu, para isso, esta sua terra reguengueira a Pedro Pacheco, descendente de Fernão Jeremias - O Pacheco - , cavaleiro de Saboya, que viera para a Península com o Conde D. Henrique. Devia porém Pedro Pacheco obrigar-se a construir neste lugar uma Albergaria para albergar os pobres, e, marcando então aquele rei, os limites daquele lugar do Cartaxo. Como o dito Pacheco, nem os seus descendentes, tivessem construído a referida Albergaria, enviaram os pobradores daquele lugar a el-rei D. Diniz uma cópia da carta dada por D. Sancho, carta esta que existe no Livro 3º da Chancelaria de el-rei D.Diniz, a fls.82, e solicitando do mesmo rei que lhes desse uma nova carta de pobramento (povoamento). Satisfez el-rei D. Diniz o pedido, dando uma nova carta e conformando-se com os limites que tinham sido marcados por el-rei seu tio.
Esta Carta de foral, datada de Leiria a 21 de Março de 1312, foi dada por D. Diniz a um certo número de Homens Bons para no lugar do Cartaxo (sic) fazerem uma pobra (povoação) e cultivarem o terreno, impondo-lhes como condição darem a el-rei em cada ano um oitavo do pão, vinho e linho, estando o pão na eira o vinho no lagar e o linho no tendal; e só dos terrenos incultos é que cultivassem, só passados três anos, ou cinco sendo das vinhas exigido o pagamento do foro. Deviam os pobradores que viessem construir boas causas e bons currais. As malfeitorias contra os pobradores seriam punidas com 6.000 soldos, além da reparação em dobro pelo prejuízo causado. Daqui se vê quais eram os produtos mais importantes que se exigiam: pão, vinho e linho.
Na carta de foral foram outorgados o fôro "pera todo o sempre" a Joham Cavalleiro, a Lourenço Paes, a Vasco Giraldes, a Vicente Gil, a Miguel Domingues do Ardel (Arrudel), a Gil Fernandes, a Affonso Fernandes, a Lourenço Mendes, a Joham Afonso, a Domingos Vicente, a Joham Paes, a Vicente Paes, a Joham Parceiro de Val da Pinta, a Payo Gpnçalves, a Payo Vicente do Ardel, a Affonso Pires, e a todos os seus sucessores. São pois 20 Homens Bons a quem se fez aquela mercê. Como nesta carta não se fizesse referência aos limites do Lugar, os seus habitantes solicitavam que novamente se declarasse essa marcação, o que foi concedido pela carta dada em Lisboa aos 23 de Maio de 1313. Todas aquelas cartas foram depois confirmadas por D. João I (27 de Junho de 1387) e por el-rei D. Manuel (3 de Novembro de 1496).
Para assegurar a permanência dos repovoadores do Cartaxo e chamar mais, el-rei D. Fernando I dirigiu aos Alvazis de Santarém e a todas as outras justiças uma carta pela qual fez mercê a todos os moradores do Cartaxo de serem escusados de irem servir nas fronteiras em tempo de guerra. Esta concessão foi obtida por intermédio de João Gonçalves (falcoeiro-mor de el-rei) e foi expedida de Santarém aos 5 de Maio de 1370 sendo depois confirmada por el-rei D.João I (25 de Julho de 1387) e por D. Manuel (3 de Novembro). - Concedera D.João I a Lourenço Pires, seu caçador-mór, a mercê de todos os direitos e oitavos do lugar do cartaxo, e este nobre vassalo fizera todos os esforços para aumentar a população do Lugar chamando aí novos moradores que fizeram importantes benfeitorias; mas como as Justiças de Santarém tivessem obrigado alguns desses moradores a irem assoldar-se para aquela vila, desfalcando assim o número de braços para o cultivo das terras, Lourenço Pires fez sentir a el-rei que havia nisso grandes prejuízos, pois muitos dos habitantes queriam abandonar o Lugar. El-rei, tomando em conta esta exposição, mandou que os povoadores do Cartaxo não pudessem ser obrigados a ir assoldadar-se para Santarém.
Esta carta foi dada em Évora a 30 de Dezembro de 1417. Foi depois confirmada por el-rei D. Manuel aos 4 de Novembro de 1496. Muitas vezes eram os habitantes do Cartaxo violentados a dar pousada, ou a fornecer roupas e camas aos diversos fidalgos e outras pessoas do seu serviço no que muito eram prejudicados. Ainda as justiças de Santarém e vários fidalgos obrigavam os habitantes do Cartaxo a fornecer-lhes solípedes, no que eram muito agravados; e em vista de uma exposição que foi dirigida a el-rei D.Duarte, este pela sua cartadada em Muja a 2 de Abril de 1483, determinou que a tal não pudessem ser obrigados os habitantes do Cartaxo, e confirmou-lhes todas as liberdades e mercês concedidas e confirmadas pelos reis anteriores.
Apesar de todos estes previlégios, parece que não eram atacadas as resoluções régias por isso que no tempo de D.Afonso V, voltam os povoadores do "Quartaixo" (sic) a queixar-se que os Ricos-Homens, cavaleiros, Donas, Escudeiros e outras gentes, lhes tiravam vilentamente o pão, o vinho, a cevada, as carnes, a lenha, as galinhas e outras cousas, pagando-lhes por menos de metade do seu valor, D.Afonso V determina então que tudo o que os povos pudessem vender, fosse pelo seu justo valor. Carta esta datada em Santarém a 10 de Fevereiro de 1436, e confirmada depois por D.João II e por D.Manuel. Também o rei D.Afonso V já tinha atendido às reclamações dos Cartaxenses contra as violências e extorsões feitas por Gonçalo Galvão, juiz da vila de Santarém, mandando que este juiz restituisse tudo o que extorquira (carta dada em Almeirim a 6 de Janeiro de 1458); e ainda D.Afonso se vira obrigado a expedir uma carta, dada em Évora a 14 de Novembro de 1440, confirmando todos os previlégios e mercês dados e outorgados pelos reis seus sucessores.
Esta carta a mandou el-rei pelos Doutores Ruy Gomes e Pero Lobato, este último já com propriedades no Cartaxo. A el-rei D.João III deveu o povo do Lugar do Cartaxo (sic) licença para poder fazer bôdo em cada ano nos dias de Corpo de Deus, de São João, de São Sebastião, de Santa Ana e pelo Espírito Santo, devendo-se tirar de todas as esmolas 1/4 para os ornamentos dos altares e fábricas das respectivas igrejas. Esta carta foi expedida de Almeirim a 17 de Maio de 1534. Durante o domínio dos Filipes recebeu também o Cartaxo algumas mercês. Assim, Filipe I concedeu que houvesse no Cartaxo açougue separado de Santarém, vendendo-se carnes pelos preços por que se vendiam naquela vila (Carta de 20 de Novembro de 1592). Filipe II mandou publicar um alvará em que se mandava proceder à arrematação em cada ano do verde e da almotaçaria, sendo 1/3 para el-rei e 2/3 para obras públicas do dito lugar, ficando por isso a Câmara de Santarém desobrigada de as pagar (alvará feito em Lisboa por Pedro de Seixas a 2 de Maio de 1603).
Terminado o governo dos reis intrusos e tendo sido proclamado Rei D.João IV, mandou este publicar um alvará, concedendo que se fizesse uma feira no 3º domingo de Agosto de cada ano no sítio do Santo Cristo. Esta feira foi depois transferida (14 de Outubro de 1835) para o Largo do antigo Convento de S.Francisco. Realizou-se enfim uma grande aspiração dos Cartaxenses: a elevação do Lugar a vila. Esta mercê foi dada por D.João VI pelo alvará de 10 de Dezembro de 1815, expedido do Rio de Janeiro, onde estava a Corte.
Desta vez foram baldados todos os esforços da vizinha vila para evitar uma tal resolução. Para esta história deve ter contribuído a influência dos Lobatos que estavam na Corte, pois desde 1802, em que fôra solicitada aquela mercê pelos habitantes do Cartaxo, não tivera deferimento. Parece-nos, porém, que tal mercê fora já concedida pelo rei D.João IV. De facto, este rei no seu testamento de 2 de Novembro de 1656 declara que D.Maria Josefa de Stª Teresa era sua filha que tivera, fora do matrimónio, de uma senhora de sangue limpo, e a ela faz mercê da Comenda maior de S.Tiago e das vilas de Torres Vedras e Colares, e dos lugares de Azinhaga e Cartaxo, que faz vilas, com jurisdição à parte, sujeitas à Lei Mental. Esta doação foi confirmada por el-rei D.Afonso VI (18 de Novembro do mesmo ano) e por el-rei D.PedroII. Aquela Infanta professou no Convento de Stª Tereza de Jesus, de Carnide, e faleceu a 7 de Fevereiro de 1693. Portanto, desde 1656 que o Cartaxo tinha honras de Vila.
In: Boletim Oficial das Festas do 1º de Maio do Cartaxo, Ano de 1937. Artigo do General Victoriano José César.

 

 

 

Chamusca – (Concelho do Distrito de Santarém)

 

 

 

 

 

Segundo alguns historiadores, recebeu foral em 1561, durante a menoridade de D. Sebastião, durante a regência de D. Catarina.. Filipe lll elevou-a a vila e doou-a a Rui Gomes da Silva, príncipe de Eboli. Pertenceu à Casa dos Silvas de meados do século XV até à Restauração. A partir de 1643, passou a integrar o património da Casa das Rainhas, tendo-se mantido nessa situação até 1833.

Origem do nome:

«Xavier Fernandes em Topónimos e Gentílicos (1944)»: “Conta uma lenda que Chamusca provém da expressão chão busca, proferida por um rei e dirigida a um cavaleiro, a quem o soberano queria recompensar os serviços, indicando-lhe assim que lhe daria o terreno escolhido, que foi local que hoje é uma vila e sede de concelho do distrito de Santarém. Diz a lenda que esse cavaleiro foi Rui Gomes da Silva, o príncipe de Eboli, e que no rei foi Filipe l (ll de Espanha) e ainda que o suposto facto se teria dado em 1590. Mas o povoado de nula importância, já existia em reinados anteriores, tendo havido até quem afirmasse que D. Sebastião lhe concedeu foral. Como certo apenas se pode dizer que foi no tempo de Filipe l que a Chamusca recebeu honras de vila. Também por outro lado e ao contrário do que se aventou, não é de crer que Chamusca, topónimo, seja o mesmo vocábulo, nome comum feminino, chamusca, acto ou efeito de chamuscar, até porque não há facto histórico conhecido que fundamente essa suposição”

 

Chamusca
http://www.cm-chamusca.pt/chamusca

Corria o ano de 1449, sob regência de D. Afonso V, as terras de Chamusca e Ulme são doadas a D. Ruy Gomes da Silva, que por essa ocasião aqui fixa a sua residência. A Chamusca, era inicialmente integrada no termo de Santarém, sendo mais tarde elevada a vila e sede de concelho, juntamente com Ulme, por alvará  de 1561, na regência de D. Catarina.
É testemunho de pertença à famosa "Casa dos Silvas", o leão rompante de púrpura e armado de azul, do seu brasão de família, de meados do século XV até à Restauração. Património que ainda hoje perdura, sendo parte integrante no Brasão de Armas da Vila da Chamusca (aprovado em Maio de 1934 pelo Governo de então).
A partir de 1643, após o reinado dos Filipes, passou a integrar o património da Casa das Rainhas, tendo-se mantido nesta situação até à época liberal (1833).
Por aqui passaram algumas das mais importantes figuras da história de Portugal, nomeadamente as hostes de D. Afonso Henriques, D. Sancho I e o Rei D. Manuel, entre outros. Dos grandes feitos do povo chamusquense, destaque-se a sua atitude no tempo das "Invasões Francesas" quando, para defender a sua terra, os pescadores queimaram muitos dos seus barcos (cerca de 75 embarcações) para evitar a passagem da tropas Francesas que estavam aquarteladas na outra margem do rio.
São famosos os seus vinhos produzidos nas terras da Rainha e muito apreciados na Corte. Quando o Marquês de Pombal mandou arrancar as Vinhas do Ribatejo, as da Chamusca foram por isso poupadas. A Chamusca teve barcas de passagem em diversos portos ao longo do rio Tejo, dos quais ainda subsiste a que liga o Arripiado a Tancos.
Todavia a principal ligação entre as duas margens é assegurada pela Ponte da Chamusca desde 4 de Novembro de 1909, sendo esta, construída por iniciativa do grande benemérito da Vila de Chamusca, o Dr. João Joaquim Isidro dos Reis (1849-1924), no início do Século XX.
Intimamente ligada à história de Portugal por numerosas efemérides, a Vila da Chamusca é do ponto de vista urbanístico uma povoação interessante. Terra branca, preserva alguns edifícios e pormenores apreciáveis e um traçado urbano aliciante que merece uma visita a pé. As vistas sobre a lezíria que se alcançam das colinas da Senhora do Pranto e do Senhor do Bonfim, são das mais vastas e deslumbrantes de Portugal.
Sendo um Concelho imenso, a Chamusca integra realidades e paisagens muito diversificadas, desde as ricas terras da Borda d'água, das mais férteis da Europa, até à Charneca na transição para o Alentejo, predominantemente ocupada por floresta. Profundamente ligada ao trabalho da terra e à criação de gado, a Chamusca tem na  "Semana da Ascensão" e na festa brava, duas das mais significativas e mais belas expressões da sua identidade rural.

 

Lenda da Chamusca

http://www.eb1-carregueira-chamusca.rcts.pt

Olá eu, sou a Ana Raquel Morgado Gouveia e sou aluna da Carregueira e vou te contar uma história que a minha mãe me contou e que estudámos na escola. 
O Príncipe feliz 
Conta a lenda que numa coluna muito alta estava a estátua do príncipe feliz. Era feita de ouro fino, os seus olhos era duas grandes safiras e tinha um grande rubi na sua espada. Numa noite de Inverno, chegou à cidade uma andorinha que se abrigou nos pés da estátua do príncipe feliz. Nessa noite, quando a andorinha poisou nos pés do príncipe e se preparava para dormir, caiu-lhe uma gota de água. A andorinha achou estranho, pois não havia nenhuma nuvem e o céu estava cheio de estrelas. Entretanto, caíram mais gotas, primeiro uma, depois duas, a seguir três…
         A andorinha, olhou para cima e viu que a estátua do príncipe feliz estava a chorar.
         A andorinha perguntou:
         - Porque choras?
         O príncipe respondeu:
         - Quando eu estava vivo, tinha um coração humano! Todas as coisas no meu palácio eram bonitas e alegres, por isso, me chamavam o príncipe feliz. Agora, estou morto e puseram-me neste lugar. Vejo toda a miséria do meu povo e, mesmo agora, que tenho um coração de pedra, não consigo parar de chorar.
         Por curiosidade, a andorinha decide ver com os seus próprios olho a tal miséria de que o príncipe falava. Para seu espanto, a andorinha vê uma casa muito pobre. Lá dentro estava uma mulher a bordar um vestido que uma das damas da rainha usará no baile real, a um canto estava o seu filho faminto e doente. Mas, a pobre da mulher não tinha nada para lhe dar.
         O príncipe pediu à andorinha se lhe levava o rubi da espada à pobre da mulher, já que não podia sair dali. A andorinha chocada com a pobreza leva o rubi à mulher. Contente com a sua boa acção, a andorinha adormece aos pés da estátua do príncipe.
         No dia seguinte, a andorinha despede-se do príncipe mas este pede-lhe se podia ficar mais uma noite, porque havia um homem que estava a escrever uma peça de teatro, não tinha com que se aquecer e tinha demasiado com fome. O príncipe pediu à andorinha se lhe levava uma das safiras dos olhos ao pobre do homem. A andorinha por mais uma vez o que a estátua mandou. O homem ao ver a safira disse:
         - Deve ser de um grande admirador, agora já posso me aquecer, e comprar alguma comida.
         No outro dia, passou-se a mesma coisa. A andorinha ia para se despedir mas o príncipe pediu-lhe para ficar mais uma noite, porque havia uma menina muito pobre que vendia fósforos, mas chorava porque tinha caído no lago, ais uma vez o príncipe pediu à andorinha para levar à menina a outra safira.
         A andorinha agora não podia deixar o príncipe, ele estava cego. A andorinha prometeu que voaria sobre a cidade e lhe contaria o que se passava. À medida que percorria a cidade ia vendo mais pobres, quando príncipe recebeu a noticia disse:
         - Distribui todas as lâminas de ouro aos pobres da cidade.
         A andorinha distribuiu todo o ouro, aos pobres.
         À medida que o tempo passava, a andorinha ficava com mais frio e ia debicando as migalhas que estavam à porta da padaria.
         Um dia, a andorinha apercebeu-se que ia morrer e voou para o ombro do príncipe e disse:
         - Adeus, meu querido príncipe permite-me beijar-te a mão!
         - Compreendo que te vás embora para o Egipto, mas sim para o reino dos céus. Mas eu também te amo.
         A andorinha beijou o príncipe nos lábios e caiu morta a seus pés. Nesse momento, ouviu-se um estalo era o coração de pedra, tinha-se partido em dois.
         No dia seguinte, mandaram derrubar e queimar a estátua. Mas, por mais que tentassem, não conseguiram queimar o coração de pedra rachado ao meio. E atiraram o coração para o mesmo sítio onde estava a andorinha morta.
         Nesse momento, Deus dizia a um anjo:
         - Traz-me duas coisas valiosas da cidade.
         E o anjo levou-lhe a andorinha e o coração. Deus disse-lhe:
         - Escolhes-te bem, porque no jardim do paraíso esta andorinha dançará eternamente e o príncipe feliz cantará em meu louvor!

 

 


 

Constância – (Concelho do Distrito de Santarém)

 

 

 

 

 

Supõe-se que Constância já existia no ano 100 antes de Cristo. Por lá passaram iberos e romanos e foi Gonçalo Mendes da Maia “o Lidador” que a conquistou para o Reino de Portugal. Na freguesia de Santa Margarida da Coutada existem as ruínas de Alcolobre que testemunham a presença dos romanos nesta região.

Com foro de vila a partir de 1578, concedido por D. Sebastião, a pedido de Silva Gomes, o Sapateiro Santo, esta povoação teve o nome de Punhete até 1836, data em que passou a chamar-se Constância. Segundo a tradição, Camões teria estado aqui desterrado, em consequência dos seus amores mal sucedidos com Catarina de Ataíde.

Origem do nome:

«Américo Costa em  Dicionário Corográfico de Portugal Continental e Insular – 1936»: “São do Domingo Ilustrado, os períodos que se seguem:”Vila situada no declive de um monte em cuja base corre o rio Tejo pelo sul, e o Zêzere pelo oeste. O seu nome anterior ao actual foi Punhete, segundo escritores, corrupção da expressão Pugna tage – cuja tradução é combate no Tejo, em língua romana.

Originou este nome a sanguinolenta batalha que aí se travou entre as hostes romanas e os guerreiros da Lusitânia, 200 anos antes de Cristo. Vencidos estes, os vencedores fundaram a povoação. Contraditam a origem enunciada outros investigadores da história antiga, e entre esses André de Resende, nas suas Antiguidades da Lusitânia, pronunciando-se pelo nome de Moro, que segundo a sua opinião, lhe eram os mesmos fundadores”. …

Passou a denominar-se Constância por decreto de 7 de Dezembro de 1836, assinado por D. Maria ll, com o título de: “Notável vila de Constância”.

«Xavier Fernandes em Topónimos e Gentílicos (1944)»: “É o mesmo nome comum constância, tirada do latim constantia. A vila chamou-se Punhete, mas, por Decreto de 7 de Dezembro de 1836, foi-lhe mudado o nome e elevada à categoria de “notável” pela rainha D. Maria ll, em atenção ao “generoso grito dos seus habitantes pela aclamação dos direitos reais e das públicas liberdades na vila de Tomar, em 23 de Junho de 1833 (sic)”.

 

Constância
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Constância é uma vila a descobrir. Situada na confluência do Tejo e do Zêzere, forma quase uma península. Foi neste espaço restrito que a vila se instalou, subindo pela encosta. Em cada recanto um beco florido, arcos, mirante. As ruas estreitas muito frescas e limpas, irrepreensivelmente calcetadas conduzem, por entre paredes cobertas de verdura, à Igreja de Nossa Senhora dos Mártires de onde se avista um magnífico panorama.
No ano 100 a.C. crê-se que Constância já existiria. Por aqui terão ainda passado iberos, romanos, godos e árabes. Os cristãos tê-la-ão reconquistado no ano de 1150 sob o comando do Lidador da Maia, Gonçalo Mendes. Reconstruiu-se o seu castelo em 1152 por expressa ordem do mestre da Ordem do templo Gualdim Pais, que D. Afonso Henriques lhe cede oficialmente em 1169. O castelo, no século XVI, aparece na posse dos Sande, senhores de Punhete que aí fizeram vultuosas obras que lhe mudaram a feição, mantendo a torre, já com um aspecto quinhentista, integrada no seu palácio. No século XIX da torre e do palácio já só restavam ruínas. Em 1904 a câmara para “acabar com o foco de infecção (...) no sítio denominado torre”, manda-a demolir.
Simultaneamente desenvolve-se o burgo, o alcaide de então, que era também senhor da Casa da Torre dedicou especial atenção ao desenvolvimento económico de Constância, quer das azinhas e quintas, quer das estacarias e caneiros do Zêzere. As actividades relacionadas com o rio, pesca, secagem do peixe, venda do pescado e de sal - eram as principais ocupações da população, o que é reforçado pela decisão de D. Pedro I que determina todo o movimento de mercadorias com destino a Lisboa fosse aqui embarcado.
Aí terão estado D. Sebastião e Camões. D. Sebastião veio para Constância em 1569 fugindo à peste que assolava Lisboa, voltando outras vezes. Foi este jovem rei que concedeu foral a Constância, em 1571 e foi daqui que anunciou à nobreza a sua intenção de embarcar para Alcácer Quibir.
Constância foi reconstruída depois das invasões francesas, fazendo então algumas alterações urbanísticas como a mudança da praça para a zona norte da casa dos Arcos, local actual.
Em 1836 dá-se a alteração do nome da vila de Punhete cuja origem será, supostamente Pugna Tage que significa combate no Tejo, alusivo ao violento encontro das águas do Zêzere e do Tejo, para a actual designação de Constância. D. Maria II como agradecimento do apoio que recebera da vila em 1833, em Tomar, deu-lhe o título de “Notável” em 7 de Dezembro de 1836. Esta rainha esteve na vila tendo pernoitado no palácio. A vila possuía dois portos, o porto da Cova, da casa da Torre e o porto da Barca, que era público, e servia o numeroso trânsito fluvial que demandava a vila.
Da vila, que é toda ela um monumento só, destacam-se as seguintes construções, o pelourinho, reconstruído após as invasões francesas, é do século XIX; a igreja da Misericórdia fundada em 1696 foi restaurada entre 1901 e 1903 e muito danificada pela cheia de 1941, voltando ao culto em 1960, é de uma só nave, sendo as paredes revestidas de azulejos dos séculos XVII e XVIII; e a capela de Santa Ana cuja construção se iniciou em 1707.
A Igreja de Nossa Senhora dos Mártires testemunha a passagem do maneirismo ao barroco, a sua construção foi bastante atribulada com sucessivas paragens, mediando mais de cento e cinquenta anos entre o início e a conclusão dos trabalhos. Nos arredores de Constância situa-se a capela de Santa Bárbara, na quinta do mesmo nome que pertenceu os Jesuítas e hoje é particular.
A capela de Santo António que teve associada a lenda de ter sido a segunda capela a ser erigida a este santo após a sua canonização em 1231, o que é discutível. Segundo outra corrente de opinião a capela teria sido erigida pelo povo para lembrar o local onde o santo brincara em criança, uma vez que seus pais possuíram uma propriedade no local. Santo António quando queria deslocar-se a Constância e não tinha barco para atravessar o Tejo, estendia o casaco ou o lenço, sentava-se nele e atravessava, assim, o rio. Nas paredes laterais estão painéis de azulejo onde se representam os milagres do santo.
Do património urbano de Constância refira-se ainda a casa-museu Vasco de Lima Couto; o palácio, casa do século XIX; a casa do Tejo dos finais do século XVIII; a casa de Preanes; a vivenda de Santo António, exemplo de “casa portuguesa”, são alguns exemplos do património de Constância.
Grande importância para o concelho de Constância têm as festas de Nossa Senhora da Boa Viagem, que se realizam na segunda-feira de Páscoa, dia em que uma procissão desfila pelas ruas da vila, ao que se segue a bênção dos barcos. Esta festividade remonta, pelo menos ao século XVIII, datando de 1788 o primeiro documento conhecido que a ela se refere e que é uma provisão de D. Maria a autorizar um altar a esta santa na igreja dos Mártires. Na origem de tudo os mareantes. Nos últimos anos a vila engalana-se de flores de papel, embriagando-se de cor e beleza.
Imprescindível é referir o artesanato local de que as “monas”, as conhecidíssimas bonecas de pano e cana, são o melhor exemplo.
Fonte: Anafre  —  2002-06-08

 

Constância
http://www.ribatejo.com/ecos
Povoação portuguesa do distrito e diocese de Portalegre e Castelo Branco e comarca de Abrantes, com 909 habitantes (dados de 1987). Sede de concelho. Até 7-12-1836 teve o nome de Punhete. Está situada em anfiteatro, na confluência entre o Zêzere e o Tejo. De interesse artístico a igreja paroquial (1636, profundamente restaurada no século XIX), com trabalhos de mármore e o tecto pintado por José Malhoa, em 1890, e a igreja da Misericórdia, forrada de belos azulejos, e o pelourinho.
Constituído por três freguesias, o concelho tem 5.180 habitantes (dados de 1987). A sua economia assenta na agro-pecuária.
in "Moderna Enciclopédia Universal", ed. Círculo de Leitores
Quadro Histórico
a história "antiga" de Constância muito se fala, talvez muito se conhe ça ... porém, da história recente, dos séculos XVIII, XIX e mesmo princípios do presente século XX, nada nos chegou. Que Constância foi, em tempos, antes da construção do caminho de ferro (linhas do Norte e Leste), uma região muito próspera, é um facto. À semelhança da sua vizinha Vila Nova da Barquinha, foi porto por onde passavam todas as grandes "transacções" comerciais efectuadas via Tejo até à capital do país. A ponte ferroviária foi construída em 1862.
Com uma "notável" localização, anfiteatro do Tejo e do Zêzere, nela poderemos encontrar inúmeras casas senhoriais atestando a sua importância na escolha dos momentos e locais de lazer da classe senhorial do nosso reino.
Com o advento do caminho de ferro, toda esta região foi, a pouco e pouco, perdendo a sua hegemonia, económica e social, em favor de outras. Poderemos dizer que, presentemente, Constância é, de certa forma, um concelho estabilizado.
Das freguesias de Montalvo e de Stª Margarida não é conhecida a sua evolução histórica.
De Constância sabe-se que é povoação muito antiga, remontando, pravavelmente, à dominação Romana (ano 100 A.C.), com o nome de Pugna-Tagi, que significa "Combate no Tejo".
Esteve, mais tarde, sob o domínio árabe, sendo conquistada aos mouros pelo "lidador" Gonçalo Mendes da Maia. Chamava-se então "Punhete". Os Templários ocuparam, por algum tempo, o seu castelo, hoje destruído.
O Rei D. Sebastião viveu, por diversas vezes, em Constância, na "Torre" do castelo (1559). Em 1578, este Rei concedeu-lhe honras de vila, sem foral. Em Dezembro de 1836, D. Maria II altera o seu nome pare "Notável Vila de Constância".
O mais ilustre dos seus habitantes foi Luís de Camões, ali desterrado no cumprimento de uma pena provocada pelas sues ligações com Catarina de Ataíde (1548-1550).
in DIAGNÓSTICO SÓCIO-CULTURAL DO DISTRITO DE SANTARÉM - ESTUDO 1, Santarém, 1985, pág. 252.

Constância
http://www.portugaltravelguide.com/pt
Refúgio de poetas e de reis, Constância acolheu grandes figuras das letras do nosso país, como Camões e Alexandre O'Neill. Conhecida como Vila Poema, encontra-se no cimo de uma colina, na confluência entre o rio Zêzere e o Tejo.
O que visitar: Igreja de Nossa Senhora dos Mártires, o pelourinho, jardim Camoniano, o Monumento a Camões e a Casa de Camões.
Nos arredores: Estação romana do Alcobre, Abrantes, Santarém.

 

 

 


Coruche – (Concelho do Distrito de Santarém)

 

 

 

 

 

Conquistada aos mouros por D. Afonso Henriques em 1166, foi perdida e recuperada em 1182 por este monarca, que lhe concedeu foral no mesmo ano, confirmado em 1218, por D. Sancho l, e em 1513, D. Manuel l outorgou-lhe foral novo.

Origem do nome:

«Do, Arquivo Histórico de Portugal – 1898»: “O primitivo nome de Coruche seria pois Coruja, que com o andar dos tempos se corrompeu, reduzindo-se ao que hoje é usado, o que parece confirmar-se pelo emblema adoptado nas suas armas”.

 

Coruche
http://www.ribatejo.com/ecos/coruche
A povoação de Coruche, de que não se conhece a origem com segurança, existe desde época muito remota, havendo achados vários que atestam a presença humana desde o Paleolítico.
Situada na encosta sobranceira à margem direita do Rio Sorraia, conheceu outrora a existência de uma fortificação no cimo do monte, que os árabes arrasaram em 1180, não mais se reconstruindo.
Coruche foi conquistada aos mouros por D. Afonso Henriques em 1166 e doada pelo rei à ordem de Aviz 10 anos depois. O mesmo monarca concede-lhe foral em 26 de Maio de 1182.
O Concelho de Coruche, com uma população aproximada de 28.000 habitantes possui a sua maior riqueza na agricultura, onde labora 44% da sua população activa.
Na pujante e fertilíssima campina do Vale do Sorraia desenvolve-se intensa actividade agrícola e pecuária, sendo a charneca coruchense constituída, em grande parte, por montado de sobro, que torna Coruche o primeiro produtor mundial de cortiça a nível concelhio.
O Concelho possui alguma indústria, com especial relevância para a transformação dos produtos agrícolas, sendo a Zona Industrial do Monte da Barca um factor importante no desenvolvimento económico local.
in "Roteiro Turístico", Região de Turismo do Ribatejo
Quadro HistóricoA história de Coruche, perdida no tempo, remontando à Era da dominação romana, está intimamente ligada à AGRICULTURA, característica que continua a acompanha-la.
Segundo o "Estudo Histórico de Coruche", a origem de Coruche remonta à época de pacificação das zonas conquistadas pelos romanos, direccionadas para as regiões mais ricas do ponto de vista agrícola. Temos assim Coruche fundada pacificamente, por circunstâncias económicas. Esta região possui ainda hoje vestígios de diversas e importantes obras de engenharia hidráulica romana. À altura, as principais produções agrícolas eram os cereais, o azeite, a bolota, a figueira e a vinha.
Ainda da época romana nos vêem os latifúndios que geraram importantes centros de exploração agrária, dando origem a importantes aglomerados populacionais em todo o concelho: "A vila de Coruche não conserva quaisquer características medievais. Possui, sim, as características dos povoados ribatejanos não fortificados, os quais se alongam junto de um rio ou de uma estrada, indiferentes à urbanização, procurando antes a facilidade de uma rápida comunicação com o exterior para fins comerciais e agrícolas"(1).
Sobre a dominação árabe poucos documentos existem. Coruche é tido como um local de puro interesse estratégico na defesa e ataque de Santarém pelos mouros, e não como local cobiçável pela sua possível riqueza. Aí permaneceu fixa uma população entregue à lavoura e à exploração da terra arável.
Em 1176 foi Coruche doada por D. Afonso I à Milícia da Ordem de S. Bento de Évora (mais tarde Ordem de Avis), com o seu castelo. Ficava, assim, Santarém defendida por uma linha avançada e a reconquista avançando para terras do Alentejo. O foral de concelho foi-lhe dado pelo mesmo monarca em 1182, com o consequente aumento populacional e desenvolvimento comercial e agrícola. Privilégios e concessões sucessivas dos poderes temporais e religiosos foram atraindo a esta região um grande número de "colonos". A essa altura desfrutava também esta região de uma importante localização, no cruzamento de caminhos para Évora, Santarém, Badajoz, Sevilha e Alcácer.
Em consequência da Lei das Sesmarias, em 1429 é criado o concelho de Erra que, tendo atingido o seu auge no início do séc. XVI, decaiu pouco tempo depois por não possuir vitalidade própria nem economia minimamente auto-suficiente. Os lugares de Couço, Pêso, Santana do Mato e Santa Justa foram também importantes localidades de origem e sobrevivência rurais do séc. XVIII.
Temos assim uma região cuja história, povoamento e determinante económica, foram profundamente marcadas pelas intenções de povoamento dos nossos primeiros reis, pelos aforamentos, pelas dádivas de terras, pela Lei das Sesmarias. Os séculos XVI, XVII e XVIII foram épocas de grande importância económica da região, que chegou a ser a primeira a nível nacional no fabrico de cortiça e de vinho. Este desenvolvimento prova-se ainda pela importância do comércio, que, à altura, beneficiava de boa navegabilidade do Sorraia onde se localizavam importantes portos.
O grande incremento da agricultura desta região e a ausência de investimentos a nível industrial, a existência de grandes latifúndios baseados essencialmente na produção de cortiça, vieram a determinar a chegada de Coruche à 2ª metade do séc. XX - em que estamos - reduzida à sua condição de dependente da agricultura e da terra.
À semelhança do seu "co-progenitor" Alentejo, a história mais recentede Coruche é a história da luta do povo rural pela sue sobrevivência... é a história da recente Reforma Agrária.
(1) Ribeiro, Margarida - "Estudo Histórico de Coruche", Câmara Municipal de Coruche, 1959
in DIAGNÓSTICO SÓCIO-CULTURAL DO DISTRITO DE SANTARÉM - ESTUDO 1, Santarém, 1985, pág. 272-273.

Coruche
http://www.cm-coruche.pt/coruche
Ocupando uma superfície de 1120,2 km2, onde se distribuem oito freguesias, o concelho de Coruche é o de maior em extensão do distrito de Santarém e o décimo a nível nacional. Está situado na margem sul do Tejo, numa zona de transição do Ribatejo para o Alentejo. Aliás, numa parte do seu território há nítidos relances da paisagem alentejana, que há-de dominar depois da Quinta Grande, podendo-se dizer que é o Alentejo que começa, antes que as divisões administrativas lhe tenham marcado o início.
O concelho de Coruche, um dos mais importantes centros agrícolas do País, é constituído por duas zonas distintas: as vastas lezírias do Sorraia, que este afluente do Tejo fertiliza dos seus riquíssimos nateiros e uma zona florestal, constituída principalmente por montado de sobro, do qual se extrai 10% da cortiça nacional. Parte da área agrícola é formada pela conhecida charneca que Almeida Garrett tão bem cantou nas suas "Viagens na Minha Terra": "... breve nos achamos em plena charneca. Bela e vasta planície! Desafogada dos raios de sol, como ela se desenha aí no horizonte tão suavemente! Que delicioso aroma selvagem exalam estas plantas, acres e tenazes de vida, que a cobrem e que resistem verdes e viçosas a um sol português de Julho!". Por aqui apareceram vários vestígios pré-históricos como os do Cabeço do Marco, da Fonte do Cascavel, da Herdade da Agolada e dos terraços da Azervada e da Azervadinha. Igualmente bem documentado encontra-se o período romano com os achados das herdades de Mata-Lobos, Mata-Lobinhos, dos Pavões e da Zambaninha, mas essencialmente os da Quinta Grande, que constituem o melhor e mais rico espólio romano do concelho. Da mesma época seria o Castelo de Coruche, que foi totalmente arrasado pelos árabes no ano de 1180. Dois anos depois dar-se-ia a reconquista definitiva da vila, crendo-se que a partir daí ela terá perdido toda a sua importância militar, o que pode explicar o abandono da fortaleza e consequentemente a sua ruína. O ano de 1182 marca a elevação da vila a concelho, mas no território do actual concelho de Coruche outros existiram como os de Vila Nova da Erra e da Lamarosa. Estes dois seriam extintos em 1836, pela reforma de Mouzinho da Silveira, passando ambos à categoria de freguesia e integrados no actual concelho.
Durante os 100 anos seguintes novas alterações administrativas tiveram lugar e em meados do século XX o concelho estava reduzido apenas a duas freguesias, Coruche e Couço, que tinham anexado as anteriores. A partir de 1962, ano em que foi criada a freguesia de S. José da Lamarosa, o concelho foi objecto de um reajustamento administrativo que resultaria, em 1984, na criação de mais cinco freguesias: Branca, Erra, Biscainho, Fajarda e Santana do Mato. Nestas oito freguesias guardam-se exemplares artísticos e arquitectónicos que formam um conjunto monumental de grande valor. As Antas do Peso, a Ponte da Coroa, o Aqueduto do Monte da Barca, o Centro Histórico de Coruche, com edifícios de boa traça, e o grande número de casas rurais tradicionais da freguesia de Erra figurariam obrigatoriamente em qualquer roteiro de arte. Mas é nos templos de culto que ela atinge a maior expressão. A Igreja de Nossa Senhora do Castelo, com o seu notável miradouro, é a memória da desaparecida fortaleza. Nas igrejas de São Pedro, Santo António e Santa Ana pontifica a bela azulejaria do século XVII. Da mesma época é a Igreja da Misericórdia, com pinturas de grande valor. A escultura ganha o maior sentido na imagem da Senhora Santa Ana, peça quinhentista cheia da carácter que sai fora do plano de curiosidade das interpretações populares. Os ruralismos manuelinos encontram-se bem visíveis no templo de Santa Justa.
Mas se arte plástica é cultura, a gastronomia não o é menos, principalmente quando é encarada como parte integrante do património duma região. Foi sob este espírito que nasceram as Jornadas de Gastronomia do Concelho de Coruche, realizadas no início do mês de Maio. É verdadeiramente rica a cozinha coruchense, com algumas das suas obras de arte já impressas em compêndios como "Comeres de Coruche" e "Coruche à Mesa e Outros Manjares". Iguarias como a "sopa de feijão frade do Couço", a "açorda de bacalhau à moda de Coruche", a "cachola e febra de azeite e vinagre", o "bucho recheado do Couço", a "sopa rica de bacalhau do Couço", a "cachola com batatas", o "arroz de entrecosto" oriundo da Lamarosa, e o "cabrito frito", entre muitas outras receitas, não esquecendo a doçaria, por exemplo os "bolos fintos de Coruche", as "areias do Sorraia", o "bolo de batata doce do Couço", os "bolos brancos" e o "bolo de nozes de Coruche".

 

 

 

 

 
Entroncamento – (Concelho do Distrito de Santarém)

 

 

 

 

 

Com a criação da linha férrea do norte e sua bifurcação com a linha do leste, nasceu o Entroncamento. Houve que aí fazer residir famílias de ferroviários, cuja função essencial era manter viva a grande máquina do “cavalo de fogo”. Equipada a povoação com bens colectivos e construídas as habitações operárias pela Companhia Real dos Caminhos de Ferro, estava criada a povoação do Entroncamento.

Origem do nome:

«Xavier Fernandes em Topónimos e Gentílicos (1944)»: “É, pois, designação toponímica, tirada do homógrafo nome comum de entroncar mais o sufixo nominal – mento.

É uma das mais modernas povoações de Portugal e deve o seu rápido desenvolvimento ao facto de lá se encontrarem duas das mais importantes linhas ferroviárias portuguesa – a do norte e a de leste Beira Baixa. Local absolutamente despovoado na época da construção da via férrea, chamou-se primeiramente Estação das Vaguinhas, mas ficou-lhe depois o nome de Entroncamento por ser o primeiro em linhas portuguesas, pois aos restantes foram dados os nomes dos respectivos locais – Alfarelos, Casa-Branca, Pampilhosa, Pinhal Novo, etc.

Sede de freguesia desde 1926, e oficialmente considerada vila desde 1932 e elevada à categoria de sede de concelho”.

 

Entroncamento
http://www.cm-entroncamento.pt
O Entroncamento é cidade e sede de concelho com 13,8 quilómetros quadrados e 18.174 habitantes (Censos 2001). Localiza-se no Vale do Tejo e pertence à Região Centro, sub-região do Médio Tejo. Situado no centro do Ribatejo, beneficia da sua inserção geoestratégica na região do Vale do Tejo e de boas acessibilidades ferroviárias e rodoviárias. Tem duas freguesias, uma de cada lado da linha férrea que atravessa o concelho. Confina com o concelho da Golegã a sul, com o de Torres Novas a poente e a norte, e com o concelho de Vila Nova da Barquinha a nascente. Dista 7 km de Torres Novas, 19 km de Tomar, 43 km de Santarém e 120 km de Lisboa.
Nasceu em meados do séc. XIX, com os alvores da construção ferroviária, e começou por ser uma simples estação de caminhos de ferro. Por perto existiam dois lugarejos de poucos habitantes (o Casal das Vaginhas e o Casal das Gouveias), onde se vieram estabelecer os primeiros trabalhadores. Os técnicos eram, na sua maior parte, estrangeiros, a mão de obra veio, numa primeira fase, de diversos pontos do país, depois acentuou-se o afluxo de trabalhadores vindos da Beira Baixa e Alentejo.
O nome da cidade deriva do entroncamento ferroviário que aqui se formou, com a junção das Linhas do Norte e do Leste, em 1864. Charneira das ligações com o Leste e Beira Baixa, a estação do Entroncamento foi, durante décadas, ponto de paragem obrigatória para quem mudava da linha do Norte para a do Leste e vice-versa, quando o comboio era o meio de transporte mais utilizado. Nesse tempo, muitos viajantes ilustres vindos da Europa pela Linha do Leste, ou fazendo o percurso inverso, almoçaram ou jantaram no restaurante da estação. Nas suas obras literárias, vários escritores se lhe referiram: Hans Christian Andersen, Ramalho Ortigão, Eça de Queiroz, Alberto Pimentel, Luzia (pseudónimo de Luísa de Freitas Lomelino) e Eduardo Meneres.
A estação do Entroncamento conheceu figuras da cena política, desde a realeza até ao pós-25 de Abril. Assistiu, em 1915, ao atentado a João Chagas, político e jornalista, que seguia para Lisboa para assumir a direcção de um novo governo, após a ditadura do general Pimenta de Castro.
Embora pequena, a povoação nascente pertencia a duas freguesias e a dois concelhos, porque a via férrea assim determinara: a poente das linhas, situava-se na freguesia de Santiago, concelho de Torres Novas, a nascente da via, o território pertencia à freguesia de Nossa Senhora da Assunção da Atalaia, concelho de Vila Nova da Barquinha.
A pequena aldeia foi crescendo, devido ao desenvolvimento dos transportes ferroviários e às respectivas estruturas de apoio aqui construídas – oficinas e escritórios. A instalação de aquartelamentos militares, a partir de 1916, determinada pela situação geográfica e as acessibilidades ferroviárias, aumentou ainda mais a importância estratégica deste lugar em pleno desenvolvimento e, consequentemente, aumentou também a população. Aos ferroviários vieram juntar-se os militares e respectivas famílias.
Em 25 de Agosto de 1926 a povoação foi elevada a freguesia, em 1932 a vila e em 24 de Novembro de 1945 foi promovida a concelho. Aos 20 dias do mês de Junho de 1991 o Entroncamento é elevado a cidade. Entre estas datas, o percurso foi de emancipação progressiva dos concelhos a que tinha pertencido, libertando-se, em primeiro lugar, de Torres Novas e depois da Barquinha. Ser, no mesmo século, aldeia, vila e cidade talvez seja um destino pouco comum na história das terras portuguesas.
Do pequeno núcleo de operários e respectivas famílias que povoaram esta terra no final do século passado, chegou-se aos anos trinta com mais de 3.000 habitantes, em 1945 eram já 8.000 e esta progressão foi continuando ao longo do tempo. Em Março de 2005, estima-se a população actual em cerca de 18.780 residentes (cálculo efectuado com base no número de eleitores, multiplicado pelo índice 1,2). O aumento populacional e a expansão contínua da área habitada justificaram que, em 2003, fosse criada uma segunda freguesia (Lei 68/2003, de 26 de Agosto). Voltou-se, assim, à situação inicial: uma freguesia a poente da via férrea (Nossa Senhora de Fátima), a outra a nascente (São João Baptista), mas as duas pertencendo agora ao concelho do Entroncamento.
A taxa de crescimento demográfico desta localidade, entre 1981 e 1991, foi de 18,8%, a mais elevada do Médio Tejo, contrariando a tendência geral nesta região para um declínio acentuado da fecundidade e acentuado envelhecimento populacional. De 1991 a 1996, a população aumentou de 14.226 habitantes para 15.500, com uma taxa de crescimento mais baixa do que nos anos anteriores (9%), mas que fez do Entroncamento o concelho do Médio Tejo com maior densidade populacional. O número estimado para a população actual (18.780) não contempla os residentes recenseados noutras localidades nem a população flutuante, dependente de trabalhos temporários. Efectivamente, é tido como certo que o Entroncamento tem mais de 20.000 habitantes.
Nos anos quarenta do século XX, o Entroncamento era, depois do Barreiro, o segundo meio operário do país, representando o operariado mais de metade da sua população. A CP dotara a povoação de uma série de estruturas de apoio social, de uma dimensão talvez única a nível nacional, criando bairros para os empregados, uma escola, um armazém de víveres, um dispensário anti-tuberculoso que funcionava como um centro de saúde, e ainda fomentava actividades desportivas. Paralelamente, com a evolução das tecnologias e o desenvolvimento das actividades ferroviárias, ia expandindo a área oficinal e reforçando a formação de pessoal, que teve o seu ponto alto na criação de um centro de formação, hoje designado por FERNAVE, um enorme edifício criado de raiz para estas funções, e que albergou o Instituto Superior de Transportes.
A partir dos anos setenta, devido a alterações conjunturais ditadas pela história e pelo passar do tempo, esta situação inverteu-se. Com a gradual substituição da tracção a vapor pelo equipamento diesel e eléctrico e a introdução de novas tecnologias, assistiu-se à diminuição da mão de obra e à implementação de novas profissões, surgiram outros centros de interesse e de actividade profissional. Hoje, o Entroncamento ainda tem muitos residentes ligados profissionalmente aos caminhos de ferro, mas sem a dimensão do passado. As principais actividades do concelho são agora o comércio e serviços, e indústrias ligadas à construção civil. Dados recentes, do INE, sobre o poder de compra concelhio em 2004, apresentam o Entroncamento como o concelho que evidencia maior poder de compra no distrito de Santarém.
Neste novo quadro social e económico, a matriz primeira do Entroncamento não está esquecida. Consciente das suas raízes e da importância do seu complexo ferroviário na história dos caminhos de ferro portugueses, a 24 de Novembro de 2004, data de aniversário da fundação do concelho, a cidade acolheu com entusiasmo e expectativa a apresentação da proposta preliminar de ordenamento (revisão do plano director) do Museu Nacional Ferroviário Armando Ginestal Machado e da Fundação que o vai gerir, sua legítima aspiração desde os anos setenta do século passado.

 

Os Caminhos de Ferro e a História Portuguesa
http://www.cp.pt/cp
Na segunda metade do século XIX, elementos da elite intelectual, política e económica discutiam sobre o melhor forma de modernizar o país. Muitos, defendiam a necessidade de construção de vias de comunicação.
Após 1825, data da construção da primeira linha-férrea em Inglaterra, defendeu-se a sua introdução em Portugal, como uma das formas de modernizar o país. Mas, Portugal ainda não se tinha recuperado das convulsões políticas e das guerras civis que enfrentou e não permitiam obter os capitais necessários para tão importante investimento.
No entanto, os projectos foram sendo apresentados e a partir de 1844, no apogeu do governo de Costa Cabral, surgem tentativas de passar-se à prática e à concretização dos mesmos. Em Dezembro de 1844, funda-se a Companhia das Obras Públicas em Portugal, que apresenta como um dos seus principais objectivos a construção do caminho-de-ferro de Lisboa à fronteira espanhola, com a clara intenção de ligar o país à Europa.
  Em Outubro de 1845, publicam-se as Bases que o Governo de Sua Majestade Fidelíssima oferece para a construção de caminhos-de-ferro em Portugal, que não tiveram qualquer resultado prático.
Só após 1851 com fim do governo cabralista e o início de um período político conhecido por Regeneração, cuja figura de destaque foi António Maria Fontes Pereira de Mello, se reuniram as condições para iniciar a construção da rede ferroviária nacional.
Iniciado em 1853, por uma companhia inglesa, Companhia Central dos Caminhos-de-ferro em Portugal, inaugurou-se em 28 de Outubro de 1856, entre Lisboa e o Carregado. Demoraria no entanto, mais de meio século a achar-se concluída a rede ferroviária nacional
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Ferreira do Zêzere – (Concelho do Distrito de Santarém)

 

 

 

 

Origem do nome:

«A designação deste concelho provém de Pedro Ferreira ter em Setembro de 1222 dado foral à sua sede, e do rio Zêzere que lhe serve de limites numa grande extensão”

 

Ferreira do Zêzere
http://www.ribatejo.com/ecos
Povoação portuguesa do distrito Santarém e diocese de Coimbra, com 2.103 habitantes (dados de 1987). Sede de concelho e de comarca, está situada sobre a chapada de um outeiro, a 8 Km do Zêzere. Pedro Ferreira deu-lhe foral em 1222 e a partir de 1306 pertenceu aos Templários. D. João III fê-la vila em 1531. Constituído por 9 freguesias, o concelho tem 10.249 habitantes (dados de 1987), e vive da agro-pecuária.
in "Moderna Enciclopédia Universal", ed. Círculo de Leitores
Quadro Histórico
1159: primeira data de referência à região e local do actual concelho de Ferreira (do Rio Zêzere).
Vinte anos decorridos sobre a fundação da nacionalidade, o primeiro Rei de Portugal fazia doação desta zona à secular Ordem dos Templários - era o local do Castelo de Ceras. Em 1319, passa pare a Ordem de Cristo, dividida em diversas "Comensas".
"Já em 1190, D. Sancho I tinha feito doação a Pedro Ferreira, o fundador de Ferreira do Zêzere, "homem da sua criação", de uma herdade em Vale de Orjais que este povoou e mais tarde constituiu o morgado de Águas Belas, pelo facto de Pedro Ferreira se ter distinguido muito em Montemor.
Em 1222 Pedro Ferreira e sua mulher Maria Vasques deram carta de foral aos povoadores da sua herdade que de novo se chama Vila Ferreiro ou Ferreira..."(1)
Em 1362, D. Nuno Rodrigues, Mestre da Ordem de Cristo, coloca a primeira pedra para a construção dos paços na actual vila de Ferreira, que a esta categoria passara por ordem de D. João III (em 1531).
Com uma forte dispersão das localidades em inúmeros lugarejos, esta região conheceu sempre grandes impasses no seu desenvolvimento, como a grande peste dos fins do séc. XVI e as invasões francesas.
O concelho de Ferreira do Zêzere foi criado com a sua configuração actual pela reforma administrativa de Rodrigo da Fonseca Magalhães, em 1836.
"Nos anos de 1940 e 1950, sofreu este concelho algumas alterações com a construção da Barragem do Castelo de Bode que, embora tenha trazido vantagens nos campos da produção de energia eléctrica e turismo, motivou, com a subida das águas do leito do Rio Zêzere, a deslocação de muitas centenas de pessoas que se viram na necessidade de alterar substancialmente os seus modos de vida".(2)
(1) In "Boletim da Junta da Província do Ribatejo"
(2) Idem
in DIAGNÓSTICO SÓCIO-CULTURAL DO DISTRITO DE SANTARÉM - ESTUDO 1, Santarém, 1985, pág. 302.

 

Lenda de Dornes
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A vila de Dornes fica no concelho de Ferreira do Zêzere. Apesar de existirem provas documentais de que até ao século XV foi conhecida por Dornas, um velho manuscrito existente na Biblioteca Nacional de Lisboa explica que a etimologia da povoação proveio da lenda que vou contar.
Há muitos séculos atrás, as terras desta região pertenciam à Rainha Santa Isabel, mulher de el-rei D. Dinis. Era feitor da Rainha, na região, um cavaleiro chamado Guilherme de Paiva, ao qual atribuíam proezas milagrosas.
Conta-se deste homem que, certa vez, passou a pé enxuto o rio Zêzere, caminhando de uma margem para a outra sobre a sua capa, que lançara sobre as águas.
Um dia, andava Guilherme de Paiva atrás de um veado na banda de além do Zêzere, onde só havia brenhas e matos espessos, quando ouviu uns gemidos muito dolorosos. Tentou saber de que sítio provinham e, apesar de perder algumas horas nesta busca, nada conseguiu achar, pois os gemidos pareciam provir dos mais diversos locais. No dia seguinte voltou ali e de novo os gemidos se espalharam à sua volta, vindo agora de um tufo espesso de mato, depois de um rochedo, numa ciranda sem fim. Guilherme de Paiva sofria espantado, partilhando a dor daquele alguém que parecia fazer parte do universo. Ao terceiro dia tudo se repetiu como antes.
Tomou, pois, a decisão de partir para Coimbra onde estava a sua senhora, a fim de lhe relatar aqueles estranhos factos. Assim que chegou à cidade dirigiu-se imediatamente à pousada real e solicitou a sua visita a D. Isabel.
Esta, mal o viu, e depois das saudações devidas, disse-lhe:
- Vindes por via dos gemidos, Guilherme?
- …!
- Não precisais espantar-vos! Três noites a fio sonhei com eles e sei do que se trata.
- O que é então, Senhora? Procurei por todo o lado e nada vi!...
- Bem sei. Deus contou-me tudo nos sonhos. Agora vais voltar ao local e procurar onde te vou dizer: aí acharás uma imagem santa de Nossa Senhora, com o Filho morto em seus braços.
- Assim farei, minha senhora Dona Isabel! Mas, e depois, que faço eu dessa imagem?
- Guardá-la-ás contigo até me veres chegar junto a ti!
Despediu-se Guilherme de Paiva da Rainha Santa, levando na memória a localização exacta da moita onde a imagem de Nossa Senhora o aguardava gemendo, e partiu de Coimbra.
Já de volta a terras do Zêzere, o cavaleiro dirigiu-se à serra de Vermelha, como lhe dissera D. Isabel, e foi milagrosamente direito a determinada moita onde achou enrodilhada em urzes a imagem da Virgem pranteando a morte de seu Filho.
Durante algum tempo manteve-a consigo, na sua própria casa. Os gemidos haviam cessado e assim Guilherme de Paiva tinha a Santa Imagem na sua câmara, com um archote aceso de cada lado.
Um dia, a Rainha Santa foi, finalmente, às suas terras do Zêzere resolver o caso da imagem. Assim, junto a uma velha torre pentagonal que já aí existia, mandou erigir uma ermida para a Virgem achada nas moitas. E nessa torre - que provavelmente foi construída pelos Templários, ordenou que se instalassem os sinos da ermida.
Em breve o povo começou a construir casas em redor da capela e da torre e, diz a lenda, a Rainha Santa deu a essa vila nascente o nome de Vila das Dores, nome que com o tempo se teria corrompido até dar Dornes.
É isto o que conta a lenda transcrita no velho manuscrito.
A capela com a sua torre sineira ainda hoje existem, e a imagem achada há muitos séculos atrás é venerada sob a designação de Nossa Senhora do Pranto.
in Frazão, Fernanda. "Lendas Portuguesas", vol. IV, pág. 75-79. Ed. Multilar. Lisboa: 1988

 

 


 

Golegã – (Concelho do Distrito de Santarém)
 
 

 
Em 1169, a Quinta da Cardiga foi dada  à Ordem dos Templários por D. Afonso l. Em 1527, a Golegã pertencia ao termo de Santarém e já contava com 421 habitantes; a 3 de Novembro de 1534, foi elevada a vila por D. João lll.
Origem do nome:
«Pinho Leal em Portugal Antigo e Moderno – 1874»: “A estalagem chamava-se Venda da Galega, e depois se mudou para Vila Galega e depois se corrompeu no actual nome.
Esta mulher tinha primeiro vivido alguns anos em Santarém. A venda primitiva que ela aqui estabeleceu era apenas uma barraca de tábuas, mas em breve os lucros lhe deram para transformar a humilde choupana em boa casa de pedra e cal, e a taberna em hospedaria. Os seus grandes lucros despertaram a cobiça de outros concorrentes, que estabelecendo novas vendas, foram transformando a Venda da Galega em povoação, por se irem edificando casas também para residência de pessoas de diferentes ofícios”.
«Xavier Fernandes em Topónimos e Gentílicos (1944)»: “Tem-se afirmado que a povoação começou por uma estalagem duma mulher da Galiza, que lá se estabeleceu logo no princípio da monarquia portuguesa e que servia aos viajantes, que passavam pelo lugar; a estalagem ter-se-ia chamado Venda da Galega e depois o povoado, Vila da Galega, acabando por se transformar o último nome em Golegã, por corrupção”.

Golegã
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A história do concelho da Golegã está profundamente ligada aos dois rios que o percorrem -o Almonda e o Tejo-, à fertilidade célebre dos seus solos, às grandes quintas agrícolas, às cheias, às touradas, aos lazeres reais.
Segundo reza a história, a Golegã, enquanto povoado, teve origem numa estalagem estabelecida no tempo de um dos primeiros reis de Portugal -talvez D. Sancho para acolher gente de passagem de Lisboa para o norte e para se proceder à muda de "cavalgadura", em tão longa jornada. Esta estalagem tudo leva a crer ter sido pertença de uma mulher da Galiza, residente em Santarém. Daí o povoado então nascente se ter chamado de "Venda da Galega", mais tarde Golegã. Esta estalagem estava situada num ponto estratégico e importante, junto à principal estrada real.
No reinado de D. João I já a Golegã tinha grande importância, assim como, mais tarde, no de D. Afonso V, tendo atingido o auge no reinado de D. Manuel. O Lugar de Golegã foi elevado à categoria de vila por carta de D. João III, em 1534.
A par da importância do lugar em que se situava, a região da Golegã detinha uma das maiores riquezas da altura: um solo fértil. A fama das suas terras chamou muito povo a si, assim como grandes agricultores e criadores de cavalos. Desde os tempos mais remotos vêm alusões à região, de que é exemplo a importantíssima Quinta da Cardiga que, em 1169, fora doada por D. Afonso I à ordem do Templo para arroteamento e cultivo. De século para século foi a mesma sendo doada a outras ordens e, a partir do séc. XIX, comprada por diversos grandes agricultores.
Em meados do Séc. XVIII surge, essencialmente ligada à criação de cavalos e à necessidade de venda de produtos agrícolas da região, a Feira de S. Martinho. A partir de 1833, e com o apoio dado pelo Marquês de Pombal, a feira começou a tomar um importante cariz competitivo. Começaram a realizar-se concursos hípicos e diversas competicões de raças. Os melhores criadores de cavalos concentravam-se então na Golegã.
Quando no reinado de D. Maria I se construíu a estrada ligando Lisboa ao norte por Leiria e Pombal, a Golegã decaíu bastante, tendo-se recomposto somente mais tarde, no séc. XIX, com base na valorizagão agrária da região. Para esta "reconstituição" da importância da Golegã muito contribuiram as figuras de dois grandes agricultores e estadistas: Carlos Relvas, fidalgo da Casa Real, grande amigo do Rei, comendador, lavrador, artista, proprietário de diversos estabelecimentos agrícolas e de dois palácios (onde por várias vezes hospedou a familia real), e José Relvas, seu filho, democrata imensamente ligado à causa republicana, ministro das finanças e também um grande artista.
Profundamente liberal, a Golegã esteve ligada às lutas entre D. Pedro e D. Miguel e à implantação da República. Como quase todas as vilas deste país, sofreu as acções de pilhagem e saque das tropas invasoras francesas.
A segunda freguesia deste concelho, a Azinhaga, remonta ao período da dominação árabe. O seu nome vem, provavelmente, de "Azenha", que significa, em árabe, "apertar", "estreitar", ou ainda "Zenagga", que quer dizer, também em árabe, "muitas azinheiras juntas". Antes da fundação de Portugal era conhecida por Santa Maria do Almonda. Teve foral no reinado de D. Sancho II.
Fertilizada pelas águas do Almonda, as terras de Azinhaga são também as mais directas responsáveis pela importância da região. Doadas como "prémio" a diversas ordens e à nobreza deste reino, aqui se foram fundando e desenvolvendo importantes quintas, como a "Boquilobo" e a "Brôa".
A Azinhaga foi vila independente no reinado de D. Joso IV. Até 1895 pertenceu a Santarém, data a partir da qual passou a pertencer ao concelho da Golegã.
Intimamente ligada à história da Golegã estão os seus grandes lavradores, quintas e ganadarias e, com eles, um imenso povo assalariado. A par da grande riqueza, a realidade de uma população que conheceu a fome e a pobreza: " (...) Um concelho rico de terra fértil, somente agrícola, e os seus habitantes pobres; mas pobres de facto porque raro é aquele que possua quatro paredes a que possa chamar sua casa.(...) Terra rica, gente pobre, um paradoxo, corolário das más funções do regime de propriedade especialmente da sua exploração, entregue a rendeiros, mercenários da lavoura, que tornam as condições de vida económica e social insuperáveis perante a razão das coisas"(1)
(1) in "Boletim da Junta Geral do Distrito de Santarém", nº3 - artigo "A terra, o trabalho e o Homem" de José Serrão e Faria Pereira.
in DIAGNÓSTICO SÓCIO-CULTURAL DO DISTRITO DE SANTARÉM - ESTUDO 1, Santarém, 1985, pág. 328-329.

Golegã
http://www.ribatejo.com/ecos/golega/glhistoria.html

A história do concelho da Golegã está profundamente ligada aos dois rios que o percorrem -o Almonda e o Tejo-, à fertilidade célebre dos seus solos, às grandes quintas agrícolas, às cheias, às touradas, aos lazeres reais.
Segundo reza a história, a Golegã, enquanto povoado,teve origem numa estalagem estabelecida no tempo de um dos primeiros reis de Portugal -talvez D. Sancho para acolher gente de passagem de Lisboa para o norte e para se proceder à muda de "cavalgadura", em tão longa jornada. Esta estalagem tudo leva a crer ter sido pertença de uma mulher da Galiza, residente em Santarém. Daí o povoado então nascente se ter chamado de "Venda da Galega", mais tarde Golegã. Esta estalagem estava situada num ponto estratégico e importante, junto à principal estrada real.
No reinado de D. João I já a Golegã tinha grande importancia, assim como, mais tarde, no de D. Afonso V, tendo atingido o auge no reinado de D. Manuel. O Lugar de Golegã foi elevado à categoria de vila por carta de D. João III, em 1534.
A par da importância do lugar em que se situava, a região da Golegã detinha uma das maiores riquezas da altura: um solo fértil. A fama das suas terras chamou muito povo a si, assim como grandes agricultores e criadores de cavalos. Desde os tempos mais remotos vêm alusões à região, de que é exemplo a importantíssima Quinta da Cardiga que, em 1169, fora doada por D. Afonso I à ordem do Templo para arroteamento e cultivo. De século para século foi a mesma sendo doada a outras ordens e, a partir do séc. XIX, comprada por diversos grandes agricultores.
Em meados do Séc. XVIII surge, essencialmente ligada à criação de cavalos e à necessidade de venda de produtos agrícolas da região, a Feira de S. Martinho. A partir de 1833, e com o apoio dado pelo Marquês de Pombal, a feira começou a tomar um importante cariz competitivo. Começaram a realizar-se concursos hípicos e diversas competicões de raças. Os melhores criadores de cavalos concentravam-se então na Golegã.
Quando no reinado de D. Maria I se construíu a estrada ligando Lisboa ao norte por Leiria e Pombal, a Golegã decaíu bastante, tendo-se recomposto somente mais tarde, no séc. XIX, com base na valorizagão agrária da região. Para esta "reconstituição" da importância da Golegã muito contribuiram as figuras de dois grandes agricultores e estadistas: Carlos Relvas, fidalgo da Casa Real, grande amigo do Rei, comendador, lavrador, artista, proprietário de diversos estabelecimentos agrícolas e de dois palácios (onde por várias vezes hospedou a familia real), e José Relvas, seu filho, democrata imensamente ligado à causa republicana, ministro das finanças e também um grande artista.
Profundamente liberal, a Golegã esteve ligada às lutas entre D. Pedro e D. Miguel e à implantação da República. Como quase todas as vilas deste país, sofreu as acções de pilhagem e saque das tropas invasoras francesas.
A segunda freguesia deste concelho, a Azinhaga, remonta ao período da dominação árabe. O seu nome vem, provavelmente, de "Azenha", que significa, em árabe, "apertar", "estreitar", ou ainda "Zenagga", que quer dizer, também em árabe, "muitas azinheiras juntas". Antes da fundação de Portugal era conhecida por Santa Maria do Almonda. Teve foral no reinado de D. Sancho II.
Fertilizada pelas águas do Almonda, as terras de Azinhaga são também as mais directas responsáveis pela importância da região. Doadas como "prémio" a diversas ordens e à nobreza deste reino, aqui se foram fundando e desenvolvendo importantes quintas, como a "Boquilobo" e a "Brôa".
A Azinhaga foi vila independente no reinado de D. Joso IV. Até 1895 pertenceu a Santarém, data a partir da qual passou a pertencer ao concelho da Golegã.
Intimamente ligada à história da Golegã estão os seus grandes lavradores, quintas e ganadarias e, com eles, um imenso povo assalariado. A par da grande riqueza, a realidade de uma população que conheceu a fome e a pobreza: " (...) Um concelho rico de terra fértil, somente agrícola, e os seus habitantes pobres; mas pobres de facto porque raro é aquele que possua quatro paredes a que possa chamar sua casa.(...) Terra rica, gente pobre, um paradoxo, corolário das más funções do regime de propriedade especialmente da sua exploração, entregue a rendeiros, mercenários da lavoura, que tornam as condições de vida económica e social insuperáveis perante a razão das coisas"(1)
(1) in "Boletim da Junta Geral do Distrito de Santarém", nº3 - artigo "A terra, o trabalho e o Homem" de José Serrão e Faria Pereira.
in DIAGNÓSTICO SÓCIO-CULTURAL DO DISTRITO DE SANTARÉM - ESTUDO 1, Santarém, 1985, pág. 328-329.

Golegã
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O Concelho da Golegã, situado de montante para jusante na margem direita do Tejo, numa vasta planície  rodeada pelos mais dilatados e férteis campos que dele recebem o valioso beneficio de os alagar com os seus esplêndidos e fecundantes nateiros é constituído por uma antiga Vila de que se ignora a data certa da sua fundação e, actualmente por duas lindas freguesias de 2ª ordem; a da Azinhaga, com cerca de 1500 habitantes, e a da Senhora da Conceição sede do Concelho com cerca de 4900 habitantes
É tradição corroboradas pelo seu antigo brasão, que consistia num escudo com urna mulher segurando na mão um infusa, sobre chão escuro em campo verde, que foi sua fundadora uma mulher da Galiza que e em tempos remotos, se estabeleceu com urna estalagem em ponto indeterminado hoje da encantadora planície que constitui actualmente este típico Concelho
Que a povoação existia já no Século XV, parece não restar, duvida bem como, depois de se haver estabelecido nela a dita galega ter passado a ser denominada Vila da Galega. Parece não restar dúvida, também, que, mais tarde foi esta designação que, por corrupção, veio s converter-se em Golegã
A Vila da Golegã, forma hoje um concelho rural de 2ª ordem do Distrito de Santarém Província do Ribatejo da qual e uma das regiões que mais lhe conserva o cunho típico, tão português e regional, com os interessantes e garridos trajes s dos campinos das suas lezírias e do; lindos cantos entoados pelos coros mistos dos seus ranchos agrícolas, que tão profundamente enternecem os que têmo prazer inolvidável de escutá-los
O Concelho dista
5,5 km. de Santarém 3,4 km. da estação de Torres Novas,  7 km. do Entroncamento e 9,5 km. de Mato do Miranda e as  estações que lhe ficam mais próximas são as de Torres Novas, {Norte e Leste) a 4 km e Entroncamento a 6 km
D Manuel deu-lhe foral e mandou construir a sua igreja paroquial, e parece dever-se, também, a este monarca s construção dos antigos templos da matriz e duma das duas misericórdias que possuí, a da sede da Vila, pois tem ainda uma outra na freguesia da Azinhaga, de muito menor movimento do que tem aquela havendo, contudo, quem afirme que; é mais remota a sua fundação ou edificação e, bem assim, a de outros edifícios antiquíssimos que igualmente possui
Pela alegria e beleza das suas admiráveis e verdejantes campinas, e pela sua esplêndida situação na margem do Rio Tejo; pela fertilidade do seu abençoado solo que ele tantas vezes, nas suas cheias, vai beijar deixando-o ensopado no fecundante lambuzar  dos seus amoráveis beijos, o Concelho da Golegã que incontestavelmente te constitui uma jóia de maior valia do lindo adereço que constitui a opulenta Província do Ribatejo produz, em abundância trigo , milho, centeio, legumes, arroz, queijo, manteiga, aguardente vinícola, vinho, azeite. Gado. lãs, palha, massa de tomate, etc.  artigos estes que constituem o seu principal comércio
Sendo um dos concelhos mais pequenos do País, visto ter cerca de 16 quilómetros de comprido por 7 de largo apesar da sua população ser aproximadamente de 6400 habitantes, números redondos, ele é contudo, dos mais ricos e férteis do Distrito de Santarém devido a receber, das cheias do Tejo, os seus afamados nateiros que tanto o valorizam , e ás extraordinárias faculdades de trabalho dos  seus habitantes.
Admiravelmente servido de electricidade, cuja rede é abastecida pela empreendedora e prestimosa Hidro Eléctrica do Alto Alentejo, pena é que não tenha ainda água canalizada, com o que tanto desejariam vê-lo dotado os seus habitantes O Concelho que é constituído por terras de aluvião ubérrimas e cultivado por gente pobre, como o é a quase totalidade da sua população talvez por não residirem nele os proprietários das antiquíssimas e excelentes propriedades em que está dividido todas elas pletóricas de arvore ou cobertas de cereais em que é abundantíssima a região da Golegã como o é, de resto, quase todo o Ribatejo sendo notáveis entre eles, as da Cardiga, a de Miranda, as dos Alamos, a de Inez, as do Paúl, as da Broa, as de Melharada, as do Saltador, as denominadas as «Praias» que acompanham as margens do Tejo nalguns quilómetros e as designadas dos «.Lázaros» «Requeixado» «Peneira» o «Cordas» a montante da Estrada da Azinhaga Golegã
O Concelho da Golegã possuí vários e importantes lagares de azeite (mais da vinte) importantes arrozais de olivais, grandes e competentes criadores do gado cavalar, muar e taurino que se espalha em ampla liberdade pelas suas belas lezírias óptimos rebanhos de gado lanígero e excelentes varas do gado suíno, (cerca de cinquenta negociantes do referido gado), lavradores, agricultores, fabricantes do massa de tomate de queijos e manteiga, a cerca de trinta vinicultores, quatro negociantes de peixe fresco, sete salsicheiros e um talho cinco vacarias, seis padarias, quinze negociantes do fazendas, diversos produtores de arroz, três destilações de aguardente vinícola, quatro automóveis de aluguer três empresas do carros para transporte de mercadoria; uma delegação de Federação Nacional dos Trigos, e outra da  Junta Nacional do Vinho, um sindicato agrícola, Casa do Povo, três marcenarias, quatro advogados, cinco médicos. duas misericórdias, um hospital, etc.. etc. o que comprova bem o seu valor.
Por deliberação da Câmara, e em homenagem á índole dos seus habitantes, trabalhadores como os que o são o feriado do Concelho é no dia 1º de Maio.
Golegã que tem, com serviço permanente, estação de telefone e telégrafo postal de 1ª classe com serviço de valores declarados, encomendas postais, cobranças de títulos, letras e vales, etc. possui, apenas, uma corporação particular de bombeiros, na Quinta da Cardiga.
Mas, a atestar as qualidades afectivas dos seus naturais e o seu espírito associativo, além da Casa do Povo da Golegã, que seria já elemento bastante para tais qualidades e espírito se afirmarem, possuí, ainda, o Sindicato Agrícola da Golegã e os Montepios Popular e Goleganense os clubs desportivos Sporting Club Goleganense a Sociedade Columbófila Goleganense e o Club Desportivo Azinhaguense; as filarmónicas, Sociedade Filarmónia 1º de Janeiro, Sociedade Filarmónica Instrução Popular e Sociedade Filarmónica Azinhaguense e as sociedades de recreio, Club Goleganense Grémio Agricola Goleganense o Centro Instrução e Recreio.
Realizam-se neste Concelho, anualmente, duas feiras muito concorridas que compreendem gado cavalar, bovino, e outro com diferentes barracas para venda de quinquilharias uma no primeiro domingo de Maio e outra em Novembro, habitualmente do 10 a 25.
Para se poder fazer uma ideia aproximada do seu valor, diremos, ainda, em face das estadistas da 1935, por não termos a mão, neste momento, outras mais modernas, que a produção da Golegã neste ano, foi de 4.925.760 litros de trigo 2.508.290 litros de milho, 136.000 litros do centeio, 1.639.400 litros do fava, 265.760 Kilos de arroz 63.530 kilos de cortiça 506.470 litros de azeite e 63.530 litros de vinho, etc. etc.
De Julho de 1934 a Igual mês de 1935, o Estado arrecadou neste Concelho, de receitas, 2.412.522$21 e a Câmara 515.900$33.
Tendo a quantidade de gado cavalar que a Vila possuía em 1870 constituído por 895 cabeças, baixado para 36l em 1925 e o gado bovino que naquele ano era constituído por 1968 cabeças baixado em 1925 para 1206 o seu aumento verificou-se no entanto em 1934 respectivamente para 579 e 1235 devendo, actualmente, ter aumentado mais ainda o numero de cabeças de um e outro, como, de resto, em todo o restante gado, pois tendo diminuído a sua quantidade de 1870 até 1925 ela aumentou, extraordinariamente, até 1934  como se verifica nos seguintes números oficiais:
Gado muar, em 1870, 29 cabeças; em 1925, 233 e em 1934, 420 cabeças; gado asinino, em 1870, 71 cabeças em 1925, 271 é em 1934, 401 cabeças; gado aríetino em 1870, 6881 cabeças, em 1935, 6902 cabeças e em 1931, 6978 gado caprino, em 1870, 7101 cabeças, em 1925, 11.917, e em 1934, 12.467 cabeças e gado suíno, em 1870, 2532 cabeças, em 1925 3815 e em 1931, 5020 cabeças.
Para terminarmos este artigo que já vai muito longo não podemos deixar de acentuar que, na Exposição Feira distrital de Santarém levada a efeito com tanto brilhantismo de 17 de Maio a 7 de Junho de 1936, nos vastos campos de Sá da Bandeira da capital do Distrito e a cuja  Comissão Executiva presidiu, o seu ilustre, dedicado e empreendedor Governador Civil Sr. Dr. Eugénio de Lemos, entre os mil atractivos e encantos que tanto a valorizaram e tão notável a vieram a tornar, pela forma como impressionou o carácter afectivo da nobre gente ribatejana e do português em geral, ocupou lugar de relevo pela nota impressionante e encantador regionalismo que lhe deu, a Casa do Povo da Golegã com a filarmónica os seus típicos grupos de Valadores e gadanheiros, e de pescadores com as suas redes, etc.

 

Mação – (Concelho do Distrito de Santarém)

 

 

Mação recebeu o primeiro foral da mulher de D. Dinis, Isabel de Aragão (Rainha Santa), que dela fez doação às freiras de Celas (Coimbra). Este foral foi renovado em 1355, pelo futuro rei D. Pedro l ( de Portugal).
É uma região arqueológica e paleontologicamente muito rica. A proximidade do rio Tejo, a existência de ouro, atraíram desde sempre povos que aqui se fizeram, como indicam as antas, os abrigos, os esconderijos e os castros, que na toponímia local e nome de castelos e que forneceram vasto espólio arqueológico. Neste campo, a riqueza do concelho é sobretudo do tempo dos romanos. De todos, o mais célebre será o tesouro da Época do Bronze, do Porto do Concelho, que se compunha de 42 peças, entre as quais foices, lanças, machados, espadas, punhais, braceletes, etc. Também o da célebre albarda de sílex, a maior da Península Ibérica, encontrada em Casal da Barba pouca. E ainda os castros de Amêndoa (Idade do Ferro), Castelo Velho de Caratão (Idade do Ferro) e as Estações Arqueológicas de Vale do Junco e Vale do Grou (romanas).
Origem do nome:
«Xavier Fernandes em Topónimos e Gentílicos (1944)»: “Já era nome próprio no antigo português, sendo vulgar a escrita Maçam. A não se relacionar com o nome comum mação, aumentativo de maço, reputamos obscura ou incerta a origem do topónimo”.

Mação
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Mação é vila sede de concelho, pertencendo ao distrito de Santarém e à diocese de Portalegre, e situa-se no extremo sul da antiga província da Beira Baixa.
O nome de Mação tem duas possíveis explicações: a primeira relacionada com o termo francês "maçon", sendo então o povoado filho de um pedreiro-maçon que ali se tivesse instalado com a sua arte (ou então que esse homem se chamasse Maçon que era a antiga forma de se escrever Marçal); a segunda explicação (mais plausível) está relacionada com o termo latino "mansio-mansionis" que significa estalagem (pousada, mansão). Assim, nesta estalagem repousariam os viandantes no tempo da dominação romana quando, vindos de Tubuci (Abrantes), pela terceira via militar que ligava aquela povoação a Mérida, para Castra Leuca (Castelo Branco), passassem por uma das duas ramificações seguia para norte em direcção a diversos assentos de população romana (Amêndoa, Cardigos e Carvoeiro), a segunda seguia para sul em direcção ao importante povoado romano da Ribeira de Nata (Belver).
Toda esta região, ainda fisicamente ligada à Beira Baixa, remonta ao período do Paleolítico, na Pré-História, Era da qual se encontram muitos vestígios. Seria uma zona com condições climáticas e geográficas propícias ao estabelecimento dos povos: vastos bosques não muito densos, perto de imensos cursos de água e de nascentes sem fim, proporcionando-lhes caça e pesca, abrigo de árvores e grutas (bastante frequentes no concelho), e um clima frio e húmido.
Embora toda a região da Beira seja tida como uma região erma, cujo despovoamento se terá dado entre a invasão árabe e o início da primeira dinastia, o que é facto é que a região de Mação apresenta um vasto leque de vestígios romanos.
Mação pertenceu, até ao primeiro quartel do séc. XIV ao termo de Belver da ordem de S. João do Hospital ou de Malta. No decurso da 1ª dinastia, Mação, Amêndoa e Cardigos foram alvo de disputas entre a coroa e a ordem de Malta. Foi D. Dinis e os seus sucessores que conseguiram reaver esta região que tinha sido doada aos Hospitalários. Na 2ª metade deste mesmo século iniciam-se as lutas entre o poder temporal da Igreja e a coroa, lutas estas especialmente notórias na região da Beira Baixa e do Alto Alentejo.
Em 1761, Mação foi quartel general das tropas inglesas, comandadas pelo conde de Lippe. Em 1808, aquando das invasões francesas, também este concelho esteve à mercê de tropas estrangeiras, sendo mais uma vez alvo de roubos e outros tipos de selvajarias. Com a Constituição, surgem as lutas entre liberais e miguelistas que tomam especial dimensão neste concelho, com uma certa tradição maçon, que poderá ser anterior ou posterior às invasões francesas. As lojas maçónicas de Mação e Abrantes votaram a morte do Rei, donde ganharam aquela um acrescentamento ao concelho e esta a sua elevação a cidade.
Na 1ª República, os monárquicos tornaram-se sidonistas. Por esta altura surgiu o Hospital da Misericórdia e a sopa aos pobres.
Vejamos como é descrito o brasão de Mação:
"O BRASÃO de Mação, aprovado em 1930, é vermelho, com uma ovelha no centro. Em chefe, um cacho de uvas folhado e acompanhado por duas abelhas, tudo em ouro. Orla de prata cortada por fachas onduladas de azul. Coroa Mural de prata de quatro torres. Bandeira amarela com um listel branco em letras pretas. Cordões e borlas de ouro. Lança e haste douradas (...). O vermelho, que significa vitórias, ardis e guerras, deriva de ter sido Mação quarter general das tropas de Lippe em 1762. As indústrias de tecelagem de lã, fabricação de curtumes e exportação de gados que caracterizam, desde tempos remotos a vida económica de Mação, estão representados na ovelha. As uvas e as abelhas simbolizam a agricultura em dois dos seus produtos característicos: o vinho e o mel. As correntes, que fertilizam Mação, estão heraldicamente representadas por faixas onduladas de azul e prata."(1)
(1) Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira – Vol. XV.
Este resumo foi feito a patir da Enciclopédia citada e ainda de "Monumentos Históricos do Concelho de Mação", de Maria Amélia Horta Pereira.
in DIAGNÓSTICO SÓCIO-CULTURAL DO DISTRITO DE SANTARÉM - ESTUDO 1, Santarém, 1985, pág. 352-353.

Milagre de Santo António

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Conta-se em Mação que um dia Santo António estava numa localidade do concelho com sua mãe.
Pedindo-lhe esta que fosse buscar lenha para a lareira, o santo atravessou-a para a outra banda do Tejo, pelo Nabão. À volta, porém, era quase sol-posto, Santo António não viu barca nem barqueiro; o que o deixou preocupado por saber que a mãe o esperava, em cuidados, do outro lado do rio. Aflito, sem saber o que fazer, levantou os olhos ao Céu e pediu ao Menino Jesus que o auxiliasse naquele transe, e quase imediatamente o Menino apareceu-lhe, dizendo com suavidade:
- Tens aí o feixe de lenha para a senhora tua mãe. Deita-o à água; senta-te nele e, então, eu te servirei de barqueiro e conduzirei o feixe à outra margem do rio.
António assim fez e, momentos depois, com o Menino sentado no braço, aportava ao outro lado, são e salvo, onde se despediu de Jesus, que muito sorridente voltou para o Céu.
in Frazão, Fernanda. "Lendas Portuguesas", vol. III, pág. 124. Ed. Multilar. Lisboa: 1988

Mação
http://bocasmacao.blogs.sapo.pt

Mação é uma vila da região do pinhal.
Mação é uma vila Portuguesa pertencente ao Distrito de Santarém, região Centro e subregião do Pinhal Interior Sul, com cerca de 2 300 habitantes.
É sede de um município com 400,83 km² de área e 8 442 habitantes (2001), subdividido em 8 freguesias.
O município é limitado a nordeste pelo município de Proença-a-Nova, a leste por Vila Velha de Ródão e Nisa, a sul pelo Gavião, a sudoeste por Abrantes, a oeste pelo Sardoal e por Vila de Rei e a noroeste pela Sertã.
População do concelho de Mação (1801 – 2004)
1801 1849 .1900 ..1930 ...1960 ..1981 .1991 .2001 .2004
1724 6823 15525 18806 19045 12234 10060 8442 7763
Mação era nos começos da nacionalidade, um pequeno lugar que pertenceu até ao 1º quartel do séc. 14, ao termo de Belver na Ordem de Malta. O 1º foral de independente, foi-lhe dado pela Rainha Santa Isabel. Toda a área do concelho de Mação constitui riquíssima zona paleontológica e arqueológica. Em todas as suas freguesias se encontram fósseis, o que mereceu larga referência a Nery Delgado (Système Sillurique du Portugal; Étude de Stratigraphie Paléontologique). No campo da arqueologia, a riqueza do concelho é sobretudo da época Romana como o balneário romano em Ortiga. O mais célebre de todos os achados, foi o tesouro da Idade do Bronze do Porto do Concelho em 06.03.1943, que se compunha de 42 peças (foices, lanças, machados, espadas, punhais, braceletes, etc.). Notável também, o achado, em Março de 1944, em Casal da Barba Pouca (freguesia de Penhascoso), da célebre albarda de sílex a maior da Península. Merecem ainda referência, os Castros de Amêndoa (Idade do Ferro), Castelo Velho de Caratão (Idade do Bronze), as estações de Vale do Junco e Vale do Grou (Romanas). Recentemente nas margens da Ribeira de Ocreza no âmbito do acompanhamento das obras de construção da SCUT da Beira interior foram descobertos painéis de Arte Rupestre, de diferentes épocas incluindo o primeiro achado de arte paleolítica de ar livre no sul de Portugal onde até ao momento apenas se conhecia arte parietal na gruta do Escoural. Trata-se de uma representação de equídeo (cavalo) figurado em perfil absoluto. Com um vasto leque de alternativas para os potenciais investidores o concelho de Mação possui condições maravilhosas para atrair um segmento de turistas cada vez mais preocupados em sair dos grande centros de exploração económica do turismo. A calma e a riqueza das águas do Tejo e da Ribeira de Eiras sobre a Barragem em Ortiga, fazem o paraíso dos desportos náuticos, como o Ski, Vela e Windsurf. O concelho convida à prática de um turismo rural, saudável onde os desportos radicais como o montanhismo, asa delta, btt, e todo- o- terreno ocupam lugar de destaque. A sua paisagem varia entre a beleza das montanhas com cascatas que terminam em pequenas e acolhedoras piscinas naturais, rochedos implantados na crosta maciça das serras ,à semelhança de castelos medievais, beneficiando de toda a pureza de um ar montanhês e o refrescante encanto das enormes albufeiras onde tudo é possível e desejável, com água a perder de vista – Barragem de Ortiga e Barragem da Pracana. Mação conta ainda com apreciável riqueza das águas mineromedicinais: Sulfúreas – Sódicas ( Fadagosa de Mação ) e na freguesia de Envendos (Lugar de Ladeira),um grande caudal denominado Águas Quentes. Quanto ao nível gastronómico, de entre os diversos e apreciados pratos tradicionais, salienta-se os enchidos e o presunto fazendo as delícias dos apreciadores mais exigentes, de notar que o concelho de Mação produz cerca de 70% do presunto nacional. É assim o concelho de Mação, onde o único limite para o investimento é imaginação.
Actividades Económicas
As actividades económicas estão repartidas entre os três sectores tendo-se verificando na última década uma perda muito significativa de população do sector primário, para os sectores secundário e terciário. Em muitas aldeias a vida ainda se processa em torno de actividades tradicionais como a agricultura e a pecuária porém, o concelho tem visto o florescimento de algumas indústrias como a dos enchidos e transformação de carnes que têm desempenhado um papel de relevo e projecção na economia do Concelho. A construção civil, a indústria de velas e artigos em cera e a indústria de serração de madeiras têm visto também algum desenvolvimento.
Património Cultural e Monumentos Históricos
O Concelho de Mação é bastante rico em vestígios arqueológicos que se encontram espalhados um pouco por toda a região. Achados do Paleolítico foram encontrados sobretudo junto à Ribeira das Boas Eiras, mas recentemente foram descobertas algumas gravuras rupestres junto à Ribeira da Ocreza, entre elas a representação de um equídeo (cavalo), o primeiro achado de arte paleolítica ao ar livre no sul de Portugal, que segundo os especialistas terá mais de 20.000 anos. Das inúmeras antas existentes no Concelho, apenas uma se encontra de pé, a Anta da Foz do Rio Frio, na freguesia da Ortiga. Dois castros no Concelho merecem uma visita: O Castelo Velho do Caratão, da Idade do Bronze, situado numa serra entre as ribeiras de Eiras, do Aziral e do Caratão, próximo da aldeia que lhe dá o nome, e o Castro de São Miguel, da Idade do Ferro, situado na Serra de S. Miguel na Amêndoa, ambos monumentos classificados. Do período romano podem ser visitadas as várias pontes que se espalham um pouco por todo o Concelho, entre elas a Ponte da Ladeira (Envendos), a maior, com seis arcos de volta perfeita e proporções diferentes, a Ponte da Isna, apenas com três arcos, e o Balneário Romano do Vale do Junco (Ortiga), também estes monumentos classificados.
Artesanato
As actividades artesanais no Concelho de Mação continuam
a ser perpetuadas pelas mãos de hábeis artesãos. Assim, um pouco por toda a nossa região podemos encontrar trabalhos em olaria como em latoaria (Mação), as albardas e correias do albardeiro (Mação), os trabalhos em esparto e arame, as rendas e bordados (Mação), a tecelagem em fios de algodão, lã e linho (Cardigos e Envendos), as mantas tecidas em teares manuais (Ortiga), os brinquedos de madeira (Aboboreira) e a manufactura de barcos e redes de pesca (Ortiga).
Gastronomia
A gastronomia do Concelho é bastante variada. Como entradas, nada melhor que provar as azeitonas, o presunto, enchidos frios e o queijo de cabra e de ovelha, todos produtos locais de grande qualidade. Os pratos de carne incluem o cabrito assado em forno a lenha à moda de Mação, o feijão de matança e o bucho recheado. Contemplando a estreita relação com o rio temos o arroz de lampreia, o sável na telha, o achigã grelhado, a sopa à pescador e o ensopado de saboga e o ensopado de enguia , que se podem encontrar em restaurantes da especialidade na zona da barragem de Ortiga. Como acompanhamentos nada melhor que migas e um bom vinho. No que respeita à doçaria não devem ser esquecidas as tijeladas de Cardigos, o mel, o bolo dos santos, o bolo finto e as fofas de Mação (cavacas) e os torrados.
Feiras e Festividades Durante todo o ano ocorrem em Mação várias festas e feiras. As principais feiras no Concelho são a Feira dos Ramos, que ocorre sempre no Domingo de Ramos, a Feira dos Santos, uma feira bicentenária e com muita tradição, sempre a 1 ou 2 de Novembro e a Feira de Artesanato e Gastronomia, no 1º e 2º fim-de-semana de Julho. Durante todo o Verão decorrem dezenas de festas organizadas pelas associações e colectividades de cada vila ou aldeias, as quais são sempre animadas pelos conjuntos de baile e pelos comes e bebes. A Festa de Santa Maria é a maior e mais importante e ocorre, na sede, sempre no 1º fim-de-semana de Setembro em Mação. A festa religiosa que acolhe um maior número de fieis é a do Senhor dos Passos, em meados de Quaresma, em Mação.
Personalidades do Concelho de Mação De entre as figuras ilustres do Concelho de Mação destacam-se alguns nomes, entre eles o Padre António Pereira de Figueiredo (1725-1797), sacerdote oratoriano e grande pedagogo que se dedicou ao estudo de Filosofia, Teologia, História e Latim. Foi um colaborador próximo do Marquês de Pombal e levou a cabo algumas acções diplomáticas na Europa. Traduziu a Bíblia e escreveu dezenas de obras que percorreram as mais diversificadas áreas do conhecimento. A vida e obra de Francisco Serrano (1862-1941) marcou também a história do concelho e dele ficaram memórias da sua vida de etnógrafo, músico, escritor e jornalista. Foi a primeira pessoa a sistematizar a recolha de elementos históricos, etnográficos e sociais sobre o concelho de Mação. Foi ainda dinamizador, músico, regente e compositor da Sociedade Filarmónica União Maçaense. Como resultado de muitos anos de vida dedicada ao concelho ficaram algumas obras, entre elas, Romances e Canções Populares da Minha Terra, Elementos Históricos e Etnográficos de Mação e Viagem à Roda de Mação, recentemente editadas pela Câmara Municipal de Mação.
As freguesias de Mação são as seguintes:
Aboboreira, Amêndoa, Cardigos, Carvoeiro, Envendos, Mação, Ortiga, PenhascosoPosted by zedaburra11 at 01:03 PM


Ourém – (Concelho do Distrito de Santarém)

 

 

Vila Nova de Ourém é uma sede de concelho relativamente recente. Foi elevada à categoria de vila, por mercê de D. Maria ll, em 1841. Muito mais importante é o antiquíssimo burgo de Ourém Velha, que se ergue no alto de um morro não longe da vila nova, rodeada de panos desmantelados de muralhas e que remonta aos alvores da Nacionalidade. Após o terramoto de 1755, a maior parte dos seus habitantes transferiam-se para a então Aldeia da Cruz, a Vila Nova dos nossos dias, nascida do facto de do Condestável, D. Nuno Álvares Pereira ali ter mandado erguer uma cruz de pedra em memória de seu irmão, Pedro Álvares Cabral, morto em Aljubarrota, onde esteve militando nas hostes do rei de Castela.
Origem do nome:
«Xavier Fernandes em Topónimos e Gentílicos (1944)»: “Ourém, como vulgarmente é chamada a terra, teve outros nomes, parecendo que este provém de Auren, designação que lhe foi dada no tempo dos romanos”.
 
Fátima
Nas serras que formam o maciço calcário estremenho, onde a destruição  da cobertura arbórea deu lugar ao mato, encontra-se na região de Fátima uma zona onde a evocação mística tudo suplanta.
Para além de quanto ao homem se deve na reconstituição do arvoredo que dominava na região em tempos remotos, agora favorecendo mais o pinheiro bravo que os carvalhos e azinheiras de outrora, o que resta da paisagem é árido e agreste.
O casario que entretanto tem surgido, a povoar o que durante tanto tempo quase apenas era habitado pelos pastores e seus rebanhos, vem a pouco e pouco criando um ambiente e uma paisagem diferente do passado, contrapondo a sua banalidade ao que de tão original o caracterizava.
E enquanto foi tão rara a presença humana, e assim tão forte o isolamento de quem por ali passava, bem se compreende a vocação mística desse ambiente, a que actualmente se encontra presa a fé de tantos.
A poente da localidade avista-se, próximo, a serra de Alvaiázere. Na estrada estreita e cheia de curvas que segue para Almoster a paisagem é quase inóspita, as oliveiras nascem por entre pedregulhos cheios de força.
Fátima é uma povoação muito antiga e, como o próprio topónimo indica, de origem árabe. Segundo uma tradição local, Fátima seria o nome de uma jovem moura raptada por um cristão, que, ao baptizar-se, teria adoptado o nome de Oriana, donde derivou Ourém, sede da freguesia.
Santuário de Nossa Senhora de Fátima:
Monumental recinto novecentista, é constituído por um bem lançado trecho de colunatas, no fulcro do qual se embrenha o edifício da basílica, dominado por uma torre central de vários andares.
A colunata é decorada por painéis de cerâmica policromada representando a Via Sacra. No interior apenas é digna de menção uma imagem da Virgem, executada em 1920 por José Ferreira Thendim.
A poucos metros do Santuário, ergue-se a Capela das Aparições, construída em 1919. Presentemente foi muito ampliada e algo modificada.
No interior venera-se num retábulo ao gosto neoclássico, a popular imagem de Nossa Senhora de Fátima, esculpida em madeira de cedro-do-Brasil.


Lenda de Fátima - (Carlos Leite Ribeiro) 
Estávamos a 24 de Junho de 1158, em plena planície alentejana, mais propriamente dito em Alcácer do Sal, que nessa data se encontrava cercada pelas tropas de D. Afonso Henriques.
Dentro do castelo e nos seus aposentos, um sherife mouro, falava à sua bela filha Fátima:
" ... é madrugada. Tu e as tuas servas, vão agora tentar sair do castelo, pela porta da traição. Depois dirigem-se a Sevilha, onde tens de procurar a casa do teu tio Marec, que mora no Alcácer. Conta-lhe que teu pai morreu a defender este castelo a também por Alá !".
-          "Mas meu pai, eu não me quero ir embora, quero ficar convosco !"  -  implorou-lhe a filha. Mas o pai não concordou: "Despacha-te, minha filha. Não vês que não tarda que o rei cristão, D. Afonso Henriques (o "Ibnerrik") está preste a tomar o castelo ?! ... e que depois é impossível a tua fuga ...".
-          "Vou cumprir o teu desejo. Que Alá te proteja, meu pai !".
-          " E a ti também, minha bela filha !".
-          " Um beijo, meu pai ...".
Momentos depois, quatro jovens montadas a cavalo, partiram rumo a Sevilha.
Perto do castelo de Alcácer do Sal, numa curva do caminho, um jovem e belo cavaleiro da Ordem dos Templários, estava entre um grupo de amigos, também cavaleiros como ele, e o jovem falava assim aos companheiros:
-          "... meu pai era também cavaleiro Templário. Chamava-se Hermígio Gonçalves, e era conhecido pelo "Lutador" ...".
-          "Curioso, o teu pai era conhecido pelo "Lutador", e tu, Gonçalo Hermígues, és conhecido por "Traga - Mouros" ! estes, só de pronunciarem o teu nome, tremem dos pés à cabeça "  -  acrescentou um dos companheiros, que continuou: "Eu não sabia que tinhas uma ilustre descendência Templária ...".
Gonçalo Hermígues, sorriu, encolheu os ombros e continuou a sua história:
-          Como ia a dizer, meu pai, o "Lutador", morreu em 1139, na Batalha de Ourique, juntamente com Gonçalo Mendes da Maia, o "Lidador", o qual morreu com 95 anos, a combater os infiéis".
Outro cavaleiro interrompeu, ao dizer:
-          "Vamos falar em coisas mais alegres. Olha lá, "Traga - Mouros", além de bravo guerreiro, também és poeta. Ora canta lá um dos teus poemas ...".
-          "Somos todos ouvidos"  -  concordaram os outros companheiros.
O jovem não se mostrou nada interessado naquilo que os companheiros lhe pediam: "Pois é, amigos, hoje não estou nada inspirado ..."  -  e pondo-se em pé, alertou os outros: "Atenção ! escutem, que vem aí gente a cavalo  -  devem de ser Mouros, por isso escondam-se depressa ...   ... Quem vem lá ?! ... Faça alto ...".
Momentos depois, apareceram quatro cavaleiros mouros ...
Saindo dos seus esconderijos, logo os cavaleiros cristãos cercaram os cavaleiros mouros. Altivamente, Gonçalo Hermigues perguntou ao grupo inimigo:
-          "Quem são vós, e para onde se dirigem ?! ... respondam !...".
-          "Senhor cavaleiro cristão, sou Fátima e estas são minhas servas ...".
Logo os companheiros exaltadamente se expressaram:
-          "São quatro mulheres, Gonçalo Hermígues ! são quatro mulheres que nos caíram do céu ... são um verdadeiro achado ! ...".
Mas o jovem cavaleiro manteve a postura e, calmamente, aconselhou os amigos:
-          "Fiquem de vigia, pois podem aparecer mais mouros"  -  e voltando-se para as jovens, convidou-as: "E vós, donzelas, acompanhem-me à presença do nosso Mestre. Fátima, venha aqui para o meu lado !".
-          "Às suas ordens, cavaleiro cristão !"  -  respondeu-lhe altivamente a bela jovem.
Ao iniciarem a marcha, todas as mouras clamaram: "Que Alá esteja connosco, que Alá esteja connosco ! ...".
Naquela tarde abrasadora do mês de Julho, encontravam-se ainda nos campos de Alcácer do Sal, o carcereiro e a prisioneira, ou seja, Gonçalo Hermígues e a bela princesa moura  -  a Fátima.
-          "Tens um lindo nome, Fátima. Por acaso sabes qual é a origem dele ?"  -  perguntou-lhe Gonçalo Hermígues.
-          "Sei. Fátima era filha de Moomé e esposa de Ali, o que para vós, cristãos, pouco ou nada diz"  -  respondeu-lhe meigamente a jovem.
Encarando a Princesa, o cavaleiro cristão, comovidamente, disse-lhe: "Sabes, Fátima ... tu és tão linda ... fica-me mal dizer-te o que vou dizer, mas estou apaixonado por ti !. Habituei-me à tua companhia, à tua doçura, à tua beleza, que, quando nos separarmos decerto que irei sofrer muito !".
Fátima corou e, apelando para toda a sua coragem, meigamente respondeu-lhe: "Eu também gosto muito de ti, Gonçalo Hermígues. Também te amo muito, e muito te aprecio. Mas tu és cristão e eu sou moura ! ... sinto-me tão infeliz !".
-          "Minha querida Fátima, renuncia à Lei da Mofona, e baptiza-se pela Lei de Cristo !. Pois assim podíamos casar, pois eu amo-te muito !"  -  implorou-lhe o jovem, ajoelhando-se a seus pés.
-          "Por Amor a ti, tudo farei, meu querido Gonçalo Hermígues !"  -  respondeu-lhe a Fátima, apertando-lhe as mãos  -  quero-me baptizar na tua religião, pois quero ser tua esposa !".
-          "Serás a Oriana, a minha querida esposa Oriana !. Depois iremos viver muito felizes para as minhas terras de Ourém, junto onde repousa meu pai ...". 
Oriana morreu poucos anos depois, o que provocou tamanha dor em Gonçalo Hermígues, o "Traga - Mouros", que renunciou ao Mundo, entrando para o Mosteiro de Cister, em Alcobaça.

(Carlos Leite Ribeiro – Maio de 1967)

Ourém
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O nome original deste Concelho foi Abdegas até o século XII. Com a expulsão dos Mouros por Dom Afonso Henriques em 1136, foi alterado para Aurem e finalmente Ourém.
O nome Ourém terá derivado de uma lenda que envolve uma linda moura. Estando apaixonada pelo cavaleiro templário Gonçalo Henriques, a moura converteu-se ao cristianismo e tomou o nome de Ouriana.
Auren era o nome do castelo que, em 1136, D. Afonso Henringues tomou aos mouros. Em 1180 foi concedido o primeiro foral dado por D. Teresa, filha do rei conquistador. O Conde Andeiro, segundo Conde de Ourém, foi o responsável pela assinatura do Tratado de Aliança entre Inglaterra e Portugal, em vigor até aos nossos dias.
D. Nuno Álvares Pereira, terceiro Conde de Ourém, foi o homem que em 1385 garantiu a independência de Portugal quando conseguiu uma espectacular vitória na grandiosa Batalha de Aljubarrota. A derrota do exército castelhano, cinco vezes maior que o português, inscreveria para sempre o seu nome nos anais da história de Portugal.
O quarto conde de Ourém, D. Afonso, instalou a sua corte na localidade. Com as muralhas e torreões que mandou erguer protegeu o burgo e o seu paço. A Colegiada de Nossa Senhora da Misericórdia congregou as quatro paróquias do burgo, em 1445. Após o terramoto de 1755 e com as Invasões Napoleónicas, começa a delinear-se a nova localidade, no vale. A então freguesia independente de Aldeia da Cruz viria a ser a futura sede do concelho, com o nome de Vila Nova de Ourém. Em 2001, passou a ser cidade, com o nome de Ourém.
Em 1917, altura das aparições de Nossa Senhora em Fátima para os três pastorinhos, na Cova da Iria, o Concelho tomou novo impulso económico, em virtude em especial das romarias que tem atraído milhares de fiéis todos os anos.

Texto de Salomé Joanaz e Renato Soares especialmente para o regiaocentro.net

SERRA DE AIRE AO AGROAL

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A Serra de Aire limita o concelho a sul. A presença de grandes afloramentos calcários e de uma flora autóctone única permite que seja uma área protegida e integrada no Parque Natural das Serras de Aire Candeeiros (PNSAC).
Nesta serra quase tudo é pedra que se eleva em cumes agrestes cobertos de vegetação rasteira e oliveiras. Os matos permitem também a presença de falcões e águias que por ali voam e caçam livremente.
O verde da vegetação é interrompido pelos muros de pedra que dividem as propriedades e que serviram para limpar o terreno para que pudesse ser usado na agricultura. Estas construções resultam num rendilhado onde o verde das culturas contrasta com o cinza das pedras.
Para quem passeia na Serra de Aire é imprescindível visitar as aldeias de pedra como Casais Espertos, Casal Farto, Maxieira, Sobral, Poleiros e Vale Figueira. Seguindo a direcção de Ourém, em pleno planalto (com muitas geutase covas abertas pela água) onde os socalcos se sucedem e começa os vinhedos de Atouguia, há uma série de vales profundos que impressionam pela dimensão: Vale da Fonte, Vale das Queimadas e Vale da Chita (próximo da estrada que segue para Fátima).
A bacia de Ourém contrasta com a serra e o Planalto. Ali a fertilidade dos campos é usada há centenas de anos. A breve calmia das paisagens é interrompida por pequenos morros cobertos de pinhal. Os vales são sulcados pelos riachos e ribeiras que desaguam no rio Nabão.
Seiça é uma localidade com a presença antiga de fidalguia e casas grandes. Cresce em redor da Ermida de Santa Maria onde, segundo a tradição, se ajoelhou a rezar D. Nuno Álvares Pereira antes e depois da Batalha de Aljubarrota. Há também várias quintas nobres que floresceram em Norte, Alcaidaria, Olaia, Seiça e Sorjeira. algumas foram recuperadas para turismo. Não esquecer a Ribeira de Seiça envolvida por Ourém e pela própria localidade de Seiça.
Contornando-se o Alto da Pimenteira e descendo pelos vinhedos que se estende ao longo da encosta de Gondomaria chega-se ao Vale da Ribeira de Gondemaria. As encostas vinhateiras são produtoras daquele que é considerado o melhor vinho da região. É possível prová-lo na Adega Cooperativa de Ourém, na localidade de Casal de Frades.
Há duas aldeias também dignas de visita: Soutaria e Tomaréis que se situam neste vale, próximas das ribeira de Olival. Também a Ermida de Nossa Senhora da Conceição fica nas proximidades da ribeira. Apresenta um arco triunfal por onde se faz a passagem para o altar-mor, no qual estão visíveis frescos que representam Santo Agostinho e Santo Ambrósio. Quando se sobe em direcção à nascente da Ribeira de Olival, começa a ser possível assistir a uma abertura na paisagem. No alto de Óbidos e Aldeia Nova é possível ver belos panoramas. De seguida porque não seguir viagem até aos vales das ribeiras de Salgueira ou Fárrio. As usas encostas revestem-se de frondoso pinhal. Nas zonas ribeirinhas desde Casal dos Bernardos até Rio de Couros estendem-se os milheirais e hortas viçosas. Em Rio de Couros havia a tradição de cozer o pão no forno comunitário. Cozia-se também o "Bolo da Senhora" que era distribuído no dia da festa.
A nascente e o vale da Ribeira de Espite estão protegidos por pinhal, de onde correm mais algumas ribeiras e riachos e as fontes da Ribeira de Urqueira
Caxarias tem a sorte de ser uma povoação banhada por dois cursos de água. Dali também se chega rapidamente ao Nabão. Segue-se ao seu lado até se encontrar Freixianda cheia de contrastes provocados pela vegetação e pelas hortas de milho, pelas vinhas e pelos olivais que dão azeite puro, em Formigais. O rio corta escarpas calcárias e segue caminho até ao local do Agroal. Aqui, bem no leito do rio uma fonte de águas termais mineralizadas e frias brota para curar doenças de pele.
Texto de Salomé Joanaz especialmente para o regiaocentro.net

 

Rio Maior – (Concelho do Distrito de Santarém)

 

 

Povoação antiga, foi em 1177 doada à Ordem dos Templários por Pêro de Aragão e sua mulher; elevada à categoria de vila em 1836 no reinado de D. Maria ll.
Origem do nome:
»Da, Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira»: “As origens de Rio Maior são bastantes imprecisas. É evidente que a região foi habitada por povos pré-históricos como se verificou com as descobertas arqueológicas feitas nas grutas de Nossa Senhora da Luz. Apareceram 25 crânios, guardados hoje no Museu Etnológicos e classificados como neolíticos (Dr. Manuel Heleno e Prof. Obermaier). Numa outra gruta, mais moderna, foram encontrados machados polidos, braceletes, sílices, vasos, mós manuais, furadores de osso, de setas de marfim e pedra e alguns crânios. Os vestígios da ocupação durante a denominação romana também são muito abundantes. Nuns terrenos entre o cemitério e o leito do rio, apareceram colunas bem trabalhadas e mosaicos de uma vila romana. Encontram-se ainda fornos para fundição de metais, canalização, sepulturas, restos de muralhas, silos, e muitos objectos de fabrico e uso romano.
É natural que já então se explorassem as salinas e os metais, exploração que teria fixado um importante núcleo populacional. O povoado, no entanto, perdeu-se por completo. Só muito mais tarde se criou uma pequena aldeia na margem direita do rio, que lhe deu nome, depois transferida a pouco e pouco, para a margem oposta”.

Rio Maior
http://www.regiaoderiomaior.pt/histactual.htm

Da Pré-História à Ocupação Romana - Remontando a tempos pré-históricos, sabe-se que o Mar Terciário cobriu parte da região de Rio Maior, como o testemunha a existência de sal-gema no subsolo, os calcários, os fragmentos de grandes vertebrados, e todo o notável espólio pré-histórico das inúmeras estações arqueológicas do concelho, que fazem de Rio Maior uma referência nacional e internacional neste particular (são importantes as estações da Quinta da Rosa, Teira, Senhora da Luz, de Azinheira e de Arruda dos Pisões). 
Qualquer estudo de Pré-História na Península Ibérica, terá que passar sempre pelo imenso espólio existente na região de Rio Maior. Por outro lado, as características do subsolo da região, levam a pensar que esta terá sido profundamente atingida pelas grandes transformações sofridas na crosta terrestre, como o comprovam também as diversas falhas tectónicas na zona da Serra dos Candeeiros, e o vale tifónico da Fonte da Bica.
É perfeitamente natural que Rio Maior tenha sido uma região habitada desde sempre pelo Homem, uma vez que aqui sempre houve bastante caça, água, solos férteis, abrigos de defesa naturais (como a serra), um microclima ameno e sobretudo ricos filões de sílex, sendo que este último era indispensável para o fabrico de utensílios. Há pois vestígios de povoamentos muito remotos nesta região, desde o Paleolítico, passando pelo Neolítico, até à Ocupação Romana e Árabe.
O Castro de S. Martinho é um exemplo disto, sendo ainda de assinalar alguns fustes, mosaicos romanos, ruínas, restos de muralhas e vestígios de fundição de metais. Relativamente à fundição de metais, subsiste ainda hoje um túnel de tijoleira denominado «Buraca da Moura», que teria servido para a canalização de águas para uma fundição do tempo dos Romanos.
Próximo do cemitério da cidade, existem belos mosaicos de uma Villa Romana, onde se acharam colunas trabalhadas e em especial uma estátua de Ninfa Adormecida, descoberta em 1991 no decurso de escavações arqueológicas. Esta estátua encontra-se no hall de entrada do edifício dos Paços do Concelho. A existência desta Villa Romana já era referida nos finais do século XIX. Sabe-se que a povoação de Rio Maior desenvolveu-se primitivamente na margem direita do rio que lhe dá o nome, passando a pouco e pouco para a margem esquerda, onde actualmente está implantado o grosso da estrutura urbana da cidade.
O rio Maior, em cuja nascente existiu um «concheiro» e um povoado, é um afluente do Tejo, e consta-se que há alguns séculos atrás este rio tinha um caudal e um leito muito maior que o actual, tendo sido navegável até aos finais do século XIX, o que talvez justifique a desproporcionalidade do seu nome actualmente. A própria Ermida de S. Francisco de Assis, da Vila da Marmeleira, foi construída  a 97 metros de altitude, para que os fiéis não ficassem privados do culto, por causa das enormes cheias do rio Maior, que inundavam grandes extensões da zona de S. João da Ribeira ainda em finais da Idade Média. 
Em termos de património cultural, há a considerar alguns Monumentos Nacionais, como o Pelourinho de Azambujeira (de forma fálica, datado do século XVII) e a Gruta Sepulcral de N. Srª da Luz, que se situa no limite Oeste do concelho, junto à estrada que liga Rio Maior às Caldas da Rainha. Igualmente importante é a Gruta das Alcobertas (ocupada pelo Homem há cerca de 15 000 anos), na aba da Serra dos Candeeiros e o Dólmen da mesma povoação, monumento megalítico do Neolítico Final, convertido em ermida e posteriormente em capela. Quer na Gruta Sepulcral de N. Srª da Luz, quer na Gruta das Alcobertas, há indícios de ocupação humana de primitivas civilizações, e das suas manifestações fúnebres. Próximo destas zonas e por todo o concelho, foram descobertos inúmeros artefactos datados de diferentes épocas históricas, estando alguns dos quais depositados e «encaixotados» no Museu Etnológico Dr. Leite de Vasconcellos, em Lisboa, actualmente denominado Museu Nacional de Arqueologia.

Da Ocupação Romana à Época Moderna - A notícia mais antiga que se conhece sobre Rio Maior, é uma venda de Pero d`Aragão (ou Baragão?) e sua mulher Sancha Soares à Ordem dos Templários, "da quinta parte que tinham no poço e salinas de Rio Maior" que, com mais de oitocentos anos de existência, continuam a ser o ex-líbris do concelho. Este documento data de 1177, por alturas da Reconquista Cristã, e está escrito em latim, sabendo-se igualmente que, já nessa altura a Ordem do Hospital detinha também algumas marinhas.
As salinas naturais distam 3 Km da cidade de Rio Maior, e têm a sua origem numa mina de sal-gema (a mais importante da Península Ibérica), explorada ainda hoje artesanalmente. As salinas situam-se num extenso vale próximo da Fonte da Bica num lugar denominado Marinhas do Sal. Ao longo da História de Portugal, Rio Maior sempre foi um importante ponto de passagem, pois segundo conta a tradição, já D. Afonso Henriques por aqui tinha passado com o seu exército, aquando da conquista de Santarém aos mouros. A prová-lo está a descoberta arqueológica nesta região, de moedas cunhadas pelo Conquistador. Durante muitos séculos as Ordens de Avis e de Cister foram proprietárias de inúmeros coutos nesta zona, especialmente a ordem francesa, a qual também explorou sal nas referidas marinhas.
Para além da já referida extracção de sal, há muitos vestígios de exploração mineira na região de Rio Maior, que juntamente com Campolide, possui os mais antigos vestígios de mineração na História de Portugal, se assim se pode dizer. Com efeito, esta exploração já vem de tempos pré-históricos, além de que os Romanos instalaram centros metalúrgicos em Rio Maior, tradição que se terá mantido até aos séculos XIII-XIV. Nos Coutos de Alcobaça eram tradicionais os trabalhos de ferragem, para o fabrico de instrumentos agrícolas, pelo que, ao que tudo indica, na zona  de Rio Maior teriam existido fundições metalúrgicas e até mesmo mineração de ferro. 
Relativamente à Ocupação Árabe, poucos ou nenhuns registos ficaram na zona de Rio Maior. Contudo, sabe-se que esta região fez parte da província sarracena de «Belatha». Da presença muçulmana nesta terras, apenas sobram as Picotas das Marinhas do Sal (cópias das suas antepassadas) e uma Torre Mourisca em São João da Ribeira, já muito adulterada ao longo dos séculos. Para além disto, há ainda a toponímia (localidades cujo nome começa por «AL»), e suspeita-se de que terá existido um castelo mourisco, que foi destruído em 1878, para a construção de uma escola primária [!]. 
Ainda no que concerne à Idade Média, consta-se que também o Conde Andeiro esteve em Rio Maior, onde teria sido forjado um plano para o seu assassinato, uma vez que a Rainha D. Leonor Teles, sua amante, se encontrava hospedada no Paço da localidade. Sabe-se igualmente que D. Fernando frequentou Rio Maior nas suas caçadas e que para aqui se retirava com a sua família. Também o Infante D. Pedro, Duque de Coimbra, reuniu o conselho e deu descanso às suas tropas em Rio Maior, quando se dirigia para a Batalha de Alfarrobeira.  
Infelizmente, Rio Maior não é muito pródigo em monumentos representativos do seu passado, inclusivamente em matéria religiosa, e mesmo a documentação existente é escassa. Sabe-se que alguns monarcas interessaram-se pelo desenvolvimento da localidade, nomeadamente D. José I e o Marquês de Pombal. Pelas suas influências, e a pedido da população, foram construídos edifícios (o Hospital da Misericórdia, por exemplo) e foi criada pelo Rei uma feira anual (em 1761), que ainda hoje se mantém, tendo a denominação de Frimor - Feira Nacional da Cebola, realizando-se na altura a meio do mês de Setembro. Esta feira já funcionava anteriormente como uma feira franca. Actualmente a Feira Nacional da Cebola realiza-se na primeira semana de Setembro, mas perdeu alguma importância, tendo sido suplantada pela Feira das Tasquinhas, consagrada à gastronomia, artesanato e doçaria. Este certame realiza-se durante 10 dias, no mês de Março.

Da Época Moderna ao século XX - Os séculos XVIII e XIX riomaiorenses são um pouco mais ricos. Os Franciscanos Arrábidos fixaram-se em Rio Maior, aqui construindo um hospício em 1763, que veio mais tarde a ser o edifício dos Paços do Concelho (entretanto demolido há alguns anos, sendo substituído pelo actual edifício da câmara, que foi inaugurado em 1992). De destacar o impacto sofrido na região, aquando das invasões napoleónicas, nomeadamente a terceira, comandada por Massena, uma vez que todo o concelho esteve submetido às consequências da guerra, ou não estivesse no caminho das Linhas de Torres. Sabe-se que em Março de 1811 uma força de 5 000 soldados franceses comandados por Junot defrontou-se com as tropas anglo-lusas à entrada de Rio Maior, num violento recontro de artilharia, de que resultaram ferimentos graves para o general francês. Em Rio Maior também esteve D. Miguel, num período conturbado da História de Portugal, onde teve conhecimento do resultado da Batalha de Almoster. Aqui ocorreram muitas disputas entre Liberais e Miguelistas. 
O século XX foi o da consolidação de Rio Maior enquanto sede de concelho, tornando-se cada vez mais num núcleo populacional hegemónico, ao mesmo tempo que os meios rurais viam decrescer a sua importância, nomeadamente a Azambujeira e a Vila da Marmeleira. Na base disto, esteve naturalmente a concentração dos serviços da administração pública em Rio Maior, e o desenvolvimento do seu tecido económico e social.
Além do mais, em termos populacionais Rio Maior sempre esteve em lugar de destaque, relativamente à Azambujeira e outras povoações, como o comprovam os censos realizados em 1527, 1758, 1864 até à actualidade. A outro nível, a história contemporânea de Rio Maior é vital para se compreender os caminhos tomados por Portugal no pós 25 de Abril de 1974, aqui tendo ocorrido importantes factos de natureza política, muitos deles ainda por estudar.
O concelho de Rio Maior caracteriza-se pela sua beleza paisagística, enquadrado a Norte pela Serra dos Candeeiros (613 metros de altitude), possuindo também vastos pinhais e bosques. É atravessado pelo rio Maior, que deu o nome à localidade, pese embora actualmente seja um rio com reduzido caudal e leito. Trata-se de um afluente do rio Tejo, com 54 Km de curso, 26 dos quais só no canal da Vala de Azambuja. Este rio nasce num pitoresco sítio denominado «Bocas», a Oeste da cidade de Rio Maior. Neste local - um desfiladeiro - realiza-se todos os anos o piquenique do Dia de Bom Verão. Para além do mais, o concelho de Rio Maior tem um subsolo extraordinariamente rico, nomeadamente em lignite (carvão de madeira), tendo de resto as maiores reservas existentes em Portugal.
Aliás, desde o início do século até 1969, foi explorada em grande escala a Mina do Espadanal, que marcou indelevelmente durante décadas o período mineiro de Rio Maior. De resto, a empresa mineira (EICEL), nos anos cinquenta e sessenta chegou a ter um ramal ferroviário privado até ao Vale de Santarém, para o transporte do carvão. O antigo cais da mina situava-se no pavilhão onde actualmente funcionam as duas feiras anuais de Rio Maior (o actual Pavilhão Multiusos foi construído sobre este mesmo cais).
A mina funcionou em pleno entre os anos 40 e 50, em virtude da grande falta de combustíveis durante a 2ª Guerra Mundial. Para Rio Maior vieram muitos mineiros de outros pontos do país, os quais em grande parte acabariam por ficar aqui, deixando descendentes que hoje são comuns cidadãos riomaiorenses. As minas de lignite de Rio Maior foram decisivas para o desenvolvimento da sede de concelho e da região, e "alimentaram" importantes industrias nacionais como a Companhia União Fabril.

As Origens do Concelho de Rio Maior - As origens do concelho de Rio Maior são um tanto imprecisas. O município de Rio Maior foi criado por decreto de 6 de Novembro de 1836, sendo então a localidade elevada a sede de concelho. Rio Maior nunca teve foro de vila, tendo antes pertencido ao concelho de Azambujeira até à extinção deste, em 1834, por decreto de D. Maria II, aquando das reformas administrativas desencadeadas por Passos Manuel. Foi no reinado da mesma D. Maria II, que Rio Maior foi efectivamente elevada ao estatuto de vila e sede de concelho, tendo sido o seu primeiro administrador José Henriques de Carvalho.
Ainda antes de Rio Maior se tornar concelho, após a «despromoção» de Azambujeira em 1834, Rio Maior pertenceu ao concelho de Santarém, situação que duraria apenas dois anos. Note-se que, o concelho de Azambujeira havia sido criado por D. João IV em 1654, o qual também concedeu o título de vila à localidade, que no entanto - tal como Rio Maior - nunca teve foral, sempre se regendo pelo de Santarém.
O concelho de Rio Maior abarca uma área de 277, 40 Km2 (4,18% do Distrito de Santarém), compreendendo 77 lugares e 14 freguesias, a saber: Alcobertas, Arrouquelas, Arruda dos Pisões, Asseiceira, Assentiz, Azambujeira, Fráguas, Malaqueijo, Marmeleira, Outeiro da Cortiçada, Ribeira de S. João, Rio Maior, S. João da Ribeira e S. Sebastião. A maior freguesia é a da sede de concelho, ocupando uma área de 90,696 Km2. As freguesias fundadoras do concelho de Rio Maior, foram Abitureiras (hoje pertencente a Santarém), Arruda dos Pisões, Azambujeira, Outeiro da Cortiçada, São João da Ribeira e Rio Maior.
O concelho de Rio Maior faz parte do distrito de Santarém, e é comummente considerado como pertencente ao Ribatejo, pese embora o facto de metade da área do concelho, na parte Oeste, incluír-se na Estremadura. Daqui nasce uma área de transição entre as influências do Ribatejo e do litoral Oeste, denominado por "Estremadura Ribatejana". Rio Maior é Comarca e pertence à Diocese de Santarém, sendo o seu feriado municipal a 6 de Novembro. O concelho tem perto de 20 mil habitantes, sendo que a sede tem cerca de 10 mil habitantes, tendo sido elevada à categoria de cidade por Lei de 14.8.1985. 
A cidade de Rio Maior situa-se nas coordenadas 39º 20` de latitude Norte e 8º 53`2 de longitude Oeste. A localidade dista 80 Km da capital, 30 Km de Santarém e 20 Km das Caldas da Raínha. O concelho de Rio Maior faz limite com os concelhos de Alcobaça e Porto de Mós (a Norte), Caldas da Rainha e Cadaval (a Oeste), Santarém (a Leste) e Azambuja (a Sul).
As aldeias e os lugares mais importantes da freguesia de Rio Maior são Anteporta, Alto da Serra, Arco da Memória, Azinheira, Bairradas, Cidral, Carvalhais, Boiças, Fonte da Bica, Freiria, Lobo Morto, Marinhas do Sal, Pé da Serra, Vale de Óbidos, Venda da Costa, Quintas e Abuxanas. O orago de Rio Maior é Nossa Srª da Conceição, sendo que a freguesia anteriormente denominava-se Nossa Srª da Conceição de Rio Maior, pertencendo ao priorado da Ordem de Avis. No total, a freguesia de Rio Maior tem perto de 12 mil habitantes.

Rio Maior na actualidade - O concelho de Rio Maior tem uma densidade populacional de 73 habitantes por Km2, no entanto na sede de concelho esse número é ainda mais elevado, em face da concentração populacional ser aí mais forte (tem metade dos habitantes do concelho). 65% da população tem mais de 25 anos, pelo que começa a denotar-se uma certa tendência para o envelhecimento da mesma. 
A população activa do concelho (cerca de 8 000 pessoas) está distribuída pelos três sectores da economia, sendo que uma parte importante dedica-se à agricultura, seguida de perto pelo comércio (com saliência para a área dos serviços) e pequena indústria. A agricultura continua a ter um forte peso na estrutura económica e social do concelho, destacando-se as produções de tomate (horticultura), vinho, maçã, pêra, milho, trigo e azeite.
O município vive essencialmente dos rendimentos desta actividade, especialmente da agro-pecuária (é um dos maiores produtores nacionais no sector da suinicultura, a par do Montijo e de Famalicão), para além da avicultura, sector igualmente florescente no concelho. Ao todo, Rio Maior tem mais de 300 empresas, e quase 400 estabelecimentos.
Rio Maior possui também conceituadas indústrias alimentares de transformação de carnes, destilarias de vinho, indústrias de rações para animais e indústrias de madeira e de cerâmicas, todas elas de considerável dimensão. Actividades importantes são também a construção civil, a indústria metalomecânica (de construção de basculantes), na qual Rio Maior ocupa lugar de destaque a nível nacional, e as indústrias extractivas de caulinos, matérias inertes (pedreiras) e areias especiais (sílica). Aliás, Rio Maior possui as maiores reservas de areias especiais em Portugal, que estão em grande parte ainda por explorar.
Actualmente o concelho debate-se com a necessidade de importantes reformas económicas, tendentes à fixação das populações e à garantia de emprego aos jovens, de modo a evitar a sua saída precoce para outras regiões, pese embora a taxa de desemprego do concelho seja relativamente baixa. A cidade está relativamente bem equipada no que concerne a infra-estruturas públicas e sociais (tem 85 quilómetros de estradas municipais e 48 de caminhos municipais, para além de diversos edifícios da administração pública e autárquica), mas denota problemas de crescimento económico, no âmbito do sector privado, mormente na área da indústria pesada, praticamente inexistente no concelho.
Uma explicação para esta situação, pode ter sido o não aproveitamento de oportunidades únicas de construção de grandes estruturas industriais, que foram desperdiçadas ao longo de vários anos. Para Rio Maior esteve para vir uma grande central termoeléctrica, uma fábrica de automóveis, uma fábrica de cerveja e mais recentemente os depósitos da Petrogal, que foram retirados de Lisboa, da zona onde se realizou a Expo 98. 
Actualmente Rio Maior é conhecida como "a Cidade do Desporto", em função da forte aposta feita neste sentido pela edilidade local, governada há quase duas décadas pelo socialista Silvino Sequeira. Em face disto foram construídas inúmeras infra-estruturas desportivas, desde um Pavilhão Polidesportivo (com capacidade para 3 500 espectadores), piscinas, pista de atletismo de tartan e um campo de futebol relvado (Estádio Municipal) e ainda vários outros campos relvados (naturais e sintéticos), para além do Centro de Estágios e Formação Desportiva, estando inclusivamente a funcionar em Rio Maior uma delegação do Instituto Politécnico de Santarém, através da Escola Superior de Desporto de Rio Maior.  
Neste momento, para além da consolidação da aposta no sector do desporto, o grande desafio para o concelho de Rio Maior é o desenvolvimento económico da sua Zona Industrial através da implementação do Parque de Negócios de Rio Maior (em cooperação com o Nersant), por forma a mudar a face de um concelho até agora marcadamente agrícola e comercial, demasiadamente dependente de Lisboa, Caldas da Rainha e Santarém. Ainda entre os vários indicadores sociais, deve referir-se na área da educação, a taxa de analfabetismo (da ordem dos 16,21%); o número de escolas (73) e o número de alunos (3 347). Na área da saúde, o concelho tem 11 estabelecimentos, e é servido por 18 médicos.

 

Salvaterra de Magos – (Concelho do Distrito de Santarém)

 

 

Foi povoada por D. Dinis a partir de 1295, ano em que lhe foi concedido o primeiro foral renovado por D. Manuel l em 1517. D. João lll doou-a a seu irmão D. Luís, que mandou edificar um palácio por onde passaram entre 1763 e 1791, as maiores figuras líricas da época da dinastia de Bragança. A Corte deslocava-se com frequência a Salvaterra, nomeadamente no reinado de D. Maria lª. O que atraia os reis para esta região, era bem recheada Coutada Real, local de contínuas caçadas.
Foram senhores da vila, sucessivamente ao Infante D. Fernando, filho de D. João l; a Rodrigo Afonso e Pedro Correia e a D. Nuno Manuel, Guarda Mor do rei D. Manuel l, cuja família se manteve até 1542.
Origem do nome:
«Das, Memórias Paroquiais “O Arqueólogo Português – 1902»: “É o nome desta terra Salvaterra de Magos, cujo nome e cognome, há notícia que o tomou dos feiticeiros que antigamente vieram desterrados para esta terra; porque segundo narram os mais antigos, eram estas partes uma montanhas, para as quais mandavam os Ministros de Santo Ofício os feiticeiros, bem como agora os mandam para Castro Marim, e como o degredo para esta terra os livrava daqueles cárceres, estes mesmos lhe chamavam terra salva; sendo as primeiras partes aonde se viram casas em esta terra feitas pelos tais, em sítio a que chamam Magos por neste sempre lá assistirem, ficando por esta causa chamando-se Salvaterra de Magos (Tomo XXXlll, fl 231)”.
«Do Domingo Ilustrado – 1900»: "O nome Magos provém de um paul que D. João lV mandou abrir na localidade, pelo ano de 1656. Devemos todavia notar que essa palavra deriva do termo Majus com que na Pérsia se designam os filósofos. Os Magos formavam uma seita de adoradores do Fogo, e tiveram por fundador ou reformador Zoroastro. Os sacerdotes deste culto eram muito instruídos em astronomia, e levavam vida tão moral quanto o permitiam os costumes do tempo …
Em antigo português empregava-se a palavra mógós para indicar os marcos que limitavam qualquer propriedade ou território. Admitindo a primeira origem, teremos em uma antiguidade quase fabulosa, a fundação desta vila. Não há notícias que o afirmem ou contradigam, e consequentemente temos de suspender o juízo.
Se adoptarmos a segunda hipótese, teremos de optar por uma origem muitíssima mais próxima de nós, e atribuiremos a sua fundação a el-rei D. Dinis no ano de 1215”.
«Xavier Fernandes em Topónimos e Gentílicos (1944)»: “Por um lado, ignoramos a relação que possa haver entre o vocábulo Magos e qualquer paul; por outro lado, é bem patente que aqueles Majus deve ser o latim magu ou o grego Magos, com que era designado qualquer antigo sacerdote persa, não havendo também maneira de o relacionar com os Magos da vila ribatejana, pois, pelo menos, não existe indício histórico que a autorize; ainda por outro lado, Magos, transformação de mogo, marco divisório para limite de terrenos, oferece algumas probabilidades de aceitação, pois o facto, a vogal “o”, em sílabas sucessivas, pode mudar para “a” por dissimilação, mas este étimo não pode ser aceite incondicionalmente, sem que elementos subsidiários doutra natureza nos levem à mesma conclusão. Tratar-se-á, porventura, do mesmo nome gótico, Magus, adolescente, rapaz, a propósito do topónimo Maga?”
 
Salvaterra
http://www.cm-salvaterrademagos.pt/salvaterra/htm
Pré-História
Paleolítico
Durante milhares de anos, o Homem viveu com base numa economia de recolecção, caçando, pescando e recolhendo o que a natureza lhe dava.
O paleolítico é o mais antigo e o maior período da história humana. Este é caracterizado por um sistema em que o Homem vivia organizado socialmente em bandos, abrigando-se em cavernas ou em acampamentos ao ar livre.
No concelho de Salvaterra de Magos, devido à sua localização geográfica, com inúmeras linhas de água (Ribeira de Muge, Ribeira do Vale Zebro, Ribeira da Glória e o Paúl de Magos), verifica-se uma ocupação muito intensa, com inúmeros vestígios do paleolítico.
As estações arqueológicas mais importantes no concelho, onde se verifica uma ocupação mais intensa ocorre em Muge e Granho (terraços da Ribeira de Muge), nos Ramalhais, próximo do Paúl de Magos e em vários locais na freguesia da Glória do Ribatejo.
Das investigações realizadas, verifica-se uma ocupação muito intensa e constante, que vai do paleolítico inferior ao paleolítico superior, com produção de inúmeros instrumentos tais como bifaces, unifaces, lascas entre outros instrumentos.
Mesolítico
O termo mesolítico deriva do termo grego "mesos" = no meio e "litíco"= pedra, é portanto o período de transição do paleolítico para o neolítico.
As primeiras estações arqueológicas conhecidas em Portugal, atribuídas ao período do mesolítico, foram descobertas em 1863, por Carlos Ribeiro, e são conhecidas por concheiros.
Os concheiros são sítios de habitat, cuja a principal característica consiste numa concentração invulgar de conchas, originando pequenas colinas artificiais, que se destacam na paisagem.
No concelho de Salvaterra de Magos, foram identificados dois núcleos distintos de concheiros: Ribeira de Muge e Paúl de Magos.
No primeiro local assinala-se os concheiros do Cabeço da Amoreira, Cabeço da Arruda, Moita do Sebastião e Fonte do Padre Pedro, entretanto já destruído para colocação de uma vinha. Em relação ao Paúl de Magos, destaca-se os concheiros da Cova da Onça, Cabeço dos Môrros, Magos de Baixo e Magos de Cima, estes últimos foram destruídos na década de 40, quando se iniciaram os trabalhos de construção da Barragem de Magos.
O denominado Complexo Mesolítico de Muge, que engloba os concheiros de Muge e do Paúl de Magos, constituem uma das mais importantes estações arqueológicas do mesolítico de toda a Europa, todos manuais de qualquer estudante de arqueologia trazem uma referência aos concheiros existentes no Concelho de Salvaterra de Magos, devido ao seu incalculável valor científico.
Desde os finais do séc. XIX, até à actualidade, são inúmeros os trabalhos científicos realizados por académicos ou investigadores sobre os concheiros de Muge .
Actualmente os concheiros Cabeço da Amoreira, Cabeço da Arruda e Moita do Sebastião, foram classificados de Monumento Nacional.
Neolítico
Neste período histórico, verifica-se a sedentarização do Homem, graças à descoberta da agricultura, assiste-se ao abandono de uma vida nómada, em que a economia se baseava na caça e recolecção.
No concelho de Salvaterra de Magos, as estações arqueológicas atribuídas a este período, estão essencialmente localizadas na freguesia de Muge. Esta ocupação deve-se à riqueza dos solos e à necessidade do seu aproveitamento para agricultura.
De entre os vários locais estudados, na freguesia de Muge a ocupação mais intensa ocorre nas ribeiras do Coelheiro e ribeira do Vale de Lobos.

Período Romano
A partir de meados do séc. IV a.C., surge uma nova potência: Roma. Após um desenvolvimento sob a áurea da civilização etrusca, o império romano começa a alargar o seu domínio para territórios vizinhos. A sua influência inicialmente estendeu-se para o Mediterrâneo Oriental e Ocidental, depois Norte de África e por fim para Norte em direcção da Europa Central e Leste e à península ibérica.
No concelho existem vários vestígios da presença romana, contudo o local onde apresenta maior ocupação, é o Porto de Sabugueiro na freguesia de Muge.
O primeiro autor a referir-se ao Porto de Sabugueiro, como uma estação romana foi Mário de Saa , que visitou o local, onde encontrou várias entulheiras de material romano, ainda segundo este autor, o local teria sido um importante porto de navegação no período romano.
Na década de 50, quando a Casa Cadaval (detentora do terreno), procedia à abertura de uma covas para plantação de uma vinha, foram descobertos vários materiais romanos tais como um mosaico, restos de ânforas e um forno, assim como outros materiais. Estes trabalhos foram dirigidos por Bairrão Oleiro e Jorge Alarcão .
Com base na descoberta de um forno de cerâmica, este local foi novamente sujeito a escavações arqueológicas, na década de 80, por Guilherme Cardoso, sem contudo obter resultados muito satisfatórios, para além da identificação das entulheiras respeitantes ao forno.
Em conclusão, o Porto de Sabugueiro apresenta-se como uma estação arqueológica de grande importância no contexto arqueológico do estuário do Tejo.

Época Medieval
Atribuição de Cartas de Forais e de Privilégios
A região onde Salvaterra de Magos se veio a implementar e a desenvolver, principalmente a partir de finais do Séc. XIII, constituía já nas décadas anteriores um espaço privilegiado de ocupação humana e de produção cerealífera. Segundo Oliveira Marques, as margens irrigadas do rio Tejo que ciclicamente transbordava, permitia uma grande fertilidade nos campos, que eram intensamente cultivados com cereais, muito consumidos no período medieval.
D. Dinis outorga em 1 de Junho de 1295, o Foral a Salvaterra de Magos. Este monarca também ficou para a história de Portugal como o rei que mais forais outorgou, trata-se portanto de uma política que consistia em ocupar zonas despovoadas, assim como permitir aos futuros moradores destas zonas arrotear e cultivar estes terrenos, e criar locais de culto. Está bem explicito no Foral de Salvaterra de Magos que os futuros moradores deste local deveriam ter um lugar para o culto, é deste forma que surge a Igreja Matriz.
Ainda no reinado de D. Dinis, em 1304, este monarca outorga a Muge Carta de Foral.
Salvaterra de Magos, estava localizada a meio caminho entre Lisboa e Santarém, com o rio Tejo a seus pés, possui enormes campos férteis, permitindo o desenvolvimento da agricultura e da criação de gado, duas actividades que ainda hoje marcam a vila.
No reinado de D. Pedro I, este monarca está associado ao aparecimento da Glória do Ribatejo, como núcleo urbano, ao atribuir a este local em 1362 Carta de Privilégios, permitindo tal como os Forais de Muge e Salvaterra de Magos, que esta zona também fosse povoada e se implementasse a agricultura.
Num espaço de 70 anos, houve 3 localidades que receberam um conjunto de privilégios, numa estratégia política de povoar estes locais outrora ermos e desabitados.
Tratado de Salvaterra de Magos
Ainda no período medieval, no reinado de D. Fernando, regista-se em Salvaterra de Magos um acontecimento que irá marcar o Reino de Portugal - o Tratado de Salvaterra de Magos.
Este Tratado ocorreu nesta vila, a 2 de Abril de 1383, onde ficou acordado que a D. Beatriz (filha de D. Fernando I) casaria com o D. João I de Castela. Com a morte de D. Fernando I, Portugal mergulha numa crise de sucessão, na qual o D. João I de Castela queria usurpar o trono português.
Este acontecimentos ficaram marcados na crise de 1383-85, com a Batalha de Aljubarrota, em que Portugal em menor número de tropas mas com o apoio dos ingleses desenvolve uma estratégia que acaba por derrotar os Castelhanos. Desta crise sai como vencedor o Mestre de Avis - D. João I.

Época Moderna e Contemporânea
Paço Real de Salvaterra de Magos
A construção de um Paço Real em Salvaterra de Magos, foi por certo um dos acontecimentos mais importantes e significativos nesta vila, dado que muito contribuiu para a fixação da Família Real, e foi um grande pólo de índole cultural.
A construção do Paço deve-se ao Senhorio da Vila o Infante D. Luís, filho de D. Manuel I, cujo a orientação das obras teve a cargo do arquitecto Miguel da Arruda.
Ao longo dos séculos, este Paço sofreu inúmeras alterações, no reinado de Filipe I, procedeu-se ao arranjo dos jardins, mais tarde com o monarca D. Pedro II, prosseguem as obras de pintura dos tectos do Paço.
A época áurea do Paço decorre no reinado de D. José I, nos primeiros anos da década de 50, em que um vasto plano de remodelação e ampliação se inicia, incluindo a construção de uma Casa de Ópera.
Esta Casa de Ópera, ou também denominado Real Teatro de Salvaterra, foi inaugurado a 21 de Janeiro de 1753 com a Ópera "Didone Abandonata". Diversas representações, dramas sérios ou jocosos, foram aqui apresentados com grande êxito cénico e musical, sempre no Inverno quando a Família Real permanecia em Salvaterra de Magos.
O terramoto de 1755 viria a provocar consideráveis estragos no Paço, no ano imediato e durante quatro anos decorreram obras de profundo restauro, dirigidas por José Joaquim Ludovice e Carlos Mardel - dois nomes ligados a grandes empreendimentos arquitectónicos na Lisboa pombalina.
No início do Séc. XIX, as invasões francesas obrigaram a Família Real a refugiar-se no Brasil, e o Paço de Salvaterra de Magos acusa essa ausência dos nossos monarcas e entre num longo processo de decadência. Aliado a este situação regista-se também um violento incêndio em 1817, que ajudou a intensificar a agonia da degradação do Paço.
A 10 de Setembro de 1849, a rainha D. Maria II, autoriza a cedência ao Estado de todos prédios dependentes do Almoxarifado de Salvaterra de Magos, e desta forma grande parte do Paço foi vendido em hasta pública com excepção da Capela Real que o Estado conservou.
Palácio da Falcoaria Real
O Palácio da Falcoaria, foi também um dos factores predominantes na fixação da Família Real em Salvaterra de Magos. Não existem dados concretos relativos ao sua construção, contudo pelo estilo arquitectónico, podemos atribuir-lhe a sua fundação ao Séc. XVIII.
No ano de 1752 chegaram a Salvaterra de Magos 10 falcoeiros holandeses vindos de Valkenswaard, que vieram trabalhar para o Palácio da Falcoaria Real.
Numa descrição da época, sabe-se que os falcoeiros de Salvaterra de Magos, na década de oitenta de setecentos usavam véstia com botões de casquinha dourada, chapéu fino agolado, camisa de Holanda, boldrié com fivela de latão dourado.
No 1.º quartel do Séc. XIX, a Falcoaria entra num período de declínio, em 1818 o Mestre Henrique Weymans assistindo ao abandono das instalações da Falcoaria "suplicava" um conserto rápido evitando a ruína.
No entanto a fuga da Corte para o Brasil, a instabilidade política dos anos 20-30, agudizaram o desaparecimento do Falcoaria, explicando a drástica decisão da regência do Reino, que em Março de 1821, manda extinguir todos ofícios, incumbências e ordenados das pessoas empregues na Real Falcoaria, exigindo ao Monteiro-mor que procedesse ao inventário e arrecadação de todos objectos a ele pertencentes, constituindo depositário deles o almoxarifado do distrito.
Ainda hoje são visíveis os testemunhos materiais do Palácio da Falcoaria Real, a Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, vai iniciar dentro em breve as obras de recuperação deste imóvel, restituindo-lhe a dignidade que merece.
Ainda no Séc. XIX, no contexto das guerras entre absolutistas e liberais, Salvaterra de Magos desde muito cedo marcou a sua tendência absolutista, facto que ainda hoje está presente no imaginário popular, dado que os habitantes de Salvaterra de Magos, são apelidados de "netos de D. Miguel".
 

 


Sardoal – (Concelho do Distrito de Santarém)

 

 
Recebeu foral em 1313, outorgado por D. Isabel de Aragão, mulher de D. Dinis, carta de Coimbra a 11 de Janeiro de 1313; e foi elevada à categoria de vila em 1532, por D. João lll.
Origem do nome:
«Xavier Fernandes em Topónimos e Gentílicos (1944)»: “Tem um nome derivado do vocábulo sardão, tantos destes animais há ou houve na respectiva região, vendo-se até um deles a figurar no correspondente brasão”.

Sardoal
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Nalguns locais do concelho de Sardoal têm sido encontrados vestígios da presença do Homem desde tempos muito antigos. No Alto de S. Domingos, próximo da Vila de Sardoal, no monte que fica à nossa esquerda, quando se avistam a aldeia de S. Simão (que durante séculos foi designada por Alferrarede) foram encontrados alguns objectos de pedra polida, de que existem dois exemplares na Câmara Municipal, sabendo-se que outros foram levados para um Museu em Santarém e que existem, ainda, outros na posse de particulares. Também nos castelos, a sul da aldeia da Cabeça das Mós, próximo da Ribeira das Caldeiras, existem vestígios de uma povoação, que pela sua dimensão denota ter sido importante, mas sobre as suas origens pouco se conhece. Conhecem-se outros vestígios da antiguidade, como, por exemplo, próximo da Lapa, no Cabril, no Curral da Serra, etc. que deveriam ser objecto de uma investigação arqueológica, para se poder determinar a história das suas origens. Do período da ocupação romana ficaram, também, alguns sinais, como por exemplo um troço de calçada romana, junto ao casal da Graça, a sul de Valhascos e um outro pequeno troço, próximo da Ponte de S. Francisco. Dos Árabes, ainda que não se conheçam vestígios da sua presença, é seguro que aqui permaneceram durante muito tempo, uma vez que este povo conquistou Abrantes aos Godos em 716 e só em 1148 D. Afonso Henriques tomou a Praça de Abrantes e dada a proximidade e a relação de vizinhança que sempre existia entre Sardoal e Abrantes, não é difícil de acreditar que tenham ocupado o que é, hoje, o Concelho de Sardoal.
Em 1313, no documento mais antigo que existe no Arquivo Municipal, a rainha Santa Isabel, Mulher de D. Dinis, dirige-se já aos Juizes e Procuradores do Concelho de Sardoal, concedendo, ao então, lugar do Sardoal, diversos privilégios. Alguns historiadores defendem que foi esta a rainha, que foi donatária do Sardoal, que deu ao Sardoal o seu primeiro foral, ainda que, até agora, não tenha sido localizado este importante documento. Desde então quase todos os reis de Portugal dedicavam a sua atenção ao Sardoal, como o comprovam, as muitas cartas régias que se guardam no Arquivo Municipal de Sardoal ou que se encontram registados nas diversas chancelarias régias, sendo certo que vários reis de Portugal aqui permaneceram muitas vezes, o que se comprova pela existência de vários documento reais, dados no Sardoal, por D. Pedro I, D Fernando, D. João I, D. Duarte, D. Afonso e D Manuel I, sabendo-se que em 7 de Dezembro de 1432, aqui nasceu a Infanta D. Maria, Filha de D. Duarte e de D. Leonor, sua mulher, que morreu no dia seguinte. Em 22 de Setembro de 1531, D. João III, por sua vontade expressa e sem ninguém lho requerer, por carta dada em Évora, elevou o lugar de Sardoal à categoria de Vila e, em 10 de Agosto de 1532, por carta dada em Lisboa mandou-lhe demarcar um novo termo, mais de acordo com a nova categoria passava a ter, decretando que a partir de 1531, o Sardoal passasse a ser totalmente independente em relação a Abrantes, passando a ter jurisdição própria e apartada em todas as áreas do poder municipal. No principio do século XVII (1605), durante o domínio Filipino, foram os Paços do Concelho transferidos do local onde se encontravam, quase seguramente o actual edifício chamado “Cadeia Velha” , para o edifício onde hoje se encontram, registando-se a curiosidade de nessa altura a actual Praça da República se chamar Praça Nova e de a Rua Vasco Homem já ter essa designação. Por aqui passaram a 1º e a 3º Invasões Francesas, comandadas, respectivamente, por Junot e Massena, em 1807 e 1811. As tropas de Napoleão cometeram aqui vários desmandos, roubando e saqueando as Igrejas, cujas pedras partidas, ainda hoje evidenciam os actos de vandalismo praticados pelos franceses. O último rei de Portugal a visitar o Sardoal foi D. Carlos, em Junho de 1907, poucos meses antes da sua morte, que ocorreu num atentado, Regicídio, ocorrido no dia 1 de Fevereiro de 1908. Em 1970 , o Sardoal recebeu a visita do então Presidente da República, Almirante Américo Tomás, sendo também visitada, em 19 de Setembro de 1981, pelo então Presidente da República, General Ramalho Eanes. A expansão urbana da Vila de Sardoal, de sul para norte, deixa perceber a relação desta terra com alguns períodos importantes da História de Portugal, nomeadamente com o período dos Descobrimentos. De facto, o século XVI pode considerar-se o “século de ouro” da história do Sardoal.
Alguém conhece o Sardoal?

Sardoal
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Povoação portuguesa do distrito de Santarém, diocese de Portalegre e Castelo Branco e comarca de Abrantes, com 2.368 habitantes (dados de 1981). Sede de concelho, está situada a 11Km de Abrantes, à altitude máxima de 247m, na margem direita da ribeira homónima. Terá recebido foral em 1313 e é vila desde 1532. Constituído por 4 freguesias, o concelho tem 4.759 habitantes (dados de 1981). Possui indústrias alimentares, de cerâmica e fabrico de malas.
in Lexicoteca - Moderna Enciclopédia Universal. Edição Círculo dos Leitores. Lisboa:1987.
Outras Informações
Perdem-se, na bruma do tempo, as origens da Vila de Sardoal e não são conhecidas memórias que, por escrito ou tradição, possam informar dos seus princípios.
O documento mais antigo existente no Arquivo Municipal é uma Carta da Rainha Santa Isabel, de 1313 e é tradição que o Sardoal teve o seu primeiro foral, dado por esta Soberana, no mesmo ano de 1313. Tal facto não está confirmado. (certo e seguro, é que em 22 de Setembro de 1531, D. João III, elevou a povoação de Sardoal à categoria de Vila e demarcou, por carta de 10 de Agosto de 1532, os seus limites territoriais de então.
Informação gentilmente cedida pela Região de Turismo dos Templários.


Tomar – (Concelho do Distrito de Santarém)

 


Parece que o nome de Tomar, se não  é propriamente árabe, foi, pelo menos resultante de uma arabização e por intermédio dos árabes o recebemos. Também segundo parece, foi a vegetação local e nas águas do rio Nabão, o motivo da escolha do nome, que anteriormente tinha sido potamónio, o que não prejudica o parecer, pois bem aceitável é a hipótese de os ,ouros terem dado ao rio um nome provocado pela abundância da tal planta  -  o tomilho – que se encontra em abundância neste rio. O tomilho, planta labiada, era conhecida dos gregos; mais tarde os romanos trouxeram o nome para a península (THYMUS), os mouros nacionalizaram-na segundo a sua índole da sua língua e foi assim nacionalizado, isto é, arabizado, que deu a forma “thomar”  mais tarde Tomar. 
Esta cidade, sede de um concelho cujos limites se aproximam daqueles que constam da doação do Castelo de Cera aos Templários, em 1159, conserva ainda inviolados os mistérios da sua origem e simbolismo arquitectónico.
Situada numa rota tradicional de transumância, a sua implantação no ubérrimo vale do rio Nabão, praticamente desconhecido e filão arqueológico riquíssimo particularmente para os especialistas do Paleolítico  -  embora infelizmente afectado pela industrialização, mais ou menos selvagem a que tem sido sujeito  -  obedece, pelo menos desde os tempos da ocupação romana, às regras seguidas para a eleição, sacralização e instalação territorial, quando o homem sabia organizar o seu espaço vital à medida e semelhança das configurações celestes que lhe presidiam.
As fontes dessa cosmografia sagrada encontram-se hoje diluídas em lendas e tradições sucessivamente revitalizadas até, pelo menos, ao século XVl.
Uma das mais marcantes é a lenda de Santa Iria, virgem mártir do século Vll, religiosa de um convento beneditino fundado por S. Frutuoso, que teria existido no local onde hoje vemos a igreja de Santa Maria do Olival: a Nabância. Este topónimo é desconhecido dos geógrafos antigos, o que aliás, não invalida a existência de um importante núcleo populacional que a moderna historiografia prefere designar por “Sellium” e que os frequentes achados arqueológicos confirmam.
E que dizer da mata dos Sete Montes, protótipo do recinto sagrado por excelência, habitualmente relacionada com as proezas iniciáticas templárias e o seu fabuloso tesouro   -  encantado? ...
Sigamos, porém, o modelo urbanístico concretizado no século XV, ou seja já durante a vigência da administração da Ordem de Cristo, sucessora e herdeira dos bens e conhecimentos da Ordem do Templo (Templários), pelo infante D. Henrique, grande impulsionador dos Descobrimentos e iniciado nesta Ordem. A ordenação de Tomar, processa-se segundo uma cruz axial cujos braços são dirigidos aos quatro principais pontos cardeais.
Mas vamos situarmos no local onde se situa o Castelo e o Convento de Cristo ...
Entramos no recinto ameado do Castelo pela Porta de SanIago, que conduz à outra, designada por Porta do Sol, por onde se concretiza a entrada no terreiro de armas da fortaleza. Daí, imediatamente se torna patente a fachada dos Paços do Infante e a Charola  dos Templários, dedicada a S. Tomás da Cantuária e limite primordial da muralha poente da cerca casteleja que Gualdim Pais  terá restaurado, a partir de 1 de Março de 1160, com base no remanescente de uma anterior fortaleza, talvez da época romana e sucessivamente renovada e adaptada de acordo com os conhecimentos de geomancia, a que, aliás, a lenda da refundação se refere. O que, não obstante a brevidade requerida pela circunstância, será impossível escamotear é o rigoroso traçado a que obedece o plano de construção, tanto do Castelo como do Convento de Cristo. O singular simbolismo arquitectónico e iconográfico compendiado na fachada em que se rasga a conhecidíssima janela da Sala do Capítulo, (janela manuelina) se for decifrado, poderá permitir o entendimento do projecto e objectivos dos Cavaleiros de Cristo, esclarecidos guias do povo português com vista à instauração de uma fraternidade humana inspirada pelo Espírito Santo e coreograficamente preludiada pelo culto ao Paracleto, cujo auge coincidiu com o apogeu da expansão marítima liderada pela Ordem de Cristo e assumiu em Tomar uma forma próxima daquela que a Festa dos Tabuleiros hoje reveste. 
Tomar foi conquistada aos mouros em 1147, por D. Afonso Henriques, e, mais tarde, em 1159, doada aos Templários . D. Gualdim Pais , mestre da Ordem, em 1162 concedeu-lhe foral.
Com a extinção da Ordem do Templo em 1312, foi por D. Dinis, com o consentimento do papa João XXll, fundada a Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo, com sede em Tomar. Em 1510, D. Manuel l  concedeu-lhe foral novo e visitou-a durante muitos anos. Foi elevada à categoria de cidade em 1844 e no ano seguinte recebeu a visita de D. Maria ll.

CONVENTO  DE  CRISTO 

O recinto conventual, que foi pertença, inicialmente, da Ordem do Templo e passou, no reinado de D. Dinis, para a égide da Ordem de Cristo, é um dos principais monumentos da arquitectura nacional, ode todas as etapas estéticas, desde o século Xll ao XVlll, se encontram ampla e profundamente documentada.
Penetrando no reduto do arruinado castelo templário, edificado por Galdim Pais em 1160, pelo portal nascente, e seguindo uma longa escadaria onde a cada passo se vislumbram vestígios seculares, entre os quais as ruínas da velha alcáçova templária e dos Paços Henriquinos, atinge-se a igreja e demais dependências do convento.
O primitivo oratório, que remonta ao final do século Xll, é um exemplar românico que se inspira no modelo oriental das igrejas italo-sírias em rotunda, cerrado e murado como uma fortaleza. Era inicialmente uma construção formada por um prisma octogonal centrado numa rotunda de dezasseis faces, consolidada por singelos contrafortes gigantes nos vértices.  No prisma central abrem-se arcos levemente apontados que pousam sobre colunas capitelizadas romano-bizantinas.
A charola de Tomar, cuja traça se baseou no tipo de mesquitas sírias, gosto adquirido pelos cavaleiros da Ordem do Templo durante as lides orientais, e por eles aplicada no Ocidente, é um raríssimo santuário da Alta Idade Média que segue o protótipo da Ermida de Omar, em Jerusalém, modelo igualmente aplicado nas Capelas de Eunate em Navarra e Vera Cruz em Segóvia (terras espanholas). No princípio do século XVl, a charola, oratório dos Templários, foi adaptada a capela-mor do novo templo que então se erigiu, tendo duas das faces do polígono da rotunda sido sacrificadas em favor da magnífica nave manuelina. Suprimido então também o elmo ameado de pedraria que a coroava, permaneceu a cerrada cabeceira românica, que, abstraindo da abundante decoração quinhentista, transmite ainda uma ideia do que foi o primitivo oratório. Uma iluminatura da “Leitura Nova” de 1508 representa o convento com a charola, antes das modificações de Diogo de Arruda, provida de coruchéu exterior assente num tambor octogonal.
Segundo o cronista Pedro Álvares Seco, foi o rei D. Manuel l, após 1510, que ordenou a decoração da capela-mor do novo templo com esculturas, pinturas e outros elementos. Nas paredes da charola subsiste ainda grande série de pinturas sobre madeira, encomenda régia anterior a 1510, constituída por vários painéis. Trata-se de opulentos primitivos com vincada influência nórdica, talvez da escola do pintor Jorge Afonso. Várias capelas do deambulatório foram ordenadas também durante campanhas de obras joaninas, com pinturas retabulares que, pela colocação, se assemelhariam a predelas das grandes tábuas manuelinas citadas. Desta série apenas estão nos lugares de origem os quadros Santo António Pregando aos Peixes e São Bernando.
Muita coisa ficou por dizer deste maravilhoso Convento de Cristo e da sua famosa janela manuelina. 
CASTELO  DE  TOMAR 
Constituído primitivamente pela torre de menagem, pela alcáçova e por uma curta cintura de muralhas, foi posteriormente ampliado com u largo cordão reforçado por cubelos. Balizava o velho burgo, que no século XV alastrou para a planície. Do antigo castelo, fundado por Gualdim Pais, subsistem vários panos de muralha e a torre grande, que apresenta, embebidas nos parietais, lápides romanas e legendas medievais. O velho Paço Henriquino, que foi alcáçova inicial do reduto templário, reduz-se a alguns trechos muito incompletos, um dos quais ostenta uma janela de verga recortada e um portal em ogiva. Os trechos merlados, em que se rasgam cubelos etorrelas, envolvem o recinto do Convento de Cristo, integrando-o numa unidade arquitectónica que, no seu conjunto, domina a cidade. Uma das lápides que se vislumbram, sumida, na torre templária, sobre a fresta do segundo pavimento, alude a Gualdim Pais e é contemporânea da fundação. 
RUÍNAS   ROMANAS 
A cidade actual provém de um agrupamento populacional romano denominado Sellium, algures existente na margem esquerda do Nabão. Na zona têm sido encontrados inúmeros vestígios da ocupação romana. Assim, em 1952, foram postas a descoberto, no cerrado de João do Couto, algumas sepulturas de uma necrópole, cujo espólio era constituído por resíduos de tijolos, um peso de um tear de barro com marca de oleiro, uma lâmina de faca, argolas de vidro e diversas moedas dos séculos lll e lV.
A 2 Km de Tomar, pela estrada fronteira a Santa Maria do Olival, no sítio da Marmelais, existiu a antiga Nabância, onde numeroso espólio romano tem sido encontrado (estátuas, moedas, mosaicos, ruínas de casario) e onde ainda estão patentes alguns arruamentos da secular urbanização. 
OS  TEMPLÁRIOS 
Tal como as estrelas da Via Láctea, os Visigodos dividiram-se em dois grupos e os que tomaram a direcção de Espanha, dirigiram-se a Toledo. Os mais usados continuaram a avançar em direcção a oeste, até Tomar, e a partir daqui espalharam-se em direcção ao norte. Depois de terem conquistado a capital dos Alanos, Bracara, instalaram-se lá e deram-lhe o nome de Braga.
De acordo com as tradições visigóticas, Tomar era um ponto telúrico extremamente propício e esta terra privilegiada foi, posteriormente confirmada várias vezes através da história.
Nesta região, São Bernardo mandou edificar um dos mais belos florões da Ordem Cistercience, ou seja o Mosteiro de Alcobaça que, ainda hoje continua a ser uma das obras-primas mais puras da arquitectura gótica no seu início. Alcobaça fica a cerca de sessenta quilómetros para poente de Tomar e a meio caminho fica Fátima.
Templários ou Cavaleiros do Templo, era uma Ordem militar religiosa, fundada em 1118, distinguindo-se particularmente na Palestina. Em Portugal prestaram relevantes serviços na luta contra os mouros.
No início do século XVl, a Ordem dos Templários era poderosa, rica e corrompida. Diferente dos Hospitalários e dos Cavaleiros Teutónicos, os Templários não se podiam vangloriar de terem feito qualquer cruzada desde o abandono da Terra Santa aos muçulmanos. Recusando encarar uma aliança com os Hospitalários, acabaram por adquirir uma reputação de aristocratas amantes do luxo. Por isso, Filipe “o Belo” de França decidiu que era tempo de reformar a Ordem. Além disso, pensava que, apropriando-se das riquezas dos Templários, podia encher os cofres reais. Tal razão levou este rei francês, bruscamente, a ordenar que se levantasse um processo aos Templários, acusando-os de heresia e de imoralidade. Em 1307, todos os Templários de França, que eram cerca de dois mil, foram presos e sujeitos sem contemplação ao suplício de um interrogatório.
Tendo recebido ordem de obter confissões, até pela tortura se fosse necessário, os inquiridores obrigaram-nos a confessar diversos crimes, actos de imoralidade, ritos de iniciação herética e outros delitos secretos.
Entretanto, os novos inquéritos, ordenados pelo Papa Clemente, revelaram que grande número de confissões tinham sido arrancadas pela tortura ou, até mesmo , apenas pela crença da tortura. Uma das vítimas, por exemplo, depois de ter visto algumas carroças cheias de Companheiros do Templo, que eram conduzidos ao carrasco, acabou por confessar ter morto Cristo !
Por isso, mais tarde, numerosos prisioneiros negaram as confissões que lhes tinham sido arrancadas pela força. Tais afirmações levaram o rei francês Filipe e seus comparsas a sentirem-se na obrigação de defenderem o seu procedimento. Resolveram por isso excitar o espírito do povo, o que provocou, por parte deste, a exigência de uma severa punição dos Templários, considerados como destruidores da religião e da moral. Algum tempo depois, o Papa Clemente V cedeu e aboliu a Ordem, declarando contudo, que a culpabilidade não estava provada.
Os Templários tinham entrado em Portugal em 1125 e uma das figuras mais carismática, foi sem qualquer dúvida o Mestre Gualdim Pais, nascido em Braga e Cavaleiro de D.Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal.
Depois da extinção dos Templários, o rei D. Dinis “o Lavrador” e um dos mais queridos dos portugueses, transformou os Templários na Ordem de Cristo, cujo símbolo, as naus portuguesas levaram a todos os cantos do mundo.
Noutros trabalhos já foi falado o rei D. Dinis, sexto de Portugal que além do cognome histórico de o “Lavrador” também era conhecido por “Rei Trovador”.
Um dos Mestres mais famosos da Ordem de Cristo, foi o Infante D. Henrique “o Navegador”, filho de D. João l e de D. Filipa de Lencastre, nascido em 1394 na cidade do Porto. Fundo em Sagres (Algarve) uma escola nautica, um observatório astronómico e estaleiros para construção de navios.
Chamou do estrangeiro cosmógrafos e matemáticos ilustres que, com alguns Cavaleiros da sua Casa se entregou ao estudo das cartas marítimas. Todos os anos, uma caravela, armada à sua custa e capitaneada por um seu Cavaleiro ou Escudeiro, partia mar fora à descoberta de novas terras. Quando o Infante D. Henrique morreu, em 1460, deixava reconhecida a costa africana até à Serra Leoa, preparação para o grande feito de Vasco da Gama, a Descoberta do Caminho Marítimo para a Índia, trinta e oito anos depois. D. Henrique, assim como seus pais e seus irmãos, repousam no Mosteiro da Batalha na sala “Ínclita Geração”. 
D. MANUEL  l   “o VENTUROSO”  e  o  CONVENTO  DE  CRISTO 
O sucesso dos Descobrimentos e a riqueza súbita e colossal que deles adveio, fizeram de Portugal e dos seus soberanos os felizes beneficiários da “charola” da fortuna.
O gosto requintado de D. Manuel 1 levou este soberano a edificar numerosos monumentos que marcaram um novo estilo  -  o Manuelino. Este renascimento artístico espalhou-se por Portugal inteiro, de tal modo que todos os santuários, todos os edifícios pretenderam ordenar-se com decorações manuelinas.
Tomar não foi excepção a esta regra. As igrejas de São João Baptista e de Santa Iria, primeiro, e mais tarde o castelo medieval, que foi enriquecido com o Convento de Cristo.
Detentores de uma verdade arquitectural, os seus construtores souberam respeitá-la e a construção do convento foi adaptada à do castelo tendo em consideração a disposição “cósmica” precedente.
O desvio existente  -  cerca de cinco graus  -  prova que a data, no máximo, de 1510 (de acordo com a precessão dos equinócios, e considerando setenta e dois anos por cada grau, cinco graus correspondem a trezentos e sessenta anos).
Os conhecimentos secretos que tinham feito nascer o estilo “francês” aplicados pelo monges de Clairvaux na construção do Mosteiro de Alcobaça e, por outros mestres-de-obras na edificação da Catedral de Évora e nas magníficas realizações góticas da Ilha de França, não se perderam. Fazem parte da herança concedida a D. Manuel.
Na mensagem secular subsiste um princípio essencial do conhecimento chamado “gótico”, que resulta da igualdade entre um círculo, um quadrado e u triângulo. Geométricamente, este princípio corresponde a uma determinada quadratura impossível de realizar de acordo com os dados pitagóticos. Estes dados estão inclusos na referida quadratura, mas não podem fornecer a chave, visto que o “Pi” clássico (3,1416) deixou de ser um jogo. A quadratura aplicada a todas as obras de estilo gótico permite a sua análise imediata. E permite igualmente recolhê-las sem possibilidade de erro. Os números nasceram do Apocalipse de São João, e correspondem aliás aos da estrutura nuclear. Trata-se portanto de relações universais. Um círculo de diâmetro invariável e dois quadrados, com o mesmo perímetro e com a mesma superfície que o círculo, constituem a base deste princípio, que alia simbolicamente o Cosmo  -  o círculo; a Criação  -  o quadrado; e o Ternário espititual   -  o triângulo.
Sobrepondo-os sobre a planta do castelo de Tomar, verificamos que todos os elementos, incluindo as torres, correspondem às diferentes coordenadas.
O mesmo princípio aplica-se igualmente à parte do estilo “manuelino” com um desvio de cinco graus. A concordância permanece, fazendo notar a evolução do saber. A cúpula dos Templários é o ponto principal a partir do qual foram feitas as construções posteriores e a célebre “janela manuelina”, que é a síntese arquitectural do estilo manuelino, é justamente considerada como a obra-prima da época. Esta evocação sumptuosa (estamos a falar da janela manuelina do Convento de Tomar), está cheia de uma fantasia genial onde uma mesma alegoria reúne símbolos e personagens. Um navegador, de que vemos somente o busto, sustenta com ambas as mãos o tronco de um sobreiro com imensas raízes e a cortiça constitui um elemento decorativo dos dois lados da parte superior da janela. Cordas e algas completam os símbolos terrestres e náuticos. As armas do rei D. Manuel e a cruz dos Cavaleiros de Cristo encimam o conjunto.
A sua construção não se afasta das regras geométricas, cuja tradição respeita escrupulosamente, sobrepondo-lhe toda a alegria dos feitos magníficos que transcreve na pedra numa evocação jovial.
Um quadrado com a mesma superfície que um círculo  -  cujos lados são prolongados  -  determina, sobre o círculo resultante do quadrado que circunscreve o círculo inicial, os pontos de um novo quadrado. E assim por diante. É muito simples, e podíamos até dizer que parece ser um princípio elementar, visto que a largura da janela é indicada pelas duas linhas que ligam as intercepções do círculo com o quadrado. Mas há que aceitar a quadratura e conhecê-la ! Tudo isto parece tão elementar que actualmente este princípio parece ser o resultado de pura utopia, uma vez que o nosso século se debruça sobre o estudo de verdades secundárias que não conduzem ao caminho da Verdade primordial. Conhecemos o sucesso alcançado por aqueles que procuraram a verdade primeira e estamos assaz inquietos relativamente ao sucesso dos que desprezam a tradição.
E esta janela conduz-nos até às riquezas escondidas, visto que são sempre ângulos de treze graus que nos são mostrados pela corrente e pela fita que envolvem o tronco nas partes laterais. São os símbolos da Ordem da Jarreteira e do Tosão de Oiro.
Os portugueses souberam ilustrar a lenda dos Argonatas e, mais felizes do que os seus predecedores míticos, descobriram uma Cólquida (antigo país da Ásia aonde os Argonautas, segundo a tradição, foram conquistar o Tosão de Oiro), mirífica que lhes dá nomeada e riqueza.
O conhecimento perdido, a charola, voltou e o Ouro dos Templários ficou novamente em segredo. E Mestre Gualdim Pais já não está no sarcófago. A placa que cobre as suas cinzas tem no entanto algumas marcas iniciáticas.
Qual o papel neste “In Memoriam” do pequeno círculo com oito raios por cima de três traços verticais, símbolos das três posições solares fundamentais e base da cosmogonia dos Templários ?
Este lll corresponde a trinta e sete, de onde extraímos o ternário nele contido. E mais uma vez temos o número trinta e quatro. E o número trinta e quatro compreende treze e o seu oriente, assim como vinte e um o número das catedrais góticas dedicadas a Nossa Senhora Virgem Maria, rainha universal e medianeira entre o Céu e a Terra que o homem idealista e inquieto procurará indefinidamente no mito do eterno feminino. 
O  CONVENTO  DE  CRISTO  E  SEUS  MISTÉRIOS 
Os conhecimentos geométricos dos Templários, baseados nas progressões aritméticas e nas relações entre os números com correspondência universais, tinham necessariamente de conduzir os investigadores da Ordem a transpor as portas alquímicas da transmutação. Os Cavaleiros de Cristo acenderam novamente o facho e a disposição das construções manuelinas devia corresponder a esta necessidade.
No Convento de Cristo, não faltam indicações alquímicas e a construção constituí um caminho iniciático que nos é oferecido neste lugar. Para encontrarmos a porta, teremos evidentemente de partir do antigo castelo templário. Na sua linguagem secreta, o princípio alquímico utiliza o ovo como ponto de partida. O ovo alquímico encerra ao mesmo tempo o princípio, o germe e o todo, capaz de desencadear o processo de transmutação por meio da repartição dos electrões; de acordo com o princípio elíptico do movimento giratório dos átomos. O que é verdade no mundo intersideral para os planetas também se aplica à estrutura da matéria. O ovo será portanto o símbolo exotérico deste princípio esotérico. Mas o processo alquímico da transmutação só pode ser desencadeado de acordo com as correspondências terrestres e celestes. Não se pode ser iniciado em qualquer altura nem em qualquer lugar. Somente em determinados lugares privilegiados lhe convém, situados sobre filões telúricos excepcionais. O mesmo acontece com todos os fenómenos de uma determinada alquímica “cósmica”.
Foi assim que os maiores “milagres” da Idade Média só se deram em santuários situados sobre filões benéficos e, sempre, a Virgem Maria se manteve associada a estes favores celestes sobrenaturais. Em Portugal, é sobre o filão telúrico de Fátima, que as aparições foram acompanhadas em 1917 de fenómenos solares. A Virgem Maria, continua a ser uma imagem sagrada da ligação fluídica que liga o Céu com a Terra.  Foi em 1917  -  o dezassete que já conhecemos tão bem  -  que a Virgem se associou ao Sol, neste lugar modesto e tão mal conhecido como era na época.
Se examinarmos o aspecto geral da fachada do castelo de Tomar, podemos ver não somente que as torres estão regularmente dispostas  -  de acordo com uma divisão por seis do quadrado do mesmo perímetro que o círculo  -  mas ainda que todo se inscreve no quadrado com a mesma superfície. Voltamos a encontrar os ângulos habituais e a altura da torre corresponde à posição do Sol ao meio-dia dos equinócios na latitude de Tomar. O caminho em direcção ao pátio interior, que separa o antigo castelo do Convento de Cristo, termina na torre quadrangular.
É muito provável que debaixo do solo deste pátio existam uma ou várias salas subterrâneas a que seria possível chegar passando pelo poço. É deste ponto, com efeito, que podemos ver, em direcção a oeste, o primeiro sinal do ovo. Os Templários juntaram muitas vezes ao ovo outro elemento arquitectónico que era utilizado na observação das estrelas em determinadas datas. É o chamado “olho-de-boi”, pequena janela circular, cujo contorno permitia obter indicações graduadas. A tradição conservou-o, ou seja, a correspondência entre o Boi e o Boeiro.
Graças ao olho-de-boi, podemos estabelecer vários princípios arquitectónicos relativos ao convento propriamente dito, antes de encontrarmos a cabeça de três faces, o Hermes Trimegisto, que domina o centro da abóbada de uma pequena sala situada perto do refeitório. A cabeça aponta numa direcção segundo a qual, e através de uma janela, podemos efectivamente ver outro ovo. Este conduz-nos, para além da janela manuelina, até ao claustro da Micha e de seguida até ao claustro dos Corvos. A palavra “corvo” sempre foi querida dos alquimistas por encerrar em si duas interpretações secretas da preparação da Grande Obra. A sua realização só pode ocorrer num local escolhido e eleito. Este local fica debaixo do claustro da Micha, que se situa  -  segundo o eixo manuelino deslocado  -  num ângulo de treze graus em direcção a oeste.
O claustro dos Corvos faz o mesmo ângulo, perfazendo assim um total de vinte e seis graus, enquanto em onomancia, a análise da palavra “corvo” confirma o número vinte e seis.
No centro do claustro da Micha encontra-se um poço e deste poço partem duas escadas que se enterram no solo. Aqui existiriam as salas de investigação orgânica e de transmutação.
A transmutação só é possível com a intervenção do cloro, cujo número atómico é dezassete (em simbolismo, o 17 é o Número da Estrela. Não nos surpreenderemos portanto, ao verificar que o poço da Micha forma com a janela manuelina um ângulo de dezassete graus. Aliás é esta a direcção seguida pelo olhar do velho capitão que herculamente sustém o conjunto decorativo da janela.

Veio depois o tempo em que os corvos se calaram e em que os sarcófagos do claustro dos Sepulcros guardaram e seu enigma. Os corvos mantém relações com os mortos e os sarcófagos ficam expostos ao sol da vida que continua a iluminar durante a Primavera o horizonte de Tomar ...

Tomar
http://tomar.com.sapo.pt

Cidade localizada nas margens do rio Nabão, pertencente ao distrito de Santarém na província do Ribatejo, com uma área de 351 km2 e 43.000 habitantes, foi conquistada ao Mouros por D. Afonso Henriques em 1147 sendo depois doada por este monarca aos Templários em 1159. D Gualdim Pais concedeu-lhe foral em 1162.
Com a extinção da Ordem do Templo em 1312 por decisão do Papa João XXII, que queria ver os templários banidos da Europa, foi fundada a Ordem de Militar de Cristo. Devido à necessidade de defender a fronteira algarvia, a sede desta Ordem transferiu-se para Castro Marim; 37 anos depois, voltou a fixar-se em Tomar mais concretamente no seu castelo.
Assim Tomar viria a ser o centro originador e principal sustentador da epopeia dos Descobrimentos. O Infante D. Henrique, nomeado pelo Papa como Regedor da Ordem de Cristo, viria a instalar-se no castelo de Tomar.
Foi elevada à categoria de cidade em 1844, tendo sido visitada pela Rainha D. Maria II no ano seguinte.
Tomar é hoje conhecida não só pelos seus monumentos fabulosos, dos quais se destaca o Convento de Cristo, mas também pelas suas potencialidades turísticas que proporciona a visita de inúmeras edificações históricas, relíquias arqueológicas, passeios pelos seus frondosos e frescos jardins e também ao longo do rio Nabão. Veja primeiro aqui, visite Tomar depois...
Convento de Cristo
Recinto conventual, que foi pertença, inicialmente da Ordem do Templo e passou, no reinado de D. Dinis, para a égide da Ordem de Cristo, é um dos principais monumentos da arquitectura nacional, onde todas as etapas estéticas, desde o século XII ao XVIII, se encontram ampla e profundamente documentadas.
Em 1984 foi considerado património mundial pela UNESCO. Constituído por sete claustros e outros edifícios, contém no seu interior notáveis obras de arquitectura. Provavelmente o Claustro de D João III, o Claustro principal do Convento de Cristo, é a mais monumental e bela obra do Renascimento, levada a cabo pelo arquitecto Diogo de Torralva, a quem se deve também a construção de um outro monumento em Tomar, a Igreja de N. Senhora da Conceição. 
Os restantes são o Claustro das Lavagens e o Claustro de D. Henrique, que remontam à primeira metade do século XV. O Claustro de St.ª Bárbara é quase esmagado pela monumentalidade da Janela do Capítulo que se debruça sobre o mesmo. Restam os Claustros da Micha (1528), o Claustro das Hospedarias constituído por dois pisos (1541) e finalmente o Claustro dos Corvos.
Não se podia deixar de destacar dois símbolos indissociáveis deste convento esplendoroso: a Janela do Capítulo e a Charola.
Por todos estes motivos e pelo fabuloso passeio que proporciona uma visita a este enorme Convento, desfrutando de maravilhosas vistas sobre a cidade, é imprescindível passar demoradamente por este monumento e conhecer a sua história e os seus mistérios.

Locais de maior interesse: Convento de Cristo | Charola do Convento | Janela do Capítulo | Castelo dos Templários

Convento de Cristo
http://tomar.com.sapo.pt/convento.html

Recinto conventual, que foi pertença, inicialmente da Ordem do Templo e passou, no reinado de D. Dinis, para a égide da Ordem de Cristo, é um dos principais monumentos da arquitectura nacional, onde todas as etapas estéticas, desde o século XII ao XVIII, se encontram ampla e profundamente documentadas.
Em 1984 foi considerado património mundial pela UNESCO. Constituído por sete claustros e outros edifícios, contém no seu interior notáveis obras de arquitectura. Provavelmente o Claustro de D João III, o Claustro principal do Convento de Cristo, é a mais monumental e bela obra do Renascimento, levada a cabo pelo arquitecto Diogo de Torralva, a quem se deve também a construção de um outro monumento em Tomar, a Igreja de N. Senhora da Conceição. 
Os restantes são o Claustro das Lavagens e o Claustro de D. Henrique, que remontam à primeira metade do século XV. O Claustro de St.ª Bárbara é quase esmagado pela monumentalidade da Janela do Capítulo que se debruça sobre o mesmo. Restam os Claustros da Micha (1528), o Claustro das Hospedarias constituído por dois pisos (1541) e finalmente o Claustro dos Corvos.
Não se podia deixar de destacar dois símbolos indissociáveis deste convento esplendoroso: a Janela do Capítulo e a Charola.
Por todos estes motivos e pelo fabuloso passeio que proporciona uma visita a este enorme Convento, desfrutando de maravilhosas vistas sobre a cidade, é imprescindível passar demoradamente por este monumento e conhecer a sua história e os seus mistérios.

 


Torres Novas – (Concelho do Distrito de Santarém)

 

 

Tomada aos Mouros por D. Afonso Henriques em 1148, foi por estes recuperada e novamente conquistada no reinado de D. Sancho l, monarca que concedeu ao burgo a primeira carta de foral em 1190.
Origem do nome:
«António Montês em Terras de Portugal – 1938»: “Diz a lenda que Ulisses depois do cerco de Tróia, foi acossado por uma violenta tempestade que o fez aportar ao Tejo, fundando então a cidade de “Ulissipo”.
Em busca de novas aventuras, subiu aquele rio com os seus companheiros. Ao chegar ao rio Almonda, deu-lhe a curiosidade para meter por este rio, e encontrando uma pequena colina a dominar uma planície fertilíssima, logo pensou em edificar ali uma torre, cercada de muralhas, à qual chamaram “Neupergama”, o mesmo que “Nova Torre”.
Durante cinco séculos, esteve a fortaleza em poder de vários povos, que habitaram a Lusitânia, e como a “Nova Torre” oferecesse aos romanos grande resistência, incendiaram-na !
Reedificada pelos cartagineses, deram-lhe este nome de “Kaispergama” ou “Torre Queimada” e assim passou a ser conhecida, até que os romanos, senhores de toda a Lusitânia, a ampliaram, e guarnecendo-a com novas torres, deram-lhe o nome de “Nova Augusta”.
Expulsos os romanos pelos bárbaros do norte, voltou a ter o primitivo nome, mas como a fortaleza já possuísse então onze torres, passaram a chamar-lhe “Torres Novas”.

Torres Novas
http://www.cm-torresnovas.pt

No contexto do Médio Tejo, o concelho de Torres Novas é particularmente privilegiado em termos de património natural, do qual se destacam o rio Almonda e a Serra d’Aire. Motivos de interesse paisagístico, espeleológico e arqueológico.
Com cerca de 36.000 habitantes, distribuídos por 280 Km2 de área, é um dos mais importantes concelhos do distrito de Santarém, fazendo fronteira com Tomar, Ourém, Santarém, Golegã, Alcanena e Entroncamento. A A1 e o A23 são as principais vias que o atravessam, facilitando um rápido acesso a qualquer zona do país e à vizinha Espanha.
A criação do município remonta a 1190, data em que D. Sancho I atribuiu o foral à vila já então existente. O concelho é, hoje, constituído por 17 freguesias: Alcorochel, Assentis, Brogueira, Chancelaria, Lapas, Meia Via, Olaia, Paço, Parceiros da Igreja, Pedrógão, Riachos, Ribeira Branca, Salvador, Santiago, Santa Maria, S. Pedro e Zibreira.
Na sede do concelho abundam antigas igrejas e capelas, com destaque para a Igreja de Santiago, construída por promessa de D. Afonso Henriques, em 1148, e para a Ermida de Nossa Senhora do Vale, o mais antigo templo da região.

À entrada da cidade, a atenção dos forasteiros volta-se para o monumento de maior prestígio: o imponente castelo medieval. A circundá-lo está o rio, em cujas margens se arquitectou um belo jardim, que se estende pela avenida principal.
Nos arredores, destaque para as ancestrais ruínas romanas de Cardillium, com os seus preciosos mosaicos polícromos e para as enigmáticas grutas de Lapas, envoltas no mistério da sua escavação. No coração da cidade fica a Praça 5 de Outubro, rodeada de elegantes edifícios e, bem perto, situa-se o Museu Municipal, contendo um inestimável núcleo arqueológico, telas contemporâneas de Malhoa e Carlos Reis e uma importante colecção de pintura quinhentista.
A Reserva Natural do Paúl de Boquilobo, as Pegadas de Dinossaúrios da Jazida da Pedreira do Galinha (classificada como monumento natural) e a Quinta do Marquês, completam o magnífico cenário do concelho.
No campo da gastronomia, os pratos tradicionais são o bacalhau com migas e o cabrito assado e as sobremesas têm como ingrediente principal a amêndoa. Já no capítulo das bebidas, a especialidade é a aguardente de figo.
Quem visitou Torres Novas num passado recente, por certo se apercebeu de que pouco se acautelou para torná-la mais acolhedora. O investimento municipal foi remetido na sua maioria para as freguesias rurais, que viram reduzidas as suas principais carências. Agora é chegado o momento de intervir na cidade!
Actualmente, Torres Novas beneficia de obras de reabilitação no seu núcleo urbano. São várias as vertentes pensadas, em termos paisagísticos e de ordenamento do território, para apetrechá-la com equipamentos que contribuam para que se assuma como âncora de desenvolvimento do concelho e como pólo de atracção para os habitantes vizinhos. Num futuro próximo, uma nova cidade irá nascer...

Torres Novas
http://www.cm-torresnovas.pt

A data da fundação de Torres Novas mantém-se incerta até aos nossos dias.
Segundo a História lendária, diversos terão sido os povos que ocuparam Torres Novas ao longo dos tempos: gregos, romanos, celtas, árabes.
No entanto, certa é a presença romana na região, comprovada pelas ruínas romanas de vila Cardílio.
Em 1148, D. Afonso Henriques conquista definitivamente Torres Novas aos árabes e, a 1 de
Outubro de 1190, D. Sancho I atribui-lhe o primeiro foral e manda reconstruir o seu castelo, que havia ficado extremamente devastado. Mais tarde, em 1376, D. Fernando ordena a sua reconstrução, após as guerras com Castela.
Foi exactamente em redor do castelo que se constituiu o primeiro aglomerado populacional de Torres Novas. Ao longo da cerca, conjunto de muralhas que cercava a fortaleza e a defendia dos ataques inimigos, existiam quatro arcos ou postigos, que funcionavam como as principais artérias de entrada e saída da vila.
Esta primitiva estrutura urbana manteve-se em boa parte constante até ao séc. XVI, porque embora se tivesse registado um aumento demográfico, a população ocupava os espaços ainda disponíveis dentro da muralha, essencialmente junto à igreja do Salvador.
As áreas que, nos séculos XVI e XVII, constituíam potenciais pólos de atracção populacional e consequente implantação urbana eram essencialmente a judiaria e os locais onde se haviam erigido edifícios religiosos. Assim, a vila tende a expandir-se para a zonas da antiga rua Direita, pela existência do convento do Espírito Santo; Rossio do Carrascal, onde se havia implantado o convento de S. Gregório Magno e para a Berlé, onde se instituiu o Convento dos frades Arrábidos e onde mais tarde se passou a fixar o Bairro de Santo António. Seriam estas as áreas que, durante a Idade Moderna, compunham as principais artérias de ligação entre a vila e o arrabalde, a partir das quais cresceram os bairros que ainda hoje compõem o tecido urbano da cidade: Valverde, Santiago, Anjos, São Pedro, Santo António, S. Domingos, Babalhau, Vale e Silvã.
Mais tarde, nos finais do século XIX, grande parte da muralha e os arcos acabaram por ser demolidos.

Castelo de Torres Novas
http://www.ribatejo.com/ecos

Se a lenda fala de gregos e romanos, numa sequência impossível, Rodrigo Mendes da Silva, na sua "Poblacion General de España", atribui com incrível certeza a fundação de Torre Novas aos Celtas, no ano 308 a.C..
Neupergama, Kaispergama e Nova Augusta, de gregos e romanos respectivamente, constituem natural desejo de fazer recuar as origens da fortaleza à mais remota ancestralidade.
É muito possível, no entanto, que no quase inexpugnável morro onde se ergue o Castelo, tenha existido qualquer fortificação romana, a julgar pela abundância de vestígios que, nas imediações, atestam a sua importante presença.
A "Turris" deve ter assumido particular importância estratégica no vaivém da guerra da reconquista, integrando-se na constelação de fortalezas que constituíram a chamada "linha do Tejo".
Por árabes e cristãos foi várias vezes saqueada. Coincidem várias fontes ao dá-la conquistada por D. Afonso Henriques em 1148.
"Ganharão-se as Villas de Abrãtes e Torres Novas, ambas muyto fortes em o sitio, fermeza de muros e castellos" (...), diz a Monarquia Lusitana, embora outras crónicas igualmente coincidam em anterior conquista pelo Primeiro Rei, em 1135 ou 1137, na sequência da tão discutida destruição de Leiria.
Em 1184, o Emir de Marrocos Aben Jacub acampa a sudeste da vila, no local hoje chamado Arraial. Arrasa a fortaleza e segue a conquista de Santarém, onde é derrotado.
Em 1190, É o Almóada Aben Joseph, Imperador de Marrocos e irmão de Aben Jacub quem de novo tenta retomar Santarém. Acomete contra Torres Novas, que ganha facilmente, dirigindo-se depois a Tomar, que destrói. Não logra no entanto, a tomada do Castelo e levanta o cerco.
Deixou contudo guarnição em Torres Novas e sugere aos portugueses a entrega da praça em troca de Silves, que havia perdido, não conseguindo este intento.
A presença árabe deverá ter sido desbaratinada, poucos meses depois por tropas de D. Sancho. A 1 de Outubro desse ano de 1190, o Rei Povoador concede à vila o seu primeiro Foral e manda reconstruir a fortaleza.
Depois das lutas com Castela, no séc. XIV, D. Fernando ordena a reconstrução do castelo e das muralhas da cerca, obra concluídaem 1376, e da qual ficou inscrição no antigo Arco do Salvador: "O mui nobre rei D. Fernando mandou fazer esta obra a Lourenço Pais, de Santarém, juíz por el-rei, e foi acabada na era de 1414 (1376) anos e desta obra foi mestre Estêvao Domingues, pedreiro, que isto fez e lavrou."
Da Cerca, que tinha três portas principais e foi definitivamente destruída no séc. XIX quase na totalidade, resta hoje troço de muralha a nascente do Castelo.
A configuração actual do monumento foi a que resultou de importantes obras de restauro de torres e muralhas na década de 40 e do arranjo da Alcaidaria trinta anos depois.
in "Castelo de Torres Novas", ed. Serviços Culturais da Câmara Municipal de Torres Novas.


Vila Nova da Barquinha – (Concelho do Distrito de Santarém)

 

 

Origem do nome:
«Américo Costa em Dicionário Corográfico de Portugal Continental e Insular – 1949»: “Esta povoação traz “no nome da sua história” como diz Leite de Vasconcelos, pois refere ainda esta autor “leva a crer que no local se atravessa o rio” – Etnografia Portuguesa, Vol. Ll pág. 566”.
«Xavier Fernandes em Topónimos e Gentílicos (1944)»: “O território do actual concelho da Barquinha apenas principia a figurar na história propriamente dita com os princípios da Nacionalidade, isto é, após o século Xll, mas sem qualquer ligação com a vila sua sede, pois é muito moderna. Com razão o faz ver Leite de Vasconcelos quando diz que, nos princípios do século XVlll, ainda não é citada a Barquinha (Vila Nova é um acrescente posterior, em razão do municipalismo concedido), e nos meados do mesmo século se diz dela em corógrafos “pouco menos que nada”, prova de insignificância manifesta … …
O da Barquinha só muito mais tarde surgiria, com a povoação, pois como diz Leite de Vasconcelos ela tem “no nome a sua história”, pois tudo leva a crer que o local se atravessa o rio”, isto é, a Barquinha deve o seu aparecimento a uma barca de passagem. Mas este aparecimento não deve crer-se dos princípios do século XVlll, se bem que ainda no século XVl se não refere, pois que já em 1712 se cita com a sua ermida de Santo António, que é o título paroquial .. …
Em 1836, foi a Barquinha erecta em concelho que em 2 de Junho de 1839 se fixou, chamando-se Vila Nova da Barquinha, nome dado à povoação ou vila. Este concelho foi extinto em 21 de Junho de 1895, mas restaurado em 13 de Janeiro de 1898”.

Vila Nova da Barquinha
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Povoação portuguesa do distrito e diocese de Santarém, e da comarca da Golegã, com 1.492 habitantes (dados de 1987). Sede de concelho. Situada na margem direita do Tejo, pertenceu aos Templários. É sede de concelho a partir de 1836. Constituído por 4 freguesias, o concelho tem 11.553 habitantes (dados de 1987). Possui indústrias de fiação, rolhas e cerâmica. Ficam na sua área o famoso castelo de Almourol, o centro militar de Tancos e a grande propriedade agrícola da Quinta da Cardiga.
in "Moderna Enciclopédia Universal", ed. Círculo de Leitores
Quadro Histórico
A história do concelho da Barquinha é, inevitavelmente,a história do Tejo: o comércio marítimo, a pesca de sobrevivência, o apogeu, a decadência. E é ainda a história de três concelhos outrora prósperos que se fundiram, afinal, num só.
Vila Nova da Barquinha, antes de ser criada vila e sede de concelho, em 1836, era um pequeno lugar do concelho de Atalaia. Havia então três concelhos prósperos na região: Praia do Ribatejo (Paio de Pelle), Tancos e Atalaia.
Atalaia foi tomada aos mouros em 1147, tendo estado despovoado até 1212, altura em que D.Afonso II lhe deu foral com privilégios para provocar o seu povoamento. Foram-lhe concedidos mais dois forais, em 1315 por D. Dinis e em 1514 D. Manuel. Atalaia fez parte do concelho da Golegã, quando em 1895 foi extinto o concelho da Barquinha.
Praia do Ribatejo (Pay Pelle) foi doada por D. Afonso Henriques aos Templários, como comenda, tendo depois passado pare a Ordem de Cristo. O primeiro foral foi-lhe dado por D. Gualdim Pais, em 1180, altura em que ali mandou construir um castelo. D. Manuel concedeu-lhe novo foral em 1519. A major parte da população desta localidade eram pescadores, tendo todos um paqueno pedaço de terra: "(...) Todo o termo desta vila se compõe de pequenos lugares e bastantes pobres aqui não há um grande proprietário, não há comerciantes, quase todos entretanto têm o seu pedaço de terra(...). Quase todos já de antiquíssimos tempos se têm empregado no serviço da pesca, de que tiram muito maiores vantagens do que na cultura de terras bastante áridas e estéreis(...). A pesca destes homens é às vezes no rio Zêzere e muito principalmente no Tejo; como ela porém nestes sítios não lhes daria todos aqueles interesses a que eles aspiram, então emigram para certas partes do Tejo, onde chega a maré, sendo o local de pesca destes homens ordinariamente entre Vila Franca de Xira e Salvaterra de Magos(...). Costumam vir anualmente de Ovar e de suas imediações de 80 a lOO homens que somente aqui permanecem o tempo necessário, e mesmo porque esta gente é mais apta e está mais acostumada a tal serviço. Diz depois que a colheita de azeitona era a que mais abundava e nela se empregam os mesmos pescadores, pois quase sempre acontece acharem-se neste tempo aqui; o sexo feminino igualmente se emprega neste serviço como em todos os outros da agricultura em que podem ser admitidos e para o que são superabundantes(...)"(1)
A povoação de Tancos remonta aos primeiros tempos da monarquia. O famoso Castelo de Almourol, localizado nesta área, foi reedificado por D.Gualdim Pais, em 1160. Em 1170 deu-lhe foral, bem como aos seus moradores. Pertencentes ao concelho de Atalaia, foi no reinado de D. Manuel desanexeda, obtendo regalias de foral.
A graduação de Vila fora-lhe concedida em 1517 por via do seu crescente povoamento. "Ofereceu Tancos noutros tempos face brilhante em indústria comercial, e os seus habitantes se souberam aproveitar das circunstâncias favoráveis que então o permitiam. Tinha um excelente porto, e era um ponto de comunicação das províncias do norte e Alentejo com a capital fazendo-se por aqui as diferentes transações dos objectos de comércio; o Norte da Estremadura/Beiras mandavam azeite, madeiras, came de porco, frutas, etc.(...) A sorte de Tancos era então próspera e vantajosa(...) mudaram-se entretanto as circunstâncias e com elas a sua sorte. Começou a fazer Abrantes os negócios do trigo do Alentejo, e para ali foi tudo propendendo neste ramo, ou por comodidade de transportes ou por mais industriosos os seus habitantes. A Barquinha começou a absorver o comércio de azeite e inteiramente o das madeiras e também o do pão (...). Tancos foi decaindo progressivamente(...) (2). A sua população, praticamente toda entregue desde sempre ao comércio fluvial, não soube virar-se para a agricultura, e a consequente insuficiência de rendimentos provocou a emigração macica e o seu consequente despovoamento (2ª metade do séc. XVIII).
Mais tarde, em 1866, com a construção do polígono de Tancos (à altura a Escola Prática de Engenharia e um Batalhão de Pontoneiros), e posteriormente com o desenvolvimento do vizinho Entroncamento, esta região voltou a ver aumentar a sua população e a melhorar a sue economia.
Com a decadência do comércio de Tancos, e gozando simultaneamente das "algumas" aptidões da sua terra, Vila Nova da Barquinha (Barca de seu primeiro nome), viu florescer um verdadeiro empório comercial nos seus limites. Desanexeda de Atalaia em 1938, foi elevada a sede de concelho um ano depois, pela Rainha D. Maria: "(...) Houvesse por bem conceder-line para distintivo honorífico da mesma vila, licença para poder usar de Brasão de Armas que, perpectuando a memória da época em que foi elevada à categoria de Cabeça do Concelho, fosse alusivo à navegação do Tejo, e ao comércio e fontes principals da prosperidade e riqueza daquela terra (...). Me apraz conceder um Brasão de Armas, que será um escudo sem corôa, partido em pelas, na primeira em campo azul uma Bandeira de Ouro em mar de prata e azul, e na segunda em campo da prata uma Oliveira de côr própria entre duas vazilhas de tonda negra, ficando no centro de dous ramos de Carvalho e letras de prata e legenda - Vila Nova da Barquinha (...)" (3).
Importante porto comercial, cujo tráfego ficava sujeito a grandes impostos (cujos rendimentos eram usados em melhoramentos da terra) também esta importante região viu decaír a sua economia com o advento do vizinho caminho de ferro.
(1) in "Ribatejo Histórico e Moumental" – de Francisco Câncio, Vol. III, 1939.
(2) Idem
(3) Idem
in DIAGNÓSTICO SÓCIO-CULTURAL DO DISTRITO DE SANTARÉM - ESTUDO 1, Santarém, 1985, pág. 504-505.

Almourol
Apontamento do 1900 do Jornal do Comércio (Lisboa).
“Sem dúvida um dos dez mais belos Castelos de Portugal. Fica situado numa pequena ilha do rio Tejo, onde Gualdim Pais, mestre da Ordem dos Templários, reedificou em 1160, numas ruínas possivelmente árabes o Castelo que ainda existe nos nossos dias. É um exemplar notável de arquitectura militar. A este Castelo prendem-se lendas amorosas de mouras bonitas e encantadas e cristãos”.
Numa pequena ilha ancorada no leito do rio Tejo, encontramos o belíssimo Castelo de Almourol. Basta descermos à margem vindos de Tancos, para nos deslumbrarmos com a curiosa ilha que tem assento um maravilhoso Castelo, onde Florbela Espanca e Fernando Pessoas gostavam de encontrar suas musas, seguindo as pegadas de Luís Vaz de Camões e da 4ª Marquesa de Alorna (D. Leonor de Almeira Portugal de Lorena e Lencastre, a nossa Cirne da Arcádia) entre outros poetas e escritores; ainda hoje o nosso Prémio Novel José Saramago, afirma que: É um lugar onde as ideias vêm ao encontro do escritor” ...
Mas voltamos a Almourol: Para o visitar, a única solução é entrar num dos pequenos barcos que fazem a travessia e experimentar a sensação de “atracar” numa ilha de areia e vegetação, onde o tradição popular diz que existe um tesouro escondido. E para os mais românticos, uma bela moura encantada à espera de um cristão que a desencante com palavras mágicas (???) e que a saiba beijar ...
O caminho de areia conduz-nos à entrada deste castelo que, segundo a lenda, durante a época da Reconquista (séculos lX e X) tinha um dono, de origem goda, chamado D. Rodrigo, com fama de ser bom guerreiro, mas rude e cruel.
Um dia, ao regressar de uma batalha, matou, sem razão, a mãe e a irmã de um jovem mouro, levando este para o Castelo e fazendo dele pajem à força.
Porém o jovem mouro quis vingar-se, envenenando a mulher de D. Ramiro. Ao querer vingar-se também de sua filha, Beatriz, acabou por se apaixonar por ela e ser correspondido.
D. Ramiro prometeu a mão de sua filha a um castelão, mas de nada valeu, porque os dois jovens fugiram, não se sabe para onde. D. Ramiro não resistiu ao desgosto e morreu pouco tempo depois.
Diz o povo: “Que Beatriz e o pagem, em noite de São João/sobre os muros elevados/aparecem abraçados/ao lado do castelo”.
O castelo foi conquistado aos mouros no reinado de D. Afonso Henriques e logo entre à Ordem dos Templários, que tinham a seu cargo a defesa da zona do Tejo. Foi mandado reconstruir por Gualdim Pais, mestre da Ordem dos Templários, em 1171 e só deixou de pertencer à Ordem quando ela foi extinta em 1312.
Este Castelo desempenhou um papel fundamental nos tempos da Reconquista cristã, tendo sido abandonado depois desta ter terminado.
No século XlX, foi feita a sua manutenção sem qualquer preocupação de rigor, tendo descaracterizado o monumento inicial. Já neste século, foi feita uma nova recuperação que retirou alguns dos elementos românticos, embora já não tivesse sido possível recuperar a traça medieval original.
A muralha, de planta quadrangular, é acompanhada por 9 torreões circulares que guardam a bonita torre de menagem, com  três pisos e acesso por escada de madeira. Dizem que existia um túnel do Castelo para o Convento de Almourol, situado na margem norte. As cortinas de muralhas estão defendidas por merlões (construídos no século XlX) e seteiras quadradas. O adarve, suportado por cachorros, e com acesso por várias escadas, proporciona-nos uma ampla vista sobre toda a paisagem circundante.
Alexandre Herculano diz-nos: “Já teve o nome árabe de “Almorolan”, uma das relíquias  que o Tejo guarda no seu leito. É uma fortaleza solitária rodeada de vegetação numa pequena ilha no meio do rio. Se suas pedra falassem, teriam muitos mistérios e histórias para contar: histórias de paixões, duelos e conquistas, onde entram gigantes, cavaleiros, princesas, mouros e cristãos ... e também o enorme épico Camões... É uma verdadeira ilha dos encantos ...”.
O mistério que aureola este Castelo – como já referimos numa ilhota do rio Tejo, entre Vila Nova da Barquinha  e Constância (um dos pousos preferidos do grande Luís Vaz de Camões), erguido pelo admirável mestre dos Templários, Gualdim de Pais, a partir dos fundamentos romanos - ultrapassa as parcas memórias que o têm por protagonista.
O relevo de sua esbelta silhueta no elemento aquário circundante poderá talvez propiciar esse tipo de evocações, porém alguns achados arqueológicos efectuados no decorrer das campanhas de restauro realizadas em épocas diversas - sobretudo as medalhas esmaltadas com representações de cenas de cavalaria – aproveitam à contestação de que o lendário de Almourol não é, em definitivo, apenas o ex-libris da imaginação e “espírito inventivo de nossos avós”.
A principal fonte desse lendário extenso e perene é o “Palmeirim de Inglaterra”, da autoria de Francisco de Morais, que, em síntese, nos faz o seguinte relato:
“ Duas formosas damas de nobre linhagem – de seu nome Miraguarda e Polinarda – foram um dia ao Castelo do gigante Almourol, que habitava  aquela fortaleza.
Conhecedor das leis de cavalaria, recebeu as duas damas de acordo com elas. Andava por esse tempo quebrando lanças pelo mundo, em honra de Polinarda, sua dama, o esforçado cavaleiro Palmeirim, que, tendo notícias do sucesso, decide regressar a Portugal com o firme propósito de a raptar. Viu, no entanto, frustrados os seus intentos porque se lhe opôs o Cavaleiro Triste, apaixonado de Miraguarda. Desafiado para uma justa de armas, Palmeirim aceita o desafio.  E, durante horas sem fim cada um dos combates por sua dama. Rotas as cervilheiras, desfeitas as armas, os dois cavaleiros decidem suspender o combate para sararem as feridas. É para que basta para que Dramusiando, outro gigante, chegue em socorro de Palmeirim, desbaratando Almourol e o Cavaleiro Triste, que abandonam as suas protegidas, o que, finalmente, permite a Palmeirim encontrar nos braços de Polinarda o remédio das suas atribulações”.

 

 

 

Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro – Marinha Grande - Portugal

 
 

 

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