
Prefácio de “As Horas do Destino”
Ao terminar de ler, atentamente,
“As Horas do Destino”, de Carlos
Leite Ribeiro, uma pergunta ocupou
minha mente: “Podem os laços
estabelecidos entre Portugal e
Brasil, desde o Descobrimento,
permanecer até esta data imbricados
como liames a unir duas pátrias,
como se o passado não houvesse
passado?
Responder a esta pergunta foi o que
me propus ao tentar desincumbir-me
desta honorável missão passada pelo
autor de prefaciar sua obra.
Carlos Leite Ribeiro não se contenta
em ser apenas e tão somente um
cidadão português formado em
História e Geografia, nem tampouco
pode-se qualifica-lo como um
Jornalista que viva preocupado em
construir notícias para retratar o
mundo. Carlos vai além. Ele continua
sua faina de estudante de História e
Geografia que o tornou um incansável
pesquisador destas duas vertentes
que fazem a evolução do mundo e da
humanidade que, às vezes perdida,
como num deserto, caminha na
construção deste mundo que Deus
houve por bem coloca-la. Com sua
formação de jornalismo, Carlos une a
Humanidade, a Geografia e a
História, e as retrata, como ele
mesmo o diz em “Atos e Fatos, não só
Palavras”.
Seus trabalhos tem, portanto, disto
tudo um pouco, pouco bastante para
ser muito e muito bastante para ser
completo a quem deles usufrui.
Apaixonado pelo Brasil, Carlos
procura dar o máximo de si não
apenas nos trabalhos que faz sobre
nosso país, a outrora colônia
portuguesa e Reino Unido de Brasil
Portugal e Algarves, como também
busca imprimir este sentimento
latente em seu âmago de que um país
é a mais pura e fiel continuidade do
outro, sangue do mesmo sangue, em
que pese a incontestável vocação que
temos de aqui albergar oriundis de
inúmeras plagas deste planeta.
Não foi diferente em “As Horas do
Destino”, um romance que enlaça
personagens daqui e de lá, de lá e
de cá, lugares de um e de outro
país, que se fundem na obra como se
tudo passasse na esquina que une
estas duas pátrias.
De um tempo a conquista, a vitória
do amor, o cumpadrismo da
fraternidade entre os personagens
das duas terras, enquanto o amor
tecia o “happy-end” ao construir, do
avesso ao direito, os sonhos e
aspirações de uma jovem com o
renascer da vida de um amargo
fidalgo traído pelo destino. A outro
tempo, um lado da moeda que parecia
haver sido esquecido e que é
surpeendentemente resgatado ao fim
da narrativa, como se o fio da meada
houvesse sido encontrado. Uma outra
história da mesma história que se
propõe a colocar, de novo,
personagens dos dois países
construindo, por sobre o trágico, o
perdão e a tentativa de remissão de
um arrependimento tardio, numa
faceta de romance policial cujo
“happy-end” é assaz surpreendente..
Em meio a este amalgamamento de
sonhos, aspirações, e porque não
frustrações, o destino marca as
horas no palco das vidas que compõem
a história. Ou seriam histórias?
Para deixar sua marca indelével de
historiógrafo e geógrafo, as notas
históricas se imiscuem, em meio à
narrativa, situando cada leitor, no
tempo devido e no espaço geográfico
preciso em que os atos e os fatos
acontecem.
As notas históricas e geográficas
levam-me, inclusive, à ousadia de
registrar uma curiosidade, já que o
destino, em horas amargas, maculou
parte da história de um dos sítios
do romance: A Florianópolis, ilha do
sul do Brasil, que tomou este nome
graças à história contada sempre
pelos vitoriosos. De Desterro, como
era conhecida, Florianópolis serviu
de túmulo às tiranias aqui mandadas
executar pelo déspota Floriano
Peixoto e uns poucos seguidores, os
eternos coniventes do poder, que às
suas forças se uniram. De fato, o
nome foi uma homenagem destes
adesistas a este Senhor, que para cá
mandou suas tropas ao fim do século
XIX para implantar a barbárie
violando mulheres, prendendo
inocentes e mandando fuzilar filhos
das famílias mais tradicionais da
ilha, na chacina a que os submeteram
nas Fortalezas de Santo Antônio dos
Ratones e Santa Cruz do Anhatomirim.
Triste fim para muitos de nossos
heróis que se opunham à Floriano ou
para outros, que sequer militavam
politicamente, mas que foram
perseguidos pela vilania da denúncia
infundada.
Inserida esta minha ousada
intromissão, volto a deliciar-me com
o texto onde, tenho certeza, muitos
também saberão proveitosamente
faze-lo. E, isto posto, respondo-me
à questão que suscitei no início:
Podem sim, os laços destas duas
pátrias irmãs, permanecerem enliados
ainda hoje, seja na literatura, seja
na ciência, na religiosidade do
povo, na paz, no coração destemido e
sentimental, seja no fado ou no
samba, seja, ainda, na herança comum
que sempre nos fará herdeiros de D.
Afonso Henriques ora, pois!.
Eu, pelo menos, penso assim. Já
Carlos...Bem, Carlos faz assim!
Florianópolis / Blumenau, Junho de
2008.
Luiz Eduardo Caminha

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Criação e Arte Final Capa Livro "As Horas do Destino":
Iara
Melo