Distrito de Castelo
Branco
Trabalho e pesquisa de
Carlos Leite Ribeiro
Distrito de CASTELO
BRANCO
Concelhos de:
Belmonte,
Castelo Branco
(cidade e
concelho),
Covilhã, Fundão,
Idanha-a-Nova,
Oleiros,
Penamacor,
Proença-a-Nova,
Sertã, Vila de
Rei,
Vila Velha de
Ródão.
Castelo
Branco,
pertencente
à província
tradicional
da Beira
Baixa
(metade sul
da Beira
Interior).
Limita a
norte com o
Distrito da
Guarda, a
leste com
Espanha, a
sul com
Espanha, com
o Distrito
de
Portalegre e
com o
Distrito de
Santarém e a
oeste com o
Distrito de
Leiria e com
o Distrito
de Coimbra.
Área: 6675
km² . Sede
de distrito:
capital e
concelho:
Castelo
Branco.
Apontamento
do ano de
1900 (Jornal
do
Comércio): -
“O Distrito
de Castelo
Branco, é
formado de
uma parte da
antiga
província da
Beira Baixa,
tem uma
superfície
de 6.627 Km2
e uma
população de
216.608
habitantes.
Compreende
11 concelhos
e 144
freguesias.
Os concelhos
são:
Belmonte,
Castelo
Branco,
Certa,
Covilhã,
Fundão,
Idanha-a-Nova,
Oleiros,
Penamacor,
Proença-a-Nova,
Vila de Rei
e Vila Velha
de Ródão.
Cidades
principais:
Castelo
Branco e
Covilhã. O
seu terreno,
muito
montanhoso,
apresenta,
entre
outras, as
serras de
Alpedrinha,
Meimão,
Madeira,
Gardunha e
Penha
Garcia. O
rio Tejo
separa este
distrito do
de
Portalegre e
o rio Erjes
serve, em
parte de seu
curso, de
fronteira
com Espanha.
O distrito é
ainda
banhado
pelos
afluentes do
Zêzere e do
Tejo.
Produtos
agrícolas,
minas não
exploradas
de cobre e
de chumbo;
fala-se há
muito na
existência
de ouro no
Rosmaninhal.
Águas
sulfurosas”.
Castelo
Branco
(Capital e
Concelho)

De origem
muito
remota, está
provado ter
existido no
local uma
povoação
romana.
Também nas
zonas
limítrofes
são vulgares
os indícios
da longa
permanência
dos romanos.
No início da
monarquia
constituiu
região
templária e
recebeu
foral de D.
Pedro
Alvites,
mestre da
Ordem do
Templo. Em
1510, D.
Manuel 1,
outorga-lhe
novo foral e
uma carta
datada de
1535, de D.
João lll
confere-lhe
a categoria
de
“notável”.
Um alvará de
1771 eleva a
antiga vila
a cidade; no
mesmo ano o
papa
Clemente XVl
cria a
diocese de
Castelo
Branco, que
seria
extinta em
1881.
A origem de
Castelo
Branco,
parece ter
sido um
castro
edificado no
cimo do
monte em
cuja encosta
assentou
mais tarde a
vila. A
prova de que
foi habitada
por povos
diversos
pode tê-la
quem visitar
o museu,
onde se
encontram os
mais
variados
objectos da
Idade dos
Metais e da
época romana
(lápides,
utensílios,
moedas,
sepulturas)
encontrados
na encosta
do castelo.
Após a
reconquista
desta região
por D.
Afonso
Henriques, o
território
compreendido
entre os
rios Erges,
Zêzere e o
Tejo, foi
doado aos
Templários,
que algum
tempo depois
da
reconquista,
construíram
o castelo e
edificaram
as muralhas.
Convencidos
de que no
local
existiram a
povoação
romana de
Castra Leuca,
puseram-lhe
o nome de
Castelo
Branco. A
fortaleza
tinha bom
valor
estratégico.
Do alto das
suas torres
avista-se um
panorama que
vai até à
fronteira,
às regiões
de Malpica e
Nisa, e para
o Norte até
ao cabeço de
Monsanto e
às vertentes
da Gardunha.
No século
Xlll, Pedro
Alvito, 11º
mestre dos
Templários,
concedeu a
Castelo
Branco o seu
primeiro
foral. Como
as muralhas
que
envolviam
esse
primeiro
núcleo,
origem da
cidade foram
construídas
ente os
séculos Xlll
e XiV, é de
supor que
anteriormente
Castelo
Branco
formava uma
povoação-encruzilhada,
pois a
localização
das quatro
portas( da
Vila, de
Sant’Iago,
da Traição e
do Espírito
Santo) devem
ter
obedecido a
caminhos
preexistentes.
Dentro dos
muros da
fortaleza,
residiam os
cavaleiros
templários e
mais tarde
os
comendadores
de Cristo. O
local de
reunião dos
homens bons
era então o
adro da
Igreja de
Santa Maria
do Castelo,
e o centro
da
actividade
económica
situava-se
na encosta
de São Gens
(rua do
mercado).
A vila
conservou o
seu aspecto
medieval até
finais do
século
XVlll, mas a
primeira
cintura de
muralhas
cedo foi
ultrapassada.
D. Dinis
visitou
Castelo
Branco, em
companhia da
rainha
Isabel de
Aração
(Rainha
Santa), em
1285 e,
reconhecendo
que a
povoação
estava
espartilhada,
ordenou o
alargamento
de primeira
cintura de
muralhas,
passando de
quatro para
sete o
número de
portas
principais e
abrindo mais
três portas
secundárias.
Opiniões
sobre a
origem do
nome:
«Xavier
Fernandes em
Topónimos e
Gentílicos
(1944)»:
“Dando
crédito a
uma versão
mais ou
menos
corrente, a
expressão
com que se
designa a
capital da
moderníssima
província da
Beira Baixa,
teria
resultado da
tradução
para a nossa
língua duma
antiquíssima
povoação
romana,
segundo a
mesma
versão,
existiu nos
sítios onde
hoje está
Castelo
Branco, isto
é,
Castraleuca
traduziu-se
para o
português e
deu o nome
actual.
Entretanto,
ou até
provas em
contrário,
para nós,
continua
duvidosa a
origem do
topónimo
Castelo
Branco, a
antiga vila
que d. José
l, elevou à
categoria de
cidade e que
é
presentemente
capital
distrital e
provincial”.
«Prof. Vasco
Botelho de
Amaral em “O
Povo e a
Língua”
(1949)»: “
Em Castelo
Branco vemos
a utilização
toponímica
dos Castelos
altaneiros,
o que se
compreende,
dado que um
castelo era
nos tempos
das lutas o
símbolo das
povoações.
Lembrem-se
tantíssimos
casos,
como:
Castelo
Rodrigo,
Castelo de
Vide,
Castelo Bom,
Castelo
Melhor,
Castelo
Mendo,
Castelo do
Neiva,
Castelo de
Paiva,
Castelo de
Penalva,
etc.
Lembrem-se
os
Castelões, e
Castelães,
Casteleiro,
Castelejo, …
etc., não
falando já
em Castro,
do latim
castrum, em
Castro Daire,
Castro
Laboreiro,
Castro
Marim,
Castro
Verde,
Castro
Vicente.
O processo
da
utilização
toponímica
dos castelos
vê-se em
muitas
outras
línguas. Por
exemplo, o
árabe
legou-nos
Alcácer,
pois Kaçar,
em árabe,
era castelo.
O espanhol
Alcalá vem
do árabe
algalá, que
quer dizer
castelo.
Quando a
adopção do
adjectivo
Branco em
Castelo
Branco é uma
adopção
vulgaríssima
pela
utilização
das cores.
Lembre-se
Castro
Verde,
lembre-se
Álbum
Promontórium
na África.
Lembre-se o
velho nome
de
Inglaterra,
Albion”.
Castelo
Branco
A região de
Castelo
Branco foi
conquistada
aos Mouros
por D.
Afonso
Henriques,
que em 1165
a doou à
Ordem do
Templo, para
que os
cavaleiros
cristãos a
defendessem
dos infiéis.
Em 1198, D.
Sancho I
confirmou a
doacção.
Em 1214, a 1
de Novembro,
D. Afonso II,
Rei de
Portugal,
faz doação à
Ordem do
Templo da
parte das
terras que
tinha na
herdade
designada
por Vila
Franca da
Cardosa.
Numa pequena
elevação
próxima
encontrava-se
outra
povoação,
Moncarche ou
Castelo
Branco de
Moncarche,
cujos
habitantes a
foram
abandonando,
para se
refugiarem
nas muralhas
protectoras
do castelo,
erguido
pelos
Templários
no alto da
colina.
Castelo
Branco
recebeu
carta de
foral pelo
Mestre da
Ordem do
Templo, D.
Pedro Alvito
em data
desconhecida,
mas
seguramente
no séc. XIII.
O original
do foral
encontra-se
perdido e as
duas cópias
estão
datadas de
1213 e 1214.
No entanto,
o foral de
Elvas, de
1271, refere
que ali
esteve
"Domingos
Dominguiz
alcade de
Moncarche
com cartas
do Mestre e
freires da
Ordem do
Templo a
pedir
certidão dos
boõs foros e
os boõs usus
e os
costumes de
Elvas, que
se davam e
outorgavam
aos
povoadores
de Moncarche
vel Castelo
Branco de
Moncarchino."
(J. Ribeiro
Cardoso).
Ora, em
1271, D.
Pedro Alvito
já falecera
há muito! J.
Ribeiro
Cardoso
aponta como
possível
solução do
problema a
lição de
Gama Barros:
"O que
parece
indubitável
em relação a
muitos
foraes é que
a redução do
diploma a
escrito foi
posterior á
constituição
do
concelho."
Mais tarde,
em 1510, D.
Manuel
concedeu-lhe
novo foral.
No séc. XIII,
a vida em
Castelo
Branco
desenrolava-se
dentro das
muralhas e é
nos finais
da Idade
Média, com o
aumento
demográfico,
que a vida
cresce para
fora destas,
alterando
assim todo o
centro
cívico,
político e
económico.
Em 1285, D.
Dinis e sua
mulher
visitam
Castelo
Branco. Na
sequência
desta
visita, foi
mandada
construir a
cerca da
vila, cinta
de muralhas
que
protegiam o
casario,
obra
concretizada
já no
reinado
seguinte, de
D. Afonso IV.
No séc. XVI
assiste-se à
fundação da
Misericórdia,
à construção
dos
conventos
dos frades
Agostinhos
(1526) e dos
Capuchos
(1562) e da
Igreja de S.
Miguel (Sé).
Surgem, no
entanto,
construções
nos
arrabaldes
da Vila e
pouco a
pouco as
casas foram
engolindo as
antigas
muralhas e
uma parte da
população
estendia-se
pelo campo.
D. João II,
em 1535,
concede a
Castelo
Branco o
título de "
Vila
Notável" .
Nos finais
do séc. XVI,
o bispo da
Guarda, D.
Nuno de
Noronha,
edifica um
palácio
(Paço
Episcopal de
C. Branco),
actual Museu
Tavares
Proença
Júnior. O
edifício,
que servia
de
residência
de Inverno
aos bispos
da diocese
da Guarda, e
o espaço
circundante
foram sendo
enriquecidos
ao longo dos
anos pelos
bispos que
se
seguiram,.
Na primeira
metade do
séc. XVIII,
o bispo D.
João de
Mendonça
mandou
construir o
Jardim anexo
ao Paço,
inspirado na
arte barroca
de Itália e
França.
(...) Em
1771, por
alvará de 20
de Março, a
carta régia
de 15 de
Abril, D.
José I
atribuiu ao
burgo
albicastrense
a categoria
de cidade,
tendo-se
assistido à
criação da
Diocese de
Castelo
Branco, pelo
Marquês de
Pombal,
facto
decisivo
para afirmar
a primazia
de Castelo
Branco.
No séc. XIX,
assiste-se a
um marasmo
na evolução
da cidade
para o qual
contribuíram
as tropas de
Junot (a
primeira
coluna do
exército
invasor
chegou a 20
de Novembro
de 1807),
que se
instalaram
na cidade,
semeando a
fome e a
destruição.
A
necessidade
da
reconstrução
levou os
particulares
a retirarem
pedras do
castelo e do
paço para a
reconstrução
das
habitações e
quintais e
posteriormente
à venda de
pedra e
telha do
castelo pela
própria
Câmara
Municipal
(1835). A
esta
destruição
junta-se uma
enorme
tempestade
que assolou
a região
provocando o
desabamento
da última
torre da
muralha
(anos 30) .
A sede
diocesana,
criada em
1771, foi
extinta em
1881, mas já
a cidade era
a capital da
Beira Baixa.
No início do
séc. XX
começa a
desenhar-se
o aspecto
actual da
cidade.
Estende-se
por todo o
vale, a
Nordeste,
Este, Sul e
Sudoeste do
antigo
outeiro da
Cardosa, com
os bairros
residenciais
(sendo um
deles, o
Bairro
Ribeiro das
Perdizes no
qual se
situa a
Escola EB
2/3 Cidade
de Castelo
Branco) e a
zona
industrial
na periferia
. Apesar de
ser uma
cidade de
interior
possui uma
situação
geográfica
privilegiada
que fez com
que, muito
cedo, tenha
representado
o papel de
uma terra de
encruzilhada
(...),
fala-se na
existência
desde o séc.
XII de livre
circulação
de
mercadorias
e, já no
séc. XVII
considerava-se
(...) como
local de
passagem
obrigatória
entre a
Beira e o
Alentejo.
Belmonte –
(Concelho do
Distrito de
Castelo
Branco)

A origem do
topónimo
parece
dever-se à
expressão
latina belli
monte, monte
da guerra.
Efectivamente,
subsistem
vestígios
deixados
pelos
romanos, que
habitaram a
zona durante
alguns
séculos.
Teve o seu
primeiro
foral em
1199, e, em
1510, D.
Manuel l,
deu-lhe novo
foral.
A terra que
foi senhorio
de Pedro
Álvares
Cabral e que
conserva
ainda no
castelo,
entre outros
vestígios
curiosos, os
restos do
solar em que
nasceu e a
igreja em
que foi
baptizado é
hoje uma
vila
progressiva
e em
desenvolvimento.
Talvez este
progresso se
deva ao
facto de
Belmonte ser
conhecida
como terra
judaica.
Realmente,
na história
da vila teve
importância
determinante
a grande
colónia de
judeus que
aqui se
estabeleceu
nos últimos
anos do
século XVlll.
Estes
começaram
por habitar
o antigo
bairro da
vila,
chamado
Marrocos,
que se
tornou numa
judiaria
fechada,
pois os
cristãos não
queriam que
as portas e
janelas das
suas casas
dessem para
as ruas dos
judeus. A
maior parte
desses
judeus eram
cristãos-novos,
que se
mantiveram
unidos por
tradições,
usos e
costumes.
Nenhum delas
trabalhava
nos campos.
Conforme as
suas
possibilidades
económicas,
eram
negociantes
de panos e
lãs,
magarefes,
tendeiros ou
negociantes
a retalho,
intermediários
na venda de
gado ou
peles,
tendo-se
alguns
dedicado à
indústria.
Os outros
chamam-lhe
“calmões” ou
“rabinos”,
porque,
segundo uma
crença
divulgada,
mais ou
menos por
todo o País,
os judeus
teriam
cauda.
É um
topónimo de
fácil étimo,
porque vem
da forma
aglutinada
de bel e
monte.
Belmonte
Os vestígios
mais antigos
da presença
humana no
concelho
remontam à
Pré-história,
no entanto
são da época
romana o
maior número
de
testemunhos
dessa
presença.
A
importância
de Belmonte
no contexto
da História
de Portugal
releva da
Idade Média,
tendo-lhe
sido
concedida
Carta de
Foral em
1199 por D.
Sancho I,
que quer "
povoar e
restaurar ",
assegurando,
desta forma,
o controlo
político da
região para
a Coroa
Portuguesa.
Simultaneamente,
e uma vez
que se
tratava de
uma zona de
fronteira
com o reino
de Leão,
inicia-se a
construção
de reduto
fortificado
que nos
finais do
séc. XIII, a
pedido do
Bispo de
Coimbra, a
cujo
senhorio
pertencia, é
transformado
em castelo,
sendo então
construída a
Torre de
Menagem.
No séc. XIII,
Belmonte é
já uma vila
em franco
desenvolvimento,
justificando
a existência
de duas
igrejas ( S.
Tiago e Stª.
Maria ) e
uma
sinagoga. A
este
crescimento
será travado
com as
Guerras
Fernandinas
e a Crise de
1383 / 85,
que obrigam
D. João I a
conceder a
Belmonte
Carta de
Couto, logo
em 1387, a
pedido do
Bispo de
Coimbra que
nos disse
que " o seu
castello de
bellmonte he
muy
despouado
por rezam
desta guerra
".
Entre 1397 e
1398, D.
João nomeou
o primeiro
alcaide do
castelo,
escolhendo
Luís Álvares
Cabral, que
herdara em
Belmonte o
morgadio
instituído
por sua tia
Maria Gil
Cabral, mas
é só em
1466, que a
família
Cabral se
fixa
definitivamente
em Belmonte,
aquando da
doação a
título
hereditário
da
Alcaidaria-mor
do Castelo a
Fernão
Cabral,
membro do
Conselho de
D. Afonso V.
No séc. XVI
Belmonte
dará de novo
um
contributo
importante
para a
história de
Portugal
através de
Pedro
Álvares
Cabral que,
em 1500,
comandou a
2ª. Armada à
Índia e
durante a
sua missão
descobriu o
Brasil.
Refira-se
ainda a
prestigiada
figura de D.
Jorge
Cabral, que
teve vários
cargos
importantes
durante o
séc. XVI,
nomeadamente
o de
Governador
da Índia
enter 1549 e
1550.
Em 1510, D.
Manuel
concede nova
Carta de
Foral,
reconhecendo
a sua
importância
política e
económica.
Belmonte era
então uma
comunidade
rural,
dependente
da pecuária
e da
agricultura,
com algum
comércio,
que todavia
terá sido
prejudicado
pelo Ético
de Conversão
dos Judeus
em 1496, e
responsável
pelo
surgimento
de uma
comunidade
cripto-judaica
que
resistirá às
perseguições
da
Inquisição,
até ao nosso
século.
Em 1527 o
Concelho de
Belmonte
"...tem de
termo duas
léguas em
longo e uma
em
largura...confronta
com o termo
da vila da
Covilhã, da
vila de
Sortelha e
com termo da
cidade da
guarda e com
termo da
vila de
Valhelhas."
Naquela data
o concelho
tem 244
vizinhos,
sendo 159 da
vila de
Belmonte,
número
equivalente
a cerca de
630
habitantes.
Note-se que
na comarca
de Castelo
Branco,
Belmonte
tinha então
a segunda
maior
densidade
populacional
em vizinhos
a seguir à
Atalaia.
Em meados do
Século XVIII,
a povoação
de Belmonte
já contava
com 354
vizinhos ou
fogos, ou
seja cerca
de 1416
habitantes.
A Povoação
de Caria não
fazia parte,
nesta
altura, dos
limites do
Concelho de
Belmonte,
tendo 286
vizinhos,
correspondentes
a 1144
habitantes.
Segundo
notícia de
1758, a
população do
Concelho de
Belmonte,
era na sua
quase
totalidade
constituída
por
camponeses.
Nessa altura
Belmonte era
governado
por juizes
Ordinários e
pela Câmara
Municipal,
sem qualquer
sujeição a
outra terra.
Não tendo
correio
servia-se do
correio da
Covilhã e da
Guarda.
Tinha feiras
cativas ( os
feirantes
pagavam
impostos )
nos dias de
St.º
António, de
S.
Bartolomeu e
de S.
Cornélio e
feiras
francas ( os
feirantes
não pagavam
impostos )
em todas as
segundas-feiras
de cada mês
do ano.
Não havia
hospital em
Belmonte.
Havia uma
misericórdia
pobre, que
teve como
antecessora
a Irmandade
do Salvador
e no ano de
1600
anexou-se à
Capela do
Espírito
Santo.
O Século
XIX, é
marcado pela
disputa de
lugares
políticos da
Câmara e das
Juntas da
Paróquia.
Com a
reforma
administrativa
de 1855, o
Concelho de
Belmonte
composto até
então, pelas
Freguesias
de Maçainhas
e Inguias é
alargado ao
Concelho de
Caria,
autónomo da
Covilhã
desde 1644.
Em 1947 a
freguesia de
Belmonte é
dividida,
surgindo a
nova
Freguesia de
Colmeal da
Torre e
ficando o
Concelho com
cinco
Freguesias,
situação que
se manteve
até hoje.
Já no século
XX, Belmonte
vê de novo
virar-se uma
página na
sua
história,
com a
diversificação
da sua
estrutura
económica,
nomeadamente
com a
instalação
da indústria
da confecção
no seu
concelho.
Tendo o
Município de
Belmonte
permanecido
essencialmente
afecto ao
sector
agrícola até
ao início
dos anos
setenta, viu
nesta altura
os sectores
industrial e
terceário
ganharem
mais e mais
importância.
Nasceram
como atrás
referimos
diversas
indústrias
de
confecções,
as quais são
presentemente
um dos
factores do
sustento
económico da
Vila de
Belmonte e
do seu
Concelho,
bem como dos
Concelhos
limítrofes.
Para a Vila
de Belmonte
e para a
Vila de
Caria,
deslocam-se
diariamente
cerca de
2.000
trabalhadores
oriundos das
Freguesia do
Município e
dos
Concelhos
limítrofes (
Covilhã,
Guarda,
Fundão e
Sabugal ),
aos quais é
necessário
dar melhores
condições a
todos os
níveis, para
que aqui se
radiquem,
sem esquecer
ainda, a
população
existente à
qual é
necessário
dar melhores
condições de
vida e de
bem estar
social.
O milagre da
Senhora da
Esperança
Lenda do
cativo de
Belmonte
Chamava-se
Manuel. Foi
o único nome
que a
tradição
guardou.
Nascido em
Belmonte,
combatera os
Muçulmanos
com o ardor
do cristão
valente.
Porém, teve
pouca sorte
numa das
batalhas. A
sua hoste
foi
desbaratada.
Sem poder
passar para
as fileiras
dos seus
compatriotas,
teve de
esconder-se,
e caminhou
direito à
costa,
ocultando-se
quanto
podia. Mas
foi
descoberto
por um bando
que o
entregou a
um barco
pirata, e
neste,
arrebanhado
a outros
prisioneiros,
foi levado
como cativo
para
Marrocos.
Aí o
deixaram
servindo
como
escravo.
Trabalhava
para os
mouros dia e
noite. Mas
tomou esse
martírio
como
penitência
dos seus
pecados, e
trabalhava
sem revolta
sem
queixumes,
oferecendo a
Deus e à
Virgem todas
as suas
dores.
Contudo, as
saudades da
terra, da
mulher e dos
filhos não o
deixavam, e,
na tentativa
de esmagar
no peito
essa
lembrança,
entregava-se
às mais
penosas
tarefas.
Incansável,
rezava dia e
noite,
suplicando à
Virgem da
Esperança
que o
levasse de
regresso à
sua terra
natal.
Certo dia,
um dos
mouros que
comandava o
troço dos
escravos
questionou-o
sobre o
motivo de
tais rezas e
desafiou
mesmo a
"santa" para
que, «se
tinha
poderes, que
o levasse
dali para
Belmonte».
Ao mesmo
tempo que
tal desafio
foi lançado,
o pobre
cativo foi
submetido a
tarefas cada
vez mais
duras,
diminuíram-lhe
os alimentos
e foi alvo
da mais
severa
vigilância.
De tal forma
que à noite
só o
deixavam
dormir
dentro de
uma arca e
amarrado por
grossa
correntes.
Mesmo assim,
um mouro
ficava de
sentinela.
De tão
aflitiva
situação
apiedou-se a
Virgem
Maria. E na
véspera do
Dia de
Páscoa,
quando
Manuel
dormia na
arca,
deliberou
ajudá-lo. E
assim foi,
subitamente,
a arca
levantou-se
do chão,
arrombando
uma porta e
voando,
desapareceu
no espaço.
Em terra, os
Mouros não
se atreviam
a proferir
palavra,
limitando-se
admirar,
boquiabertos,
tal cenário.
Sábado de
Aleluia. O
Sol rompera
radioso
nessa manhã.
Os sinos
tocavam
alegremente.
Corriam
alegremente.
Corriam as
gentes de
Belmonte e
arredores
para a
ermida. De
súbito, os
que estavam
à porta da
capelinha
arregalaram
os olhos.
Acabavam de
ver pousar
no chão,
vinda do ar,
uma pesada
arca, mas
que pousara
leve como
uma
andorinha. E
de dentro da
arca saiu
aquele que
todos
julgavam já
morto pelos
Muçulmanos.
O alarido
misturou-se
com o cantar
alegre dos
sinos. O
júbilo
causado pela
inesperada e
milagrosa
aparição de
Manuel foi
enorme. A
mulher e os
filhos
abraçavam
agora aquele
que haviam
chorado.
Entre
lágrimas,
Manuel
contou ao
povo a sua
extraordinária
aventura. E
então, ali
mesmo, o
povo
determinou
levantar uma
outra ermida
à Senhora da
Esperança,
em acção de
graças pela
sua bondade
para com um
filho da
povoação de
Belmonte.
Cantaram-se
mais fortes
as aleluias
da Páscoa.
Ergueram-se
hinos de
louvor ao
Céu. E a
ermidinha à
Senhora da
Esperança
não tardou
em ser
erguida
também.
Os Judeus de
Belmonte -
Artigo de
Cristina
Machado
Estiveram
durante
séculos e
séculos
escondidos
do mundo.
Até que há
pouco tempo
deram-se
finalmente a
conhecer e
desde aí
foram
estudados
como um
fenómeno.
Hoje já
podem rezar
numa
sinagoga
digna desse
nome e o
próprio
Estado de
Israel,
cauteloso
por norma,
reconheceu a
especificidade
de uma
comunidade
única.
À primeira
vista,
Belmonte é
uma vila
antiga, bela
com os seus
monumentos e
pacata com a
simplicidade
e simpatia
de uma
localidade
do interior.
A tradição e
o orgulho
são comuns
nos
habitantes
que convivem
com as
marcas da
História.
Por ali
passaram os
romanos e
deixaram a
Torre Centum
Cellas (uma
vila romana
com mais de
mil anos),
um dos mais
representativos
e
enigmáticos
monumentos
da época
romana na
Beira
Interior.
Posteriormente,
em 1496,
Fernão
Cabral, pai
do grande
navegador
português
Pedro
Álvares
Cabral,
recebeu por
doação a
Vila de
Belmonte.
Atualmente,
o
descobridor
do Brasil
tem nome de
rua e uma
estátua de
bronze num
lugar
privilegiado
no centro da
vila.
Mas outra
grande
história de
Belmonte é a
da sua
comunidade
judaica.
Marranos,
criptojudeus,
judeus
secretos ou
simplesmente
judeus. Há
quinhentos
anos, com o
tratado de
expulsão dos
judeus da
península
Ibérica,
muitos deles
para não
abandonarem
as suas
terras
converteram-se
em cristão,
persuadidos
pelo rei D.
Manuel I que
criou uma
lei que não
permitia
castigar os
judeus
convertidos,
ou seja, os
batizados
pela Igreja.
Passaram
então a usar
uma nova
nomenclatura,
Cristãos
Novos.
Muitos
resistiram e
continuaram
a praticar o
Judaísmo em
grande
secretismo,
transmitindo
a religião
por via
oral,
através das
mulheres,
sem o apoio
de livros e
rabinos,
recorrendo
somente à
memória. Mas
o tempo
levou-os a
um
afastamento
da ortodoxia
judaica nas
práticas
religiosas,
misturando
fases do
Catolicismo
e criando
uma nova
tradição,
uma religião
dupla, ou
melhor, uma
natural
simbiose.
Tão natural
que perdura
ou perdurou
na sua
totalidade
até há muito
pouco tempo.
Na era da
tecnologia,
da
comunicação,
com a
internet a
bater às
portas do
comum
cidadão,
esquece-se a
força das
tradições e
às vezes a
própria
história.
Descobrir
que ainda
existe no
começo do
século XXI,
num país
democrático
da Europa,
uma
comunidade
judaica - a
única e
última em
Portugal -
que vivia
até há muito
pouco tempo
dentro de
uma religião
dupla,
praticando o
Judaísmo com
o mesmo
secretismo
que na época
da
Inquisição,
é à primeira
vista
inacreditável!
Documentalmente
remonta-se a
existência
de judeus em
Belmonte ao
séc. XIII e
há memória
de onze
filhos da
terra
vítimas de
autos-de-fé.
A comunidade
judaica
sempre foi
importante
para a vila.
No início do
século XX
eram
vendedores
de peles e
sebo; a
partir dos
anos
quarenta
dedicaram-se
ao comércio
de tecidos e
hoje a maior
parte
trabalha com
fábricas de
confecções
que muito
contribuíram
para o
crescimento
da região.
Chegaram a
ter um
bairro
próprio que
na altura da
Inquisição
se tornou
numa
judiaria.
Hoje existe
somente uma
família
judia que
ainda por lá
mora: D.
Mercedes
Amélia
Diogo,
casada com o
Sr. Júlio
Mendes
Henriques, é
uma senhora
de 57 anos,
simpática e
emocionada
com a sua
fé. O seu
sonho é
conhecer
Israel, mas
por enquanto
contenta-se
em olhar
para a terra
prometida
num quadro
que se
encontra em
destaque na
sua sala.
Sempre foi
religiosa,
rezava em
casa salmos
de David com
a mãe e com
a avó, até
toda a
família ser
reconvertida.
Em Belmonte,
com a vinda
do primeiro
rabino entre
1989 e 1990
Israel
autorizou,
pela
primeira
vez, a
reconversão
de judeus no
exterior do
país. D. Ana
Amélia, com
79 anos, mãe
de D.
Mercedes,
depois de
mais de
cinquenta
anos de
casada
confirmou os
seus votos
pelas leis
judaicas aos
77 anos. E o
seu marido,
com 79 anos,
submeteu-se
à
tradicional
circuncisão.
O primeiro
rabino que
chegou a
Belmonte
teve um
trabalho
difícil: a
maioria da
comunidade
desconhecia
a verdadeira
prática da
religião e
muito mais o
hebraico;
foi preciso
traduzir
para o
português as
orações e
organizar
aulas de
hebraico que
continuam a
ser
ministradas
atualmente.
Mas o mais
complicado
era
convencer a
totalidade
da
comunidade a
frequentar a
sinagoga e
os rituais
da religião,
como o
Sabbath que
até hoje não
é cumprido
por todos,
melhor
dizendo, não
de forma
ortodoxa.
Apesar dos
quinhentos
anos que nos
separam da
temível
época da
Inquisição,
o medo e a
desconfiança
permaneceram,
e até mesmo
hoje é
possível
sentir uma
reserva
natural no
relacionamento
com as
pessoas de
fora,
principalmente
tratando-se
da imprensa.
Câmaras
fotográficas
geralmente
não são
bem-vindas.
Mas os
tempos estão
a mudar para
os judeus de
Belmonte: já
se respiram
novos ares
de confiança
e crença.
Judeus e
católicos
convivem em
harmonia,
pois
felizmente
já vivem num
país em que
cada um é
livre para
professar a
sua própria
fé. Porém os
costumes
herdados dos
antepassados
ainda estão
enraizados
na memória
de cada um.
Não é muito
raro
observar
crentes a
usar ao
pescoço a
estrela de
David e o
medalhão de
seu santo
devoto.
Outro sinal
marcante
desta
herança são
os
cemitérios
locais.
Cristãos e
judeus
dividem o
mesmo
espaço, e os
símbolos
sagrados da
duas
religiões
misturam-se
e fundem-se
num só
cenário.
D. Amélia
Mourão Vaz,
hoje com 80
anos, casou
aos 16 anos
com o Sr.
Antero
Caetano Vaz,
agora com 89
anos, o
primeiro e
durante
muitas
décadas o
único judeu
circuncisado
de Belmonte.
O mais
curioso é
que eles são
primos: o
pai do Sr.
Antero era
irmão da mãe
da D. Amélia
e os pais
dos seus
pais também
eram irmãos.
Isto é muito
comum na
comunidade.
O casamento
consanguíneo
ou endogamia
foi usado
para manter
a tradição
mesmo que
esta ponha
em risco a
saúde, como
foi o caso
do Sr.
Antero que
há alguns
anos começou
a sofrer de
cegueira
nocturna e
hoje é
praticamente
cego. D.
Amélia, com
uma
simplicidade
afectuosa
assevera que
o seu
casamento
foi por puro
amor e conta
que quando
era nova
frequentava
a Igreja
Católica com
as amigas.
Actualmente
não
frequenta a
sinagoga,
talvez pela
idade, e
continua a
rezar as
orações
aprendidas
com a
família.
História
semelhante é
a do Sr.
António
Caetano
Diogo:
nasceu e foi
criado em
Belmonte;
simpático,
agradável,
tem três
filhos e é
viúvo há
dezanove
anos.
Casou-se na
Igreja
católica e
conta que
chegou a ir
à sinagoga
de Lisboa
antes da
mulher
falecer. Ela
era sua
prima, mas
também
assevera que
o seu
casamento
foi por
amor, e para
o provar
mostra o
bilhete de
identidade
de D.
Aurora, sua
mulher, que
fica
guardado
numa
carteira que
sempre o
acompanha.
Aposentado,
o seu
negócio eram
os tecidos.
Nunca deixou
de trabalhar
aos sábados
e diz que os
seus filhos
somente há
seis anos é
que passaram
a observar a
lei judaica.
As suas
netas
casaram na
Igreja
Católica e a
mulher está
sepultada
num dos dois
cemitérios
católicos de
Belmonte,
mas não lhe
causa
confusão
esta
duplicidade.
Está feliz
com a
construção
da nova
sinagoga; é
que
finalmente,
depois de
quinhentos
anos, a
comunidade
judaica de
Belmonte
finca a sua
história.
A construção
do templo
deve-se aos
herdeiros da
família
Henriques
que doaram o
terreno e a
Salomon
Azoulay,
judeu de
origem
marroquina,
que ofereceu
a sinagoga
em homenagem
ao seu pai,
o rabino
Eliahhou
Azoulay.
Deve-se
ainda à D.
Clara
Mourão,
também judia
de origem
marroquina,
só que da
parte
espanhola.
Casada com
um judeu da
comunidade
de Belmonte,
o seu
casamento é
o único
realizado
com um judeu
de fora.
Desde a sua
chegada a
Belmonte que
as coisas
mudaram.
Deu-se o
começo da
abertura
para o
mundo; o
ajuste e a
aprendizagem
dos rituais
ortodoxos da
religião; o
acumular de
forças para
o apoio de
uma
estrutura
forte e uma
maior ajuda
da
comunidade
para a
comunidade.
Logo após a
sua chegada
D. Clara
começou por
juntar as
mulheres
para lhes
ensinar os
pratos
usados
especificamente
em cada
feriado
judaico. É
claro que
sentiu uma
resistência
por parte de
alguns
judeus, mas
não maior do
que a que se
sente com a
entrada de
uma nova
pessoa para
uma
comunidade
pequena. Até
porque o seu
marido vem
de uma
geração mais
consciente,
onde o medo
de um
casamento
consanguíneo
e suas
consequências
fizeram com
que abrissem
os olhos
para fora da
comunidade.
Hoje, o seu
empenho
ainda é
fenomenal,
sendo
responsável
por todos os
jornalistas
e estudiosos
que aparecem
em Belmonte,
vindos de
todas as
partes do
mundo. Além
disso,
continua,
com uma
energia
grandiosa, a
ser o braço
direito do
rabino.
Na altura da
inauguração
da nova
sinagoga a
sua agenda
mais parecia
a de uma
mulher de
negócios.
Além de
preparar
toda as
refeições
para a festa
de
inauguração,
passou a
maior parte
do tempo da
cerimónia a
arrumar o
salão de
festas para
os
convidados.
Mãe de três
filhas,
divide o seu
tempo entre
a casa e a
família,
educando as
filhas na
tradição
judaica e
nunca
esquecendo
que em
Belmonte
ainda há
muita coisa
por fazer. É
o caso da
construção
de um
cemitério
judaico,
cuja
primeira
pedra foi
lançada por
ocasião da
inauguração
da sinagoga.
Assim fica
completa a
reconversão
dos judeus
de Belmonte.
Ficam
poucos, os
mais velhos,
a manterem a
simbiose com
o
catolicismo.
Na verdade
são os
próprios que
falam com
muito menos
secretismo e
maior
simplicidade,
porque para
eles sempre
foram judeus
de corpo e
alma. É o
início de
uma real
abertura
deste povo
que vive seu
dia-a-dia
com a
tranquilidade
característica
de uma
pequena vila
do interior,
mas que
ainda, de
certa
maneira,
carrega nos
seus ombros
um passado
que hoje faz
parte da
História de
Portugal.
Covilhã –
(Concelho do
Distrito de
Castelo
Branco)

De fundação
romana, foi
no decorrer
dos tempos,
várias vezes
saqueada e
devastada.
Em 1186,
recebeu
foral de D.
Sancho l,
que a
reedificou,
e de D.
Manuel l, em
1510. Foi
elevada a
cidade em
1870.
A cidade da
Covilhã é
uma bela
cidade
situada num
planalto, a
meia encosta
da Serra da
Estrela.
Daí, segundo
alguns, lhe
vem o nome
de cova+lhana
(plana).
Parece que
foi fundada
pelos
romanos em
41 antes de
Cristo e que
estes lhe
puseram o
nome de
Silia Hermia,
ou Hermínia.
Outros
autores
ainda
atribuem o
nome Covilhã
à lenda da
bela
Florinda,
filha do
conde
Julião. O
certo é que
a povoação
foi sempre
progredindo
calmamente,
tendo sido
elevada à
categoria de
cidade em
1870. É
atravessada
pelas
correntes
rápidas das
ribeiras da
Carpinteira
e da Degolda,
em cujas
margens se
estabeleceram
as primeiras
fábricas de
lanifícios,
aproveitando
a energia
motriz que a
Natureza
assim lhes
facultava.
Certamente
que já vinha
de épocas
recuadas a
tradição do
fabrico
artesanal de
lanifícios,
pois é
grande a
abundância
de gado
lanígero na
região. Os
trapeiros da
Covilhã
fabricaram
sempre as
manufacturas
de lã em
uso, e esse
fabrico pode
ser
considerada
como a mais
antiga das
indústrias
portuguesas.
A povoação,
devastada
pelas lutas
da
Reconquista,
foi
acarinhada
pelos nosso
primeiros
reis, que
lhe
concederam
foral e
privilégios.
D. Afonso
lll
criou-lhe em
1260 a feira
anual, com a
duração de
oito dias, a
seguir à
Festa de
Santa Maria
de Agosto. A
carta de
feira
estipulava
que todos
mos que
fossem à
feira
ficassem
seguros na
ida e na
volta, pois
as estradas
daquela
época
estavam
povoadas de
saltadores.
D. Dinis
reconstruiu
e ampliou as
muralhas,
que ficaram
com cinco
portas: da
Vila, do
Sol, do
Val-de-Caravelho,
de São
Vicente e do
Castelo.
Após a
conquista de
Ceuta, D.
João l
ofereceu a
seu filho
Infante D.
Henrique o
senhorio da
Covillhã.
Por essa
época
começaram a
fabricar-se
os panos de
lã meirinha.
Morto o
Infante, sem
sucessor, a
Covilhã
passou para
património
de seu irmão
D. Diogo,
duque de
Viseu. Em
1489, após a
morte do
duque de
Viseu, D.
João ll
doou-a ao
futuro rei
D. Manuel l,
que tanto
lhe queria
que
determinou
que a vila
da Covilhã
ficasse para
sempre
realenga e
da Coroa. No
foral que D.
Manuel l
concede à
vila em
1510,
fazem-se
referências
aos “panos e
fiados, de
seda, lã,
algodão ou
linho” que,
ao serem
vendidos,
deviam pagar
de imposto
“por carga
maior 9 réis
e por menor
4 réis e
meio… e “de
linho em
cabelo fiado
e por fiar
que não seja
tecido.
Assim de lã
e de
feltros,
burel,
mantas de
terra e dos
outros
semelhantes
panos baixos
e grossos
por carga
maior 4 réis
e por menor
2 réis”.
«Do “Arquivo
Históricos
de Portugal
– 1898»:
“Atribui-se
geralmente a
fundação ao
tristemente
celebrado
conde D.
Julião, que,
para se
vingar de D.
Rodrigo, o
último rei
dos godos,
lhe haver
seduzido a
filha,
provocou a
invasão dos
árabes na
Península
Hispânica”.
Conta a
tradição que
na Covilhã
nascera a
Formosíssima
D. Florinda,
pelo povo
denominada
Cava, depois
de se tornar
amásia do
rei, que
pagou com a
vida a perda
da coroa, os
agravos à
honra do seu
nobre
vassalo.
Há
escritores
antigos que
consideram o
nome
Covilhã,
como
derivado dos
referidos
factos,
dizendo que
o conde
Julião
chamara à
vila
Cava-Juliana
– reunindo
assim o seu
próprio nome
e que o povo
dera para D.
Florinda;
mas esta
versão é de
todo o ponto
inadmissível.
O vocábulo
Cava na
linguagem
contemporânea
não
significa
barregã se
não na
acepção
figurada, a
significação
natural era
de cova, e
porque a
vila ficva
encovada no
serra, lhe
chamaria o
conde
Cava-Juliana.
Outros,
porém, com
melhor
senso, são
de parecer
que o antigo
nome fosse o
de cava ou
Cava-lhana,
que, como
decorrer do
tempo se
corrompeu
para
Covilhã.
Esta versão
tem a seu
favor o
exemplo de
mais de dez
aldeias que
com o mesmo
nome existem
em diversos
pontos do
País, tendo
todas o
característico
de serem
afogadas de
serras, e
cujos nomes
primitivos
foram também
e por este
facto o de
Cava-lhana”.
Covilhã
Porta da
Serra da
Estrela e
sede da
Região de
Turismo,
esta é a
terra da
indústria da
lã, berço de
descobridores
de
quinhentos,
hoje
cosmopolita
cidade
universitária.
Na vertente
sudeste da
Serra da
Estrela, a
Covilhã
(45.000 hab.)
é um dos
principais
centros
urbanos do
interior do
país. A
cidade está
localizada a
20 Km do
ponto mais
alto de
Portugal
Continental,
a Torre (
2.000 m) e o
seu núcleo
urbano
estende-se
entre os 450
e os 800 m
de altitude.
É uma urbe
de
características
muito
próprias
desde há
séculos,
conjugando
em
simultâneo
factos
únicos na
realidade
portuguesa;
Há 800 anos
aqui existe
o trabalho
da lã que
hoje se
reflecte
principalmente
em modernas
unidades
industriais,
sendo a
Covilhã um
dos
principais
centros de
lanifícios
da Europa;
Era já na
Idade Média
uma das
principais
"vilas do
reino",
situação em
seguida
confirmada
pelo facto
de grandes
figuras
naturais da
cidade ou
dos
arredores se
terem
tornado
determinantes
em todos os
grandes
descobrimentos
dos sécs. XV
e XVI: o
avanço no
Atlântico, o
caminho
marítimo
para a
Índia, as
descobertas
da América e
do Brasil, a
primeira
viagem de
circum-navegação
da Terra.
A Covilhã
encontra-se
no centro de
uma região
onde se
localizam 9
das 10
Aldeias
Históricas
portuguesas;
É a cidade
mais próxima
da estância
de inverno
onde se
localizam as
únicas
pistas de
esqui
portuguesas
e às quais
se acede
percorrendo
espantosas
paisagens de
montanha;
É centro
universitário
e
tecnológico
onde se
sedia a
Universidade
da Beira
Interior que
conta com
cerca de
5.500
estudantes
pertencentes
a vários
cursos
superiores;
.Aos seus
pés
desenvolveu-se
um
riquíssimo e
fértil vale
de grandes
aptidões
frutícolas
(cereja,
pêssego,
maçã, pêra)
e vinícolas,
a Cova da
Beira. A
Covilhã teve
o primeiro
foral em
1186 e desde
aí e até ao
presente
manteve uma
situação de
extrema
importância
histórica,
cultural e
económica na
vida de
Portugal.
A Cidade dos
Descobridores
Apesar de
não ter mar,
a Covilhã
possui uma
história
ímpar como
cidade
ligada à
grande
epopeia
portuguesa
que, há 500
anos, soube
dar outros
"mundos ao
mundo".
É espantoso
pensar como
uma mesma
urbe foi mãe
de tantos
navegadores,
exploradores,
cientistas
que
revolucionaram
a história
da
humanidade.
INFANTE D.
HENRIQUE - O
NAVEGADOR -
O maior
responsável
do avanço de
Portugal
para os
mares e para
o mundo,
recebeu do
pai, o rei
D. João I, o
título de
Senhor da
Covilhã após
a primeira
grande acção
africana, a
tomada da
cidade de
Ceuta, em
1415. Depois
desta
conquista, a
vida do
Infante fala
por si:
tornou-se
parte da
história do
mundo.
PÊRO DA
COVILHÃ -
PREPARADOR
DA CHEGADA
DE V. GAMA À
ÍNDIA - A
necessidade
de atingir a
Índia por
mar, levou
D. João II a
conceber uma
política de
avanços
sucessivos
no mar. Na
parte
ocidental
africana, o
rei lançou
Bartolomeu
Dias que
viria a
dobrar o
Cabo da Boa
Esperança.
No Índico,
na costa
oriental de
África e na
parte
ocidental
indiana, foi
Pêro da
Covilhã o
explorador.
A ele se
devem as
informações
que
permitiram a
consequente
certeira
viagem de
Vasco da
Gama e a
descoberta
do caminho
marítimo que
transformou
a história.
PEDRO
ÁLVARES
CABRAL,
DESCOBRIDOR
DO BRASIL -
Era natural
da vizinha
vila de
Belmonte,
estendendo-se
as enormes
propriedades
familiares à
Covilhã. No
ano de 1500,
dirigiu uma
frota de 13
navios
naquela que
deveria ser
a segunda
viagem à
Índia. Antes
porém,
acabou por
arribar à
costa da
Baía, no
Brasil. A
ele se deve,
em primeira
instância, o
facto de o
português
ser hoje uma
das línguas
mais faladas
no mundo.
MESTRE JOSÉ
VIZINHO - A
LATITUDE NOS
MARES - O
famoso
Mestre José
referido por
Cristóvão
Colombo que
muito
aprendeu dos
seus
conhecimentos
astrológicos,
era
cosmógrafo e
médico de D.
João II. A
grande
invenção do
séc. XV foi
a descoberta
da navegação
astronómica
com a
consequente
introdução
de escalas
de latitudes
nas cartas
de marear. A
sistematização
do método
revelou como
artífice do
processo
este grande
judeu
covilhanense.
Estes
estudos
passaram a
significar a
liderança da
técnica
portuguesa
do mar.
RUI FALEIRO
- A
LONGITUDE
NOS MARES -
Cosmógrafo
covilhanense,
nascido em
finais do
séc. XV, foi
o principal
organizador
científico
da viagem de
circum-navegação
de Fernão de
Magalhães em
Sevilha. O
conhecimento
da longitude
no mar era
fundamental
pois
completava
os métodos
já
conhecidos
para
determinar a
latitude e
permitir a
localização
das naus na
superfície
dos mares.
Rui Faleiro
foi o grande
artífice da
avaliação da
longitude a
partir do
lugar de
observador.
FRANCISCO
FALEIRO - A
DECLINAÇÃO
MAGNÉTICA -
Irmão de
Rui,
cosmógrafo,
foi o autor
da primeira
exposição
que inferia
a declinação
magnética do
ângulo de
duas sombras
lançadas em
vertical
sobre o
plano de
horizonte,
quando o sol
atingisse
alturas
iguais antes
e depois do
meio-dia.
Elaborou em
Sevilha,
1535, o
Tratado del
Mundo y del
Arte del
Marear,
cronologicamente
a segunda
obra do séc.
XVI que
desenvolve o
estudo dos
fenómenos do
magnetismo
terrestre.
A Cidade da
Neve
De Dezembro
a Abril. Um
cenário
espantoso de
alvura
cintilante
para férias
e
fins-de-semana
na neve, a
esquiar e a
sorrir.
Depois é pôr
os esquis,
alugar um
trenó, dar
um passeio a
pé ou de
bicicleta de
montanha à
volta do
Lago
Viriato, dos
poios e dos
cumes que
sobem por
entre
panoramas
impressionantes
desde a
Varanda dos
Carqueijais
até às
Penhas da
Saúde ou até
ao local
mais alto de
Portugal
Continental
- a Torre,
onde se
situam as
pistas de
esqui com
cinco
telesquis
que
transportam
3.000
esquiadores/hora
e dotadas
com escola
de esqui.
Aqui, para
uns, é o
prazer há
muito
desejado de
esquiar, por
entre
momentos de
salutar
desporto,
evasão e
bem-estar.
Para outros
é o
reencontro
com aventura
das
escaladas ou
o sabor puro
da montanha
nos passeios
a pé, nos
salpicos da
neve, no
sorriso
alegre das
crianças e
da vida em
estado puro
no cenário
magnífico do
Parque
Natural da
Serra da
Estrela.
A Cidade da
Animação
Principalmente
devido ao
facto de
existir uma
grande massa
estudantil
(cerca de
14.000
estudantes
dos quais
5.500
universitários),
a animação
da vida
social é
verdadeiramente
movimentada.
A noite
vive-se em
inúmeros
bares e
excelentes
discotecas.
Para além
disso, os
passeios são
possíveis a
cavalo, de
balão,
helicóptero
ou jeep
todo-o-terreno
e podem
mesmo
alargar-se a
uma corrida
de Kart ou a
uma
aprendizagem
de esqui.
Estes
serviços são
prestados
por diversos
agentes
turísticos
locais.
No Centro
das Aldeias
Históricas
Em Portugal
existem,
definidas
pelo estado,
dez Aldeias
Históricas.
Todas
envolvidas
num programa
de
recuperação,
tornaram-se
verdadeiras
jóias da
arquitectura
medieval. A
Covilhã
situa-se
precisamente
no centro de
uma área que
inclui nove
dessas
Aldeias,
facto que
permite
visitas
globais a
partir da
cidade. As
distâncias
variam entre
os 25 e os
100 Km,
estando
localizadas
a Norte -
Almeida,
Linhares,
Marialva,
Castelo
Rodrigo e
Castelo
Mendo, a Sul
- Castelo
Novo,
Monsanto,
Idanha-a-Velha
e a Leste -
Sortelha.
Da Covilhã à
Torre
Pela subida
e pela
montanha
mais
íngreme,
mais pura e
mais
espectacular,
até chegar
ao ponto
mais alto de
Portugal
Continental.
A partir da
Covilhã
tem-se o
acesso mais
simples,
mais curto e
mais
panorâmico à
Torre e a
todo o
Maciço da
Serra da
Estrela.
Para lá
chegar
sobe-se pela
EN 339 que
começa por
passar pelo
Parque
Florestal da
Covilhã,
onde à
direita há
um miradouro
sobre a
cidade e as
planuras da
Cova da
Beira e, à
esquerda, o
leito da
ribeira da
Degoldra,
berço
secular da
indústria de
lanifícios.
O Parque
Natural da
Serra da
Estrela
começa no
cruzamento
para Rosa
Negra e o
Parque de
Campismo do
Peão
antecede os
miradouros
das Portas
dos
Hermínios e
da Varanda
dos
Carqueijais
onde há um
miradouro e
um panorama
imenso das
terras de
Portugal e
Espanha.
A subida
continua até
às Penhas da
Saúde, uma
magnífica
estância de
férias em
altitude,
onde dá
gosto
passear
junto ao
Lago Viriato
e que
antecede os
majestosos
vales
glaciários
de Manteigas
e de Unhais
da Serra,
vilas onde
existem
excelentes
zonas
termais. A
caminho das
pistas de
esqui da
Torre,
admira-se a
planura
branca e
suave da
Nave de
Santo
António,
rodeada pela
grandiosidade
dos Três
Cântaros, em
cujo sopé
gira a
estrada,
atravessando
túneis e
acompanhando
os morros de
neve.
Próximo do
Covão do Boi
encontra-se
o monumento
a Nossa
Senhora da
Estrela,
esculpido em
baixo-relevo
no final dos
anos 40 por
António
Duarte. Até
chegar à
Torre surge
o topo do
Cântaro
Magro, à
direita,
antes do
cruzamento
que dá
acesso ao
local mais
alto de
Portugal
Continental,
cerca de
2.000 metros
de altitude.
A Cidade
Fábrica -
800 anos a
trabalhar a
lã
Poucos
centros
urbanos
podem
assumir uma
actividade
económica
regular ao
longo de
oito
séculos, mas
é esse o
caso da
Covilhã e do
trabalho dos
lanifícios.
Como
manufactura
primeiro,
como
indústria
depois, o
certo é que
ainda hoje a
cidade é um
dos
principais
centros
europeus de
produção de
lanifícios.
Actualmente,
esta
indústria
produz por
ano cerca de
40.000 Km de
tecido, e é
fornecedora
de grandes
marcas
têxteis
mundiais
como a Hugo
Boss,
Armani,
Zenga, Marks
& Spencer,
Yves St.
Laurent,
Calvin Klein
e Christian
Dior.
As duas
ribeiras que
descem da
Serra da
Estrela,
Carpinteira
e Degoldra,
atravessam o
núcleo
urbano e
estiveram na
génese do
desenvolvimento
industrial.
Elas
forneciam a
energia
hidráulica
que
permitiam o
laborar das
fábricas.
Junto a
essas duas
ribeiras
deve hoje
ser visto um
admirável
núcleo de
arqueologia
industrial,
composto por
dezenas de
grandes
edifícios.
Nos dois
locais são
visíveis
dezenas de
antigas
unidades, de
entre as
quais se
referem a
fábrica-escola
fundada pelo
Conde da
Ericeira em
1681 junto à
Carpinteira
e a Real
Fábrica dos
Panos criada
pelo Marquês
de Pombal em
1763 junto à
ribeira da
Degoldra.
Esta é agora
a sede da
Universidade
da Beira
Interior na
qual se deve
visitar o
Museu de
Lanifícios,
já
considerado
um dos
melhores
núcleos
museológicos
desta
indústria na
Europa.
Mas o
passado da
Covilhã
remonta ao
princípio
dos tempos,
quando foi
castro
proto-histórico,
abrigo de
pastores
lusitanos e
fortaleza
romana
conhecida
por Cava
Juliana ou
Silia
Hermínia.
Quem ergueu
as muralhas
do seu
primitivo
castelo foi
D. Sancho I
que em 1186
concedeu
foral à
Covilhã. E,
mais tarde,
foi D. Dinis
que mandou
construir as
muralhas do
admirável
bairro
medieval das
Portas do
Sol.
Lenda da
Covilhã
A Cova da
Beira está
situada no
eixo da
Guarda -
Covilhã -
Castelo
Branco,
fazendo
fronteira
com Espanha.
O seu
primeiro
nome foi o
de Cova
Plana, por
razões de
ordem
morfológica.
"Cova"
porque está
enclausurada
entre serras
altas, nas
abas das
Serra da
Estrela,
Serra da
Gata, Serra
da Malcata,
Serra da
Gardunha.
"Plana"
porque se
trata de um
espaço onde
se erguem
aqui e além
pequenos
montes ou
mamelões
que, vistos
do cimo de
qualquer uma
das serras
que a
envolvem, se
diluem na
paisagem,
parecendo
tratar-se de
uma planície
entre
montanhas
onde brilham
as águas.
Após a
invasão e
conquista da
Península
Ibérica
pelos
romanos é
que
aconteceu
surgirem os
vários nomes
(Cova Julia
e Silia
Herminia) a
que as
lendas deram
notoriedade.
Os generais
romanos, por
razões
estratégicas
davam os
seus nomes
às regiões
por onde
passavam e
sobretudo
onde
assentavam
arraiais.
Temos assim
a Cova Plana
a mudar de
nome para
Cova Julia,
antes de
Cristo,
devido ao
facto de ser
Júlio César
o general,
comandante
das legiões
romanas, na
Península
Ibérica.
Em 41 depois
de Cristo,
há uma outra
alteração. O
nome de Cova
Julia
desaparece e
a região
passa a ser
conhecida
como Silia
Herminia,
devido ao
facto de o
general
romano, que
então
comandava as
legiões
romanas, se
chamar "Silius",
e ter, ali,
acampado
para dominar
os
lusitanos.
A Covilhã
encontra-se
situada na
vertente
oriental da
Serra da
Estrela a
cerca de 700
metros de
altitude.
Possui uma
localização
estratégica,
confinada
entre as
ribeiras da
Carpinteira
e da
Degoldra,
com
excelentes
pastos para
a criação de
gado ovino,
condições
essenciais
para a
manufactura
de panos.
Desde cedo
se
destacaram
na paisagem
azenhas,
moinhos de
pão, tintes
e tendas e,
posteriormente,
fábricas
transformando
a Covilhã no
maior centro
da indústria
têxtil do
País.
O topónimo
da Covilhã
estará
relacionado
com uma
lenda.
Segundo
esta, o
Conde
Julião,
governador
de Ceuta,
teria
permitido a
passagem dos
mouros, por
vingança,
pelo facto
da sua
filha,
Florinda, se
ter
enamorado
por Rodrigo,
o último rei
dos Godos.
Após a morte
deste, numa
batalha
contra
Tariq, esta
refugiou-se
nos Montes
Hermínios e,
pela sua
astúcia e
formosura,
mereceu o
respeito dos
mouros e o
nome de
Cova. Seria
o lugar da
Cova Juliana
ou
Covaliana,
donde
resulta o
nome da
Covilhã.
Há ainda
quem conte
que foram as
condições em
a Covilhã se
insere, com
zonas de
pastagens e
refúgio do
gado na
Serra da
Estrela que
lhe deram o
nome.
Inicialmente
conhecida
como o Covil
da Lã, hoje
denomina-se
Covilhã.
Fundão
(Concelho do
Distrito de
Castelo
Branco)

Situa-se
numa região
habitada
desde a mais
longínqua
antiguidade,
como se
deduz dos
muitos
vestígios
aqui
encontrados.
Vária
documentação
escrita
aponta-nos o
Fundão como
localidade
de certa
importância
já nos
inícios da
Nacionalidade.
Foi vila e
sede de
concelho
desde 1747.
Da época
quinhentista
conservam-se
várias
janelas e
portais
manuelinos.
Passou a
vila no
reinado de
D. João V,
alcançando
assim
autonomia
administrativa.
Tinha então
várias minas
de onde se
extraía
estanho em
abundância e
uma
importante
industria de
panos que no
tempo do
Marquês de
Pombal
adquiriu
grande
prestígio.
Após a queda
do Marquês,
a vila
entrou em
decadência.
Maia tarde,
as Invasões
francesas e
depois a
guerra civil
agravaram
esse
panorama.
A Fábrica
Real deixou
de funcionar
em 1821, e
em 1916 foi
restaurado e
ampliado o
edifício,
tendo-se
aqui
instalado os
órgãos
administrativos
do concelho,
que não
parou de
progredir ao
longo do
século XX.
Sobre a
origem do
nome,
Alfredo
Cunha
apresenta
uma
judiciosa
versão:
“Fundo, no
latim fundus,
é sinónimo
de herdade,
quinta,
casal, etc;
por
consequência,
uma herdade
ou quinta
grande pode
legitimamente
denominar-se
fundão,
aumentativo
de fundo.
Não sendo
assim,
poderá
designar-se
o dono ou
lavrador do
casal –
fundanus”.
Fundão
O Fundão
situa-se na
Cova da
Beira, no
sopé do
Monte de
S.Brás, um
ramo da
Serra da
Gardunha e é
sede de
concelho
desde 1746.
O Fundão
terá tido
origem num
castro
situado no
Monte de
S.Brás,
provavelmente
datado do 1º
milénio
a.C.. Os
vestígios
existentes
demonstram
que o castro
terá sido um
povoado
importante
da região,
estando
situado num
ponto
geo-estratégico
fundamental
para o
domínio da
Cova da
Beira.
Com a
chegada dos
romanos,
assiste-se a
uma
tendência
para trazer
as
populações
para a
planície e é
nesta altura
que o castro
terá
começado a
entrar em
declínio. A
população
terá
começado a
fixar-se na
zona mais
fértil e
amena onde
hoje se
situa o
Fundão,
sendo que na
zona da Rua
das Quintãs,
tradicionalmente
tida como a
rua mais
antiga do
Fundão,
foram
descobertos
vestígios
romanos
nomeadamente
cerâmicas
domésticas e
de
construção,
mós e
tijolos de
coluna,
indicadores
de que aqui
teria
existido uma
villa
romana.
Dentro do
perímetro
urbano do
Fundão
também
foram, no
Séc. XIX
descobertas
2 aras
votivas
dedicadas a
Vitória e a
Trebaruna,
respectivamente,
para além de
mais
recentemente,
se ter
também
descoberto
um epitáfio:
o Epitáfio
de Nepos.
Esta villa
estender-se-ia
desde a
actual Rua
das Quintãs
até ao sopé
do monte de
S.Brás, zona
onde aliás
foram
descobertos
diversos
materiais
entre os
quais se
destacam mós
manuais,
fragmentos
de terra
sigillata,
de tijoleira
e dollia,
fragmentos
de vasilhas,
bordos de
ollae,
cerâmica de
vários tipos
incluindo
decorada e a
de paredes
finas, um
fragmento de
lucerna, um
peso de
tear, um
tijolo de
coluna, uma
fornax e uma
espada.
O povoamento
terá então
evoluído em
torno desta
villa até à
Idade Média,
altura em
que terá
sido
reaproveitada
para
construção
de uma casa
senhorial
fortificada,
da qual
subsistem
alguns
merlões com
seteiras
descobertos
nos
escombros de
uma casa que
ruiu em
2002. Esta
casa poderá
ter sido
pertença de
Martim
Calvo, um
membro da
baixa
nobreza que
surge
referenciado
em documento
régio
envolvido
num litígio
de posse de
terras.
As primeiras
referências
ao nome de
Fundão
surgem em
documentos
de 1307,
depois nas
Inquirições
Dionisinas
de 9 de
Agosto de
1314
(descrevendo
a existência
de "32
casais nos
lugares do
Fundão e da
Levada") e
mais tarde
em 1320-21.
Até então
não existem
quaisquer
referências
a esse nome
nem sequer
no Foral da
Covilhã em
1186
Ao Fundão
terão
chegado
depois nos
Sécs XV e
XVI judeus
em fuga de
Espanha
devido ao
Édito dos
Reis
Católicos de
Espanha.
Este facto
terá dado ao
Fundão um
importante
impulso nas
áreas
comerciais e
financeiras
deixando
marca na
localidade.
Uma das ruas
emblemáticas
do Fundão, a
rua da Cale,
poderá ter
como
significado
o termo
hebraico que
define um
ponto de
encontro,
onde os
judeus se
encontrariam
para
praticar o
seu culto. A
antiga
sinagoga,
uma marca
evidente
dessa
presença, só
há
relativamente
pouco tempo
terá sido
demolida.
Uma prova
gritante da
importância
da
comunidade
judaica no
Fundão
aconteceu
quando em 22
de Novembro
de 1580, um
grupo de
populares
ousou
desafiar e
agredir os
representantes
da
Inquisição
que aqui
haviam sido
enviados com
o intuito de
prenderem
judeus e
cristãos
novos
importantes.
O último
judeu do
Fundão
faleceu em
Dezembro de
2003.
Tratava-se
de Moisés
Abrantes, o
"Joaquim
Judeu",
referenciado
no Livro de
Ouro de
Jerusalém,
que deixou
algumas
obras
escritas.
Entretanto e
com o passar
dos anos o
centro
cívico do
Fundão
começa a
deslocar-se
na direcção
da zona onde
se encontra
actualmente
a Câmara
Municipal.
Por ordem do
Marquês de
Pombal, é
criada a
Real Fábrica
de
Lanifícios e
para isso
construído o
edifício que
actualmente
alberga a
Câmara
Municipal,
embora com 2
pisos na sua
traça
original.
Actualmente,
com 3 pisos,
o edifício
tem no seu
topo o
campanário
do arruinado
Convento de
Santo
António,
situado em
monte
sobranceiro
ao Fundão.
Em 23 de
Dezembro de
1746, é
assinado
pela Rainha
D.Maria I o
alvará que
cria o
concelho do
Fundão, que
assim se
desliga do
concelho da
Covilhã. No
ano
seguinte, a
10 de Maio
de 1747, por
carta régia
de D.João V,
é confirmada
a criação do
concelho e
na mesma
ocasião, o
Fundão é
elevado a
vila.
Deve-se esta
elevação ao
Desembargador
José Vaz de
Carvalho
pela sua
acção junto
da corte.
O Fundão
viria
finalmente a
ser elevado
a cidade em
18 de Abril
de 1988,
juntamente
com Marinha
Grande
(Estremadura),
Montemor-o-Novo
(Alto
Alentejo) e
Vila Real de
Santo
António
(Algarve).
O topónimo
"Fundão"
Quanto ao
topónimo
"Fundão"
muito se tem
debatido
acerca da
sua origem
desde
teorias que
alegam que a
palavra
derivará do
aumentativo
do termo
latino
Fundus
(Herdade ou
Quinta) ou
Fundanus
(Quinteiro
ou Lavrador)
até outras
que
apresentam a
sua
localização
geográfica
como prova
evidente da
sua origem.
Diz o Prof.
Dr. José
Pedro
Machado na
página 192
da sua obra
"Palavras
acerca de
palavras",
"Não se
perdeu ainda
a noção da
origem do
topónimo,
porque todos
o empregam
com o
artigo: o
Fundão, vou
ao Fundão,
estive no
Fundão. Isto
justifica a
etimologia
geralmente
proposta e
seguida: o
substantivo
fundão
"local
situado no
fundo de
elevação;
depressão,
vale, cova,
precipício,
que continua
com bastante
uso".
Fontes:Jornal
do Fundão;
"Toponímia
do Fundão"
J.Salvado
Travassos,
1998;
"Fundão -
Elos de uma
história
milenar",
Héstia
Editora
2003;
Câmara
Municipal do
Fundão
-
www.cm-fundao.pt
A lenda da
Torre dos
Namorados
(Fundão)
Conta-se que
há muito
tempo atrás,
no local que
hoje é
conhecido
como o
centro da
Torre dos
Namorados
existia uma
cidade muito
povoada,
onde
abundava a
prosperidade
e a
felicidade.
A cidade era
governada
por um rei
muito
consciente
dos seus
deveres para
com os
súbditos.
Era dotado
de um
sentido de
justiça
apuradíssimo
e revelava
uma moral
inabalável e
incorrupta.
Muito
estimado
pela
população,
para este
governante,
a palavra
tinha um
valor
insubstituível
e, dizia-se
na altura,
"antes
preferia
morrer que
vergar".
Tinha o rei
uma filha
casadoira
que fazia
suspirar de
paixão os
mancebos da
cidade com
sua beleza
sem igual.
Ousadia para
pedir ao rei
a mão da
princesa
faltava a
quase todos
os jovens
apaixonados.
O seu perfil
de monarca
rígido e
moralista
fazia
adivinhar
que não
teria
escrúpulos
em mandar
para a forca
quem se
atrevesse a
cometer a
mais pequena
indelicadeza
ou ousasse
falar-lhe
sequer na
mão da real
filha.
Tempos
passaram e a
beleza da
princesa
cada vez era
maior.
Cabelos de
ouro e face
que parecia
irradiar a
luz do sol,
caracterizavam
a sua beleza
única. Certa
tarde de
Primavera,
dois jovens
mais ousados
e bêbados de
paixão
dirigem-se
corajosamente
ao palácio
real para
falarem com
sua
majestade a
fim de
obterem
consentimento
para casarem
com a jovem
princesa. O
rei
recebeu-os
com
dignidade
respeitando
os seus
sentimentos
de puro
amor.
Obviamente,
a sua filha
era única e
apenas um
podia ser o
eleito. Como
monarca
justo que
era e, tendo
a mesma
consideração
e estima
pelo
carácter e
amor sincero
dos seus
dois jovens
súbditos,
falou-lhes
nos
seguintes
termos:
«- Meus
caros
jovens: não
tenho
qualquer
dúvida que
qualquer um
de vós ama
perdidamente
a princesa e
poderá vir a
ser um
excelente
marido para
a minha
filha e um
melhor pai
para os meus
netos e
sucessores.
Contudo a
minha filha,
a quem
venero com
todo o meu
coração, é
única e vós
sois dois
pretendentes.
Se der a sua
mão a um de
vós estarei
a ser
injusto.
Entretanto a
cidade está
a ficar com
problemas de
abastecimento
de água à
população
que não pára
de crescer.
Por outro
lado, o
palácio não
tem uma
torre sólida
e funcional
que nos
possa por a
salvo em
caso de um
ataque
imprevisível
dos nossos
inimigos.
Eis as
tarefas que
vos
proponho: um
de vós deve
iniciar a
construção
de um
aqueduto
suficientemente
eficaz e
sofisticado
que resolva
os problemas
de
abastecimento
de água à
cidade. O
outro deve
empenhar-se
na
construção
de uma torre
tão sólida e
funcional
que este
reino nada
venha a
recear em
caso de
ataque e
cerco pelos
nossos
inimigos.
Começai os
trabalhos
amanhã ao
alvorecer. O
primeiro que
acabe a
tarefa que
lhe destino
terá a honra
de casar com
a minha
filha. Agora
ide e que
ganhe o
melhor!».
Posta a
situação
nestes
termos,
deram os
jovens por
bem empregue
o tempo e a
coragem de
que
dispuseram
para se
dirigir ao
palácio real
a pedir ao
rei a mão da
filha e, no
dia
seguinte,
puseram mãos
à obra.
Passaram-se
meses. As
obras de um
e outro
empreendimento
avançavam
com rapidez
e em breve
se
concluiriam.
No dia em
que
terminaram
era grande a
excitação,
quer da
corte, quer
da população
da cidade.
Todos se
dirigiram ao
centro da
cidade para
verificarem
qual dos
dois
mancebos
iria
desposar a
jovem
princesa.
Mas o dia,
que nascera
cinzento,
pouco
haveria de
clarificar.
Exactamente
ao mesmo
tempo em que
um jovem
colocava a
bica na
fonte
principal de
abastecimento
da cidade
que a partir
daí não mais
pararia de
jorrar, o
outro
acabava de
colocar a
última peça
de ouro no
pináculo de
uma
espectacular
e sólida
torre capaz
de defender
a cidade dos
maiores
ataques
inimigos.
Continuava
por apurar o
noivo da
bela
princesa. O
rei estava
estupefacto
e a sua face
ficou pálida
de amargura.
Não poderia
cumprir o
prometido. A
população
decidiu que
os dois
jovens
deviam
bater-se num
duelo de
espadas e o
que ficasse
sem se ferir
casaria com
a jovem.
Assim
fizeram, mas
as espadas
quebraram-se
ficando os
jovens sem
uma única
beliscadura.
Decididamente
parecia que
a princesa
teria de
permanecer
solteira e o
rei sem
poder
cumprir o
prometido.
Facto grave
e
intolerável
para o
monarca. É
que ninguém
como ele
tomava à
letra a
sentença:
"palavra de
rei não
volta
atrás".
Foi então
que, como um
trovão, se
ouviram as
seguintes
palavras
doídas que
saíram da
boca do rei:
“- Torre
feita, água
à porta;
filha de
el-rei
morta!”
A princesa
logo
percebeu que
nunca seria
rainha pois
estava
condenada à
morte pela
dureza da
sentença de
seu próprio
pai, montou
um cavalo e
fugiu em
direcção ao
Sul. De
pouco lhe
valeu.
Rapidamente
foi
capturada
pelos
soldados do
rei que aí
mesmo,
cumprindo ordens,
a mataram. O
lugar onde
teve lugar a
matança da
princesa
ficou
conhecido
por isso
mesmo: Mata
da Rainha.
Hoje é uma
freguesia do
concelho do
Fundão.
Idanha-a-Nova
– (Concelho
do Distrito
de Castelo
Branco)

Esta
povoação foi
fundada em
1187 por D.
Gualdim
Pais,
grão-mestre
da Ordem dos
Templários,
que nela
edificou um
castelo do
qual restam
algumas
ruínas. D.
Manuel l,
concedeu-lhe
foral em
1510. No
conjunto, a
vila
apresenta
uma
estrutura
antiga e
muitos são
os motivos
dos séculos
XVl, XVll e
XVlll que
ornam ruas e
casas. A
região foi
habitada
pelos
romanos, de
cuja
civilização
subsistem
vestígios.
Vila
empoleirada
a meia
encosta, a
346 metros
de altitude,
domina a
vasta
campina que
vai desde
Idanha o
Ladoeiro, ao
rio Aravil e
a Alcafozes.
Antigamente
se cultivava
muito linho
e Idanha era
conhecida
por terra de
cordoeiros.
A 18 Km,
situa-se
Idanha-a-Velha,
a Egitânia
romana, que
foi uma das
mais
opulentas
cidades da
Lusitânia e
que em 534
se tornou
cidade
episcopal.
Da sua
grandeza
passada
falam a
catedral e a
vastidão das
ruínas.
Fundada
pelos
Túrdulos em
500 a. C. ,
terá sido
destruída e
reedificada
pelos
romanos. Em
420 d.C. foi
pilhada e
incendiada
pelos
suevos. Os
visigodos
reconstruíram-na,
e em 534 foi
elevada a
cidade
episcopal.
Durante as
lutas da
Reconquista,
por estar
situada em
terreno
plano e
desprotegido,
várias vezes
foi
destruída e
reconstruída.
Os árabes
deram-lhe o
nome de
Idanha, e
desde 715
que os
bispos
residiam em
Penamacor.
Gualdim Pais
cercou-a de
muralhas,
mas como
foram
arrasadas
não se
fortificou
de novo. Os
reis
tentaram em
vão repovoar
a vila, que
mais parecia
uma povoação
maldita.
D. Sanchos
ll, pediu a
Inocêncio
ll, que
mudasse a
sede do
bispado para
a cidade da
Guarda. A
despovoação
final fez-se
quando uma
terrível
praga de
formigas a
assaltou
durante 100
anos, só
terminando
no reinado
de D. Manuel
l. Foi então
abandonada
por quase
todos os
moradores,
que se
fixaram em
Monsanto e
em
Idanha-a-Nova.
«Do “Domingo
Ilustrado”
(1860)»:
“Chamou-se
Idanha-a-Nova
em memória
de uma
cidade
antiquíssima,
sua vizinha,
que tendo
florescido
com o nome
de
Egiditania
no tempo dos
romanos, que
a fizeram
Município, e
no dos
godos, em
que foi sede
episcopal,
se achava
despovoada,
caída em
ruínas, e
convertida
em uma pobre
aldeia
apenas
decorada com
o título de
vila”.
Idanha-a-Nova
Vila sede de
concelho,
composto por
17
freguesias,
é o segundo
maior
concelho do
país, em
termos
geográficos.
As suas
origens
históricas
não se
conhecem com
precisão,
mas pensa-se
que a
construção
do Castelo,
em 1187, por
Gualdim Paes,
mestre da
Ordem do
Templo,
constitui um
marco
importante.
Em 1206, D.
Sancho I,
atribui-lha
o título de
vila e para
a distinguir
da antiga
Idanha-a-Velha
(Egiptânia),
denominou-a
de
Idanha-a-Nova.
A
administração
desta ficou
a cargo dos
Cavaleiros
Templários.
Com uma
campina
fértil foi,
em tempos,
conhecida
como o
celeiro da
Baira Baixa,
estanto
agora os
interesses
dos
Agricultores
virados para
outros tipos
de produções
(como o
tabaco, o
tomate, o
trigo,
etc...).
Contudo, um
dos aspectos
que não
passa
despercebido
a ninguém é
o facto de
em
Idanha-a-Nova
o
tradicional
e o moderno
coabitarem
em comum
harmonia.
Desde a
Igreja
Matriz, ao
palacete das
Palmeiras, à
Igreja da
Misericórdia,
as
importantes
casas
brasonadas e
solares, até
ao moderno
Centro
Cultural
Raiano, à
Biblioteca
Municipal,
Escola
Superior de
Gestão de
Idanha,
Complexo
Municipal de
Piscinas,
Centro de
Saúde e Casa
Multi-usos,
entre muitas
coisas mais.
Um dos
momentos
altos de
devoção
popular, do
concelho e
arredores,
ocorre no
segundo
Domingo após
a Páscoa,
continuando
no dia
seguinte
(Segunda-feira
– feriado
municipal),
em que se
celebra e
participa
entusiasticamente
na romaria
da Senhora
do Almortão.
Lendas
Consideradas
fruto de uma
mistura
entre factos
verídicos,
com a
superstição
e imaginário
popular, as
lendas fazem
parte das
histórias de
cada região.
São inúmeras
as lendas
que
predominam
por este
concelho,
sendo as
mais
conhecidas a
do Rei Wamba
(humilde
agricultor
eleito de
Deus para
rei dos
Visigodos)
de
Idanha-a-Velha,
a lenda do
cerco do
Castelo de
Monsanto
(após londa
data de
cerco da
vila pelos
Mouros, os
Monsantinos
decidiram
lançar uma
vitela, com
o estômago
cheio de
cereais, do
alto do
castelo
sobre os
invasores.
Convencidos
de tamanha
abundância,
os Mouros
levantaram o
cerco), a
lenda de S.
Pedro de
Vira Corça
(lugar de
Monsanto com
o mesmo
nome) em que
um frade
encontrou um
recém-nascido
abandonado
sendo
posteriormente
amamentado
por uma
corça
silvestre. A
lenda das
Mouras de
Penha Garcia
(que
guardavam um
tesouro na
gruta), da
raposa e do
sapo da
Zebreira,
das formigas
gigantes de
Idanha-a-Velha,
entre muitas
outras
curiosas e
interessantes.
Lenda da
Senhora do
Almortão
Um dia,
madrugada
ainda,
atravessavam
o campo pelo
sítio Água
Murta, para
o labor de
todos os
dias,
pastores e
ganhões.
Notaram
então que
numa mouta
de murteiras
grandes,
havia algo
de estranho.
Aproximaram-se
e viram uma
linda e
resplandecente
imagem da
Virgem.
Milagre!
Milagre!
Exclamaram,
ao mesmo
tempo que
caíram de
joelhos para
rezar.
Resolveram
então
conduzir a
Santa Imagem
para a
igreja de
Monsanto.
Mas Ela
desapareceu
pouco depois
e procurada
no local da
aparição lá
estava,
exactamente
no mesmo
sítio. E
sempre que a
procuravam,
ela lá
estava no
lugar da
aparição no
murtão.
E,
respeitadores
da vontade
bem expressa
da Senhora
os
habitantes
da vila
construíram
no local a
capelinha.
Lenda de
Santa
Catarina
Andava um
honrado
lavrador a
amanhar a
terra com
uma junta de
vacas no
sítio da
Antinha,
conta-se que
um dos
animais
morreu
repentinamente.
Aflito e
desgostoso
com a perda
de tão útil
como
necessário
animal
pôs-se o
lavrador a
chorar a sua
pouca sorte,
pois,
acabava de
perder o
"ganha-pão"
da sua
numerosa e
necessitada
família e
implorava,
por isso, o
auxílio
divino.
Apareceu-lhe
, então,
Santa
Catarina que
devolveu a
vida ao
animal e lhe
ordenou para
ir ao
povoado
contar o
sucedido e
dizer do seu
desejo que
naquele
preciso
local fosse
eriguida uma
capela em
sua honra,
mas com o
alpendre
voltado a
poente.
Acudiram os
habitantes a
satisfazer
prontamente
o pedido mas
virando o
alpendre a
nascente
como era
costume na
época,
pensando que
o lavrador
vidente se
havia
equivocado.
No dia
seguinte,
porta e
alpendre
estavam
caídas no
chão.
Refizeram a
obra
deixando na
mesma o
alpendre
dirigido a
nascente e
de novo ele
voltou a
ruir.
Convenceram-se,
então, os
habitantes
de que o
lavrador não
se havia
enganado e
executam a
obra segundo
as
indicações
recebidas.
E ainda hoje
podemos
apreciar a
capela com a
porta e o
alpendre
voltados a
poente e,
estamos
certos, a fé
dos
ladoeirenses
jamais
deixará cair
por terra
este pequeno
templo que
tanto
carinho e
estima
infunde ao
povo do
ladoeiro.
Lenda do
Penhor da
Justiça
Conta a
lenda que D.
Garcia,
alcaide do
Castelo de
Penha
Garcia,
raptou numa
noite
tempestuosa,
D. Branca,
figura de
rara beleza
filha do
poderoso
Governador
de Monsanto.
Passados
meses de
perseguição
implacável,
D. Garcia
acaba por
ser apanhado
nas encostas
da serrania
pelos homens
ao serviço
do
Governador.
Na época,
aventuras
deste género
eram punidas
com a pena
capital. No
entanto,
comovido
pelas
insistentes
lágrimas da
filha, foi a
D. Garcia
poupada a
vida e em
sua
substituição
condenado à
perda do
braço
esquerdo,
como penhor
de justiça.
A lendária
figura do
decepado
continua
ainda hoje
vigiando e
olhando do
alto das
torres, o
morro
sobranceiro
de Monsanto.
Lenda da
Cova da
Moura
Na margem
direita do
ribeiro das
Fontainhas,
que corre a
Poente da
freguesia,
existe um
grande
penedo.
Nele, devido
à acção da
erosão,
abre-se uma
pequena
gruta. O
povo de
Segura
chama-lhe a
Cova da
Moura.
Quem depois
do
pôr-do-sol
se aproximar
do penedo,
ouvirá, como
vinda de
muito longe,
do interior
da rocha ou
das
profundezas
da terra,
uma
guisalheira
infernal,
produzida
pelo som de
muitas e
diferentes
campainhas.
É o sinal do
aparecimento
do Moura.
E diz a
lenda, que
se o
curioso, que
a visitar
persistir em
descobrir o
segredo da
rocha, mesmo
depois de
ouvir a
guisalheira,
pagará com a
vida o
atrevimento,
porque a
Moura o
esmagará com
uma enorme
cacheira de
ferro.
O porquê
deste
proceder da
estranha
criatura,
que ao
contrário de
outras suas
irmãs
espalhadas
por todo o
Portugal,
prefere o
isolamento à
quebra do
feitiço,
ignora-o o
povo de
Segura que
embora
receie a
Moura do
penedo,
continua a
afirmar que
nenhuma há
mais bela ou
mais linda.
Oleiros –
(Concelho do
Distrito de
Castelo
Branco)

O primeiro
foral
foi-lhe
concedido em
1323, por D.
Mem
Gonçalves,
prior da
Ordem do
Hospital,
que a
mandara
povoar. D.
Manuel l,
outorgou-lhe
novo foral
em 1513.
Situado em
plena serra,
apresenta
este
Concelho um
clima de
tipo
continental,
podendo os
naturais e
os
visitantes
deslumbrar-se
no Inverno
com a neve
que
frequentemente
cobre com
alvo manto
as imensas
matas de
eucaliptos e
pinheiros,
outrora
região de
castanheiros;
também de
tecedeiras.
Oleiros foi
terra que
viveu
profundamente
isolada nos
requebros da
serra onde
se acoita.
Possui uma
igreja
matriz
manuelina,
cujas
colunas se
diz oriundas
do mosteiro
que os
Templários
fundaram a 5
Km, do local
que ainda
hoje mantém
esse nome.
A vila
acha-se
rodeada por
quatro
colinas, e
no alto de
cada uma
ergue-se a
sua capela:
Espírito
Santo, São
Sebastião,
Santa
Margarida e
Nossa
Senhora das
Candeias.
O isolamento
de Oleiros
permitiu-lhe
manter
costumes
curiosos. É
um dos
poucos
locais da
Beira, por
exemplo,
onde ainda
se festeja o
Maio. No dia
de São João
toda a água
é santa,
pelo que
nesse dia se
regam as
hortas e
lavam os
gados.
Assim, tudo
fica
benzido.
Interessante
são os
lagares de
azeite,
artesanais,
que existem
em grande
abundância;
os lagares
de varas,
quase uma
relíquia
histórica,
funcionam
ainda nesta
região.
«Do “Arquivo
Nacional –
direcção de
Rocha
Martins
(1936)» .”
Esta vila
foi comenda
do priorado
do Crato e
encontra-se
num alto
donde se
divisa, no
sopé, um rio
do mesmo
nome,
correndo
mansamente,
numa
carícia.
Tomou o seu
nome do
vocábulo
espanhol
olleiro,
segundo
certos
escritores,
que quer
dizer
nascente de
água, e como
no sítio
onde estava
edificada
ali brotava
preciosa
linfa, o
nome da
fonte
transportou-se
à terra, o
qual,
corrompendo-se,
deu
Oleiros”.
Penamacor –
(Concelho do
Distrito de
Castelo
Branco)

Centro de
uma região
habitada por
romanos,
godos e
árabes,
recebeu o
seu primeiro
foral em
1209,
concedido
por D.
Sancho l,
que a mandou
repovoar e a
fortificou,
tornando-a
uma
importantíssima
praça de
guerra. D.
Afonso ll
confirmaria
este foral
em 1217.
Novo foral
lhe foi
outorgado
por D.
Manuel l, em
1510.
Penamacor, é
vila de
tradições,
onde o
passado e o
presente se
fundem,
passagens do
tempo
cravadas de
admiração
pela
simplicidade
e
amabilidade
de suas
gentes,
cujas formas
culturais e
sociais se
reflectem na
deliciosa
gastronomia
que o
concelho
oferece a
todos
aqueles que
o visitem.
A vila de
Penamacor,
fortificada
por Gualdim
Pais, foi
uma praça de
guerra
medieval de
grande valor
devido à sua
situação
fronteiriça.
Como o
Município se
encontrava
muito
exposto a
ataques
leoneses, D.
Sancho l,
pensou ser
urgente e
importante
implantar
naquele
lugar um
baluarte de
defesa.
Por isso,
concedeu aos
moradores de
Penamacor um
foral
determinando
que o
encarregado
da defesa
fosse o
pretor ou
alcaide e
que todas as
casas de
habitação
tivessem o
mesmo foro.
Apesar de a
população
municipal se
compor de
peões e
cavaleiros
(vilãos),
ambos tinham
privilégios
internos
semelhantes.
«De “O
Concelho de
Penamacor,
na História,
na Tradição
e na Lenda”
do Prof.
José Manuel
Landeiro
(Vila Nova
de Famalicão
– 1938)»:
“Também são
inúmeras as
conjecturas
ou hipóteses
sobre a
origem desta
vila.
Dizem uns,
que nesta
povoação,
viveu um
célebre
salteador,
de nome
Macor. Tinha
ele o seu
abrigo numa
caverna a
que davam,
como ao
Monte, o
nome de
Penha (com a
adulteração
dos tempos,
Pena),
ficando este
lugar
conhecido
por Penha de
Macor ou
Pena Macor.
Outros,
porém, dizem
que tendo
havido uma
grande luta
entre os
seus
habitantes e
salteadores,
o sangue que
correu em
abundância
das feridas
das vítimas,
era de cor
negra – de
má cor –
ficando
sendo
conhecida
por Penha de
má cor.
Dizem,
ainda,
outros que
neste termo
havia duas
povoações,
ambas
situadas em
montes, Pena
do Garcia e
Pena Maior
(Penamacor).
Esta Penha
tinha o
título de
Maior,
palavra que
os antigos
pronunciavam,
à
castelhana,
Magor e que
como
decorrer dos
tempos, deu
Macor.
É isto o que
a tradição
nos diz, a
respeito da
origem do
nome de
Penamacor,
nome que em
documentos
antigos
vemos
escrito sob
a forma de
Pena Macor.
Mas é mais
provável
que, devido
ao prefixo
PEN
(elevação),
Penamacor
seja de
origem
céltica”.
Penamacor
As origens
de Penamacor
estão
envoltas na
bruma dos
tempos,
pouco ou
quase nada
se
conhecendo a
esse
respeito.
Só a partir
do reinado
de D. Sancho
I é que a
história de
Penamacor se
define com
alguma
clareza.
Dizem alguns
ter sido
esta vila
pátria do
rei Wamba, o
famoso rei
dos Godos
que governou
a península
desde 672
até 682. D.
Sancho I,
conquistou
Penamacor
aos Mouros e
reconstruiu-a.
Deu-lhe
foral em
1189 e
entregou-a
aos
Templários
na figura do
mestre D.
Gualdim
Pais, que a
fortificou.
O nome desta
vila,
segundo uma
das lendas,
terá origem
num célebre
bandido, que
aqui terá
habitado, de
nome Macôr.
Segundo
dizem, este
salteador
vivia numa
caverna a
que davam o
nome de
Penha. Com o
passar dos
tempos, o
nome
adulterou-se
e passou a
chamar-se
Pena,
ficando
assim a
terra a ser
conhecida
por Penha de
Macôr ou
Pena Macôr.
Segundo
outra versão
uma luta
feroz entre
os seus
habitantes e
salteadores
originou
tanto
derramamento
de sangue e
de tão má
cor, que a
vila ficou a
ser
conhecida
por Penha de
má cor.
Ainda outra
refere, que
nesta zona
existiam
duas
povoações,
ambas
localizadas
em montes,
Pena de
Garcia e
Pena Maior.
Com a
adulteração
da pronúncia
Castelhana,
Magor passou
a ser Macor,
dando origem
a Pena Macor.
Seja qual
for a origem
do nome, o
certo é que
representa
uma das
vilas mais
bonitas e
castiças do
País.
O
desenvolvimento
da vila, nos
finais do
século XII,
deve-se à
necessidade
de protecção
da fronteira
portuguesa,
pelo que foi
construído
um grande
castelo, de
que ainda
hoje restam
vestígios,
considerado
monumento
nacional.
Proença-a-Nova
– (Concelho
do Distrito
de Castelo
Branco)

Teve foral
em 1244
concedido
por Frei
Rodrigo
Egídio,
prior da
Ordem do
Hospital. Em
1512, D.
Manuel l,
outorgou-lhe
foral novo,
no qual se
consigna que
a designação
da povoação
– Cortiçada
– passará a
ser
Proença-a-Nova.
«Segundo,
Xavier
Fernandes em
Topónimos e
Gentílicos
(1944)»: “O
nome Proença
parece ter
chegado até
nós
directamente
do provençal
Proensa (em
francês,
Provence),
mas a sua
origem
remota
encontra-se
no latim
Província, a
Província
Romana, na
Gália, isto
é, a
Provença”.
Proença-a-Nova
Proença-a-Nova
é uma vila
de grande
antiguidade,
fazendo-se
remontar aos
tempos da
dominação
Romana.
Alguns
achados
arqueológicos
e a
existência
de inúmeros
topónimos de
indubitável
filiação
latina,
característica
dos tempos
de expansão,
corroboram
esta
asserção.
Chamaram-lhe
Cortiçada,
nos seus
primeiros
anos, nome
que só no
séc. XVI foi
definitivamente
abandonado
em favor do
actual,
talvez
relacionado
com a
abundante
produção de
cortiça ou,
mesmo, pelo
elevado
número de
colmeias
(cortiços)
que, em
tempos,
foram de
grande
importância
na região. O
topónimo
Proença, por
seu turno,
suscita
maiores
dúvidas. Até
à data do
seu primeiro
foral, pouco
se sabe
sobre a vila
de Proença e
o seu
Concelho,
mas crê-se
que os seus
habitantes
se
dedicariam
essencialmente
à
pastorícia,
fazendo-se a
agricultura
nas terras
baixas,
férteis e de
fácil
irrigação. A
caça, então
abundante e
variada,
constituiria
outro dos
mais
importantes
meios de
subsistência.
A povoação
terá
evoluído
pouco
significativamente
até ser
doada aos
Monges da
Ordem do
Hospital.
Estes,
colaborando
com os
primeiros
Reis no
esforço do
repovoamento
e
estabilização
das
populações
nos locais
mais ricos e
de maior
importância
estratégica,
adoptaram
diversas
medidas,
desde a
criação e
defesa de
novas
terras, até
à concessão
de forais
portadores
de regalias
de vária
ordem,
àquelas que
o
justificassem.
E foi assim
que, em
1244, o
Prior de
Hospital,
Frei Rodrigo
Egídio deu a
Proença o
primeiro
foral,
documento de
grande
importância,
no seu
tempo,
estabelecendo
as linhas
gerais de
conduta a
seguir pelos
seus
habitantes,
ao mesmo
tempo que
garantia a
defesa dos
seus
direitos.
(...) Este
foral foi
reformado em
detrimento
do "Foral
Novo" dado a
Proença,
pelo Rei D.
Manuel I em
1512. (...)
Após a
extinção da
Casa do
Infantado em
1834,
Proença
passou,
então, para
o Distrito
de Santarém
e, em
Novembro do
ano
seguinte,
para o de
Castelo
Branco, onde
se manteve
até aos
nossos dias.
(...)
(...) Em
meados do
séc. XIX a
área do
concelho
conheceu
sucessivas
alterações a
par com os
horrores das
invasões
Francesas,
depois as
lutas
liberais, a
só a partir
de 1884
Proença
começa a
desenvolver
e a criar
estruturas
de grande
importância
como as vias
de
comunicação
e a
instrução
pública."
In
"Monografia
do Concelho
de
Proença-a-Nova"
-
Pe. Manuel
Alves
Catarino
Proença-a-Nova
- História e
Lendas
Lenda da
Cortiçada:
Nos tempos
em que
existia em
Proença - a
– Nova
grande
quantidade
de cortiça,
decidiram os
seus
habitantes
fazer uma
torre que os
levasse até
à lua.
Escolheram o
local de
Oliveirinhas
da Serra e
foram
empilhando
cortiços
sobre
cortiços.
Tempos
depois, já
só faltava
um cortiço
pelo que
decidiram
percorrer o
concelho
para o
encontrar,
não o
conseguindo.
Depois de
muito
pensar,
disse um
deles
entusiasmados:
- Já sei,
tiramos o
cortiço do
fundo!
Assim
fizeram, o
que
originou,
logicamente,
a queda de
toda a
torre.
Gritou então
o que estava
no cimo da
pilha:
- Eh,
rapazes, aí
vai a
cortiçada a
caminho da
Sobreira!
Ficaram
então os de
Proença
conhecidos
como
Cortiçolas e
os da
Sobreira por
Cascorros
(que,
diz-se, é a
parte pior
da cortiça).
Lenda de S.
Gens
O S. Gens
foi
encontrado
ao pé de uma
ribeira
perto do
Espinho
Grande.
Depois as
pessoas
daquela
aldeia
construíram
uma Igreja e
meteram o S.
Gens nela,
mas ele
foi-se
embora.
Depois as
pessoas
construíram
uma Igreja
nova num
sítio alto.
Eles puseram
o S. Gens na
Igreja e ele
de lá já não
foi embora.
A Lenda da
Sobreira
Formosa:
Terra
beirã de
muitos
encantos, à
qual está
ligada D.
Constança
Sanches,
filha
bastarda de
D. Sancho I.
Em 1 de
Junho de
1510 D.
Manuel I
concedeu-lhe
o foral.
Certo
dia, um
homem que
passava
junto da
terra ao ver
três belas
donzelas à
sombra de
uma Sobreira
ficou
encantado
com tamanha
beleza, ao
qual disse
que eram
muito
Formosas.
Viria a
repetir essa
afirmação
que passou a
definir o
nome da
terra, como
Sobreira
Formosa.
Lenda da
Buraca da
Moura:
Existia
uma moura
que morava
numa enorme
Buraca no
Chão do
Galego.
Era aqui
que os
pastores
falaram com
ela. Quando
se penteava
perguntava-lhes
o que era
mais bonito,
se o cabelo
dela ou o
ouro. Se
eles
respondessem
que era o
ouro ela
ficava
zangada e
não lhes
dava nada.
Ela
vivia na
Buraca, mas
tinha um
forno, ela
tinha uma
Buraca e uma
eirinha onde
ela
espalhava o
ouro.
Por
baixo havia
um
subterrâneo
com um
corredor que
utilizava
para ir
buscar água.
Ninguém
conheceu o
fim dela.
Sertã –
(Concelho do
Distrito de
Castelo
Branco)

Pertenceu
aos
Templários
de 1165 a
1174, data
em que D.
Afonso
Henriques a
doou à Ordem
do Hospital.
D. Manuel l,
outorgou-lhe
foral novo
em 1513.
Banhada
pelas
ribeiras da
Sertã e de
Amioso, a
Sertã tinha
uma posição
quase
inexpugnável
a nascente e
de difícil
acesso a sul
e a poente.
Por isso, os
lusitanos
ergueram
aqui um
castelo que,
segundo a
lenda, foi
atacado
pelos
romanos
ainda antes
de estar
concluído.
Os
assaltantes
conseguiram
forçar uma
porta, na
defesa da
qual pereceu
um nobre
lusitano. A
mulher
deste,
enfurecida,
terá saído
de casa com
uma sertã
cheia de
azeite a
ferver e,
ameaçando os
inimigos,
conseguiu
fazê-los
recuar,
permitindo
que
novamente se
fechasse a
porta e
assim se
salvasse o
castelo.
«Segundo,
Xavier
Fernandes em
Topónimos e
Gentílicos
(1944)»: “A
estas
versões
todas mais
ou menos
inverosímeis,
pode
acrescentar-se
a conhecida
lenda local,
que deu
origem à
legenda
Sartago
hostes
sartagine
Sternit, que
ainda hoje
se exibe nas
armas da
vila. Conta
essa lenda
que Celinda,
esposa do
guarda do
castelo, se
achava
fritando
ovos, quando
os romanos
investiram
contra o
mesmo
castelo;
exasperadamente
por lhe
haverem dito
que o marido
havia já
morto pelos
inimigos,
correu com a
frigideira
ou sertã
cheia de
ovos e
azeite
fervente,
acometendo
com tal
ímpeto os
invasores do
castelo, que
os fez
recuar !
Daqui nasceu
a versão de
que o
topónimo
Sertã teve a
sua origem
no nome do
conhecido
utensílio de
cozinha,
que, segundo
a lenda,
serviu de
arma de
combate”.
Lenda da
fundação da
Sertã:
Segundo
a lenda, o
castelo da
Sertã terá
sido
edificado
por Sertório
(uma figura
histórica),
um militar
romano, que
fora exilado
por razões
políticas.
Veio para a
península
Ibérica por
volta do ano
80 a.C. e
aliou-se aos
Lusitanos.
Sertório foi
traído e
assassinado
durante um
banquete por
Perpena um
lugar-tenente
a soldo de
Roma. A
Lusitânia
ficou então
sob domínio
romano.
Nas
lutas
ocorridas na
conquista da
Lusitânia,
houve um
ataque
romano ao
castelo,
durante o
qual o chefe
do castelo
pereceu. Sua
mulher,
Celinda, ao
saber da
notícia,
dando conta
que o
inimigo
chegava às
muralhas,
subiu às
ameias com
uma enorme
sertã ou
sertage (uma
frigideira
quadrada)
cheia de
azeite a
ferver na
qual fritava
ovos. Lançou
o azeite
fervente
sobre os
invasores
que foram
obrigados a
recuar. Deu
assim tempo
que
chegassem
reforços dos
lugares mais
próximos.
Foi assim
que o nome
de Sertã foi
dado ao
lugar.
A data
provável da
edificação
do castelo é
no entanto o
século X.
Segundo
algumas
fontes, D.
Henrique
teria
ordenado a
reedificação
da vila e
castelo em
1111. Esta
informação é
possivelmente
um erro: uma
confusão com
a vila de
Sátão, que
efecftivamete
recebeu uma
carta de
aforamento
assinada por
D. Henrique
naquele ano.
A
primeira
intervenção
real em
relação à
Sertã
ocorreu com
D. Afonso
Henriques
que doou à
Ordem dos
Templários a
terra
limitada
pelo rio
Tejo e o rio
Zêzere. A
posse da
Sertã pelo
Templo
demorou
apenas entre
1165 e 1174,
já que neste
ano o
primeiro rei
português
transferiu-a
para as mãos
da Ordem do
Hospital.
Nos
inícios do
século XVII,
o castelo
construído
no século X
ainda se
encontrava
em boas
condições,
embora não
tivesse a
mesma
utilidade de
alguns
século
antes. Mas,
no final do
século
seguinte a
fortaleza
encontrava-se
completamente
arruinada.
A Sertã
recebeu
foral de D.
Manuel I em
1513. Era já
então um
concelho de
relativa
importância,
já que os
seus
representantes
tinham
assento nas
Cortes.
Nesta
altura, a
vila
pertencia à
Ordem de
Malta, Em
1665, a vila
passou para
a Casa do
Infantado,
que
assimilou os
rendimentos
do
Grão-Mestrado
da velha
Ordem de
Malta.
Vila de Rei
– (Concelho
do Distrito
de Castelo
Branco)

A imponência
da Serra de
Melriça que
culmina a
529 metros
de altitude,
no centro
geodésico de
Portugal,
situa-se
Vila de Rei.
«De, Xavier
Fernandes em
Topónimos e
Gentílicos
(1944)»:
“Parece,
embora não
possamos
afirmá-lo,
que o
topónimo
recorda
qualquer
facto
sucedido no
tempo de D.
Dinis, cuja
esposa, a
Rainha Santa
Isabel, lá
esteve um
dia, na sua
missão
pacificadora”.
«Da Grande
Enciclopédia
Portuguesa e
Brasileira»:
“Quanto ao
topónimo
Vila de Rei,
a sua
interpretação,
ou, melhor,
a sua
cronologia
oferece
dificuldades,
porque não é
de todo
certo que a
designação
da
colonização
do tempo de
D. Dinis,
ou, mais
rigorosamente,
concessão da
carta de
foral à
actual vila
por aquele
monarca.
Parece que
nesta altura
já se deva
ao local tal
designação,
a qual, por
isso, mostra
a existência
de uma
povoação,
ou, melhor,
uma “villa”
agrária
povoada nos
inícios da
Nacionalidade
pela coroa e
por isso,
como
reguenga,
dirá “vila
de rei”.
É curioso
reparar que
as actas,
sem dúvida,
apócrifas,
das famosas
Cortes de
Lamego (que
se têm como
falsas)
citam o
concelho de
Vila de Rei
como um dos
que enviaram
procuradores
à assembleia
de Almacave
dessa cidade
em 1143,
facto que,
ainda sob o
signo da
verdade de
tais cortes,
à primeira
vista só
muito
dificilmente
podia
respeitar-lhe,
dada a
denominação
arábica de
Santarém,
que devia
estender-se
aqui.
Todavia nem
o concelho
parece
fundação de
D. Dinis,
nem a terra
no tempo
deste rei
despovoada
ou sequer
mal povoada,
para o que
pode
apresentar-se
uma
circunstância
decisiva,
pois que
constitui um
resultado da
riqueza
local: é o
grande dote
da Igreja de
Santa Maria
de Vila de
Rei, em
tempo de D.
Dinis, que
deu o foral
à vila e
esse dote é
índice, em
regra ou sem
excepção do
progresso
local sem
embargo de
que se trata
de uma
paróquia que
correspondia
à totalidade
pelo menos
do actual
concelho, a
única
primitivamente
existente
nele …”.
Vila de Rei
Comunidades:
Brasileiros
convidados a
morar no
concelho de
Vila de Rei
Publicado em
26-01-2006
Tema:
Notícias
"A
presidente
da Câmara de
Vila de Rei,
Irene
Barata, quer
fixar no
concelho,
até 2008,
cerca de 250
brasileiros,
oriundos de
Maringá. A
notícia
alertou os
inspectores
do Serviço
de
Estrangeiros
e Fronteiras
(SEF), que
garantem
estar
atentos ao
desenrolar
da situação
e vão
lembrando
que a lei é
para todos
cumprirem.
Indiferente
às vozes
contrárias
que se
levantam,
Irene Barata
(PSD)
pretende
começar a
inverter o
problema da
desertificação
"importando"
mão-de-obra
qualificada
para «áreas
onde o
concelho
está
claramente
deficitário».
Estes
estrangeiros
têm lugar
assegurado
em
equipamentos
de apoio à
terceira
idade ainda
em
construção.
A ideia, que
resulta duma
geminação
com a cidade
de Maringá,
consiste em
fixar
famílias com
filhos em
todo o
concelho.
Segundo
apurou o JN,
inspectores
do SEF de
Castelo
Branco
pediram uma
reunião com
a autarca,
onde esta
terá
explicado as
razões desta
iniciativa.
Salientando
"não haver
privilégios
na lei" para
os
habitantes
de cidades
estrangeiras
geminadas
com
localidades
portuguesas,
fonte do SEF
explicou que
este
processo "é
desencadeado
pela
autarquia,
mas carece
sempre de
consulta
prévia por
parte dos
Serviços de
Estrangeiros".
A avançar-se
com esta
contratação,
a Câmara tem
pela frente
um moroso
processo
burocrático.
"A lei tem
de ser
cumprida
independentemente
de ser uma
autarquia ou
uma empresa
qualquer a
contratar
trabalhadores
estrangeiros",
assegurou
fonte do SEF.
Irene Barata
não tem medo
do tempo e
revela que o
processo,
relativo as
primeiras
pessoas,
está a
seguir os
trâmites
normais. Com
alguma
segurança
afirma que
"as famílias
virão por
três anos
com
possibilidade
de outros
três". Findo
esse
período,
"conforme
estipula a
lei, poderão
optar pela
dupla
nacionalidade".
A aposta
estratégica
do executivo
assenta num
crescimento
exponencial,
em dois
anos, nos
instrumentos
de apoio à
terceira
idade. Na
sede do
concelho vai
nascer, de
iniciativa
privada, um
centro de
lazer e bem
estar, com
300 camas,
estando o
início da
construção
previsto
para Março
próximo.
Em fase mais
adiantada,
nas
freguesias
de São João
do Peso e
Milreu,
estão as
obras de
dois lares,
cada um com
capacidade
para 70
utentes.
Neste caso
os
equipamentos
serão
geridos por
Instituições
Particulares
de
Solidariedade
Social (IPSS).
No total das
três obras,
o
investimento
previsto
ronda os
seis milhões
de euros e
abrangerá
440 camas.
Para o
normal
funcionamento
destes
espaços, são
precisas 280
pessoas que,
segundo
Irene
Barata, "o
concelho não
tem". Será
pois para
cuidar dos
idosos, e
não para a
construção
dos lares"
que virão os
brasileiros,
assegura.
"O próprio
processo de
selecção de
candidatos
está a ser
liderado, no
Brasil, pela
prefeitura
de Maringá",
explicou, ao
JN, a
autarca,
revelando
que no
próximo mês
"chegam
quatro
casais com
filhos em
idade
escolar".
Serão cerca
de 16
pessoas (os
adultos irão
trabalhar no
lar de São
João do
Peso), que
vão ficar
alojadas
numa antiga
escola
primária, em
processo de
reconstrução.
Na
freguesia,
cada vez
mais vazia
de pessoas,
a iniciativa
até é
encarada com
algum
optimismo.
No café do
centro,
Vítor Pires
acena
afirmativamente:
"Se não
vierem
outras
pessoas,
sangue novo
para aqui,
daqui a
pouco está
tudo vazio".
A opinião é
corroborada
por alguns
habitantes.
Na sede do
concelho,
Vila de Rei,
a opinião
geral não é
muito
diferente,
mas o
projecto
começa a
encontrar
alguma
resistência.
"Se os
portugueses
já não têm
muito para
fazer,
porque não
há empregos,
como é que
se podem
trazer
estrangeiros?",
questiona
Felismina
Gaspar.
Um problema
que não
preocupa
Irene
Barata, já
que segundo
diz "aqui
não há
desemprego".
A autarca
defende a
criação de
postos de
trabalho
"apenas para
pessoas que
se queiram
fixar no
concelho. A
mais valia
não passa
por recrutar
mão-de -
obra
nacional em
concelhos
vizinhos,
porque as
pessoas, por
salários
baixos, não
mudam para
cá a sua
residência",
salienta
Irene
Barata.
Todos os
brasileiros
irão receber
cursos de
geriatria
ministrados
pelo
Instituto de
Emprego e
Formação
Profissional.
Geminação de
sucesso com
Leiria
Foi graças à
forte
comunidade
portuguesa
existente em
Maringá,
especialmente
de um grupo
. oriundo da
região de
Leiria, que
se iniciaram
os primeiros
contactos
entre a
Câmara
Municipal de
Leiria e a
cidade
brasileira.
Segundo a
autarquia,
as acções
iniciais
incidiram
sobretudo na
área
comercial,
tendo sido
preponderante
o trabalho
desenvolvido
pela
Associação
Comercial e
Industrial
de Maringá,
cujos
dirigentes
de então,
sendo
portugueses,
privilegiaram
estes
contactos.
A geminação
concretizasse
em 1982 e
deu-se então
um outro
passo
importante
na união
destas duas
cidades. A
vertente
cultural
começa
também a ser
valorizada,
com a
digressão
por
Portugal,
apoiada pela
Câmara de
Leiria, do
Rancho
Folclórico
"Os
Lusíadas",
do Centro
Português de
Maringá.
Depois de um
hiato de
oito anos
nesta
relação, -
"devido a
opções
políticas
dos
dirigentes
brasileiros
, assegura a
autarquia no
seu site -,
o
relacionamento
entre Leiria
e Maringá
foi reatado
em Novembro
passado.
Uma comitiva
deslocou-se
à cidade do
Lis e
participou
em diversos
eventos,
destacando-se
uma
exposição
"de grande
abrangência
na área
sócio-económica",
conta a
Câmara. A
Praça
Rodrigues
Lobo, em
pleno
coração da
cidade,
recebeu,
durante essa
visita, dois
desfiles de
moda, que
mostraram
aos
leirienses a
capacidade
da cidade de
Maringá na
confecção de
vestuário."
Alexandra
Serôdio -
Jornal de
Notícias
Vila Velha
de Ródão –
(Concelho do
Distrito de
Castelo
Branco)

“Esta vila é
indubitavelmente
muito
antiga, mas
não há
história que
dê razão da
sua
história.
Entendem
alguns
antiquários
que a
palavra
RÓDÃO vem
de Rodium ,
antiquíssima
cidade
romana.
No artigo
Redinha
narramos o
que os
antigos
acreditavam
com respeito
a Herodes,
um dos
verdugos do
drama do
Calvário.
Pois também
em Vila
Velha de
Ródão existe
uma lenda
equivalente,
baseada nos
dizeres da
parte ll da
Monarquia
Lusitana.
Na parte
propriamente
histórica,
nada temos a
objectar.
Todos nos
dizem que
Herodes
Antipas ll
foi deposto
por Caio
Calígua, e
toda a gente
letrada sebe
que esse foi
o Herodes
déspota,
inimigo de
Cristo, e
degolador de
João
Baptista. Um
tigre, o
terrível
déspota. E
que
repugnante
vida a sua !
Tinha ele
uma filha
tão formosa
quanto
pervertida.
Herodias se
chamava.
Concebeu ela
uma paixão
sensual por
João
Baptista, e
empregou
todos os
meios de
sedução, que
baldados
foram. O
mancebo,
cuja
religião,
princípios
de moral,
tradições
pátrias e
natureza
honesta eram
radicalmente
divergentes
da disso
lutacriatura,
repeliu as
tentativas
luxuriosas
da bela
cortesã.
Jurou ela
perdê-lo.
Herodes
Antipas
ardia em
encestuosos
desejos e
fazia
grandes
esforços
para lhe
obter as
boas graças
e as torpes
condescências.
Herodes
encontrou
portanto o
suspirado
meio de
vingança.
Certa noite,
no mais
vergonhoso
cúmulo de
uma orgia,
Herodes
rojava-se
aos pés da
filha,
devorando de
infamíssima
febre de
possuir
aquelas
carnes
resplandecentes
de mocidade
e formosura.
A devassa
sorriu e
quando lhe
proponha que
exigisse o
que quisesse
em troca dos
seus
favores, ela
exigiu-lhe
que lhe
mandasse
apresentar a
cabeça de
João
Baptista.
Poucas horas
depois
estava feita
a sua
vontade. Um
escravo
oferecia-lhe
a bela
cabeça do
mancebo, em
uma salva de
prata.
Desapossado
dos seus
estados,
Herodes
Antipa ll
passou para
a espanha,
mas nem
Josefo nem
Adão
Vieneuse,
nem Morales,
nem Niceforo
Laymundo
Ortega nos
declaram o
nome das
povoações
onde viveu o
réprobo e a
sua
incestuosa
companheira.
Este último
e tão
celebrado
escritor,
apenas diz:
“Herodes,
fugindo da
face de
Deus, viveu
em Terragona,
em Mérida e
foi
torpemente
assassinado
em uma
cidade ou
povoação
lusitana,
chamada
RHODIO”.
Dá-se,
porém, a
complicada
circunstância
de haver em
Portugal,
antiga
Lusitânia,
várias
povoações
com o nome
de RÓDÃO , e
muitas
quintas e
casais
denominados
RODA.
Em Vila
Velha de
Ródão há um
jogo que
dizem ser a
sepultura do
tal Herodes.
Outras
terras dirão
o mesmo,
pelo menos
todas as que
têm o nome
desta. Não
faz mal
...”.
(Arquivo
História
Pátria –
1902).
“E no
próprio nome
se mostra
que o local
era já
habitado em
tempos muito
antigos. No
mesmo
Dicionário
de Bento
Pereira,
citado
anteriormente,
lê-se que
Rodiu-ii (Rodium
?) designou
RÓDÃO,
CIDADE
ANTIGA DE
Portugal,
mas nenhum
elemento
elucidativo
conseguimos
obter, nem
sequer a
localização
dessa
suposta
cidade
antiga, o
que faz
prevalecer a
dúvida sobre
a origem do
mesmo nome”.
(Dr. Xavier
Fernandes –
1944).
Vila Velha
de Ródão,
tem o rio
Tejo a seus
pés, num
quadro de
extraordinária
beleza e
singularidade.
A Vila
olha-o
diariamente,
num ritual
de revelação
estética e
frescura.
Para melhor
admirar a
inesquecível
panorâmica,
passeis até
às
majestosas
Portas do
Ródão, onde
o ri
estreita,
investindo
contra as
rochas, que
o acariciam
na passagem.
As suas
ígremes
margens
cobrem-se de
oliveiras,
acentuando a
atmosfera
bucólica que
se respira
no local.
Igual
referência
merece o
património
histórico da
velha vila.
A única
torre do
antigo
Castelo, em
avançado
estado de
degradação,
é sinal da
ocupação
remota do
povoado. No
cume da
serra onde
ela se
ergue, perto
da Ermida de
Nossa
Senhora,
disfruta-se
também um
deslumbrante
horizonte
sobre o rio
e montes
circundantes.
No seio da
vila
levantam-se
monumentos
de grande
expressão
arquitectónicas.
A igreja
matriz
pertenceu à
Ordem dos
Templários
e, depois à
Ordem de
cristo. O
discreto
portal
granítico da
frontaria
esconde um
interior de
três naves e
pilares de
secção
circular,
bem ao
estilo
seiscentista.
Antes de
visitar as
povoações de
Monte de
Famaco,
Vilas Ruivas
e Foz do
Enxarrique,
importantes
centros
arqueológicos
do
paleólitico,
tome nota do
pelourinho
gótico, que
no seu corpo
tem
esculpidos o
brasão e as
armas da
Vila.
A sede do
concelho de
Vila Velha
de Ródão
está
desdobrada
em dois
aglomerados
populacionais:
a vila
propriamente
dita, que
sobe pela
serra do
Perdigão, e
Porto do
Tejo, que
nasceu do
tráfego
fluvial
anterior à
construção
da ponte e
depois se
desenvolveu
ao longo da
estrada.
A navegação
no rio era
muito
importante.
Os barcos
portugueses
subiam o
Tejo até
Alcântara,
negociando
com minério
de ferro,
madeira,
cortiça,
azeite,
vinho, sal e
lã.
Os rebanhos
que vinham
de
transumância
no serra da
Estrela e se
dirigiam
para o
Alentejo
atravessavam
o rio numa
barca e
chegavam a
levar dois
ou três dias
para passar.
A construção
do caminho
de ferro e
da ponte
ligando as
duas
margens, em
1888, acabou
com a
navegação no
local, que
passou a ser
apenas
frequentado
pelos
pescadores,
que
apanhavam
peixe
abundante e
saboroso,
como barbo,
boga,
enguia,
sável ,etc.
Hoje as
águas estão
muito
poluídas,
mas ainda se
faz na
região uma
sopa de
peixe que os
entendedores
consideram
das mais
saborosas de
Portugal.
Do Castelo
restam
apenas as
ruínas da
velha
medieval
rodense,
construída
talvez pelo
Templários.
Conserva a
de menagem,
que, embora
muito
arruinada,
preserva
duas
entaipadas
seteiras
abertas nos
muros e uma
ilegível
inscrição
gótica
embebida, a
grande
altura, na
face sul,
sob uma
fresta e
acima do
portal. Por
todo o
monte,
chamado da
Torre Velha,
divisam-se
vestígios de
fortificações
e
estruturas.
O Tejo ainda
há pouco que
entrou em
Portugal.
Não existe
estrada que
o acompanhe
de fronteira
com a
Espanha até
Vila Velha
de Ródão,
que sabemos
que a
distância
percorrida
pelo rio
desde a
barragem de
Cedillo
(Espanha),
que divide
os dois
países, até
à vila não
vai muito
além dos 15
quilómetros.
Eis-nos
então em
Vila Velha
de Ródão,
uma das
muitas vilas
que nasceram
viradas para
o Tejo.
É necessário
subir a uma
alta colina
debruçada
sobre o rio
para ver o
pouco que
resta do
castelo de
Vila Velha
de Ródão. A
sua origem
remonta ao
início da
nacionalidade
e poucos são
os dados que
existem
sobre o seu
passado e
arquitectura.
As
informações
existentes
fazem pensar
que terá
sido
construída
no reinado
de D. Afonso
Henriques,
depois
daquelas
terras terem
sido doadas
`Ordem dos
Templários,
que ficaram
com a
obrigação de
cosntruirem
um castelo
para defesa
do Tejo.
Em 1191, D,
Sancho l
acrescentou
a esta
doação a
herdade de
Açafa, onde
estava
incluída a
Vila velhas
de Ródão.
Tudo indica
que foi já
na vigência
do mestre D.
Lopo
Fernandes
que se
concluiram
as obras do
castelo que
compreendia
para além
deste, uma
torre de
menagem com
a forma de
um trapézio
e uma
muralha a
envolver
todo o
conjunto.
Porém, desta
fortificação
só restam
vestígios da
torre de
menagem.
Resta-nos
imaginar
como seria
este
castelo,
senhor de
uma ampla
vista sobre
o Tejo que
prossegue o
seu caminho
até à foz.
As povoações
desta região
da Beira
baixa vivem,
na sua maior
parte,
predominantemente
da
agricultura,
embora em
muitas,
sobretudo
junto ao
Tejo, o modo
de vida
tenha sido
profundamente
alterado nas
últimas
décadas pela
introdução
de várias
indústrias.
Nas zonas
rurais, a
indústria
tradicional,
que
funcionava
apenas
alguns meses
por ano, era
a dos
lagares de
azeite. No
entanto, nos
concelhos de
Mação e de
Vila Velha
de Ródão
essa cultura
nunca foi
explorada em
grande
extensão. Os
vastos
olivais que
se debruçam
sobre o Tejo
e se
prolongam
pelas
encostas e
vales, desde
Porto do
tejo até
Mação, onde
actualmente
confinam com
o pinhal,
foram
plantados
apenas nos
últimos anos
do século
XlX.
Para
proteger as
oliveiras e
as fixar à
terra,
evitando os
danos das
enxurradas,
foram
pacientemente
construídas
centenas de
pequenos
muros,
destinados a
segurar a
terra nas
encostas.
A criação de
novas
indústrias
tem sido um
factor
importante
no
desenvolvimento
local e tem
contribuído
bastante
para a
fixação das
populações,
devido à
criação de
muitos
postos de
trabalho.
Nos lagares,
após a
extracção do
azeite,
obtém-se o
bagaço de
azeitona,
que é
utilizado em
rações para
animais e
como
matéria-prima
para a
obtenção de
óleos
pesados.
Também há na
região
fábricas de
conserva de
azeitona.
A maior
fábrica
destes
sítios é a
da Celulose
do Tejo, que
utiliza
madeiras
provenientes
de outras
regiões e
movimenta
muitas
centenas de
pessoas.
Antigamente,
havia na
região do
pinhal
diversas
oficinas
artesanais
que tratavam
as resinas e
fabricavam
aguarrás e
pez-louro,
mas
actualmente
já não
existe
nenhuma.
A
proximidade
de um grande
rio
determinou a
localização
nas suas
margens de
unidades
transformadoras,
para as
quais era
indispensáveis
a presença
da água.
Nestas
condições,
temos ainda
as Barragens
do Fratel e
de Belver e
a grande
Fábrica de
Destilação
de Resinas
de Ortiga.
Nos últimos
anos
surgiram
aqui
diversas
indústrias
pequenas,
sobretudo
unidades de
criação de
gado suíno e
aviários,
mas há
também
fábricas de
confecções,
diversas
serrações de
madeira,
etc.
Como
complemento
deste
esforço
empreendedor,
estão a ser
abertas
algumas
estradas que
permitam
mais fáceis
acessos e
melhores
possibilidades
de
comunicação
com outros
centro.
Vila Velha
de Ródão
RODAM -
UMA
HISTÓRIA
MILENAR
LOCAL DE
ENCONTRO DE
POVOS
RODAM E O
SEU TEJO,
ANTES DA
HISTÓRIA
Nem sempre o
leito do
Tejo
correspondeu
ao que hoje
lhe
conhecemos.
Há muitos
milénios, as
suas águas
cobriram
esta vasta
região
espraiando-se
até à Serra
das
Talhadas. A
acção
erosiva das
águas deu
origem a
duas
gargantas
que hoje
chamamos
"Portas de
Ródão e
"Vale
Mourão".
É de
salientar a
quantidade
de pedras
roliças - "conhos"
- que se
foram
depositando
na margem
esquerda, a
jusante das
Portas de
Ródão. A
enormidade
destas
cascalheiras,
pela sua
beleza
natural,
pelo seu
colorido e
pelo
testemunho
natural que
representam,
são dignas
de ser
admiradas.
Estão
votadas ao
abandono,
acontecendo
que alguns
industriais
menos
sensíveis às
belezas
naturais,
as vão
destruindo,
para as
transformar
em brita.
(É pena que
as Câmaras
Municipais
de Nisa e
Vila Velha
de Ródão
ainda não se
tenham
apercebido
da beleza
natural ali
patente,
para
promoção
turística da
região).
A PRESENÇA
DO HOMEM
PRÉ-HISTÓRICO
A nível
arqueológico,
Vila Velha
de Ródão, é
um dos
concelhos da
Beira
Interior
mais
explorados e
estudados
por
especialistas
da
pré-história.
A carta
arqueológica
do concelho
apresenta-se
bastante
rica.
A presença
do rio Tejo
e da extensa
rede
hidrográfica
de afluentes
a ele
ligados,
parece-nos
ter extrema
importância
para
explicar a
presença do
Homem nesta
região,
desde tempos
muito
recuados.
Até há bem
pouco tempo,
quase tudo
desconhecíamos
da presença
do homem
pré-histórico
nos
territórios
ribeirinhos
do Tejo, a
montante de
Abrantes.
Porém, a
partir dos
inícios dos
anos 70,
este
panorama
alterou-se
por completo
com os
trabalhos
efectuados
no concelho
de Vila
Velha de
Ródão. O
rio, afinal,
desde que
devidamente
prospectado,
não podia
deixar de
revelar-se
como um
"universo"
privilegiado
para a
presença ou
passagem do
Homem.
Primeiro
surgiu o
mais
extraordinário
complexo de
Arte
Rupestre do
país,
engolido
pelas águas
da barragem
de Fratel.
Depois foi a
descoberta
das marcas
das
comunidades
de caçadores
do
Paleolítico,
ao longo das
antigas
margens do
Tejo.
Foi graças
aos
trabalhos do
Grupo de
Estudos do
Paleolítico
Português,
na região,
que o
Paleolítico
de Ródão é
hoje
representado
por uma
vasta
colecção de
artefactos
líticos, de
idades e
culturas
diferentes,
provenientes
de várias
estações
localizadas
essencialmente
na área de
Vila Velha
de Ródão.
Entre as
mais
importantes
contam-se :
- "Monte do
Famaco",
estação do
Paleolítico
Inferior,
possívelmente
uma grande
oficina ao
ar livre, um
local de
habitat
provisório.
- "Vilas
Ruivas",
Paleolítico
Médio,
trata-se de
um
acampamento,
com
estruturas
de habitat
organizadas
e com
utensilagem
inserida no
complexo
técnico
Mustiero-Levalloisence.
- "Foz do
Enxarrique",
Paleolítico
Médio-Superior,
é uma
estação que
se tem
revelado
particularmente
importante,
não só
porque já se
detectou um
solo de
ocupação
humana e uma
indústria
lítica muito
rica,
produzida no
local, como
também pela
recolha de
restos
faunísticos
bastante
representativos:
grandes
mamíferos,
entre os
quais o
cavalo, o
auroque, o
elefante, o
veado e
pequenos
mamíferos,
tais como,
pássaros e
peixes.
Quanto aos
testemunhos
do período
Neolítico/Calcolítico,
eles estão
intimamente
relacionados
com o
Megalitismo.
Inicialmente
detectado e
parcialmente
estudado por
Francisco
Tavares
Proença
Júnior, o
fenómeno
Megalítico
tem sido nos
últimos
vinte anos,
atentamente
prospectado
e
inventariado
pelos
membros do
Núcleo
Regional de
Investigação
Arqueológica
- A.E.A.T.
Conhecem-se,
desta zona,
várias
dezenas de
monumentos
megalíticos,
vulgarmente
designadas
por Antas,
que são
geralmente
pequenas
construções
de câmara
poligonal e
corredor,
com aparelho
de xisto.
Estes
monumentos
apresentam-se
em precário
estado,
alguns deles
quase
completamente
destruídos.
O espólio
destas Antas
é
considerado
pobre em
relação ao
de outras
regiões
(nomeadamente
ao vizinho
Baixo
Alentejo).
Os povoados
do período
que
consideramos
são muito
poucos no
aro
concelhio de
Ródão e o
mais
importante
é, sem
dúvida, o
povoado da
Charneca de
Fratel já
escavado e
estudado.
Por fim,
temos a
considerar
as estações
de Arte
Rupestre do
Vale Tejo,
que se
situam em
ambas as
margens do
rio Tejo e
seus
principais
afluentes (
Ocreza e
Sever ). A
datação
destas
figuras
levanta
dúvidas aos
estudiosos
mas pensa-se
que abrangem
um período
vasto, desde
o
Paleolítico
à Idade do
Ferro. A
maior parte
delas
encontra-se
submersa
desde a
construção
da barragem
de Fratel
(1974),
sendo
actualmente
visíveis
apenas
pequenos
núcleos (o
de S. Simão,
em Perais, e
outro a
jusante da
barragem de
Fratel,
perto da
linha de
caminho de
ferro).
Poucos
vestígios
nos
aparecem, no
nosso
concelho,
tipicamente
datáveis do
período do
Bronze-Ferro.
Para além
das gravuras
em forma de
ferradura
(motivo
cronologicamente
situável na
Idade do
Ferro), que
nos aparecem
nas
freguesias
de Perais e
Sarnadas,
temos
somente dois
povoados que
atribuímos a
este período
- os
Castelinhos
de Perais e
o Castelejo
do Tostão -
com algumas
interrogações,
e ainda a
estação de
superfície
da Fraga, em
Sarnadas de
Ródão.
ÉPOCA
ROMANA.
Da época
Romana os
vestígios
encontrados
são de maior
monta.
Apesar
disso, a
pobreza dos
materiais é
uma
constante.
As quatro
estações
mais
importantes
- para além
da magnífica
barragem em
terra, da
Represa da
Lameira, em
Perais, caso
único na
Europa - são
a da
Revelada, a
da Fonte dos
Piolhos, a
do Açafal e
do
Salgueiral,
encontrando-se
todas por
escavar e
estudar.
A cerca de
1km da
estação da
Revelada
situa-se a
Buraca da
Moura, mina
de Cobre,
cuja
exploração
alguns
remontam a
esta época.
Outros
julgam ser
de origem
mais
recente,
atribuindo-lhe
como época
de
actividade
os séc. XV/XVI.
Esta mina,
está situada
ao lado da
Ponte de
Caminho de
Ferro (Ponte
de São
Pedro). Em
1973, um
grupo de
professores,
entre os
quais o
signatário
destes
apontamentos,
entrou
dentro da
galeria,
semi-obstruída
e verificou
que a mina
estava
escorada com
madeira que
se presumia
(pelo menos
aparentemente)
não ter uma
origem tão
remota.
Em finais
dos anos 70,
um inverno
chuvoso fez
abater a
entrada da
mina,
ficando
fechada para
sempre.
Hoje,
exactamente
sobre a
entrada,
passa a
estrada que
dá acesso a
Porto do
Tejo.
DOCUMENTAÇÃO
HISTÓRICA
I
Parece
inútil
procurar
qualquer
documento
histórico
anterior ao
século XII,
sobre o
território
do actual
concelho.
Não se lhe
conhece
foral, o que
não
significa
que este não
tenha
existido.
Deve-se crer
que os
Templários,
que aforavam
quantos
castelos
possuíam,
com os seus
termos, nos
séculos XII
e XIII,
também
tivessem
dado foral a
Açafa ou
Ródão,
perdendo-se
dele
memória, o
que não
surpreende
numa vila e
concelho que
é dos mais
escassos em
documentação
histórica,
no nosso
país.
Deve-se tal
facto a dois
acontecimentos
ocorridos
entre 1840 e
1900 : o
incêndio dos
Paços do
Concelho (em
1846), onde
existia uma
documentação
rica do
passado de
Ródão e a
extinção do
Concelho
(1896), com
a
consecutiva
retirada de
documentos
para o
arquivo
Distrital,
pois a
restauração
do mesmo só
ocorre em 13
de Janeiro
de 1898.
Poderá haver
alguma
documentação
no Arquivo
da Câmara
Eclesiástica
da Guarda, e
nos Arquivos
do Paço de
Castelo
Branco, em
virtude
destas
paróquias
terem,
pertencido
sucessivamente
àquelas
dioceses até
que esta
última foi
extinta,
passando
depois para
a diocese de
Portalegre.
A doação de
um
território
que inclui o
do actual
concelho ,
feita entre
1115 e 1118,
prova que
esta região
pertencia ao
Condado
Portucalense,
já desde o
tempo de D.
Teresa.
O documento
mais antigo
que menciona
a região de
Ródão data
do ano 1186.
Trata-se do
Foral da
Covilhã.
Este foral,
concedido
pelo rei D.
Sancho I,
menciona a
região das
Portas de
Ródão como o
limite sul
daquele
concelho e
refere a
necessidade
de
estabilizar
as
fronteiras e
desenvolver
económicamente
uma área tão
escassamente
povoada.
Em 1199,
este monarca
concedeu,
em paga dos
bons
serviços
prestados
pelos
Templários,
a região da Açafa, ao
Mestre do
Templo, D.
Lopo
Fernandes.
Era esta
Herdade uma
vastidão de
terras a
confrontar
com o termo
da Idanha,
já em posse
dos
Templários,
indo de lá,
até ao
ribeiro de
Figueiró e
rio Ocreza,
com passagem
por Vila
Velha de
Ródão.
O território
dos
Templários é
agora
alargado
para o sul e
leste,
ocupando uma
vastidão
territorial
que vai
desde o
ribeiro do
Figueiró,
Anta da
Milriça, em
Castelo de
Vide,
Portagem (a
sul de
Marvão),
Igreja de Nª
Sª de
Manjarretes,
ainda
existente,
junto ao
convento de
S. Pedro de
Alcântara,
já em
Espanha
(hoje
restaurante),
ribeira
David,
(junto a
Valência de
Alcântara),
castelo de
Terrón (em
São
Vicente),
mosteiro de
Palante, em
ruínas,
(perto de
Solarino),
Rio Salor e
daqui até ao
Tejo, frente
ao rio Erges.
Convém
recordar
que, nesta
época, toda
aquela área
pertencia ao
domínio da
coroa
portuguesa.
Quanto aos
limites, a
sul do
Tejo, da
Herdade da
Açafa, doada
aos
Templários,
muito se tem
escrito, por
gentes de
muito saber,
mas também
muitas
imprecisões
se têm
cometido,
certamente
pelo facto
de os seus
autores não
conhecerem,
ou pelo
menos, não
terem
visitado, in
loco, as
referências
de limite,
apontadas no
documento de
doação. É o
caso de
Alexandre
Herculano e
de Mário Saa
que
confundiram
o castelo de
Terrom com o
castelo de
Nisa,
Palantre ou
Alpalantre
com Alpalhão,
Mongaret com
Alegrete,
ribeira
David com
rio Sever...
Eis os
termos da
dita doação:
"...
Partitur
enim ultra
Tagum per
Focem de
Figueyroo,
quomodo
intrat in
Tagum,
deinde
intrat ad
rostrum de
Merlica et
vadit ad
Mongaret
deinde ad
Cimalias de
Aqua de
Vida, deinde
ad Castellum
de Terrom
quomodo
vadit ad
Monasterium
de Palantri
deinde ad
semederium
de Benfayam,
deinde ad
Portum de
Mola de
Salor,
quomodo
vertuntur
aquae de
Tagum"
Faltam-nos
documentos
que
acompanhem a
evolução
jurídico-administrativa
do
território
da Açafa, a
partir
daquela
doação e da
sua
transformação
no concelho
de Vila
Velha de
Ródão.
A existência
do
pelourinho
Manuelino
confirma, no
entanto, a
autonomia
municipal
que,
seguramente,
esta vila
conquistou
posteriormente
ao século
XIII. A sua
área era de
grande
importância
como ponto
estratégico
na
delimitação
das
fronteiras
cristãs face
aos
muçulmanos e
na garantia
da liberdade
de navegação
do Tejo,
empresa
atribuída
aos
Templários,
assim como
para o
povoamento
da região da
Beira. Daí a
necessidade
de
edificação
de castelos
como o de
Almourol e
das Portas
de Ródão que
teria sido
fundado
(provavelmente)
por
D.Gualdim
Pais.
No "Numeramento
do Reino" de
1527, não
nos aparecem
indicações
sobre o
número de
habitantes
de Vila
Velha de
Ródão,
apesar de se
lhe fazer
referência
como limite
das comarcas
da Beira e
de
Entre-Tejo e
Guadiana.
Em 1708, a
Vila era "vigararia"
da Ordem de
Cristo,
comenda do
conde de
Atouguia e
contava
apenas 160
fogos.
II
Em 1758, o
Marquês de
Pombal
enviou ao
Bispo da
Guarda um
inquérito
para que
este o
distribuísse
por todos os
párocos da
sua diocese.
Tivemos
acesso a
este
inquérito do
qual
extraímos
alguns
dados, com
data de
Abril de
1758:
"Tem esta
fregusia de
Vila Velha
de Ródam 172
fogos e 438
fregueses.
Alem da
sede, tem
esta
freguesia os
lugares
seguintes:
Gaviam, com
50 vezinhos;
Tavilla, 7;
Val de
Cabram, 5;
Foz de
Cabram, 9;
Cham das
Cervas, 6;
Monte
Queimado, 1;
Sarnadinhas,
8; Alvaiade,
13; Sereijal,
5; Tostam,
6; Cocherre,
3;
Serrasqueiras,
10; Coutada,
15; Val de
Pouzadas, 7;
Perais, 14;
Casa
Honrada, 1.
O pároco é
colado e tem
de renda 32
mil réis em
dinheiro e
78 alqueires
de trigo e
78 alqueires
de senteio.
Tem as
seguintes
ermidas: Sam
Pedro,
dentro da
villa; Sam
Sebastiam e
Espírito
Santo, junto
à mesma
villa;
Senhora do
Castello, da
Alagada e
Senhora da
Graça, nos
limites.
À Senhora do
Castello
acodem
vários
romeiros
todos os
anos no dia
último de
Agosto e
fazem novena
até dia 8 de
Setembro".
Censo da
freguesia de
Vila Velha
de Ródão:
O pároco, em
1758,
atribuiu-lhe
172 fogos e
438
habitantes.
O censo de
1864
atribuiu-lhe
355 fogos e
1.454
habitantes e
o de 1878
deu-lhe 430
fogos e
1.652
habitantes.
Censo do
concelho de
Vila Velha
de Ródão:
Em 1708, o
concelho
compreendia
já as mesmas
4 freguesias
de hoje -
Vila Velha
de Ródão,
Alfrívida
(actualmente
Perais),
Sarnadasde
Ródão e
Fratel - com
um total de
560 fogos.
Pelo
recenseamento
de 1878,
contava 1323
fogos e
5.233
habitantes.
O censo de
1940
atribuiu-lhe
9.693
habitantes.
Actualmente
(em 2003)
está em
acentuado
decréscimo,
sendo a
população
inferior a
4.700
habitantes.
Para além da
estratégica
posição de
defesa que
ocupava, a
importância
de Ródão
advém do
Porto do
Tejo que
dava
passagem a
uma estrada
comercial e
pastoril
fundamental
para o
desenvolvimento
das regiões
da Beira
Baixa e
Alentejo. O
gado
atravessava-a
em direcção
aos pastos
estivais da
Serra da
Estrela e
inverniços
do Alentejo.
A travessia
do Tejo era
feita
através de
uma ponte de
barcas, até
à construção
da ponte
metálica em
1888.
O tráfego
fluvial foi
muito activo
até à
construção
do
caminho-de-ferro,
em 1885-93,
que o
substituiu.
A
construção
da ponte
metálica e
do
caminho-de-ferro
contribuíram
decisivamente
para o
desenvolvimento
deste
concelho,
comprovado
pelo aumento
da sua
população,
que se
verificou
até meados
do século
passado. A
partir daí,
tem-se
verificado
um
decrescimento
da
população,
de tal
maneira
acentuado
que se torna
alarmante.
Trabalho e pesquisa de
Carlos Leite Ribeiro –
Marinha Grande -
Portugal
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