AS AVENTURAS DO TICO -

o coelhinho branco"



Trabalho original de Carlos Leite Ribeiro (1977 - para Radiodifusão)



Vocês conhecem o coelhinho Tico ?... já sei que o não conhecem, mas eu vou apresentá-lo :

É um coelhinho branco, de olhos vermelhos, muito bonzinho, muito meiguinho e muito fofinho.
Como todos os meninos (e meninas),é muito teimoso e traquinas, o que por vezes lhe causa problemas. É muito sociável, e por isso tem muitos amigos. Mas, como acontece quase sempre, também alguns não gostam dele, e até nem se importariam de o devorar.
papá do Tico é o Coelho Malhado e a mamã a Coelha Amarela...
A tarde estava quase no fim, quando o Tico afastou-se dos companheiros que continuavam a brincar naquela clareira do Pinhal do Rei.
Tinha sede e ia beber água a um ribeiro que passava perto, quando foi apanhado por um homem ainda novo, que há muito o procurava. O pobre Tico estava perdido ...
Foi então que se lembrou das recomendações que os papás lhe tinham dito, quando foi pedir-lhes que o deixassem ir brincar com os seus amigos, o Pardal Saltitante, a Abelha Listada e a Perdiz Rasteira :"...Tico, nunca te afastes dos teus amigos !"- tinham-no aconselhado os papás.
Tinha desobedecido às recomendações deles e agora sofria as consequências. Estava perdido !
Quando se sentiu agarrado pelo homem, soltou um agudo grito, o qual foi ouvido pelo seu amigo, o Pardal Saltitante,que logo levantou voo para ir ver o que se estava a passar. Foi então que viu o TICO - o nosso coelhinho branco, preso nas mãos do homem.
Logo deu o alarme : "Amigos...o Tico foi apanhado !!! ...o Tico foi apanhado por um homem que o vai matar !... Temos que ir em seu socorro !!!".
Logo os amiguinhos do Tico rodearam o homem, e, em pedidos lamentosos começaram a pedir-lhe : "Senhor homem, por favor largue o Tico !...não faça mal ao nosso querido amiguinho !...".
Mas o homem nem os quis ouvir; com um sorriso triunfante, continuou a segurar o coelhinho pelas patas traseiras, e, assim pendurado, aproximava-se cada vez mais e mais da orla do Pinhal do Rei, e perto da casa que habitava.
Entretanto, a Abelha Listada tinha desaparecido, e ninguém sabia para onde ela tinha ido.
Os amigos continuavam a rodear e a implorar ao homem que deixasse o Tico em paz. Mas este, orgulhoso do seu feito, sorria e não lhes ligava nenhuma. Tudo estava perdido para o Tico.
Mas...
Nesse momento apareceu a Abelha Listada à frente de um numeroso enxame de abelhas que, sem demora, logo começaram a atacar o homem. Eram milhares e milhares de abelhas !
Ferroada aqui, ferroada acolá, e o homem, até aí tão forte, tão orgulhoso e tão vaidoso, teve de fugir a bom fugir, largando o TICO que caiu inimado no chão. Mas estava salvo !
Enquanto o homem procurava fugir ao ataque das abelhas, refugiando-se em sua casa, chegou ao local um bando de pardais que logo pegaram no Tico e o transportaram até à clareira do Pinhal do Rei, onde habitualmente brincavam.
Desta vez, felizmente, tudo acabou em bem ...

Mas fica o aviso a todos os meninos (e meninas) :

NUNCA DESOBEDEÇAM AOS VOSSOS PAPÁS E NUNCA SE AFASTEM DOS VOSSOS COMPANHEIROS!!!

 


 
As Aventuras do Tico (02) – Carlos Leite Ribeiro

 


O Tico é uma coelhinho branco, de olhos vermelhos, muito bonzinho, muito meiguinho e muito fofinho.
Como todos os meninos (e meninas) é muito teimoso e traquinas, o que por vezes causa problemas. É muito sociável, por isso tem muitos amigos. Mas como acontece quase sempre, também alguns não gostam muito dele e, até nem se importariam de o devorar.
Papá do Tico é o Coelho Malhado e a mamã a Coelha Amarela.
 
Como habitualmente, os papás do Tico, iam todas as manhãs procurar comida, por vezes longe da sua toca. Antes de se afastarem, nunca se esqueciam de avisar o seu pequeno, filhote para não se afastar muito da toca onde viviam, pois, nessa época do ano, aparecem por vezes muitos fogos.
O Tico até os ouvia com atenção, mas a tentação pela brincadeira era tanta que não conseguia arranjar forças para resistir. E assim, naquele dia, depois dos papás terem saído, foi brincar com os companheiros para o local habitual, desobedecendo às ordens dos seus progenitores.
Já na clareira, a Toupeira Bigodaça abeirou-se dele, perguntando-lhe : -“Tico, podes dar-me um pouco de atenção ? Há muito tempo que anda para falar contido e pedir-te para pertencer ao teu Grupo de Amigos ...”.
Nem pode completar o seu raciocínio, pois o Tico olhou para ela de soslaio e, em tom de gozo, respondeu-lhe : - “Como é que tu podes pertencer ao meu grupo ?... Tu és muito feia, tens enormes bigodes e és quase cega ?... Tenho muita pena, Toupeira Bigodaça, mas procura outros grupo que te aceite !”.
A Toupeira ainda tentou argumentar, mas o Tico afastou-se rapidamente para ir brincar com os seus amigos.
Passado pouco tempo, começou a aparecer no local muito fumo e o cheiro a queimado começou a ser intenso. Num ápice, as chamas começaram a cercar a clareira. Assim, o Tico e os seus amigos, logo se viram cercados pelo fogo. Todos muito assustados, começaram a chorar e a clamar : -“Estamos perdidos, estamos perdidos !” – O Gatito Baby, voltando-se para os amigos aves, lamentava-se : -“Vocês, os que têm asas, ainda podem fugir, mas os que as não têm ... pobres de nós que vamos ficar assados !”.
Logo o Canário Cantador, levantando voo, foi-lhes dizendo: -“Neste momentos críticos, é preciso não perder a calam. Vou já levantar voo e procurar a Toupeira Bigodaça”.
Entretanto, o fogo cercava aproximava-se mais e mais dos nossos amigos. A situação era muito crítica. Mas são nestas ocasiões que devemos ser valentes e procurar manter a calma. São neste momentos que se conhecem os verdadeiros heróis.
O tempo passava tão lentamente, que os minutos pareciam hora. A ansiedade era enorme e o auxílio tardava a chegar. Quando ...
Bem no centro da clareira do Pinhal do Rei, onde as chamas ainda não tinham chegado, começou a aparecer montículos de terra e, pouco tempo depois, surgiu a cabeça da nossa já conhecida Toupeira Bigodaça, que, logo gritou para o nosso querido coelhinho branco de olhos vermelhos, muito querido, muito meiguinho e muito fofinho: -“Tico, traz rapidamente os teus companheiros e amigos para aqui, pois, temos de sair daqui rapidamente, por este túnel que escavei ...”. Não foi preciso repetir o convite, pois todos correram direitos ao túnel que a sua amiga tinha escavado.
Já no outro lado do túnel e já livres do perigo que tinha corrido e, quando todos felicitavam e agradeciam à Toupeira Bigodaça, o nosso Tico abeirou-se dela, convidando-a para pertencer ao seu Grupo de Amigos. A Toupeira olhou para ele sorrindo ... pensou um pouco e logo lhe responder: - “Mas Tico, eu sou tão feia, tenho um enorme bigode e sou quase cega ...”.
O nosso coelhinho branco nem a deixou terminar. Embora algo envergonhado, abraçou-a carinhosamente, dizendo-lhe : -“Minha boa amiga, tu és a mais bela e a mais bondosa criatura do Universo ! A beleza das pessoas encontra-se nas suas acções e não nas suas palavras”.
Quem havia de pensar que o nosso Tico era tão oportunista ? ...


 


 
Aventuras do Tico (03) – Carlos Leite Ribeiro
 


O Tico e os seus amigos tinham combinado irem até à praia, que ficava perto da clareira do Pinhal do Rei, onde habitualmente brincavam.
Os papás do Tico acompanhou-os e, quando se despediram, recomendaram ao nosso coelhinho branco, de olhos vermelhos, muito meiguinho e muito fofinho, que todos tivessem muito cuidado pois, a praia pode ser muito boa para os cuidadosos e que cumprem as regras estabelecidas, ou, muito perigosa para que não tem cuidado.
Alegremente, todos começaram a brincar, ora ir molhando as suas patinhas, ora fazendo castelinhos na areia, quando começaram a ouvir dos lados do mar, gritos aflitivos de “Socorro – quem me acode !”. Todos se voltaram para onde vinha o apelo, mas só viram um vulto mal definido que lhes pareceu uma ave. Para se inteirarem da situação, logo o Canário Cantador levantou voo. Quando regressou, disse aos amigos que tinha visto um papagaio que se estava a afundar. Logo começaram a organizarem-se, atando uma longa corda ás patas traseiras e enfiando uma bóia no dorso do Gatito Baby, que, só depois se lançou à água. Depois de muitas tentativas e muito esforço, o gatito lá conseguiu agarrar com a boca o papagaio.
-         Amigos ! – gritou o Toco – vamos puxar cuidadosamente a corda para o regresso do nosso amigo Gatito Baby”.
Já na areia, viram com preocupação que o papagaio estava muito mal ... quase a morrer. Como não lhe podiam fazer a respiração boca-a-boca, começaram a carregar cuidadosamente no peito da linda ave, que aos poucos, começou a recuperar. Quando já recuperado, começou a dizer uns palavrões que deixaram os nossos amiguinhos deveras chocados, o que levou o Tico a chamar-lhe atenção : -“Olha lá, amigo, não estamos para ouvir esses chorrilhos de asneiras. Nós somos muito bem educados e, para falar, não precisamos dessa gíria porca !”.
O papagaio pareceu não ouvir (ou não queria compreender) o que o nosso querido coelhinho branco lhe tinha dito. Continuando com aqueles horríveis palavrões, foi dizendo que se chamava Papagaio Loiro de Bico Dourado e, que o barco onde navegava com seu dono e capitão, tinha naufragado e que ele se tinha perdido no meio do Oceano. Voou até poder e, estava a ver que morria ao chegar à praia, se não fosse a preciosa ajuda dos amigos, principalmente do Gatito Baby.
Embora condoídos com o que tinha acontecido ao papagaio, mas chocados com aquele palavriado, os nossos amiguinhos começaram a afastar-se. Vendo que ficava sozinho, o papagaio, começou a implorar :- “Sejam bonzinhos ! não me deixem prá aqui sozinho e abandonado. Deixem-me ir com vocês ! Eu quero pertencer ao vosso Grupo !”.
Ao ouvir tão pungente apelo, o Tico voltou a trás e, encarando o papagaio, logo lhe disse: - “Tudo não podes pertencer nem acompanhar o nosso grupo pois, és muito malcriado !”. O papagaio, de cabeça baixa, ouvia-o atentamente, e o nosso coelhinho continuou : - Mas podemos considerar e dar-te uma oportunidade de te tornares bem-educado e não dizeres mais palavrões. A decisão é tua !”.
O papagaio ficou todo eufórico, e, logo ali prometeu que de ora em diante, nunca mais do seu bico sairia um palavrão que fosse.
Depois de conferenciar com os seus amiguinhos, o Tico voltando-se para ele, deu-lhe o verídico final : - “Se prometes que te emendas, ficas desde já a pertencer ao nosso Grupo. Passas a ser chamado de “Papagaio Palrador”. Como estás muito fraquinho, salta para o dorso do Gatito Baby, que te conduzirá até à Clareira do Pinhal do Rei”.
Claro que o Papagaio Palrador não se fez esperar e logo saltou para cima do gatito. Muito alegre, começou logo a cantar : - “Lá-rá-lá, Eu sou um grande ...”. A ouvir isto, todo o grupo parou encarando o papagaio que, engolindo em seco, continuou : “Lá-rá-lá , eu sou um grande ... felizardo, por ter entrado para este Grupo de Amigos do Tico ...”.
E as aventuras vão continuar com a presença do novo elemento.

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