Distrito de LEIRIA
Trabalho e
Pesquisa de
Carlos Leite
Ribeiro
Concelhos de: Alcobaça, Alavaiázere,
Ansião, Batalha, Bombarral, Caldas
da Rainha,
Castanheira de Pêra, Figueiró dos
Vinhos, Leiria, Marinha Grande,
Nazaré, Óbidos,
Pedrógão Grande, Peniche, Pombal e
Porto de Mós.
Distrito dividido entre as
províncias tradicionais da
Beira Litoral e da
Estremadura. Limita a norte
com o Distrito de Coimbra, a
leste com o Distrito de
Castelo Branco e com o
Distrito de Santarém, a sul
com o Distrito de Lisboa e a
oeste com o Oceano
Atlântico. Área: 3515 km².
Sede de distrito:
cidade e capital Leiria.
Nota do ano de 1900 (Jornal
do Comércio):
“Distrito de Leiria, formado
por uma parte da antiga
província da Estremadura,
com uma superfície de
3.411,80 Km2 e, uma
população de 238.755
habitantes. Compreende 13
concelhos e 115 freguesias.
Povoações mais importantes:
Leiria, Alcobaça, Pombal,
Caldas da Rainha e Peniche.
A serra mais importante do
distrito é a Maior ou dos
Candeeiros, com uma altitude
de 485 metros. É banhado
pelos rios Lis e seus
afluente Lena; Alcobaça;
Carnide e Arunca (afluentes
do Mondego); Zêzere
(afluente do Tejo); Nabão e
ribeira de Alge (afluentes
do Zêzere). Neste distrito
encontra-se o célebre pinhal
real (Pinhal do Rei), que D.
Sancho l mandou semear para
impedir a invasão das dunas
de areia, mas só D. Dinis
ampliou e tratou essa mata,
que tem 18 Km de comprimento
e a largura de 7 Km.
Indústria de tecidos em
Alcobaça; louça artística,
nas Caldas da Rainha; vidros
na Marinha Grande e rendas
em Peniche.
Leiria – (Capital e Concelho
do Distrito de Leiria)

Já há muito que Leiria
ultrapassou o morro do
Castelo que fica entre os
rios Lis e seu afluente Lena.
Leiria goza de atributos que
lhe conferiram credenciais
de grande centro comercial,
industrial e turístico, dos
mais importantes de
Portugal.
Possuindo privilégios
invejáveis (clima, paisagem
e património monumental),
Leiria adquiriu capacidade
de óptimo aproveitamento dos
recursos e predomínio
destacado entre outras
regiões, ultrapassando
dependências quer a norte,
quer a sul. Referimo-nos,
naturalmente, aos recursos
de vária ordem que
beneficiam da excepcional
situação geográfica no eixo
rodoviário Lisboa – Porto.
O concelho de Leiria tem uma
superfície de 549,24 Km2, e
é envolvido a norte pelo
concelho de Pombal, a sul
pelos de Batalha e Porto de
Mós, a oeste pelo de Marinha
Grande e a este por Vila
Nova de Ourém.
A actual cidade de Leiria
foi fundada em fins de 1135,
pelo primeiro rei de
Portugal, D. Afonso
Henriques, ao pretender
estabelecer uma guarda
avançada para a conquista de
Santarém, Lisboa e Sintra.
Leiria foi elevada a cidade
em 1545, por influência de
D. Frei Brás de Barros,
reformador do Mosteiro de
Santa Cruz, de Coimbra, e
primeiro bispo da diocese.
Recebeu forais do seu
fundador, D. Afonso
Henriques em 1142 e de D.
Sancho l em 1195, e, foi
doada por D. Dinis, com a
alcaidaria castelã, a sua
mulher D. Isabel de Aragão,
mais tarde Rainha Santa
Isabel. Foi cenário de
diversas vicissitudes da
história portuguesa,
preservando uma série de
monumentos artísticos que
atestam um passado
esplendoroso. Infelizmente,
as invasões napoleónicas de
1808 e 1810 prejudicaram
bastante.
Na Leiria quatrocentista
esteve instalada uma das
primeiras oficinas
tipográficas que imprimiram
os mais antigos incunábulos
portugueses. O conjunto
citadino ergue-se emoldurado
pelo sinuoso rio Lis, de um
sereno bucolismo, e pelo
morro altaneiro onde se
recordam os perfis do velho
castelo, do Paço de D. Dinis
e da Igreja da Pena.
PROVÁVEL ORIGEM DO NOME:
“O nome de Leiria tem-se
prestado às mais fantasiosas
conjecturas. Ora, o fazem
derivar de nome de mulher,
ora o tiram de “leira”, ora
de “lírio (na forma grega),
ora dos nomes dos rios
leirienses, etc. O Dr. Leite
de Vasconcelos opinou que
Leiria veio do nome do rio
Leirena, que foi também
Leirea e Leireia. Um facto
importante é o de o nome do
rio Leirena alterna com Lena.
Ora, em Plínio (cf.
Quicherat) há referência a
uma cidade da Lusitânia,
chamada Lena. Mesmo que seja
só coincidência, é de crer
que Leiria se prenda ao nome
do rio que por lá passa”.
Seja como for, as origens
históricas da belíssima
cidade de Leiria repostam-se
aos começos da Reconquista,
podendo fixar-se, na época
das lutas entre cristãos e
mouros, pela fixação das
fronteiras do Condado
Portucalense. Leiria
conserva a história
guerreira evocando ainda
hoje páginas dessa epopeia
decisiva para o alicerçar,
com muitos sacrifícios, a
Nacionalidade. A importância
da “vila” de Leiria, fundada
em 1135 com origem em razões
defensivas, adveio-lhe do
castelo - cuja date se
desconhece, servindo muitas
vezes e por longos períodos
de residência da corte e
sede do reino. A tradição
refere que em 1137 os mouros
cercaram o castelo tendo
sucumbido na refrega 240
cavaleiros, enquanto D.
Afonso Henriques andaria em
guerra pela Galiza (Espanha)
com seu primo Afonso Vll.
Sabendo do sucedido, veio em
socorro da “vila” que tomou
ao inimigo. Três anos
depois, nona investida
mourisca que recuperou o
castelo, dizimando e
aprisionando a guarnição,
incluindo seu alcaide Paio
Guterres. Cerca de um ano
mais tarde, o primeiro rei
português reconquistou
novamente o castelo. Com a
tomada de Santarém e de
Lisboa aos mouros, o castelo
de Leiria perdeu importância
militar e estratégica.
Os cónegos regrantes do
Mosteiro de Santa Cruz de
Coimbra, tiveram a região de
Leiria sob sua jurisdição
até ao século XVl. As terras
mais a sul, foram entregues
aos cuidados colonizadores
dos monges de Cister
(Alcobaça). Foi decisiva a
acção quer dos primeiros,
quer dos segundos na
colonização e
desenvolvimento agrícola do
território leiriense.
Em 1254, D. Afonso lll
convocou as Cortes de Leiria
nelas tomando assento, pela
primeira vez, os
procuradores dos concelhos,
legítimos representantes das
classes populares. Tiveram
lugar, provavelmente no
castelo ou nos paços
existentes no Cerca. Sabe-se
um dos principais objectivos
destas Cortes: deliberar
quanto ao estado deplorável
do Reino e sobre “assuntos a
corrigir e a emenda”. Em
Novembro de 1372 reuniram-se
novamente reflectindo sobre
o ambiente de previsão da 2ª
guerra com Castela; as de
1376 (ainda no reinado de D.
Fernando) terão abordado os
esponsórios da infanta D.
Beatriz (filha de D.
Fernando) com o filho
ilegítimo do rei de Castela
(Henrique ll). E,
finalmente, as últimas
Cortes, no final do reinado
de D. Duarte, em 1438,
decidiram da não entrega de
Ceuta (norte de África)
exigida em troca do resgate
do Infante D. Fernando, que
morreu no seu cativeiro em
Fez (norte de África).
Leiria foi palco de
acontecimentos importantes
da História de Portugal,
como por exemplo: daqui foi
enviado documento da
fundação da Universidade de
Coimbra, em Maio de 1290; o
príncipe herdeiro, mais
tarde D. Afonso lV, em 1320,
em conflito com o pai (D.
Dinis) pôs cerco ao castelo
só o abandonando perante a
proximidade do exército. O
altar da capela de São Simão
foi testemunha do acordo de
paz devido à interferência
da bondosa Rainha Santa,
entre o marido e o filho.
Os esponsais da infanta
menor D. Beatriz, filha de
D. Fernando e de D. Leonor
Teles, que na altura tinha 4
anos, com o filho de
Henrique de Castela, tiveram
lugar em Leiria; em 1385, o
rei de Castela passou por
Leiria com as suas tropas a
caminho de Lisboa. O alcaide
D. Garcia Rodrigues Taborda
recusou-lhe entrada mas
acabou por fornecer
mantimentos e seguir com o
exército inimigo. Fiel a D.
Leonor, recusou servir o
Mestre de Aviz, mais tarde
D. João l, e acabou por ter
fim trágico na Batalha de
Aljubarrota.
D. João l passou por Leiria
a caminho da Senhora da
Oliveira ( Guimarães – já
referido noutro trabalho),
confiando a alcaidaria a
Lourenço Martins; o filho
bastardo de D. João l, D.
Afonso, (refere a tradição)
terá desposado em Leiria D.
Beatriz, filha única do
Condestável do Reino, D.
Nuno Álvares Pereira. Com a
morte de D. João l, Leiria
ouviu, solenemente a
proclamação de D. Duarte -
rei de Portugal, da boca dos
fidalgos e dos procuradores
do povo.
Subordinada à presença do
rio Lis e do seu afluente, o
Lena, toda esta região se
caracteriza não só pela
fertilidade dos campos que a
marginam, facilmente
irrigados, como também pela
aptidão para a cultura
florestal, representada
pelas extensas áreas
ocupadas pelo pinhal
(pinheiro bravo). Tudo
verdeja quando esses campos
estão ocupados pelas
culturas que lhes são
próprias, só os tons são
diferentes.
A sensação que se colhe
percorrendo-a é de uma
amenidade pouco vulgar,
traduzida por um ambiente
saudável e calmante; nada é
brusco, nada é agreste, nada
fere, magoa ou assusta.
Apenas o morro onde se ergue
o Castelo de Leiria e, em
frente dele, um outro
dominado pela Igreja de
Nossa Senhora da Encarnação,
que é templo mariano e
mandado construir por D.
João V, quebram a suavidade
da paisagem, que se estende
das serranias calcárias que
a limitam a nascente até ao
Atlântico, a poente.
Paira em tão vasta área, por
um lado, a influência da
assídua presença de D.
Dinis, que a preferia, e ,
por outro, a de D. João l e
do Condestável D. Nuno
Álvares Pereira. O primeiro
deixou-a assinalada pelas
obras que ali realizou,
desde o castelo ao enxugo do
paul do Ulmar e aos Paços
reais de Monte Real ( a 25
Km de Leiria a norte) e
ainda pelas lendas e
toponímia ligadas aos seus
desvarios sentimentais.
D. João l e o seu
condestável deixaram a
recordação dos actos
heróicos com que os
portugueses conseguiram
fazer vingar a sua
independência - a Batalha de
Aljubarrota em 14 de Agosto
de 1385 (noutro trabalho
vamos falar nesta grande
batalha), e que fica a 20 Km
para sul de Leiria.
Alguns monumentos de Leiria:
SÉ : O início da sua
construção remonta a 1559,
embora só estivesse
concluída na Segunda metade
do século XVll.
IGREJA DE SÃOPEDRO: Este
pequeno edifício românico,
dos finais do século Xll,
apresenta na frontaria um
pórtico constituído por
quatro arquivoltas, com
botões nas aduelas, assentes
em colunas de capitéis
zoomórficos.
IGREJA DE NOSSA SENHORA DA
PENA: Situada no topo do
cómodo leiriense, é
enquadrada pela massa
arquitectónica do castelo e
do paço. O pórtico é do
século XlV.
IGREJA DO ESPÍRITO SANTO: O
templo, construído a partir
de uma ermida trecentista,
ostenta uma frontaria
barroca.
IGREJA DE SANTO AGOSTINHO: A
sua construção remonta aos
finais do século XVl, mas as
obras prolongaram-se até ao
XVlll.
SANTUÁRIO DA NOSSA SENHORA
DA ENCARNAÇÃO: Precede o
edifício uma escadaria
monumental da Segunda metade
do século XVlll. O pequeno
templo, dos finais do século
XVl, apresenta exteriormente
uma galilé de 21 arcos que
percorre 3 das suas faces. O
frontão do alpendre central
ostenta uma escultura
quinhentista figurando São
Gabriel. Numa das
dependências do santuário
encontra-se uma colecção de
ex-votos, pinturas ingénuas
historiando diversos
milagres atribuídos à
Senhora da Encarnação.
CONVENTO DE SÃO FRANCISCO: A
fachada da igreja, cingida
por volumosos cunhais
terminando em fogaréus, com
a imagem do orago a
preencher um nicho alto,
entre os janelões do coro, e
os três arcos da galilé
abertos no piso térreo,
documenta a construção
setecentista, embora o
convento remonte a época
anterior.
PAÇO REAL E CASTELO: O
edifício é cingido por duas
torres quadradas e rasgado
por uma “loggia”.
Sobrepujantes à galeria de
arcos ogivais, de oito vãos,
erguem-se os grandes
torreões encimados pelos
típicos coruchéus
piramidais. Junto ao Paço
Real ergue-se a torre de
menagem, vetusta construção,
com a data de 1324 num
escudo armoriado colocado na
verga da porta. A cerca da
vila, com o seu coroamento
de merlões e os paramentos
de alvenaria parcialmente
reconstruídos, remonta ao
tempo de D. Sancho l. A
Porta dos Castelinhos, a
norte, conserva um escudo
real ladeado por dois
pinheiros, que se julga
constituir a primitiva
heráldica de Leiria. A torre
para nascente desta porta
possui um esgráfito que
documenta a sua construção
na era de 1380, no reinado
de D. Afonso lV. Nas três
ordens de cintas amuralhadas
que envolvem o reduto
central ainda se observam
alguns vestígios dos
enxertos efectuados durante
o século XV.
A cidade de Leiria fica a 13
Km da cidade da Marinha
Grande, a 35 Km da praia da
Nazaré, a 10 Km da Batalha e
a 26 Km de Pombal.
DOAÇÃO DE LEIRIA À RAINHA
SANTA ISABEL, MULHER DE D.
DINIS:
“Em nome de Deus Amen.
Conhoscam esta carta virem e
lerem que eu D. Diniz pela
graça de Deus Rei de
Portugal, e do Algarve, de
meu prazer e de minha livre
vontade dou, e outorgo a vós
Rainha D. Izabel minha
mulher enzembra com o
infante D. Affonso meu filho
primo herdeiro em todolos
dias de vossas vidas a minha
villa de Leyria com todos os
termos, como todas suas
rendas, e suas pertenças e
com todos seus direitos, que
eu ey, e de direito devo
aver. E outro sim vos dou em
todolos os dias de vossa
vida a Alcaidaria dessa
villa, em tal guisa, que vos
metades hy alcaide, e
tolhades quanto vos prouguer,
que seja homem filho dalgo,
e meu natural, e que faça
ante a my menagem por esse
castello, que hirado, e
pagado mo de quanto lho
pedir, e que faça guardar
onde a my, e a meus
successores o meu senhorio.
E vos devedes a elles adar
das rendas d’essa villa a
teença desse Castello. E
essa doaçam vos faço, e
outorgo por ende toda vossa
vida, que a ajades, e
possuyades todalas rendas e
direitos da dita villa, e de
seus termos com todas suas
pertenças, e Alcaidaria, e
com todolos seus direitos, e
melhoramentos que hy
fizerdes, devem ficar a my,
e a meus successores, que
depois reynarem em Portugal
e livremente, e sem embargo
nenhum.
E eu sobredicto Rey D. Dinis
outorgo, e prometto aboa fee
a teer, e guardar a voz D.
Izabel esta doacam, assim
como sobredicto hé, e nem
vir em contrario, e sê
alguns de meus successores,
ou alguns outros, o que lhes
Deus nom leixe fezer, a vos
em vossa vida esta doaçam
quizer embargar, aja a hira,
a maldiçom de Deus e da sá
Madre, e de toda a corte
celestial, e a minha
maldiçam para todo o sempre.
E os que esta doaçam a vos
teverem, e aguardem em vossa
vida, assim como é
sobredicto, sempre sejão
compridos de toda beençom. E
que esta doaçam seja mais
firme, e mais estavel em
toda vossa vida, e nam possa
vir em duvida, dou onde a
vos Rainha Dona Izabel, esta
inha carta seellada do meu
sello de chumbo. A qual
carta a vos com minhas mãos
proprias rivogo, e confirmo.
Feita a Carta em Lisboa
quatro dias de Julho. El-Rey
o mandou. Francisco Annes a
fez. Era de M.CCC.XXXVlll
annos.”
Nota: Uma preciosidade da
era medieval.
LEIRIA
E AS
INVASÕES NAPOLEÓNICAS
A cidade foi a que mais
sofreu com as devastações
das tropas francesas durante
a Guerra Peninsular. Junot
tomou-a em 1807, e , o
valoroso batalhão académico
de Coimbra libertou-a em
Junho do ano seguinte, com a
colaboração heróica da
população. Em represália as
tropas de Napoleão entraram
de novo na cidade, no dia 05
de Julho, mas o povo
leiriense enfrentou-as
corajosamente,
resistindo-lhes no Alto da
Portela, onde está uma
lápida comemorativa.
Em 1810, depois da Batalha
do Buçaco (perto de
Coimbra), Leiria voltou a
cair nas mãos do invasor que
deixou rasto de destruição
por toda a cidade. Os
franceses pilharam e
incendiaram o convento das
Dominicanas de Santana, o
paço episcopal e o
recolhimento de Santo
Estêvão; saquearam o
seminário e os hospital,
abandonando a cidade em
Março de 1811. Dos cerca de
3 mil habitantes, teriam
ficado à volta de 150, pois
muitos morreram e outros
fugiram. A situação agrícola
ficou de tal ordem que
exigiu a intervenção do
governo central, deslocando
outras pessoas de outras
partes de Portugal.
Leiria
http://www.visitportugal.com/NR/exeres
Vindo da cidade, o turista
entra no Castelo de Leiria
pela Porta da Albacara. No
interior do recinto
defensivo, muito bem
conservado, iremos encontrar
vários motivos de interesse:
a Igreja de Nossa Senhora da
Pena, os antigos Paços
Reais, a Torre de Menagem e
sobretudo a bela vista sobre
a paisagem envolvente.
Este conjunto arquitectónico
relembra a origem medieval
da cidade, quando em 1135
foi conquistada por D.
Afonso Henriques.
Na altura, o primeiro rei de
Portugal mandou construir
uma pequena capela dedicada
a Nossa Senhora da Penha e
entregou este reduto militar
a D. Paio Guterres, o
primeiro Alcaide de Leiria.
As muralhas seriam
reforçadas apenas no final
do século, pelo rei D.
Sancho I, depois da
conquista definitiva pelos
cristãos.
A característica Torre de
Menagem deve-se à iniciativa
de D. Dinis, em 1324,
segundo uma inscrição aí
existente, assim como os
Paços Reais e a reconstrução
da Igreja.
No entanto, há quem atribua
a autoria destas obras ao
rei D. João I no final do
séc. XIV. Certo é que
durante o séc. XVI novas
obras são levadas a cabo,
por ordem de D. Manuel,
nomeadamente a construção de
uma sacristia na Igreja.
Longe da sua função inicial,
o Castelo voltou a ter
importância na história da
cidade no início do séc. XX,
quando foi alvo de um
inovador restauro por
Ernesto Korrodi e pela Liga
dos Amigos do Castelo, cujas
iniciativas marcaram a
paisagem urbana de Leiria.
Seguidor tardio do espírito
romântico e esforçado em
recuperar o imaginário
medieval, Korrodi defendeu a
devolução da imponência
histórica ao monumento, que
tinha antes do abandono a
que foi votado ao longo dos
séculos.
Actualmente, o recinto
amuralhado é um agradável
espaço de passeio que se
transformou o ex-libris de
Leiria, "observando" do alto
do morro a evolução da
cidade.Vindo da cidade, o
turista entra no Castelo de
Leiria pela Porta da
Albacara. No interior do
recinto defensivo, muito bem
conservado, iremos encontrar
vários motivos de interesse:
a Igreja de Nossa Senhora da
Pena, os antigos Paços
Reais, a Torre de Menagem e
sobretudo a bela vista sobre
a paisagem envolvente.
Este conjunto arquitectónico
relembra a origem medieval
da cidade, quando em 1135
foi conquistada por D.
Afonso Henriques.
Na altura, o primeiro rei de
Portugal mandou construir
uma pequena capela dedicada
a Nossa Senhora da Penha e
entregou este reduto militar
a D. Paio Guterres, o
primeiro Alcaide de Leiria.
As muralhas seriam
reforçadas apenas no final
do século, pelo rei D.
Sancho I, depois da
conquista definitiva pelos
cristãos.
A característica Torre de
Menagem deve-se à iniciativa
de D. Dinis, em 1324,
segundo uma inscrição aí
existente, assim como os
Paços Reais e a reconstrução
da Igreja.
No entanto, há quem atribua
a autoria destas obras ao
rei D. João I no final do
séc. XIV. Certo é que
durante o séc. XVI novas
obras são levadas a cabo,
por ordem de D. Manuel,
nomeadamente a construção de
uma sacristia na Igreja.
Longe da sua função inicial,
o Castelo voltou a ter
importância na história da
cidade no início do séc. XX,
quando foi alvo de um
inovador restauro por
Ernesto Korrodi e pela Liga
dos Amigos do Castelo, cujas
iniciativas marcaram a
paisagem urbana de Leiria.
Seguidor tardio do espírito
romântico e esforçado em
recuperar o imaginário
medieval, Korrodi defendeu a
devolução da imponência
histórica ao monumento, que
tinha antes do abandono a
que foi votado ao longo dos
séculos.
Actualmente, o recinto
amuralhado é um agradável
espaço de passeio que se
transformou o ex-libris de
Leiria, "observando" do alto
do morro a evolução da
cidade.
http://www.visitportugal.com/NR/exeres
Alcobaça – (Concelho do
Distrito de Leiria)

Alcobaça fica situada na
Alta Estremadura, entre o
antemural da Serra dos
Candeeiros e a costa
atlântica, está
historicamente ligada à
abadia cisterciense que
influenciou de modo decisivo
o povoamento, sendo o seu
mosteiro a origem
incontestada da sua génese.
Começando por um castelo
árabe, a que se juntou, e
por um mosteiro cristão,
Alcobaça cresceu no vale dos
rios Alcoa e do Baça,
provavelmente sobre uma
sobreposição de culturas que
passaram além da permanência
romana e visigótica para se
perder na cultura
megalítica.
Alcobaça fica situada e
rodeada de montes
verdejantes ainda pouco
delapidados pelo crescimento
urbano.
O Castelo arruinou-se e o
mosteiro domina-a. Enorme
mole de pedra, a sua
construção começou a 10 de
Maio de 1178, nunca mais
tendo parado de sofrer
ampliações e modificações,
pelo menos até ao início do
século XlX.
Agregado ao mosteiro
encontra-se um edifício do
século Xll, onde os
primeiros cistercienses
(monges de Cister),
instalaram provisoriamente a
“abadia velha”, que existiu
pelo menos até à consagração
da igreja do novo mosteiro,
em 1252.
O estudo da origem
etimológica da palavra
Alcobaça tem-se baseado na
actividade humana de épocas
passadas, com especial
incidência nos períodos de
permanência romana e árabe.
A designação provável parece
ser Helcobatic, nome de uma
povoação romana situada
próximo da actual
localidade, embora se
considere também a
permanência árabe e os
vestígios de topónimos no
local.
Nesta região têm sido
encontrados diversos
objectos do período
neolítico, principalmente
fragmentos de cerâmica.
Existem também muitos
vestígios da romanização,
tais como moedas, inscrições
e sarcófagos.
Embora a actividade humana
se tenha manifestado desde
remotas eras, o núcleo
urbano começou a definir-se
à volta do castelo, e o
mosteiro acabaria por
coordenar as actividades
locais, provocando a
condensação de um primeiro
núcleo em seu redor.
O mosteiro foi mandado
construir pelo primeiro rei
de Portugal, D. Afonso
Henriques, e nele, entre
outros, encontram-se os
túmulos dos grandes
amorosos, D. Pedro l e de D.
Inês de Castro, virados um
para o outro. Também, digno
de visita é o claustro de D.
Dinis, a biblioteca, a
monumental cozinha e a porta
da sacristia, e outros neta
monumental construção.
Alcobaça
http://www.oesteonline.pt/regiao/alcobaca.asp
Município da Estremadura,
pertencente ao Distrito de
Leiria e à Associação de
Municípios do Oeste. A
cidade de Alcobaça, sede do
Concelho, situa-se entre o
antemural da Serra dos
Candeeiros e a costa
atlântica, a 42 metros de
altitude e rodeada pelos
rios de Alcoa e Baça.
Alcobaça nasceu de um
castelo árabe a que se
juntou, pouco tempo depois,
o mosteiro cristão. Cresceu
pelos vales do Rio Alcoa e
Baça – sossegadas
testemunhas da presença
romana e visigótica. Hoje,
reúne, entre o morro do
Castelo e o Mosteiro,
curioso núcleo de ruas e
travessas de sabor medieval
bem ornamentadas pelas
Igrejas da Misericórdia e de
Nossa Senhora da Conceição.
O Mosteiro ou Real Abadia de
Santa Maria de Alcobaça,
fundado em 1178 pela Ordem
de Cister, em cumprimento do
voto de doação feito por D.
Afonso Henriques quando da
conquista de Santarém aos
mouros, é a mais pura e
majestosa Abadia que os
monges de Cister ergueram em
toda a Europa. Eleito pela
UNESCO como monumento
"Património Mundial", o
Mosteiro de Alcobaça bem
pode ser uma bela viagem
pela História da Arte
Europeia, do séc. XIII ao
século XVIII.
Gastronomia: Frango na
Púcara, Cherne à Frei João,
Delícias de Frei João, Pudim
de Ovos dos Frades,
Biscoitos, Broínhas de
Alcobaça, Tachinhos à Dom
Abade, Frutas de Alcobaça
(Pêssegos, maçãs, pêros,
alperces, morangos e
laranjas) e Ginja de
Alcobaça. Na Vila de
Alfeizerão, o famoso
Pão-de-Ló de Alfeizerão. Em
Aljubarrota os Pastéis da
Padeira e Tortas de
Aljubarrota. Em Bárrio as
Queijadas do Bárrio.
Artesanato: Olaria e
cerâmica típica de Alcobaça
– a que tem fundo branco e
decoração azul e que
reproduz antigas faianças
portuguesas do séc. XVII. Os
cristais de Alcobaça, os
lenços de chita para a
cabeça ou para os ombros,
estes conhecidos por "alcobaças"
e os panos de chita de
Alcobaça, para decorações e
estofos de requinte, assim
como as tapeçarias , as
toalhas bordadas, as mantas
de farrapos, as cestas de
verga e as esteiras de Junco
de Cós, muito procuradas por
serem coloridas.
A visitar: Mosteiro de Santa
Maria de Alcobaça; as ruínas
do Castelo de Alcobaça
fundado pelos Árabes; Arcos
de Cister que são dois arcos
setecentistas que ligam o
antigo celeiro a outras
dependências do Mosteiro; e
a Igreja da Misericórdia
edificada no séc. XVI e
restaurada no séc. XIX. O
Museu Nacional do Vinho, o
Museu de Alcobaça instalado
no Mosteiro e a Casa Museu
Vieira Natividade onde se
expõe o espólio das
explorações arqueológicas
nas grutas pré-históricas do
concelho.
Nos arredores: Em Alfeizerão
as ruínas do Castelo de
fundação árabe no séc. XI e
o pelourinho do séc. XVI; em
Aljubarrota a Rua Direita,
Pelourinho e Casa da Câmara,
a Igreja de Nossa Senhora
dos Prazeres (séc. XIII) e
as grutas pré-históricas do
Carvalhal de Aljubarrota. Em
Alpedriz o Pelourinho e
Igreja Matriz; Em Cela Nova
o Pelourinho (séc. XVI) e
Igreja de St.º André (1909);
Em Cela Velha o monumento ao
General Humberto Delgado; Em
Cós o Convento de Santa
Maria fundado em 1279 e
reconstruído no séc. XVIII e
a ermida de Santa Rita; Em
Évora de Alcobaça a Capela
do Senhor dos Passos (séc.
XVI) e a Igreja de S. Tiago
de fundação medieval; Em
Maiorga a Igreja de S.
Lourenço fundada em 1543 e o
conjunto do séc. XVI
composto pelo Pelourinho e
portal da antiga Capela do
Espírito Santo; Em Turquel o
Pelourinho e Igreja de Nossa
Sr.ª da Conceição (séc. XVI);
Em Vestiaria a Igreja Matriz
(séc. XVI).
Mosteiro de Alcobaça
http://www.visitportugal.com/NR/exeres
É uma das obras-primas do
génio criativo da
Humanidade, que a UNESCO
incluiu na lista do
Património Mundial.
Logo que entrar na imensa
nave da igreja, a maior
construída na Idade Média em
Portugal, vai sentir-se
envolvido pela sensação de
espiritualidade que ressalta
da nudez da pedra, própria
do gótico primitivo.
Frente a frente no
transepto, estão os mais
belos túmulos medievais
feitos em Portugal. Do lado
direito, o de Inês de
Castro, do lado esquerdo, o
de D. Pedro I. Foi o rei que
os mandou colocar assim para
que quando chegasse o dia da
Ressurreição dos Corpos se
encontrasse de frente com a
mulher que tanto amou e tão
cruelmente foi assassinada.
Tente ler nas delicadas
esculturas que decoram o
túmulo de Pedro, cenas da
vida desta trágica paixão.
A organização do espaço do
Mosteiro segue as normas
impostas pela Ordem de
Cister, nascida em França.
Passeie pelas austeras
dependências onde os monges
viveram perto de 800 anos: o
Refeitório, o Dormitório, a
Sala do Capítulo, os
Claustros e maravilhe-se com
a monumental cozinha onde
apanhavam o peixe do rio.
Nos azulejos que forram as
paredes da Sala dos Reis
"leia" a história da
fundação do Mosteiro, em
1153. Ficará a saber que o
nosso primeiro rei, D.
Afonso Henriques. prometeu
dar a S. Bernardo as terras
de Alcobaça se conquistasse
Santarém aos Mouros. E os
monges de hábito branco lá
ficaram, criando nos coutos
férteis uma escola de
agricultura que ainda hoje
se revê nos saborosos frutos
da terra.

Alvaiázere – (Concelho do
Distrito de Leiria)
Povoação muito antiga, é
provável que já fosse
habitada pelos primitivos
povos da Península Ibérica.
Os árabes, ao fixarem-se na
região, deram-lhe o nome de
Al-bai.zir, donde
possivelmente proveio
Alvaiázere. D. Sancho l
outorgou-lhe foral em 1200.
Foi elevada à categoria de
vila no reinado de D. José l
que lhe renovou o foral em
1358; e doada por D. Duarte
a sua mulher, a rainha D.
Leonor, em 1435, pelo que
ficou a pertencer à Casa de
Bragança. Em 1514, D. Manuel
l confirmou o foral.
Origem do nome:
«Rocha Martins do “Arquivo
Nacional – 1936»: “Tirando o
seu nome do lugar onde
assenta, uma várzea
fertilíssima, Alvaiázere,
chamou-se primitivamente,
Alva-varzea, nome este que,
corrompendo-se, se
transformou no actual”.
«Da, Grande Enciclopédia
Portuguesa e Brasileira»: “A
origem da terra perde-se na
noite dos tempos, parecendo,
contudo, averiguado, que
nela já habitaram os
primitivos povos da
Península para aí fazerem as
suas fortificações. Aí
construíram, também os
romanos uma cidade cujos
vestígios já desapareceram
por completo, sabendo-se
apenas da sua existência
pelo aparecimento de
numerosas moedas e
utensílios de uso. Os
árabes, ao conquistarem a
Península, fixaram-se também
na região a que chamaram
Al-bai-Zir (o campo
aromático), daqui provindo,
segundo parece, o nome de
Alvaiázere”.
Alvaiázere
http://almoster.planetaclix.pt/regiao71.html
Um concelho com história e
tradições
Para quem não conhece de
Alvaiázere, o concelho
situa-se no Nordeste do
distrito de Leiria e tem
como concelhos vizinhos:
Figueiró dos Vinhos, Ansião,
Ourém, Ferreira do Zêzere e
Pombal. É limitado a poente
pelo Vale do Nabão e a
nascente pela depressão de
S. Pedro do Rêgo da Murta a
Cabaços, e Vale de Cabaços à
depressão do Pontão e Chão
de Couce.
Para além da sede,
compreende seis Freguesias,
sendo elas: Almoster, Maçãs
de Caminho, Maçãs de Dona
Maria, Pelmá, Pussos e S.
Pedro do Rego da Murta,
ocupando uma área de 161
quilómetros quadrados.
No que diz respeito ao
Património Natural, o
concelho de Alvaiázere é
constituído por uma
diversidade de formações
geológicas, com predomínio
do Mesozóico, registando-se
algumas do Precâmbrico,
Pelaozoíco e Cenozóico –
Miocénico e Pliocénico e por
um número significativo de
tipos de solos.
A litologia, a topografia, o
clima, a vegetação e a
acidez das águas contribuem
para a existência de um
grande número de grutas e
algares. Algumas das
formações cársicas que
poderemos encontrar por
estas terras são: Gruta do
Algar da Água, Buracas da
Serra, Buraca Grande da
Porta, Gruta da Mata de
Cima, Algar do Vale da Couda,
Surgência do Olho do Tordo,
entre outras.
A presença de abundantes
coberturas gresosas na área
determina a existência de
uma cobertura vegetal
diversificada,
salientando-se a azinheira,
o carrasco, o
carvalho-cerquinho, o
castanheiro, o eucalipto, a
nogueira, a oliveira, o
pinheiro, o sobreiro e a
zambujeira. Estando ainda
presentes outras espécies
características das
florestas mediterrânicas, de
que se salienta a alfazema,
o alecrim, a carqueja, a
erva de Santa-Maria e a
salva.
Da vasta e diversificada
fauna existente, realçamos a
geneta, o javali, a lebre, a
perdiz, a raposa, algumas
colónias de morcegos, a
lontra, entre outras.
Num concelho rural onde,
outrora, a agricultura
representava o principal
meio de subsistência,
encontramos de mãos dadas
com uma arquitectura
moderna, construções rurais,
que apesar de não
apresentarem um valor
histórico particular, salvo
raras excepções, têm
interesse não só em termos
estéticos, mas também em
termos comunitários, por
fazerem parte da história
individual e colectiva de
uma comunidade, traduzindo
quer a sua sabedoria, quer a
sua memória colectiva.
Dispersas pelo concelho, há
também várias casas de uma
"nobreza" rural, construídas
por volta do século XVIII,
algumas das quais já em
ruínas e outras ainda bem
conservadas. São casas
construídas junto às
estradas e cópias umas das
outras.
Localizado na zona centro do
País, entre montes e vales,
Alvaiázere é um concelho que
desde sempre convidou o
homem a fixar-se nas suas
terras. As vantagens
geográfico-naturais, a
fertilidade dos terrenos, os
ribeiros, a abundância da
pesca e da caça e o carácter
defensivo dos cabeços, levou
a que imprimisse por toda a
região um forte cunho da sua
presença.
São inúmeros os artefactos
pré-históricos e Sítios
arqueológicos dispersos um
pouco por todo o Concelho.
De todos eles, salientamos
os mais representativos do
ponto de vista
arquitectónico, nomeadamente
as Antas do Ramalhal, a
Rominha e o povoado da Serra
de Alvaiázere.
As Antas do Ramalhal ficam
situadas a cerca de 500
metros da aldeia do Ramalhal
– S. Pedro do Rego da Murta,
numa planície povoada por
eucaliptos na margem direita
da Ribeira do Rego da Murta.
A Rominha está localizada
numa planície de grande
fertilidade e clima
agradável, esta zona,
conjuntamente com a Vila
Nova, Casal Novo e Farroeira
escondem no seu subsolo
histórias de um passado que
o tempo procurou esquecer.
Outrora, em cada um dos
referidos lugares, foram
encontrados pedras
aparelhadas, tijolos,
fragmentos de diferentes
dimensões de tegulae e
imbrices, fundos de ânforas,
bordos, bojos, asas, entre
outros achados do período
romano.
Em Julho de 1999, ao
abrirem-se alicerces para a
construção de uma casa,
foram encontrados no
Cerejeiral – Rominha -
diversas estruturas
(alicerces, paredes e muros
executados com pedra
calcária da região),
fragmentos de cerâmica,
tegulae e imbrices romanas e
uma moeda de bronze de
difícil datação, dado o seu
elevado nível de corrosão.
O Povoado da Serra de
Alvaiázere fica localizado
na freguesia e Concelho de
Alvaiázere, a 600 metros de
altitude. Este Sítio
arqueológico é caracterizado
por um povoado fortificado
de grandes dimensões com
duas cinturas de muralhas
parcialmente derrubadas: uma
exterior e outra interior,
aparentemente circular, com
cerca de 100 metros de
diâmetro, ambas visíveis por
fotografia área.
Cronologicamente, a sua
localização geográfica e a
sua posição estratégica, as
cinturas de muralhas e os
artefactos encontrados
inserem-no no tipo de
povoados da Idade do Bronze.
Ao falarmos ainda do
concelho de Alvaiázere,
falamos de um meio rural
onde encontramos, a cada
passo, o presente
interligado ao passado. São
exemplo disso as diversas
manifestações tradicionais
existentes, nomeadamente: o
Dia de Todos os Santos, com
o culto dos mortos e a
realização de magustos, ao
mesmo tempo que as crianças
percorrem as casas dos
vizinhos para pedir os
"bolinhos"; o Natal, com a
realização de um Concurso de
Presépios promovido pela
Autarquia; o dia de Reis,
dinamizado pela Câmara
Municipal de Alvaiázere; o
Carnaval, com um desfile de
crianças mascaradas,
provenientes das escolas do
concelho, pelas ruas da Vila
de Alvaiázere; o cantar às
almas na Quaresma; o dia da
Espiga, recuperado pela
Autarquia; a descamisada; as
vindimas que decorrem nos
finais do mês de Setembro; a
apanha da azeitona; a
pastorícia; os ofícios
tradicionais em vias de
extinção, como são os casos
do latoeiro, albardeiro,
cesteiro, sapateiro,
moleiro, ferreiro e
tanoeiro; as feiras e
romarias tradicionais; a
FAFIPA, Feira agrícola,
Florestal, Industrial,
Pecuária e Artesanato, que
se realiza anualmente no mês
de Junho; o festival
gastronómico do Chícharo,
entre outras…
Alvaiázere
http://www.cm-alvaiazere.pt
Localização
Implantada no sopé da uma
planície, ladeada por um
relevo cársico. Alvaiázere é
vila, sede do concelho de 3ª
ordem e fiscal de 3ª classe
e julgado municipal,
pertencendo à comarca de
Alvaiázere e diocese de
Coimbra.
Caracterização
A história do povoamento do
território da freguesia de
Alvaiázere está estritamente
relacionada com a do
concelho homónimo. Situada
em solo serrano, a povoação
de Alvaiázere é de origem
bastante remota, foi
primordialmente habitada
pelos primitivos povos da
Península Ibérica, que no
território fizeram as suas
fortificações,
posteriormente aí
construíram também os
romanos, uma cidade cujo o
vestígios já desapareceram
por completo, sabendo-se
apenas da sua existência,
pelo aparecimento de algumas
moedas e utensílios.
Depois de uma fase de
declínio, marcada pela
ocupação árabe, a povoação
foi reedificada nos inícios
de séc. XIII, por D. Sancho
I, que lhe deu foral no ano
de 1220, a partir daí,
Alvaiázere viu-se detentora
de um certo poder
administrativo. Por doação
de D. Duarte à sua esposa,
D. Leonor, Alvaiázere passou
à coroa em 1435. Alvaiázere
pertenceu ainda à Casa dos
Duques de Cadaval.
Em Alvaiázere existe uma
casa antiquíssima onde se
refugiou Duarte Pacheco, o
assassino de Dona Inês de
Castro, antes de fugir para
Espanha. Este solar era da
família do valoroso da
Índia, Duarte Pacheco
Pereira e ainda hoje se
conserva sobre a porta
principal do edifício – o
Brasão das armas dos
Pachecos.
É na serra de Alvaiázere que
se situa a interessante
gruta denominada “Algor” que
forma um salão abobado com
sete a oito metros de
altura, recebendo luz por
uma espécie de clarabóia de
pequeno diâmetro ao entro do
salão continuando por uma
espécie de fosso com
estalactites e estalagmites,
cuja entrada para a gruta se
faz por uma abertura num
rochedo.
Lugares da freguesia
Almeida, Alvaiázere,
Barqueiro, Boca da mata,
Campo, Carrasqueiras, Casais
Furtados, Couto, Covões,
Gamanhos, Igreja Velha,
Laranjeiras, Marzugueira,
Mata de Baixo, Mata de Cima,
Mortolgos, Pé da Serra,
Pomares, Pombaria, Porta,
Regueira, Rominha, Seiceira,
Seixal, Serrada, Sobralchão,
Tornado, Trás do Monte,
Vela, Vendas, Zambujal.
Ansião – (Concelho do
Distrito de Leiria)

Foi-lhe concedido o título
de mordomado pelo foral de
Coimbra de 1465. Recebeu
foral de D. Manuel l, em
1514. D. Afonso Vl elevou-a
à categoria de vila, em
1663, e D. Pedro ll (de
Portugal) doou-a a D. Luís
de Meneses, conde da
Ericeira. Vários povos
habitaram esta região como
os Iberos, Celtiberos e
Lusitanos; dos Romanos
ficaram moedas, mosaicos,
pesos de tear, colunas, mós,
etc. Dominada pelos árabes,
cujo legado é rico em
vocábulos e lendas, a região
foi palco de violentas lutas
aquando da Reconquista
cristã.
Tem pelourinho com uma base
suportada por várias bolas
de pedra, de arranjo
recente, mas cuja origem
remonta ao foral concedido
Por D. Manuel l. Um pouco
abaixo do pelourinho, na
ponte à entrada da povoação,
uma lápide em latim recorda
o senhorio dos condes da
Ericeira sobre a vila e
assinala a vitória, em 1689,
na Batalha do Ameixial.
Origem do nome:
«Xavier Fernandes em
Topónimos e Gentílicos
(1944)»: “Conta uma lenda
que no reinado de D. Dinis,
este e a Rainha Santa Isabel
muitas vezes passaram no
local, nas suas repetidas
idas e vindas entre Coimbra
e Lisboa, encontrando sempre
lá um pobre e solitário
cabouqueiro, que vivia numa
cabana já muito alquebrado
pela idade. A esposa de D.
Dinis, afeiçoada ao velho,
nunca passava sem lhe deixar
o socorro da sua esmola e da
sua consolação, donde
resultou que as pessoas da
sua comitiva começaram a
chamar ao local “a terra do
ancião”. Porque isto
começasse a constar, e
porque o local fosse fértil
atraindo habitantes, outras
choupanas se vieram juntar à
do Cabouqueiro e assim teve
origem a povoação, que
depois passou a chamar-se
simplesmente Ancião
(Ansião).
Ansião
http://enciclopedia.tiosam.com/enciclopedia
Ansião / por Manuel Augusto
Dias
Ansião é sede de Concelho,
de Arciprestado e de
Comarca, pertence ao
Distrito de Leiria e à
Diocese de Coimbra, e possui
uma localização intermédia
entre o Litoral e o
Interior, enquadrando-se,
geograficamente, na zona do
Pinhal Interior Norte.
Em termos de
acessibilidades, Ansião é
servido pelos Itinerários
Complementares IC8 e IC3 que
ligam, respectivamente,
Figueira da Foz a Madrid e
Condeixa-a-Nova a Setúbal,
tendo nas suas proximidades
os Itinerários
Complementares IC1 e IC2.
Beneficia, igualmente, do nó
de acesso à auto-estrada em
Pombal (20 km a Oeste), bem
como da principal via
ferroviária (linha do Norte)
situada nessa cidade (16 km
a Oeste).
Ansião situa-se ainda no
centro de um conjunto de
pontos de muito interesse
turístico, distando poucos
quilómetros de locais tão
interessantes como Fátima, o
"Altar do Mundo", Coimbra,
uma cidade monumental,
Figueira da Foz, uma cidade
à beira mar com praias
encantadoras e Lisboa,
capital do país e uma das
mais belas do mundo.
Com uma área de 180 km² e
uma população de cerca de
15.000 habitantes, com uma
densidade populacional média
de 86,11 hab/km². O
Povoamento do concelho é
fortemente disperso. Com
base nos dados do último
censo, 46,0 % da população
vivia em lugares com menos
de 100 habitantes e 76,1 %
dos lugares tinham menos de
100 habitantes. Verifica-se
uma tendência fixadora de
população nas freguesias de
Ansião, Avelar e Santiago da
Guarda. A Estrutura Etária
da população do concelho
tem, nas últimas décadas,
evoluído no sentido de um
acentuado aumento do
contingente do grupo etário
de 65 e mais anos, de um
decréscimo da população
jovem e de um ligeiro
aumento da população em
idade activa. Em 1997 a Taxa
de Natalidade do concelho,
foi de 8,1%o. A Taxa de
Mortalidade situou-se nos
7,9%o. As principais causas
de morte no concelho são:
acidentes vasculares
cerebrais, doenças do
coração e tumores malignos.
O Município de Ansião
pertence à Associação de
Municípios da Alta
Estremadura.
O Concelho de Ansião é
constituído por 8
freguesias: Ansião, Alvorge,
Avelar, Chão de Couce,
Lagarteira, Pousaflores,
Santiago da Guarda e Torre
de Vale de Todos, distando
estas entre 8 a 3 km da sede
do concelho.
Actualmente existe um
movimento associativo
bastante dinâmico, com cerca
de trinta associações
culturais, desportivas e
recreativas.
Dados históricos
Ansião é um concelho rural
de tradição histórica, sendo
as mais remotas notícias
relacionadas com esta região
respeitantes aos tempos
geológicos, e dizem-nos que
há 190 milhões de anos todas
estas terras estavam
submersas.
Veio a pré-história e, quer
a presença do Homem
primitivo, quer a sua
vivência neste concelho são
atestados por alguns
exemplares de machados de
pedra polida, encontrados
por estas paragens.
Desenrolou-se a conquista
romana nesta região que
também participou na
Romanização, sendo bastante
elucidativos os diferentes
achados arqueológicos que
nos certificam esta
realidade: moedas, mosaicos,
telhas, pesos de tear,
colunas, mós e provavelmente
a via romana, calçadas, etc.
Seguiu-se a dominação árabe
que contribuiu para o
engrandecimento da nossa
cultura. O uso da balança,
da nora, o cultivo de
algumas plantas e a
utilização de palavras
iniciadas por al – Albarrol,
Alqueidão, Alvorge, etc. –
fazem parte da herança
recebida. É durante o
reinado de D. Afonso
Henriques que pela primeira
vez aparece escrito o
vocábulo Ansião, que
registado sob a forma Ansiom,
consta no documento datado
de 1175, referente à
primeira parte da compra da
herdade que o Mosteiro de
Santa Cruz de Coimbra levou
a efeito no ano acima
mencionado.
Querendo estimular o
povoamento destas terras, D.
Afonso Henriques criou o
concelho de Germanelo e
deu-lhe foral em 1142, no
qual determinava que, além
de serem livres de impostos,
concedia paz, perdão e
isenção de justiça a todos
quantos tivessem cometido
crimes de homicídio, de
furto, ou de qualquer outro
tipo de perturbação pública,
sob a condição de se de se
refugiarem nas terras do
Germanelo, de as cultivarem
e de as defenderem dos
ataques dos inimigos.
Em 1514, D. Manuel I
concedeu foral novo aos
concelhos de Ansião, de
Avelar, de Chão de Couce e
de Pousaflores, conservando
ainda hoje, estas três
últimas terras os seus
primitivos pelourinhos,
símbolos do poder
jurisdicional de cada
concelho.
D. Afonso VI elevou Ansião à
categoria de vila, por
Alvará datado de 20 de Junho
de 1678, doou-a a D. Luís
Meneses, 3.º Conde de
Ericeira e o acontecimento
foi perpetuado por um foral
novíssimo que lhe concedeu
D. Pedro II, e o senado do
município mandou erigir um
Padrão e o esbelto
Pelourinho para assinalar o
facto.
Com a reforma dos
municípios, levada a efeito
por D. Maria II, os
concelhos de Avelar, Chão de
Couce e de Pousaflores foram
dissolvidos e, passando à
simples categoria de
freguesias, foram anexadas
por D. Carlos I ao de Ansião
que, devido a este aumento
territorial, tomou as
proporções que ainda hoje
conserva.
Dados geo-económicos
O Concelho de Ansião é
caracterizado por fracos
relevos e solos pobres, e
natureza predominantemente
calcárea, grandemente
defícitária em água. Possui
um clima temperado marítimo
de transição, com grande
incidência de geadas nos
meses de Inverno.
A Agricultura e as
Indústrias transformadoras
são as actividades que
ocupam a maioria da
população activa (35,5 % e
20,9 % , respectivamente). A
Actividade Pecuária, como
complemento da agrícola, tem
vindo a aumentar nos últimos
anos. As Indústrias,
beneficiando
fundamentalmente da
implantação do I C 8 e I C
3, distribuem-se por três
Zonas, localizadas nas
Freguesias de Ansião (ZI
Cooperativa), Chão de Couce
(ZI Camporês) e Avelar (ZI
Silveirinha), sendo um
Concelho em franco
progresso, onde o sector
secundário assume bastante
importância.
Batalha – (Concelho do
Distrito de Leiria)

Batalha tem grandes
tradições históricas, fica
situada na margem esquerda
do rio Lena, deve a origem
do seu nome à construção do
mosteiro de Santa Maria da
Vitória, também conhecido
pelo Mosteiro da Batalha,
mandado erigir por D. João l
para comemorar a vitória da
Batalha de Aljubarrota.
Situada num vale rodeado por
colinas de oliveiras e
pinheiros, a Batalha é um
pólo de atracção devido,
essencialmente, ao seu
Mosteiro justamente
considerado um dos mais
notáveis monumentos da
Europa.
Imponente, mistura do estilo
gótico e manuelino, é motivo
de especial realce o pórtico
dos Doze Apóstolos, situado
na fachada exterior.
Mas o concelho da Batalha
não é só o Mosteiro. Toda a
região constitui uma zona
aprazível desde a Reboleira,
São Mamede, passando por
Reguengo de Fétal, até aos
cumes da Serra de Aire. As
grutas da Moeda, em São
Mamede e a Igreja Matriz de
Reguengo, com os seus belos
altares manuelinos,
constituem também ponto de
referência obrigatório, sem
esquecer a Capela de Nossa
Senhora, em Fétal, datada de
1585.
Devido à abundância de
pinhais e olivais, é de
sublinhar a produção de
azeite e as numerosas
serrações de madeira
existentes, merecendo
igualmente referência as
fábricas de curtumes e cal.
Do ponto de vista turístico,
o concelho da Batalha
confunde o visitante, tantos
são os motivos de interesse:
monumentos, praias,
paisagens, povoações
graciosas, ermidas perdidas
nos montes.
Pequenas distâncias separam
a capital do concelho do
litoral e, naturalmente, das
praias de renome que atraiem
multidões de turistas
estrangeiros e de
veraneantes: a 29 Km fica a
praia de São Pedro de Moel;
a 53 Km Foz do Arelho; as
praias de Paredes da Vitória
e da Nazaré a 24 Km; São
Martinho do Porto (a mais
bela concha da Península
Ibérica) a 39Km. Com uma
razoável rede viária,
contribui ainda mais para a
posição proeminente da
Batalha, centro ideal do
eixo turístico do distrito
de Leiria, da qual dista
apenas 10 Km.
Mas não são apenas as
praias: impõe-se visitas às
Serras de São Mamede
(Andorinha e Barrosinha), em
cujas entranhas se desvendam
as grutas deslumbrantes da
Moeda (tem um bar
subterrâneo que é um sonho).
Da serra pode o visitante
espraiar os olhos pelas
terras verdejantes do Parque
Natural das Serras de Aire e
Candeeiros.
Na Batalha entronca a via
para o Santuário de Fátima,
que fica somente a 17 Km. O
fenómeno de Fátima
constituindo factor de
desenvolvimento turístico
regional, deu ao concelho
dinâmica nova na já
importante actividade
turística, alargando a época
de procura ao longo de todo
o ano.
O concelho da Batalha tem
uma área de 113,68 Km2 , e é
limitado a norte pelo
concelho de Leiria; a sul
pelo de Porto de Mós e de
Alcanena; a oeste pelo de
Porto de Mós; a este pelo de
Vila Nova de Ourém.
A quem vem de Leiria, o
Mosteiro da Batalha surge de
súbito, após uma curva, como
que afrontosamente afundado
do lado esquerdo da estrada.
A sua elevação à categoria
de vila só se verificou em
1498, depois de o povoado,
constituído pelos primeiros
obreiros aqui reunidos, ter
atingido uma importância que
o justificou.
Parece não terem passado
sequer três anos sobre a
derrota dos castelhanos
(mais tarde espanhóis), na
célebre Batalha de
Aljubarrota, quando o
Mosteiro começou a nascer,
tendo o rei chegado ainda a
ver pelo menos a cabeceira
da igreja, a sua capela e
talvez parte das
dependências do claustro.
O Panteão Real (também
conhecido por Panteão da
Ínclita Geração), onde
repousam os restos mortais
do iniciadores da dinastia
de Avis, já é obra de D.
Duarte. Construção que se
prolongou até ao reinado de
D. João lll, está à vista de
todos o que vem do tempo de
D. Manuel l e o que lhe é
posterior, o que reflecte o
Renascimento Português e o
que traduz a epopeia dos
Descobrimentos.
Deixaram a sua marca neste
grandioso Mosteiro, os
Mestres, Afonso Domingues,
Huguet, Martim Vasques,
Boitaca, Mateus Fernandes e
tantos outros, que
contribuíram com o seu
talento para a feitura de
tão bela obra.
Vale a pena parar diante do
portal principal para
apreciar o trabalho de
Huguet, e, no interior,
convém recordar que se está
sob uma cobertura gótica que
se deve alguma da sua
técnica à da igreja do
Mosteiro de Alcobaça, que
fica a 18 Km.
Depois da 1ª Guerra Mundial,
a Grande Guerra, que abalou
a Europa entre 1914 e 1918,
e na qual Portugal tomou
parte activa, passaram a
repousar na sala do
capítulo, os restos mortais
de um Soldado Desconhecido.
Em torno do Mosteiro, e
apesar das remodelações
contestáveis, feitas para
criar espaço de implantação
de uma unidade hoteleira e
de uma estátua de
localização discutível, há
ainda interessantes
testemunhos da arquitectura
civil, nomeadamente da
centúria de Setecentos. São
casas alpendradas, janelas
de guilhotina e aventais
barrocos, que surgem um
pouco por todo o lado nesta
pequena localidade
submergida pelo seu
Mosteiro.
Importante será também
visitar por detrás do
edifício da Câmara
Municipal, a igreja matriz,
onde Boitaca deixou em 1532
um esplêndido portal de
sabor renascença, com
decoração manuelina. Algumas
casas antigas e típicas
também merecem atenção. Uma
velha ponte (Ponte de
Boitaca) que serviu a antiga
estrada Lisboa – Porto
agoniza agora, à espera do
milagre que a salve.
Quem dispõe de tempo para
ficar na batalha a pernoitar
ou a fazer da localidade uma
base para surtidas
turísticas, deve ir ao
Reguengo do Fétal (na
estrada de Fátima e a
caminho de Tomar), a São
Jorge e às Cortes, para
tomar a realidade das terras
que fazem fronteira entre a
beira Litoral e a
Estremadura.
Em São Jorge, uma capela
histórica, também ligada à
batalha de Aljubarrota,
evoca a figura do
Condestável, D. Nuno Álvares
Pereira, que a mandou
construir.
MOSTEIRO DA BATALHA
De frente para a fachada
principal voltada a poente,
podemos admirar os belos
rendilhados e a profusão de
ogivas elegantes e esguias a
quererem subir mais alto,
desprender-se da terra e
furar a cúpula do céu.
O pórtico principal, de arco
quebrado, é de extrema
beleza e tem a assinatura do
mestre Huguet. Nele
sobressai o tímpano com
baixos-relevos dos 4
Evangelistas (São Mateus,
São Marcos, São Lucas e São
João) aureolados dos seus
atributos e a ladear Cristo
na figura central, sentado
no trono e o mundo na mão
esquerda. Sobrepuja-o
baldaquino ricamente
decorado e nos intervalos
dos colunelos estão
dispostas as estátuas dos 12
Apóstolos. Por cima, um
janelão (para iluminar a
nave) e varanda rendilhada.
Entretanto através do
pórtico depara-se-nos a
imponente igreja (planta de
cruz latina), de três naves
e estilo gótico primário.
Impressiona-nos pela
vastidão. Subindo a nave,
admirem-se os valiosos e
artísticos vitrais
manuelinos da capela-mor,
que representa cenas do
Nascimento, por onde entra a
luz para os dois andares da
abside. Talvez fossem
desenhados por Francisco
Henriques, o melhor oficial
de pintura do tempo de D.
Manuel l.
CAPELA DO FUNDADOR: De
planta quadrada e corpo
central octogonal, fica a
nave colateral sul, onde se
dispõem magníficos
sarcófagos, destacando-se,
ao centro, o duplo túmulo
(conjugal) de D. João l e de
sua mulher D. Filipa de
Lencastre que figuram,
jacentes, na tampa decorada
da arca funerária. De mãos
dadas e olhos abertos, ele
de armadura, empunha a
espada de Aljubarrota; ela,
de manto e túnica talar.
Seguem-se os túmulos de D.
Pedro, na parede sul,
mostrando os símbolos reais
(balança e escudo), do
infante D. Henriques, dos
infantes D. João e D.
Fernando,, D. Pedro V, D.
João ll e do príncipe D.
João.
CAPELAS IMPERFEITAS: (não
têm abóbada). Distinguem-se
do conjunto e designam-se
assim por terem ficado
inacabadas. São sete capelas
radiais inscritas num
octógono, planeadas por Huguet e mandadas erigir por
D. Duarte para panteão.
Obra-prima do estilo
manuelino é o pórtico
concebido por Mestre Mateus
Fernandes, que lhes dá
acesso.
Outro núcleo conventual
importante, a norte da
igreja, é o Clautro Real de
decoração profusa e
artisticamente elaborada no
meio dos arcos ogivais das
galerias. Curiosa é a
abóbada (em cruzada ogival)
dos corredores suportada por
colunelos enfaixados e
capitéis decorados. A
autoria deste trabalho
pertence a Mestre Afonso
Domingues.
Referência ainda para a
Sacristia, Refeitório e Sala
de Capítulo. Este último, de
planta quadrada e audaciosa
abóbada estrelada, alberga o
túmulo do Soldado
Desconhecido e ainda famosos
vitrais.
O Mosteiro da Batalha
demorou cerca de 200 anos a
construir.
BATALHA DE ALJUBARROTA
Travada entre os exércitos
de D. João l de Portugal e
de João l de Castela (ainda
não existia o país que hoje
é Espanha). Uma das mais
gloriosas batalhas da
História de Portugal, em que
o génio militar do
Condestável, D. Nuno Álvares
Pereira e a bravura dos seus
6.500 homens, desbarataram
um exército de 32 mil
soldados castelhanos. A
vitória assegurou a
independência de Portugal.
POR SÃO JORGE !!! POR
PORTUGAL !!!!!
Era o grito dos soldados
portugueses !
Na manhã do dia 14 de Agosto
de 1385, horas antes de se
ferir a Batalha de
Aljubarrota, os soldados
portugueses comandados por
D. João l e pelo
Condestável, D. Nuno Álvares
Pereira, aguardaram a
chegada das tropas
castelhanas, no local onde
hoje existe a ermida de São
Jorge.
Foi nesse local a cerca de 8
Km onde se ergue o Mosteiro
da Batalha, local então
despovoado, que os
portugueses formaram o seu
célebre quadrado guerreiro,
aguardando serenamente o
ataque dos numeroso e
luzidio exército castelhano.
Os combatentes portugueses
de Aljubarrota invocaram a
protecção de São Jorge para
o bom exito da sua nobre
causa e, tendo sido
alcançado esse êxito, mandou
O Condestável, D. Nuno
Álvares Pereira erigir uma
ermida, em honra do santo
invocado, no sítio onde as
hostes portuguesas
aguardaram o exército
castelhano. Os combatentes
portugueses usavam como
distintivo, a cruz de São
Jorge. A ermida de São
Jorge, que da sua primitiva
construção já hoje pouco
resta é, pois, um modesto e
votivo padrão comemorativo.
A primeira pedra desta
ermida, que hoje é
considerada Monumento
Nacional, foi colocada em
Agosto de 1392, sete anos
depois da vitória de
Aljubarrota e três anos
depois de se ter dado início
ao grandioso Mosteiro da
Batalha.
A povoação, que se
desenrolou junto desta
Ermida, tomou o nome de São
Jorge.
Neste trabalho foi referida
a figura histórica do
Condestável, D. Nuno Álvares
Pereira
Também conhecido como “O
Santo Condestável”. Ilustre
guerreiro, nasceu em
Cernarche do Bonjardim,
provavelmente em 1360. Foi
escudeiro de D. Leonor Teles
e, ainda adolescente,
distinguiu-se por actos de
extraordinária intrepidez.
Foi mais tarde o mais fiel
amigo do Mestre de Avis
(mais tarde D. João l) e o
seu mais denotado capitão.
Tendo pouco mais de vinte
anos, derrotou os
castelhanos em 1384 no
recontro dos Atoleiros.
Representou um glorioso
papel no dia 14 de Agosto de
1384, na Batalha de
Aljubarrota. No ano seguinte
voltou a ser triunfante na
Batalha de Valverde, já em
território castelhano.
D. João l, que já o nomeara
Condestável do Reino,
encheu-o de honras e de
mercês.
Depois da expedição a Ceuta
(norte de África) em 1415,
renunciou a todos os seus
títulos e cargos, e
recolheu-se no Convento do
Carmo que fundara em Lisboa.
As ruínas deste convento
ainda hoje existe e onde
está o Museu Arqueológico de
Lisboa. Morreu em 1431.
SÃO JORGE
Um dos santos mais venerados
do Brasil e também em
Portugal.
São Jorge abraçou a carreira
das armas e foi mártir no
ano de 303, depois de
Cristo, e sob o domínio de
Diocleciano.
A Inglaterra tornou-o por
patrono em 800 e foi também
tomado como patrono da
várias ordens militares.
A Ordem da Jarreteira,
criada em Inglaterra no ano
de 1348, por Eduardo lll,
foi também colocada sob
protecção de São Jorge, cuja
divisa é:
“ QUEM NÃO CONQUISTA E VENÇA
NÃO VIVE !!!”
Bombarral – (Concelho do
Distrito de Leiria)

Começou a ser povoada a partir
do século Xll.
Nos
Primórdios da Nacionalidade, as
terras do Bombarral foram doadas
por D. Afonso Henriques, aos
monges de Cister, ao quais
exerceram profunda influência
nos métodos e técnicas
agrícolas. Antes da Batalha de
Aljubarrota, o Mestre de Aviz
(D. João l) hospedou-se na Casa
do Paço (Casa da Coutada), hoje
edifício dos Paços do Concelho.
Em 17 de Agosto de 1808, a terra
bombarralense serviu de palco
`Batalha de Roliça, entre os
invasores franceses e o exército
anglo-luso.
Origem do nome:
«Xavier Fernandes em Topónimos e
Gentílicos (1944)»: “Bastará
notar-se que não faltam
documentos do século Xlll, em
que a mesma povoação
(modernamente sede de concelho
do Distrito de Leiria) é
designada com as grafias
Monbarral, Mon Barral e Mons
Barralis. Qualquer destas
designações primitivas mostra
claramente que não se trata de
Bom Barral, mas sim de Monte
Barral. No século XlV já aparece
escrito Bombarral, como se
verifica em documentos da época,
o que nos leva a concluir que
foi nesse século que se operou a
transformação do primeiro
elemento. Quanto ao segundo
elemento, querem uns que Barral
tivesse sido formado de barro,
por alusão ao facto de grande
parte dos terrenos locais serem
argilosos, não faltando até na
região várias propriedades
rurais com designações formadas
com o mesmo nome – Barro da
Rainha, Barro do Sobral, Barros
dos Casais, etc.
Outros autores, porém, não
admitem esta hipótese, afirmando
que o nome não foi dado por
causa da natureza do terreno,
mas simplesmente o seu primitivo
dono tinha o apelido Barral,
isto é: Mons Barralis era Monte
do Barral, quer dizer, Monte de
um indivíduo chamado Barral”.
Bombarral
http://www.oesteonline.pt/
BOMBARRAL
Apresentação do Concelho
Município da Estremadura,
pertencente ao Distrito de
Leiria, à Associação de
Municípios do Oeste e à Região
de Turismo do Oeste.
É uma região agrícola coberta de
vinhas e pomares. Bombarral,
sede de concelho, situa-se numa
fértil planície de aluvião,
apenas a 50 metros de altitude,
orlada de outeiros pouco
elevados.
Concelho com povoamento recente,
documentado desde a pré-história
pelos achados arqueológicos das
Grutas da Lapa do Suão e das
Pulgas, Castros de São Mamede e
Carvalhal. A Estação
Arqueológica da Columbeira fica
dentro dos limites da localidade
que também ficou célebre por
nela se ter travado, contra os
franceses, a Batalha da Roliça.
D. Afonso Henriques doou as
terras do Bombarral aos monges
de Cister que exerceram vasta
influência nos métodos das
técnicas agrícolas. Pertenceu
mais tarde ao termo e Castelo de
Óbidos.
Gastronomia: Cabrito assado, os
mimosos e óptimos vinhos.
Artesanato: Loiça artística (cópias do séc. XVI a XIX),
azulejaria, encadernação,
trabalhos em vime, madeira e
arame.
A visitar: a igreja de Madre de
Deus (séc. XVII), Ermida de S.
Brás (séc. XV), azulejos da
estação dos caminhos de ferro,
palácio dos Gorjões (séc. XVI),
com jardins e Anfiteatro
Cultural e o Museu Municipal
(arqueologia, escultura).
Nos arredores: Santuário do Bom
Jesus do Carvalhal, Igreja do
Santíssimo Sacramento (séc.
XVIII), ermida de Nossa Senhora
do Socorro com bonitos azulejos
(séc. XVIII), Torre dos Lafetat
(séc. XII), Solar dos Louridos,
igreja Matriz da Roliça.
Todos os anos se realiza o
Festival do vinho, Festival da
música, Feira da Pêra Rocha,
Semana Gastronómica.
Turismo: Bons restaurantes,
Posto de Turismo e Turismo no
Espaço Rural.
Bombarral
http://www.bomportal.net
No
início do Séc. XIII, Bombarral,
seria apenas uma Granja ou
Herdade pertencente ao Mosteiro
de Alcobaça. Os monges de
Cister, ordem religiosa de São
Bernardo, a partir daquele
mosteiro, desbravaram terras e
desenvolveram a agricultura em
toda a zona dos Coutos de
Alcobaça (actualmente
correspondente aos concelhos de
Alcobaça, Nazaré e ainda algumas
freguesias de Caldas da Rainha)
e nalgumas granjas mais
distantes que lhes tinham sido
doadas, como era o caso de
Bombarral.
Etimologia
Bombarral, no Séc. XIII,
chamar-se-ia Monbarral; topónimo
que com o decorrer dos anos veio
a degenerar em Bombarral. A
explicação mais provável para a
origem do nome seria Monte
(Mons) do Barral, possivelmente
o seu primitivo dono. Esta tese,
considera sem sentido a teoria
que apontava a terra como tendo
um bom barro, na altura da sua
fundação.
Origem da Paróquia do Bombarral
Não é conhecida a data da sua
criação mas sabe-se que na
primeira metade do Séc. XVI já
existia a Paróquia do Bombarral.
A sua primeira Igreja Matriz foi
a antiga Igreja de São Brás,
destruída por um tremor de terra
em 25 de Janeiro de 1531. Em
consequência disso, em 1538, foi
construída a nova Igreja
dedicada Santíssimo Salvador do
Mundo, no local actualmente
denominado Largo João Ferreira
dos Santos, onde está construído
o Hotel Comendador. Por sua vez,
no local da primeira Igreja de
São Brás destruída pelo tremor
de terra, foi construída uma
ermida, dedicada ao mesmo
patrono São Brás, onde continuou
no tempo a realizar-se a feira
anual. Mais tarde, depois da
criação do Município (1918) ,
junto à ermida de São Brás o
espaço envolvente foi reservado
para Cemitério municipal.
Caldas da Rainha – (Concelho do
Distrito de Leiria)

Foi
fundada pela rainha D. Leonor de
Lencastre, mulher de D. João ll,
em 1485, ao mesmo tempo que a
Misericórdia e o balneário. As
águas termais foram utilizadas
como curativo por D. Leonor e
quase todos os monarcas, no
decorrer dos séculos, o que
conferiu grande reputação a
estas águas.
A
palvra desfalece-nos para
descrever as Caldas da Rainha; a
beleza sonhadora e a
hospitalidade da sua gente.
Geologicamente, este Distrito é
limitado a leste pela Serra dos
Candeeiros e a oeste pelo Oceano
Atlântico.
Origem do nome:
«Fernando Correia em “A Fundação
das Caldas da Rainha – 1932»:
“As Caldas da Rainha foram
fundadas, como se sabe, pela
rainha D. Leonor de Lencastre.
Tês
versões explicam o modo como os
factos se passaram e outras
tradições nos dizem o motivo que
levou a mulher de D. João ll a
resolver edificar o Hospital
Termal e, em volta dele, a vila
a que deu o título.
Segundo a primeira, a rainha
teria passado pelo lugar das
nascentes, em Julho de 1484, ao
ir de Óbidos para a Batalha,
onde o marido a esperava, para
juntos assistirem às exéquias
por alma de D. Afonso V. Vendo
banharem-se numas fontes
fumegantes alguns doentes, teria
perguntado aos da sua comitiva a
razão por que eles se banhavam,
sendo-lhe respondido que as
águas eram excelentes para
aliviar dores, o que levou a
rainha, impressionada pelo
desconforto com aquela gente se
tratava, a fazer o voto de
construir um hospital para que
eles tivessem melhor comodidade
em suas curas.
Outra versão diz que a rainha
fora àquelas águas tomar banhos,
por indicação de seus médicos,
para alívio de dores com que
ficara a seguir ao mau sucesso
que a história nos diz que
sofreu na Quaresma de 1483,
mandando construir o hospital em
prova de gratidão pela sua cura.
A
terceira versão refere-nos que a
rainha viajava de Coimbra para
Óbidos, que ao passar pelo sitio
vira os pobres a banhar-se, e,
sendo-lhe dito que as águas eram
excelentes para curar dores e
chagas, resolveu experimentar o
seu efeito num “cancro” de que
sofria, que curou
milagrosamente, pelo que fez
logo voto de erguer ali um
hospital.
Estas três versões, referidas
pelo mais antigo cronista das
Caldas da Rainha, Frei Jorge de
São Paulo, que escreveu em 1656,
foram por ele colhidas da
tradição oral”.
«Xavier Fernandes em Topónimos e
Gentílicos (1944)»: “A
denominação das Caldas da Rainha
provém das suas termas e da sua
fundadora, D. Leonor.
A
povoação nasceu, pois, no século
XV, chamou-se primeiramente
apenas Caldas e só a partir do
século XVlll – para a distinguir
de outras Caldas ou para
homenagear a memória da sua
fundadora – recebeu a designação
actual, que é, portanto,
moderna.
Pelo decreto 14.157, de 11 de
Agosto de 1927, Caldas da Rainha
passou a ter oficialmente a
categoria de cidade”.
Caldas da Rainha
http://www.oesteonline.pt/regiao/caldasdarainha.
CALDAS DA RAINHA
Apresentação do Concelho
Município da Estremadura,
pertencente ao Distrito de
Leiria, à Associação de
Municípios do Oeste e à Região
de Turismo do Oeste.
A cidade das Caldas da Rainha,
sede do Concelho, situa-se entre
Alcobaça (a norte) e Óbidos (a
sul), distante 8 Km do Oceano e
a 66 metros de altitude. É a
cidade da luz, romântica,
graciosa, discreta e diáfana.
Zona de micro-clima, com
temperatura média entre os 15 e
18 graus e pluviosidade fraca.
Caldas da Rainha é uma Cidade
Termal, fundada nos finais do
século XV pela Rainha D. Leonor,
esposa do Rei D. João II, centro
de uma região e sede de um
Concelho depositário de um
valioso património
histórico-cultural e possuidor
de grandes potencialidades
turísticas. As suas termas de
águas sulfurosas são reputadas
desde os tempos remotos, pois já
os Romanos as utilizavam como
testemunham documentos
arqueológicos, as praias de Foz
do Arelho e Salir do Porto, a
maior e mais encantadora lagoa
costeira do nosso país, os
campos sempre verdes transportam
para o mercado diário as frutas
e legumes cuja a fama ultrapassa
as fronteiras do Oeste.
A gastronomia é rica e variada,
com destaque para os bivalves,
enguias, choquinhos, robalos e
linguados da Lagoa, acompanhados
com deliciosos vinhos brancos
muito aromáticos das encostas de
Alvorninha. As trouxas de ovos,
as cavacas, as lampreias e o
beijinhos.
Veja-se na cidade o Hospital
Termal mais antigo do mundo, a
Igreja e Nossa Senhora do Pópulo
(ambos do séc. XV), a ermida de
São Sebastião (séc. XV), o
fontanário das Cinco Bicas (séc.
XVII), O Passo real (séc. XVII),
as fabricas de cerâmica
autênticos museus vivos cujo o
nome Bordalo Pinheiro elevou bem
alto na fabrica que fundou e que
hoje labora com assinalável
êxito.
Nos arredores da cidade, visita
obrigatória às igrejas
Misericórdia (séc. XVII) e
Paroquial ( séc. XVI) em
Alvorninha, à Ermida São Jacinto
(séc. XVII) no lugar do Couto e
quinta de Nossa Senhora de
Guadalupe na Foz do Arelho.
Visitar Caldas da Rainha é ter
acesso a um dos maiores conjunto
de museus do nosso País. O museu
José Malhoa onde se expõe a obra
do grande mestre da pintura
portuguesa. Os museus municipais
dos escultores António Duarte,
José Fragoso e Barata Feyo. O
Museu do Hospital e das Caldas.
O Museu do Ciclismo. O Museu de
Cerâmica e o Museu da Fábrica
Bordalo Pinheiro. O Centro de
Exposições do Oeste, a oferta de
lazer, a Escola Superior de
Artes e Design e a Universidade
Católica fazem de Caldas da
Rainha uma moderna e competitiva
cidade.
Castanheira de Pêra – (Concelho
do Distrito de Leiria)

Beneficiou do foral concedido a
Pedrógão por D. Manuel l, em
1513.
O
primeiro documento que se
conhece referente a Castanheira
de Pêra, data de 7 de Maio de
1135, do então ainda príncipe D.
Afonso Henriques, aos fidalgos
Mónio e Fernando Martins, assim
redigido: “Eu, Afonso, príncipe
portucalense esta carta de
doação e confirma firmo por
minha mão”. O documento comprova
a preocupação da posse e
povoamento da região, para
dificultar as tentativas dos
muçulmanos. Estas terras, foram,
ao mesmo tempo, palco de lutas
entre cristãos e mouros, uma vez
que nos limites passava a
importante via de Coimbra a
Santarém, o que conferia à
região relevância estratégica
nos planos e acções de
reconquista do Condado. O
povoamento foi continuado pelos
monarcas seguintes.
Origem do nome:
«Xavier Fernandes em Topónimos e
Gentílicos (1944)»: “É mais uma
designação aproveitada de nomes
de vegetais. Do primeiro
elemento, Castanheira, usado
isoladamente, não faltam
exemplos na nossa toponímia.
Quanto ao elemento final, não é
de aceitar que Pêra seja
abreviatura de Peralta, nome
duma suposta princesa, filha do
lendário rei Arouce, senhor de
domínios na região, como conta
uma tradição local, sem nenhum
fundamento fidedigno”.
Castanheira de Pera
http://www.cm-castanheiradepera.pt
Não
tão poucas vezes se confunde com
a lenda, perdendo-se na noite
dos tempos e na memória dos
homens.
É o caso de Castanheira de Pera
cujas origens remontam
certamente a muitos séculos
antes do primeiro documento
histórico comprovativo.
Com efeito, embora o primeiro
documento conhecido referindo
nomes de povoações do Concelho
tenha a data de 1135 (Afonso
Henriques), existe uma lenda que
nos fala da princesa Peralta,
filha de el-Rei Arunce, escrita
em 1629 por Miguel Leitão de
Andrada, nascido em Pedrógão
Grande e que foi companheiro de
armas de D. Sebastião nas areias
fatais de Alcácer – Quibir.
Segundo a lenda, fugida de
Conimbriga em consequência de
invasão, Peralta acolhera-se com
seu séquito na castelo de Arouce
(Lousã). Daqui e por influência
de Sertório – guerreiro romano
que se colocara ao serviço dos
lusitanos (e que por ela se
apaixonara) é induzida a sair,
através da serra em busca de seu
pai. Por altura de Pera, morreu
a sua aia, Antígona que ali
mesmo foi enterrada. Sobre o
coval uma pedra tumular que
dizia "Antígona de Peralta aqui
foi da vida falta". De acordo
com a lenda, Vénus, a Deusa, que
perseguia a Princesa de quem
jurara vingar-se, além de tirar
as sardas do rosto que tanta
graça lhe dava e tê-las
transferido para as trutas da
ribeira, resolveu apagar parte
dos dizeres tumulares ficando
"Antiga de Pera". Refira-se a
propósito que há autores que
erradamente falam de Antígona
Peralta. Ora Antígona era uma
personagem (a aia), e Peralta
outra (a Princesa).
A lenda é contemporânea da
história. Mas se isso não lhe dá
maior autenticidade, há alguns
factos que ajudam a construir
uma teoria.
Um dos pretendentes da Princesa
Peralta era, segundo a lenda,
Sertório.
Ora como já se referiu atrás,
Sertório foi um guerreiro romano
revoltando-se contra Roma,
passou a chefiar os lusitanos
cerca do ano 80 A. C.. De onde
que a lenda se situa nesses anos
e não no tempo da ocupação árabe
como alguns autores declararam,
talvez por, no ano 715/716 (séc.
VIII) a cidade de Conímbriga ter
acatado sem combate a invasão
árabe e esta situação ter
similitude com a que a lenda
descreve.
Aliás, já no século V (anos
465/468), Conímbriga fora
devastada pelos suevos, segundo
Idácio.
Embora a história não registe
qualquer invasão entre os anos
80/70 A. C., período em que
decorre entre, a assunção da
chefia das hostes lusitanas por
Sertório e o seu assassino, não
é difícil admitir lutas contra
os romanos durante esse período,
tanto mais que a cidade era,
segundo a lenda, do Rei Arunce,
aliado de Sertório.
Na lenda é referida a criação de
Certago (Sertã) por Sertório,
fixando-se Conimbriga como
distante de Certago – menos de
vinte léguas – sendo essa
aproximadamente a distância
entre Condeixa e Sertã.
A propósito de Conímbriga,
note-se que a palavra tem origem
céltica, sabendo-se que a
povoação já existia antes da
ocupação romana que se verificou
na segunda metade do séc.II por
Décimo Júnio Bruto.
Por Conímbriga passava a estrada
romana de Lisboa a Braga que é
referida no contestado
itinerário de Antonino.
O percurso era o seguinte:
- Olissipos - Lisboa
- Ierabriga - Povos ou Alenquer
-Scalabios - Santarém
- Selum - Próximo de Tomar
(Asseiceira?)
-Conímbriga - Condeixa
-Aemínio - Coimbra
- Talabriga - Próximo de Cacia
- Langobriga - Vila de Feira
- Calém - Gaia
- Bracara - Braga
Voltando à lenda da Princesa
Peralta, nela é referido o
castelo de Arouce. Este castelo
foi construído pelo Conde D.
Sesnando, governador de Coimbra
em 1080, mesmo ano em que fundou
o de Penela.
Segundo historiadores, Arouce
(não confundir com Foz de
Arouce) era o centro
populacional à volta do castelo
e tal era da sua importância que
em 1151, Afonso Henriques dá-lhe
foral designando-a por Arouzi
cuja origem é Céltica.
As raízes da Lousã estão pois,
ao que defendem muitos autores,
em Arouce, e só muitos séculos
mais tarde viria a fixar na
várzea onde se encontra, com
quanto se admita que os romanos
já por ali se tivessem situado.
Já dissemos que na lenda se
relata, que da inscrição na
pedra tumular de Antígona, velha
aia de Peralta, apenas ficou
"Antiga de Pera".
Em reforço da veracidade da
presença da Princesa, salvo os
exageros míticos, por estas
paragens, está um achado
numismático ocorrido em 1945, no
campo da Retorta (hoje
heliporto). Para abertura do
terreno do jogo haviam-se feito
algumas escavações e durante o
desafio de inauguração, um
atleta Castanheirense – Sertório
dos Santos Fonseca – encontrou
uma moeda romana.
Pelo estudo efectuado pelo
ilustre numismata, Dr. Arnaldo
do Brasão e publicado n’O
Castanheirense de 23 de 1950 é
observado o seguinte:
"Pela descrição e pelo decalque
feito a lápis que gentilmente me
foi cedido, de facto, trata-se
de uma moeda romana certamente
um denário, bem conservado
porque é fácil identificar a sua
época.
Compulsando o belo estudo do Sr.
F. Russel Cortez, sobre o
valioso tesouro monetário do
lugar de Paio (Concelho de
Sabrosa) e publicado na
excelente revista Numus, Nº 1,
pág. 6, e comparando as
descrições feitas naquela
revista e no Castanheirense, o
Anverso da moeda romana
representa o rei Sabino Tatius,
e o Reverso representa dois
guerreiros.
Quando a legenda temos: Sabin,
ou Sabinus, e no Reverso L.
Tituri, quer dizer Lucius
Titurius, da família Tituria e
viveu o ano 89 antes de Cristo.
Há umas pequenas divergências
que facilmente se explicam. Os
dois sabinos, e a cabeça do
família Ttituria e viveu o ano
antes de Cristo.
Há umas pequenas divergências
que facilmente se explicam. Os
dois sabinos, e a cabeça do rei
Tatius deveria ser nua e barbuda
e diante de uma palma.
Não é bem isto que se vê no
decalque, mas estas divergências
podem atribuir-se à acção
destruidora do tempo, a não ser
que se trate de novo exemplar
não classificado ou
identificado."
Os mais antigos de Pera
recordam-se com efeito, de ouvir
falar aos seus avós da
denominada "Pedra da Antiga" que
dizem ter sido enterrada na
fundação de uma casa. Verdade
também é que ao alto de Pera
existe um local Antiga e a
estrada de Antiga; como um facto
é a existência de Pera e do Bolo
há muitos anos.
As Lendas
As lendas ou contos como as
pessoas lhe chamam, pertencem a
uma tradição oral que se vem
perdendo a passos largos, apenas
nos sendo possível, recolher um
pequeno número junto das pessoas
mais idosas e ouvir alusões a
outras que ninguém "achou fio à
meada".
Referem quase sempre histórias
de mouros e de riquezas e um
outro tipo está relacionado com
imagens de Santos que aparecem
em diversos sítios, porque nesta
zona nunca se atribui origem às
imagens mais antigas.
Uma das histórias refere-se a
certa velhota que passando junto
da Ribeira de Pera num local de
Sarzedas do Vasco, de uma
senhora muito bonita e bem
vestida que sobre um lençol
muito alvo (branco) dispunha
explêndidas jóias. A velhota
ficou espantada com tanta
riqueza e formosura e exclamou:
"Benza-te Deus!" Logo nesse
instante tudo desapareceu para
dentro de um buraco, incluindo a
formosa senhora e isto porque a
velhota, ao falar em Deus,
quebrou o encanto.
Resta acrescentar que
posteriormente esse local foi
muito escavado na busca das
riquezas que nunca apareceram.
- Outra história refere a Moira
bonita e bem arranjada que
aparece em determinados locais a
chorar e a fiar.
- Quem sonhar três dias seguidos
com o mesmo local deve lá ir
procurar uma grande riqueza que
lá o espera...
- Contam que no pinhal da
Cumeada estão enterrados dois
potes lado a lado, um deles está
cheio de riquezas (libras de
ouro mouras) e o outro de
pólvora e outros materiais
perigosos; mas ninguém lá mexeu
porque se cavam no errado, ele
rebenta...
- Na aldeia da Salaborda Velha,
vizinha do Concelho de
Castanheira, um pouco afastada
da sua povoação, situa-se uma
mina de ouro. Dizem as pessoas
que se ignorava completamente a
sua existência, porque um grosso
carvalho lhe tapava a entrada e
só quando o carvalho caiu viram
a porta da mina. Quando entraram
esta tinha muitas prateleiras
com riquezas várias.
Não se entendem as pessoas
quanto à origem da mina. Para
uns, ela seria dos mouros; para
os outros, dos romanos.
É difícil a entrada na galeria
da mina, visto encontrar-se
cheia de água.
- Outro tipo de contos é o que
refere, por exemplo, a imagem de
São Pedro das Sarzedas de S.
Pedro que não queria ir para a
capela nova que lhe tinham
construído e sempre de lá fugia
e encontravam-no no local da
capela velha. Era necessário um
grande esforço para o trazer de
volta e tornava-se tão pesado
que iam lá os homens com os
carros de bois e não lhe
suportavam o peso.
- Nas Sarzedas de S. Pedro
existia também a superstição
ligada à chave da Capela Velha,
que colocada junto à barriga das
parturientes lhes aliviava as
dores.
- Lenda da Moura do Souto do
Vale
Era uma noite negra de Inverno.
O vento assobiava por entre os
pinheiros, ao mesmo tempo que os
trovões se sucediam.
Os relâmpagos alumiavam de vez
em quando, a serra.
Chovia torrencialmente.
Alguém bateu à porta de um
casebre do Souto do Vale, onde
vivia uma pobre velha.
Acuda, boa mulher, preciso que
venha assistir a quem vai dar à
luz.
Resmungando, a velha, abriu a
porta e fazendo os preparativos
saiu à rua, guiada pelo homem
que a chamava.
Andaram algum tempo, zurzidos
pela chuva que encharcava até
aos ossos, tocada como era pelo
vento.
É ali, naquela Gruta!
Era uma gruta cavada na rocha,
escondida entre pinhais.
Dentro, uma bela moura. Gemia,
nas angústias de parturiante.
A velha persignando-se, aflita,
aprestou-se nos trabalhos de
assistir ao parto.
Nascida a criança, o homem que
acompanhara a velha, deu-lhe
como paga uma saca de carvão.
Raios – praguejou a velha – tem
uma pessoa um trabalho destes e
a paga é ter que carregar com o
carvão.
Meteu-se a velha no caminho de
regresso e notou que a saca
estava rota e que ia perdendo o
carvão.
Ora ainda bem! É da maneira que
não vou tão carregada!
E o carvão foi-se perdendo!
Chegada finalmente a casa,
encharcada, a velha pragueja
contra a sorte.
Ao poisar a saca quase vazia, a
velha admirou-se ao ver que o
carvão se transformara em moedas
de ouro.
Sobressaltada, voltou a velha
atrás em busca do carvão perdido
pela serra abaixo, certa que
iria encontrar mais ouro, mas
qual o seu espanto ao encontrar
mais nada do que carvão molhado.
Desanimada prosseguiu o caminho,
direito à mina, mas da Moura nem
rastos. Desaparecera!
- Lenda de S. Domingos (Eis como
descreve Frei Luís de Sousa)
..."e foi a razão de se edificar
aqui, que andando huma minina
guardando gado, deu com uma
imagem de vulto entalada entre
dois penedos. Esem saber de que
santo era, nem se era de santo,
com santa simplicadade,
continuava em fazer oração
diante d’ela. Vindo à notícia
dos vizinhos, e moradores da
Ribeira, acudirão a ve-la, e
achando que era de São Domingos,
nos sinais do hábito, e
insígnias que trazia consigo,
edificaram-lhe, no mesmo lugar,
huma pequena Ermida, na qual
fundarão depois freguesia.
Porque, como da Ribeira a
Pedrógão, d’onde erão freguezes,
ha duas grandes legoas, e de
fragoso caminho, aproveitarão-se
da commodidade, alargando a
Ermida".
- Lenda do Coentral
Segundo uma versão muito antiga,
a imagem de Nossa Senhora de
Nazaré que se Venera no Coentral
apareceu um dia – há muitos anos
– em plena Serra da Lousã, no
local denominado: Pedra do
Altar, a Vale dos Lobos, não
muito longe da sede da
freguesia.
Encontrada ali, talvez por
pastores, e conhecido o facto na
redondeza, fora então levada
para a Lousã, no desejo de a
colocarem na respectiva Igreja
para veneração dos habitantes
daquela terra.
Porém, pouco depois de a terem
instalado num altar do seu
tempo, os lousanenses
verificaram estupefactos, que a
imagem havia desaparecido.
Diligenciando na procura, vieram
encontrá-la no mesmo local de
onde a haviam conduzido.
Levaram-na de novo para a sua
Igreja e novamente a veneranda
imagem desaparecera para surgir
na Pedra do Altar, onde pela
primeira vez fora vista.
Repetira-se várias vezes esta
tentativa até que, sem esperança
de melhor êxito, acabaram os
naturais daquela terra por
desistir de conseguir para a sua
Igreja a sacrossanta imagem.
O povo do Coentral trouxe-a
então para a colocar no
altar-mor da sua Igreja. Desde
essa data a Imagem de Nossa
Senhora da Nazaré ficaria
definitivamente no Coentral,
onde, aliás segundo reza ainda a
tradição, a Virgem Senhora
demonstra desejo de permanecer.
- Lenda da Princesa Peralta
(resumo)
Conta a lenda que existia um
reino poderoso cuja capital era
Colimbria. EI-Rei Arunce era
dono e Senhor, reinando um tanto
despoticamente e para melhor
manter o poder, desarmara o povo
que vivia na maior miséria.
Na corte, porém, o fausto era
imenso e as festas e recepções
sucediam-se ante o gáudio das
damas que a isso muito eram
dadas.
Entre as damas salientava-se
Peralta, não só por ser filha do
rei mas porque era donzela
dotada de grandes formosuras.
A Sertório, o famoso guerreiro,
não lhe desmereciam os encantos
da bela Princesa e não se
descuidava, mandando
mensageiros. Também na corte
eram muitos os pretendentes.
Porém, a todos, Peralta,
desiludia.
E os tempos foram correndo na
corte entre caçadas reais e
orgias faustosas, sem qualquer
espécie de interesse ou cuidado
pelo culto das divindades.
Enquanto que na terra reinava o
descontentamento entre os
fidalgos, nas alturas os deuses
demonstravam cada vez maior
aborrecimento pelos desvarios da
juventude.
Foi então que Vénus, a mais
inquieta e ofendida de todas as
divindades, resolveu vir ver com
os seus próprios olhos o que se
passava. E transformando-se em
velha, apresentou-se na corte de
Colimbria sob andrajosas vestes.
Facilmente se conseguiu insinuar
e aproveitou para dar longos
conselhos, plenos de
experiência, às levianas
donzelas da corte.
Foi porém sempre escutada com
ares de mofa e de impensada
tolerância pretendendo as damas
servir-se da profunda ciência
oculta de que a velha parecia
possuída para Ihes desvendar os
corações dos enamorados.
Isto muito agastou a feiticeira
que ali mesmo jurou vingar tanta
loucura e sacrilégio.
E o certo é que passadas poucas
luas foi o reino poderoso
invadido e transformado em
humilhante escravatura.
Não teve EI-Rei Arunce força
para corresponder aos ataques
inimigos, retirou-se rapidamente
em busca de reforços. Mandou,
entretanto, Peralta e o seu
séquito para um castelo que
possuía nas faldas das montanhas
da Lousã.
Ali se passaram tediosos dias
até que um raio de esperança os
veio acalentar.
Como por encanto aparecera
naquelas paragens um mago, o
poderoso Estela.
Este, mais não era que o enviado
de Sertório que não desistindo
dos seus intentos, a todo o
transe procurava casar com
Peralta.
A argúcia e natural habilidade
do feiticeiro breve o fizeram
insinuar no castelo e à custa
das suas demonstrações e
inteligentes argumentos
conseguiu convencer Peralta que
EI-Rei a esperava em Sertago, à
frente dum poderoso exército.
Os verdes anos da Princesa, a
despeito dos prudentes conselhos
da sua fiel aia, Antígona, e do
velho Tibério, facilmente se
enredaram em tão agradável
aventura.
Assim, e sob as indicações do
hábil Estela, imediatamente se
aprestaram os preparativos para
a jornada.
Desta forma todo o séquito
acompanhou a Princesa guiado
sempre por Estela e assim
chegaram aos cimos da serra e a
foram atravessando.
Jornada de tal jaez era porém
demasiada para a debilidade da
velha Antígona. Uma trovoada
imensa obrigou-os a acoitarem-se
numa gruta e ali faleceu a fiel
Antígona.
Desditosa, Peralta, chorou
imensamente a morte da
companheira e quase desistiu de
tão tormentosa viagem.
Sobre a sepultura da pobre aia
se colocou uma laje com a
seguinte inscrição:
«ANTIGONA DE PERALTA AQUI FOI DA
VIDA FALTA».
E a jornada continuou.
A Princesa fizera entretanto
voto de mais não comer nem beber
pelo que muito foi o espanto dos
acompanhantes quando a
insistência de Estela que lhe
perguntava se queria água, lhe
respondeu: VOLO!
Prosseguindo, mais animada, na
jornada, avançavam a caminho da
almejada Sertago.
Porém Vénus vigiava a caravana e
resolve acabar com tanta
desdita. Envia um poderoso raio
que transforma os acompanhantes
em montanhas e a bela Peralta
numa formosa sereia que ficou
vivendo nas águas que brotavam
da serra onde ficara para sempre
Antígona.
E conta a lenda que esse raio
poderoso desfez igualmente a
lápide onde para a posteridade
apenas ficava da primitiva
inscrição, a seguinte apagada
legenda:
ANTIG…A DE PERA…
E dos sítios onde Peralta disse
«VOLO» nasceu o Bolo, enquanto
das paragens onde existia o
túmulo, surgiu Pera.
E de toda esta lenda maravilhosa
nasceu CASTANHEIRA DE PERA.
Figueiró dos Vinhos – (Concelho
do Distrito de Leiria)

O
concelho de Figueiró dos Vinhos
tem uma área de 183,8 Km2, e é
envolvido a Norte pelos
concelhos de Penela, Miranda do
Corvo e Lousã; a Sul pelo de
Ferreira do Zêzere; a Oeste
pelos de Alvaiázere e Ansião; a
Este, pelos de Pedrógão Grande e
Castanheira de Pêra.
"Chama-se Figueiró dos
Vinhos, pelas muitas figueiras e
excelentes vinhos que ali
abunda."
(Portugal Antigo e
Moderno, de Pinho Leal – 1874)
"Nesta expressão
toponímica, temos o mesmo nome
comum figueiró, figueira
pequena, por figueirola, de
figueira, da latim ficaria"
(Tópicos e Gentílicos
de Xavier Fernandes – 1944)
Praça do Brasil
Anterior aos
primórdios de Portugal, foi
repovoada em 1147 pelo rei D.
Afonso Henriques. Tomada pelos
mouros em 1180, foi retomada e
novamente povoada por D. Sancho
1º, que lhe deu foral em 1189.
Já recebera, porém, mercês e
privilégios em 1174 de D. Pedro
Afonso, filho natural do
primeiro rei. D. Manuel 1º
outorgou-lhe foral em 1514.
Dessa época encontram-se, na
parte antiga da vila, diversos
pórticos manuelinos e a bela
Torre da Cadeia, construída em
1506 . A Igreja Matriz de São
João Baptista, exibe no
altar-mor belos azulejos do
século XVll e um precioso
retábulo do pintor José Malhoa.
Pela nave vêem-se pinturas
maneirinhas, valiosas obras de
escultura e a arca tumular de
Ruy Mendes Vasques, datada de
1456, que foi senhor de
Figueiró. Na Igreja do Convento
das Carmelitas podem apreciar-se
os antigos claustros e azulejos
do século XVll. A vila mostra,
os seus dotes artísticos nos
belos canteiros e nos arbustos
esculpidos no seu lindíssimo
Jardim-Parque. Pertença do Clube
Figueiroense é a estátua de
Camões e o escudo do busto da
República, respectivamente dos
escultores Simões de Almeida,
Tio e Sobrinho. Digna de visita
é também a casa "Casulo" onde o
pintor José Malhoa (*) viveu até
à sua morte.
(*) José Malhoa nasceu
em 1855, nas Caldas da Rainha e
morreu em 1933. Autor dos
quadros, "O Emigrante"; "Seara
Invadida"; "Descobrimento do
Brasil"; "A Sesta" e outros.
A escassos 7Km de
Figueiró dos Vinhos, na foz da
Ribeira de Alge, encontram-se as
ruínas das ferrarias que ali
existiram no século XVlll, até
1761, e onde se fabricaram peças
de artilharia naval e de
fortificações. Reconstruídas em
1802 por José Bonifácio de
Andrada e Silva (*), lente de
Metalurgia da Universidade de
Coimbra, Intendente-geral das
Minas e Matas do Reino, e mais
tarde patriarca da Independência
do Brasil, as ferrarias vieram a
ser dirigidas, entre 1802 e
1809, pelo barão de Eschwege, o
célebre arquitecto do Palácio da
Pena, na Serra de Sintra. No
caminho, tem interesse admirar
as Fragas, ou Penhas, de São
Simão e ir ao cabeço do Peão.
Aí, a uma altitude de 539
metros, pode-se apreciar um
vasto e belo panorama. Quem
goste de contemplar a paisagem
de pontos mais altos, deve subir
à serra de São Neutel, que fica
a 543 metros de altitude.
Nesta região
turística, a 72 Km da sede do
Distrito (Leiria), a Vila de
Figueiró dos Vinhos situa-se a
cerca de 450 metros de altitude,
na margem direita do Rio Zêzere,
no sopé de uma colina abrigada
pelo monte de Santo António do
Peão ( a 539 m.) e Serra de São
Neutel (a 543 m.). É banhada por
ribeiros que nas épocas de
invernosas transbordam dos
leitos apertados,
precipitando-se em rápidos
cursos nos rios. Com identidade
geográfica própria, os panoramas
de belezas variadas e a
tranquilidade que se desfruta em
contacto com a Natureza atraem
muitos turistas a estes sítios
onde se encontram ares sadios e
o sossego do campo. A antologia
de paisagens cria emoção
própria: vinhas, pomares,
floresta, penhascos e inúmeras
ribeiras que se despenham em
cascatas (cachoeiras) emprestam
à região paradisíaca, de tons
inesgotáveis, os atributos que
fazem dela estância privilegiada
de turismo do interior de
Portugal. Limitando o Distrito
de Leiria a Sul, com o Rio
Zêzere a fazer a divisória, o
concelho de Figueiró dos Vinhos
acolhe as ramificações
montanhosas da Serra da Lousã; à
Serra da Aguda, junto à
freguesia do mesmo nome, estão
associadas as Serras de Arega e
Santa Helena que fazem o
prolongamento de São João
(freguesia de Campelo). Pela sua
latitude o clima devia ser
temperado, mas as diferenças e a
irregularidade do relevo,
condicionam as condições
climatéricas, acentuando
diferenças entre as terras altas
e baixas e provocando variações
no que respeita a temperaturas
cuja média anual é variável
entre 10 e 15º C. Os Invernos
são rigorosos e os níveis de
pluviosidade grandes, para o que
contribui a densa cobertura
florestal da região.
(*) José Bonifácio de
Andrada e Silva :"Nasceu em
Santos em 1765 e morreu na Ilha
de Paquetá (Rio de Janeiro) em
1838. Exerceu papel
preponderante junto de D. Pedro
1º do Brasil (4º de Portugal) na
preparação da Independência do
Brasil, o que lhe valeu o título
de "Patriarca da Independência".
Foi Ministro do Império do
Brasil e tutor do herdeiro do
trono (o futuro D. Pedro 2º) e
de seus irmãos."
Figueiró dos Vinhos
http://www.uc.pt/coimbra/
Vila fundada nos alvores da
nacionalidade portuguesa, recebe
foral em 1204 das mãos de D.
Pedro Afonso, irmão de D. Sancho
I, que é renovado por novo foral
outorgado em 1514 por D. Manuel.
A parte velha mostra vários
pórticos manuelinos e a
belíssima torre da Cadeia,
construída em 1506.
A Igreja matriz de S. João
Baptista apresenta, no
altar-mor, lindíssimas talhas do
séc. XVII e um valioso retábulo
de Malhoa. A nave contém ainda
diversas pinturas maneiristas,
esculturas e o túmulo de Ruy
Mendes Vasquez, senhor de
Figueiró no recuado ano de 1456.
Na Igreja do Convento das
Carmelitas podem ser admirados
as talhas do séc. XVII nas
capelas laterais e os antigos
claustros.
A beleza esculturada dos jardins
de 1930 e do parque da
Casa-Museu de Mestre José
Malhoa, outra das maravilhas
oferecidas por esta vila.
Marinha Grande – (Concelho do
Distrito de Leiria)
(Rainha dos vidros e dos moldes
em aço para plásticos)

O
concelho de Marinha Grande tem
uma área de 190 Km2, e uma
população próxima dos 36 mil
habitantes.
O concelho é limitado a norte
pelo de Leiria; a sul pelo de
Alcobaça; a oeste pelo Oceano
Atlântico; e a este pelo de
Leiria.
Está envolvido pelo Pinhal de
Leiria, numa área de 110 Km2.
Até meados do séc. XVIII, vivia
quase exclusivamente da
agricultura e do Pinhal do Rei
(Leiria).
Em 1748, John Beare transferiu
uma pequena fábrica de vidros
que tinha em Coina (perto do
Seixal, para a Marinha Grande.
Mais tarde, o Marquês de Pombal
convidou Guilherme Stephens para
reestruturar e ampliar a
fábrica.
Marinha Grande é uma pequena mas
laboriosa cidade, conhecida em
todo o mundo pela excelência da
fabricação de moldes para
plásticos.
A origem do seu nome talvez se
deva à sua proximidade com o
mar.
O concelho tem duas lindas
praias: S. Pedro de Moel e
Vieira de Leiria.
Para mais informações estou ao
seu dispor.
"PINHAL DO REI"
Segundo a lenda, uma embarcação
portuguesa vinda do Golfo da
Gasconha, teria metido como
combustível braças e lenha de
pinheiros bravos dessa região.
As pinhas ter-se-ão aberto com o
calor e a tripulação, habituada
a comer os pinhões do nosso
pinheiro manso, teriam
estranhado a semente muito mais
pequena e com uma amêndoa
insignificante para servir de
comer.
Uma vez entrados no rio Lis,
contaram o sucedido à Rainha
Stª. Isabel, mostrando-lhe as
sementes e dizendo-lhes que os
pinheiros em França, estavam
igualmente em terrenos arenosos
e que se desenvolviam bem. Foi
então deliberado lançar a
semente à terra e, teria sido a
Rainha quem transportou no seu
avental, a arregaçada de
penisco, até uma qualquer
clareira existente no pinhal.
Passados meses, a sementeira
vingou e ficou linda e
prometedora.
Quando el-rei D. Dinis voltou a
aparecer, foi a própria Rainha
mostrar-lhe, não só os trabalhos
levado a cabo no Reguengo, como
igualmente a sementeira do
pinhal que teria feito pelas
suas mãos. D. Dinis, ficou logo
entusiasmado com o lindo
desenvolvimento da sementeira e,
desejoso em ter em abundância
material para a construção
naval, teria dito aos mareantes
que, para a outra viagem lhe
trouxessem mais sementes.
Vindo então o penisco e não
pinhão, este foi lançado noutras
clareiras e, o povo cheio de
curiosidade e amor à terra,
passou a ir ver o Pinhal do Rei
e o seu desenvolvimento em
franco crescimento.
Depois, a semente alada,
transportada pelo vento e levada
pelo homem, foi-se espalhando
pela costa portuguesa, ao norte
do Tejo, penetrou nas Beiras; e,
deu-se bem em Portugal que
alguns botânicos consideravam
indígena o pinheiro bravo,
quando parece ter sido a
essência exótica introduzida no
País. O Pinhal de Leiria (ou
Pinhal do Rei), que inicialmente
foi de todos que quisessem ir
buscar madeiras e lenhas, deve
Ter sido coutado pela primeira
vez por D. Dinis, pois, D.
Fernando 1 já lhe chamava "o
nosso pinhal", e esse coutamento
assim com as concessões dadas
aos pobres de entre Paredes e
Campos de Ulmar (Monte Real), dá
princípio aos lugares que
nasceram à sua volta e que se
vão transformando em pequenos
povoados. Um desses lugares é
hoje a cidade da Marinha Grande.
São Pedro de Moel - A sala de
visitas da Marinha Grande
"LENDA DO PENEDO DA SAUDADE"
Recordamos que "Penedo da
Saudade" existem dois: um
romântico situado em Coimbra,
voltado para o vale do Calhabé,
e o outro em S. Pedro de Moel. É
deste que vamos contar a Lenda.
Contrariamente ao que possam
imaginar, não vamos falar da
Rainha Santa Isabel, da sua
mantilha, nem das lágrimas de
esposa traída pelo seu rei e
senhor D. Dinis o "Lavrador",
que gozava de fama (e talvez
proveito) de ser uma grande
sedutor.
O drama de que vamos falar
(lenda), respeita aos Duques de
Caminha: D. Miguel Luís Meneses
e de sua esposa D. Juliana.
Este feliz casal vivia uma vida
muito recatada no seu palácio,
afastado do bulício e das
intrigas da Corte e da política
bem efervescente naquele ano de
1941.
Mas ...
Cert dia foram surpreendidos por
um dos seus criados que anunciou
a chegada do senhor Marquês de
Vila Real, pai de D. Miguel de
Meneses.
D. Juliana teve logo o presságio
de que algo de grave se tratava,
dado que se levantou empalecida.
Em vão seu esposo, D. Miguel,
tentava acalmar sua amantíssima
esposa. Entretanto, mandou
entrar seu pai.
Não obstante o desejo do Marquês
falar a sós com seu filho, este
insistiu para que a esposa
ficasse presente.
"Seja !" - concordou por fim o
Marquês de Vila Real. O seu
aspecto era grave o que deixou o
casal ainda mais inquieto. D.
Miguel quis saber da visita de
seu pai: "O que se passa, senhor
meu pai ?...
Este encarou bem de frente o
filho e retorquiu-lhe: "Senhor
Duque de Caminha e meu filho,
chegou a hora de el-rei D. João
lV pagar a sua tirania ! A
conspiração está organizada e,
dela fazem parte o
arcebispo-primaz, o Conde de
Armamar, D.Agostinho de
Vasconcelos, eu e vós !".
Muito surpreendido, D. Miguel
que não havia sido anteriormente
consultado, tentou não fazer
parte da conjura: "Não meu pai
!".
O velho fidalgo quase que
fuzilou o filho com o olhar: "E
se vos der uma ordem ?... não
deveis trair-nos !". D. Juliana
assistia atónica e horrorizada
ao diálogo trágico travado entre
seu sogro e o seu marido.
Cabisbaixo e bastante
consternado, D. Miguel, não
tendo outra alternativa, decidiu
ser um dos conjurados.
D. Juliana, perante a louca
decisão de seu amado esposo,
caiu desmaiada num canapé, onde,
momentos antes partilhava as
carícias do esposo que tanto
amava.
Gorada a conjura, feitos
prisioneiros todos os
conjurados, entre os quais
estava o Duque de Caminha, foram
encarcerados na fortaleza de S.
Vicente de Belém (Torre de Belém
- Lisboa).
Aí, no silêncio da noite,
estendido nas palhas putrefactas
do cárcere, D. Miguel tomou
noção da sua fraqueza em ter
acedido às ordens de seu pai !
Tomou então a decisão de
escrever a el-rei pedindo-lhe
perdão - mas em vão. D. Juliana
também implorou a el-rei o
perdão para o marido - mas
também sem o conseguir.
D. Miguel de Meneses subiu ao
cadafalso e com a morte pagou a
fidelidade que o ligava a seu
pai.
Inocente ?... Culpado ?... a
decisão fora sua !
Para o povo, ele estaria
inocente e pagou pelo crime do
pai.
Refugiada em S. Pedro de Moel, a
Duquesa de Caminha, ia todos os
dias chorar as suas desgraças
num penedo solitário. Os soluços
que se soltavam de seu peito e
as suas lágrimas, misturavam-se
com as ondas do mar e foram-se
espalhando, qual balada trágica,
por esse mundo fora.
Perante tamanha dor, o povo de
S. Pedro de Moel, passou a
chamar àquele rochedo, o Penedo
da Saudade.
E assim fez-se lenda ...
Marinha Grande
http://www.visitportugal.com
A
história da Marinha Grande está
ligada à existência dos 11.500
hectares do Pinhal de Leiria,
também conhecido por Pinhal do
Rei, floresta de pinheiro bravo
plantada no séc. XIII por D.
Afonso III e aumentada por seu
filho D. Dinis.
Inicialmente destinado a suster
as areias da costa que invadiam
os terrenos de cultivo, o Pinhal
viria a abastecer a madeira
necessária à construção das naus
e caravelas para os
Descobrimentos Portugueses.
A presença do pinhal e das
areias das praias atlânticas
foram determinantes para o papel
da região na tradição da
indústria metalúrgica e do vidro
em
Portugal.
Assim o entendeu o Marquês de
Pombal, ministro de D. José I,
ao conceder em 1769 ao
industrial inglês William
Stephens alvará para fundar a
Real Fábrica de Vidro de
Guilherme Stephens.
O projecto foi continuado por um
irmão de Guilherme, João Diogo
Stephens, que após a sua morte o
deixou em testamento à Nação
Portuguesa.
Alimentada pela abundância das
matérias-primas necessárias à
sua fabricação, a lenha e a
areia, a região tornou-se desde
então o centro do fabrico de
vidro e cristal português, que
tem a marca da mestria de muitas
gerações de operários-artistas
na produção de peças únicas de
reconhecida qualidade em todo o
mundo.
No centro da principal praça da
Marinha Grande, onde se destaca
o edifício dos Paços do
Concelho, encontrará o busto de
Guilherme Stephens, da autoria
de Luís Fernandes, homenagem de
todos os trabalhadores da
Fábrica que, em 1941, se
quotizaram para o pagar. Um
bonito portão em ferro dá acesso
a um jardim onde se encontra o
Museu do Vidro, instalado no
Palácio Stephens.
Aqui poderá apreciar as
admiráveis colecções de objectos
artísticos criados ao longo de
mais de 200 anos, bem como o
núcleo fabril.
Complete a visita respirando o
revigorante ar atlântico das
Praias do Litoral.
Nazaré – (Concelho do Distrito
de Leiria)

A
vila da Nazaré é de origem
relativamente recente, pois
ainda no século XVll o mar vinha
bater nos contrafortes da Serra
da Pederneira, deixando coberta
toda a parte ocupada pela praia
de hoje. Durante todo o século
XVll foram porém rápidas as
transformações, e o mar
recuando, pôs a descoberto a
formosa enseada. As primeira
referências sobre a pesca da
Nazaré não vão além de 1643. Em
1870 já tinha adquirido um
desenvolvimento considerável,
pois sabe-se que nessa data
existiam na praia 58 cabanas
para arrecadação dos aparelhos
de pesca. Contudo, até aos
princípios do século XlX os
pescadores, fugindo às
constantes opressões dos piratas
argelinos e holandeses, viviam
na Pederneira e no Sítio. Só em
meados desse século é que a
Nazaré começou a ser conhecida
como praia de banhos. A praia da
Nazaré aninha-se numa enseada em
meia lua, limitada a norte pelo
promontório do Sítio (da Nazaré)
e a sul pelas areias que orlam a
Serra da Pescaria (ou praia do
sul).
Uma versão da Lenda da Nazaré: “
No tempo das perseguições que em
Roma se faziam contra o
cristianismo, diz o Portugal, a
Península Hispânica, como estava
muito distante daquela cidade,
deu abrigo a muitos cristãos,
que para ali fugiram no século
lV. Segundo a lenda, foi por
este tempo que o monge grego,
Ciríaco, fugiu para Belém de
Judá, levando consigo uma imagem
de Nossa Senhora, que deu a São
Jerónimo, o qual mandou a Santo
Agostinho, bispo de Hiponia, que
estava em África, mandara-a
depois este prelado para o
mosteiro hispânico de Cauliniana,
a 12 Km. De Mérida (Espanha);
foi aqui que deram à imagem o
título de Nazaré por ter vindo
da terra natal da Virgem Maria.
A maneira como a imagem veio às
praias de Lusitânia, é narrada
por esta versão da Lenda, da
seguinte forma: “Egica, sobrinho
do santo rei Wamba e genro de
Ervígio, seu antecessor , subiu
ao trono dos godos em 687.
Vítulo, conde da Galiza,
ambicionando o trono,
revoltou-se, mas foi aniquilado.
O rei então nomeou o seu filho
Witiza soberano das terras
revoltadas, ficando ele com o
resto da Espanha e com a Galiza
Narboneza.
Por sua morte sucedida em 701,
ficou Witiza senhor de todo o
império gótico, e foi o Nero das
Espanhas. Permotiu a poligamia,
negou a obediência espiritual ao
Papa, arrasou as fortalezas do
reino, e praticou toda a casta
de c vícios e de iniquidades”. (
Américo Costa, do “Dicionário
Coroagráfico de Portugal –
1943”.
A Nazaré já teve o nome de
Perdeneira. O topónimo é, por
assim dizer, internacional, pois
aparece em vários países, e
diz-se que, etimologicamente
significa simplesmente, verde “.
Dr. Xavier Fernandes – 1944).
A Nazaré é um festival de cor e
de movimento, de vozes e de
gritos. Há uma Nazaré real, de
mar altivo e homens corajosos,
de mulher com a verdade do negro
que trajam pelos maridos, pelos
irmãos, pelo filhos, pelos pais.
E há também uma Nazaré irreal,
cheia de gente, de sol e mar
azul, de areia feita toldos de
lona, enquanto ao lado se
encontram barcos a balouçar, à
espera da tarde, da partida para
a faina da pesca. Quando o mar
batia na encosta abaixo da
Pederneira, a Nazaré não
existia, mas apenas o Sítio, de
origem muito mais remota. No
século XVlll, o mar recuou e
deixou a seco a terra firme onde
se instalaram os primeiros
pescadores, e das cabanas onde
viviam começou, na 2ª metade do
século XlX, a formasse a
povoação. O Sítio da Nazaré é
sobretudo um largo enorme,
embelezado por um bonito coreto
e terminando numa varanda de 110
metros de altura, sobre o mar.
Da moldura do casario sobressaem
os antigos Paços e a Igreja de
Nossa Senhora da Nazaré, além de
algumas notáveis residências do
século XlX, com belas sacadas de
ferro fundido e azulejaria de
interesse.
Na Igreja Matriz, com o figurino
seiscentista, lá estão os
azulejos, bem portugueses,
apesar de assinados por um autor
holandês. Ao seu lado, o Paço
Real, é notável pela sua
alpendrada. Np Sítio, mesmo à
beira do precipício fica a
Ermida da Memória, a lembrar o
tão célebre milagre de Nossa
Senhora da Nazaré, salvando D.
Fuas Roupinho (alcaide do
Castelo de Porto Mós e talvez o
primeiro almirante português),
de cair de tão grande altura
quando se salvou de se despenhar
quando perseguia um veado. No
fim do promontório, sobranceiro
à praia do Norte (cujo areal
quase chega a São Pedro de Moel
“19 Km” ), o velho forte
debruça-se sobre o mar. É no fim
do promontório (ou penhasco) do
Sítio da Nazaré que tem lugar o
Forte de São Miguel Arcanjo.
Este é um local cheio de
estórias. Não é a única a de D.
Fuas Roupinho que, segundo
dizem, foi amparado pela Virgem
quando, andando à caça, numa
manhã de nevoeiro, o seu cavalo
quase caiu do penhasco. Existe
uma outra, de uma linda rapariga
(moça) que, durante as Invasões
Francesas, atraía os soldados
inimigos para o precipício e
depois, traiçoeiramente
atirava-os para o mar, tendo
morto sete desta forma. Este
forte, também chamado Forte do
Morro da Nazaré, foi mandado
construir por D. Sebastião, em
1577, mas só ficou concluído no
reinado de D. João lV, em 1644.
O propósito da sua construção
era defender a costa portuguesa
de eventuais ataques de piratas
e corsários que se sentiam
atraídos pelo porto da
Pederneira, local onde se
situava o antigo povoado. Tinha
fama de ser um dos melhores do
Reino de Portugal, pois dali
saía maior parte das madeiras do
Pinhal de Leiria e do Pinhal de
Rei, e que ali se fabricavam
muitas embarcações que faziam o
caminho para a Índia.
Um dos vários assaltos de que
foi alvo aconteceu em 1611,
quando um pirata holandês se
infiltrou no porto e se apoderou
de um barco carregado de pinho e
de uma nau da Biscaia (Galiza)
que transportava ferro, vinho e
armas. Em 1807, já depois das
suas peças de artilharia terem
sido levadas para Cascais, o
Forte da Nazaré foi conquistado
por 50 soldados do general Junot
que, no ano seguinte, foram
expulsos pelas populações do
Sítio, Pederneira e Nazaré, ao
que, segundo a lenda, ajudou a
rapariga que matou os sete.
Foram tempos difíceis para os
nazarenos, estes das Invasões
Francesas. Primeiro foram os
soldados de Junot que em 1807
invadiram a terra, ao que a
população resistiu, exibindo
seis estudantes fardados, do
Batalhão Académico de Coimbra,
tentando convencer o inimigo de
que tinham recebidos reforços.
Foram a Cascais num batel buscar
armamento e repeliram os
franceses que vinham de Peniche
em auxílio da guarnição do
Forte. Esta primeira batalha foi
ganha pelos portugueses mas
volvidos algum tempo os
franceses voltaram a invadir o
local, exercendo todo o tipo de
crueldades sobre a população. Os
habitantes que não conseguiram
fugir, foram massacrados e os
barcos e as casas da Nazaré, da
Pederneira e do Sítio
incendiados. Em 1901 ou mesmo
1902, foi desencadeado o
processo de expropriação do
Forte de São Miguel Arcanjo.
Procedeu-se à reconstrução
parcial do baluarte, que se
encontrava danificado, para nele
instalar o farol da Nazaré.
Quase todas as manhãs, a neblina
dá os bons dias ao Forte São
Miguel Arcanjo. O seu carácter
defensivo já esmoreceu, mas, o
farol continua vigilante,
iluminando o caminho dos barcos
que teimam em se aproximar
demasiadamente da costa .
Segue-se-lhe, já isolada, mas
bem vizinha deste promontório, a
chamada Pedra do Guilhim,
designação a lembrar o limite da
área, além de Atouguia,
concedida por D. Afonso
Henriques a Guilherme de Corni.
A cerca de 5Km a sul da Nazaré e
já na estrada que liga a
Alcobaça, num destacado morro,
ergue-se a Igreja de São Gião. É
um templo visigótico, que deve
datar do século Vll. É um
pequeno edifício de uma só nave
(6,60m x 3,9 m), sem janelas e
sem transepto, com tribuna sobre
a porta de entrada. O cruzeiro
está separado da nave por uma
parede com uma porta central e
dois vãos laterais isolando o
altar e o coro (só a nave era
destinada aos fiéis),
correspondendo a uma iconóstase.
Peequena igreja monástica,
decerto de transepto bipartido
por duas colunas, acusa a
influência da liturgia da época.
A Nazaré é das mais típicas
vilas piscatórias de Portugal,
convertida em centro de turismo
por excelência do centro do País
e destino privilegiado para
milhares de visitantes durante o
ano. No entanto, a Nazaré de
hoje não é a de há décadas
atrás, desaparecidos os traços
que identificavam (de maneira
incomparável) esta comunidade,
possuidora de inconfundível
personalidade, das mais
características de toda a costa
portuguesa, como o escritor
português, Raul Brandão a
descreveu em “Os Pescadores” :
“... Do Valado à Nazaré são seis
quilómetros, quase sempre
através do monótono pinheiral de
El-Rei. É um majestoso templo
que não acaba e onde a solidão
se torna palpável entre os
troncos cerrados e sob as copas
espessas. Por fim o caminho
desce, passando a Pederneira, e
avista-se lá em baixo a branca
Nazaré e o mar apertado num
vasto semicírculo de montes
verdes, que mergulham no azul os
alicerces. Ao norte o panorama
acaba de repente num paredão
temeroso, que entra direito
pelas águas e entaipa o céu. É
um morro avermelhado e riscado,
com vegetação pegajosa de urzes
e de cardos e um penedo
destacado na ponta – o bico do
Guilhim. Lá em cima as paredes
brancas duma aldeia árabe entre
sebes de cactos hostis – O
Sítio. Pedaços de rochas
salientes ameaçam desabar a toda
a hora ...).
A riqueza da Nazaré residiu no
folclore que sedimentou na
imagem das suas objectivas e nas
telas dos pintores. Quando os
barcos (lanchas, botes, batéis,
barcas e traineiras) ancoravam e
saíam da praia e a arte das
netas se praticava naquele
cenário que traduzia gestos,
vestuário e falares, puxando
todos e ao mesmo tempo os
aparelhos de arrasto para terra,
então sim, era a alma inteira
dessa comunidade que mostrava a
sua maneira de ser e de viver
quotidianamente em contacto com
o mar. Depois da construção do
porto de abrigo (já prometido no
tempo do rei D. Carlos) e da
redução drástica da arte das
netas , desapareceram os quadros
mais primitivos da vida da
Nazaré, hoje gravados em telas e
em fotografias. Em contrapartida
zelou-se pela segurança dos
pescadores e famílias, que
morriam nas frágeis embarcações,
quantas vezes à vista da praia
de fortes rebentações (no
Inverno) contra as falésias
abruptas e, mesmo assim,
impotentes para lhes quebrar a
fúria. Hoje, no porto de abrigo
e à mistura com algumas lanchas,
botes, traineiras e motoras dos
nazarenos, há embarcações doutro
tipo, da Póvoa de Varzim,
Matosinhos, Figueira da Foz e de
outros portos pesqueiros. A
praia piscatória perdeu as
características próprias. Já não
se vêem raparigas (filhas e
mulheres de pescadores) trajando
as sete saias, sentados no areal
à espera do varar das
embarcações e os olhos fixos na
neblina do horizonte; nem o
velho lobo-do-mar de barrete
colorido e vestimenta riscada a
consertar redes para a faina do
dia seguinte. Ficou apenas e
quase só uma tradição
relacionada com a pesca e o mar:
a seca do peixe, curiosamente a
cargo das nazarenas algumas
trajando de luto em memória do
marido ou pelos filhos a quem o
mar arrebatou. Ficaram os
tabuleiros com fundo de rede e
várias qualidades de peixe a
secar ao sol da praia. Os
consumidores do peixe são
essencialmente os nazarenos, e
algum vai para os mercados do
distrito.
O concelho da Nazaré está
completamente encravado no de
Alcobaça, à excepção do lado
poente delimitado pela costa
atlântica e a vila apresenta
três núcleos populacionais
distintos: o núcleo da praia (o
seja da vila propriamente dito),
o Sítio (da Nazaré) e a
Pederneira. O promontório da
Nazaré classifica-se de costa
alta e abrupta, fazendo parte
dos planaltos calcários da
Estremadura. Em frente à Nazaré
situa-se um vale submarino, dos
maiores e mais profundos do
mundo. A enseada protege-a, a
norte, a escarpa ou falésia do
Sítio e, a leste, as elevações
da Pederneira. A Nazaré fica a
cerca de 21 Km a sul da Marinha
Grande. Suas principais
indústrias são as conservas de
peixe, estâncias de madeiras e
hotelaria. E o turismo será a
principal de todas, uma vez que
não é sazonal, mas processa-se
ao longo do ano, graças às
paisagens naturais, ao clima e à
situação geográfica no centro
litoral de Portugal. O clima é
temperado (Atlântico) e fraca a
amplitude térmica, com verões
quentes e secos. António Lopes
(1732) chamou à Nazaré a
“Estrela do Oceano Português” e,
sobre ela está tudo dito. Os
nossos melhores prosadores e
poetas deixaram-nos descrições
de estilo empolgante, acerca
desta gente e desta terra, como
por exemplo, António Sérgio em
(Introdução
Geográfico-Sociológica à
História de Portugal) : “... Mas
não se pense que as qualidades
étnicas de uma comunidade “sui
géneris”, tão bem representada
no povo nazareno, vem de há
longos séculos. A actual Nazaré
não possui história longa de
centúrias, uma vez que há pouco
mais de duzentos anos nem sequer
existia. No século XVl o local
(desabitado) sofreu grandes
assoreamentos e a baía era mais
reentrável. O mar chegava à
Pederneira, Maiorga, Cós e
Alfeizerão, de que a reentrância
(concha) de São Martinho é
reminiscência que aí permaneceu.
No século seguinte, a enseada da
Nazaré estava coberta pelo mar
que batia nas arribas da serra
da Pederneira e na falésia
abrupta que ainda resguarda o
lugar do Sítio. Só no século
XVlll o oceano recuou e deixou
terra firme onde os pescadores
fizeram as primeiras habitações
(cabanas) no lugar onde está
hoje a vila, só conhecida com
estância de banhos nos meados do
século passado. As primeiras
referências à pesca no mar da
Nazaré remontam a 1643, com
maior desenvolvimento na Segunda
metade do século XlX. Em 1870, a
Nazaré tinha 58 cabanas onde os
pescadores guardavam os
aparelhos de pesca e as
condições de vida seriam
miseráveis ou muito precárias. O
núcleo populacional ou colónia
de pescadores resultou, mais
tarde, da miscigenação entre os
primitivos povoadores indígenas
e pescadores de Ílhavo (região
de Aveiro) que desceram a costa
a partir do último quartel do
século XVlll e se fixaram (com
suas famílias) na Nazaré,
deixando marcas nas artes de
pesca, nos tipos e pinturas das
embarcações, e até no linguajar.
O núcleo mais antigo situava-se
no lugar da Pederneira (a leste)
mais seguro da pirataria da
pirataria (holandesa e argelina)
que infestava a costa. A
Pederneira era povoada em 1190 e
no século Xlll os pescadores já
partiam dali para as costas do
Algarve. Com o assoreamento do
porto de Paredes (a norte)
deslocaram-se para o da
Pederneira que pertenceu ao
Mosteiro de Alcobaça (coutos) e
teve considerável importância
desde o século Xll até ao século
XVll. A “Descriçam de 1630”
chamoulhe “de muito boa
população” e que “no baixo da
praia fabricam alguns navios com
a comodidade da madeira que
trazem pelo mar de um grande
pinhal que fica pela parte do
setentrião e a que chamam Pinhal
do Rei”. No século XV a
Pederneira já era a vila mais
progressiva dos coutos de
Alcobaça, começando a decadência
a partir do século XVlll,
originando em 1885 a
transferência da sede do
concelho de Pederneira para a
Nazaré. Aliás, na Pederneira, há
noticia /através da arqueologia)
de Ter tido povoamento
pré-histórico: instrumentos do
Paleolítico, encontrados em
Pedreneira e Valado de Frades,
fíbulas /século Vl antes de
Cristo) e outros objectos
depositados no Museu da Nazaré
Etnográfico e Arqueológico da
Nazaré, são testemunhos
inequívoco dessa ocupação”.
O Sítio da Nazaré, de origem
muito remota, além dum enorme
largo, é uma espécie de varanda
apoiada na falésia com alicerces
no mar. Nesta varada fica a
Capela da Memória onde reza a
tradição é o local a que se
refere a “Lenda do Sítio: “A 14
de Setembro de 1182, D. Fuas
Roupinho andava à caça com
alguns companheiros por aquelas
bandas. Entretanto, devido a
grande nevoeiro perdeu-se deles
e continuou a caçar. Surgiu-lhe
um veado que a crendice popular
identificou com o diabo e D.
Fuas, no seu cavalo, parte em
perseguição da tentadora peça de
caça, aproximando-se da íngreme
penedia, cortada a pique sobre o
mar. O veado caiu ao precipício
e o cavalo de D. Fuas ficou
suspenso, perante a invocação do
nome da Senhora naquele momento
a quem D. Fuas intercedeu. Ainda
se vê um sulco na rocha (no
Suberco) do Bico do Milagre e no
local da capela que o povo
atribui à marca da ferradura do
cavalo. D. Fuas Roupinho doou os
terrenos, contratou pedreiros e
mandou edificar uma ermida à
Senhora da Nazaré em sinal de
agradecimento por tão grande
milagre. A ermida fico conhecida
por “Capela da Memória” onde
durante séculos se tem venerado
a Senhora da Nazaré, cuja imagem
(dos primeiros séculos do
cristianismo) é considerada a
mais antiga de Portugal”.
A gastronomia e artesanato fazem
parte da cultura popular da
Nazaré e são motivos de atracção
turística. O peixe a caldeirada
à Nazaré, massa de peixe seco
constituem os principais pratos
desta terra que sempre viveu dos
recursos do mar. Representantes
da doçaria local são os
Tá-mares, nazarenos, sardinhas
azevias, filhós e arroz-doce. No
domínio do artesanato surgem
também motivos do mar – o mar
que sempre comandou a vida, os
hábitos e a paisagem desta terra
inconfundível: miniaturas de
barcos a remos, vestes para
bonecas regionais e malhas
típicas. O comércio manifesta-se
em vários locais e artérias de
modo peculiar, uma vez que
passar pela Nazaré, obriga o
visitante ou o turista a levar
consigo uma recordação que
testemunhe a visita, sempre
incompleta, tantos são os
motivos de atracção deste
pequeno paraíso, onde o turismo
é rei e senhor. Os círios da
Senhora da Nazaré são muito
conhecidos, pois, desde tempos
remotos, às romarias anuais
a igrejas e capelas, afluíam
romeiros em grupo (ou
irmandades) de várias freguesias
que levavam, cada um, um círio
(ou tocha) para depor no altar
do santo da sua devoção. A esses
grupos de romeiros chamavam-se
Círios . Apareceram, assim,
desde há séculos, círios
importantes (sobretudo no centro
do país), onde a tradição ficou
enraizada. Um deles é o Círio
de homenagem à Senhora da
Nazaré, cuja romaria vem desde
de D. Leonor de Lencastre
(mulher de D. João ll),
acorrendo círios de Mafra, Santo
Isidoro, Terruagem, Sobral,
Caldas da Rainha, Porto de Mós e
outras localidades. Pormenor
curioso, relativamente à imagem
da Senhora da Nazaré, prende-se
com a tentativa (conseguida) de
colocar a imagem a salvo dos
invasores franceses, em 1810,
tendo sido levada de terra em
terra até Pendão (Belas –
Sintra), percorrendo depois
Queluz, Benfica, Vila Franca de
Xira e Caldas da Rainha,
regressando à sua igreja em
Setembro de 1812, depois de ter
passado o perigo.
As loas que os anjos cantavam ao
acompanharem os círios da
Senhora da Nazaré (e outros),
durante o percurso e à porta dos
templos, foram divulgadas por
vários poetas, incluindo João de
Deus, impressas em folhinhas e
vendidas a favor do culto. A
festa da Senhora da Nazaré (de 8
a 15 de Setembro) ainda conserva
reminiscências desses Círios, de
locais, em homenagem à Senhora
da Nazaré.
Óbidos – (Concelho do Distrito
de Leiria)

Origem do nome:
“Alguém, seduzido pelo
maravilhoso, pretendeu que o
nome ÓBIDOS foi tirado de “Abidis”,
seu suposto fundador, mas figura
meramente lendária, que, como
filho de Ulisses e da princesa
Calipso, entra também na popular
lenda da fundação de Lisboa e de
outras terras.
Mais aceitável, mas ainda assim
pouco satisfatória e duvidosa, é
a hipótese, segundo a qual o
topónimo ÓBIDOS teria resultado
da junção de três monossílabos
latinos, “ob” “id” “os”,
conforme alguém se lembrou de
dizer e tão repetido sem sido.
Ora, o locução latina “od id”
era realmente muito empregada
com os significados de “por
causa disto, por isto (ou mesmo)
em frente disto, diante disto -
que significa boca, abertura ou
entrada.
Daqui a suposição de que noutros
tempos, se designava por
“ob-id-os” uma grande boca do
oceano ou entrada do mar, que
nesses tempos vinha ter junto à
vila segundo se diz, e que
modernamente se conserva dela
afastada cerca de uma légua, com
o nome de Lagoa de Óbidos.
Assim,a designação comum teria
passado a topónimo da povoação,
o que só com reservas aceitamos.
(Dr. Xavier Fernandes - 1944).”.
Óbidos é uma vila edificada
sobre os alicerces de um
“oppidum” luso romano, , foi
tomada aos mouros em 1148 pelo
primeiro rei de Portugal, D.
Afonso Henriques. Recebeu o
primeiro foral de D. Isabel de
Aragão, mulher de D. Dinis, e
chamada Rainha Santa Isabel.
Preserva uma pitoresca
fisionomia de conjunto
atravessou, sem grandes
obliterações, diversas
conjunturas históricas.
Constituída por unidade
geológica dominante, esta região
do distrito de Leiria, a que a
suavidade do relevo empresta uma
amenidade calmante, apresenta-se
na sua maior parte com uma
aparência bastante homogénea.
Mas tanto para nascente como
para poente surgem elevações.
À suavidade da paisagem junta-se
a lembrança do espírito
magnânimo da rainha D. Leonor de
Lencastre, mulher de D. João ll,
fundadora das Misericórdias,
frequentadora das águas
medicinais das Caldas da Rainha,
que por tal se chama de “Rainha”
em reconhecimento pela sua
presença e por quanto a rainha
lhes ofereceu em seu favor.
Amenidade da Natureza a
influenciar os habitantes da
região e aqueles que a visitam.
E o próprio mar parece também
ter sido influenciado quando, ao
entrar pela lagoa de Óbidos, se
espraia pela terra adentro,
docemente quebrado nos seus
ímpetos.
Só Óbidos, na elevação onde se
alcandorou, oferece um
contraste, já pelo seu destacado
isolamento, já pela feição
guerreira das suas muralhas, em
defesa já não das gentes, mas
das recordações do passado que
tão ciosamente guarda para
desvendar à vista curiosa e
surpreendida do seu visitante.
A Lagoa de Óbidos
A caminho de um assoreamento
progressivo e já ameaçada pelo
poluição, a Lagoa de Óbidos é um
dos profundos recantos da costa
que, tal como outros mais a
norte, facilitam a entrada do
mar pela terra dentro.
Terá sido tão extensa a ponto de
as suas águas banharem o sopé da
pequena colina onde se encontra
a vila de Óbidos. Para além de
uma área central, a lagoa
estende-se por braços, o da
Barrosa e o do Bom Sucesso,
aproveitando os vales de alguns
ribeiros que nela desaguam.
Diz-se que a lagoa dá carne, pão
e vinho, devido à pesca que
oferece, embora hoje menos
abundante, e pelos limos que são
recolhidos para amanho (adubo
natural) das terras.
Passando pela extremidade do
braço do Bom Sucesso chega-se ao
sítio da Cabana, onde se
banquetearam muitos reis de
Portugal.
As pequenas bateiras, hoje com
motor, permitem um passeio em
águas calmas, actualmente
percorridas por muitas
embarcações de recreio.
Pequena História:
Perdem-se nas brumas do passado
as origens de Óbidos,
supostamente habitada desde
remotas eras, como o atesta a
estação arqueológica do vizinho
Outeiro da Assenta, onde foram
encontrados numerosos objectos
do período calcolítico, o que
permite pensar poder a sua
existência situar-se em épocas
bem recuadas.
Remotos escritores, entre os
quais o autor da “Corografia
Portuguesa” atribuem a fundação
do futuro “castro” aos turdulos
e celtas por volta do ano 308
antes de Cristo, que o
fortificaram e rodearam de
sólidas muralhas.
O seu nome parece derivar das
palavras latinas “-ob-id-os”
devido à boca ou braço de mar
que outrora chegava té às
muralhas de Óbidos. Há, porém,
quem considere pueril esta
etimologia assim como outras,
porventura mais fantasiosas,
inclinando-se a maioria pela sua
edificação sobre os alicerces de
um “oppidum” luso-romano.
Vislumbra-se a influência dos
romano, assinalada em vários
troços das muralhas e numa ou
outra decrépita ruína. São
obscuros os inícios da passagem
de outros povos primitivos pela
região. Apenas conjecturas
associadas à invasão da
Península Ibérica pelos
bárbaros, em numerosas hordas,
de que Óbidos seria forçada
trilha.
O burgo teria assim sofrido
sucessivamente o domínio dos
Alanos, Suevos, Godos e Árabes.
É mais acentuada a presença dos
mouros que o Castelo, parte das
muralhas, bairro da mouraria e
lendas de “doces moirinhas”
evocam. A hegemonia árabe
termina com a conquista, em 10
de Janeiro de 1148, por Gonçalo
Mendes da Maia – o Lidador (que
morreu em plena batalha contra
os mouros, contando 90 anos),
esforçado fronteiro-mor de D.
Afonso Henriques, após longo
assédio.
Enquanto D. Afonso Henriques
atacava com as suas hostes o
lado sul, onde era mais
encarniçada a resistência da
moirama, o Lidador acompanhado
por um punhado de guerreiros, a
coberto de seculares ginjeiras e
agaves, penetra, após espinhosa
escalada, na soberba fortaleza
do castelo, conquistando para
Portugal a localidade que Camões
assinala.
Acarinhada pelos reis da
dinastia afonsina (primeira
dinastia), que não raro dela
fizeram morada, é reedificada e
ampliada por D. Afonso
Henriques, fortalecida e povoada
por D. Sancho l, que em 1186
fixou residência durante algum
tempo. Óbidos foi em 7 de
Dezembro de 1210, doada por D.
Afonso ll a sua mulher D.
Urraca.
As conhecidas desavenças de D.
Sancho ll com o clero e a
nobreza, que em 1224 o trouxeram
a fixar temporariamente
residência em Óbidos, atraíram
numerosos fiéis, que junto de D.
Márcia, rodeada de damas e
donzelas formaram improvisada
corte.
É no reinado deste infeliz
monarca que D. Afonso ainda
Conde de Bolonha, mais tarde D.
Afonso lll, impôs apertado
assédio a Óbidos, que durante
oito longos e heróicos anos
tenazmente resistiu ao cerco,
escrevendo sublime página da sua
história.
Era então Alcaide-Mor de Óbidos,
D. Fernando Ourigues de Aboim,
fidalgo cavaleiro, que
acompanhado por outros dois
fidalgos, Vasco Moniz e Gonçalo
de Sequeira e outros nobres,
defendeu os direitos de D.
Sancho recusando obediência ao
Bolonhês, até se certificar da
legalidade dos seus direitos. A
resistência heróica dos
moradores, auxiliados por Frei
D. Pedro Gonçalves, Abade de
Alcobaça, não permitiu a
conquista de Óbidos, tendo D.
Afonso lll depois de coroado
rei, galardoado essa fidelidade
concedendo-lhe além de
privilégios e mercês, o título
de “sempre leal” que alia ao de
“mui nobre” como já se ornava.
D. Dinis, que ampliou Óbidos e
reedificou o Castelo,
concedeu-lhe por carta régia o
senhorio da Vila, como prenda de
casamento – juntamente com
outras vilas e castelos, a sua
mulher, D. Isabel de Aragão,
também conhecida por Rainha
Santa Isabel, ficando desde
então pertença da “Casa das
rainhas”, até 1834, em que foi
extinta.
Nos últimos anos do reinado de
D. Afonso lV esteve recolhida
neste castelo, a infeliz D. Inês
de Castro, tendo D. Pedro doado
mais tarde à Câmara extensos
terrenos pantanosos que
separavam a Vila da Lagoa e
chamada a Veiga de Óbidos.
D. Fernando l reformou o
castelo, reparou as muralhas e
mandou construir a Torre de
Menagem, tendo doado também
Óbidos a sua mulher, D. Leonor
Teles.
Continuando a pertencer à “Casa
das rainhas” foi domínio de D.
Filipa de Lencastre e aprazível
passadio de D. João l que aqui
mudou, em 12 de Agosto de 1427,
o calendário da era de César
para a de Cristo.
Existem reminiscência de ter
sido em Óbidos que D. Duarte
escreveu o seu livro “A arte de
bem cavalgar toda a sela”.
Foi na Igreja de Santa Maria que
D. Afonso V contraiu matrimónio
com sua prima D. Isabel.
É, porém, da época de D. João ll
que Óbidos conserva as suas mais
piedosas recordações. Foi nesta
vila de D. Leonor de Lencastre,
veio pratear em 1491 a morte
desastrosa de seu filho D.
Afonso, aqui fundando a segunda
Misericórdia de Portugal, em
1498, na Capela do Espírito
Santo, na Capela do Espírito
Santo, que dotou de fartas
rendas e mercês. Deve-se ao seu
amor pelos pobres a fundação do
Hospital de Caldas da Rainha, no
termo da Vila de Óbidos, que
dotou com grande liberalidade.
Data do tempo de D. Manuel l a
última reforma do castelo,
concedendo a Óbidos novo foral
em 20 de Agosto de 1513,
substituindo o dado por D.
Isabel, a Rainha Santa, em 1326.
Embora sejam mais patentes as
recordações de D. Catarina de
Áustria, mulher de D. João lll,
que mandou construir o aqueduto
que abastecia a água a Óbidos.
Ficou a dever-se a este rei a
“Casa do Estudante” onde foi
instituída uma cátedra de
matemática substituída mais
tarde por uma de teologia.
O infortunado reinado de D.
Sebastião também ficou
assinalado em Óbidos pela
desastrosa expedição a
Alcácer-Quibir em que pereceram
o sobrinho do Alcaide-Mor, D.
Afonso de Noronha, numerosos
fidalgos do concelho e seus
termos, assim como 500 homens de
pé e a cavalo.
Filipe lll elevou Óbidos a
cabeça de condado, em 1634, em
favor de D. Vasco de
Mascarenhas, Alcaide-Mor.
Após a Restauração, D. João lV
residiu com sua mulher D. Luíza
de Gusmão, durante algum tempo
em Óbidos, tendo mandado
construir a “Casa da Câmara”
onde não há muitos anos era a
cadeia e onde hoje se encontra
instalado o Museu Municipal.
Ao rei D. João V, o Magnânimo,
se devem generosos donativos que
permitiram a construção do
Santuário do senhor da Pedra.
O terramoto de 1775 fez ruir
grande parte dos edifícios e
igrejas. O Conde de Óbidos
mandou reparar os Paços da
Cerca, as Igrejas de São Tiago e
São Pedro, a Torre Albarrã e
grande parte das muralhas do
lado poente.
D. Maria l e seu marido, D.
Pedro ll residiram durante algum
tempo em Óbidos, em casa do
Capitão-Mor, Brito Pegado,
afastados das caldas da Rainha
devido a uma epidemia que ali
grassava. O solar da Praça da
Rainha, hoje património da
Câmara Municipal, assinala a
efeméride em duas placas
brasonadas, por cima da porta
principal.
Foi junto de Óbidos que se deram
as primeiras escaramuças entre
as hostes invasoras de Junot e
as avançadas do exército
anglo-luso, que preludiaram a
grande vitória da Batalha da
Roliça.
Conserva-se na memória dos
habitantes mais idosos as
visitas frequentes dos últimos
reis de Portugal, que são
lembrados com saudade.
Muitos factos vividos poderiam
ser relatados e certamente
muitos mais se algum dia forem
despertados dos códices
medievais em que jazem
adormecidos.
MONUMENTOS
CASTELO: Coroando a crista de
abrupto penhasco que
altaneiramente domina dilatadas
cercanias, emerge, majestoso e
só, robusto castelo roqueiro,
baluarte vigilante de aguerridas
hostes.
Na época da Conquista, o castelo
não existiria como se encontra.
De origem romana, segundo se
recorda, passou a fortificação
moura.
Sucessivamente reparado e
ampliado pelos reis da primeira
Dinastia, o castelo é um dos
exemplares mais perfeitos das
fortalezas medievais,
prolongando as suas defesas por
extensa muralha que, ciosa,
protege e resguarda Óbidos.
O castelo é um recinto
amuralhado, com as suas ameias e
barbacans, guarnecido de
defensivas torres e torreões que
ladeiam vasto recinto ou pátio
interior, outrora apalaçado.
À entrada, no flanco direito da
fachada sul a Torre de Menagem
(ou de D. Fernando), com 24,80
metros de altura, cisterna de
cantaria aparelhada,
desentulhada em 1931.
Alcandorada sobre rochedos que
se empinam sobre escarpada
encosta, no flanco direito da
fachada sul, a Torre de D.
Dinis, com 30 metros de altura,
de secção rectangular.
Entre estas duas torres existem
dois torreões que denunciam
restauros do tempo de D. Dinis.
As restantes torres e torreões
foram, por vezes, mais ou menos
restaurados. Da primitiva deve
ser apenas a torre do flanco
esquerdo da fachada norte com
15,5 metros de altura.
No centro desta fachada existem
dois torreões semicirculares que
medem até à barbacan os mesmos
15,5 metros.
Enchendo a face norte e parte da
poente situa-se a barbacan com
as suas bancadas, banquetas,
parapeitos, ameias, seteiras e
olhais.
O interior do castelo foi
apalaçado por D. João de
Noronha-o-Velho, Conde de Gijon
e Noronha, Alcaide-Mor no tempo
de D. Afonso V.
O último restauro do castelo e
do seu recinto defensivo foram
beneficiados por D. Manuel l, no
início do século XVl. Ao nível
do andar nobre, dominando o
Paço, rasgam-se janelas e
varandas manuelinas, ricamente
lavradas, a que extensa
escadaria exterior teria dado
acesso.
A lareira que se encontra no
salão da mesma época, é cingida
por colunas de troncos
entrançados com capitéis de
cogulhos.
A norte da parte exterior, à
altura deste pavimento, duas
janelas de verga trilobada,
preciosamente lavradas e um
portal, ornado de troncos
recortados a que uma escada
exterior dá acesso.
Ainda neste pavimento, a “Porta
da Traição”, na base da Torre de
D. Dinis, em que a moldura do
arco ogival da porta empresta
nobre e severo ordenamento, e
por onde teria penetrado o
Lidador, era formado por vasto
varandim, sustentado por
moldilhões e cornijas, de onde
se avista extenso e deslumbrante
panorama.
Muralhas: A muralha torreada
que cinge Óbidos e que
estreitamente a abraça, foi
restaurada por vários reis,
nomeadamente D. Afonso
Henriques, D. Sancho l e D.
Fernado l. Completa as defesas
do burgo, reforçadas ao norte
pelo castelo e ao sul pela Torre
Vedras ou do Facho, sem dúvida a
mais antiga.
Esta cinta amealhada tem um
perímetro de 1565 metros que se
podem facilmente percorrer,
graças ao seu largo adarve de
1,40 metros de largura. As
ameias têm uma altura de 1,30
metros por 0,67 m. de espessura
e são intervaladas de 0,60
metros.
As seteiras têm uma abertura
interior de 0,43 m. e exterior
0,05, sendo as existentes na
cidadela ainda mais
pronunciadas.
Ao longo do vasto percurso das
muralhas, torreões nelas
integradas como sentinelas
vigilantes, dominam os espaços.
A cidadela individualizada do
castelo encontrava-se ligada à
Torre Albarrã por um viaduto.
Esta zona é merecedora de
aprofundado estudo e
aproveitamento.
Próximo da cidadela ainda são
nítidos os vestígios do Paço das
Rainhas, mandado construir pela
rainha D. Leonor de Lencastre na
área do castelo que lhe fica
fronteiro e debruçado sobre
profundo vale.
Neste recinto existia
anteriormente o convento da
Ordem de São Domingos, cujas
freiras eram conhecidas pelas
“Emparedadas”, assim como uma
capela anexa sob a invocação do
Senhor dos Milagres, devidos à
piedade da Rainha Santa Isabel,
que no seu testamento as dotou
com grande liberalidade.
TORRE DA ALBARRÃ: Assim se
denominava a Torre construída
por D. Sancho l e sobre a qual
em 1842 foi enxertada a cúpula
onde foi instalado o maquinismo
do relógio de Óbidos e que tão
profundamente modificou a sua
fisionomia.
Além de servir para nela se
guardarem os bens da Coroa que
excediam os gastos anuais (e por
isso se chamava Albarrã) serviu
também de prisão do castelo.
Foi nesta torre que esteve preso
durante 15 meses, após a Batalha
de Aljubarrota, o cronista
castelhano Pedro Lopes de Ayalla,
político, diplomata e grande
erudito e onde teria escrito
algumas das suas melhores
poesias.
Afastada da cidadela era ligada
a esta por um viaduto que ainda
se encontra em perfeito estado
de conservação.
Nos finais dos anos 40 o
mecanismo do relógio foi
transferido para uma das torres
da vizinha igreja de São Tiago e
reconstituído o adarve e
coroamento da Torre Albarrã.
Pelourinho: Sobrepujando o
seiscentista chafariz da Praça,
encostado ao paredão que a
limita, ergue-se o Pelourinho,
interessante e velho monumento
em que antigamente se expunham e
castigavam os criminosos e
delinquentes.
Formado por elevada coluna de
granito, é coroado por um facho
encimado por modesta cruz de
ferro. Quase no topo da coluna
vê-se de um lado um camaroeiro e
do outro o escudo real com as
suas quinas e castelos.
O camaroeiro foi doado pela
Rainha D. Leonor de Lencastre a
algumas vilas de que era
donatária, em recordação do
desastre mortal sofrido por seu
filho o príncipe D. Afonso,
próximo de Santarém.
AQUEDUTO E CHAFARIZES: A
construção do aqueduto que
abastecia Óbidos de água, vinda
da vizinha freguesia da Usseira,
numa extensão de 3 kilómetros,
foi custeada pela Rainha D.
Catarina de Áustria, mulher de
D. João lll, em troca da Várzea
do Macharro cedida pela Câmara,
e que desde então em 1573 passou
a chamar-se a Várzea da Rainha.
É uma obra importante feita
sobre grande número de arcos de
apreciável altura e robustez,
atravessando extensos vinhedos e
pomares. A água transportada por
este aqueduto alimentava os
chafarizes de Óbidos.
No lugar da praça situa-se um
desses chafarizes, sem dúvida o
mais importante, também mandado
construir por D. Catarina, em
frente da Igreja de Santa Maria
e por baixo do paredão junto ao
Pelourinho. O conjunto forma um
belo efeito decorativo.
Outros chafarizes, como o da
Cadeia, do Arrebalde da Bica do
Convento eram também alimentados
pela água transportada através
do aqueduto. O chafariz da Porta
da Vila que veio substituir a
“Mãe de Água” é uma construção
recente de pouco interesse.
Extramuros, num terreiro junto
ao Senhor da Pedra, contíguo à
Casa os antigos Romeiros, existe
um outro chafariz o tempo de D.
João V.
CONCELHO DE ÓBIDOS: Tem uma
área de 141,17 Km2, e é
envolvido a Norte pelo concelho
de Caldas da rainha e pelo
Oceano Atlântico; a Sul por
Bombarral e Lourinhã; a Oeste
por Peniche; a Este por Caldas
da Rainha.
ALGUMAS POESIAS: de Maria de
Carvalho
(livro “Sonetos”)
CASTELO DE ÓBIDOS
“Recortado no céu nitidamente /
o enegrecido vulto agigantado. /
Alto, sobranceiro, derrocado /
Doirando-se na luz do sol
poente.
Esse velho castelo desdentado /
Erguendo as torres
majestosamente. / Era o nobre
fantasma do passado / Fitando os
olhos graves no Presente.
E o seu aspecto calmo,
desdenhoso / Tina como que o
rasto luminoso / Duma longínqua
e forte mocidade ...
Lembrava-me o sorriso, as
ironias / Dos velhos que, ao
falar dos nossos dias, /
Recordam o seu tempo com
saudade.”.
NO CASTELO
“Sorria a noite límpida e
estrelada / Sobre esse velho e
histórico terraço / Onde a heras
se prendem n’um abraço / às
muralhas de pedra arruinada.
A escuridão no campo semeada /
De luzes cintilando espaço a
espaço / Era como outro céu –
mas negro e baço / - Longa
treva, de mágoas habitada.
Senti cair então no pensamento /
Uma enorme tristeza silenciosa
... / E meditei que todo o
sentimento
Vacila, n’uma dúvida forçosa, /
Entre o suave azul do firmamento
/ E o negrume da terra
dolorosa.”.
Óbidos
http://mercadomedieval.wordpress.com
A
História de Óbidos, à semelhança
de outros locais, carece de
informação fidedigna quanto às
suas origens. Apesar de algumas
referências em documentos de
cronologias muito posteriores,
apenas as descobertas
arqueológicas demonstram
factualmente várias fases de
ocupação no concelho, como a do
Outeiro da Assenta, que remonta
ao Calcolítico. A origem do
povoado de Óbidos no ano de 308
AC, enquanto fundação de Celtas
e Túrdulos, não tem dados
arqueológicos a sustentá-la,
apesar de profundamente
enraizada na historiografia
tradicional.O período romano
encontra-se melhor
caracterizado, principalmente
devido às escavações
arqueológicas do que se suspeita
ser a cidade romana de
Eburobrittium, descrita por
Plínio como estando localizada
entre Collipo (Leiria) e
Olissipo (Lisboa). Desde 1994
foram identificadas várias
estruturas que retratam o
programa construtivo típico de
uma cidade romana, tais como o
Fórum, as termas públicas, para
além de edifícios de natureza
diversa. A localização mais
interior deste núcleo
populacional, não implica um
ermamento do local onde hoje se
encontra Óbidos, face à
proximidade dos dois locais e,
principalmente, devido à
importância estratégica da
orografia do local. Este será um
dos argumentos decisivos para
todos aqueles que defendem uma
ocupação continuada do maciço
rochoso da actual vila. Mesmo
que não tenha o sido como
povoado, a existência de
atalaias de vigilância, ou de
sistemas defensivos mais
elaborados, não pode, de forma
alguma, ser descurado,
principalmente se atendermos ao
facto de que, até ao final do
período medieval, a lagoa se
encontrar bem perto da actual
vila. As datações propostas para
Eburobrittium encontram-se
balizadas entre o último decénio
do século I a.C. (período de
Augusto) até ao século V d.C.A
entrada na Idade Média poderá
ter espoletado maiores
preocupações defensivas levando
à procura da protecção que
Óbidos oferecia. A presença
visigótica, apesar do silêncio
coevo, certamente aconteceu e
sobre ela se estabeleceram os
muçulmanos, entrados na
Península em 711. A
caracterização da presença
muçulmana é difícil de elaborar
de forma factual, resumindo-se a
abordagens, mais ou menos
comparativas, onde alguns
autores identificam uma matriz
muçulmana no planeamento urbano
da vila, no seu traçado sinuoso,
no encerramento do espaço
privado e na sua conquista do
espaço público. Mais sólida é a
existência de uma comunidade
moçárabe, no Mocharro, junto ao
templo hoje denominado de Nossa
Senhora do Carmo, que
inclusivamente teria o seu
rossio onde as relações
comerciais seriam efectuadas.
Faz assim sentido, a afirmação
de Pedro Gomes Barbosa ao
referir que as comunidades
moçárabes se teriam concentrado
“nos termos de Torres Vedras e
possivelmente de Óbidos”[2], os
núcleos populacionais mais
fortes da Estremadura Central. A
sua colocação no exterior da
muralha permitia-lhes estar mais
perto da lagoa e libertar o
perímetro muralhado (à época
muito inferior ao actual
resumindo-se à alcáçova). Aí se
manteve um núcleo populacional
até ao séc. XVI altura em que se
terá deslocado para o interior
da muralha ou para o arrabalde
oposto. Aventam-se várias
hipóteses para esta
deslocalização, como a série de
sismos que assolaram Portugal no
séc. XVI (principalmente o de
1531 que causou grandes danos em
Óbidos), o abandono da judiaria
que passou a Rua Nova no
interior da vila e o recuo da
lagoa[3]
A reconquista de Óbidos por D.
Afonso Henriques, em 10 de
Janeiro de 1148, está envolta em
múltiplas lendas, sendo por isso
difícil definir factualmente
locais de quebra da resistência
ou outras características da
campanha que a envolveu.
Seguindo a tradição terá sido
Gonçalo Mendes da Maia O Lidador
quem terá quebrado a resistência
muçulmana. A operação, de grande
simplicidade, desenvolveu-se em
dois focos simultâneos, um
primeiro com as manobras
dilatórias de D. Afonso
Henriques e um outro na Porta da
Traição, por onde terá entrado
Gonçalo Mendes da Maia. Depois
da reconquista de Óbidos estava
concluído um conjunto de
conquistas que expulsaram o
poder islâmico da Estremadura,
depois da conquista de Santarém,
Lisboa, Torres Vedras e
Óbidos[4].
Nos anos subsquentes à
reconquista cristã, Óbidos era
um termo de grandes dimensões,
com bons solos agrícolas e uma
lagoa rica para a pesca, mas de
fraca densidade populacional,
algo que nos é revelado pela
carta de doação dos coutos de
Alcobaça, em 1153. Neste aspecto
não seria diferente de largas
àreas abaixo do Mondego, para as
quais D. Afonso Henriques
procurou encontrar solução
gerando movimentos de pessoas
para a sua ocupação para além
das conhecidas instalações de
comunidades monásticas. Óbidos
foi um caso interessante também
neste domínio, pois apesar de
numa primeira fase ter contado
com a protecção de Santa Cruz de
Coimbra, nem por isso deixou de
assistir à diminuição do seu
termo a norte com os Coutos do
Mosteiro de Alcobaça e com a
atribuição de terrenos a francos
na Atouguia da Baleia[5]. No
entanto a importância
estratégica da Vila, em termos
militares e, principalmente em
termos administrativos, onde a
presença das instituições
municipais e reais se
encontravam e, por vezes, se
confrontavam. Nos séculos XIV e
XV a administração municipal
estava entregue aos juízes e
alvazis, podendo ainda ser
reunida a assembleia municipal
em casos de extrema
gravidade[6]. Como Óbidos, na
Primeira Dinastia, granjeou e
usufruiu do estatuto de Vila das
Rainhas, para além dos
funcionários do Rei, havia
também funcionários que se
encontravam ao serviço dessas
mesmas rainhas.Entramos num dos
domínios mais marcados da
história de Óbidos, a sua
relação com sucessivas Rainhas
de Portugal. O uso recorrente da
designação “Casa das Rainhas”
como referente a uma organização
institucional não dilui as
dificuldades de provar a sua
existência nesses moldes no
período medieval. No entanto a
relação da vila com as rainhas
está documentada desde que D.
Afonso II, por escritura de 7 de
Dezembro de 1210, doou à rainha
D. Urraca. Outras rainhas se
sucederam e as obras decorrentes
do estatuto sucederam-se. D.
Isabel recebe a doação da vila
depois do casamento com D.
Dinis, sendo-lhe atribuída a
construção da capela de São
Vicente, actual igreja de São
João Baptista, da gafaria e a
fundação da confraria do
Espírito Santo, cerca de 1309 de
acordo com a tradição.Em 15 de
Agosto de 1441 a igreja de Santa
Maria foi o local escolhido para
a celebração dos esponsais de D.
Afonso V com D. Isabel. Mais
paradoxal é a ligação da rainha
D. Leonor com a vila. Se,
provavelmente, é a esta senhora
que se deve o considerável
enriquecimento do seu património
artístico com a campanha de
obras da igreja de Santa Maria,
na transição do sec. XVI para
XVII, ou a fundação da
Misericórdia de Óbidos, também
terá sido aqui que a rainha se
terá refugiado para o luto da
morte do seu filho D. Afonso.
Para além disso, a esta rainha
se deve a construção do Hospital
Termal das Caldas da Rainha e,
consequentemente, da vila que o
rodeou, criando, no final do
séc. XVI, um novo local que irá
rivalizar com Óbidos
relativamente às estadias da
família real na região[7].
[1] SILVA, Manuela Santos. A
Região de Óbidos na Época
Medieval. Espaço defendido e
estruturas de defesa em Óbidos.
[2] BARBOSA, Pedro Gomes.
Povoamento e Estrutura Agrícola
na Estremadura Central, p. 62
[3] Uma área que não tem sido
trabalhada em nenhum estudo por
nós encontrada, foi o impacto
que a instalação do Hospital
Termal das Caldas da Rainha
poderá ter tido neste núcleo
populacional. Sabemos que terá
recebido direitos e foros de
várias colegiadas, entre as
quais a do Mocharro.
[4] O facto de D. Afonso
Henriques, depois da conquista
de Leiria, colocar como
prioridade a conquista de
Santarém para o assalto a
Lisboa, fazendo depois uma nova
incursão a Norte para conquistar
Torres Vedras e Óbidos, deverá
refrear os ímpetos
vangloriadores das
historiografias locais no que
concerne à batalha que aqui se
terá travado. Perante o arco
cristão Leiria, Santarém,
Lisboa, torna-se difícil de
justificar uma feroz resistência
muçulmana em Óbidos. Trata-se de
um campo a carecer de
investigação científica que
permita avaliar a autenticidade
do apoio que o alcaide muçulmano
de Óbidos terá tentado prestar a
Lisboa aquando da ameaça do
cerco cristão. Mais lógico teria
sido a conquista de Óbidos como
forma de avançar para Santarém.
Também a relação entre estes
dois povoados e fortalezas nos
parece cada vez mais importante
de investigar. Ainda antes do
período medieval, durante a
presença romana, que Santarém
foi uma urbe de extraordinária
importância comercial e
estratégica. Óbidos poderia
funcionar como a sua guarda
avançada, em termos defensivos,
e como garantia de escoamento
comercial pelos seus
privilegiados acessos marítimos.
[5] Este é, aliás, um movimento
que se acentuou em séculos
posteriores com os novos termos
de Caldas da Rainha, no século
XVI, e o apetecido território do
Bombarral, onde os cistercienses
desenvolveram uma aguerrida
política de aquisições no século
XIII. O concelho desta vila
acaba por se separar já no
início do séc. XX, em 1914.
[6] As decisões mais importantes
para a vila e seu termo, como as
tomadas de posição em conflitos
militares, encontram-se
descritas nas Memórias
Históricas como fruto de debate
nestas assembleias. Poderá ter
sido o caso do apoio a D. Sancho
II, em detrimento de D. Afonso,
futuro D. Afonso III. Este
último rei irá mesmo conceder à
vila o título de Mui Nobre e
Sempre Leal pela firmeza da
defesa do monarca anterior.
[7] Por confirmar fica a
referência por nós encontrada de
que os habitantes de Óbidos
teriam encenado uma
representação para manifestarem
a sua infelicidade pelo facto da
rainha ter ficado em Caldas e
não em Óbidos aquando da sua
visita à Nazaré, em 1502. O
episódio é referenciado como
sendo Óbidos o Velho e
caricaturiza bem o sentimento de
que a nova vila estava a
rivalizar com o ancestral
povoado muralhado.
Pedrógão Grande – (Concelho e
Distrito de Leiria)

Povoação muito antiga, já
existia no tempo da dominação
romana. Segundo uma lenda, a
origem da localidade estaria
ligada a Antígona Peralta, filha
do rei Arunce, cuja beleza
atraiu a atenção de vários
jovens chamados Petrónios, que
se dirigiram ao local para a
admirar. Porém, tendo-se
envolvido em desordem, ficaram
conhecidos por Petrónios Grandes
os vencedores e, Petrónios
Pequenos os vencidos, e daqui
teria resultado o topónimo.
D. Afonso Henriques, mandou-a
repovoar em 1176 e doou-a a seu
filho bastardo D. Pedro Afonso,
que lhe concedeu foral em 1206,
confirmado por D. Afonso ll em
1217 e, na revisão dos
concelhos, foi renovado por D.
Manuel l, em 1513.
Durante séculos, os pedroguenses
foram intervenientes durante
acontecimentos históricos, como
na Batalha das Linhas de Elvas
em 1695 e em 1808 na resistência
às invasões francesas.
Origem do nome:
«Rocha Martins, do Arquivo
Nacional (1936): “Segundo Leitão
de Andrada, a origem de Pedrógão
Grande é a seguinte:
Vieram a estes sítios uns
indivíduas chamados Petrónios
desejosos de admirar a rara
beleza de Antígona Peralta,
filha do Senhor de Conimbriga, o
rei de Arunce. De tal forma se
enciumentaram uns dos outros
que se envolveram numa grande
desordem, da qual resultaram
alguns mortos e outros mal
feridos. Os vencedores
chamaram-se então Petrónios
Grandes e os adversários
Petrónios Pequenos, habitando os
primeiros na margem direita do
Rio Zêzere os segundos, o lado
oposto.
Daqui, segundo o engraçado
escritor, os nomes de Pedrógão
Grande e Pedrógão Pequeno.
O Padre Carvalho, diz que a
fundação da vila se deve aos
Petrónios romanos, de que se
acham memórias e o confirmam
suas armas, que são uma águia,
insígnia do Império, mirando ao
Sol, e em baixo o Rio Zêzere”.
Pedrógão Grande
http://www.cm-pedrogaogrande.pt/arqueologia.htm
A
origem do Concelho de Pedrógão
Grande não é ainda objecto de
consenso entre os historiadores.
Para alguns a história do
concelho remontará ao período
pré-histórico sendo, no entanto,
difícil determinar a época
exacta. A Idade do Ferro é
apontada como um dos prováveis
períodos em que se terá iniciado
a ocupação humana desta área.
Tratava-se de uma zona propícia
à fixação humana visto a
morfologia do terreno constituir
uma boa defesa natural, para
além da existência de uma flora
e fauna ricas e abundantes.
Inicialmente a população
ter-se-ia concentrado no Monte
da Sra. Dos Milagres no Cabeço
da Cotovia pela sua condição de
quase fortaleza natural. Mas se
alguns vestígios parecem
sustentar esta hipótese a
verdade é que outras são
sustentáveis. As opiniões
dividem-se entre as hipóteses de
fundação pré-histórica, romana
ou mesmo posterior ao
estabelecimento dos romanos na
Península Ibérica.
Escavações arqueológicas
efectuadas e consequentes
vestígios e achados encontrados
parecem confirmar a ideia de uma
ocupação romana. Foram
descobertos fornos de cerâmica
para cozimento de telha, telhas
de rebordo e pedaços de potes
decorados, o que associado ao
facto de alguns historiadores
atribuírem a fundação de
Pedrógão Pequeno, em 150 d.C.,
aos romanos, reforça a ideia de
que ambas as localidades tenham
a mesma origem. Os vestígios
encontrados e estudados são
ainda comprovar uma ocupação
muçulmana, embora esta possa ter
acontecido, uma vez que os
árabes estiveram em Pedrógão
Pequeno e topónimos de algumas
localidades do concelho, como
Alardo ou Atalaia, indiciam uma
origem muçulmana. Existe mesmo
uma lenda, “ A Lenda do Mouro do
Cabril “, alusiva à passagem
mourisca por esta área.
Devido à Reconquista Cristã a
vila terá sido despovoada, tendo
assim permanecido até ao seu
repovoamento, em 1135, por D.
Afonso Henriques e posterior
doação ao seu filho bastardo D.
Pedro Afonso. A carta de doação
da herdade de Pedrógão Grande
indica os limites do território
que, posteriormente, iriam
originar os concelhos de
Figueiró dos Vinhos, Castanheira
de Pêra e Miranda do Corvo e
ainda as freguesias da Aguda,
Avelar e Maçãs de D. Maria. D.
Pedro Afonso, ainda no mesmo
ano, fez a doação da sua
propriedade a três fidalgos e em
1206, no reinado de D. Sancho I,
concedeu o primeiro Foral a
Pedrógão Grande. Este seria mais
tarde confirmado na cidade de
Coimbra, por D. Afonso II e, em
1250, por D. Afonso III. Em
1513, D. Manuel concebeu novo
Foral a Pedrógão Grande. Os
limites da propriedade foram aí
alterados tendo-se esta situação
repetido diversas vezes ao longo
da história do concelho. Estas
alterações dos limites foram em
benefício de outras vilas que,
que devido à sua evolução e
progresso, reivindicavam as
terras que lhe estavam mais
próximas.
Ao longo dos anos algumas
referências a Pedrógão Grande e
suas gentes são encontradas nos
anais de história, sendo talvez
de referir a tentativa de
assalto frustrada levada a cabo
em 1808 pelo exército francês.
Até à implantação do regime
constitucional foram donatários
de Pedrógão Grande o Conde de
Redondo e o Marquês de castelo
Melhor, que exerciam sobre esta
vila poderes jurisdicionais.
Encontrando-se subordinada à
Corregedoria de Tomar só em 1875
a vila foi elevada a Comarca.
Nos últimos tempos da monarquia
Pedrógão Grande entrou num
período de declínio tendo-lhe
sido retirada a categoria de
sede de concelho e de comarca em
1895, passando a fazer parte do
concelho e comarca de Figueiró
dos Vinhos. A 13 de Janeiro de
1898 um novo decreto restituiu a
Pedrógão Grande o estatuto de
município mas não o de comarca.
Face ao grande desenvolvimento
industrial verificado na
freguesia de Castanheira de
Pêra, a nível da indústria
têxtil, esta passou a constituir
concelho em 1914. Pedrógão
Grande perdeu assim duas
freguesias, já que Coentral
ficou inserida no município de
Castanheira de Pêra, mantendo-se
deste então configuração do
concelho.
A Vila de Pedrógão Grande, sede
do concelho, apresenta o seu
núcleo central e primitivo como
elemento unificador. Mantendo o
centro histórico algumas das
suas características medievais –
como a reduzida largura e
sinuosidade das ruas ou a escala
dos edifícios – é ao redor deste
que se verifica a expansão
urbana. Assiste-se a um
crescimento nas áreas
limítrofes, especialmente a
partir da década de 70 do séc.
XX, baseado essencialmente numa
mera perspectiva de resposta a
um mercado habitacional em
constante crescimento. Numa
perspectiva de desenvolvimento
urbano cuidado interessa realçar
e preservar a herança cultural e
patrimonial de uma vila com
história mas também com futuro.
Peniche – (Concelho do Distrito
de Leiria)

A origem do topónimo parece
derivar de Phenix, nome de uma
cidade que existiu na ilha de
Creta (Grécia) e cuja
configuração geográfica era
semelhante à da península onde
se situa Peniche. Foi elevada à
categoria de vila em 1609,
durante a dominação espanhola,
por Filipe ll de Portugal, que
lhe concedeu foral em 1611.
Devido às correntes marítimas a
partir do século XV,
acumularam-se entre a primitiva
ilha de Peniche e a parte
continental, grandes quantidades
de sedimentos de areia que,
emergindo, construíram pequeno
istmo, ligando-a ao continente e
dando origem ao conhecido
Tômbolo. Só a partir desta
altura e que Peniche se
transformou em porto de alguma
importância.
Origem do nome:
«Pinho Leal do “Portugal Antigo
e Moderno – 1875»: “Peniche, na
língua lusitana, e mesmo no
português antigo (e ainda hoje
em Espanha) significa – “barco
pequeno”. A semelhança do nome
com a palavra latina península
(quase ilha e o ser actualmente
uma verdadeira península, faz
acreditar a muitos que Peniche é
corrupção de península.
Contra esta opinião oferecem-se
três contradições: - 1º, é que
península é nome genético e não
próprio – e, quanto muito devia
preceder o nome da povoação –
como ainda hoje dizemos –
Península de Peniche – Península
Ibérica – Península Itálica,
etc. – e devia portanto ter
outro nome que lhe fosse
próprio, o que ainda ninguém
disse; 2º - é que quando se
fundou a povoação não era
península, mas ilha; 3º - é que,
de certo os lusitanos não
adoptariam um nome romano, para
a sua nova povoação.
Também não acho probabilidade à
opinião que pretende derivar-se
Peniche das duas palavras
pen-ínsula – ilha de rochedo:
porque pen é cantábrico, e não
verosímil que juntassem esta
palavra à de insula, que é
latina.
Devemos, porém, confessar que o
nome é apropriadíssimo, porque
Peniche era uma ilha de
rochedos”.
«Xavier Fernandes em Topónimos e
Gentílicos (1944)»: “Peniche tem
por étimo o nome comum
penniculae, conforme se mostro
na Revista Lusitana, lV- págs.
132 e 273.
O céltico penn, latinizado em
pinna e aportuguesado em pena ou
latinizado em pennia e
aportuguesado em penha revela-se
em muitos vocábulos da nossa
toponímia.
«João Oliveira Coelho, da
“Origem e Significado de Peniche
(Ensaio Toponímico) – Figueira
da Foz, 1947»: “Outras
evidências, porém, nos legaram,
de alto valor a atestar a sua
presença e actuação nestas
paragens, e, entre elas,
subsistem com verdadeiros
monumentos os topónimos, dentre
os quais se destaca, colossal, o
nosso Peniche, o qual não é
senão o duplicado doutro então
existente na célebre ilha do
Mediterrâneo Oriental – Creta ou
Candia !
Ao sul desta ilha, existe uma
cidade com o seu porto marítimo
numa enseada notável, que se
denominava Phoenix ou Phenix,
ainda nos dias do apóstolo São
Paulo, como se pode ver no Novo
Testamento, Act, XXVll, 12 e,
muito próximo, se encontra
também um promontório designado
pelo nome de Erytreia !
Eis a nosso ver, quais foram,
figurativamente, os padrinhos da
nossa antiquíssima Peniche !
O caso é que, navegadores, ou
comerciantes dali provenientes,
ou oriundos, explorando a costa
Lusitânia, aqui aportam,
estabelecendo uma colónia, ou
feitoria, à qual deram a
designação de Phenix, em atenção
à flagrante semelhança da
configuração geográfica desta,
com a Mãe pátria, ou então com o
patriótico intento de lhe
prestarem homenagem, ao mesmo
tempo que marcavam por esta
forma a sua posição nos direitos
de procedência que quaisquer
outros pretendessem
disputar-lhes.
Mas seria possível que a cidade
e porto de Phenix juntamente com
o seu promontório de Erytreia,
situados na tal ilha de Creta,
tivessem, na realidade, sido os
padrinhos da nossa Peniche ? Não
haverá aqui um tour de force da
nossa fantasia ?
Podemos afirmar categoricamente
que não !
Osberno, o cruzado célebre como
militar e cronista, que em 1147
ajudou o senhor D. Afonso
Henriques a tomar Lisboa aos
mouros, deixou uma narrativa do
glorioso sucesso, acompanhada
duma interessante descrição
geográfica de Portugal.
Pois leiamos o que ele escreveu
acerca de Peniche: “No dia
seguinte aportámos com
felicidade à ilha de Peniche,
distante do continente cerca de
oitocentos passos. Abunda esta
ilha em veados e sobretudo em
coelhos; também se encontra nela
a planta de alcaçus. Os círios
chamaram-lhe Eritreia”.
Assim, a Phenix de Creta deu-nos
Peniche, tal-qualmente o
promontório Eritreia da mesma
ilha, nos deu Eritreia Lusitânia
em que nitidamente vemos emergir
o cabo Carvoeiro !
A mudança do “F” em “P”,
justifica-se do mesmo modo que
os latinos transformaram Phoenix
em Poeni, quando se referiam aos
cartagineses, por serem uma
colónia de Phenícios. Foi desta
Poeni que proveio o conhecido
vocábulo: Púnico. Num dicionário
latino lê-se: Poenus, a , um,
Horac. Cartaginês. Poeni, orum,
n. pl. Virg. – Cartagineses.
Ficaram pois provadas à
evidência, sem grandes
artifícios, nem subtilezas de
vasta erudição filológica, não
só a origem como também a
evolução do venerabilíssimo
topónimo Phoenix> Peniche, cuja
certidão de idade, bem
examinada, nos mostra uma
existência que deve exceder uns
bons Dois Mil Anos !
E, para terminarmos: que diremos
agora quanto à sua significação
ou etimologia ? Um dicionário
grego-latino, diz assim: Phoenix
– nomen Avis & viri & Populi &
portus; Púrpura punicens color;
Herba quoedam. Adj. Ruber,
rufus; Phoenicia Oriundus”.
Peniche
http://www.oestediario.com/oestediario
Há alguns séculos atrás, a
actual península de Peniche
ainda era uma ilha. Reza a
História que a fundação do
povoado sucedeu quando um grupo
de Lusitanos aportou àquele
lugar, em fuga do invasor
romano...
[15-03-2001] [ Carlos Robalo ]
Há alguns séculos atrás, a
actual península de Peniche
ainda era uma ilha. Reza a
História que a fundação do
povoado sucedeu quando um grupo
de Lusitanos aportou àquele
lugar, em fuga do invasor
romano.
Peniche, pelas suas excepcionais
condições naturais é o lugar
ideal para o estabelecimento de
um porto. Talvez fenícios e
certamente romanos aqui se
instalaram. O antigo Porto da
Tauria (Atouguia) terá sido o
principal porto de pesca da
Lusitânia e, mais tarde, do
Portugal medievo.
O cruzado Osberno, companheiro
de D. Afonso Henriques na
reconquista de Lisboa, refere-se
à sua passagem pela “ilha de
Peniche, distante do continente
cerca de 800 passos”. Refere
ainda que “abunda esta ilha em
veados e sobretudo em coelhos”.
Foram também cruzados os
primeiros senhores das terras de
Peniche e Atouguia, por doação
de D. Afonso Henriques, como
prémio pelo auxílio prestado na
conquista de Lisboa. Guilherme
Lacorne (ou de Cornes) recebe o
senhorio da Atouguia (primeira
sede do concelho) em 1165.
O primeiro foral da Atouguia
data de 1167, sendo confirmado,
por D. Afonso II, em 1218, e por
D. Manuel I, em 1510.
Álvaro Gonçalves de Ataíde foi o
primeiro Conde da Atouguia, em
1448, e , mais tarde,
Alcaide-mor de Peniche. O
domínio desta família só viria a
cessar no séc. XVIII, quando o
Marquês de Pombal a acusa de
participar numa tentativa de
regicídio, aniquilando D.
Jerónimo de Ataíde e eliminando
todos os seus títulos e bens.
Peniche é o cenário de um
amargurado episódio da História
nacional: durante as guerras da
sucessão, que confirmariam as
aspirações de Felipe II, o
candidato português, D. António
(Prior do Crato), desembarcou na
praia sul com tropas inglesas, a
fim de tomar Lisboa. O
comportamento selvagem dos
ingleses, mais preocupados em
saquear e destruir os bens que
encontravam pelo caminho,
determinou a conotação que hoje
em dia se atribui à expressão
“amigos de Peniche”. Esperara,
em vão, a gente leal a D.
António por aliados há muito
prometidos. Infelizmente, e para
desespero do bom povo de
Peniche, naquela praia só
desembarcaram mercenários
ladrões e desleais.
Foi por decisão de Felipe II que
Peniche foi elevada a Vila e que
adoptou o foral da Atouguia. A
península, fortificada desde o
reinado de D. João III,
tornou-se uma importante
praça-forte depois da
restauração.
A Fortaleza de Peniche ainda
hoje é uma imponente estrutura
militar, que merece uma visita.
Ali se encontra um Museu que
ilustra a história de Peniche e
que evoca a resistência
anti-fascista, recordando que
aquele forte serviu de prisão
política durante o regime do
Estado Novo.
Os “amigos de Peniche”
[Extraído do livro "PENICHE NA
HISTÓRIA E NA LENDA”, de Mariano
Calado]
Se há frases que, mais
injustamente, firam a
sensibilidade e a reputação de
uma comunidade honesta e
hospitaleira, a dos "amigos de
Peniche" - no seu vulgar sentido
pejorativo de amigos desleais,
amigos de quem é bom fugir... -
é uma delas. E, contudo, ainda
há quem, ingénua ou
maldosamente, teime em não
reconhecer o inconveniente dessa
injustiça, afrontando a nunca
desmentida hospitalidade dos
penichenses, quer através de
impensados comentários de
imprensa, ou de simples títulos
de caixa alta, a encabeçar,
atrevidamente, notícias de
acções de gente desleal, quer
até no desenvolvimento temático
de peças de teatro ou películas
cinematográficas.
Mas o penichense continua a
responder à ofensa com a sua
honradez e hospitalidade, e,
sempre que possível, conta uma
história a propósito...
Tendo D. Henrique morrido sem
deixar descendência, surgiram
naturalmente, como pretendentes
ao trono de Portugal, três netos
de D. Manuel: Filipe II, rei de
Espanha, D. Catarina de Bragança
e D. António, Prior do Crato.
Era ao primeiro aquele a quem a
força dava mais direitos, demais
coadjuvado pela perfícia que, ao
tempo, grassava na corte
portuguesa; e um exército
espanhol, comandado pelo duque
de Alba, invadiu o Alentejo,
tendo Filipe sido proclamado rei
de Portugal.
Não o reconheceu, todavia, D.
António que, mercê de mil e uma
habilidades diplomáticas,
conseguiu que Isabel Tudor,
rainha de Inglaterra, pusesse à
sua disposição uma armada de
cerca de 20 000 homens e "cento
e sessenta navios grandes e
pequenos" para, com ela,
reivindicar os seus direitos; e,
a 26 de Maio de 1589, os
penichenses viram desembarcar na
sua praia do sul parte dos
soldados desse exército,
comandados pelo general John
Norris.
Depois de uma leve escaramuça
com a guarnição da Fortaleza - a
que não faltaria , sem dúvida, a
indiferença dos poucos
portugueses às ordens do oficial
castelhano D. Pedro de Gusmão e
que suporiam, talvez, que com a
chegada dos bretões seria
possível a expulsão do invasor
filipino - , a praça foi tomada
e o exército inglês caminhou
sobre a capital, ao mesmo tempo
que sob o comando do almirante
Francis Drake, a esquadra que o
desembarcara em Peniche rumava a
caminho de Cascais.
Entretanto, entre o receio de
uns e alegria de outros, chegava
a Lisboa a nova do desembarcar
de D. António, passando, entre
os seus partidários, a
segredar-se, num anseio de
esperança: "Vêm aí os nossos
amigos... Vêm aí os nossos
amigos que desembarcaram em
Peniche..."
Mas o exército invasor e sem que
o Prior do Crato tivesse força
suficiente para o evitar,
avançava na maior das
indisciplinas, devastando e
roubando as terras por onde
passavam - Atouguia, Lourinhã,
Torres Vedras, Loures... -, até
que, tendo chegado às portas da
cidade, acampou nos altos do
Monte Olivete onde, pouco
depois, os canhões do castelo de
São Jorge, por ordem de D.
Gabriel Niño, começaram a
despejar metralha. Grande foi a
surpresa de John Norris em face
deste bombardeamento, pois D.
António para conseguir o
indispensável auxílio do
exército inglês, teria
provavelmente garantido não
haver necessidade de combater,
visto que seria festivamente
recebido em Portugal. E o
acampamento foi mudado para a
Boa Vista e Bairro Alto, de
onde, após em breve recontro com
os castelhanos, retirou de novo,
desta vez para a Esperança.
Dentro das muralhas e durante
todas estar manobras, a
ansiedade patriótica dos "antonistas"
continuava segredando a ocultas
: "será hoje que chegam os
nossos amigos? Virão hoje os
nossos amigos de Peniche?..."
D. António bem deve ter
insistido e procurado dar novas
garantias, mas aquele exército
composto de mercenários não
poderia sentir o patriotismo e a
dor do infeliz e desorientado
pretendente; e assim, dias
depois e em face do desespero do
Prior do Crato, refugiava-se em
Cascais, na mesma esquadra que o
trouxera de Inglaterra e
desembarcara em Peniche.
- "Porque não entram os nossos
amigos?... Porque nos abandonam
os nossos amigos de Peniche?..."
E foram baldadas todas as
ingénuas esperanças dos
partidários de D. António, pois
o auxílio que a este fora
oferecido teria, por certo,
menos o interesse de participar
generosamente na reconquista da
independência de Portugal que
humilhar o orgulho e poderio de
Espanha através de um golpe de
surpresa, aliás coadjuvado pela
suposta fácil sublevação do povo
português, cansado de extorsões
e ignomínias.
Por muito tempo ficou aberta no
coração dos "antonistas", como
ferida dolorosa, a desilusão dos
amigos desembarcados em Peniche,
daqueles amigos que esperavam
receber como libertadores e que
afinal os tinham abandonado. Mas
os homens desembarcados em
Peniche e que traíram a
esperança dos bons portugueses
de então, não eram de cá e
partiram como vieram, não
ficaram em Portugal...
À distância - que é tempo de
defender uma sensibilidade e uma
honradez afrontadas sem razão -,
consola verificar que não foi
penichense algum a trair o
compromisso sagrado de uma
amizade ou a desiludir a
esperança de um infeliz. E ainda
hoje, a única resposta que os
penichenses encontram para a
afronta impensada e injusta
daqueles que os julgam amigos
infiéis, amigos em que não há
que acreditar - afronta que
atinge o cúmulo de se olhar com
insólita desconfiança para uma
pessoa somente por saber-se ser
ela de Peniche! -, é continuar a
oferecer sempre uma carinhosa
hospitalidade; mas também com a
firmeza dos simples, é responder
como ilustre médico penichense o
fez a um seu colega, quando, uma
vez, este lhe perguntou -
certamente com uma pontinha de
ironia - o que eram os "amigos
de Peniche":
- "Olhe, meu caro: «amigos de
Peniche», são uma cáfila de
patifes que eu tenho encontrado
por toda a parte, menos lá!..."
E, ressalvada a generalidade,
compreende-se nitidamente, e
justifica-se, o sentido
imperioso da resposta: era um
filho de Peniche a repudiar, com
amargura, a injustiça de uma
afronta de três séculos!
Pombal – (Concelho do Distrito
de Leiria)

De origens remotas, deve o seu
Castelo a D. Gualdim Pais, que o
mandou edificar em 1161 e lhe
concedeu forais em 1174 e 1176.
Recebeu foral novo de D. Manuel
l, em 1512. Os originais os
forais concedidos a Pombal,
foram destruídos pelas tropas
napoleónicas quando incendiaram
os Paços do Concelho. Pombal
encontra-se indelevelmente
ligada ao 1º Ministro de D.
José, Sebastião José de Carvalho
e Melo, 1º conde de Oeiras e 1º
Marquês de Pombal que faleceu a
8 de Maio de 1782, na sua
quinta. O Marquês aqui mandou
construir o celeiro (Casa do
Celeiro). Seus restos mortais,
repousaram na Igreja do Convento
de Nossa Senhora do Cardal, de
1782 até 1856, data da sua
transladação para a Ermida das
Mercês, em Lisboa, a pedido de
seu 3º neto.
Origem do nome:
«Xavier Fernandes em Topónimos e
Gentílicos (1944)»: “Quanto à
origem do topónimo, não podemos
perfilhar a opinião que já vimos
na impressa e segundo o qual o
vocábulo foi derivado de
columbarium latino, palavra esta
que corresponde efectivamente ao
português pombal quanto ao
sentido, é claro, mas que não é
o seu étimo. A seguir esse
critério, também então
poderíamos dizer, por exemplo,
que cavalo se deriva de equus.
O topónimo Pombal não é outra
coisa que o nome comum pombal e
este ´s simplesmente um derivado
de pomb – mais o sufixo – al.
Por sua vez pomba veio-nos do
latim palumba, pomba brava, e
não de columba, pomba mansa.
É tradição – e aqui está a
explicação histórica de escolha
do nome – que, nos rochedos do
monte onde foi levantado o
castelo, foi encontrada uma
numerosa colónia de pombas
bravas, que, embora afugentadas
se instalaram nas novas
muralhas, depois de reconhecerem
que tinham perdido as suas
moradas nas fragas, não
abandonando assim o lugar. Foi
este facto que deu origem a que
à fortaleza se chamasse de
Pombal, nome que prevaleceu até
à actualidade, estendendo-se a
toda a povoação. Esta tradição é
muito mais verosímil do que a
vaga lenda, segundo a qual um
certo rei teria passado pelo
lugar e, notando muitas pombas
pousadas no castelo, teria dito
– “formoso pombal” -, cheio de
admiração ou de agrado, e daí, a
imediata escolha do nome para a
povoação, lisonjeando-se deste
modo o tal desconhecido rei.
Resta dizer que, nos primeiros
tempos da monarquia portuguesa,
em que a linguagem oficial e
escrita era constituída quase
exclusivamente por expressões do
chamado latim bárbaro; aparecem
as grafias Palumbar, terrae
Palumbarii, etc., formas a que
corresponde o actual topónimo
Pombal”.
Pombal
http://www.cm-pombal.pt/about_pombal
Pombal é terra de história, de
lendas e de gente ilustre. Do
grande Marquês de Pombal, do
historiador e escritor João de
Barros, do político Mota Pinto,
da poetisa Martel Patrício, do
médico e escritor Amadeu da
Cunha, entre tantos outros.
Sendo difícil situar o
aparecimento do primeiro
aglomerado populacional, não
restam, no entanto, dúvidas
quanto à presença dos romanos na
região de Pombal, tendo em conta
as moedas encontradas nas obras
de restauro do Castelo. Antes da
presença romana, está assente
que a fixação demográfica na
área da freguesia de Pombal
remonta ao período neolítico,
sem que, também aqui, seja
possível determinar o local
exacto do sedentarismo inicial.
Certo é que, no início do século
XII, os Templários passaram pela
região. Em 1126 terão encontrado
uma povoação no lugar de Chões,
hoje desaparecida. Esta terra
deserta, de matos e brenhas
fechadas e inóspitas entre
Coimbra e Leiria, situava-se na
fronteira das batalhas contra os
sarracenos. Por esse motivo foi
aqui erigida, por volta de 1147,
uma fortaleza militar. Gualdim
Pais, mestre da Ordem dos
Templários, concede foral a Ega
em 1131, depois a Redinha em
1159, e por fim a Pombal em
1174, renovado posteriormente no
ano de 1176. A acrescentar aos
dois forais, D. Gualdim Pais
concede também a Pombal, em
1181, uma carta de privilégios.
Em 1509 D. Manuel passou por
Pombal. Admirado com a povoação,
ordenou a recuperação do
Castelo, ficando o seu interior
a servir de residência ao
alcaide-mor da vila, Conde de
Castelo-Melhor, e ordenou a
abertura de uma porta, voltada
para a vila. Por cima dessa
porta, foram colocadas as armas
da vila de Pombal, à qual
revogou antigos privilégios
concedendo-lhe foral novo,
datado de 1 de Junho de 1512.
Deve-se ao Marquês de Pombal,
que aqui viveu entre 1777 e
1782, a ordenação da parte baixa
da vila. Então mandou construir,
na Praça Velha, a cadeia, no
sítio do antigo pelourinho e o
celeiro, no lado oposto.
Na última década do século XVIII,
a estrada real foi desviada para
dentro de Pombal e foi
construída uma ponte sobre o rio
Arunca, numa obra dirigida pelo
coronel-engenheiro Joaquim de
Oliveira, que também abriu uma
alameda arborizada até à frente
do Emporão, dando à vila e a
toda a região um novo
incremento.
Estas condições excelentes para
o desenvolvimento da região, vêm
a ser travadas pelas invasões
francesas. Em 1811 as tropas
comandadas pelo general Massena,
saquearam e incendiaram toda a
povoação, circunstância que
feriu a antiga pujança,
completada pela mortandade
ocorrida em 1833, quando a
cólera-morbus transformou Pombal
numa localidade abandonada.
A estrada real ficou totalmente
desmantelada e intransitável,
mas os governantes não mostraram
qualquer interesse em mandar
fazer reparações, preferindo
desenvolver as carreiras
marítimas com barcos a vapor,
entre as cidades de Lisboa e
Porto, o que concorreu para o
isolamento total da vila com o
resto do país. Esta situação só
será ultrapassada em 1855, após
a construção da via férrea,
permitindo estabelecer
comunicação rápida e fácil com
os principais centros de
Portugal.
A construção mais recente de
modernas vias de comunicação, e
a sua localização invejável,
deram a Pombal um
desenvolvimento único nesta
região, transformando-a numa das
cidades com os maiores índices
de crescimento da zona centro do
País, e dando ao Concelho
condições únicas para a
prosperidade dos seus
habitantes.
Porto de Mós – (Concelho do
Distrito de Leiria)

Recebeu foral de D. Dinis em
1305, renovado em 1515 por D.
Manuel l.
A história de Porto de Mós
encontra-se documentada a partir
do século Xll. Uma carta
afonsina, datada de 1153,
aparece pela primeira vez, a
doação ao couto do Mosteiro de
Alcobaça, da Póvoa de Andam (Ândano)
no termo portomosense.
Documentos do cartório
alcobacense dão novas
referências a Portus Molis,
juntamente com as fortalezas de
(ópidos) de Óbidos e Leiria , em
1184. Podemos concluir que Porto
de Mós era fortificada no começo
da monarquia. É todavia nos
povos pré-históricos que vamos
encontrar vestígios da sua
antiguidade, e origem segura
anterior à dominação romana. Na
serra e no vale do Lena surgiram
numerosos vestígios dessa época,
tais como: lápidas, moedas e
sepulturas. A Época do Bronze
está representada por objectos
encontrados no Tojal. No próprio
castelo encontram-se entre
pedras duas inscrições
registadas no Corpus
Inscriptionum Latinorum. A
figura lendária do alcaide D.
Fuas Roupinho (*), vencedor de
batalhas em terra e no mar,
celebrizado pelas suas vitórias
contra os muçulmanos, está
ligada a Porto de Mós.
Origem do nome:
«Xavier Fernandes em Topónimos e
Gentílicos (1944)»: “O último
elemento da expressão toponímica
não é mais do que o plural de
mó, pedra, do latim mola e
através do arcaico moa. O
topónimo significa, portanto,
“lugar ou passagem de pedras”.
«Bernardo Villa Nova em “Notas
Etimológicas e outras sobre
Alcobaça e sua Região – Alcobaça
– 1958”»: “Diz Viterbo, no seu
Elucidário: «Sendo inumeráveis
os sítios que entre nós se
encontram com os nomes
apelativos de Porto e de
Portela, como Porto de Mós, e
isto já desde o século X, fica
lugar a indagarmos o que
entendem os nossos maiores por
Porto e Portela. Com efeito, por
esta voz Porto nada mais
significativo que porta,
entrada, garganta do monte ou
passagem, já do mar ou rio para
terra, já de uma terra para
outra, atravessando alguma
eminência ou cerro que serve de
muro ou divisão, sendo razão do
Porto o dar passagem ou
entrada».
Mais vulgarmente entende-se por
porto o porto de mar, lugar da
costa que dá passagem do mar
para terra, podendo receber
navios e abrigá-los das
tempestades. São os designados
portos molhados (entrada por
mar), mas há os portos secos ou
entradas de uma terra para
outra. Viterbo e Morais Silva
dizem que, nos coutos de
Alcobaça, chamam porto à entrada
ou portal de uma fazenda. Ouvi,
algumas vezes, em tempos, a
algumas pessoas dos campos desta
região, a palavra portinho, para
indicarem a outras a entrada
para o caminho, que deviam
seguir para se dirigirem ao
sítio que pretendiam.
Assim, a abertura ou entrada
(porto seco) no caminho, que
conduzia màs pedreiras destes
sítios, donde se extraía
magnífica pedra para mós, deu o
nome de Porto de Mós. Estas
pedras aproveitavam-se
especialmente para mós por não
serem lisas e terem saliências
muito próprias para farinar o
grão.
Outros autores limitam-se a
aludir apenas às mós que se
fabricavam com a pedra extraída
das pedreiras das imediações
desta vila e não dizem, como
Viterbo e Morais Silva, a razão
por que se adoptou o termo
Porto”.
(*) D. Fuas Roupinho
http://www.marinha.pt/Marinha
No
ano de 1180, apareceu na costa
portuguesa uma armada muçulmana
de nove galés, sob o comando de
Ganim ben Mardanis e de um seu
irmão, que se instalou no
estuário do Tejo e que, por não
dispor de forças suficientes
para tentar a reconquista de
Lisboa, se limitou a saquear o
arrabalde da cidade e a capturar
os navios que passavam ao largo.
Em Lisboa haveria provavelmente
um pequeno número galés, talvez
três ou quatro, o que era
manifestamente insuficiente para
ir combater a armada muçulmana
pelo que devem ter permanecido
na terecena à sombra da muralha.
Logo que D. Afonso Henriques,
que se encontrava em Coimbra,
teve conhecimento da presença da
armada muçulmana em Lisboa, é
natural que tenha dado ordens
para que todas as galés que se
encontravam nos portos do Norte,
talvez umas cinco ou seis, se
concentrassem em São Martinho do
Porto e que tenha enviado as
forças necessárias para as
guarnecer para Porto de Mós de
que, possivelmente, já seria
alcaide o almirante do Reino D.
Fuas Roupinho.
Os irmãos Mardanis ao saberem,
por qualquer navio que tenham
interceptado ao largo de Lisboa,
que em São Martinho do Porto se
encontravam várias galés
portuguesas desguarnecidas,
dirigiram-se imediatamente para
lá.
Ao avistarem a armada muçulmana,
as galés portuguesas terão
retirado apressadamente para
norte. Tendo seus navios mais
pesados, ben Mardanis não as
perseguiu e optou por
desembarcar as suas tropas e,
por terra, dirigir-se para Porto
de Mós na esperança de conseguir
capturar D. Fuas Coutinho e
destroçar as forças que tinha
consigo. Porém, sensivelmente a
meio do caminho, talvez a 10 de
Julho, encontrou-se com aquele
que vinha marchando em sentido
contrário. Teve então lugar uma
encarniçada batalha entre os
cristãos e os muçulmanos em que
estes foram desbaratados, sendo
a maior parte mortos ou feitos
prisioneiros. Entre estes
figuravam Ganim bem Mardanis e o
seu irmão.
As galés muçulmanas que se
encontravam em São Martinho do
Porto só terão tido conhecimento
do desfecho da batalha dois dias
depois, por algum grupo de
fugitivos que tenha conseguido
escapar. Tendo muito poucos
soldados a bordo e, portanto, a
sua capacidade combativa muito
diminuída, seguiram
imediatamente para sul, dando a
campanha por finda. Estando
provavelmente a lutar com falta
de água terão arribado a
Sesimbra ou à foz do Sado a fim
de fazerem aguada, o que poderá
ter tido lugar durante o dia 14.
Por seu turno, D. Fuas Roupinho,
sabendo que as galés muçulmanas
estavam desguarnecidas, deve ter
pensado que era uma ocasião
ideal para as capturar. E
dirigiu-se a toda a pressa para
São Martinho do Porto onde,
provavelmente já teriam voltado
as galés portuguesas, ao saberem
da fuga das muçulmanas.
Embarcadas as tropas, a armada
portuguesa rumou a sul fazendo
força de vela.
No dia 15 de Julho, ao dobrar o
cabo Espichel, avistou a curta
distância a armada muçulmana que
recomeçara a viagem de regresso
a Sevilha. É de supor que as
galés dos mouros fossem a andar
menos do que as nossas,
provavelmente por terem os
fundos mais sujos e velas mais
pequenas. O certo é que foram
alcançadas sem dificuldade e
abordadas e tomadas uma após
outra. A resistência que
ofereceram, uma vez que tinham
muito poucos soldados, deve ter
sido muito fraca ou mesmo nula.
Terminada a contenda, D. Fuas
Roupinho levou as nove galés
capturadas para Lisboa onde foi
recebido em triunfo.
Porto de Mós
http://www.municipio-portodemos.pt
O
nome e a história de Porto de
Mós (Portus de Molis), nasceu há
mais de 2000 anos ao tempo em
que o rio Lena era navegável e
as jangadas romanas aqui
embarcavam as pedras de mós,
talhadas na Pedreira do
Figueiredo e, mais tarde, o
ferro das minas de Alqueidão da
Serra. Mas os segredos do
passado de Porto de Mós remontam
ao tempo em que o mar cobria
estas terras e se iniciaram os
enrugamentos terrestres do
Jurássico. As ossadas de
dinossauros e a tartaruga
petrificada são alguns dos
tesouros que este concelho
guarda há mais de 150 milhões de
anos e que agora expõe no seu
notável Museu Municipal, onde se
descreve toda a pré-história
desta região, nos machados e nas
pontas de pedra lascada do
Paleolítico, nas pedras polidas
do Neolítico, nas cerâmicas e
objectos de cobre do Calcolítico,
ou nos pesos de tear, nas pedras
de espremer o mel, nas moedas e
nas lanças de ferro do Império
Romano.
Subindo na História, pela bela
calçada romana de Alqueidão da
Serra e percorrendo as encostas
de calcário, de moinhos e de
aldeias de pedra das serras dos
Candeeiros, de Santo António e
de Aire, separadas por bucólicas
depressões e magestosos
anfiteatros naturais,
descobre-se, desde o Alto dos
Moinhos Velhos, o panorama
frutícola do Vale do Lena e da
vila de Porto de Mós abraçada ao
morro dolomítico do castelo,
conquistado por D. Afonso
Henriques aos mouros em 1148 e
que teve no lendário D. Fuas
Roupinho o seu primeiro alcaide.
A planta quadrangular do castelo
define quatro torreões aos quais
D. Afonso - Conde de Ourém deu
em 1450 as feições palacianas
que o tornaram num dos mais
belos castelos de Portugal.
Trabalho e pesquisa de
Carlos Leite Ribeiro –
Marinha Grande -
Portugal
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